ocorrência inédita da lontra longicaudis (olfers 1818) no estado do

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REB Volume 7 (4): 458-474, 2014
ISSN 1983-7682
OCORRÊNCIA INÉDITA DA LONTRA LONGICAUDIS (OLFERS 1818)
NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.
UNPRECEDENTED OCCURRENCE OF LONTRA LONGICAUDIS
(OLFERS 1818) IN THE STATE OF RIO GRANDE DO NORTE, BRAZIL.
Izabela Costa Laurentino *
Rafael Turíbio Moraes de Sousa
Faculdade de Excelência Educacional do Rio Grande do Norte – Estácio
FATERN
Rua Dr. Hernany Hugo Gomes, 90 - Capim Macio
CEP: 59082-270, Natal – RN, Brasil
* E-mail para correspondência: [email protected]
RESUMO
A Lontra longicaudis, conhecida popularmente também como lontra neotropical, possui
uma ampla distribuição espacial no continente americano ocorrendo desde o México até
a Argentina. Pode ser encontrada em uma grande variedade de habitats: florestas, matas
ciliares, rios e regiões litorâneas associadas a lagoas costeiras. No Rio Grande do Norte
ocorre desde ambientes costeiros até áreas de planalto. Atualmente estes animais são
considerados como espécie ameaçada de extinção em alguns estados do Brasil, e na
categoria vulnerável está em quase todo o Brasil. Este trabalho registrou áreas de
ocorrência de L. longicaudis em diversos pontos dos municípios do Rio Grande do
Norte. Os registros foram obtidos por meio do método indireto, com observação visual,
registro fotográfico, vestígios (amostras fecais, carcaças e pegadas). Alguns moradores
locais apontaram a presença da espécie em algumas localidades, e outros relatam a
presença destes animais. Estudos sobre a distribuição espacial da L. longicaudis no Rio
459
Grande do Norte são fundamentais para aumentar os conhecimentos sobre a biologia e
contribuir para a conservação da espécie, tendo em vista que esta pesquisa é pioneira no
Estado.
Palavras-chave: lontra longicaudis; ocorrência; Rio Grande do Norte; lontra
neotropical; registros; levantamento.
ABSTRACT
Lontra longicaudis, also popularly known as neotropical otter, has a wide spatial
distribution in the Americas occurring from Mexico to Argentina. It can be found in a
wide variety of habitats: forests, riparian forests, rivers and coastal areas associated
with coastal lagoons. In Rio Grande do Norte it occurs at coastal environments to
upland areas. Currently they are considered as endangered species in some states of
Brazil, and are a vulnerable category in almost all Brazil. This work areas recorded
occurrence of L. longicaudis in various parts of the municipalities of Rio Grande do
Norte. The records were obtained by the indirect method with visual observation,
photographic record traces (fecal samples, carcasses and footprints). Some locals
pointed to the presence of the species in some localities, and others report the presence
of these animals. Studies on the spatial distribution of L. longicaudis in Rio Grande do
Norte are essential to increase knowledge about the biology and contribute to the
conservation of the species, given that this research is a pioneer in the state.
Keywords: lontra longicaudis; occurrence; Rio Grande do Norte; neotropical otter;
records; survey.
INTRODUÇÃO
A fragmentação do habitat em pequenos remanescentes representa uma grande
ameaça às espécies silvestres. A destruição antrópica do ambiente natural leva à
formação de pequenos fragmentos, às vezes insuficientes em tamanho para manter
populações viáveis (CROOKS, 2002; RICKLEFS, 2003). A mastofauna é um elemento
importante na manutenção do equilíbrio do ecossistema, envolvendo-se nos processos
460
ecológicos de controle populacional de suas presas e na manutenção e regeneração das
florestas tropicais (ABREU & KÖHLER, 2009).
As lontras são mamíferos, de hábitos predominantemente aquáticos e
crepusculares (EISEMBERG & REDFORD, 1999). Pertencem à Ordem Carnívora,
Família
Mustelidae
e
Subfamília
Lutrinae
(CHANIN,
1985;
MASON
&
MACDONALD, 1986; CARVALHO JÚNIOR, 1990; KRUUK, 1995; LARIVIÈRE,
1999). Ocorrem em todos os continentes exceto na Oceania e partes da costa Norteamericana do pacífico (PARDINI, 1998). É encontrada do México ao Uruguai e
Argentina (EMMONS E FEER, 1997; EISEMBERG & REDFORD, 1999; CHEIDA et
al., 2006).
