UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM E SAÚDE (NÍVEL MESTRADO ACADÊMICO) DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO CLÍNICO A PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DOENÇA CARDIOVASCULAR SANJA SAMIA ROLIM FERNANDES XIMENES Fortaleza-CE 2013 2 SANJA SAMIA ROLIM FERNANDES XIMENES DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO CLÍNICO A PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DOENÇA CARDIOVASCULAR Dissertação apresentada a Banca Examinadora do Programa Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde Linha de Pesquisa: Fundamentos e Práticas do Cuidado Clínico em Enfermagem e Saúde Orientadora: Profª. Drª. Maria Vilaní Cavalcante Guedes Fortaleza-CE 2013 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho Bibliotecário (a) Leila Cavalcante Sátiro – CRB-3 / 544 X7d Ximenes, Sanja Samia Rolim Fernandes. Diagnósticos de enfermagem no cuidado clínico a pessoas com hipertensão e doença cardiovascular / Sanja Samia Rolim Fernandes Ximenes. — 2013. CD-ROM 107f. : il. (algumas color.); 4 ¾ pol. ―CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)‖. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Fortaleza, 2013. Área de Concentração: Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Orientação: Profª. Drª. Maria Vilaní Cavalcante Guedes 1. Hipertensão. 2. Diagnóstico de enfermagem. 3. Doenças cardiovasculares. I. Título. CDD: 610.73 4 5 DEDICATÓRIA Aos meus pais Por serem responsáveis pela minha formação e por tudo que hoje sou. São pessoas que amo e admiro muito. Ao meu esposo Que tem sido um grande companheiro e amigo. Esteve sempre ao meu lado, transmitindo confiança, amor e estímulo para a conclusão deste curso. 6 AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Professora Maria Vilaní Cavalcante Guedes, pela dedicação, pela disponibilidade, paciência, pela amizade e por todo o aprendizado ao longo deste percurso. Agradeço por me mostrar as soluções e caminhos que jamais poderei esquecer. Ao meu querido esposo, por acreditar em mim e nos meus objetivos e por está sempre presente, incentivando o meu crescimento pessoal e profissional. Aos meus amados filhos, Bernardo e João Pedro, pelos momentos de alegria, de amor e por me fazerem ser uma pessoa melhor e mais feliz a cada dia. Aos meus pais, pessoas de tão grande coração, que tantas vezes tornaram-se ―pais‖ dos meus filhos, para me ajudar na trajetória deste curso, sem eles nada seria possível. Aos meus irmãos queridos, Adryu, Argus e Amaury Filho, que sempre torceram por mim, me deram apoio e por vezes deixaram seus compromissos para me ajudar em muitos momentos, ao longo do Mestrado. Aos meus colegas de turma do Mestrado, pela convivência e pelos momentos de descontração e aprendizado. Em especial às amigas Cynthia Freitas e Diana Macia, com as quais compartilhei momentos de estudo, de incertezas e também de alegria. Agradeço pelo carinho de sempre. Ao Professor Paulo César Almeida, por toda atenção e imensa colaboração desde o início dos trabalhos do Mestrado. Às professoras participantes da Banca Examinadora, Dra. Célia Freitas e Dra. Nirla Gomes, pelas sugestões e contribuições que engrandeceram este trabalho. À psicóloga Dra. Rosana Vieira, que me transmitiu forças nesta caminhada. Aos pacientes participantes desta pesquisa, que foram essenciais ao estudo. A todos, muito obrigada por poder contar com vocês. 7 ―Não desejeis fardos leves, mas sim ombros fortes...‖ (Santo Agostinho) 8 RESUMO A hipertensão arterial é um fator de risco estabelecido para as doenças cardiovasculares, quando não controlada contribui para o infarto agudo do miocárdio (IAM), a insuficiência cardíaca (IC) e a doença arterial coronariana (DAC), desta forma o estudo tem por objetivo analisar os diagnósticos de enfermagem presentes em pessoas com hipertensão e doença cardiovascular. Estudo do tipo descritivo e transversal, realizado em instituição hospitalar da rede pública de Fortaleza-CE, referência em Cardiologia, que teve amostra composta por 105 portadores de hipertensão arterial e das doenças IAM, IC e DAC. Os dados foram coletados por meio de um formulário preenchido mediante entrevista, constituído por questões relativas às características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos pacientes, assim como ao histórico do paciente e ao exame físico. A coleta de dados ocorreu no período de setembro a novembro de 2012. A análise dos resultados permitiu observar o predomínio do sexo masculino (58,1%), faixa etária de 29 a 90 anos, idade média de 63±12,2 anos, casados (77,1%), com ensino fundamental incompleto (45,7%), aposentados/ pensionistas (56,2%) e renda familiar entre um e dois salários mínimos (43,8%). As principais características clínicas presentes foram: pacientes acometidos por IAM (61), IC (37) e DAC (25), sendo que os participantes tiveram até dois diagnósticos de doença cardiovascular, pacientes com mais de 10 anos de diagnóstico de hipertensão (37,1%), história familiar de doença cardiovascular (67,6%), não eram tabagistas (48,6%), negaram etilismo (65,7%) e apresentaram IMC acima de 25Kg/m 2 (65,7%). Foram identificados 46 diagnósticos de enfermagem nos 13 domínios da NANDA-I, destes 16 que se encontravam acima do percentil 50 foram discutidos com maior aprofundamento: Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída (100%), Risco de perfusão tissular periférica diminuída(100%), Risco de infecção(98,1%), Dentição prejudicada(85,7%), Estilo de vida sedentário(78,1%), Autocontrole ineficaz da saúde (74,2%), Intolerância à atividade (72,3%), Integridade da pele prejudicada (72,3%), Conhecimento deficiente (66,6%), Débito cardíaco diminuído(65,7%), Risco de trauma vascular (61,9%), Padrão de sono prejudicado (58,1%),Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades corporais(57,1%), Tristeza crônica (55,2%) ,Dor aguda (54,2%), Ansiedade (53,3%). O domínio 4 Atividade/repouso apresentou maior número de diagnósticos identificados. Analisou-se a associação entre diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e as variáveis sociodemográficas idade e sexo, e as variáveis clínicas tempo de diagnóstico de HAS, IAM, IC e DAC, por meio dos testes não paramétricos de 2 e do teste de razão de verossimilhança. Observou-se associação estatística significativa entre as doenças cardiovasculares e os diagnósticos Débito cardíaco diminuído, Intolerância à atividade, Dor aguda, Risco de perfusão cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica ineficaz. A identificação de diagnósticos de enfermagem conforme um sistema de classificação em pacientes hipertensos com doenças cardiovasculares possibilita a elaboração de estratégias terapêuticas direcionadas, confere fundamentação à sistematização da assistência de enfermagem e proporciona a perspectiva de um cuidado mais qualificado e coerente aos pacientes. Palavras-Chaves: Hipertensão. Diagnóstico de Enfermagem. Doenças cardiovasculares. 9 ABSTRACT Hypertension is an established risk factor for cardiovascular diseases, if not controlled it contributes to acute myocardial infarction (AMI), heart failure (HF) and coronary artery disease (CAD); therefore, this study aimed to analyze the nursing diagnoses present in people with hypertension and cardiovascular disease. A descriptive and cross-sectional study carried out in a public hospital in Fortaleza-CE, Brazil, reference in Cardiology, whose sample consisted of 105 patients with hypertension and AMI, HF and CAD. Data was collected by a form completed through interviews consisting of questions related to sociodemographic and clinical-epidemiological characteristics of patients, as well as the patient’s history and physical examination. Data collection happened from September to November 2012. The results analyses enabled us to observe the predominance of males (58.1%), in the age group of 29-90 years, average age of 63 ± 12.2 years, married (77.1%), with incomplete basic education (45.7%), retirees/pensioners (56.2%), and with family income between one and two minimum wages (43.8%). The main clinical characteristics present were: patients suffering from AMI (61), HF (37) and CAD (25), where the participants presented up to two diagnoses of Cardiovascular Diseases, patients with over 10 years of hypertension diagnosis (37.1%), family history of cardiovascular disease (67.6%), non-smokers (48.6%), reported non-alcohol abuse (65.7%), and had BMI above 25Kg/m² (65.7%). We identified 46 nursing diagnoses in the 13 domains of NANDA-I, 16 of those who were above the 50th percentile were deeply discussed: Risk for decreased cardiac tissue perfusion (100%), Risk for ineffective peripheral tissue perfusion (100%), Risk for infection (98.1%), Impaired dentition (85.7%), Sedentary lifestyle (78.1%), Ineffective self-health management (74.2%), Activity intolerance (72.3%), Impaired skin integrity (72.3%), Deficient knowledge (66.6%), Decreased cardiac output (65.7%), Risk for vascular trauma (61.9%), Disturbed sleep pattern (58.1%), Imbalanced nutrition: more than body requirement (57.1%), Chronic sorrow (55.2%), Acute pain (54.2%), and Anxiety (53.3%). Domain 4 Activity/rest had the highest number of diagnoses identified. We analyzed the association between nursing diagnoses above the 50th percentile and the socio-demographic variables age and sex, and the clinical variables time of diagnosis of hypertension, AMI, HF and CAD, through chi-square nonparametric tests and the likelihood-ratio test. We observed a statistically significant association between cardiovascular diseases and the diagnoses Decreased cardiac output, Activity intolerance, Acute pain, Risk for decreased cardiac tissue perfusion, and Risk for ineffective peripheral tissue perfusion. The identification of nursing diagnoses according to a classification system in hypertensive patients with cardiovascular diseases enables the development of targeted therapeutic strategies, gives ground to the systematization of nursing care, and offers the prospect of a more qualified and consistent care to patients. Keywords: Hypertension. Nursing Diagnosis. Cardiovascular Diseases. 10 RESUMEN La hipertensión es factor de riesgo establecido para enfermedades cardiovasculares, si no controlada contribuye para el infarto agudo de miocardio (IAM), insuficiencia cardíaca (IC) y enfermedad arterial coronaria (EAC), por lo que el objetivo del estudio fue analizar diagnósticos de enfermería presentes en personas con hipertensión y enfermedad cardiovascular. Estudio descriptivo y transversal, llevado a cabo en hospital público de Fortaleza-CE, Brasil, referencia en Cardiología, que tuvo muestra de 105 personas con enfermedades hipertensivas y AMI, IC y EAC. Los datos fueron recolectados por medio de formulario llenado a través de entrevistas que consistieron en preguntas relacionadas con las características sociodemográficas y características clínico-epidemiológicas de los pacientes, así como la historia del paciente y el examen físico. Los datos fueron recolectados de septiembre a noviembre de 2012. Los resultados permitieron observar el predominio del sexo masculino (58,1%), con edades entre 29-90 años, edad media de 63 ± 12,2 años, casados (77,1%), con nivel de educación primario incompleto (45,7%), jubilados/pensionistas (56,2%), renta familiar entre uno y dos salarios mínimos (43,8%). Las principales características clínicas presentes fueron: pacientes acometidos por infarto de miocardio (61), IC (37) y EAC (25), cuyos participantes tuvieron hasta dos diagnósticos de Enfermedad Cardiovascular, pacientes con más de 10 años de diagnóstico de hipertensión (37,1%), antecedentes familiares de enfermedad cardiovascular (67,6 %), no eran fumadores (48,6%), negaron abuso de alcohol (65,7%) y tenía IMC superior a 25kg/m2 (65,7%). Se identificaron 46 diagnósticos de enfermería en los 13 dominios de la NANDA-I, de estos 16 que estaban por encima del percentil, 50 fueron discutidos con mayor profundidad: Riesgo de perfusión tisular cardiaca disminuida (100%), Riesgo de perfusión tisular periférica disminuida (100%), Riesgo de infección (98,1%), Dentición perjudicada (85,7%), Sedentarismo (78,1%), Autocontrol ineficaz de la salud (74,2%), Intolerancia a la actividad (72,3% ), Integridad de la piel perjudicada (72,3%), Conocimiento deficiente (66,6%), Débido cardíaco disminuido (65,7%), Riesgo de trauma vascular (61,9%), Patrón de sueño perjudicado (58, 1%), Nutrición alterada: superior a las necesidades corporales (57,1%), Tristeza crónica (55,2%), Dolor agudo (54,2%), Ansiedad (53,3%). El dominio 4 Actividad/descanso tuvo mayor número de diagnósticos identificados. Se analizó la asociación entre diagnósticos de enfermería por encima del percentil 50 y las variables sociodemográficas edad y sexo, y el tiempo clínico de diagnóstico de la hipertensión, del infarto de miocardio, de la insuficiencia cardíaca y enfermedad coronaria a través de pruebas no paramétricos de 2 razón y del test de razón de verosimilitud. Se observó asociación estadísticamente significativa entre las enfermedades cardiovasculares y los diagnósticos Débito cardiaco disminuido, Intolerancia a la actividad, Dolor agudo, Riesgo de perfusión cardiaca disminuida y Riesgo de perfusión tisular periférica ineficaz. La identificación de diagnósticos de enfermería según sistema de clasificación de pacientes hipertensos con enfermedades cardiovasculares permite el desarrollo de estrategias terapéuticas dirigidas, permite fundamentación a la sistematización de la atención de enfermería y ofrece la perspectiva de una atención más calificada y coherente a los pacientes. Palabras Claves: cardiovasculares. Hipertensión. Diagnóstico de Enfermería. Enfermedades 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 17 3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 18 3.1 Diagnósticos de Enfermagem ............................................................................ 18 3.2 Considerações sobre Hipertensão Arterial ........................................................ 24 3.3 Doenças Cardiovasculares e Hipertensão Arterial ............................................. 30 3.4 Cuidado Clínico de Enfermagem a pessoas hipertensas .................................. 36 4 METODOLOGIA ................................................................................................... 42 4.1 Natureza do Estudo ........................................................................................... 42 4.2 Local da Pesquisa .............................................................................................. 42 4.3 População e Amostra ......................................................................................... 43 4.4Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados ............................................ 45 4.5 Organização e Análise dos Dados ..................................................................... 47 4.6 Aspectos Éticos.................................................................................................. 47 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................49 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 89 7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 93 APÊNDICES..............................................................................................................99 Apêndice A- Instrumento de Coleta de dados.........................................................100 Apêndice B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................106 1 INTRODUÇÃO . A enfermagem vem se consolidando como ciência, construindo seu corpo de conhecimentos fundamentado em princípios filosóficos e humanitários, tendo por objeto de trabalho o cuidado de indivíduos. Desta forma, tem procurado desenvolver sua prática baseada no método científico e na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). A SAE é a organização do trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, que possibilita a realização do Processo de Enfermagem (PE). Implica na definição da natureza do trabalho a ser realizado e definição do PE, desde a base teórico-filosófica, tipo de profissional requerido, técnicas, procedimentos, métodos e recursos materiais para a produção do cuidado. (LEOPARDI,2006). O PE descreve como os enfermeiros organizam o atendimento a indivíduos, famílias, grupos e comunidades. É descrito como um processo dinâmico de prestar cuidados, que consiste em cinco partes: coleta de dados, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação (LUNNEY, 2011; ALFARO- LEFREVE,2010). Corroborando, Garcia e Nóbrega (2009) afirmam que o PE compreende um trabalho profissional específico e pressupõe um conjunto de ações dinâmicas e interrelacionadas para a sua realização. Designa um determinado método ou modo de fazer, fundamentado no conhecimento técnico-científico. O emprego do PE, portanto, oferece subsídios metodológicos que orientam o processo de cuidar e a assistência de enfermagem, direcionam suas ações, permitem a uniformização das ações e a avaliação das necessidades do paciente, com vistas a alcançar resultados de saúde satisfatórios. Assim, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) visando a organização do trabalho profissional da enfermagem, assim como a visibilidade e reconhecimento profissional do enfermeiro, baixou a Resolução nº 358/2009 que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e implementação do PE em todos os ambientes que ocorrem o cuidado profissional de enfermagem (COFEN, 2009). 