ROTEIRO DE ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS DE RECUPERAÇÃO Ensino Médio Professor: Lizânias Disciplina: História Geral Série: 3ª Leia os textos e resolva as questões referentes a eles. Texto 1 A guerra total Os recursos utilizados para alimentar a tremenda máquina de guerra que os dois lados montaram foram enormes. A Grã-Bretanha mobilizou 12,5% de seus homens para as Forças Armadas, a Alemanha 15,4%, e a França 17%. Isso sem falar na mão-de-obra necessária para manter em funcionamento a economia de guerra. Todos os cálculos de gastos de materiais feitos antes e no início da guerra foram superados. A França, por exemplo, se preparou para a Primeira Guerra produzindo e estocando cerca de 12 mil granadas por dia. Mas no auge do conflito passou produzir mais de 200 mil diariamente. A Alemanha aumentou em 400% a sua produção de carvão no ano de 1914, matéria-prima vital para a siderurgia. Podemos dizer que os principais países em conflito mobilizaram todos os seus recursos humanos, econômicos, técnicos e científicos para vencer a guerra. Foi uma guerra total. Às vésperas da guerra, o movimento socialista operário, comandado pela Internacional Socialista, havia preparado grandes manifestações pacifistas prometendo, com greves, impedir que o mundo mergulhasse no grande mar de sangue que foi o conflito. No 1 entanto, quando a guerra começou os socialistas e os trabalhadores atenderam, sem hesitar, aos apelos nacionalistas de seus respectivos países. Muitos líderes marxistas, como Lênin, não queriam acreditar no que estava acontecendo. Foi somente no penúltimo ano da guerra que os operários e soldados tomaram consciência de que a carnificina não era do interesse da população. O ano de 1917 trouxe problemas para os dois lados da guerra: o enorme esforço imposto à população, o esgotamento das reservas materiais e humanos, falta de alimentos e de matéria-prima, a mortandade sem paralelos nos campos de batalha. Tudo isso criou uma situação de descontentamento entre a população civil e entre os soldados, originando revoltas em toda parte. Não suportando o esforço de guerra, os operários metalúrgicos alemães ocuparam as fábricas de armamentos e declararam greve geral. Nas frentes de batalha estouravam motins, com os soldados se recusando a continuar a guerra. Também no exército francês surgiu um movimento contra a guerra, combinado com um movimento grevista por todas as fábricas do interior do país, ameaçando paralisar o fornecimento de armas para o exército. Na Inglaterra, Itália e Áustria, a situação era tensa, com levantes populares e paralisação da produção nas regiões industrializadas. Um traço comum marcou esses levantes populares que assolaram a Europa em 1917: a tentativa de os operários se organizarem em conselhos de fábrica, que se dispunham, inclusive, a controlar a produção industrial. A agitação social estava na ordem do dia. A guerra criou condições para o desencadeamento da revolução de fevereiro na Rússia, que por sua vez abriu caminho para a Revolução Socialista de outubro. Durante os primeiros anos da guerra, os Estados Unidos mantiveram-se oficialmente neutros. Na verdade, o apoio norte2 americano se traduzia, desde o início, no fornecimento de armas, munição e, principalmente, em créditos para financiar as operações bélicas dos países aliados, isto é, França e Inglaterra, principalmente. O prolongamento da guerra deixava os grandes banqueiros e industriais norte-americanos em estado de alerta. Os norte-americanos já haviam emprestado mais de 2 bilhões de dólares a franceses e ingleses. Qualquer possibilidade de vitória da Alemanha ameaçava os investimentos norte-americanos nos países da Entente. A estratégia do alto comando alemão era impedir que navios americanos chegassem à Inglaterra ou à França. Como eles possuíam uma das maiores frotas de submarino, passaram a afundar os navios que se aproximassem das costas britânicas. Em maio de 1915 os alemães já haviam afundado o Lusitania, um grande navio inglês de passageiros com muitos americanos a bordo. Muitos políticos exigiram do presidente Wilson uma reação, isto é, uma declaração de guerra. Mas o presidente americano insistiu na neutralidade do seu país. Uma parte considerável da sociedade norte-americana apoiava o presidente e achava que a guerra era lucrativa para as grandes empresas. A população americana de origem imigrante estava dividida. Descendentes de irlandeses anti-britânicos