HIPÓTESE DE CAUSAÇÃO FORMATIVA Em sistemas de auto -organização, há uma integridade que depende de um campo organizador característico daqueles sistemas, denominado Campo Mórfico – Campo M. Entende-se por campo “uma região do espaço -tempo onde uma força exerce sua influência”. Esses campos se localizam dentro e em volta dos sistemas que organizam. Existem muitos tipos de Campos M: morfogenéticos, perceptivos, comportamentais, sociais, entre outros. Sua função é conduzir os sistemas sob sua influência na direção a um determinado ponto futuro, que denominamos Atrator. Estes campos surgem por “saltos criativos” e, pela repetição dos padrões por eles organizados; constituem uma memória, que constitui um tipo de “caminho” – para o qual usamos a metáfora de um s ulco – denominado creodo. Pela repetição, esses campos se fortalecem, formando a base dos hábitos. A informação ou um modelo de atividade é transferido de um sistema anterior para um subseqüente do mesmo tipo através do que denominamos ressonância mórfica. Entendemos ressonância como “uma transposição de energia de um sistema para outro quando a freqüência do primeiro coincide com uma das freqüências próprias do segundo”. Quanto mais similares forem os sistemas, maior será a influência da ressonância mórfica. Exemplificamos: O embrião de uma girafa entra em sintonia com o creodo organizador de sua forma, determinado pelas girafas que existiram, uma espécie de memória coletiva que organiza e determina que ela seja semelhante na forma a todas as girafas. A ressonância mórfica envolve efeitos não -locais tanto no tempo quanto no espaço. Vemos que os Campos M reforçam a não mudança, o “conservantismo dinâmico” de Schon. É difícil mudar porque “creodos” profundos, reforçados por hábitos repetidos por muitos indivíduos de um mesmo “grupo” por muito tempo são difíceis de serem abandonados. Uma intensa ressonância mórfica comum os reforça continuamente. Mas esses campos são dinâmicos, evoluem, modificam-se. Um novo comportamento repetido, gera novas ressonâncias , novos creodos se formam e, portanto, novos hábitos podem ser gerados. Isto é mudança. Uma vez sugeri a um amigo meu que atua na área de marketing que talvez essa fosse a grande mídia do IIIº milênio. O reforço de comportamento de consumo em relação a um determinado produto feito sistematicamente e repetidamente por um grupo determinado poderia gerar ressonâncias no Campo M específico e, de repente, todos comprariam o referido produto. Isto aconteceu com macacos de uma mesma espécie que habitavam ilhas ent re as quais não havia qualquer comunicação possível. 2 Um biólogo induziu uma mudança no comportamento alimentar dos macacos de uma ilha e, após um certo número de macacos adquirirem este comportamento, os macacos das outras ilhas começaram, de repente a manifestarem o mesmo comportamento. Como o processo se desencadeou quando 100 macacos adquiriram o novo comportamento, o fenômeno foi chamado de “Teoria do Centésimo Macaco”. Este tipo de memória coletiva da espécie está sendo correlacionado àquilo que C. G. Jung chamou de “inconsciente coletivo”. Alguns experimentos com vistas a validar a teoria dos campos mórficos estão sendo realizados em escala mundial. Como podemos ver, a resistência a mudança, tão discutida hoje, pode ser algo bem mais complexo do que se pode pensar. Como disse uma vez Buckminster Fuller, “o mundo está agora perigoso demais para qualquer coisa menos que utopia”.