12 Conforme esta Resolução, em seu art. 1º: o PE deve ser realizado de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem. Em seu 4º artigo determina que cabe, privativamente, ao enfermeiro o diagnóstico de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde-doença, bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem face a estas respostas. Desta forma, destaca-se dentre as etapas do PE, a etapa de diagnósticos de enfermagem que constitui a base para a implementação das intervenções de enfermagem. Os diagnósticos de enfermagem constituem um julgamento clínico sobre as respostas do paciente, realizado pelo enfermeiro, utilizado na prática para decidir o foco do atendimento de enfermagem (HERDMAN, 2013). O diagnóstico de enfermagem permite fixar as observações, direcionar as ações, identificar problemas ou respostas humanas para obter informações importantes para os cuidados. Vincula a coleta de dados ao planejamento, o que demanda o julgamento pelo enfermeiro (LEOPARDI, 2006). Percebe-se no contexto da Enfermagem a necessidade de uma linguagem padronizada para definir os conhecimentos desta ciência e concretizar seus efeitos diante de pacientes e profissionais (HERDMAN, 2010), desta forma a elaboração e utilização dos diagnósticos de enfermagem constituem o passo inicial para uniformizar não só a linguagem, como também a assistência entre os profissionais. Por meio dos diagnósticos são diferenciadas as respostas humanas apresentadas pelo paciente com base em suas necessidades, de forma que os diagnósticos são recursos essenciais à intervenção do enfermeiro e à prescrição de atividades a serem desenvolvidas pela equipe de enfermagem. Dentre as diversas situações de saúde-doença que exigem cuidados de enfermagem, encontram-se as doenças crônicas não transmissíveis, em que destacamos a hipertensão arterial, cuja clientela requer do enfermeiro cuidados clínicos e educativos para um viver saudável (GUEDES; ARAÚJO, 2005). A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) pode ser considerada como um sinal do estado clínico do paciente, um fator de risco para doenças do coração ou como uma doença do aparelho circulatório. Possui elevado potencial para 13 incapacidades, sendo uma das mais importantes no âmbito da saúde em nosso país, por estar frequentemente associada aos agravos cardiovasculares, que constituem a principal causa de morte no Brasil. Na saúde pública a HAS tem merecido especial atenção pela demanda de um elevado contingente populacional, pela morbimortalidade que provoca e pelas repercussões diretas na qualidade de vida das pessoas por ela acometidas e de modo indireto em seus familiares. Estando presente cada vez mais precocemente na população, a HAS apresenta elevada prevalência e baixas taxas de controle. Em nível mundial acomete aproximadamente 25% da população. No Brasil, de acordo com inquéritos populacionais, nos últimos 20 anos, a HAS teve prevalência acima de 30%, podendo chegar a 50% nos idosos (DIRETRIZES ,2010). Em nosso município, Fortaleza, dados do VIGITEL 2011 apontam na população a prevalência de 17,3%, sendo nos homens 14,3% e mulheres 19,8% (BRASIL,2012). Sabe-se das repercussões econômicas da HAS para as pessoas acometidas e para o sistema de saúde, estando relacionadas a elevados custos médico-hospitalares, internações de longa permanência e tratamentos onerosos quando associada a outras doenças. Desta forma, tem contribuído sobremaneira para o aumento das necessidades de saúde do país, tendo sido registrado no ano de 2009 mais de 139.000 internamentos por doenças hipertensivas (BRASIL, 2011). A HAS é um fator de risco bem estabelecido para as doenças cardiovasculares (DCV), está envolvida em cerca de 50% das mortes por DCV e atinge mais de 36 milhões de brasileiros (CIPULLO et al., 2010). A mortalidade por doença cardiovascular aumenta de forma progressiva, linear e contínua de acordo com a elevação da pressão arterial a partir de 115/75 mmHg, assim o tratamento e controle da HAS são fundamentais para a redução de eventos cardiovasculares (DIRETRIZES, 2010). Estudos têm demonstrado a contribuição da HAS não controlada para as DCV como o infarto agudo do miocárdio (IAM), a insuficiência cardíaca (IC) e a doença arterial coronariana (DAC) (DIRETRIZES, 2010; LEMOS et al., 2010; ROLANDE et al.,2011). Em países subdesenvolvidos a hipertensão arterial sistêmica é a principal causa de IC crônica associada a DAC. Tem sido reconhecida como precursora da IC em até 75% dos casos (ROLANDE et al., 2011), bem como a 14 hipertensão esteve presente em 75,7% de pacientes com isquemia do miocárdio, incluindo IAM (LEMOS et al.,2010). A sobrecarga imposta ao coração pela HAS pode desencadear mecanismos de compensação como hipertrofia do ventrículo esquerdo. A manutenção da sobrecarga cardíaca e progressão da hipertrofia culminam com a degeneração da função cardíaca e desenvolvimento da insuficiência cardíaca (IC) e suas complicações. Além disso, cronicamente a HAS provoca alterações nas artérias coronarianas, predispondo à DAC e ao IAM (PIERIN; GUSMÃO; MION JR, 2009). A associação entre elevação da PA e risco para DCV foi demonstrada em estudos envolvendo milhares de indivíduos. O tratamento da hipertensão visa à prevenção primária de DCV, sendo uma questão indispensável aos conhecimentos dos profissionais da equipe de saúde, sendo que o manejo da HAS não é uma questão médica isolada, envolve entre outros profissionais, a equipe de enfermagem (FUCHS, 2006). O desafio do enfermeiro como profissional que mantém interação no cuidado a pessoas hipertensas, é buscar envolvê-la no processo terapêutico, ajudando-a na compreensão da necessidade de assumir modificações de vida, contribuindo para adesão ao controle da PA (BEZERRA et al.,2010). Fava et al. (2010) relatam que o enfermeiro desempenha papel importante no cuidado ao hipertenso, direcionando suas ações para o autocuidado. Da mesma forma, autores relatam a importância das intervenções de enfermagem ante ao paciente com DCV, sendo a adesão ao tratamento a meta para o controle de tais doenças (ARRUDA; CAVALCANTI,2012). Em virtude de tais considerações acerca da HAS, remete-se a sua importância no âmbito da saúde. Os enfermeiros no seu campo de prática profissional em qualquer nível da atenção a saúde, devem estar, portanto, preparados para atuarem junto à clientela de hipertensos com doenças associadas, conscientizando-se do seu papel, e exercendo sua prática pautada no conhecimento técnico e científico, visando contribuir para alcançar a saúde e a qualidade de vida destes pacientes. Neste contexto, conhecendo a relação entre HAS e as doenças cardiovasculares e a importância da assistência de enfermagem no cuidado ao paciente hipertenso, surgiram os seguintes questionamentos: Qual o perfil de 15 pacientes com hipertensão e doença cardiovascular? Quais os diagnósticos de enfermagem presentes em pacientes com hipertensão e doença cardiovascular? Existe associação desses diagnósticos com características sociodemográficas e clínicas? As respostas para estas questões possibilitaram o conhecimento de diagnósticos de enfermagem de pacientes hipertensos com DCV, bem como a relação desses diagnósticos com características dos pacientes. Ao mesmo tempo, acredita-se que contribuirão para a organização do corpo de conhecimento da enfermagem, ao identificar os diagnósticos de enfermagem, que contribuem para o tratamento e adesão dos pacientes. A implementação de uma classificação diagnóstica na prática clínica de enfermagem, permite aos enfermeiros identificar com maior clareza os focos de cuidado pelos quais são responsáveis. A identificação dos diagnósticos de enfermagem favorece o estabelecimento de resultados a serem alcançados e a determinação de intervenções de enfermagem planejadas, individualizadas buscando minimizar as consequências das doenças cardiovasculares, promovendo a adaptação do paciente à sua nova condição de saúde. Por ser a hipertensão uma doença de muitos significados na saúde e um desafio constante para a comunidade científica, para pacientes e profissionais, considera-se necessário pesquisas nessa área. Assim, o interesse pelo estudo sobre a influência da HAS no desenvolvimento de doenças cardiovasculares surgiu em campo de trabalho profissional, no período em que trabalhava em um hospital da rede privada, prestando assistência como enfermeira a pacientes cardíacos. No Mestrado Acadêmico Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, houve uma maior aproximação com o PE e a SAE, oferecendo subsídios para o estudo mais aprofundado dos diagnósticos de enfermagem. Conhecendo a relação entre as DCV e a hipertensão, surgiu o interesse e a oportunidade de pesquisar diagnósticos de enfermagem em pessoas com hipertensão e doença cardiovascular. Estudos sobre diagnósticos de enfermagem ampliam as possibilidades de desenvolver planos de cuidados mais adequados às necessidades do pacientes, e demandam uma maior atenção no ensino e na prática por fundamentar as etapas subsequentes. São também importantes e necessários para manter e valorizar a base de evidências da taxonomia da NANDA-I e da própria enfermagem, portanto a 16 sua aplicabilidade em pesquisas contribui para o fortalecimento dos diagnósticos na prática da enfermagem. O conhecimento produzido nesta pesquisa é relevante por agregar valor à prática do enfermeiro, no que diz respeito à determinação dos diagnósticos de enfermagem, corroborando para a construção do conhecimento científico nesta fase da SAE, podendo ser utilizado na graduação e pós-graduação, para o fortalecimento do saber e fazer do enfermeiro na prática clínica. O resultado da pesquisa poderá ser utilizado na instituição em que se desenvolveu o estudo, em virtude dos diagnósticos formulados estarem voltados para doenças cardiovasculares, colaborando para esta prática nas ações de cuidados de enfermagem da instituição e para o tratamento dos pacientes. Mediante o estudo realizado, pretendeu-se ainda contribuir com o cuidado clínico de enfermagem, entendido como ações sistematizadas e humanizadas dirigidas ao indivíduo em todas as etapas do ciclo vital, à família ou à comunidade. 17 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analisar os diagnósticos de enfermagem em pacientes com hipertensão e doença cardiovascular, segundo a NANDA-I. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Descrever as características sociodemográficas da clientela, conforme os indicadores: sexo, idade, estado civil, escolaridade, procedência, renda familiar; Descrever as características clínico-epidemiológicas da clientela: tempo de diagnóstico da HAS, antecedentes familiares de HAS, história familiar de doença cardiovascular, internamentos anteriores, cateterismo cardíaco, cirurgia cardíaca, índice de massa corporal; Estabelecer diagnósticos de enfermagem em pacientes hipertensos com doença cardiovascular; Verificar a associação dos diagnósticos de enfermagem com dados sociodemográficos sexo e idade; Verificar a associação dos diagnósticos de enfermagem com dados clínicos: IAM, IC, DAC e tempo de diagnóstico de HAS. 18 3 REVISÃO DE LITERATURA Iniciaremos a seguir a abordagem de literatura acerca de diagnósticos de enfermagem, da hipertensão arterial, das doenças cardiovasculares e do cuidado clínico ao hipertenso, contextualizando teoricamente estas questões, proporcionando fundamentação científica ao estudo. 3.1 Diagnósticos de enfermagem O enfermeiro como membro integrante de uma equipe, utiliza um conjunto de conhecimentos próprios que possibilita a busca de resolutividade às respostas dos fenômenos de saúde de pacientes, relevantes à prática de enfermagem (BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009). Nesta ótica, os diagnósticos de enfermagem expressam o seu julgamento profissional sobre a condição clínica do paciente e sobre suas respostas ao processo de adoecimento ou de saúde. Os diagnósticos representam as necessidades de cuidados de enfermagem do paciente ou família. O conceito de diagnóstico de enfermagem foi aprovado em 1990, na 9º Conferência da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e definido como: Julgamento clínico sobre as respostas/experiências do indivíduo, da família ou da comunidade a problemas de saúde/processos vitais reais ou potenciais.O diagnóstico de enfermagem constitui a base para a seleção das intervenções de enfermagem para alcançar resultados pelos quais o enfermeiro é responsável (HERDMAN, 2013, p.588). Conforme o COFEN o diagnóstico de enfermagem é o processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa do PE, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados (COFEN, 2009). 19 Lunney (2011) refere que o diagnóstico de respostas a problemas de saúde e processos de vida, é um papel importante do enfermeiro, porque estas respostas interferem no estado de saúde e guiam o cuidado de enfermagem . A expressão ―diagnósticos de enfermagem‖ foi introduzida no Brasil por Wanda Aguiar Horta, nos anos de 1960, e constituiu uma das etapas do PE propostas por aquela autora (TANURE; GONÇALVES, 2009). O processo de enfermagem como método utilizado para orientar a prática profissional de enfermagem, se operacionaliza por meio de etapas ou fases. A maioria dos autores sugerem pelo menos quatro etapas necessárias ao processo de enfermagem: investigação ou histórico, diagnóstico, intervenção ou implementação e evolução ou avaliação de enfermagem (TANURE; GONÇALVES, 2009). Por meio do processo de enfermagem são desenvolvidas etapas que permitem a coleta de informações sobre histórico da saúde do paciente, a realização do julgamento pelo enfermeiro a respeito das necessidades do paciente, a implementação de ações de enfermagem de acordo com estas necessidades, a avaliação das ações e resultados alcançados. As etapas do processo de enfermagem têm sido objeto de diversos estudos que buscam o aprimoramento da enfermagem e ampliação de seus conhecimentos, para atender mais adequadamente a clientela sob seus cuidados (VASCONCELOS et al., 2007). Neste contexto, atualmente existem vários sistemas de classificação dos elementos da prática de enfermagem que podem ser interrelacionados de forma dinâmica na execução do PE, e os mais utilizados são a classificação dos diagnósticos, das intervenções e dos resultados de enfermagem (FORTES, 2007 ). Garcia e Nóbrega (2009) referem que os elementos inerentes à prática profissional (diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem), contribuem para o desenvolvimento de sistemas de classificação de conceitos que fazem parte da linguagem da enfermagem. Estes sistemas são instrumentos tecnológicos utilizados no processo de julgamento clínico acerca das necessidades humanas, no processo terapêutico dessas necessidades de cuidado e de resultados sensíveis a intervenção de enfermagem. A enfermagem necessita de um sistema de classificação ou taxonomia para desenvolver uma fundamentação científica confiável para o preenchimento de critérios de profissionalização. Os diagnósticos de enfermagem proporcionam um 20 método útil para organizar o conhecimento de enfermagem e favorecem a definição e classificação da especialidade enfermagem (CARPENITO,2002). O sistema de classificação de diagnósticos de enfermagem da NANDA-I é um dos mais conhecidos e aplicados na enfermagem em nível mundial (HERDMAN, 2010 ). Pode-se afirmar que essa taxonomia representa uma forma de raciocínio lógico que possibilita a interrelação de causas e efeitos das alterações apresentadas, facilitando o estabelecimento de metas, a adoção de adequadas condutas e a realização confiável da avaliação da assistência de enfermagem prestada (MARIN et al., 2010). Desta forma, foi utilizada como base para este estudo a classificação da Taxonomia da NANDA-Internacional versão 2012-2014, que descreve o diagnóstico e sua definição. Os componentes de um diagnóstico segundo esta classificação são: título, definição, características definidoras, fatores relacionados ou fatores de risco. As características definidoras são ―pistas /inferências observáveis que se agrupam como manifestações de um diagnóstico de enfermagem real ou de promoção da saúde‖ (HERDMAN, 2013, p.589). São as manifestações clínicas ou evidências que levaram um profissional a concluir que o problema existe. Os fatores relacionados são ―fatores que parecem mostrar algum tipo de relação padronizada com o diagnóstico de enfermagem. Podem ser descritos como associados a , relacionados a, contribuintes para ou estimuladores‖ (HERDMAN, 2013, p.589). Estes fatores podem conter a causa do problema encontrado, e auxiliam na decisão do enfermeiro pelo diagnóstico. Os fatores de risco estão presentes somente nos diagnósticos de enfermagem de risco. ―São fatores ambientais e elementos fisiológicos, psicológicos, genéticos ou químicos que aumentam a vulnerabilidade de um indivíduo, uma família, um grupo ou comunidade a um evento insalubre‖ (HERDMAN, 2013, p.589). O diagnóstico é um ponto fundamental no processo de enfermagem, tem por finalidade esclarecer a natureza exata dos problemas e os fatores de risco que devem ser abordados para que sejam atingidos os resultados gerais esperados do cuidado, além disso as conclusões tiradas durante esta fase afetam todo o plano e cuidados( ALFARO-LEFREVE,2010). Corroborando, autores referem que constitui um elemento essencial para a realização da assistência de enfermagem sistematizada, pois a prescrição de 21 cuidados, de modo preciso e relevante, depende da identificação dos problemas e de suas causas (FAVA et al., 2010). A elaboração dos diagnósticos de enfermagem exige uma coleta de dados completa, a qual aborde os múltiplos aspectos que envolvem o estado de saúde do indivíduo, estimulando melhoria da qualidade dessa etapa do processo de enfermagem, fundamental para o desenvolvimento das demais (MARIN et al., 2010). A tradução da entrevista e do exame físico do paciente para uma forma de diagnóstico de enfermagem compreende a organização dos dados e a interpretação do que essas informações revelam sobre a capacidade do paciente em atender às suas necessidades básicas. Os diagnósticos definem as condutas e prática do enfermeiro (SPACKS; TAYLOR, 2009). São desta forma, reconhecidos como modelos conceituais que permitem a interpretação de problemas observados no paciente, para serem feitos julgamentos clínicos, a partir do raciocínio diagnóstico. Configuram instrumento capaz de unir a teoria à prática, orientando as condutas de enfermagem (PAIVA, 2007). O raciocínio diagnóstico é um processo complexo e intuitivo, de tomada de decisão, que abrange a interação de processos interpessoais, técnicos e intelectuais do enfermeiro. Envolve os seguintes elementos críticos: Reconhecimento da existência de indicadores ou indícios, geração mental de possíveis diagnósticos, comparação de indícios para possíveis diagnósticos, coleta de dados focalizada, validação de diagnósticos (LUNNEY, 2011). Desta forma, no presente estudo foram considerados os elementos do raciocínio diagnóstico proposto por Lunney (2011) para a determinação dos diagnósticos de enfermagem na clientela. A literatura acerca de diagnósticos de enfermagem é um pouco divergente nos aspectos históricos da criação dos diagnósticos. Autores referem que o termo ―diagnóstico‖ estava presente na enfermagem desde 1950 quando Louise Mc Manus em conferência em Nova Iorque, referiu como uma das funções da enfermeira realizar a identificação ou diagnóstico de problemas de enfermagem (GARCIA; NÓBREGA, 2009; TANURE; GONÇALVES, 2009). Em 1953 Vera Fry propôs o termo ―diagnóstico de enfermagem‖ para descrever um passo necessário para o desenvolvimento de um plano de cuidados individualizados de enfermagem. Em 1960 Faye G. Abdellah propôs o primeiro 22 sistema de classificação para a identificação de 21 problemas clínicos do cliente. Na mesma década Virginia Henderson elaborou uma lista com 14 necessidades fundamentais, próprias do ser humano, com o objetivo de descrever cuidados que os clientes necessitavam sem depender de diagnósticos médicos. Desta forma, as duas autoras últimas são consideradas precursoras das taxonomias de enfermagem (TANURE, GONÇALVES, 2009; CARPENIT0, 2002). Em 1973 houve a I Conferência Nacional sobre Classificação de Diagnósticos de Enfermagem realizada por enfermeiras americanas. Posteriormente em 1982 foi criada a NANDA e proposto a primeira classificação de diagnósticos de enfermagem denominada Taxonomia-I (TANURE; GONÇALVES, 2009). Na 14ª Conferência da NANDA em 2000 foi proposta a Taxonamia II, com modificações na estrutura, ficando mais adequada para banco de dados e para o trabalho profissional. A edição de 2010, versão 2009-2011, passou por mudanças com relação a classes e domínios e ao número de diagnósticos. Foi aprovada em conferência da NANDA, NIC e NOC e o Comitê da Taxonomia promoveu o foco internacional da NANDA, passando a ser denominada NANDA -I. Após aprovação dos diagnósticos por enfermeiros, especialistas e associados, foram colocados na NANDA-I e na taxonomia NNN de prática de Enfermagem ( HERDAMAN, 2010). A atual edição da NANDA International (2012-2014) sofreu modificações, alguns diagnósticos foram retirados, 16 são novos e 11 foram revisados, além de conter vários capítulos novos e revisados, portanto há muitas informações novas(HERDAMN, 2013). A estrutura da Taxonomia II da NANDA atualmente é composta por 13 domínios, 47 classes e 217 diagnósticos distribuídos entre eles. Cada diagnóstico possui um código específico com cinco dígitos, apropriado para uso informatizado. Tem-se os diagnósticos de enfermagem como o fundamento do atendimento de enfermagem. Sua implementação traz uma série de benefícios aos cuidados do paciente no ambiente clínico: planejamento melhor e mais consistente do atendimento; melhor comunicação entre os enfermeiros, entre enfermeiros e outros profissionais, entre enfermeiros e pacientes; proporciona um melhor reconhecimento dos fenômenos desafiadores como questões psicológicas, sexuais e espirituais; melhora o controle clínico e de riscos para o paciente; auxilia a enfermagem baseada em evidências (HERDMAN, 2010). 