458 REB Volume 7 (4): 458-474, 2014 ISSN 1983-7682 OCORRÊNCIA INÉDITA DA LONTRA LONGICAUDIS (OLFERS 1818) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL. UNPRECEDENTED OCCURRENCE OF LONTRA LONGICAUDIS (OLFERS 1818) IN THE STATE OF RIO GRANDE DO NORTE, BRAZIL. Izabela Costa Laurentino * Rafael Turíbio Moraes de Sousa Faculdade de Excelência Educacional do Rio Grande do Norte – Estácio FATERN Rua Dr. Hernany Hugo Gomes, 90 - Capim Macio CEP: 59082-270, Natal – RN, Brasil * E-mail para correspondência: [email protected] RESUMO A Lontra longicaudis, conhecida popularmente também como lontra neotropical, possui uma ampla distribuição espacial no continente americano ocorrendo desde o México até a Argentina. Pode ser encontrada em uma grande variedade de habitats: florestas, matas ciliares, rios e regiões litorâneas associadas a lagoas costeiras. No Rio Grande do Norte ocorre desde ambientes costeiros até áreas de planalto. Atualmente estes animais são considerados como espécie ameaçada de extinção em alguns estados do Brasil, e na categoria vulnerável está em quase todo o Brasil. Este trabalho registrou áreas de ocorrência de L. longicaudis em diversos pontos dos municípios do Rio Grande do Norte. Os registros foram obtidos por meio do método indireto, com observação visual, registro fotográfico, vestígios (amostras fecais, carcaças e pegadas). Alguns moradores locais apontaram a presença da espécie em algumas localidades, e outros relatam a presença destes animais. Estudos sobre a distribuição espacial da L. longicaudis no Rio 459 Grande do Norte são fundamentais para aumentar os conhecimentos sobre a biologia e contribuir para a conservação da espécie, tendo em vista que esta pesquisa é pioneira no Estado. Palavras-chave: lontra longicaudis; ocorrência; Rio Grande do Norte; lontra neotropical; registros; levantamento. ABSTRACT Lontra longicaudis, also popularly known as neotropical otter, has a wide spatial distribution in the Americas occurring from Mexico to Argentina. It can be found in a wide variety of habitats: forests, riparian forests, rivers and coastal areas associated with coastal lagoons. In Rio Grande do Norte it occurs at coastal environments to upland areas. Currently they are considered as endangered species in some states of Brazil, and are a vulnerable category in almost all Brazil. This work areas recorded occurrence of L. longicaudis in various parts of the municipalities of Rio Grande do Norte. The records were obtained by the indirect method with visual observation, photographic record traces (fecal samples, carcasses and footprints). Some locals pointed to the presence of the species in some localities, and others report the presence of these animals. Studies on the spatial distribution of L. longicaudis in Rio Grande do Norte are essential to increase knowledge about the biology and contribute to the conservation of the species, given that this research is a pioneer in the state. Keywords: lontra longicaudis; occurrence; Rio Grande do Norte; neotropical otter; records; survey. INTRODUÇÃO A fragmentação do habitat em pequenos remanescentes representa uma grande ameaça às espécies silvestres. A destruição antrópica do ambiente natural leva à formação de pequenos fragmentos, às vezes insuficientes em tamanho para manter populações viáveis (CROOKS, 2002; RICKLEFS, 2003). A mastofauna é um elemento importante na manutenção do equilíbrio do ecossistema, envolvendo-se nos processos 460 ecológicos de controle populacional de suas presas e na manutenção e regeneração das florestas tropicais (ABREU & KÖHLER, 2009). As lontras são mamíferos, de hábitos predominantemente aquáticos e crepusculares (EISEMBERG & REDFORD, 1999). Pertencem à Ordem Carnívora, Família Mustelidae e Subfamília Lutrinae (CHANIN, 1985; MASON & MACDONALD, 1986; CARVALHO JÚNIOR, 1990; KRUUK, 1995; LARIVIÈRE, 