Atualmente a Lontra longicaudis (OLFERS, 1818), está agrupada em seis
Subespécies, as quais diferem entre si por adaptações comportamentais e/ou
morfológicas, que desenvolveram em resposta aos seus respectivos nichos tróficos e
espaciais (IUCN, 2008). Esta espécie é um predador onívoro de topo de cadeia trófica,
semi-aquático e de médio porte, apresentando, corpo alongado, pernas curtas com
membranas interdigitais, cauda longa e adaptada para a propulsão na água (IUCN,
1992).
Dentro da família Mustelidae, a qual pertence, é classificada como piscívora,
alimentando-se de vertebrados e invertebrados aquáticos. Seu hábito alimentar pode
variar de acordo com o ambiente em que vive (PARDINI, 1998; QUADROS, 1998).
Neste sentido a lontra pode possuir hábitos generalistas, alimentando-se de vários itens
alimentares, mas priorizando peixes e crustáceos como também selecionar algumas
espécies de sua preferência, conferindo assim, uma maior seletividade de alimentos.
Esta espécie, consta na Lista Vermelha da IUNC como dados insuficientes para
avaliar o critério de ameaça desta espécie (IUCN, 2011). Já na Lista Nacional de
Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a espécie encontra-se “vulnerável”
para alguns estados do Brasil.
No Brasil distribui-se por quase todo o país, vivendo em corpos d’água nos
biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e campos sulinos (CHEIDA, CC;
NAKANO-OLIVEIRA, E; FUSCO-COSTA, R; ROCHA-MENDES, F; QUADROS,
2011). Habitam sistemas aquáticos continentais como pequenos canais e banhados a
rios, florestas, matas ciliares, lagos, rios, regiões litorâneas associadas a estuários e
461
lagoas costeiras, mangues, além de áreas marinhas (BLACHER, 1987; EISEMBERG &
REDFORD, 1999; KASPER et al., 2004; CARVALHO JÚNIOR et al., 2005). No
Nordeste brasileiro, essa espécie já foi registrada nos Estados da Bahia, Sergipe,
Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
A ecologia dessa espécie é pouco conhecida e nos últimos anos diversos
trabalhos foram publicados visando contribuir com informações que auxiliem em
programas de conservação desta espécie. Os maiores esforços foram no levantamento da
dieta desta espécie (PARDINI, 1998; QUADROS, J & MONTEIRO-FILHO, 2000;
KASPER, CB; FELDENS, MJ; SALVI, J; GRILLO, HCZ, 2004; QUINTELA, FM;
PORCIUNCULA, RA; COLARES, EP, 2008). Ainda são necessários estudos visando
observar a dinâmica populacional desta espécie, além do seu papel ecológico como
predador na diversificação de espécies nas comunidades (KASPER, CB; FELDENS,
MJ; SALVI, J; GRILLO, HCZ, 2004).
O objetivo desse trabalho pioneiro é gerar informações sobre a história natural
da L. longicaudis no estado do Rio Grande do Norte, contribuindo ainda, com a
construção de subsídios para a conservação e manejo desta espécie, bem como do
ambiente em que vive. Segundo Vidal (1993) a conservação de mamíferos
semiaquáticos na América Latina é precária, principalmente pela falta de conhecimento
sobre estes animais.
MATERIAL E MÉTODOS
O Estado do Rio Grande do Norte localiza-se na esquina do continente sulamericano, ocupando posição privilegiada em termos de localização estratégica, pois
trata-se do Estado brasileiro que mais próximo fica dos continentes africano e europeu.