23 Com relação aos pacientes, a identificação de diagnósticos proporcionará um plano de cuidados efetivo e individualizado, conforme as necessidades de cada pessoa, consolidando a assistência recebida e favorecendo, igualmente, a junção teoria-prática da enfermagem (MUNIZ FILHA, 2007). Contudo é notório na prática dos profissionais de enfermagem resistência à implementação e execução do PE e sistematização da assistência, bem como na utilização das classificações de terminologias de enfermagem, por parte dos enfermeiros assistenciais e das lideranças na enfermagem, como gerentes e administradores em enfermagem. A grande maioria de profissionais envolvidos com estas questões são estudiosos da área, pesquisadores, professores universitários e especialistas clínicos (HERDMAN, 2010). Entre as dificuldades para a implementação do PE e, portanto de suas etapas, como a formulação dos diagnósticos, há problemas inerentes aos profissionais como a formação profissional da equipe de enfermagem, o despreparo técnico e científico, a falta de interesse pela sua utilização, além de questões relacionadas à organização do processo de trabalho, como a sobrecarga de atividades sobre o profissional de enfermagem e a falta de apoio de gestores e das instituições empregadoras. Entretanto, considera-se que os diagnósticos de enfermagem proporcionam uma forma de organização e aplicação dos conhecimentos de enfermagem, desta forma deve ser incentivada a sua prática, seus registros e sua avaliação (SPARCKS; TAYLOR, 2009). Acredita-se que a realização da etapa de diagnósticos de enfermagem dentro do processo, fornece ao enfermeiro possibilidade de resolubilidade de problemas reais ou potenciais do paciente, assim como assistência de qualidade. Aos profissionais, facilita a tomada de decisão, justifica suas ações e proporciona autonomia a estes profissionais. Desta forma, o conhecimento de diagnósticos em pacientes hipertensos com doença cardiovascular é necessário, a fim de propor intervenções coerentes aos resultados esperados, que permitam melhorar a sua condição de saúde e alcançar sua recuperação de forma integral . A partir de muitos estudos e consultas bibliográficas, foram desenvolvidos por teóricos e estudiosos da enfermagem, 10 princípios orientadores para o uso de 24 diagnósticos de enfermagem da NANDA-I (LUNNEY, 2011). Estes princípios ou diretrizes são descritos no quadro a seguir: Quadro 1- Diretrizes para uso de diagnósticos da NANDA-I. Diretrizes para o uso dos diagnósticos de enfermagem e da NANDA-I: 1.Utilizar uma ou mais teorias de enfermagem para orientar sua abordagem filosófica e teórica no cuidado de enfermagem. 2. No contexto da abordagem escolhida, fazer levantamentos de dados de enfermagem da pessoa para identificar os problemas, os estados de risco, a disposição para promover a saúde e os pontos positivos adequados para orientar o cuidado de enfermagem. 3. Durante os levantamentos de dados, usar habilidades cognitivas e hábitos mentais de pensamento crítico. 4. Fazer levantamentos de dados focalizados para identificar as respostas específicas que a pessoa possa estar vivendo, considerando o contexto da situação. 5. Conseguir uma quantidade suficiente de dados de relevância maior e moderada para apoiar ou rejeitar (incluir ou descartar) os diagnósticos específicos analisados. 6. Comparar os dados levantados com os diagnósticos de enfermagem padronizados da NANDA-I, isto é, títulos, definições e características definidoras. 7. Considerar outros possíveis diagnósticos enquanto coleta os dados. 8. Sempre que possível, ao levar em conta o contexto situacional, validar as impressões diagnósticas com o indivíduo ou a família. 9. Existindo mais de um diagnóstico, identificar aquele ou aqueles prioritários. 10. Comunicar, oralmente ou por escrito, o diagnóstico ou os diagnósticos prioritários selecionados para fundamentar o planejamento de resultados e intervenções. Fonte: LUNNEY (2011). Pensamento crítico para o alcance de resultados positivos em saúde. A maioria destes princípios foi utilizada neste estudo, para tornar a pesquisa coerente com a NANDA e colaborar com a prática de diagnosticar em enfermagem. 3.2 Considerações sobre a Hipertensão Arterial A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) vem aumentando de forma assustadora, tanto nas sociedades desenvolvidas como nas subdesenvolvidas, na medida em que as populações se tornam mais obesas e envelhecem (KAPLAN; VICTOR, 2012). A HAS é considerada uma doença poligênica resultante de anormalidades nos mecanismos de controle da pressão arterial. O nível de pressão arterial de um indivíduo é complexo sendo determinado pela interação de múltiplos fatores genéticos, ambientais e demográficos (COTRAN; SCHOEN, 2001). 25 Por definição, é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão arterial. Em termos de diagnóstico da HAS são considerados os valores de PA sistólica maior ou igual a 140mmHg e/ou de PA diastólica maior ou igual a 90mmHg, em medidas em consultório. O diagnóstico deve ser validado por medidas repetidas, em pelo menos três ocasiões, em condições ideais (DIRETRIZES ,2010). O Quadro a seguir apresenta a classificação da pressão arterial de acordo com medida em consultório em maiores de 18 anos. Quadro 2- Classificação da pressão arterial medida em consultório em pessoas maiores de 18 anos. Classificação Pressão Sistólica Pressão Diastólica mmHg mmHg Otima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130-139 85-89 Hipertensão estágio 1 140-159 90-99 Hipertensão estágio 2 160-179 100-109 Hipertensão estágio 3 ≥180 ≥110 Hipertensão sist. isolada ≥140 <90 Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010 A HAS também pode ser classificada em hipertensão primária ou secundária. Na hipertensão primária ou essencial, as causas da elevação da PA não são claramente identificadas, já a HAS secundária tem uma causa definida e é consequência de outras doenças como renais, endócrinas ou cardíacas e fatores de risco associados. Contudo a causa de aproximadamente 90% dos casos da doença é desconhecida (DIRETRIZES, 2010; KAPLAN, VICTOR,2012). A elevação da pressão arterial afeta tanto a função quanto a estrutura dos vasos sanguíneos por todo o corpo, principalmente em grande parte das pequenas artérias musculares, sendo que os efeitos prejudiciais aumentam continuamente á medida que a pressão sobe. A manutenção da PA elevada provoca alterações metabólicas e funcionais ou estruturais em órgãos-alvo, como o coração, encéfalo, olhos, rins e vasos sanguíneos (SMELTZER;BARE,2009; COTRAN;SCHOEN,2001). 26 Autores alertam que mesmo nas situações em que o tratamento atinja o nível ideal (abaixo de 120/80 mmHg), os pacientes hipertensos continuam a apresentar maior risco de acidente vascular cerebral e doenças cardiovasculares do que pacientes normotensos com níveis semelhantes de pressão (KAPLAN; VICTOR, 2012). A HAS é uma condição progressiva, que tem por fatores de risco modificáveis e não modificáveis. Entre os fatores modificáveis estão: o excesso de peso e obesidade (o incremento de 2,4 kg/m2 no índice de massa corporal acarreta maior risco para hipertensão); tabagismo; ingestão de álcool ; ingestão excessiva de sal ( dietas ricas em sal provocam alterações fisiológicas que são compensadas com o aumento da PA); estresse e o sedentarismo. Os fatores de risco não modificáveis se relacionam a: sexo, idade, raça e fatores hereditários (DIRETRIZES, 2010; KAPLAN, VICTOR, 2012). A idade é comprovadamente um fator de risco importante no diagnóstico da HAS. É conhecido que o aumento da idade aumenta a prevalência de hipertensão, estando presente principalmente na faixa etária de mais de 60 anos (DIRETRIZES,2010). Dois padrões de hipertensão são observados em idosos: a combinação de pressão sistólica e diastólica - hipertensão essencial comum na meia-idade, e a hipertensão sistólica isolada- forma mais frequente em indivíduos de mais de 60 anos. Entretanto as consequências são parecidas, assim como a terapia utilizada (KAPLAN; VICTOR, 2012). Contudo, observa-se a ocorrência da HAS precocemente em adultos jovens e pessoas abaixo de 50 anos de idade. O acometimento da população mais jovem contribui para o surgimento de doenças cardiocerebrovasculares mais cedo do que o esperado na população e traduz prejuízo à força economicamente ativa. Estudo realizado no Ceará objetivando investigar fatores de risco cardiovasculares em adultos jovens refere que a exposição aos fatores de risco cardiovasculares normalmente começa na infância e se consolida na juventude, havendo uma idéia errônea de que fatores de risco cardiovasculares e DCV estejam presentes em fases mais avançadas da vida. O estudo revelou que entre 60 adultos jovens, com idade entre 20 a 40 anos, 45 eram hipertensos, 33 possuíam antecedentes familiares de HAS, 33 tinham sobrepeso e 27 eram sedentários. O 27 estudo, portanto, mostrou elevada prevalência da doença e de seus fatores de risco entre pessoas jovens (MOREIRA; GOMES; SANTOS, 2010). Corroborando com estes autores, pesquisa realizada no Rio Grande do Sul com 1.020 mulheres objetivando estimar a prevalência de HAS em mulheres de 20 a 60 anos, demonstrou que 267 (26,2%) eram portadoras de HAS. Dentre a amostra, 50% tinha idade entre 20 e 39 anos (HARTMANN et al. , 2007). Desta forma, observa-se o quanto a HAS tem se manifestado de forma mais precoce na população, e que cada vez mais as pessoas estão em risco de adoecimento cardiovascular. Com relação ao tratamento da HAS, as medidas terapêuticas variam conforme os níveis de PA e devem ser baseadas no risco cardiovascular, presença de fatores de risco, lesão de órgãos-alvo e ou doença cardiovascular. O tratamento tem por objetivo primordial a redução da morbidade e mortalidade cardiovasculares (DIRETRIZES,2010). Este poderá ser medicamentoso ou não medicamentoso. O benefício do tratamento pode ser aferido por redução de incidência de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e outros eventos clínicos relevantes (FUCHS, 2006; DIRETRIZES, 2010). No tratamento não medicamentoso, a adoção de estilo de vida saudável compõe a base do tratamento com medidas de controle de peso, dietas e atividades físicas. O período de tempo recomendado para as medidas de modificação de estilo de vida isoladamente em hipertensos com baixo risco cardiovascular, não deve ultrapassar seis meses. O tratamento com anti-hipertensivos está previsto em esquemas terapêuticos de monoterapia ou terapia combinada. Este esquema deve manter a qualidade de vida do paciente, de modo a estimular a adesão ao tratamento (DIRETRIZES,2010; PIERIN; GUSMÃO; MION JR, 2009). 28 A decisão da terapêutica na HAS conforme o risco cardiovascular está descrita no quadro 3: Quadro 3- Decisão terapêutica e risco cardiovascular Decisão terapêutica Categoria de risco Considerar tratamento Sem risco adicional Tratamento não medicamentoso Risco adicional baixo Tratamento não medicamentoso por até seis meses. Se não atingir a meta associar tratamento medicamentoso Risco adicional médio, alto e muito alto Tratamento não medicamentosos + medicamentoso Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010 Um dos grandes problemas encontrados no controle da HAS e de suas complicações está na adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Apesar das propostas de tratamento serem eficientes, o controle da HAS é pouco satisfatório. O curso da HAS evolui frequentemente de modo assintomático, mas determinando alterações fisiopatológicas em órgãos nobres, desta forma no momento do diagnóstico, o profissional que determina o ―rótulo da doença‖ tem papel indiscutível no processo de adesão. O estímulo à adesão é um processo contínuo, porque mesmo pacientes que iniciam a tratamento logo após o diagnóstico da HAS evidenciam níveis de adesão indesejáveis (COUTINHO; SOUSA, 2011). É provável que a sensação de melhora inicial, após a redução de sintomas ou a ausência destes em virtude do uso da medicação anti-hipertensiva, assim como a redução dos níveis pressóricos, possam ter como consequência a interrupção do tratamento medicamentoso ou a adesão parcial (COUTINHO; SOUSA, 2011; SANTOS; LIMA , 2008). Desta forma, considera-se que cabe aos profissionais de saúde em geral e ao enfermeiro em particular, engajados no cuidado clínico ao hipertenso, o emprego de estratégias e ações específicas, de avaliação, de acompanhamento e consultas mensais, que possam suscitar a adesão ao tratamento, colaborando para reduzir os níveis pressóricos dos pacientes e consequentemente as doenças cardiovasculares. 29 Autores ressaltam as implicações sociais da HAS para o paciente, entre elas referem que a pessoa hipertensa apresenta uma condição de vida cerceada, necessitando de monitoramentos constante, medicalização, controle da alimentação, atividade física e mudanças de hábitos de vida. Acrescentam que o patamar de adesão ao tratamento é insatisfatório e vários são os fatores que interferem na adesão, sendo relacionados à terapêutica, ao sistema de saúde e à pessoa (PIRES; MUSSI, 2009). Contextualizando, Fava et al.(2010) referem que em virtude da cronicidade da doença, para o seu devido controle são imprescindíveis mudanças de hábitos diários, que para muitos significam ruptura no seu modo de viver, com repercussões de ordem psicológica, familiar e social. Nesta ótica, observa-se que a hipertensão acarreta modificações na qualidade de vida das pessoas, interferindo principalmente na capacidade física, emocional, interação social, exercício profissional e outras atividades do cotidiano (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008). De acordo com Fava et al. (2010) a equipe de enfermagem desempenha um papel importante no cuidado a portadores de HAS e que a educação em saúde constitui uma das estratégias para propiciar conhecimento aos hipertensos sobre sua condição de saúde. Como cuidados de enfermagem ao hipertenso encontram-se ações de educação em saúde, tanto as orientações em saúde quanto relacionadas ao sistema de saúde e acesso, troca de informações sobre cuidados de saúde, diálogos sobre o tratamento, mudanças de comportamento e modo de vida, bem como a facilitação da adaptação e enfrentamento da doença (FAVA, et al., 2010; GUEDES ; ARAÚJO, 2005). O profissional de saúde é um elemento chave no processo assistencial ao indivíduo com HAS, ao centrar esforços em todos os estágios para o diagnóstico precoce da doença, confirmação e avaliação do tratamento. Faz-se necessário a atuação de uma equipe multiprofissional, integrada, composta por enfermeiro, médicos, assistente social, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionista e farmacêuticos, que poderão desenvolver condutas que reduzam as complicações da doença. Corroborando, Moura (2010) refere que a HAS, sobretudo com doenças associadas, requer uma abordagem multi e interdisciplinar, por ser caracterizada 30 como uma doença multifatorial que envolve orientações voltadas para diversas áreas da saúde, pois seus objetivos múltiplos exigem diferentes abordagens. Tendo em vista as considerações, os números e os fatores relacionados a HAS, acredita-se que justificam-se estudos na área, que possam de algum modo favorecer e inovar o conhecimento em HAS e o tratamento das pessoas portadoras desta doença. 