1999). Ocorrem em todos os continentes exceto na Oceania e partes da costa Norteamericana do pacífico (PARDINI, 1998). É encontrada do México ao Uruguai e Argentina (EMMONS E FEER, 1997; EISEMBERG & REDFORD, 1999; CHEIDA et al., 2006). Atualmente a Lontra longicaudis (OLFERS, 1818), está agrupada em seis Subespécies, as quais diferem entre si por adaptações comportamentais e/ou morfológicas, que desenvolveram em resposta aos seus respectivos nichos tróficos e espaciais (IUCN, 2008). Esta espécie é um predador onívoro de topo de cadeia trófica, semi-aquático e de médio porte, apresentando, corpo alongado, pernas curtas com membranas interdigitais, cauda longa e adaptada para a propulsão na água (IUCN, 1992). Dentro da família Mustelidae, a qual pertence, é classificada como piscívora, alimentando-se de vertebrados e invertebrados aquáticos. Seu hábito alimentar pode variar de acordo com o ambiente em que vive (PARDINI, 1998; QUADROS, 1998). Neste sentido a lontra pode possuir hábitos generalistas, alimentando-se de vários itens alimentares, mas priorizando peixes e crustáceos como também selecionar algumas espécies de sua preferência, conferindo assim, uma maior seletividade de alimentos. Esta espécie, consta na Lista Vermelha da IUNC como dados insuficientes para avaliar o critério de ameaça desta espécie (IUCN, 2011). Já na Lista Nacional de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a espécie encontra-se “vulnerável” para alguns estados do Brasil. No Brasil distribui-se por quase todo o país, vivendo em corpos d’água nos biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e campos sulinos (CHEIDA, CC; NAKANO-OLIVEIRA, E; FUSCO-COSTA, R; ROCHA-MENDES, F; QUADROS, 2011). Habitam sistemas aquáticos continentais como pequenos canais e banhados a rios, florestas, matas ciliares, lagos, rios, regiões litorâneas associadas a estuários e 461 lagoas costeiras, mangues, além de áreas marinhas (BLACHER, 1987; EISEMBERG & REDFORD, 1999; KASPER et al., 2004; CARVALHO JÚNIOR et al., 2005). No Nordeste brasileiro, essa espécie já foi registrada nos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. A ecologia dessa espécie é pouco conhecida e nos últimos anos diversos trabalhos foram publicados visando contribuir com informações que auxiliem em programas de conservação desta espécie. Os maiores esforços foram no levantamento da dieta desta espécie (PARDINI, 1998; QUADROS, J & MONTEIRO-FILHO, 2000; KASPER, CB; FELDENS, MJ; SALVI, J; GRILLO, HCZ, 2004; QUINTELA, FM; PORCIUNCULA, RA; COLARES, EP, 2008). Ainda são necessários estudos visando observar a dinâmica populacional desta espécie, além do seu papel ecológico como predador na diversificação de espécies nas comunidades (KASPER, CB; FELDENS, MJ; SALVI, J; GRILLO, HCZ, 2004). O objetivo desse trabalho pioneiro é gerar informações sobre a história natural da L. longicaudis no estado do Rio Grande do Norte, contribuindo ainda, com a construção de subsídios para a conservação e manejo desta espécie, bem como do ambiente em que vive. Segundo Vidal (1993) a conservação de mamíferos semiaquáticos na América Latina é precária, principalmente pela falta de conhecimento sobre estes animais. MATERIAL E MÉTODOS O Estado do Rio Grande do Norte localiza-se na esquina do continente sulamericano, ocupando posição privilegiada em termos de localização estratégica, pois trata-se do Estado brasileiro que mais próximo fica dos continentes africano e europeu. Com uma extensão de 53.077,3 km2, o Estado ocupa 3,41% de área da Região Nordeste e cerca de 0,62% do território nacional. (IDEMA, 2000) O território norte-rio-grandense localiza-se, mais precisamente, no hemisfério sul ocidental, e seus pontos extremos são limitados pelos paralelos de 4° 49'53” e 6° 58'57” de latitude sul e pelos meridianos de 34° 58'03” e 38° 36'12” de longitude oeste de