eram favoráveis à Alemanha. Mas a maioria tendia para o lado da França e da Inglaterra. O presidente Wilson tentou reconciliar os inimigos e fez uma proposta de paz. Mas os alemães não deram importância e aumentaram a ação de seus submarinos afundando alguns navios de bandeira americana entre 1916 e 1917. O governo americano rompeu as relações diplomáticas com a Alemanha. Quando os serviços de inteligência dos Estados Unidos obtiveram informação que a Alemanha queria fazer uma aliança com o México para que este retomasse os territórios perdidos no século XIX, a guerra era iminente. Em março de 1917 mais cinco navios americanos foram afundados. Dia 6 de abril o governo americano declarou guerra ao Império Alemão. 3 Questões 1. Por que podemos dizer que a Primeira Guerra pode ser chamada de guerra total? 2. Por que foi somente em 1917 que os movimentos socialistas e populares tomaram consciência de que a guerra era contra seus interesses? 3. Explique as razões econômicas que levaram os Estados Unidos a entrarem na guerra. Texto 2 Alemanha: da República de Weimar à ditadura nazista Em novembro de 1918 não restou outra alternativa ao governo alemão senão reconhecer que o país estava derrotado na guerra. A entrada dos Estados Unidos na guerra acelerou a vitória dos aliados. A Alemanha já havia perdido mais de 2 milhões de soldados. Muitos militares se recusavam a combater, como foi o caso da revolta dos marinheiros da base naval de Kiel, em outubro de 1918. Na Baviera, um grupo socialista tomou o poder local e proclamou a República, embora tenha sido derrotado em seguida. No dia 9 de novembro o kaiser Guilherme II abdicou: era o fim da monarquia alemã. Em Berlim os trabalhadores tomaram grande parte da cidade. O grupo espartaquista, que representava a esquerda do Partido SocialDemocrata, preparava a revolução socialista inspirando-se na Revolução Russa. Os setores mais moderados do Partido Social Democrata, com apoio do Alto Comando do Exército, proclamaram a República na cidade de Weimar, distante da conturbada capital berlinense. No dia 11, foi assinado um armistício com os aliados, cessando todas as hostilidades. No início de janeiro de 1919 os espartaquistas se desligaram do 4 Partido Social-Democrata e fundaram o Partido Comunista Alemão. Os setores mais moderados do Partido Social-Democrata e o alto oficialato do exército temiam a transformação da Alemanha numa república comunista soviética, nos moldes da Revolução Russa. Por isso, se preparam para combater e reprimir os comunistas. A repressão aos revoltosos da esquerda foi feita com ajuda de soldados e oficiais desmobilizados, chamados freikorps (forças para-militares). Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, líderes do Partido Comunista, foram presos e pouco depois assassinados por oficiais freikorps. A Constituição da República de Weimar era, aparentemente, bastante democrática. O poder legislativo era exercido pelo Parlamento, chamado Reichstag, composto por deputados de diversos partidos, eleitos livremente pelo povo direto. O presidente da República escolhia o primeiro-ministro, denominado chanceler. No entanto, em época de crise, o artigo 48 da Constituição dava ao chanceler poderes extraordinários, deixando aberto o caminho para uma verdadeira ditadura. As perspectivas políticas na Alemanha da época eram bastante confusas. Uma parte importante da sociedade alemã não admitia a derrota. Muitos soldados e oficiais acabaram se convencendo de que foram traídos pelo governo republicano liderado pelo Partido Social-Democrata. A Alemanha havia sido “apunhalada pelas costas”, ou seja, o país foi traído. E quem eram os traidores? Que setores da sociedade alemã ha- viam ajudado na derrota da Alemanha? Quem pediu a paz e assinou, em 1919, o Tratado de Versalhes? Ex-soldados, grupos de extrema direita, parte da classe média e operários não qualificados achavam que os responsáveis haviam sido os operários grevistas do Partido Comunista e do Partido Social-Democrata, os judeus “que só pensam em dinheiro” e os políticos republicanos que pediram a paz e assinaram o Tratado de Versalhes. Esse sentimento aca- 5 bou predominando na Alemanha derrotada, realimentando o militarismo germânico e levando à Segunda Guerra Mundial. O período entre 1919 e 1923 ficou conhecido como "os anos terríveis". Foi em meados de 1919 que o governo da República de Weimar assinou o Tratado de Versalhes. Por esse tratado a Alemanha