Pseudartrose de úmero: tratamento com a técnica de Ilizarov

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PSEUDARTROSE DE ÚMERO: TRATAMENTO COM A TÉCNICA DE ILIZAROV
Pseudartrose de úmero: tratamento
com a técnica de Ilizarov
W AGNER NOGUEIRA DA SILVA1, MAURIZIO A. CATAGNI2
RESUMO
Os autores apresentam os resultados obtidos em 47 pacientes tratados de pseudartroses umerais com o fixador
externo de Ilizarov e comentam seus princípios biomecânicos, montagem básica e remoção do aparelho. São discutidas as indicações cirúrgicas para fraturas agudas do
úmero e o tratamento clássico para as pseudartroses umerais estabelecidas.
SUMMARY
Pseudoarthrosis of the humerus: treatment with Ilizarov’s
technique
The authors present results obtained in 47 patients with
nonunion of the humerus after treatment with Ilizarov’s external fixator. The authors analyze biomechanical principles,
basic building, and removal of the apparatus. Surgical indications are discussed for acute humeral fractures and for the
classical treatment for humeral pseudoarthroses.
Entretanto, 5% das fraturas não consolidam após quatro a
seis meses de tratamento e evoluem para retarde de consolidação e pseudartroses.
O método de escolha clássico para o tratamento de pseudartrose do úmero são placas-parafusos, com ou sem enxertia óssea. Outras técnicas de tratamento citadas na literatura
são gesso, órteses funcionais, estimulação elétrica e hastes
intramedulares(4,5).
Ilizarov(7), em Kurgan, Rússia, iniciou o uso de fixação
externa em 1951, desenvolvendo seu método para o tratamento de muitas lesões ortopédicas e traumatológicas com
grande êxito. Aplicou os princípios de estabilidade e promoção de neovascularização e consolidação das pseudartroses
usando seu método em muitos tipos de pseudartroses umerais.
Este artigo revisou 47 pacientes que foram tratados desde
1981 em Lecco, Itália (34), e desde 1989, em Belo Horizonte, Brasil (13).
MATERIAL E MÉTODO
INTRODUÇÃO
A grande maioria das fraturas do úmero cicatriza com boa
função e mínima deformidade com o tratamento conservador. Órteses funcionais geralmente levam a consolidação com
limites aceitáveis de deformidades ósseas enquanto mantêm
a mobilidade das articulações adjacentes durante o tratamento(7,9).
Cirurgia na fase aguda é geralmente reservada para fraturas com lesão vascular, lesão nervosa, fraturas bilaterais, fraturas patológicas, politraumatizados e fraturas articulares(1).
1. Méd. Ortop. do Hosp. da Baleia e Hosp. Maria Amélia Lins (FHEMIG) –
Belo Horizonte, MG.
2. Coord. do Serviço de Fixadores Externos do Hosp. de Lecco, Itália; Secretário da ASAMI, Itália.
Rev Bras Ortop _ Vol. 31, Nº 8 – Agosto, 1996
Entre 1982 e 1992, 36 pacientes foram tratados de pseudartroses umerais no Hospital Geral de Lecco, Itália. Um
morreu de causa não relatada durante o tratamento e outro
não foi encontrado, restando 34 pacientes que retornaram
para revisão. Entre 1989 e 1992, 15 pacientes foram tratados
de pseudartroses umerais no Hospital da Baleia e Hospital
Maria Amélia Lins, Belo Horizonte, Brasil. Dois pacientes
não foram encontrados, restando 13 que retornaram para revisão.
A etiologia das fraturas do úmero foi: patológica em dois
pacientes, uma em região óssea irradiada para tratamento de
plasmocitoma e outra devido a osteomielite crônica; devido
a acidente com veículo motorizado em 30 pacientes; queda
de altura significante em 13; em dois houve lesões explosivas e em dois, quedas da própria altura. O membro dominante foi envolvido em 21 pacientes e em 26 o não dominante.
633
W.N. SILVA & M.A. CATAGNI
O tratamento inicial das fraturas foi feito através da combinação de tração e gesso ou órtese em 16 pacientes. Os outros 31 foram submetidos a uma ou mais formas de tratamento cirúrgico, com o total de 49 procedimentos envolvendo fixação com hastes, placas-parafusos com ou sem enxertos ósseos, fixação com parafusos e fixação externa uniplanar.