Greenwich. A distância entre os pontos extremos do norte e do sul é de 233 km e entre o leste e o oeste, é de 403 km. Como percebe-se, o Rio Grande do Norte está situado próximo ao Equador, o que lhe confere características climáticas bem 462 específicas, como o verão seco e a presença do sol durante a maior parte do ano. A temperatura média anual do Estado está em torno de 25,5°C, com máxima de 31,3° e mínima de 21,1°, sendo sua pluviometria bastante irregular. O número de horas de insolação mostra pouca variação de 2.400 a 2.700 horas por ano e a umidade relativa do ar apresenta uma variação média anual entre 59 e 76%. (IDEMA, 2000) Este trabalho foi realizado entre os meses de outubro de 2011 a junho de 2013. Foram realizadas entrevistas nas comunidades, visitas para coleta de dados e informações referente à espécie. Para tanto, foram utilizados os métodos convencionais de estudo, como papel e caneta, GPS e máquina fotográfica para coletar as pegadas e amostras fecais através de registros fotográficos, conforme a Autorização emitida pelo ICMBio nº 32910-5. Durante a pesquisa em campo foram disponibilizados vários horários para colocá-lo em prática, em horários diurnos e noturnos, através do método indireto (fezes, pegadas, carcaça e muco anal) utilizado para confirmar a existência da espécie nos município. RESULTADOS De acordo com estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), Politicamente o Estado do Rio Grande do Norte está dividido em 167 municípios, agrupados em oito Zonas Homogêneas: Mossoroense, Alto do Apodi, Serras Centrais, Caicó, Currais Novos, Agreste, Litoral Norte e Litoral Oriental. Assim foi possível comprovar a existência da espécie em apenas 09 (nove) municípios do Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com a tabela 01 abaixo: Tabela 01 – Municípios do Rio Grande do Norte onde foram confirmados a existência da espécie Lontra longicaudis pela equipe de pesquisa. CRONOGRAMA DAS VISITAS N Municípios º de ção do Animal S entrevistados Baia Formosa Confirma IM 1 5 N ÃO 1 0 0 5 463 Canguaretama 1 6 Ceará Mirim 5 1 0 Extremoz 0 0 Nísia Floresta 0 2 Parnamirim 2 1 Pedro Velho 1 1 Georgino 0 1 Vila Flor 1 1 Total 0 0 0 8 1 30 0 3 3 5 0 4 7 3 0 6 5 0 0 0 0 9 0 4 2 6 0 4 2 0 Avelino 0 0 Macaiba 0 1 6 6 Senador 1 0 7 9 8 3 2 De acordo com a tabela 01, os resultados obtidos foram bastante significativos, tendo em vista que ainda não havia sido comprovada no estado do RN a existência da espécie, mostrando que algumas pessoas já viram a espécie nas proximidades dos rios e/ou lagoas, devido à predação em alguns viveiros de peixes e covos de camarões. Durante a pesquisa, pode-se observar que a maioria destes municípios onde foi confirmada a presença da espécie, eles estão inseridos no Leste Potiguar do Estado do Rio Grande do Norte, onde ocorre a maior incidência de vegetação de Mata Atlântica. No Rio Grande do Norte (RN) o bioma está situado principalmente em uma estreita faixa ao longo do litoral oriental, com uma extensão de 4.394.507 ha, ocupa cerca de 6% da área do estado (INPE & SOS MATA ATLÂNTICA, 2008). Embora seja uma 464 pequena porção, o bioma está situado na parte mais populosa do estado e onde a cultura centenária da cana de açúcar se desenvolveu. No Leste Potiguar do Estado, está inserido no Litoral Oriental do Estado, onde de acordo com a Lei nº. 6950, de 20 de agosto de 1996, dispõe sobre o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências, o Artigo 3 esclarece que para fins do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, a Zona Costeira, em sua faixa terrestre é composta por 29 (vinte e nove) municípios, subdivididos em 02 (dois) Setores Costeiros: I - Maxaranguape, Ceará-Mirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Natal, Parnamirim, São José de Mipibu, Nísia Floresta, Senador Georgino Avelino, Arês, Tibau do Sul, Vila