PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA DOR - 2016 Enfª Bianca F. S. Brandão Especialista em Dor IEP Hospital Israelita Albert Einstein Grupo Multidisciplinar de Dor Hospital Santa Catarina 16/03/2016 Cuidar dos mais velhos, mais doentes, mais frágeis, portadores de múltiplas patologias; Com dificuldades cognitivas, com déficits sensoriais e usando múltiplos medicamentos; Consequentemente Alta incidência de depressão e ansiedade; Sociabilidade comprometida; Menor mobilidade; Piora de condições pré-existentes; Maior utilização de serviços de saúde. Estudo populacional: Dor no idoso na comunidade 741 idosos 71% -dor em “algum lugar” 32% - dor persistente (>6m) Mais frequente em mulheres Associa-se à incapacidade e depressão Onde dói? articulações de MMII - 45% lombar - 30% pescoço MMII (não articulares) Intensidade mais de 40 % consideraram a dor intensa ( L / M / I / INS ) Brochet, Age and Ageing, 1998 Estudo sueco, 3724 idosos, > 65 anos, idade média 83; 55% com dificuldades cognitivas; Observação da dor pelo membro da equipe que mais conhecia o paciente na semana que antecedeu o estudo; Prevalência de dor – 56,7%; 27,9% recebiam analgésicos; 72,7% tinham dor e não recebiam analgésicos (embora a equipe de cuidados acreditava que estavam tomando...) Conclusão Subtratamento da dor; Melhor comunicação entre os membros da equipe como questão essencial . Hugo Lovhein, Age & Ageing, 2006 Memórias pessoais, emoções, experiência individual da dor; expectativas modificam a Dor persistente é mais comum em idosos e exige especial atenção da equipe; É fonte de estresse para cuidadores; A dor no idoso tende a ser mais complexa e multifatorial na sua origem. Panel , JAGS, 2009 Dor: experiência subjetiva; somente quem a sofre pode conhecê-la; portanto, a melhor maneira de identificar a dor é pelo relato do paciente; Multidimensionalidade da dor; Sensorial: intensidade e natureza da dor Afetiva: componente emocional da dor Impacto vital: psicológico, social e funcional Idosos tem maior possibilidade de apresentar reações adversas e interações medicamentosas; A dor frequentemente é subreconhecida e subtratada nos idosos, em particular naqueles com dificuldades cognitivas; A reavaliação da dor após o tratamento também é um passo essencial na abordagem da dor. Panel , JAGS, 2009 Os idosos hesitam para relatar dor Dificuldade de reconhecer um estímulo como doloroso Resignação à dor (“é da idade”) Descrentes em relação às intervenções Não querem causar preocupação à família e ao staff É essencial que a abordagem seja multiprofissional Avaliação de equipe especializada em dor Dor refratária que interfere na vida do paciente Dependência de analgésicos Graves comorbidades psiquiátricas Panel , JAGS, 2009 Escala Sem dor Dor leve Dor moderada Dor Intensa Dor Insuportável Escala Verbal Numérica (EVN) 0 1-3 4-6 7-9 10 Zero corresponde à ausência de dor e 10 a pior experiência dolorosa que ele já teve. Grande desafio Sinais de atividade autonômica - sudorese, taquicardia, aumento dos níveis pressóricos, palidez, taquipnéia (particularmente em dor aguda); Expressões faciais; Posicionamentos movimentação; antálgicos, rigidez de segmentos Verbalizações (suspiros, grunhidos, gemidos, gritos); corpóreos à Agressividade, resistência aos cuidados; Mudanças no estado irritabilidade, choro; mental - confusão, aflição, inquietude, Observar os pacientes durante atividades físicas pode ajudar na identificação da dor; Importante observar que tais comportamentos podem ter outras causas que não a dor. Indicada para avaliar a dor em pacientes com demência ou idade avançada Categoria Item Escore RESPIRAÇÃO IDEPENDENTE DA VOCALIZAÇÃO Normal Respiração ocasionalmente difícil Respiração difícil e ruidosa. Período longo de hiperventilação – Cheyne Stok 0 1 2 VOCALIZAÇÃO NEGATIVA Nenhuma Queixume ou gemido ocasional/ Tom de voz baixo com discurso negativo ou desaprovação Chamamento perturbado repetitivo. Queixume ou gemido alto. Choro 0 1 2 Sorridente ou inexpressiva Triste. Amedrontada. Sobrancelhas franzidas Esgar facial 0 1 2 Relaxada Tensa. Andar para cá e para lá de forma angustiada. Inquieta Rígida. Punhos cerrados. Joelhos fletidos. Resistência à aproximação e ao cuidado. Agressiva 0 1 2 Sem necessidade de consolo 0 1 2 EXPRESSÃO FACIAL LINGUAGEM CORPORAL CONSOLABILIDAD Distraído ou tranquilizado pela voz ou toque E Impossível de consolar distrair ou tranquilizar Sem dor Dor leve Dor moderada 0 1-3 4-6 Dor Intensa Dor Insuportável 7-9 10 Trata-se de um instrumento sensível para detectar dor no paciente com comprometimento cognitivo severo; Porém detecta sofrimento “psicossocial” não causado por dor; Pode ser usado para monitoramento da resposta ao tratamento da dor; É importante detectar que outras causas de sofrimento podem estar produzindo as alterações semiológicas observadas por este instrumento. Jordan, et al., 2011 Escala multidimensional que avalia as repercussões somáticas, psicomotoras e psicossociais. A pontuação obtida no subgrupo repercussões somáticas é a mais sugestiva de presença de dor. Validada para a população portuguesa. Cuidadores (formais e informais) podem a detecção da presença de dor; Familiares e membros da equipe multidisciplinar também são fontes confiáveis de informação acerca da possibilidade de dor; Membros do equipe tendem a subestimar a dor particularmente em residenciais; Familiaridade com os padrões habituais de comportamento dos residentes podem melhorar a capacidade de identificar a presença e a intensidade da dor. Mudanças biopsicossociais no envelhecimento; Múltiplas comorbidades; Uso de vários medicamentos prescritos ou não (“polifarmácia”); Fragilidade; Modificações fisiológicas associadas ao envelhecimento; Mudanças na farmacodinâmica e na farmacocinética das drogas na velhice; Cognição e habilidades. Schofield, Age and Ageing, 2013 Nosso cuidado não deve se o de viver muito, mas sim o de viver bem, porque o primeiro depende do destino e o segundo da conduta. Sêneca