O sítio de pseudartrose do úmero foi mais freqüente no
1/3 médio, em 22 pacientes; em 18 pacientes no 1/3 distal e
em sete no 1/3 proximal.
Como patologias associadas, nove pacientes apresentavam
infecção ativa com drenagem de secreção purulenta no sítio
de pseudartrose durante seis meses anteriores ao tratamento,
cinco registravam lesão do nervo radial, em um havia lesão
do nervo radial e mediano e dois tinham perda óssea de 8cm
do úmero, sendo um secundário a trauma e outro conseqüente a ressecção de osso infectado após prótese total de cotovelo.
De acordo com a classificação de Weber, 26 pacientes apresentavam pseudartrose atrófica, quatro, pseudartroses hipertróficas e 17, pseudartroses normotróficas.
À época do tratamento com o método aplicado de Ilizarov, todos os 47 pacientes queixavam-se de dor, instabilidade e incapacidade funcionais para suas atividades normais.
Técnica cirúrgica
Para a montagem básica do aparelho no tratamento de pseudartroses umerais, utilizamos “técnica italiana” com um arco
proximalmente e três pinos de Schanz que formam um ângulo de 90 graus entre si em diferentes níveis. O componente
no 1/3 médio consistiu de um anel com fio de transfixação e
um pino de Schanz com ângulo de 90 graus entre eles em
diferentes níveis. O componente distal consistiu de um anel
5/8 com dois fios de transfixação e um pino de Schanz inserido lateralmente à borda do tendão do tríceps (fig. 1, A e
B). Esta montagem básica pode apresentar pequenas modificações, dependendo do objetivo a ser alcançado durante o
tratamento das pseudartroses. Em dois pacientes com perda
óssea foi necessária a fixação coadjuvante do antebraço para
proporcionar estabilidade necessária.
Os princípios de transfixação são essenciais e necessitamos de muito cuidado em pacientes tratados com técnica
cirúrgica aberta prévia, porque o tecido cicatricial pode mudar a anatomia original do braço, aumentando o risco de transfixação de estruturas nobres.
Fixações de referência devem ser colocadas nos fragmentos proximal e distal no plano coronal, perpendicular ao eixo
634
Fig. 1, A e B – Montagem básica do fixador externo para o tratamento de
pseudartrose de úmero (“técnica italiana”)
umeral e a localização acurada confirmada radiologicamente, para facilitar a técnica cirúrgica e a redução adequada.
Nos pacientes com pseudartroses normotróficas e hipertróficas foi realizada compressão entre os fragmentos ósseos
alinhados. Nas pseudartroses com infecção e bordas atróficas foi realizada técnica aberta com ressecção do osso patológico e compressão no sítio de pseudartrose.
Nos pacientes com perda óssea menor que 4cm foi feita
compressão no sítio de pseudartrose e osteotomia na metáfise para alongamento ou realizado transporte. O rítmo de alongamento ou transporte foi de 1mm por dia dividido em quatro vezes. Aceitamos encurtamentos de 4cm ou menos sem
significante alteração funcional. Quando necessária, a compressão no sítio de pseudartrose foi feita de forma progressiva, com a aproximação entre os fragmentos, para melhor
adaptação das partes moles.
No período pós-operatório imediato os pacientes são encorajados a usar efetivamente o membro superior tanto quanto
possível, mantendo mobilidade nas articulações adjacentes,
higiene e curativos nos sítios dos pinos com gaze esterilizada. Nos pacientes tratados em Belo Horizonte foi introduzida a aplicação de própolis (solução alcoólica a 20%) na pele
adjacente aos pinos, com redução da infecção local.
A remoção do aparelho foi baseada em critérios clínicos e
radiológicos. Radiologicamente, as pontes trabeculares deverão estar presentes e a cortical óssea, bem definida. Quando isso ocorre, as hastes conectantes através do sítio de pseudartrose deverão ser removidas e realizado teste clínico de
estabilidade. Se nenhum movimento ou dor é percebido, o
aparelho pode ser removido.