Flor, Goianinha, Canguaretama e Baía Formosa, de acordo com a figura 01. Figura 01 - Mapa da divisão das mesorregiões do Estado do Rio Grande do Norte, ao lado divisão do Litoral Oriental do Estado do Rio Grande do Norte. Fonte: Anuário Estatístico – IDEMA 2011 465 Também se constata que a maioria dos municípios onde foram confirmados a presença da espécie (Lontra longicaudis) estão inseridas na Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíras, que foi criada a partir do Decreto Nº 14.369, de 22 de Março de 1999, onde possui aproximadamente 43 mil hectares e um perímetro aproximadamente 136 km. Está localizada no litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte, ao sul de Natal, que abrangendo porções territoriais dos municípios de Nísia Floresta, São José do Mipibú, Senador Georgino Avelino, Goianinha, Arês e Tibau do Sul, conforme figura 02. Figura 02 - Mapa da Área de Proteção Ambiental Bonfim Guaraíras, inserida no estado do Rio Grande do Norte, incluindo os municípios Nísia Floresta, São José do Mipibú, Senador Georgino Avelino, Goianinha, Arês e Tibau do Sul. Fonte: Anuário Estatístico – IDEMA 2011 466 No Estado do Rio Grande do Norte o domínio da Mata Atlântica abrange as formações vegetais: Floresta Ombrófila Densa/Rala, Manguezal, Restinga, Tabuleiro Litorâneo, e as Matas Ciliares. Esse ecossistema, que ainda ocupa quase toda a costa litorânea, de Touros/Rio do Fogo a Baía Formosa (Sagi), devido à ocupação acelerada dessa região, vários impactos foram causados a esses ecossistemas, reduzindo a Mata Atlântica a remanescentes secundários em níveis de estágios avançados, médio e inicial de regeneração, fragmentados. Mas, a Floresta Litorânea ou Mata Atlântica ainda é encontrada pontualmente distribuída no Litoral Oriental do Estado do Rio Grande do Norte. DISCUSSÃO A Mata Atlântica, é composta por diversos ecossistemas florestais que formam remanescentes ocupados por uma rica e variada fauna e flora, está entre os 25 hotspots do mundo (TABARELLI et al., 2005). Com a maior diversidade de mamíferos, o Brasil possui 524 espécies descritas, sendo que destas, 250 são ocorrentes na Mata Atlântica, com uma taxa de endemismo de aproximadamente 65 espécies (FONSECA et al., 1996). No entanto, a caça, a fragmentação e a degradação de habitats causados por ações humanas, constituem uma das maiores ameaças aos mamíferos (CULLEN JR et al., 2000). 467 Estudos com algumas espécies de mamíferos podem se tornar difíceis, quando se tem por objetivo estimar tamanho de populações, pelo fato de muitas espécies agruparem características como hábitos noturnos e grandes áreas de vida que dificultam a observação em ambiente natural. Sendo assim, métodos de observação indireta são boas opções no levantamento local de espécies de mamíferos (SCOSS et al., 2004). Recursos práticos como a utilização de armadilhas fotográficas e a busca por rastros, aliados a entrevistas com a comunidade local têm se mostrado satisfatórios por permitir uma integração de dados coletados (DIETRICH, 1995). Para a coleta dos dados ecológicos, foram percorridos vários rios e lagoas em uma embarcação de variados tamanhos, de acordo com a disponibilização dos pescadores no local. A coleta dos dados vestigiais (abrigos, possíveis tocas, registro de pegadas através de fotos e/ou coleta de fezes) foi realizada a partir da observação das margens dos rios, que foram percorridas a pé na maioria das vezes. Conforme figura 03 (“a” e “b”), as fezes foram observados frequentemente escamas de peixes e restos de crustáceos, acredira-se que não são completamente digeriras pelo organismo, mas requer uma melhor experiência de campo para distinguilos com segurança. Foi observado que algumas fezes foram depositadas separadamente, como também em alguns locais foi possível encontrar várias fezes juntas, pois acreditase que estes ao escurecer