3.3 Hipertensão e Doenças Cardiovasculares A HAS é uma doença ―silenciosa‖ que progride de forma assintomática em grande parte dos pacientes, os sinais e sintomas só começam a surgir quando as complicações decorrentes da doença se instalam. Com a evolução da HAS, aumentam os riscos das complicações cardiovasculares. A progressão natural da doença promove modificações estruturais em artérias e pequenos vasos, diminuindo o aporte sanguíneo para órgãos-alvo, entre eles o coração, favorecendo as doenças. As doenças cardiovasculares são graves por atingirem um órgão nobre e vital, cujo adoecimento traz repercussões fisiológicas, hemodinâmicas, físicas e emocionais para o indivíduo. Após o adoecimento cardiovascular, estende-se um longo período para sua recuperação e, em muitos casos, não há sobrevida. As DCV são, no seu conjunto, responsáveis por aproximadamente 30% de todas as mortes e estas em associação com a HAS aumentam sua incidência com o aumento da idade. Ressalta-se que cerca de 40% das pessoas hipertensas abandonam o tratamento da HAS, este fato possui estreita relação com o surgimento de doenças cardiovasculares (PIERIN; GUSMÃO; MION JR, 2009; PIRES; MUSSI, 2009). No Brasil, as DCV tornaram-se problema de saúde pública, sendo responsáveis por uma proporção de mais de 31% da mortalidade geral, correspondendo ao maior percentual entre todas as causas (DATASUS, 2011). Somando-se a isso, demandam cerca de 1,2 milhões de hospitalizações e custo aproximado de 650 milhões/ano (CIPULLO et al., 2010). No SUS as doenças cardiovasculares representaram 24% das hospitalizações na faixa etária de 35 a 64 anos, e 49% no grupo com idade do 65 anos ou mais. Além disso, foram relacionadas a 45,7% (121.770) dos óbitos hospitalares. Aproximadamente 2 milhões de casos graves de DCV foram relatados 31 em 2004, o custo das DCV entre gastos com a saúde, internações, seguro social e perda de produtividade são da ordem de 30 bilhões, desta forma observa-se o impacto social e econômico deste grupo de doenças (AZAMBUJA et al., 2008). Destaca-se que o crescimento populacional, o aumento da expectativa de vida, a exposição cada vez mais prematura aos fatores de risco bem como o deficiente acesso aos serviços de saúde, têm contribuído para o incremento na incidência de DCV (MOREIRA; GOMES; SANTOS, 2010; PAIVA, 2007). Os fatores de risco para DCV em hipertensos foi estudado por Girotto et al. (2009), tendo sido encontrado na amostra de 385 pacientes a prevalência de 70,4% de sedentarismo, 30,9% de história familiar de infarto, 22,6% de diabetes, 28,6% de dislipidemia e 19,9%de tabagismo, demonstrando que a presença de fatores de risco cardiovasculares, além da própria hipertensão, reforçam a necessidade de intervenção eficaz, para minimizar as complicações cardiovasculares e morte entre hipertensos. As DCV foram a principal causa de morte no Brasil em 2005 com 28,8% dos óbitos. As doenças isquêmicas do coração se destacaram como uma das mais frequentes, com o equivalente a 29,9% destes óbitos (GIROTTO et al., 2009). No Estado do Ceará, autores demonstraram conforme dados coletados junto ao Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS), que as DCV corresponderam a 18% dos internamentos, seguidas das doenças isquêmicas (16%) e hipertensivas (16%), sendo os pacientes do sexo feminino mais afetados (FERNANDES; CARNEIRO; CORREIA, 2007). Historicamente, entre os anos de 1980 a 1990 houve redução no número de óbitos pelas DCV, porém nos anos 2000 esta redução não se manteve desta forma e os autores relatam a necessidade de avaliação do seu risco na população, em virtude dos danos pessoais, sociais e econômicos gerados pelo adoecimento e complicações das DCV (MOREIRA ; GOMES; SANTOS, 2010). Neste estudo nos detemos nas doenças cardiovasculares infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana associadas a HAS, que podem surgir como complicações da hipertensão. A história natural da hipertensão não tratada aumenta a probabilidade de incapacitação e de morte prematura em decorrência da doença cardiovascular que precede. A patogênese da combinação de hipertensão sistólica e diastólica envolve mudanças estruturais nas arteríolas de resistência, ocasionando o ―remodelamento‖ 32 e a ―hipertrofia‖ do músculo cardíaco. Essas alterações estão quase sempre envolvidas no desenvolvimento da arteriosclerose de vasos menores, responsável por danos em órgãos-alvo observados na HAS de longa duração (KAPLAN; VICTOR, 2012).. À medida que a pessoa envelhece, a aterosclerose de vasos maiores torna-se um fator agravado pela HAS, porém envolvem distúrbios lipídicos, ativação plaquetária, trombose, disfunção endotelial, inflamação, fatores genéticos, entre outros que causam os agravos cardiovasculares (KAPLAN; VICTOR, 2012). A HAS duplica o risco de doença coronária, incluindo o infarto agudo do miocárdio e morte súbita, e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Usualmente resulta em hipertrofia ventricular esquerda e/ou isquemia miocárdica. Estes processos precipitam disfunção sistólica e diastólica, que com frequência progridem para a ICC (KAPLAN; VICTOR, 2012; FUCHS, 2006). Entre as DCV que a pessoa hipertensa apresenta, mais comum e preocupante está o infarto agudo do miocárdio. É uma emergência que requer pronto atendimento por conferir grande chance de morte imediata. As Síndromes Coronarianas Agudas (SCA) são definidas como conjunto de manifestações isquêmicas da musculatura do miocárdio. A angina e o infarto agudo do miocárdio pertencem a este grupo de doenças do coração (BAGNATORI et al., 2009). Essas síndromes (SCA) são causadas por obstrução coronariana decorrente da interação entre fenômenos de trombose e vasoespasmo, resultando em uma sequência de sintomas clínicos que são compatíveis com a isquemia do miocárdio, englobando angina instável e IAM (LEMOS et al., 2010). A isquemia miocárdica consiste na oxigenação insuficiente do músculo cardíaco. É reversível e se apresenta clinicamente como angina pectoris. Quando a isquemia é grave, prolongada, resulta em lesão irreversível que consiste no infarto do miocárdio (SMELTZER; BARE, 2009). O infarto do miocárdio refere-se ao processo pelo qual áreas do miocárdio são destruídas de maneira permanente, em decorrência do fluxo sanguíneo reduzido e consequente redução de oxigênio em uma artéria coronária, causado por aterosclerose ou oclusão de uma artéria por um trombo. À medida que as células do miocárdio são privadas de oxigênio ocorre lesão celular, com o passar do tempo, a falta do oxigênio resulta em morte celular caracterizando o infarto do miocárdio (SMELTZER;BARE, 2009). 33 O termo infarto do miocárdio tem relação com o tempo de ocorrência do infarto, podendo ser agudo, em evolução ou antigo. Também pode ter localização diversa com relação ao suprimento do fluxo sanguíneo local, sendo na parede do ventrículo direito ou na parede ventricular esquerda (BAGNATORI et al., 2009). As manifestações clínicas do IAM são típicas da doença isquêmica. Os sinais e sintomas do infarto podem incluir: dor torácica de grande intensidade, que é o sintoma mais referido pelos pacientes, aceleração das frequências cardíaca e respiratória, o paciente fica inquieto e ansioso, pele fria, pálida e úmida, náusea e vômito podem estar presentes. A dor torácica pode irradiar para pescoço, mandíbula e braço esquerdo (SMELTZER; BARE, 2009). O enfermeiro possui função importante no manejo da clínica dos pacientes com IAM, sendo necessário conhecimento de sua fisiopatologia, manifestações clínicas, eletrocardiográficas, terapêutica, cuidados específicos de enfermagem e habilidade em emergência cardiológica (BAGNATORI et al., 2009). A maneira mais eficaz de reduzir o impacto das doenças cardiovasculares, em nível populacional, é o desenvolvimento de ações de prevenção e tratamento de seus fatores de risco. O enfermeiro deve conhecer os fatores implicados no desencadeamento das síndromes coronarianas, e quais os mais presentes na sua área de atuação, a fim de agir de forma mais incisiva no desenvolvimento de programas capazes de reduzir a morbidade e mortalidade por DCV (LEMOS et al., 2010). Estudo realizado por Oliveira, Albuquerque e Alencar (2010) com o objetivo de conhecer o nível de satisfação de usuários portadores de IAM acerca do cuidado de enfermagem prestado em uma instituição hospitalar, revelou claramente a intensa satisfação destes usuários, estando relacionada aos aspectos afetivos do cuidado de enfermagem prestado, como a atenção, o respeito, a gentileza e o zelo, assim como aspectos relacionados à terapêutica assistencial e ao agir do profissional de enfermagem ético e técnico, demonstrando a relevância destes cuidados na reabilitação destes pacientes. A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome clínica, complexa em sua fisiopatologia e tratamento, caracterizada pela disfunção cardíaca ventricular sistólica ou diastólica, geralmente resultante de disfunção ou perda do músculo miocárdio, caracterizada por dilatação do ventrículo esquerdo ou hipertrofia (CASTRO et al., 2010). É também definida como a incapacidade do coração 34 bombear sangue suficiente para satisfazer às necessidades de oxigenação dos tecidos. Manifesta-se por sobrecarga hídrica e perfusão tissular inadequada (SMELTZER; BARE, 2009). É ainda, considerada a via final da maior parte das doenças cardiovasculares, sendo causa de incapacidade e morbidade, pois impossibilita a execução de atividades diárias e profissionais, além de predispor à alterações emocionais, como a depressão e ansiedade. Traz impacto físico e psicológico, gera modificações sociais e nas atividades cotidianas(ARRUDA ;CAVALCANTE, 2012). A IC pode ser aguda ou congestiva. Na IC congestiva o ventrículo esquerdo não consegue bombear sangue para fora do ventrículo, provocando o aumento do volume sanguíneo nos tecidos pulmonares e alvéolos. Entre os sinais e sintomas estão a dispnéia, tosse, expectoração e edema pulmonar. Na IC aguda há uma súbita disfunção ventricular em consequência de outras doenças cardiovasculares que comprometam o funcionamento cardíaco, como o IAM e aterosclerose de artérias coronarianas (SMELTZER;BARE, 2005; ROCHA, 2008). A insuficiência cardíaca tem sido subdividida em classificações diferentes para descrevê-la e essas classificações variam conforme IC aguda ou crônica, esquerda ou direita, congestão, choque, disfunção sistólica ou diastólica (LAURENT-BOOP, 2006). Em países subdesenvolvidos a HAS é a principal causa de IC crônica associada com a doença arterial coronariana. Constitui um fator de risco importante para a IC, sendo que o mecanismo pelo qual a HAS leva à IC é multifatorial e têm sido verificados (ROLANDE et al., 2011). As manifestações clínicas mais comumente apresentadas por pacientes com IC descompensada são: dispneia, ortopneia, cansaço, distensão de veia jugular, edema de membros inferiores e fração de ejeção diminuída (ALITI et al., 2011). Estudo realizado por Arruda e Cavalcante (2012) para investigar as causas para o grande número de re-internações e mortalidade da IC destacam-se o desconhecimento de medidas não farmacológicas, a incapacidade dos pacientes de identificarem sinais e sintomas que antecedem a fase de descompensação e/ou a adesão inadequada ao tratamento medicamentoso. Autores demonstraram que a baixa adesão ao tratamento na IC estaria relacionada a fatores de risco que envolve problemas socioeconômicos, prejuízos 35 cognitivos somados às características da doença e à complexidade do tratamento. Os custos das medicações, as quantidades e efeitos, o relacionamento entre profissional de saúde e paciente e o apoio necessário são identificados como fatores contribuintes para influenciar na adesão ao tratamento (CASTRO et al., 2010). Ressalta-se que a enfermagem contribui de sobremaneira nos cuidados ao paciente com IC, realizando-os a partir do histórico de enfermagem, do exame físico, diagnósticos de enfermagem identificados, avaliação contínua do paciente, além de realizar ações de educar o paciente com relação aos cuidados subsequentes (LAURENT-BOPP, 2006). O enfermeiro é um dos profissionais que avalia a presença de IC, conduz a terapêutica em conjunto com a equipe médica, realiza educação em saúde, orienta paciente e família para prognóstico da doença, recomendações de atividades, medicações e dietas (ROCHA, 2008). Enfermeiros treinados podem detectar as manifestações da IC descompensada e avaliar o perfil hemodinâmico durante a realização de exame clínico diário, à beira do leito, apresentando um desempenho similar ao médico cardiologista (ALITI et al., 2011). No entanto é necessário considerar que mais importante que tratar a IC é preveni-la, tratando seus fatores de risco como a hipertensão, a diabetes e dislipidemia, a fim de evitar a instalação e o desenvolvimento da disfunção ventricular. Por sua vez, a doença arterial coronariana, DAC, se desenvolve a partir da aterosclerose, que constitui em um acúmulo anormal de substâncias lipídicas ou de tecido fibroso na parede vascular. Essas substâncias podem formar placas que obstruem ou estreitam os vasos, provocando a redução ou bloqueio do fluxo sanguíneo para o miocárdio (SMELTZER; BARE, 2005; COTRAN;SCOEN, 2001). A DAC tem estreita relação com o IAM e a IC. A aterosclerose coronariana produz sintomas e complicações de acordo com o grau de acometimento da luz arterial, formação de trombo e obstrução do fluxo sanguíneo, que podem gerar a isquemia miocárdica consegue miocárdica e o infarto do miocárdio. A lesão significativa, provoca débito cardíaco inadequado suprir as necessidades e o coração não do corpo, podendo ocasionar insuficiência cardíaca (SMELTZER ;BARE, 2005). A HAS, ao lado de alterações no colesterol, fumo e diabetes melitus foram citados como fatores de risco para a doença arterial coronariana e suas 36 complicações (FUCHS, 2006). Corroborando, autores referem que os principais fatores de risco para DAC incluem a hipertensão, tabagismo, dislipidemias, obesidade, sedentarismo, diabetes mellitus e antecedentes familiares (GUS; FISCHMAN; MEDINA, 2002). Observa-se por tudo que foi exposto, que a HAS é um fator predisponente a várias doenças cardiovasculares e que a hipertensão de longa duração causa danos que podem ser irreversíveis ao coração. Os enfermeiros por meio da sistematização da assistência de enfermagem, com emprego dos diagnósticos de enfermagem, podem auxiliar na saúde da pessoa hipertensa e na redução da complicação cardiovascular. O enfermeiro responde por cuidados essenciais às pessoas portadoras de HAS, sendo um agente facilitador para que o indivíduo desenvolva competências para um agir saudável. Por isso, frente aos hipertensos, o enfermeiro deve dar atenção especial aos fatores de risco cardiovasculares, que poderão perpetuar em complicações graves (MENEZES; GOBBI, 2010). Acredita-se que a utilização de diagnósticos de enfermagem no cuidado de pacientes hipertensos com DCV torna-se relevante pela identificação de problemas e necessidades reais desta clientela, com vistas a elaboração de um plano de cuidados e intervenções de enfermagem adequadas a cada cliente. 3.4 Cuidado clínico de enfermagem a pessoas hipertensas Diversas definições são atribuídas a palavra cuidado/cuidar por muitos autores, filósofos e profissionais. Diversas também são as formas ou dimensões do cuidado, havendo muitas possibilidades de se prestar o cuidado a quem dele necessita. A necessidade de cuidado é uma experiência cotidiana, vivenciada por todos. O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primórdios da humanidade, vem atravessando civilizações e gerações, configurando-se como resposta ao atendimento às suas necessidades em algum momento da vida (SILVA et al. ,2009). O cuidado de enfermagem tem sido compreendido como uma atitude de desvelo, atenção, que está presente na interação dinâmica entre paciente e enfermeiro e é inerente a profissão de enfermagem (VALE; PAGLIUCA, 2011). 37 A realização do cuidado de enfermagem se estabelece mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e paciente. Nele as atividades do profissional são desenvolvidas ―para‖ e ―com‖ o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habilidade, intuição, pensamento crítico e criatividade, acompanhadas de ações de cuidar/cuidado no sentido de promover, manter ou recuperar a totalidade humana (BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009). Nesta perspectiva, autores referem que o cuidado é uma característica do ser humano, adotada pela enfermagem, tornando-se sua essência. Tem sido apontado como objeto epistemológico da enfermagem, abrangendo diversos significados, por vezes complexos, no entanto pode ser compreendido como ato de dedicação e inquietação pelo outro (SILVA et al. ,2009). Pires (2009) refere que o cuidar em enfermagem, tem o sentido de promover a vida, o potencial vital, o bem estar dos seres humanos na sua individualidade, complexidade e integralidade. Envolve um encontro com o objetivo terapêutico de conforto, de cura quando possível e também de preparo para a morte. Waldow (2008) afirma que o cuidar na enfermagem tem se distinguido como o seu fazer e que vem afirmando-se mais recentemente também como um saber diferenciado e único. É sua essência, a sua condição existencial, pois sem o cuidar a enfermagem não existe. Neste contexto, Vale e Pagliuca (2011, p.112) caracterizam o cuidado de enfermagem humanizado como competente e eficaz. Estes autores definiram o cuidado de enfermagem a partir de estudos com grupos de enfermeiros e graduandos em enfermagem: Cuidado de enfermagem é um fenômeno intencional, essencial à vida, que ocorre no encontro de seres humanos que interagem, por meio de atitudes que envolvem consciência, zelo, solidariedade, e amor. Expressam um ―saber fazer‖, embasado na arte, na ciência, ética e na estética, direcionado às necessidades do indivíduo, da família e da comunidade. Autores referem que o cuidar em enfermagem consiste no desenvolvimento de ações e comportamentos com base em conhecimento científico, experiência, intuição e pensamento crítico, no sentido de manter, promover ou recuperar a dignidade e totalidade humana. Sob uma ótica humanizadora é uma atitude intencional de preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o outro (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; ALENCAR, 2009). 