Com uma extensão de 53.077,3 km2, o Estado ocupa 3,41% de área da Região Nordeste
e cerca de 0,62% do território nacional. (IDEMA, 2000)
O território norte-rio-grandense localiza-se, mais precisamente, no hemisfério
sul ocidental, e seus pontos extremos são limitados pelos paralelos de 4° 49'53” e 6°
58'57” de latitude sul e pelos meridianos de 34° 58'03” e 38° 36'12” de longitude oeste
de Greenwich. A distância entre os pontos extremos do norte e do sul é de 233 km e
entre o leste e o oeste, é de 403 km. Como percebe-se, o Rio Grande do Norte está
situado próximo ao Equador, o que lhe confere características climáticas bem
462
específicas, como o verão seco e a presença do sol durante a maior parte do ano. A
temperatura média anual do Estado está em torno de 25,5°C, com máxima de 31,3° e
mínima de 21,1°, sendo sua pluviometria bastante irregular. O número de horas de
insolação mostra pouca variação de 2.400 a 2.700 horas por ano e a umidade relativa do
ar apresenta uma variação média anual entre 59 e 76%. (IDEMA, 2000)
Este trabalho foi realizado entre os meses de outubro de 2011 a junho de 2013.
Foram realizadas entrevistas nas comunidades, visitas para coleta de dados e
informações referente à espécie. Para tanto, foram utilizados os métodos convencionais
de estudo, como papel e caneta, GPS e máquina fotográfica para coletar as pegadas e
amostras fecais através de registros fotográficos, conforme a Autorização emitida pelo
ICMBio nº 32910-5. Durante a pesquisa em campo foram disponibilizados vários
horários para colocá-lo em prática, em horários diurnos e noturnos, através do método
indireto (fezes, pegadas, carcaça e muco anal) utilizado para confirmar a existência da
espécie nos município.
RESULTADOS
De acordo com estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010), Politicamente o Estado do Rio Grande do Norte está dividido
em 167 municípios, agrupados em oito Zonas Homogêneas: Mossoroense, Alto do
Apodi, Serras Centrais, Caicó, Currais Novos, Agreste, Litoral Norte e Litoral Oriental.
Assim foi possível comprovar a existência da espécie em apenas 09 (nove) municípios
do Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com a tabela 01 abaixo:
Tabela 01 – Municípios do Rio Grande do Norte onde foram confirmados a
existência da espécie Lontra longicaudis pela equipe de pesquisa.
CRONOGRAMA DAS VISITAS
N
Municípios
º de
ção do Animal
S
entrevistados
Baia Formosa
Confirma
IM
1
5
N
ÃO
1
0
0
5
463
Canguaretama
1
6
Ceará Mirim
5
1
0
Extremoz
0
0
Nísia Floresta
0
2
Parnamirim
2
1
Pedro Velho
1
1
Georgino
0
1
Vila Flor
1
1
Total
0
0
0
8
1
30
0
3
3
5
0
4
7
3
0
6
5
0
0
0
0
9
0
4
2
6
0
4
2
0
Avelino
0
0
Macaiba
0
1
6
6
Senador
1
0
7
9
8
3
2
De acordo com a tabela 01, os resultados obtidos foram bastante significativos,
tendo em vista que ainda não havia sido comprovada no estado do RN a existência da
espécie, mostrando que algumas pessoas já viram a espécie nas proximidades dos rios
e/ou lagoas, devido à predação em alguns viveiros de peixes e covos de camarões.
Durante a pesquisa, pode-se observar que a maioria destes municípios onde foi
confirmada a presença da espécie, eles estão inseridos no Leste Potiguar do Estado do
Rio Grande do Norte, onde ocorre a maior incidência de vegetação de Mata Atlântica.
No Rio Grande do Norte (RN) o bioma está situado principalmente em uma estreita
faixa ao longo do litoral oriental, com uma extensão de 4.394.507 ha, ocupa cerca de
6% da área do estado (INPE & SOS MATA ATLÂNTICA, 2008). Embora seja uma
464
pequena porção, o bioma está situado na parte mais populosa do estado e onde a cultura
centenária da cana de açúcar se desenvolveu.
No Leste Potiguar do Estado, está inserido no Litoral Oriental do Estado, onde
de acordo com a Lei nº. 6950, de 20 de agosto de 1996, dispõe sobre o Plano Estadual
de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências, o Artigo 3 esclarece que para fins
do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, a Zona Costeira, em sua faixa terrestre é
composta por 29 (vinte e nove) municípios, subdivididos em 02 (dois) Setores
Costeiros: I - Maxaranguape, Ceará-Mirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante,
Macaíba, Natal, Parnamirim, São José de Mipibu, Nísia Floresta, Senador Georgino
Avelino, Arês, Tibau do Sul, Vila Flor, Goianinha, Canguaretama e Baía Formosa, de
acordo com a figura 01.