com a secagem da ação do sol e do ar, depois de várias horas pode ter sido depositado em que aparecem em preto e glutinoso. Figura 03 – Registro fotográfico de latrinas (A), muco anal (B), pegada (C), confirmação da espécie viva (D) e a carcaça do animal (E) encontrados em alguns municípios do Estado do Rio Grande do Norte. A B 468 C D E As identificações das pegadas foram realizadas com o auxílio do manual de rastros de mamíferos silvestres de (BECKER & DALPONTE, 1991), todas realizadas através do método indireto (fezes (latrinas), pegadas, carcaça e muco anal). A análise de pegadas é um método não invasivo, muito usado em levantamentos de fauna, que evidencia a presença da espécie na área (GASPAR, 2005), e pode fornecer ainda dados de abundância e, desse modo, pode servir como importante instrumento para o manejo e a pesquisa de espécies (ROUGHTON & SWEENY, 1982; SARGEANT et al., 1998; CROOKS & SOULÉ, 1999; BASSI, 2003; PARDINI et al., 2003; GASPAR, 2005). Latrina foi definida como os sítios de defecação identificados com fezes de lontras (KASPER et al., 2004). Portanto, foi constatada pela equipe que em 06 (seis) municípios do Estado do Rio Grande do Norte, a comprovação dos vestígios da espécie (observação visual, fezes, carcaça e pegadas), conforme tabela 2 abaixo: Tabela 2. Comprovação pela equipe através de registros fotográficos nos município do Rio Grande do Norte. Acrônimos das formas de registros: Ft – fotografia do animal; Fz – fezes; Cc – carcaça; Ov – observação visual; Pg – pegadas. 469 Método Indireto Municípios do Rio Grande do Norte F t F z c Baia Formosa C v O g X Canguaretama X Ceará Mirim X X Extremoz X X Nísia Floresta X X Parnamirim X X Pedro Velho X Senador Georgino Avelino X Tabela 3. Quantidade de registros encontrados da espécie Lontra longicaudis através de registros fotográficos nos município do Rio Grande do Norte. Registros - Método Indireto Quantidade dos Registros Fezes (latrina e muco anal) 19 Carcaça do animal 03 Observação visual 02 Pegadas 04 De acordo com a figura 06, foi constatado que 73% dos maiores registros foram de latrinas, seguida 15% de pegadas, 8% de carcaça e 4% de observação visual da espécie. Figura 04 P – Pesquisa total dos municípios do Rio Grande do Norte, cujo o levantamento pela equipe se especificou em coletas através de registros fotográficos das fezes, carcaças, pegadas e presença do animal. 470 Com base nos resultados obtidos com relação à distribuição geográfica da espécie, o município de Nísia Floresta e o Parnamirim, destaca-se uma maior quantidade de latrina da espécie. Considerando este levantamento da espécie, conclui-se que a maioria das marcações foram encontradas nos municípios que estão inseridos na APA Bonfim-Guaraíra. Devido à redução crescente de seu habitat, a lontra ainda é considerada uma espécie ameaçada de extinção em alguns estados do Brasil (PARANÁ, 1995). Existem poucas informações a respeito de sua biologia e conservação, dificultando a elaboração de medidas que visem o seu manejo e conservação. Nesse sentido, o presente estudo obteve a coleta de informações inéditas a respeito da ocorrência da lontra no Estado do Rio Grande do Norte. Portanto, devido ao alto grau de fragilidade da L. longicaudis, constatamos também a importância de trabalhos como este, principalmente para espécie, que no caso da lontra, encontram-se vulneráveis. Há uma grande necessidade de executar atividades de conservação com as comunidades locais para que assim esclareça o papel da espécie no ecossistema. AGRADECIMENTOS Agradecemos o apoio do Grupo de Pesquisa a Conservação de Mamíferos Aquáticos - ONG ECOMAR, que atualmente apoia e auxilia o Projeto de Pesquisa Lontra Viva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABREU Jr, E. F. & KÖHLER, A. 2009. Mastofauna de médio e grande porte na RPPN da UNISC, RS, Brasil. Biota Neotropica 9 (4): 169-174. 