ficou obrigada a pagar pesadas indenizações, teve seu território dividido e reduzido, o exército ficou com somente 100.000 homens e proibida de ter uma força aérea. Os partidos de direita, entre eles o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista, responsabilizavam os socialistas, os comunistas e os judeus pela crise da Alemanha. Além do mais, eles seriam os responsáveis pelas greves operárias. O Partido Nazista opunha-se às greves. Essa posição antigrevista garantiu aos nazistas o apoio de poderosos grupos empresariais. Mas quem militava nesse partido? Principalmente os desempregados e os ex-combatentes, numerosos na Alemanha da época. O partido atraía também pequenos negociantes e empresários temerosos do “perigo vermelho”, isto é, do comunismo. Apoiado nessa massa e usando uma combinação de modernos meios de comunicação e propaganda com violência, o Partido Nazista reuniu as condições para chegar ao poder. No ano de 1923, a Alemanha já não conseguiu pagar suas dívidas de guerra com a França que, em represália, invadiu a industrializada região do Ruhr, agravando a crise alemã e desencadeando uma megainflação. Um dólar chegou a valer 8 bilhões de marcos. Aproveitando o clima de insatisfação geral, Adolf Hitler, líder do Partido Nazista, tentou um golpe de Estado. O golpe foi frustrado em Munique, a capital da Baviera, e Hitler preso. Na cadeia, escreveu um conjunto de pensamentos racistas e nacionalistas, conhecidos como Mein Kampf (Minha Luta). 6 Entre os anos de 1924 e 1929, a Alemanha como grande parte da Europa Ocidental, começou a se recuperar da crise econômica. O ministro das Finanças, Hajalmar Schacht, implantou uma política recessiva para combater a inflação e estabilizar a economia. A recuperação econômica ajudou a diminuir as agitações políticas. Na verdade, a estabilização da economia fez-se com massivos investimentos estrangeiros na economia alemã, cobrando juros altos. A maioria dos capitais vinha dos Estados Unidos graças ao chamado Plano Dawes: os bancos americanos emprestavam dinheiro, a juros altos, para a Alemanha pagar as dívidas da guerra. A indústria aumentou a produtividade e os sindicatos fizeram acordos com os empregadores, o que acabou dando grande força aos empresários. Os sindicatos de trabalhadores preferiam, cada vez mais, apoiar o equilíbrio econômico do país do que dar um caráter político às reivindicações. Por isso o Partido Comunista Alemão acusava o Partido Social Democrata de ser um “instrumento da burguesia”. Por outro lado, o Partido Comunista era considerado pelo Partido Social Democrata como um instrumento político da União Soviética. Em fevereiro de 1925, o presidente da República, o socialdemocrata Ebert, morreu. Numa concorrida eleição, o marechal Hindemburg, herói da Primeira Guerra, foi eleito presidente. A Alemanha parecia ter alcançado a estabilidade. O presidente contava com o apoio dos partidos moderados, o Partido Social-Democrata e o Partido do Centro Católico que, juntos tinham a maioria no parlamento. Logo em seguida vinha o Partido Comunista com pouco mais de 50 deputados. O Partido Nazista era considerado um partido sem expressão nacional, com 12 deputados eleitos. Essa situação fazia os partidos de esquerda terem uma atitude de desprezo político pelo Partido Nazista. Enquanto a situação política se estabilizava, os nazistas, apesar de isolados, organizavam seu partido numa estrutura militarizada e apoiados por uma vasta máquina de propaganda, idealizada por Joseph 7 Goebbels. Hitler incumbiu antigos militares, como Ernest Röhm, de criar um verdadeiro exército particular: eram as SA (tropas de assalto). As SA tiveram um papel importante no crescimento do Partido Nazista. Os militantes nazistas invadiam os comícios do Partido Social Democrata ou do Partido Comunista para impedir as manifestação políticas da esquerda. A outra organização militar do partido era as conhecidas SS (tropas de segurança) lideradas por Heinrich Himmler, que ficou conhecido pelo extermínio de judeus e prisioneiros durante a Segunda Guerra. Questões 1. Quais eram as principais forças políticas que disputavam o poder na Alemanha do pós-guerra? 2. Segundo a visão dos políticos de direita, quem seriam os culpados pela derrota alemã na guerra? 3. Explique por que não houve uma aliança dos principais partidos de esquerda para enfrentar a ascensão da direita. 4. Quais os métodos utilizados pelo Partido Nazista na luta política? 8