38 Considera-se que o foco do cuidado de enfermagem é o ser humano com suas necessidades biopsicossociais e espirituais. A função precípua do enfermeiro é o cuidado de enfermagem, seu objetivo está centrado na promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde (VALE; PAGLIUCA, 2011). Acredita-se que o enfermeiro deve exercer o cuidado de forma individualizada e holística ao indivíduo, para que ele possa alcançar a sua saúde de forma integral e obter maior qualidade na assistência recebida. Esse cuidado é realizado por meio de ações que são únicas e essenciais à recuperação da saúde do indivíduo em todo o seu ciclo de vida. Por ser o cuidado a essência da profissão de enfermagem, este se concretiza nos diversos espaços em que o enfermeiro está presente, interagindo com o paciente e de alguma forma prestando a assistência de enfermagem. Convém ressaltar que o cuidado clínico de enfermagem é o cuidado que ocorre nos vários cenários da prática de enfermagem, desde que seja realizado pela equipe de enfermagem de forma sistematizada, humanizada, dirigida ao indivíduo em todas as etapas do ciclo vital, à família ou à comunidade, com bases na filosofia, na ética, no conhecimento teórico, considerando a subjetividade do indivíduo e suas manifestações pessoais no processo saúde-doença. Ante a clientela de hipertensos, as ações cuidativas dos enfermeiros objetivam favorecer as pessoas a assumirem comportamentos saudáveis, modificar o estilo de vida, seguir esquemas terapêuticos e medicamentosos. Assim, os cuidados da enfermagem contribuem para a redução do risco cardiovascular, mediante a adesão do paciente aos cuidados de promoção e manutenção da saúde (BEZERRA et al., 2010). A enfermagem desempenha cuidados junto a estes pacientes almejando o controle eficaz da hipertensão, para tanto é importante considerar as características individuais de cada pessoa. As intervenções necessárias às mudanças de comportamentos devem ter por base fatores específicos e influentes na determinação do modo de ser e viver dos hipertensos, os quais podem ser de origem interna e externa (FAVA et al., 2010). Neste contexto, não deixamos de observar a formulação dos diagnósticos de enfermagem no cuidado clínico de hipertensos, após as etapas de levantamento de dados e exame físico. Por meio de diagnósticos de enfermagem definidos 39 corretamente, é possível estabelecer intervenções que atendam às necessidades individuais dos sujeitos com hipertensão arterial e minimizem complicações (FAVA et al., 2010). Os diagnósticos de enfermagem são essenciais para a continuação da assistência, e formam o elo entre a identificação das necessidades do paciente, o planejamento e a implementação dos cuidados de enfermagem. Muniz Filha (2007), ao tratar de diagnósticos de enfermagem em hipertensos com complicações, refere que a utilização de diagnósticos de enfermagem em pacientes portadores de HAS contribui positivamente na obtenção de resultados esperados e aumentam o campo de ação do enfermeiro, sem restringilo somente a técnicas e procedimentos. Desta forma considera-se que diagnósticos de enfermagem são parte integrante do cuidado clínico de enfermagem, devendo ser aceitos e praticado pelos enfermeiros nos diversos espaços de atuação da enfermagem. São capazes de unir à fundamentação científica ao cuidado humanizado e individualizado. A inserção do diagnóstico de enfermagem no processo de trabalho favorece aos enfermeiros a usar uma linguagem comum, que possibilita o entendimento entre os pares sobre os fenômenos clínicos de interesse, norteando as decisões sobre o fazer da enfermagem. A contextualização do diagnóstico de enfermagem no PE pode ter efeitos positivos na definição dos fenômenos, na proposição de cuidados de enfermagem e avaliação dos resultados obtidos (FONTES; CRUZ, 2008). A atuação do enfermeiro no contexto do cuidado clínico aos pacientes hipertensos envolve diversos aspectos do cuidado de enfermagem. Citam-se cuidados prestados pela enfermagem a estes pacientes: detecção precoce da doença, realização periódica da medida da PA, atuação em campanhas no rastreamento de prováveis hipertensos; promoção da saúde por meio de ações educativas visando a adoção de estilos de vida saudáveis e controle de fatores de risco para DCV; cuidado direto por meio de consulta de enfermagem que favoreça o desenvolvimento de vínculo entre o profissional e a pessoa hipertensa, e educação em saúde que inclui desenvolver e estimular transformações no modo de viver (PIERIN; GUSMÃO; MION JR ,2009). Segundo Smeltzer e Bare (2009) o objetivo do cuidado de enfermagem para pacientes hipertensos focaliza principalmente a diminuição e o controle da PA. 40 Para alcançar estas metas a enfermeira deve apoiar e orientar o paciente a aderir ao regime de tratamento, implementar alterações necessárias no estilo de vida, bem como monitorar a evolução da doença e identificar complicações ou problemas na terapia. No cuidado de hipertensos na ESF, o enfermeiro atua como educador em saúde no trabalho com grupos de pessoas hipertensas, seus familiares e comunidade, além de desenvolver a consulta de enfermagem (FELIPE; ABREU; MOREIRA, 2008). Se os cuidados sugeridos em nível de Atenção Primária de Saúde não forem seguidos de modo adequado, em algum momento da vida da pessoa hipertensa surgirão complicações. Após a instalação das complicações cardiovasculares da HAS os cuidados de enfermagem estarão voltados para a recuperação do processo patológico mediante tratamento e para o autocuidado do paciente. Estas ações são realizadas inicialmente em nível terciário, em instituições hospitalares. As competências do enfermeiro no cuidado da pessoa com doença cardiovascular, abrangem ações de proteção e recuperação da saúde, por meio de intervenções terapêuticas relacionadas ao tratamento medicamentoso, procedimentos técnicos de enfermagem, orientação para a realização de exames especializados, adaptação do paciente e família à condição de hipertensão e suas complicações, além de ações educativas e de apoio emocional. O cuidado é oferecido aos pacientes crônicos cardíacos mediante ações, emoções e sensibilidade que o ajudam a vivenciar o processo de adoecimento. Cuidar destes pacientes na dimensão técnica envolve a atenção aos sinais, sintomas e complicações do adoecimento, bem como a terapêutica empregada. O cuidado humanizado torna-se indispensável a estes pacientes, o enfermeiro precisa transcender o cuidado propriamente dito e compreender quem é esse paciente. A implementação das ações do cuidado no dia-a-dia, implicam em perceber o paciente como um ser, respeitar seus valores, crenças, sentimentos, emoções e não apenas considerar o aspecto biológico (BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009). Entende-se que os diagnósticos de enfermagem antecedem às ações de cuidado, sendo necessário a sua determinação para efetivar o processo de enfermagem. A partir das manifestações clínicas e problemas identificados descritos 41 como diagnósticos de enfermagem, infere-se os resultados possíveis e as intervenções de enfermagem para a continuidade ao tratamento (HERDMAN,2010). Ressalta-se que as doenças cardiovasculares carecem de intervenções precoces e efetivas por parte do enfermeiro. Estas doenças associadas a HAS dificultam ainda mais a qualidade de vida das pessoas acometidas. Desta forma os enfermeiros devem estar fundamentados cientifica e tecnicamente para o cuidado clínico desta parcela da população. Para tanto diagnósticos de enfermagem formam a base para a consolidação do processo de enfermagem e fortalecem a sua prática. 42 4 METODOLOGIA 4.1 Natureza de Estudo Pesquisa de natureza descritiva, do tipo transversal. A escolha da estratégia descritiva se deve ao fato do estudo descrever características de uma determinada população, em consonância com a obtenção de informações e dados acerca do problema, para uma visão mais aprofundada e maior conhecimento do tema em questão, sem a pretensão de interferir na realidade encontrada. A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos e fenômenos sem que haja manipulação do pesquisador, buscando entre outros, descobrir a frequência com que uma variável ocorre (BARBOSA, 2000). Entre outras, tem por finalidade a descrição das características de uma população ou a identificação de possíveis relações entre variáveis (GIL, 2010). Empregou-se o método transversal por se tratar de um estudo com pacientes em um determinado momento do processo de adoecimento, não havendo referências ao processo saúde-doença como um todo, nem acompanhamento da evolução da doença. O estudo transversal tem caráter instantâneo, a produção do dado é realizada em um único momento no processo de observação (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003). 4.2 Local da Pesquisa O estudo foi realizado em um hospital especializado em doenças cardiopulmonares, da rede pública de saúde de Fortaleza- CE, sendo hospital de referência em Cardiologia no Estado do Ceará, sob a administração da Secretaria Estadual de Saúde do Ceará (SESA-CE). A instituição é destinada para tratamento de pacientes com doenças torácicas, respiratórias ou cardíacas. Dispõe de 379 leitos, distribuídos em duas unidades de internação pneumológica, uma de internação pediátrica, quatro unidades de internação cardiológica, sete unidades de terapia intensiva, uma unidade de parada cardiorrespiratória, uma emergência para adultos, um setor de 43 hemodinâmica, um centro cirúrgico e ambulatórios de consulta médica e de enfermagem. A pesquisa foi realizada nas quatro unidades de internação cardiológica. O hospital oferece ainda serviços diversos de diagnósticos e de exames incluindo exames radiológicos, tomografia computadorizada, implante de marcapasso, cateterismo cardíaco, broncoscopia, atendimento odontológico. Além disso realiza transplantes de órgãos, sendo reconhecido nacionalmente por este serviço. No período de um ano o hospital realiza em média de 1.180 cirurgias cardíacas e abrange a estimativa de 8.170 internamentos em unidades de clínica médica. Na instituição o processo de enfermagem é realizado pelos enfermeiros. Os diagnósticos de enfermagem são determinados a partir de um instrumento próprio da enfermagem, padronizado para toda instituição, no qual existem 11 diagnósticos formulados, algumas intervenções de enfermagem e resultados esperados. Entretanto considera-se que este instrumento utilizado limita a determinação dos diagnósticos de enfermagem e não contempla as reais necessidades de cuidados dos pacientes com DCV, portanto limita a assistência de enfermagem. Desta forma, acredita-se na necessidade elaborar-se um novo instrumento mais direcionado e atualizado, em que o enfermeiro possa estabelecer os diagnósticos, intervenções e resultados próprios de cada paciente. 4.3 População e amostra A população foi constituída por pacientes hipertensos com diagnóstico das doenças cardiovasculares infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca ou com doença arterial coronariana. Após acesso aos livros de registros de pacientes atendidos na instituição, foi então realizado o somatório do número de pacientes com hipertensão e as 44 doenças cardiovasculares IAM, IC e DAC. Foi encontrado um total de 1390 pacientes, atendidos no período de três meses consecutivos, durante o ano de 2011. No período de coleta dos dados, equivalente aos meses de setembro a novembro de 2012 (três meses), estimou-se, portanto que seriam admitidos aproximadamente 1.390 pacientes hipertensos com as doenças cardiovasculares IAM, IC e DAC. Para o cálculo do tamanho da amostra estimou-se uma prevalência P de 80%, equivalente à prevalência de hipertensão em pacientes internados na instituição cenário do estudo, com doença cardiovascular. Esta prevalência foi encontrada a partir do levantamento de registros em prontuários, em uma das unidades de internação de cardiologia, quando da realização nesta instituição do estudo intitulado ―Prática Clínica de Enfermagem: Fundamentação Teórica e Classificações para as Práticas Profissionais‖. Fixou-se o nível de significância de 5% ( = 0,05) e um erro amostral relativo de 7,3% (erro amostral absoluto = 9,1%). Esses valores aplicados na fórmula abaixo, indicada para populações finitas (N =1390 pacientes), proporcionou uma amostra de tamanho ―n‖ igual 105 pacientes. t25% x P x Q x N n = e2(N-1) + t25% x P x Q Onde: n= tamanho da amostra, N= tamanho da população, t= valor tabelado da distribuição de t de Student ao nível de significância de 5%, e= erro amostral absoluto, Q = porcentagem complementar (100-p), P = prevalência da doença. Os critérios de inclusão foram: ter diagnóstico de hipertensão arterial registrado no prontuário, ser maior de 18 anos, está consciente e capaz de verbalizar necessidades e ter diagnóstico médico de IAM, IC ou DAC. Os critérios de exclusão foram: pacientes que apresentaram condições clínicas instáveis, ou seja, pacientes graves, que não tinham condições de verbalizar ou de serem examinados fisicamente. 45 4.4 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de dados A coleta de dados foi efetuada por meio de um formulário constituído por questões abertas, fechadas e mistas, envolvendo as características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos pacientes, assim como relativas ao histórico do paciente preenchido por meio de entrevista e ao exame físico realizado pela pesquisadora. O formulário foi elaborado com base na Taxonomia II da NANDA-I nos seus 13 domínios e nos roteiros e formulários utilizados por Paiva (2007) e Muniz Filha (2007). Foram inicialmente coletados dados nos prontuários a fim de selecionar os pacientes com diagnóstico de hipertensão e diagnóstico de uma das doenças cardíacas citadas, para obter informações acerca de exames como cateterismo cardíaco, procedimentos médicos realizados e outras informações pertinentes ao estado clínico do paciente. Os diagnósticos de enfermagem foram elaborados pela pesquisadora após a obtenção dos dados relacionados às respostas humanas apresentadas pelos pacientes, as quais foram registradas no instrumento de coleta de dados. Para estabelecer um diagnóstico de enfermagem, exige-se a utilização do raciocínio diagnóstico. O raciocínio diagnóstico é um processo que inclui inferências a partir da análise de dados obtidos dos pacientes, família ou comunidade. Para a elaboração dos diagnósticos de enfermagem utilizou-se as etapas do raciocínio diagnóstico proposto por Lunney (2011), que envolve os seguintes elementos críticos: Reconhecimento da existência de indicadores ou indícios, geração de possíveis diagnósticos, comparação de indícios para possíveis diagnósticos, coleta de dados focalizada, validação de diagnósticos. Estes elementos estão descritos a seguir conforme a autora: 1-Reconhecimento de indícios: O enfermeiro reconhece indícios, pistas ou evidências com fins diagnósticos, com base no levantamento de dados e exame físico. Indícios são unidades de dados, como por exemplo, a frequência respiratória. 2-Geração de possíveis diagnósticos: Identificação de possíveis diagnósticos e/ou outros indícios a serem investigados. A decisão do diagnóstico somente ocorre quando da obtenção de evidências ou dados de apoio suficientes. 46 3- Comparação de indícios para possíveis diagnósticos: Os indícios são analisados em relação aos possíveis diagnósticos, por meio de um processo de avaliação, que envolve a combinação de indícios existentes e esperados para os diagnósticos. Durante a avaliação dos indícios e dos diagnósticos, o enfermeiro pode decidir pela existência ou não de evidências suficientes para o diagnóstico. 4- Coleta de dados focalizada: Para confirmar ou descartar diagnósticos considerados, indícios adicionais podem ser coletados de forma focalizada. A coleta focalizada termina quando o enfermeiro sintetiza os dados disponíveis e escolhe um dos diagnósticos, descarta ou revisa os diagnósticos em análise para incorporar outros. Se um ou mais diagnósticos forem considerados, a etapa seguinte é a validação. 5- Validação dos diagnósticos: A validação ou confirmação do diagnóstico pode ser realizada com o enfermeiro, juntamente ao paciente ou a outro indivíduo como um profissional de saúde. Ambos devem concordar com o diagnóstico encontrado. Validar os diagnósticos com outros indivíduos ajuda a garantir a acurácia diagnóstica. Nesta pesquisa, após a pesquisadora estabelecer os diagnósticos gerais, foram identificados os diagnósticos prioritários conforme a NANDA-I: A pesquisadora após levantamento dos dados a partir do formulário de pesquisa, estabeleceu inicialmente 172 diagnósticos possíveis. Os índicios e pistas diagnósticas encontrados para tais diagnósticos foram comparados e confirmados ou não com os encontrados na NANDA Internacional 2012-2014, sendo descartados diagnósticos que não apresentaram evidências suficientes para sua formulação. Após estas etapas, foi realizada a validação ou confirmação dos diagnósticos pela pesquisadora juntamente com sua orientadora, com base nas evidências, características definidoras e fatores relacionados encontrados. Nesta etapa foram selecionados somente diagnósticos que ambas, pesquisadora e orientadora, concordaram. Após a realização de todas as etapas para a determinação dos diagnósticos conforme Lunney (2011), foram identificados 46 diagnósticos definitivos na amostra. 47 4.5 Organização e Análise de dados Os dados foram consolidados em uma base de dados, por meio de planilhas do programa Excel. Nestas foram registrados dados sociodemográficos, clínico-epidemiológicos e as respostas humanas. Posteriormente os dados foram processados estatisticamente no programa SPSS (Statistical Package of Social of Science) versão 17.0. Os diagnósticos de enfermagem estão apresentados por meio de quadros para melhor compreensão. Já os dados sociodemográficos e clínico-epidemiológicos foram dispostos em tabelas com frequência simples e percentual. Estão também em tabelas os dados de associação entre variáveis. Foram calculadas as medidas estatísticas descritivas médias e desvio padrão das variáveis: idade, renda, tempo de diagnóstico de HAS e índice de massa corporal. Analisou-se a associação entre diagnóstico de enfermagem e as variáveis sociodemográficas idade e sexo, e as variáveis clínicas tempo de HAS, IAM, IC e DAC, por meio dos testes não paramétricos de 2 e do teste de razão de verossimilhança. Para todas as análises consideraram-se como estatisticamente significantes aquelas com p < 0,05. A discussão dos resultados fundamentou-se em literatura revisada, sobre doença cardiovascular e diagnósticos de enfermagem. Dados acerca da HAS foram analisados conforme diretrizes nacionais, normas do Ministério da Saúde e na literatura científica atualizada e disponíveis em bases de dados nacionais. 4.6 Aspectos éticos e legais da pesquisa O trabalho buscou atender a todos os preceitos éticos contidos na Resolução196/96, que trata das pesquisas que envolvem seres humanos. A pesquisa foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) aprovado segundo o Parecer Nº 65732 e em seguida ao CEP da instituição hospitalar aprovado sob o Parecer Nº77609, conforme determina (BRASIL,1996). a Resolução 196/96 Conselho Nacional de Saúde 48 A coleta de dados iniciou-se após parecer favorável dos dois Comitês. Ressalta-se a obtenção inicial, junto a Chefia do Serviço de Cardiologia da instituição, de autorização para realização da coleta de dados para a pesquisa, nas unidades de cardiologia. A autorização foi encaminhada juntamente com o projeto de pesquisa ao CEP da instituição e da UECE. Para a realização da coleta de dados, pacientes que atendiam aos critérios de inclusão na amostra, foram abordados e convidados a participar. Foi lhes explicado o propósito da pesquisa e sua participação no estudo. Na ocasião, entregou-se aos mesmos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice B), o qual os pacientes assinaram após aceitar participar do estudo. O TCLE esclarece a intenção do estudo, garante o sigilo de identidade dos participantes na divulgação das informações obtidas, e foi preenchido em duas vias, ficando uma para a pesquisadora e outra para o pesquisado. 