471 2. BASSI, C. O efeito da fragmentação sobre a comunidade de mamíferos nas matas do Planalto Ocidental, São Paulo, Brasil. 2003. 89 p. (Tese de Mestrado) – Instituto de Biociências, Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. 3. BECKER, M.; DALPONTE, J.C. 1991. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de campo. Editora Universidade de Brasília, Brasília, Brasil. 180 p. 4. BLASCHER, C. 1987. Ocorrência e preservação de Lutra longicaudis (Mammalia: Mustelidae) no litoral de Santa Catarina. Boletim da Fundação Brasileira para Conservação da Natureza, Rio de Janeiro, 22: 105-117. 5. CARVALHO, J. O. 1990. Aspectos da AutoEcologia de Lutra longicaudis (Olfers, 1818), no Ecossistema da Lagoa do Piri, SC-Brasil. Santa Catarina. Tese: Especialização em Hidroecologia – Departamento de Biologia, Universidade Federal de Santa Catarina. 6. CARVALHO, J. O.; BARBOSA, C.; TOSATTI, M. 2005. Caracterização da Dieta Alimentar da Lontra longicaudis em um Ambiente Marinho, Praia de Naufragos, Ilha de Santa Catarina, SC-Brasil. In: IV Congresso Integrado de Iniciação Científica, UNIDAVI. 7. CHANIN, P. 1985. The Natural History of Otters. London; Christopher Helm. 8. CHEIDA, CC; NAKANO-OLIVEIRA, E.; FUSCO-COSTA, R.; ROCHAMENDES, F.; QUADROS, J. Ordem Carnivora. In: REIS, NR dos; PERACCHI, AL.; PEDRO, WA.; LIMA, IP. de. Mamíferos do Brasil. Londrina: edição do autor, 2ª ed., 235-288pp (2011). 9. CHEIDA, C. C.; NAKANO-OLIVEIRA, E.; FUSCO-COSTA, R.; ROCHAEISEMBERG, J. F. & K. H. REDFORD, 1999. Mammals of the neotropics: The central neotropics. Chicago, The University of Chicago Press, 609 p. 10. CHEHEBAR, C.E. 1990. Action Plan fro Latin American Otters. In FOSTERTURLEY,P., MACDONALD, S. & MASON, C. (Ed). Otters: And Action Plan for their Conservation. IUCN Otter Specialist Group. 64-73. 11. CROOKS, K.R. 2002. Relative sensitivities of mammalian carnivores to habitat fragmentation. Conservation Biology, 16 (2): 488-502. 12. CROOKS, K.R.; SOULÉ, M.E. 1999. Mesopredator release and avifaunal extinctions in a fragmented system. Nature, 400 (6744): 563-566. 472 13. CULLEN Jr, L.; BODMER, R. E.; PADUA, C. V. 2000. Effects of hunting in habitat fragments of the Atlantic forests, Brazil. Biological Conservation 95: 49-56. 14. DIETRICH, J. R. 1995. El uso de entrevistas para averiguar la distribución de vertebrados. Revista de Ecologia Latino-americana 2 (1): 01-04. 15. EISENBERG, F.J.1989. An Introduction to the Carnivora. In GITTLEMAN, J.L. (Ed). Carnivore Behavior, Ecology and Evolution. Cornell University Press. USA. 1-9. 16. EMMONS, L. H.; FEER, F. 1997. Neotropical rainforest mammals: a field guide. 2.ed., Chicago, The University of Chicago Press, 307 p. 17. FONSECA, G. A. B.; HERMAN, G.; Leite, Y. L. R.; MITTERMEIER, R. A.; RYLANDS, A. B.; PATTON, J. L. 1996. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occasional Papers in Conservation Biology (4): 1-38. 18. GASPAR, D.A. Comunidade de mamíferos não-voadores de um fragmento de Floresta Atlântica semidecídua do município de Campinas/S.P. 2005. 161 p. (Tese de Doutorado) - Departamento de Zoologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. 19. IUCN. 2008. WALDEMARIN, H. F.; ALVARES, R. 2008. Lontra longicaudis. 2008 IUCN Red Listo f Threatened Species. Disponível em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 20 maio 2013. 20. IUCN – The IUCN Red List of Threatened Species 2011. Disponível em: <http://www.iucnredlist.org/> Acesso em: 03 maio 2013. 21. IDEMA, 2000. Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte. Aspectos Físicos do Rio Grande do Norte. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br/governo/secretarias/idema/perfilrn/Aspectosfisicos.pdf>. Acesso em: 02 fevereiro 2013. 22. SOS Mata Atlântica. Instituto de Pesquisas Espaciais e Fundação SOS Mata Atlântica. