CLEPTOPARASITISMO E TENTATIVAS DE PREDAÇÃO EM PATOMERGULHÃO (MERGUS OCTOSETACEUS) NA REGIÃO DA SERRA DA CANASTRA, MG / ATTEMPTS OF PREDATION AND KLEPTOPARASITISM OF BRAZILIAN MERGANSER (MERGUS OCTOSETACEUS) IN SERRA DA CANASTRA REGION, MG Sávio Freire Bruno1, Rafael Bessa2 e Luciano de Rezende Carvalheira3 1 Universidade Federal Fluminense, e-mail: [email protected]; 2 Pesquisador Bolsista do PPBIO do Bioma da Mata Atlântica MCT/JBRJ/UFRJ/PROBIOII, e-mail: [email protected]; 3Bolsista de iniciação científica Universidade Federal Fluminense O plano de ação para conservação do pato-mergulhão define medidas a serem implementadas para garantir sua conservação, além de identificar as causas de seu declínio. Dentre estas, a predação e a competição foram consideradas de importância média/desconhecida e baixa/desconhecida, respectivamente. Na tentativa de suprir uma carência de dados e contribuir para o entendimento de sua biologia, apresentamos encontros interespecíficos de M. octosetaceus observados na região da Serra da Canastra, MG. As observações ocorreram entre 2000 e 2010, no rio São Francisco e seus tributários e foram obtidas de maneira fortuita, pelo método ad libitum com auxílio de binóculos 8x40 Nikon. O cleptoparasitismo é o roubo de comida ou pirataria de presa, obtida de um indivíduo por outro. Um Chloroceryle amazona foi observado roubando um peixe do bico de um filhote de Mergus após seguir uma família de patos e capturar peixes espantados para a margem pelo movimento dos anatídeos. Um Buteogallus urubitinga foi observado atacando uma família de Mergus que mergulhou rapidamente assim que notou o ataque do gavião. Outra tentativa de predação ocorreu quando uma fêmea de Mergus foi atacada por um jovem Buteo albicaudatus que adentrou as garras no interior do ninho ocupado por ela tentando capturá-la. Em 13 oportunidades observaram-se encontros entre M. octosetaceus e Lontra longicaudis. Em todos eles, o macho vocalizou na direção da lontra, levantando vôo e pousando metros à frente. Ainda que a predação em si não tenha sido observada, a julgar pelo alarme e fuga de Mergus em todos encontros, fica evidente que o pato reconhece tais espécies como ameaça. Vale ressaltar que estas interações são fatores co-evolutivos, naturais ou mesmo positivos na dinâmica de um ambiente em equilíbrio. Entretanto, tratando-se de uma espécie de população reduzida, tais interações devem ser monitoradas cuidadosamente. Palavras-chave: Predação, competição, encontros interespecíficos.