EFEITO DE MACRONUTRIENTES E CALCÁRIO SOBRE A VARIEDADE DE MILHO MANICA Manuel I.V.Amane1 e Carlos Tomás2 RESUMO Instalou-se um experimento em Montepuez com o objectivo de determinar o efeito de macronutrientes e calcário sobre a variedade de milho Manica. Aplicou-se calcário dolomítico e a sementeira foi feita 15 dias após. A necessidade de calagem foi determinada com base nos teores de (Ca+Mg) e Al. As fontes de macronutrientes foram: N (sulfato de amônio e urea); P (superfosfato simples e triplo); K (cloreto de potássio) e S (sulfato de amônio e superfosfato simples). Todos os macronutrientes foram aplicados no sulco de plantio, excepto o N que foi parcelado, uma quantidade no sulco de plantio e outra em cobertura. O aumento da produtividade e da altura da planta, de certa forma, relacionou-se com altas doses de N e uso de todos os macronutrientes. INTRODUÇÃO O milho (Zea mays L.) é uma das culturas mais importantes e constiui a principal base de alimentação, para a população rural em Moçambique. A cultura é desenvolvida, principalmente, pelo sectpr familiar com baixo ou sem uso de insumos. O sector familiar cultiva cerca de 95% do total da área e contribui com 90% do total da produção deste cereal. Estimativas do Censo Agropecuário (2000) indicam que o sector familiar cultiva cerca de 1,08 milhões de hectares de milho, o que representa cerca de 39% do total da área cultivada. O milho é cultivado em todas as regiões agro-ecológicas, do país. Contudo, as áreas mais aptas encontram-se no centro e norte. Nesse grande conjunto de ambientes, a produtividade do milho é baixa, variando de 200 kg/ha nas terras baixas a 1,200 kg/ha nas áreas de média e alta altitude. Os principais factores limitantes são: falta de disponibilidade de semente melhorada; seca ou excesso de humidade; pragas e doenças; deficiente controle de plantas daninhas e baixa fertilidade do solo. O uso eficiente de fertilizantes requer conhecimento sobre as disponibilidades e necessidades nos diferntes tipos de solos. Nesse sentido, este trabalho tinha como objectivo identificar os principais nutrientes que limitam o desenvolvimento desta cultura, em Nampula. 1 2 INIA, C.P. 3658 Maputo 8, Moçambique Lomaco, Montepuez MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido num dos campos pertencentes a Empresa Lomaco, em Montepuez, Provímcia de Cabo Delgado, na campanha agrícola 1999/2000. O solo era de textura franco-arenosa e as características químicas são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Características Químicas do solo de Montepuez. C Gkg-1 1 2.2 Olsen Ntotal (kgdm-3) P1 mgkg-1 Ca mg/kg-1 Mg mg/kg-1 K mg/kg-1 pH H2O H+Al pH 7 Al KCl 0.18 2.54 5.0 2.6 0.62 5.6 3.15 0.0 Os tratamentos resultaram da combinação do factorial (2x4)+4. Os factores foram: duas doses de P2O5 (0 e 30 kg/ha) e 4 de N (0, 30, 60 e 90 kg/ha). Os tratamentos adicionais consistiram da combinação de 60 kg/ha de P2O5 com 90 kg/ha de N, ao qual se adicionou o K2O, depois o S e finalmente o calcário. As fontes de nutrientes variaram em função do tipo de composição do mesmo. Foram usados os superfosfatos triplo e simples, DAP, sulfato de amônio, ureia e cloreto de potássio. O calcário usado foi o dolomítico e para a determinação da necessidade de calagem, usou-se a fórmula que considera os teores do Al e da soma de Ca+Mg. O calcário foi aplicado 15 dias antes da sementeira, homogeneizado com o solo e posteriormente humedecido, para acelerar a sua reacção com o solo. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casualizados, com 4 repetições. A parcela experimental foi constituída de 4 linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,8 m, com uma planta por covacho e distando 0,25 m de cada uma. Usouse a variedade Manica. Na colheita aproveitaram-se as duas linhas centrais de 5,0 m, que constituiram a área útil. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do experimento são apresentados na Tabela 2. Em geral, o solo era de fertilidade média a boa. O tratamento com calcário resultou em maior produtividade, embora não diferisse significativamente dos tratamentos que receberam enxofre, K e altas doses de N. O calcário pode ter contribuído na disponibilidade de outros nutrientes não anteriormente disponíveis. Houve ligeira tendência de aumento de produtividade, em resposta ao N, quando as doses de P eram maiores. Tabela 2. Número de plantas por hectare, dias para floração, altura da planta, produção e peso de 100-sementes, do ensaio de milho conduzido em Montepuez, Província de Cabo Delgado. P 0 0 0 0 30 30 30 30 60 60 60 60 Tratamentos N K S 0 0 0 30 0 0 60 0 0 90 0 0 0 0 0 30 0 0 60 0 0 90 0 0 90 0 0 90 60 0 90 60 60 90 60 60 C.V.(%) Plantas/ha Cal 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Cal 44.062 45.937 40.937 36.562 45.312 45.000 44.375 34.062 46.875 43.437 41.250 43.125 7,91 Floração (dias) 54 abcd 55 abc 56 ab 57 a 51 bcd 49 de 49 de 50 cde 48 e 49 de 48 e 48 e 3,96 Altura (cm) 207 216 217 220 198 199 205 221 208 223 215 220 7,49 Produção (kg/ha) 4.478 d 5.588 bcd 5.406 bcd 5.019 cd 5.547 bcd 5.697 bcd 6.116 abc 5.725 bcd 6.515 abc 6.509 abc 6.884 ab 7.341 a 10,31 Peso 100sementes (g) 34,8 35,5 35,3 35,8 34,4 34,5 34,1 36,8 35,6 36,5 36,7 35,7 5,91 CONCLUSÕES 1- A forma de organização dos dados não ajudou a identificar, com clareza, os principais macronutrientes limitantes. 2- Sobre o N e o P, ficou claro que eles são sempre necessários nos solos.