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica: Período 2005-2008. Disponível em: < http://www.sosmatatlantica.org.br/index.php?section=atlas&action=atlas>. Acessado em: 05 maio 2013. 473 23. IBGE, 2012. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=rn>. Acesso em: 02 fevereiro 2013. 24. KASPER, K. B.; FELDENS, M. J.; SALVI, J.; GRILLO, H. C. J. 2004. Estudo Preliminar sobre a ecologia de Lontra longicaudis no Vale do Taquari, Sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 21 (1):65-72. 25. KRUUK, H. 1995. Wild Otters: Predation and Populations. Oxford: Oxford University Press. 26. LARIVIÈRE, S. 1999. Lontra longicaudis. Mammalian Species, 609:1-5. 27. MASON, C. F.; MACDONALD, S. M. 1986. Otters: ecology and conservation. Cambridge: Cambridge University Press. 28. MACDONALD, S. M. & MASON, C. F. 1985. Otters, their habitat and conservation in Northeast Greece. Biological Conservation, 31:191-210p. 29. MACDONALD, S. M. & MASON, C. 1990. Threats In: FOSTER-TURLEY,P., MACDONALD, S. & MASON, C. (Ed). Otters: And Action Plan for their Conservation. IUCN Otter Specialist Group. 126p. 30. PARDINI, R. 1998. Feeding ecology of the neotropical river otter Lontra longicaudis in an Atlantic Forest stream, south-eastern Brazil. J. Zool. (Lond.), 245:385-391. 31. PARDINI, R. 1998. Feeding ecology of the neotropical river otter Lontra longicaudis in an Atlantic Forest stream, southeastern Brazil. Journal of Mammology, 80(2): 600-610. 32. QUADROS, J & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2001. Diet of the Neotropical Otter, Lontra longicaudis, in an Atlantic Forest Area, Santa Catarina State, Southern Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 36(1):15-21. 33. QUADROS, J. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2000. Fruit occurrence in the diet of the neotropical otter, Lontra longicaudis, in southern brazilian atlantic forest and its implication for seed dispersion. Mastozoología Neotropical 7(1):33-36. 34. QUINTELA, FM.; PORCIUNCULA, RA.; COLARES, EP. 2008. Dieta de Lontra longicaudis (Olfers) (Carnivora, Mustelidae) em um arroio costeiro da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Neotropical Biology and Conservation 3(3):119-125. 474 35. PARDINI, R. Feeding ecology of the neotropical river otter Lontra longicaudis in an Atlantic Forest stream, south-eastern Brazil. J. Zool. Lond. 1998. 245: 385-391 p. 36. PARDINI, R.; DITT, E.H.; CULLEN Jr, L.; BASSI, C.; RUDRAN, R. Levantamento rápido de mamíferos terrestres de médio e grande porte. p 181-201. In: CULLEN Jr., L.; RUDRAN, R.; VALLADARES-PÁDUA, C. Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba: Ed. da Universidade Federal do Paraná, 2003. 667 p. 37. QUADROS, J. Aspecto da ecologia de Lontra longicaudis (Olfers,1888) em uma área de Floresta Atlântica de Planície, Município de Itapoá – SC. UFPR, 1998. 71 p. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Paraná. 38. RICKLEFS, R.E. 2003. Economia da Natureza. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 503 p. 39. ROUGHTON, R.D.; SWEENY, M.W. 1982. Refinements in scent-station methodology for assessing trendes in carnivore populations. Journal Wildlife Management, 46(1): 217- 229. 40. SARGEANT, G.A.; JOHNSON, D.H.; BERG, W.E. 1998. Interpreting carnivore scentstation surveys. Journal Wildlife Management, 62 (4): 1235-1245. 41. SCOSS, L. M.; Marco, P.; Silva, E.; Martins, S. V. 2004. Uso de parcelas de areia para o monitoramento de impacto de estradas sobre a riqueza de espécies de mamíferos. Revista Árvore 28 (1): p. 121-127. 42. TABARELLI, M.; Pinto, L. P.; Silva, J. M. C.; Hirota, M. M.; Bedê, L. C. 2005. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira. Megadiversidade 1 (1): 133-138 43. VIDAL, O. (1993). Aquatic mammal conservation in Latin America: Problemas and perspectives. Conservayion Biology, 7(4):788-795.