49 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram avaliados 105 pacientes neste estudo. Adiante são apresentadas as características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas da amostra, os diagnósticos de enfermagem encontrados e a associação entre diagnósticos e variáveis. Tabela1: Distribuição dos pacientes quanto a características sociodemográficas. Fortaleza- CE, 2012 Variáveis Sexo Masculino Feminino Total Idade (anos) 29-59 60-69 70-90 Total Estado civil Solteiro Casado/ união estável Sep/ viúvo Total Escolaridade Analfabeto Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio completo Ensino superior completo Total Ocupação Trabalha Aposentado/Pensionista Desempregado Total Renda familiar(sm) 0---/1 1---/2 2---/8 Total Procedência Capital Interior do estado Outro estado Total Salário mínimo = R$ 622,00 F % 61 44 105 58,1 41,9 100 34 40 31 105 32,4 38,1 29,5 100 10 81 13 105 9,5 77,1 12,4 100 31 48 16 8 2 105 29,5 45,7 15,2 7,6 1,9 100 29 59 17 105 27,6 56,2 16,2 100 37 46 21 105 35,2 43,8 20,0 100 51 52 2 105 48,6 49,5 1,9 100 Média ± DP 63,59±12,2 1,84±1,22 50 Nessa pesquisa encontrou-se a predominância do sexo masculino, sendo 61(58,1%) homens e 44(41,9%) mulheres, apontando a prevalência da HAS nos homens. No entanto, em nosso município, Fortaleza-CE, o VIGITEL 2011 mostrou que a prevalência da HAS em mulheres tem se mostrado mais elevada do que em homens (BRASIL, 2012). Contudo, a prevalência global da HAS entre homens e mulheres é semelhante, sendo mais elevada nos homens até os 50 anos e invertendo-se a partir desta idade (DIRETRIZES, 2010). No que se refere à DCV, em geral, estudos têm demonstrado ser mais comum entre homens (LEMOS et al., 2010; ROLANDE et al., 2011; BARRETO et al., 2008). Pesquisa realizada com 130 pacientes com diagnóstico de IC secundária à HAS demonstrou a predominância do sexo masculino entre os pesquisados, com 58% (74) homens (ROLANDE et al., 2011). Na mesma linha, estudo com pacientes internados em unidade coronariana com complicações da HAS, encontrou a maioria de pacientes do sexo masculino (MUNIZ FILHA, 2007). Outro estudo, conduzido em hospital universitário com 252 pacientes com IC, reforçou a prevalência do sexo masculino, correspondendo a 60%(151) da amostra (CASTRO et al., 2010). Autores referem que mulheres têm maior tolerância à HAS do que os homens e apresentam taxas de mortalidade coronariana em geral mais baixas (KAPLAN; VICTOR, 2011). A idade dos 105 participantes variou de 29 a 90 anos com média (63,5+12,2) anos, havendo maior número de pacientes idosos, correspondendo a 71 (67,6%) participantes. A idade demonstra ser fator de risco relevante para a HAS. À medida que aumenta a idade, eleva-se a prevalência de hipertensão, estando presente principalmente na faixa etária de 60 anos ou mais (DIRETRIZES, 2010). Este fato pode relacionar-se aos níveis tensionais que tendem a se elevar em pessoas com idades arteriosclerose, que principalmente a mais avançadas, diminui a hipertensão devido complacência arterial sistólica ao das desenvolvimento artérias, (PINOTTI; de ocasionando MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008). O impacto do envelhecimento associado a HAS foi observado precisamente em estudo que demonstrou que 90% de pacientes normotensos na idade de 55 ou 65 anos, acompanhados por 20 anos, desenvolveram hipertensão na idade de 75 ou 85 anos (KAPLAN;VICTOR, 2011). Estudo realizado com 263 pacientes internados pela doença cardiovascular, IC, identificou a maior concentração de idosos entre os pesquisados 51 e a média de 59,9 anos entre os pacientes. Neste mesmo estudo, a etiologia mais frequente da IC foi a cardiopatia isquêmica, seguida da hipertensiva, que contribuiu com 27% das internações (BARRETO et al.2008). Igualmente, Castro et al. (2010) encontraram entre 252 pacientes com diagnóstico de IC, a média de idade de 63 anos. A principal etiologia da IC neste caso foi hipertensiva, seguida das doenças isquêmicas. Desta forma considera-se que, no presente estudo, a idade avançada foi fator importante em pacientes com HAS e DCV, contribuidor na gênese das doenças. Quanto ao estado civil, observou-se que a grande maioria, 81 (77,1%) pacientes, era casada. Estudos com pacientes hipertensos também encontraram essa característica. A presença do companheiro nesta pesquisa revelou ser um fator positivo, relatado pelos pacientes como de apoio na internação hospitalar e ao longo do tratamento das doenças antes da internação. Muitos pacientes afirmaram a participação do cônjuge no tratamento farmacológico, no que diz respeito aos horários e controle da medicação. Com relação à ocupação, mais da metade da amostra era aposentado ou pensionista correspondendo a 59 (56,2%) pacientes, o que pode ter relação com a idade, já que a maioria também era de idosos. Percebeu-se neste estudo a baixa escolaridade dos participantes, 31( 29,5%) pacientes eram analfabetos e 48 (45,7%) não concluíram o ensino fundamental. Sendo pouco instruídos, os pacientes compreendem menos as doenças e sua condição de saúde, o que pode influenciar no agravamento destas e suas complicações. Estudo de base populacional realizado com 1.717 indivíduos, demonstrou que pessoas com nível de escolaridade mais baixo apresentaram uma maior prevalência de HAS. O risco de HAS foi 2,8 vezes maior para aqueles com nível de instrução mais baixo (CIPULLO et al., 2010). Já Costa et al. (2007) observaram que indivíduos com menos de quatro anos de estudo tinham quase duas vezes mais probabilidade de apresentar HAS. Autores encontraram entre 385 portadores de HAS, 86,8% com no máximo oito anos de estudo (GIROTTO at al., 2009) e entre 152 portadores de síndromes coronarianas, 94(61,8%) possuíam menos de 5 anos de estudo(LEMOS et al., 2010) 52 O baixo nível de instrução escolar pode dificultar o entendimento dos indivíduos acerca das orientações recebidas por profissionais de saúde, sobretudo de medidas de tratamento correto, o que contribui para a não adesão ao tratamento e consequentemente a maior prevalência das complicações hipertensivas (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008). Ressalta-se que muitos pacientes neste estudo, preocupavam-se em justificar sua baixa escolaridade pela dificuldade de acesso à escola e à educação em tempos mais antigos, e pela necessidade de trabalhar muito cedo para ajudar financeiramente a família, configurando o abandono dos estudos. A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e deve ser estabelecida. Com relação à renda dos indivíduos, a amostra foi caracterizada por pacientes de baixa renda. Encontrou-se que mais da metade da amostra 83 (79,0%) dos pacientes, possuía renda familiar inferior a dois salários mínimos. A renda pode influenciar diretamente no tratamento de pacientes cardiopatas, que demandam parte de seus salários com medicações para controle cardiovascular, que nem sempre são distribuídas em programas do governo. A baixa renda, muitas vezes, implica na carência de medicações e de condição para alimentação saudável e atividade física, recomendadas no tratamento. A renda escassa também poderá dificultar a aquisição de hábitos adequados à nova condição de vida (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008) necessários na presença de DCV. Adiciona-se a isso que taxas mais altas de DCV foram mostradas em grupos com nível socioeconômico mais baixo. As diferenças socioeconômicas têm papel importante nas condições de saúde por influenciarem fatores como acesso ao sistema de saúde, grau de informação, entendimento da condição de saúde e adesão ao tratamento (CIPULLO et al., 2010). Diversos estudos identificaram a relação entre baixa renda e prevalência da HAS, alertando-nos para o risco na população economicamente mais pobre. Conforme Santos e Lima (2008), a prevalência da HAS é inversamente proporcional à escolaridade e a renda, fato derivado do menor nível de cuidados com a saúde presente nesses indivíduos. A condição socioeconômica geralmente alinha ganho salarial e nível educacional, sendo ambos influentes nos hábitos de vida, sociais, na saúde, compreensão e aceitação da doença (MUNIZ FILHA, 2007). Porquanto, melhores 53 condições socioeconômicas podem facilitar a adesão e tratamento adequado das doenças do aparelho circulatório. Dentre a amostra observou-se a distribuição homogênea de pacientes advindos do interior do Estado e da capital. O correspondente a 48,6% (51) da amostra foi procedente da capital, Fortaleza. Do interior do Estado foram admitidos 49,5% (52) da amostra. Desta forma considerou-se que a procedência do paciente não exerceu importante influência nas DCV, por serem equivalentes, principalmente por ter como característica socioeconômica a baixa renda, fato que parece não haver diferença entre morar na periferia da capital e os municípios do interior do Estado. Pacientes da região metropolitana foram considerados como procedentes da capital. Convém ressaltar a grande demanda de pacientes do interior do estado, equiparando-se a da capital. Este fato denota que a atenção terciária no serviço de saúde dos municípios interioranos, em sua maioria, não disponibilizam hospitais em nível terciário de atenção à saúde com suporte para realização de tratamento clínico ou cirúrgico na área de Cardiologia e em consequência, existe excesso de demanda nas instituições hospitalares da capital. Estudo buscando descrever o padrão de morbidade por doenças do aparelho cardiovascular no Ceará identificou que 58% dos internamentos por doenças cardiovasculares em hospitais da rede pública de saúde eram oriundos do interior do Estado. Isso representa uma fuga ao conceito de que a morbidade por DCV está associada principalmente ao estilo de vida urbano, e não ao estilo de vida rural, onde se acredita viver de maneira mais saudável e supostamente livre de fatores de risco cardiovascular, como hábitos sociais perniciosos, sedentarismo, alimentação inadequada e estresse psicológico (FERNANDES; CARNEIRO; CORREIA, 2007). As características sócio-demográficas devem ser estudas e observadas em pessoas hipertensas e em portadores de DCV, pois possibilitam conhecer a clientela e servem de base para a realização de ações estratégicas de controle destas doenças. 54 Tabela 2: Distribuição dos pacientes hipertensos com DCV quanto às características clínico-epidemiológicas. Fortaleza- CE, 2012. Variável F % Tempo de diagnóstico de HAS(anos) <1 1-5 6-10 >10 19 22 25 39 18,1 21 23,8 37,1 77 28 73,3 26,7 61 37 25 58 35,2 23,8 71 34 67,6 32,4 49 56 46,7 53,3 32 73 30,5 69,5 78 27 74,3 25,7 35 51 19 33,3 48,6 18,1 27 69 9 25,7 65,7 8,6 36 69 34,3 65,7 História familiar de HAS Sim Não Doença Cardiovascular Presente* IAM IC DAC História Familiar de DCV Sim Não Internamentos Anteriores por DCV Sim Não Cirurgia Cardíaca Sim Não Cateterismo Sim Não Tabagismo Sim Não Deixou de fumar Etilismo Sim Não Deixou de beber Índice de massa corpórea- IMC <25 >25 Média±DP 2,8±1,13 Média±DP 27,25±6,1 *Alguns pacientes apresentaram mais de um diagnóstico de DCV É comum observar na prática clínica que decorre um longo período de tempo até que o portador de hipertensão venha apresentar sinais, sintomas e complicações a ela associadas. Sua evolução é insidiosa e progride de forma silenciosa na maioria dos casos (MUNIZ FILHA, 2007). Observou-se que 25 (23,8%) pacientes possuía diagnóstico de HAS dentro do período de 6 a 10 anos, enquanto 39 (37,1%) foram diagnosticados com HAS há mais de 10 anos, ou seja, mais da metade da amostra, 64 pacientes, tinha o conhecimento do diagnóstico da doença 55 há mais de 6 anos. Supõe-se desta forma que houve entre os pacientes pouca ou nenhuma adesão ao regime terapêutico da HAS, que favoreceu ao surgimento da morbidade cardiovascular. Somente conhecer o diagnóstico da HAS não significa muito, é preciso que a pessoa compreenda que esse fato, requer mudanças no estilo de vida e mudanças comportamentais no que se refere à saúde, entretanto, para muitos pacientes receber o diagnóstico de hipertensão nem sempre significa iniciar o tratamento da doença, seja farmacológico ou não. Além disso, embora o paciente se reconheça como hipertenso, a característica assintomática da doença favorece a não adesão ao tratamento. Com relação a história familiar de HAS como predisponente a doença, esta tem sido relatada em vários estudos que abrangem hipertensão, sendo fator de risco constitucional ou não modificável para esta doença (SANTOS, 2008; FUCHS,2006). Entre os pesquisados, 77(73,3%) tinham antecedentes de hipertensão familiar, bem como 71(67,6%) pacientes possuíam história familiar de DCV. Pesquisas constataram 30,9% de 385 pacientes hipertensos com historia familiar de HAS (GIROTTO et al., 2009), assim como identificaram que 60% dos indivíduos ora pesquisados possuíam história familiar de doença hipertensiva (COSTA et al.,2007). Desta forma reforçam que a história familiar positiva para no mínimo um dos progenitores está associada com o aumento da prevalência da HAS. Estudo relacionado à DCV, observou que 56,6% dos pacientes com diagnóstico de síndrome coronariana aguda, possuíam antecedentes familiares da doença (LEMOS et al.,2010). Outro estudo revelou o fator de risco antecedente familiares de doença coronariana presente em 57,3% dos indivíduos pesquisados (GUS; FISCHMANN; MEDINA, 2002). Acrescenta-se que pacientes com parentes de primeiro grau portadores de cardiopatia coronariana têm maiores riscos de desenvolver DAC, do que a população em geral (GUS; FISCHMANN; MEDINA, 2002). Destaca-se, portanto, a relevância da história familiar de DCV como fator de risco não modificável para cardiopatia. A identificação deste fator é de grande importância para intensificar a observação de pacientes quanto ao risco cardiovascular (GIROTTO et al., 2009), e orientar mais especificamente o paciente quanto ao alto risco de surgimento da HAS e doenças cardiovasculares associadas. 56 Quanto a DCV presente, entre os sujeitos da pesquisa, encontraram-se 61 indivíduos com diagnóstico de IAM; 37 de IC; e 25 de DAC. Atenta-se para o fato de que os participantes tiveram até dois diagnósticos presentes de DCV, além da HAS, portanto muitos tinham mais de uma das doenças referidas registradas no prontuário. Desta forma, o IAM foi a DCV mais prevalente. Conforme Costa et al. (2007) a HAS é responsável pelo desenvolvimento de doenças cardiovasculares como cardiopatia isquêmica e insuficiência cardíaca. As complicações da HAS levam o pacientes a requerer cuidados médicos de alto custo, e no Brasil, as doenças cardiocirculatórias são uma das principais causas de internações hospitalares, envolvendo reconhecidamente custos elevados. A Tabela 2 mostra que 49 (46,7%) dos pacientes haviam sido internados anteriormente por DCV, sendo um número elevado, atingindo quase metade da amostra. Castro et al. (2010) referem que o cenário das re-internações no Brasil é preocupante e que abaixa adesão ao tratamento de pacientes com DCV influencia na descompensação da doença e readmissão hospitalar. Barreto et al.(2008) em estudo buscando avaliar a evolução da IC por meio de taxa de mortalidade e re-hospitalização, relatam que entre 263 pacientes internados por IC descompensada, 51,2% procuraram atendimento de emergência no período de um ano, assim como ocorreram 102 re-hospitalizações dentre esta amostra. O tempo médio de internação foi de 25 dias. Considera-se que as internações, ou re-internações, poderiam ser evitadas mediante medidas preventivas, mediadas por atividades de educação em saúde ensinando ao paciente, além de ações estratégicas para adesão ao tratamento como acompanhamento ambulatorial periódico, e monitorização do uso de medicação. A cirurgia cardíaca tem sido a terapêutica indicada para muitos pacientes portadores de doença cardiovascular. A gravidade da cardiopatia, bem como outros fatores inerentes ao paciente é avaliada para a decisão cirúrgica. Da amostra, 32 (30,5%) pacientes foram submetidos à cirurgia cardíaca. A revascularização do miocárdio (RM) foi a principal intervenção realizada. A revascularização do miocárdio, conhecida popularmente por ponte de safena, consiste em um enxerto arterial coronário usando a veia safena, com o objetivo de isolar o vaso obstruído e restabelecer a perfusão da artéria coronária, assim o miocárdio é preservado (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006). 57 O cateterismo cardíaco é comum ser realizado em pacientes cardiopatas e neste estudo foi realizado em 78 (74,3%) pacientes. Cateterismo é um estudo hemodinâmico utilizado para acessar o coração através da inserção intravascular de cateteres para estudar sua anatomia e fisiologia, buscando diagnosticar ou tratar doenças. Permite a visualização das câmaras cardíacas, grandes vasos e artérias coronárias (QUILICI et al., 2009). Por se tratar de procedimento invasivo, não está isento de complicações e estas ocorrem com maior frequência em pacientes com fatores preditivos, como a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca em classe funcional elevada, choque, IAM com menos de 24 horas de evolução e idade acima de 80 anos(QUILICI et al., 2009). Desta forma os pacientes da amostra estiveram em risco de complicações. O tabagismo constitui-se grave fator de risco cardiovascular, todavia totalmente evitável (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008). Neste estudo, 35 (33,3%) pessoas eram fumantes e 19 (18,1%) ex-fumantes. Considera-se que o hábito de fumar, tenha contribuído para as DCV. Em estudo com 152 pacientes com doenças coronarianas, o equivalente a 39,5% (60) da amostra eram tabagistas (LEMOS et al. 2010). Quanto ao consumo de bebida alcoólica, 27 (25,7%) pessoas afirmaram serem etilistas, mesmo já conhecendo o diagnóstico de HAS, e 9 (8,6%) afirmaram ter deixado de consumir bebidas alcoólicas, desta maneira, observou-se que 36 pacientes apresentaram este fator de risco para HAS e DCV. A ingestão de álcool por períodos prolongados pode ocasionar a elevação da pressão arterial e a mortalidade cardiovascular em geral. Em populações brasileiras, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas se associa com a ocorrência de HAS de forma independente das características demográficas (DIRETRIZES, 2010). Entretanto, embora a literatura indique os riscos do fumo e da bebida alcoólica para aumento da PA, alguns autores em estudo sobre prevalência da HAS e fatores associados, não encontraram associação entre estes fatores e a doença (COSTA et al., 2007). É bem discutida a importância do controle de peso para a redução dos níveis tensionais, em pacientes portadores de HAS. Mesmo uma modesta perda de peso corporal está associada à redução da PA. Este estudo revelou o excesso de peso presente em grande parte da amostra. Entre os participantes 69 (65,7%) apresentaram índice de massa corporal (IMC) acima de 25 kg/m2. A média deste 58 índice foi de 27,25kg/m2. Autores demonstraram achados semelhantes em trabalho realizado com portadores de doenças coronarianas, onde 77% de 152 pacientes apresentaram IMC acima de 25 kg/m2 e a média do IMC foi de 28,1 kg/m2 (LEMOS et al. 2010). Hoje em dia os números crescentes da obesidade põem em risco a vida dos indivíduos e colocam em dúvida a capacidade de se implementar mudanças necessárias referentes ao estilo de vida. É preocupante observar a obesidade aliada ao envelhecimento das populações, acarretando entre outras, as doenças do aparelho circulatório. 