Rev Bras Ortop _ Vol. 31, Nº 8 – Agosto, 1996
PSEUDARTROSE DE ÚMERO: TRATAMENTO COM A TÉCNICA DE ILIZAROV
RESULTADOS
Dos 47 pacientes tratados, 45 (95,7%) conseguiram união
óssea sem ou com mínima deformidade e em todos os que
previamente apresentavam infecção houve cicatrização com
resolução da fístula purulenta.
Um paciente (nº 2, tabela 1) que foi irradiado 14 anos antes para tratamento de plasmocitoma teve múltiplas fraturas
patológicas e estas cicatrizaram, exceto a fratura umeral. Após
seis meses de tratamento conservador foi aplicada a técnica
de Ilizarov, estável, mas, a despeito de 18 meses de compressão, a pseudartrose persistiu.
O segundo tratamento falho (nº 25, tabela 1) ocorreu em
um homem de 40 anos que sofrera fratura do colo cirúrgico
do úmero três anos antes. Muitos tratamentos foram aplicados, incluindo tipóias, órteses e gesso, levando a pseudartrose
altamente atrófica. Devido à osteopenia avançada e limitada
divergência da fixação proximal com dois fios de Kirschner,
a estabilidade do fragmento nunca foi conseguida e o tratamento falhou, a despeito de 12 meses de fixação externa.
TABELA 1
Pseudartrose do úmero – tratamento com técnica de Ilizarov
Hospital Geral de Lecco
Nº
Sítio
Tratamento prévio
Classificação
Tratamento
Resultado
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
medial
proximal
distal
medial
medial
distal
distal
medial
distal
medial
medial
medial
proximal
medial
distal
distal
medial
distal
distal
medial
medial
distal
medial
medial
proximal
medial
distal
distal
proximal
distal
distal
medial
medial
proximal
gesso
irradiação óssea
placa metálica
gesso, placa metal. (remov.)
haste intramedular
placa metálica
placa óssea/parafusos
gesso/órtese
gesso
gesso/órtese
haste intramedular
fixador externo, haste intr.
fixador externo
placa metálica (removida)
pl. ós./paraf., ges., pl. met., haste
órtese
placa metálica
placa óssea/parafusos
placa metálica
placa metálica, órtese
fixador externo
haste intramedular (remov.)
haste intra. (remov.), órtese
haste intramedular
órtese
gesso/órtese
fixador externo
placa metálica
gesso
placa metálica
placa metálica, fixador exter.
órtese
gesso/órtese
haste, pl. metal., fix. ext., ges.
atrófica
atrófica
atrófica/infec.
atrófica
atrófica
atrófica
normotrófica
normotrófica
atrófica
normotrófica
normotrófica
atrófica
normotrófica
atrófica/infec.
normotrófica
normotrófica
atrófica
atrófica
hipertrófica
atrófica
atrófica/infec.
atrófica/infec.
hipertrófica
atrófica
normotrófica
atrófica/infec.
atrófica
atrófica
atrófica
atrófica
atrófica
atrófica
normotrófica
atrófica
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofocal aberta
monofocal aberta
monofocal aberta
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofocal aberta
monofocal aberta
monofocal aberta
monofoc. fechada
bifocal aberta
monofoc. fechada
monofocal aberta*
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofocal aberta
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofocal aberta
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofoc. fechada
bom
ruim
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom/refratura
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom/refratura
bom
bom
* com enxertia óssea; ** com perda de 8,0cm; *** com transporte ósseo de 8,0cm.
bom: consolidação óssea, sem significante restrição da mobilidade do ombro e do cotovelo; regular: consolidação óssea, redução de 30 º da ADM do ombro e
do cotovelo; ruim: persistência da pseudartrose, complicação permanente causada pelo tratamento ou por infecção persistente; monofocal fechada: compressão monofocal no sítio da pseudartrose; monofocal aberta: remoção do osso doente e compressão do sítio da pseudartrose; bifocal fechada: compressão do
sítio da pseudartrose com transporte ósseo metafisário após corticotomia; bifocal aberta: remoção do osso doente e compressão do sítio da pseudartrose com
corticotomia para transporte ósseo metafisário.