Figura 01 - Mapa da divisão das mesorregiões do Estado do Rio Grande do Norte, ao
lado divisão do Litoral Oriental do Estado do Rio Grande do Norte. Fonte: Anuário
Estatístico – IDEMA 2011
465
Também se constata que a maioria dos municípios onde foram confirmados a
presença da espécie (Lontra longicaudis) estão inseridas na Área de Proteção Ambiental
Bonfim-Guaraíras, que foi criada a partir do Decreto Nº 14.369, de 22 de Março de
1999, onde possui aproximadamente 43 mil hectares e um perímetro aproximadamente
136 km. Está localizada no litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte, ao sul de
Natal, que abrangendo porções territoriais dos municípios de Nísia Floresta, São José do
Mipibú, Senador Georgino Avelino, Goianinha, Arês e Tibau do Sul, conforme figura
02.
Figura 02 - Mapa da Área de Proteção Ambiental Bonfim Guaraíras, inserida no estado
do Rio Grande do Norte, incluindo os municípios Nísia Floresta, São José do Mipibú,
Senador Georgino Avelino, Goianinha, Arês e Tibau do Sul. Fonte: Anuário Estatístico
– IDEMA 2011
466
No Estado do Rio Grande do Norte o domínio da Mata Atlântica abrange as
formações vegetais: Floresta Ombrófila Densa/Rala, Manguezal, Restinga, Tabuleiro
Litorâneo, e as Matas Ciliares. Esse ecossistema, que ainda ocupa quase toda a costa
litorânea, de Touros/Rio do Fogo a Baía Formosa (Sagi), devido à ocupação acelerada
dessa região, vários impactos foram causados a esses ecossistemas, reduzindo a Mata
Atlântica a remanescentes secundários em níveis de estágios avançados, médio e inicial
de regeneração, fragmentados. Mas, a Floresta Litorânea ou Mata Atlântica ainda é
encontrada pontualmente distribuída no Litoral Oriental do Estado do Rio Grande do
Norte.
DISCUSSÃO
A Mata Atlântica, é composta por diversos ecossistemas florestais que formam
remanescentes ocupados por uma rica e variada fauna e flora, está entre os 25 hotspots
do mundo (TABARELLI et al., 2005). Com a maior diversidade de mamíferos, o Brasil
possui 524 espécies descritas, sendo que destas, 250 são ocorrentes na Mata Atlântica,
com uma taxa de endemismo de aproximadamente 65 espécies (FONSECA et al.,
1996). No entanto, a caça, a fragmentação e a degradação de habitats causados por
ações humanas, constituem uma das maiores ameaças aos mamíferos (CULLEN JR et
al., 2000).
467
Estudos com algumas espécies de mamíferos podem se tornar difíceis, quando se
tem por objetivo estimar tamanho de populações, pelo fato de muitas espécies
agruparem características como hábitos noturnos e grandes áreas de vida que dificultam
a observação em ambiente natural. Sendo assim, métodos de observação indireta são
boas opções no levantamento local de espécies de mamíferos (SCOSS et al., 2004).
Recursos práticos como a utilização de armadilhas fotográficas e a busca por rastros,
aliados a entrevistas com a comunidade local têm se mostrado satisfatórios por permitir
uma integração de dados coletados (DIETRICH, 1995).
Para a coleta dos dados ecológicos, foram percorridos vários rios e lagoas em
uma embarcação de variados tamanhos, de acordo com a disponibilização dos
pescadores no local. A coleta dos dados vestigiais (abrigos, possíveis tocas, registro de
pegadas através de fotos e/ou coleta de fezes) foi realizada a partir da observação das
margens dos rios, que foram percorridas a pé na maioria das vezes.
Conforme figura 03 (“a” e “b”), as fezes foram observados frequentemente
escamas de peixes e restos de crustáceos, acredira-se que não são completamente
digeriras pelo organismo, mas requer uma melhor experiência de campo para distinguilos com segurança. Foi observado que algumas fezes foram depositadas separadamente,
como também em alguns locais foi possível encontrar várias fezes juntas, pois acreditase que estes ao escurecer com a secagem da ação do sol e do ar, depois de várias horas
pode ter sido depositado em que aparecem em preto e glutinoso.