59 Quadro 4- Diagnósticos de enfermagem em pessoas hipertensas com doenças cardiovasculares. Fortaleza- CE, 2012. Domínios Diagnósticos de Enfermagem 1-Promoção da saúde 2-Nutrição 3-Eliminação e Troca 4-Atividade/ Repouso 5- Percepção/ Cognição 6- Autopercepção 7- Papéis e relacionamentos 8- Sexualidade 9-Enfrentamento/ Tolerância ao estresse 10- Princípios da Vida 11-Segurança/Proteção 12- Conforto 13Crescimento/Desenvolvi N % Estilo de vida Sedentário Autocontrole Ineficaz da saúde Disposição para autocontrole da saúde melhorado 82 78 36 78,0 74,2 34,2 Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais Deglutição prejudicada Volume de líquidos deficiente Volume de líquidos excessivo Eliminação urinária prejudicada Constipação Troca de gases prejudicada Padrão de sono prejudicado Insônia Deambulação Prejudicada Mobilidade física prejudicada Mobilidade no leito prejudicada Fadiga Débito Cardíaco Diminuído Intolerância à atividade Padrão respiratório ineficaz Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída Risco de perfusão tissular periférica ineficaz Déficit no autocuidado para alimentação Déficit no autocuidado para banho Déficit no autocuidado para vestir-se Conhecimento deficiente Memória Prejudicada Comunicação verbal prejudicada Baixa autoestima situacional Distúrbio na imagem corporal Processos familiares interrompidos Desempenho de papel ineficaz Disfunção sexual Medo 59 56,1 02 1,9 11 27 9 10 19 36 61 5 43 49 6 42 69 76 37 105 105 6 28 30 70 32 14 31 8 23 30 38 37 10,4 25,7 8,5 9,5 18,0 34,2 58,0 4,7 40,9 46,6 5,7 40,0 65,7 72,3 35,2 100,0 100,0 5,7 26,6 28,5 66,6 30,4 13,3 29,5 7,6 21,9 28,5 36,1 35,2 55 25 58 6 103 76 49 65 90 27 57 18 52,3 23,8 55,2 5,7 98,0 72,3 46,6 61,9 85,7 25,7 54,2 17,1 Ansiedade Disposição para enfrentamento melhorado Tristeza crônica Religiosidade prejudicada Risco de infecção Integridade da pele prejudicada Risco de quedas Risco de trauma vascular Dentição prejudicada Conforto prejudicado Dor aguda Náusea Não houve 60 mento O Quadro 4 apresenta os diagnósticos de enfermagem encontrados nos pacientes hipertensos com diagnóstico de doenças cardiovasculares IAM, IC e DAC, internados nas unidades de Cardiologia. No quadro estão descritos os valores absolutos encontrados de cada diagnóstico e o seu percentual em relação à amostra. Após a avaliação de cada formulário de pesquisa, foram inicialmente registrados pela pesquisadora 172 diagnósticos possíveis na amostra. Entretanto, após todas as etapas de elaboração de diagnósticos, segundo Lunney (2011), foram identificados 46 diagnósticos definitivos de acordo com a Taxonomia da NANDA Internacional versão 2012-2014. Foram excluídos diagnósticos que não apresentaram indícios suficientes, ou características definidoras ou fatores relacionados necessários para sua definição. Os diagnósticos estão distribuídos por domínios. Os domínios mais representados na pesquisa foram: os domínios 2 Nutrição, 4 Atividade /Repouso, 9 Enfrentamento/Tolerância ao estresse e 11 Segurança/Proteção. Do total dos 46 diagnósticos, foram identificados 38 diagnósticos de enfermagem real, 2 diagnósticos de enfermagem de promoção da saúde e 6 diagnósticos de enfermagem de risco. Observa-se no quadro, 16 diagnósticos que atingiram o percentil 50, portanto presentes em 50% ou mais da amostra. Estes diagnósticos, portanto, foram descritos e analisados posteriormente. Comparando este estudo com outros relativos a diagnósticos de enfermagem, de maneira em geral, os diagnóstiocos aqui encontrados têm sido identificados em estudos realizados com pacientes com adoecimento cardiovascular, submetidos ou não à cirurgia (PEREIRA et al., 2011; CRUZ; LOPES, 2010; GALDEANO; ROSSI; PEZZUTO, 2004). Considerou-se comum em estudos com cardiopatas, os diagnósticos de ―dor‖, ―débito cardíaco diminuído‖, ―padrão respiratório ineficaz‖, ―intolerância à atividade‖ e ―ansiedade‖, frequentemente presentes nestes pacientes, independente da Taxonomia da NANDA-I utilizada. Estes diagnósticos demonstram elevado percentual e merecem atenção do enfermeiro nas práticas cuidativas junto aos 61 portadores de doenças cardiovasculares, devendo ser discutidos para nortear o cuidado de enfermagem. Percebeu-se que a determinação de alguns diagnósticos contribui para presença de outros na amostra. A exemplo, os diagnósticos ―estilo de vida sedentário‖, ―nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais‖ e ―conhecimento deficiente‖ contribuem para o diagnóstico autocontrole ineficaz da saúde. Da mesma maneira ―integridade da pele prejudicada‖ pode corroborar para o diagnóstico ―risco de infecção‖, ambos do mesmo domínio. Com relação aos diagnósticos de enfermagem de risco, encontrou-se 6 diagnósticos com expressivo percentual na amostra, sendo que 2 diagnósticos de risco foram identificados em 100% dos pesquisados. Este fato mostra a vulnerabilidade dos pacientes internados. Os diagnósticos foram: ―risco de perfusão tissular cardíaca diminuída‖, ―risco de perfusão tissular periférica ineficaz‖, ―risco de infecção‖, ―risco de quedas‖ e ― risco de trauma vascular‖. Estes diagnósticos sugerem o risco de ocorrência de problemas ainda não instalados, mas que podem vir a se tornar em problemas reais. Assim, as informações relacionadas aos fatores de risco para o paciente são relevantes, a enfermagem deve a partir dos diagnósticos, adotar medidas preventivas e protetoras na fase de intervenção. Considerando a segurança de pacientes sob responsabilidade do enfermeiro, o diagnóstico ―risco de quedas‖ sempre deve ser avaliado e intervenções são necessárias por parte da enfermagem e da instituição, desde o apoio mediante recursos físicos adequados, como também modificações no ambiente, relativas ao posicionamento dos leitos e objetos presentes nas enfermarias, pois observou-se na pesquisa a predominância de idosos hipertensos com DCV. Estes, por sofrerem alterações fisiológicas e funcionais em decorrência do envelhecimento e até mesmo por efeitos de drogas prescritas, estão mais propensos aos pequenos acidentes ou quedas. Com relação aos diagnósticos de promoção da saúde, foram identificados dois diagnósticos: ―disposição para autocontrole da saúde melhorado‖ e ―disposição para enfrentamento melhorado‖, isto remete à motivação de pacientes para o enfrentamento e controle das doenças, e a busca para a integração de um regime terapêutico à sua condição de vida e de saúde (HERDMAN, 2013). Observou-se que o domínio 4 Atividade /Repouso, foi o domínio com maior número de diagnósticos de enfermagem identificados, tendo sido encontrados 62 14 diagnósticos. Por serem pacientes com DCV, as atividades diárias e o autocuidado são as áreas geralmente mais comprometidas nestes pacientes, que se apresentam em comum incapacitados fisicamente. Além disso, este domínio inclui a classe de respostas cardiovasculares e pulmonares, portanto acredita-se que esses fatores determinaram a maior concentração dos diagnósticos neste domínio. A amostra foi composta pela maioria de pessoas idosas, com média de 63 anos, que pode ter contribuído também para a predominância de diagnósticos do domínio 4. As doenças cardiopulmonares são as mais prevalentes entre idosos, quando descompensadas podem gerar alterações nas respostas humanas que envolvem sono/repouso, atividade/exercício, equilíbrio de energia, respostas cardiovasculares e autocuidado, que são fenômenos envolvidos no domínio atividade/repouso (GUEDES et al., 2010). No domínio 4, atenta-se ainda para os diagnósticos de ―Déficit do autocuidado‖, que envolvem banho, alimentação e vestir-se, tendo sido todos encontrados na amostra, demonstrando o quanto os pacientes encontram-se debilitados para a realização de cuidados simples. O autocuidado deve ser incentivado, dentro das condições clínicas de cada paciente. Achado semelhante foi encontrado em 100% de pacientes internados em unidade coronariana por complicação da HAS, em que todos tiveram o diagnóstico de déficit de autocuidado (MUNIZ FILHA, 2007). A seguir são apresentados os 16 diagnósticos de enfermagem que atingiram o percentil 50, as características definidoras e fatores relacionados utilizados para a determinação destes diagnósticos. 63 Quadro 5- Diagnósticos de enfermagem, características definidoras e fatores relacionados (diagnósticos presentes acima do percentil 50) Diagnóstico de enfermagem Características definidoras Estilo de vida sedentário Escolhe rotina diária Fatores relacionados sem Conhecimento deficiente sobre os exercícios físicos; demonstra falta benefícios que a atividade física de condicionamento físico. traz à saúde; falta de interesse; falta de recursos (ex. tempo, dinheiro, estrutura) Autocontrole ineficaz da saúde Expressão de dificuldades com Barreiras percebidas; regime prescrito; Escolhas na vida Complexidade diária ineficazes para atingir metas terapêutico; de saúde; Falha em incluir regimes conhecimento do regime Déficit de de tratamento à vida diária. Nutrição desequilibrada: mais do Peso 20% acima do ideal para Ingestão excessiva em relação à que as necessidades corporais altura e compleição; atividade física; ingestão excessiva em relação ao gasto calórico. Padrão de sono prejudicado Débito cardíaco diminuído Insatisfação com o sono; mudança Falta de privacidade/controle do no padrão normal do sono; relatos sono; de dificuldade para dormir; relatos terapêuticos, de ficar acordado; relatos de não exames laboratoriais; iluminação; se sentir bem descansado. ruídos. Arritmias; bradicardia; taquicardia; Contratilidade alterada; frequência palpitações; cardíaca alterada; ritmo alterado. dispneia; ortopnéia; interrupções(p.ex.motivos monitoramento, fadiga; edema. Intolerância à atividade Desconforto aos esforços; dispneia Desequilíbrio entre a oferta e a aos esforços; relato de fadiga; demanda de oxigênio. relato de fraqueza. Risco de perfusão tissular cardíaca Não há Fatores de risco: Cirurgia cardíaca; diminuída diabetes melito; hipertensão; história familiar de doença da artéria coronariana. Risco de perfusão tissular Não há Fatores de risco: Estilo de vida periférica ineficaz sedentário; hipertensão; idade > 60 anos; diabetes melito. Conhecimento Deficiente Seguimento inadequado de Interpretações instruções; verbalização do informações; falta de exposição à problema. errôneas de informações; falta de interesse em aprender; limitação cognitiva. 64 Ansiedade Afetivas: angustia, incerteza, Ameaça ao estado de saúde; irritabilidade, medo, preocupação; crises situacionais; preocupações Comportamentais: nervosismo devido a mudanças em eventos da vida. Tristeza crônica Relato de sentimentos expressos Crises no controle da doença; de tristeza experiência de doença crônica; experiência de incapacidade crônica. Risco de infecção Fatores de risco: Aumento da exposição à patógenos; rompida; tecido pele traumatizado; procedimentos invasivos. Integridade da pele prejudicada Destruição de camadas da pele; Fatores mecânicos; medicamentos. invasão de estruturas do corpo; rompimento da superfície da pele. Risco de trauma vascular Fatores de risco: duração do tempo de inserção; largura do cateter; local de inserção. Dentição prejudicada Ausência de dentes; dentes desgastados; dentes estragados; Barreiras ao autocuidado; falta de acesso a cuidados profissionais. dor de dente; falta de alguns dentes. Dor aguda Relato verbal de dor; evidência Agentes lesivos (biológicos, físicos, observada de dor. fisiológicos) O Quadro 5 apresenta as características definidoras e fatores relacionados encontradas nos pacientes hipertensos com DCV. Nos diagnósticos acima do percentil 50, foram observadas 41 características definidoras, que fundamentaram a determinação dos diagnósticos de enfermagem, e 30 fatores relacionados aos diagnósticos. Observou-se para os 4 diagnósticos de risco, 15 fatores de risco. Para contribuir e elaborar a resposta diagnóstica, o enfermeiro deve ancorar seu julgamento clínico nas características definidoras e nos fatores relacionados (GUEDES et al., 2010). Por meio das características definidoras o enfermeiro estabelece o diagnóstico, e os confirma mediante fatores relacionados. 65 As características definidoras são indícios ou evidências passíveis de observação. Estes indícios são os indicadores, sinais e sintomas manifestados pelo paciente. São como peças chave para completar o diagnóstico (ALFARO-LEFREVE, 2010). Corroborando, autores relatam que o conjunto de sinais e sintomas identificados a partir da avaliação clínica se constitui nas características definidoras, estas asseguram a presença de um determinado diagnóstico de enfermagem (ALITI et al., 2011). Já os fatores relacionados constituem a etiologia do problema. Formam o conjunto de fatores fisiológicos, psicológicos, socioculturais, ambientais ou espirituais que possam estar causando uma reação no indivíduo (FAVA et al., 2010; TANURE; GONÇALVES, 2009). A partir dos fatores relacionados podem ser sugeridas intervenções ao cliente, em virtude de serem contribuintes para a ocorrência do diagnóstico selecionado. Observou-se que o diagnóstico ―Débito cardíaco diminuído‖ apresentou o maior número de características definidoras, ou seja, mais sinais e sintomas relativos a este diagnóstico foram manifestados pelos pacientes, possibilitando a inferência deste. Estudo buscando identificar sinais e sintomas de pacientes com IC descompensada, para detectar os diagnósticos de enfermagem prioritários, identificou as seguintes características definidoras principais: dispnéia, dispnéia paroxística noturna, ortopnéia, cansaço, distensão da veia jugular e edema. Estes indícios levaram aos diagnósticos prioritários ―débito cardíaco diminuído‖ e ―volume de líquidos excessivo‖(ALITI et al.,2011), corroborando com nosso estudo. Os diagnósticos de enfermagem ―Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais‖ e ―Tristeza crônica‖ tiveram apenas uma característica definidora para a escolha do diagnóstico. Considera-se que este fato se deu por limitações do instrumento de coleta de dados, observadas durante a fase de análise dos dados. O fator relacionado ―desequilíbrio entre a demanda e oferta de oxigênio‖ do diagnóstico ―Intolerância à atividade‖, foi o único observado para este diagnóstico, entretanto este fator foi encontrado com alta incidência em pacientes infartados, correspondendo a 96,1% (49) dos pacientes estudados por Paiva (2007). 66 Assim como no presente estudo, a característica definidora ―relato verbal de dor‖ e o fator relacionado ―agentes lesivos‖, para a inferência do diagnóstico de ―Dor aguda‖, foram observados conjuntamente por outros autores. Fortes (2007) encontrou percentuais de 80,7% para a característica definidora e 82,5% para o fator relacionado, em amostra de 57 pacientes. Ressalta-se que, quase o total destas características e fatores relacionados foram também documentado em outros estudos, demonstrando que os resultados apontaram sinais e sintomas dos pacientes condizentes com a literatura produzida. Os 16 diagnósticos que atingiram o percentil 50 de ocorrência nos pacientes, foram analisados com mais aprofundamento e estão relacionados a seguir. 67 Quadro 6- Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50, em pessoas hipertensas com doenças cardiovasculares. Fortaleza- CE, 2012 Domínios Diagnósticos de Enfermagem 1-Promoção da saúde Estilo de vida sedentário Autocontrole ineficaz da saúde Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais 82 78 60 78,1 74,2 57,1 Padrão de sono prejudicado Débito cardíaco diminuído Intolerância à atividade Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída Risco de perfusão tissular periférica ineficaz Conhecimento deficiente Ansiedade Tristeza crônica Risco de infecção Integridade da pele prejudicada Risco de trauma vascular Dentição prejudicada Dor aguda 61 69 76 105 105 70 55 58 103 76 65 90 57 58,1 65,7 72,3 100,0 100,0 66,6 52,3 55,2 98,1 72,3 61,9 85,7 54,2 2-Nutrição 4-Atividade/ Repouso 5-Percepção/ Cognição 9-Enfrentamento/ Tolerância ao estresse 11-Segurança/Proteção 12- Conforto O Quadro 6 f % apresenta os 16 diagnósticos acima do percentil 50, distribuídos por domínios, frequências simples e percentual em relação a amostra. Estes diagnósticos foram analisados com mais aprofundamento. O diagnóstico Estilo de vida sedentário encontrado em 82 (78,1%) pacientes da amostra, tem por definição ―hábito de vida que se caracteriza por um baixo nível de atividade física‖ (HERDMAN, 2013, p.208). O sedentarismo é considerado um dos principais fatores de risco para as DCV, e deve ser observado no tratamento das doenças cardíacas. Observa-se, entretanto, que pacientes idosos e com quadro de insuficiência cardíaca ou infarto, têm restrições e dificuldades para manter atividades físicas, este fato pode ter contribuído para este resultado elevado. Estudo recente observou sedentarismo em 86,8% de pacientes com doenças coronarianas, sendo este o fator de risco mais prevalente (LEMOS et al., 2010). Este diagnóstico foi estabelecido também em 28,07% dentre 57 pacientes internados por angina instável (FORTES, 2007). Com relação à HAS, a realização de exercícios físicos promove reduções da PA estando indicados para a prevenção e tratamento da doença (DIRETRIZES, 2010). Contudo, estudos ao longo dos anos revelam a elevada proporção de sedentarismo entre hipertensos. 68 O estilo de vida sedentário contribui para o aumento de peso e obesidade. São bem conhecidos os benefícios da prática de exercícios e atividade física regulares. Conforme Kaplan e Victor (2012) a realização de exercícios físicos por 30 minutos, de 4 a 7 dias por semana, reduz bastante a PA e o risco de complicações cardiovasculares. Este diagnóstico levantado induz ao enfermeiro encontrar estratégias de adesão, por parte dos pacientes, a mudanças no seu estilo de vida e realização de exercícios de acordo com sua condição clínica. O diagnóstico Autocontrole ineficaz da saúde que esteve presente em 78(74,2%) dos pacientes, é definido por ―padrão de regulação e integração à vida diária de um regime terapêutico para tratamento de doenças e suas sequelas que é insatisfatório para alcançar as metas específicas de saúde‖ (HERDMAN, 2013,p.209). O autocontrole ineficaz da saúde pode demonstrar a causa para a rehospitalização pelas doenças cardiovasculares e relacionar-se com a falta de adesão ao tratamento da HAS ou das próprias DCV, por parte dos pacientes. Considera-se que a presença, na amostra, de fatores de risco como sedentarismo, tabagismo, etilismo e IMC elevado, tem relação com o autocontrole insatisfatório da saúde e infere o controle inadequado do regime terapêutico. Manter o regime terapêutico rigoroso não têm sido tarefa fácil para portadores de HAS como mostram estudos, gerando complicações da doença. A adesão ao tratamento envolve a percepção do doente sobre seu estado de saúde e a participação na construção do esquema terapêutico, além da persistência e engajamento do paciente (COUTINHO; SOUSA, 2011). Comparando este estudo com outros, autores encontraram a presença deste diagnóstico entre 41(20,9%) de 196 pacientes idosos, demonstrando não ser um percentual elevado, mas que também caracterizou os pacientes (SANTOS et al., 2008). Com base neste diagnóstico, mostra-se necessário maior atenção do enfermeiro no cuidado clínico de pacientes com DCV, diante das respostas do paciente que demandam dificuldade em manter o controle da doença, havendo necessidade de intervenções de enfermagem de ensino e educação sistemática, que preencham as lacunas nas orientações de saúde e possam colaborar no controle cardiovascular. 