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W.N. SILVA & M.A. CATAGNI
A duração média de fixação externa foi de 7,4 meses, mínimo de quatro e máximo de 16 meses. No grupo de pacientes com pseudartrose hipertrófica o tempo médio de fixador
foi de quatro meses, nas normotróficas, de seis meses e nas
atróficas, de nove meses.
Nenhum paciente perdeu significante mobilidade do ombro ou cotovelo como resultado do tratamento com o fixador. Entretanto, muitos deles apresentavam algum grau de
limitação antes da aplicação do fixador de Ilizarov, o que
persistiu após sua remoção.
Um paciente (nº 6, tabela 2) foi tratado com transportação
óssea para corrigir 8,0cm de perda óssea do 1/3 médio do
úmero após acidente automobilístico com lesão do nervo radial no mesmo nível. Após a correção da falha óssea a função
da mão foi corrigida por transferência tendinosa, com transposição do flexor ulnal do carpo para extensor radial longo do
carpo, além de transposição do flexor superficial dos dedos
para extensor longo dos dedos, com bom resultado funcional.
Outro paciente (nº 10, tabela 2) foi tratado com alongamento para corrigir 8,0cm de discrepância. Inicialmente, teve
fratura do cotovelo tratada com prótese de cotovelo que infectou e seqüestrou o 1/3 distal do úmero. O osso patológico
foi ressecado, provocando falha óssea de 8cm do úmero distal. Depois da correção do encurtamento e tratamento da infecção, o paciente apresenta-se com pseudo-articulação ao
nível do cotovelo, com satisfatória função e indolor.
Em nenhum paciente ocorreu dano vascular ou neurológico permanente como resultado da aplicação do aparelho. Um
paciente experimentou neuropraxia do radial após remoção
da placa e parafusos em pseudartrose infectada, recuperada
após seis semanas de cirurgia. Outro paciente apresentou
parestesia do radial durante transporte ósseo e foi necessária
troca de fios para resolução do problema.
As infecções superficiais nos sítios dos pinos foram tratadas com antibióticos orais e cuidados locais com resolução
satisfatória, não sendo necessárias trocas de fios para tal.
Três pacientes experimentaram refraturas no sítio prévio
de pseudartrose. Um paciente (nº 19, tabela 1) com prévia
pseudartrose hipertrófica teve o aparelho removido após quatro meses de tratamento; uma semana após sua remoção o
úmero refraturou durante a atividade normal. Com órtese funcional, a refratura consolidou em 16 semanas.
Outro paciente (nº 32, tabela 1), com pseudartrose distal
do úmero que consolidou, sofreu queda após quatro meses
de remoção do aparelho, causando refratura no mesmo local.
Outro aparelho de Ilizarov foi colocado, com consolidação
ocorrendo em quatro meses.
O terceiro paciente (nº 2, tabela 2) que teve pseudartrose
infectada do 1/3 distal do úmero, tratada por sete meses, apresentou queda banal após a remoção do aparelho, causando
refratura. Novo aparelho foi colocado, com consolidação e
cura da infecção após cinco meses.
TABELA 2
Pseudartrose do úmero – tratamento com técnica de Ilizarov
Hospital da Baleia/FHEMIG – Belo Horizonte
Nº
Sítio
Tratamento prévio
Classificação
Tratamento
Resultado
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
proximal
distal
medial
proximal
medial
medial
medial
distal
medial
distal
distal
medial
distal
haste intramedular (remov.)
gesso
haste intramedular (remov.)
órtese
placa metálica (removida)
gesso
placa metálica
placa metálica (removida)
órtese
prótese cotovelo (removida)
pl. ós./paraf. (rem.), órtese, ges.