Figura 03 – Registro fotográfico de latrinas (A),
muco anal (B), pegada (C),
confirmação da espécie viva (D) e a carcaça do animal (E) encontrados em alguns
municípios do Estado do Rio Grande do Norte.
A
B
468
C
D
E
As identificações das pegadas foram realizadas com o auxílio do manual de
rastros de mamíferos silvestres de (BECKER & DALPONTE, 1991), todas realizadas
através do método indireto (fezes (latrinas), pegadas, carcaça e muco anal). A análise
de pegadas é um método não invasivo, muito usado em levantamentos de fauna, que
evidencia a presença da espécie na área (GASPAR, 2005), e pode fornecer ainda dados
de abundância e, desse modo, pode servir como importante instrumento para o manejo e
a pesquisa de espécies (ROUGHTON & SWEENY, 1982; SARGEANT et al., 1998;
CROOKS & SOULÉ, 1999; BASSI, 2003; PARDINI et al., 2003; GASPAR, 2005).
Latrina foi definida como os sítios de defecação identificados com fezes de lontras
(KASPER et al., 2004).
Portanto, foi constatada pela equipe que em 06 (seis) municípios do Estado do
Rio Grande do Norte, a comprovação dos vestígios da espécie (observação visual, fezes,
carcaça e pegadas), conforme tabela 2 abaixo:
Tabela 2. Comprovação pela equipe através de registros fotográficos nos município do
Rio Grande do Norte. Acrônimos das formas de registros: Ft – fotografia do animal; Fz
– fezes; Cc – carcaça; Ov – observação visual; Pg – pegadas.
469
Método Indireto
Municípios do Rio
Grande do Norte
F
t
F
z
c
Baia Formosa
C
v
O
g
X
Canguaretama
X
Ceará Mirim
X
X
Extremoz
X
X
Nísia Floresta
X
X
Parnamirim
X
X
Pedro Velho
X
Senador Georgino
Avelino
X
Tabela 3. Quantidade de registros encontrados da espécie Lontra longicaudis através de
registros fotográficos nos município do Rio Grande do Norte.
Registros - Método
Indireto
Quantidade dos Registros
Fezes (latrina e muco
anal)
19
Carcaça do animal
03
Observação visual
02
Pegadas
04
De acordo com a figura 06, foi constatado que 73% dos maiores registros foram
de latrinas, seguida 15% de pegadas, 8% de carcaça e 4% de observação visual da
espécie.
Figura 04
P
– Pesquisa total dos municípios do Rio Grande do Norte, cujo o
levantamento pela equipe se especificou em coletas através de registros fotográficos das
fezes, carcaças, pegadas e presença do animal.
470
Com base nos resultados obtidos com relação à distribuição geográfica da
espécie, o município de Nísia Floresta e o Parnamirim, destaca-se uma maior
quantidade de latrina da espécie. Considerando este levantamento da espécie, conclui-se
que a maioria das marcações foram encontradas nos municípios que estão inseridos na
APA Bonfim-Guaraíra. Devido à redução crescente de seu habitat, a lontra ainda é
considerada uma espécie ameaçada de extinção em alguns estados do Brasil (PARANÁ,
1995). Existem poucas informações a respeito de sua biologia e conservação,
dificultando a elaboração de medidas que visem o seu manejo e conservação. Nesse
sentido, o presente estudo obteve a coleta de informações inéditas a respeito da
ocorrência da lontra no Estado do Rio Grande do Norte. Portanto, devido ao alto grau de
fragilidade da L. longicaudis, constatamos também a importância de trabalhos como
este, principalmente para espécie, que no caso da lontra, encontram-se vulneráveis. Há
uma grande necessidade de executar atividades de conservação com as comunidades
locais para que assim esclareça o papel da espécie no ecossistema.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos o apoio do Grupo de Pesquisa a Conservação de Mamíferos Aquáticos
- ONG ECOMAR, que atualmente apoia e auxilia o Projeto de Pesquisa Lontra Viva.
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