órtese
placa metálica
atrófica/infec.
normotr./infec.
normotrófica
normotrófica
normotrófica
normotrófic.**
hipertrófica
atrófica/infec.
normotrófica
atróf./infec.**
normotrófica
hipertrófica
normotrófica
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofoc. fechada
bifoc. fechada***
monofoc. fechada
monofocal aberta
monofoc. fechada
bifocal aberta***
monofoc. fechada
monofoc. fechada
monofoc. fechada
bom
bom/refratura
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
bom
* com enxertia óssea; ** com perda de 8,0cm; *** com transporte ósseo de 8,0cm.
bom: consolidação óssea, sem significante restrição da mobilidade do ombro e do cotovelo; regular: consolidação óssea, redução de 30 º da ADM do ombro e
do cotovelo; ruim: persistência da pseudartrose, complicação permanente causada pelo tratamento ou por infecção persistente; monofocal fechada: compressão monofocal no sítio da pseudartrose; monofocal aberta: remoção do osso doente e compressão do sítio da pseudartrose; bifocal fechada: compressão do
sítio da pseudartrose com transporte ósseo metafisário após corticotomia; bifocal aberta: remoção do osso doente e compressão do sítio da pseudartrose com
corticotomia para transporte ósseo metafisário.
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Rev Bras Ortop _ Vol. 31, Nº 8 – Agosto, 1996
PSEUDARTROSE DE ÚMERO: TRATAMENTO COM A TÉCNICA DE ILIZAROV
DISCUSSÃO
A fim de que dois fragmentos ósseos consigam união, requisitos mecânicos e biológicos devem ser satisfatórios.
Na fratura do úmero a contribuição biológica para osteogênese é tal que, na maioria dos casos, a união ocorre. Tal
estímulo biológico para consolidação pode ser melhorado pelo
uso funcional da extremidade(10,12), explicando os bons resultados conseguidos com órteses funcionais no tratamento de
fraturas diafisárias.
Métodos usados para aumentar estabilidade mecânica,
necessária para a consolidação óssea, consistem em órteses,
placas metálicas e parafusos, sistemas intramedulares, fixação externa ou placas de osso cortical fixadas com parafusos. Em apenas 17% de pseudartroses estabelecidas, hastes
intramedulares flexíveis têm promovido consolidação(3,8). Falez & Moreschini(6) reportaram êxito em dois casos de pseudartrose utilizando órteses funcionais simples, mas este resultado foi de uma série muito pequena de tratamento. Haste
de Küntscher tem mostrado falência na razão de 50%(8).
Plaqueamento de pseudartroses tem sido apresentado com
bastante êxito por Bell et al.(2), mas extensivos períodos de
desuso com avançado grau de osteopenia, presença de infecção e significante perda óssea são contra-indicações para o
uso destas técnicas.
Eventualmente, algumas séries de pseudartrose umeral tratadas com placas e parafusos para fixação têm descrito casos
de falência de fixação(3-7,11) e não resolução do problema.
A aplicação de fixadores externos para o tratamento de
pseudartroses de úmero não interfere negativamente no potencial biológico da pseudartrose, promovendo fixação estável e mantendo a mobilidade das articulações adjacentes, o
que é fator importante. Achamos que o fixador desenvolvido
por Ilizarov(7) tem algumas vantagens sobre outros fixadores, tais como:
– Fixação segura de pequenos fragmentos ósseos;
– Força concêntrica aplicada ao osso;
– Capacidade dinâmica de compressão axial interfragmentária;
– Manutenção da função da extremidade durante o tratamento; e
– Consolidação da pseudartrose sem procedimentos cirúrgicos abertos ou enxerto ósseo.
Rev Bras Ortop _ Vol. 31, Nº 8 – Agosto, 1996
A maior complicação que ocorreu nesta série foi refratura
no sítio de pseudartrose após remoção do aparelho em três
pacientes, conforme relatado anteriormente, o que demonstra baixo índice e pequena gravidade de complicação.
A consolidação mecânica e biológica pode ser facilitada
se os fragmentos infectados no sítio de pseudartrose são ressecados, promovendo contato entre superfícies com maior
viabilidade biológica.
Concluindo, a técnica de Ilizarov é capaz de possibilitar
consolidação em pseudartroses umerais associadas com e sem:
infecção, perda óssea, deformidades angulares e rotacionais.
Tem a vantagem de capacitar os pacientes a iniciarem a função do membro imediatamente e promover a reabilitação da
extremidade enquanto o status biológico local é efetivamente preservado.
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