69 O diagnóstico Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades corporais significa ―ingestão de nutrientes que excede as necessidades metabólicas‖ (HERDMAN,2013, p. 232), foi verificado em 60 (57,1%) pacientes da amostra. Este diagnóstico revelou que mais da metade da amostra apresentava sobrepeso, devendo ser incentivada a perda de peso e sugerido um plano alimentar saudável para pacientes hipertensos com DCV. Pesquisa semelhante demonstrou em pacientes com complicações da HAS, que 60% apresentaram este diagnóstico (MUNIZ FILHA, 2007). Perdas de peso e redução da circunferência abdominal correlacionam-se com redução da PA e melhora de alterações metabólicas associadas. Foi demonstrado que manter o IMC abaixo de 25 kg/m2, preveniu em 40% o desenvolvimento de HAS em mulheres (DIRETRRIZES, 2010). O ganho de peso associa-se ao sedentarismo e a hábitos alimentares inadequados. O enfermeiro deve desencorajar comportamentos alimentares inapropriados nestes pacientes e considerar intervenções efetivas como monitorar o peso dos pacientes e orientar dieta de acordo com as possibilidades e costumes alimentares do paciente. Ressalta-se que o controle de peso deve ser incentivado na população em geral, e não somente nos pacientes diagnosticados com hipertensão arterial ou DCV, como forma de prevenção de doenças. O diagnóstico Padrão de sono prejudicado conforme Herdman (2013, p.275) tem por definição, ―interrupções da quantidade e da qualidade do sono, limitadas pelo tempo, decorrentes de fatores externos‖. O diagnóstico foi manifestado por 61(58,1%) pacientes. As mudanças sofridas estão relacionadas ao ambiente, ao leito para repouso, a presença da doença e preocupação com a saúde que são fatores que interferem na qualidade do sono. O comprometimento do sono ou repouso do paciente pode desencadear o estresse, a irritabilidade e a sonolência no período diurno. O paciente torna-se ansioso por ter alta hospitalar, para ter maior conforto em domicílio, como foi relatado por participantes da pesquisa. Autores relataram achados condizentes com esta pesquisa, em que 68,2% dos pacientes apresentaram padrão de sono prejudicado. Referem que a iluminação, as mudanças do ambiente, o hábito e posição de sono, ruídos e temperatura comprometem o sono dos pacientes (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006). 70 Modificações no padrão de sono alteram o balanço homeostático, com repercussões sobre a função psicológica, sistema imunológico, resposta comportamental, humor, performance e habilidade de adaptação (GUEDES et al., 2010). Observou-se ainda no presente estudo alguns pacientes que necessitavam medicamentos para dormir e outros que referiram insônia. Sintomas como dispneia, dor, taquicardia entre outros manifestados pelos pacientes cardiopatas, foram identificados como prejudiciais para o sono e repouso. O diagnóstico Débito cardíaco diminuído foi determinado em 69 (65,7%) participantes. É definido como ―quantidade insuficiente de sangue bombeado pelo coração para atender às demandas metabólicas corporais‖ (HERDMAN,2013,p. 290). Este diagnóstico era esperado para amostra visto que são pacientes com comprometimento da função cardíaca. Estes pacientes frequentemente manifestam sintomas de má perfusão cardíaca, devido a incapacidade do coração manter um débito cardíaco suficiente para satisfazer as necessidades teciduais de oxigenação (PEREIRA et al., 2011) . Os dados encontrados nesta pesquisa concordam com os resultados de pesquisas científicas na enfermagem relacionadas às DCV. Autores identificaram débito cardíaco diminuído em 60% de pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca (CRUZ; LOPES, 2010). Em pacientes hipertensos com complicações cardiovasculares, foi observado em 100% da amostra (MUNIZ FILHA, 2007). Este diagnóstico foi verificado como diagnóstico de enfermagem prioritário na avaliação de 303 pacientes com IC descompensada em virtude de sintomas manifestados (ALITI, 2011). O diagnóstico Intolerância à atividade é definido como ―energia fisiológica ou psicológica insuficiente para suportar ou completar as atividades diárias requeridas ou desejadas‖ (HERDMAN, 2013, p. 292). Esteve presente em 76 (72,3%) pacientes, estando relacionado principalmente à incapacidade dos pacientes para atividades, devido principalmente ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio. Os pacientes ao desempenharem atividades simples como caminhar, relataram fraqueza, dispneia, falta de ar, dor precordial entre outros. Corroborando, estudo demonstrou a presença deste diagnóstico em 49,1% de pacientes (FORTES,2007). 71 As doenças cardíacas reduzem a oxigenação dos tecidos, diminuindo assim a energia necessária para desempenhar atividades como a prática de atividade física, autocuidado, cuidados com o lar entre outras (GUEDES et al.,2010), desta forma provocam respostas nos pacientes compatíveis com este diagnóstico. Destaca-se que a HAS por si só é uma doença incapacitante, sua cronicidade implica no comprometimento cardíaco, levando o indivíduo a limitações na realização de atividades. Conforme Fortes (2007) a HAS provoca a aceleração de aterosclerose nas artérias, diminuindo a luz dos vasos, além de provocar o desgaste da elasticidade vascular, por isso tem relação com o diagnóstico de intolerância à atividade. O enfermeiro ante ao cuidado clínico de paciente com este diagnóstico implementará intervenções dentro da sistematização da assistência, que deverão auxiliar o indivíduo a não desperdiçar energia desnecessária. Seu plano de cuidados poderá ser orientado para a manutenção de repouso, redução do esforço físico e para o suporte de oxigenoterapia quando necessário. Os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída definido por ―risco de redução na circulação cardíaca (coronária) que pode comprometer a saúde‖ (HERDMAN, 2013, p. 298) e Risco de perfusão tissular periférica ineficaz foram encontrados 105 (100,0%) dos participantes. É definido por ―risco de redução na circulação sanguínea periférica, que pode comprometer a saúde‖ (HERDMAN, 2013, p. 302). Os dois diagnósticos têm entre os fatores de risco a hipertensão e doenças cardíacas, desta forma foram considerados para toda a amostra. O diagnóstico Conhecimento deficiente significa a ―ausência ou deficiência de informação cognitiva relacionada a um tópico específico‖ (HERDMAN, 2013, p. 329) . Foi estabelecido para 70 (66,6%) dos pacientes nesta pesquisa. Este diagnóstico refere-se a informações incompletas, incorretas ou a ausência de informação sobre aspectos necessários no processo saúde-doença. Envolve, além disso, a compreensão de informações, o conhecimento que o paciente possui a capacidade de aprendizagem e o processo de pensar (FAVA et al.,2010). O conhecimento deficiente dos pacientes foi demonstrado tanto para a HAS como para as DCV. Os pacientes demonstraram dificuldade em responder o que é Hipertensão e/ou a sua doença cardiovascular presente, e muitos verbalizaram não saber o significado das doenças. 72 Pesquisa com pacientes com DCV em pré-operatório, demonstrou conhecimento deficiente em 76,5%(13) dos pacientes (GALDEANO; ROSSI; PEZZUTO, 2004). Corroborando, estudo com pacientes hipertensos revelou o déficit de conhecimento acerca da HAS embora pacientes tenham recebido algum tipo de informação em unidades de saúde. Supõe-se que as orientações não são efetivamente compreendidas, além disso, os pacientes possuem crenças associadas a conceito parcial da doença que interferem na adesão ao tratamento (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008). No entanto, encontrou-se estudo em que pacientes hospitalizados por doenças cardiovasculares não manifestaram de forma significativa este diagnóstico, apenas 6,7%(2) dos pacientes (PEREIRA et al., 2011). O diagnóstico Ansiedade tem por definição ―vago e incômodo sentimento de desconforto ou temor, acompanhado por resposta autonômica (a fonte é frequentemente não específica); sentimento de apreensão causado pela antecipação de perigo. É um sinal de alerta que chama a atenção para um perigo iminente e permite ao indivíduo tomar medidas para lidar com a ameaça‖ (HERDMAN, 2013, p. 404). O acometimento por doenças cardiovasculares ocasiona sinais e sintomas emocionais associados ao medo da morte e da dor, que favorecem a ansiedade. Esta pode agravar o estado clínico do paciente e predizer eventos cardiovasculares inesperados (PEREIRA et al., 2011) Dentre a amostra, 55 (52,3%) pacientes manifestaram ansiedade. A ansiedade relaciona-se a angústia, preocupação excessiva e a apreensão, dada a gravidade das doenças cardiovasculares. Somando-se a isso, não possuir informações sobre o futuro e as condutas a serem tomadas, geram no paciente esta resposta. Pacientes na pesquisa foram submetidos à cirurgia, assim outros estudos com pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca demonstraram este diagnóstico, correspondendo a 20 (100%) da amostra (CRUZ; LOPES, 2010) . Outra pesquisa semelhante encontrou a ansiedade em 15 (68,2%) pacientes (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006). O diagnóstico Tristeza crônica é definido por ―padrão cíclico, recorrente e potencialmente progressivo de tristeza disseminada, vivenciada (por pai/mãe, cuidador ou indivíduo com doença crônica ou deficiência) em resposta à perda 73 contínua, ao longo da trajetória de uma doença ou deficiência‖ (HERDMAN, 2013, p. 448) . Este diagnóstico foi observado em 58 (55,2%) pacientes. Em virtude da cronicidade da doença, que envolve preocupações constantes com o controle da PA, da alimentação e controle cardiovascular, os pacientes revelam tristeza e insatisfação com o diagnóstico da doença e com as mudanças necessárias no estilo de vida. Por outro lado, a internação hospitalar ocasiona no paciente medo e sofrimento, entre outros sentimentos. Adoecer do coração, na maioria das vezes, desencadeia sofrimento emocional vinculado ao medo da invalidez, do desconhecido, da solidão, da morte, como também a tristeza excessiva ou a depressão. O paciente em muitos casos conviverá com a doença cardíaca por muitos anos. Este diagnóstico foi observado em 23 (76,6%) de pacientes hipertensos hospitalizados (MUNIZ FILHA, 2007), entretanto em somente 2 (6,7%) indivíduos hospitalizados com DCV (PEREIRA et al., 2011). Risco de infecção é definido por ―risco de ser invadido por organismos patogênicos‖ (HERDMAN, 2013, p. 485). O diagnóstico foi encontrado em 103 (98,1%) indivíduos. O risco de infecção está associado a fatores inerentes ao tratamento cardíaco como a presença de vias invasivas, terapia medicamentosa, procedimentos invasivos para diagnósticos médicos, realização de cirurgia, condições clínicas do paciente, bem como tem relação com a permanência hospitalar. Em estudo realizado por Paiva (2007) o diagnóstico foi detectado em 51 (100%) de pacientes hospitalizados que sofreram infarto. Atenta-se para o fato deste diagnóstico não ter tido muita representatividade em outras pesquisas envolvendo as doenças do coração. Porém, no presente estudo muitos pacientes foram submetidos a cateterismo cardíaco, alguns pacientes à cirurgia cardíaca, e praticamente toda a amostra realizou terapia medicamentosa intravascular, estando exposta ao risco de contrair microrganismos infecciosos. Observa-se que a enfermagem com base neste diagnóstico deve implementar prioritariamente a lavagem das mãos como forma de prevenção, orientar e cobrar ações preventivas da equipe, bem como orientar o próprio 74 paciente, em virtude do ambiente e exposição à patógenos. As questões de higiene do paciente também devem ser observadas por estarem ligadas à infecção. O diagnóstico Integridade da pele prejudicada é definido por ―epiderme e/ou derme alteradas‖ (HERDMAN,2013, p.494). É referente a alterações adversas da pele e foi encontrado em 76 ( 72,3%) dos pacientes. Os fatores identificados para o diagnóstico risco de infecção supracitado têm intrínseca relação com este diagnóstico, em virtude de procedimentos realizados provocarem alterações nas camadas e estruturas da pele. Desta maneira a realização de procedimentos invasivos favoreceu a ocorrência deste diagnóstico, assim como lesões do tipo úlceras por pressão, também observada ao exame físico. Este diagnóstico foi também demonstrado em outras pesquisas. Muniz Filha (2007) referiu este diagnóstico em 90%(27) dos pacientes estudados. Santos et al. (2008) observou o risco para este diagnóstico em pacientes idosos, referindo que apresentam alterações tegumentares decorrentes do próprio envelhecimento fisiológico, como ressecamento da pele, diminuição do tecido adiposo e fibras elásticas. Logo, é condizente com o estudo, visto que na amostra houve maior número de idosos. Risco de trauma vascular é definido por ―risco de dano a veia e tecidos ao redor, relacionado à presença de cateter e/ou soluções infundidas‖ (HERDMAN,2013, p. 515). Foi identificado em 65 (61,9%) dos pacientes. Este diagnóstico é importante para o enfermeiro implementar cuidados na prevenção de flebite e infecção no paciente, entretanto não foi observado em estudos científicos de diagnósticos. O diagnóstico Dentição prejudicada conforme Herdman (2013, p.491) é definido como ―distúrbios nos padrões de desenvolvimento/erupção dentária ou na integridade estrutural dos dentes de um indivíduo‖. Foi encontrado em um elevado percentual dos pacientes, equivalente a 90 (85,7%) pesquisados. Este valor considera-se ter relação com as características sociodemográficas dos participantes, quais sejam baixa escolaridade e renda. Estas variáveis estudadas influenciam no nível de cuidado do paciente com a dentição e no acesso a serviços de saúde. 75 Por outro lado, a idade dos pacientes pode fortalecer a presença deste diagnóstico, já que eram pessoas idosas na maioria. A dentição se modifica com o avanço da idade, ocorre a perda dos dentes ou a dentição se desgasta. Infere-se que a dentição comprometida pode relaciona-se ao déficit de higiene oral e ao acesso de serviços de saúde bucal. A perda dos dentes influencia tanto em questões psicológicas, comprometendo a estética, quanto em questões de saúde em geral, devido as suas funções de mastigação, digestão e devido a doenças na cavidade oral (MOURA, 2010). O diagnóstico Dor aguda é descrito como ―experiência sensorial e emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão; início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, com término antecipado ou previsível e duração de menos de seis meses‖ ( HERDMAN, 2013, P. 548) O diagnóstico foi observado em 57 (54,2%) pessoas, pouco mais da metade da amostra, sendo relatado em sua maioria por pacientes acometidos por IAM ou DAC. Muitos pacientes não identificados com este diagnóstico, encontravam-se medicados com analgésico e medicações específicas do tratamento que aliviam a dor, ou não relataram dor em decorrência da doença presente. Entretanto observou-se que pacientes em uso de medicações para o controle da dor, ainda referiram o problema. A dor aguda foi observada em pacientes com dor precordial, cefaleia, dor em áreas do corpo como membros inferiores, superiores, costas, região do tórax nos casos de pós-operatório e dor na musculatura. Este diagnóstico foi observado em vários estudos com pacientes com DCV. Fortes (2007) relatou em 47 (82,5%) pacientes de sua amostra. Pereira et al. (2011) observou em 21 (70%) de pacientes hospitalizados com doenças vasculares. Estes autores referem que a dor é um diagnóstico importante a ser evidenciado na prática clínica, considerando sua complexidade biopsicossocial. A dor pode ser um sintoma de alterações fisiológicas e/ou orgânicas, ou um sinal do estado clínico do paciente. Exige do enfermeiro cuidados imediatos, por sua capacidade de piora do quadro clínico e por sua repercussão em todo o processo de recuperação. Os diagnósticos de enfermagem identificados revelam fenômenos nos pacientes que auxiliam o enfermeiro a elaborar o planejamento de ações, 76 intervenções e avaliação de resultados. Por meio da proposição dos diagnósticos, percebe-se o nível de cuidados exigidos e a gama de intervenções que são necessárias ante aos pacientes hipertensos com doenças cardiovasculares. A seguir apresentam-se os diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50, encontrados na pesquisa, distribuídos por sexo e faixa etária. 77 TABELA 3: Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis sociodemográficas sexo e faixa etária. Fortaleza- CE,2012. Diagnósticos de Enfermagem Risco de Perfusão Tissular Cardíaca Diminuída Risco de Perfusão Tissular Periférica Ineficaz Risco de Infecção Integridade da Pele Prejudicada Dentição Prejudicada Estilo de Vida Sedentário Risco de trauma vascular Intolerância à atividade Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades corporais Autocontrole ineficaz da saúde Sexo F M 44 61 (100,0%) (100,0%) p=0,020 p=0,020 44 61 (100,0%) (100,0%) p=0,020 p=0,020 44 59 (100,0%) (96,7%) P=0,138 0,138 34 42 (77,3%) (68,9%) p=0,341 p=0,341 38 52 (86,4%) (85,2%) p=0,872 p=0,872 34 48 (77,3%) (78,7%) p=0,863 p= 0,863 30 35 (68,2%) (57,4%) p=0,261 p=0,261 35 41 (79,5%) (67,2%) p=0,163 p=0,163 30 30 (68,2%) (49,2%) p=0,52 p=0,52 30 48 (68,2%) (78,7%) p=0,224 p=0,224 29-59 34 (100,0%) p=0,744 34 (100,0%) 0,744 34 (100,0%) 0,141 25 (73,5%) p=0,640 21 (61,8%) p<0,0001 27 (79,4%) p=0,863 19 (55,9%) p=0,435 27 (79,4%) p=0,203 22 (64,7%) p=0,534 26 (76,5%) p=0,314 Faixa etária 60-69 40 (100,0%) p=0,744 40 (100,0%) p=0,744 38 (95%) p=0,141 27 (67,5%) p=0,640 38 (95,0%) p<0,0001 30 (75,0%) p=0,828 24 (60,0%) p=0,435 27 (67,5%) p=0,203 22 (55,0%) p=0,534 32 (80,0) p=0,314 70-90 31 (100,0%) p=0,744 31 (100,0%) p=0,744 31 (100,0%) p=0,141 24 (77,4%) p=0,640 31 (100,0%) p<0,0001 25 (80,6%) p=0,828 22 (71,0%) 0,435 24 (77,4%) p=0,203 16 (51,6%) p=0,534 20 (64,5%) p=0,314 78 Continuação: TABELA 3: Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis sociodemográficas sexo e faixa etária. Fortaleza- CE,2012. Diagnósticos de Enfermagem Conhecimento Deficiente Ansiedade Padrão de sono prejudicado Débito cardíaco diminuído Dor aguda Tristeza crônica Sexo F 31 (70,5%) p=0,484 22 (50,0%) p=0,678 27 (61,4%) p=0,564 30 (68,2%) p=0,651 25 (56,8%) p=0,658 29 (65,9%) p=0,062 M 39 (63,9) p=0,484 33 (54,1%) p=0,678 34 (55,7%) p=0,564 39 (63,9) p=0,651 32 (52,5%) p=0,658 29 (47,5%) p=0,062 29-59 19 (55,9%) p=0,103 21 (61,8%) p=0,379 17 (50,0%) p=0,349 24 (70,6%) p=0,069 22 (64,7%) p=0,142 21 (61,8%) p=0,117) Faixa etária 60-69 26 65,0% p=0,103 20 (50,0%) p=0,379 23 57,5% p=0,349 21 (52,5%) p=0,069 17 (42,5%) p=0,142 17 (42,5%) p=0,117 70-90 25 (80,6%) p=0,103 14 (45,2%) p=0,379 61 (58,1%) p=0,349 24 (77,4%) p=0,069 18 (58,1%) p=0,142 20 (64,5%) p=0,117 79 A Tabela 3 expõe os diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 encontrados na pesquisa, de acordo com os dados sociodemográficos sexo e faixa etária. São apresentados na tabela os valores absolutos de cada diagnóstico identificado na amostra e o seu percentual em relação ao total de cada variável. No grupo amostral os diagnósticos mais prevalentes foram: Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, Dentição prejudicada e Estilo de vida sedentário. Além desses, as mulheres apresentaram com maior prevalência Integridade da pele prejudicada, e Intolerância à atividade, e os homens Autocontrole ineficaz da saúde. Entretanto com relação ao sexo, observou-se associação estatística significativa somente entre esta variável sexo e os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída, onde p=0,020. Acredita-se que os homens procuram menos os serviços de saúde e são mais resistentes em seguir regimes terapêuticos. Isso ocorre em razão de serem os provedores do lar, trabalharem mais fora de casa do que as mulheres, disponibilizando menos tempo para cuidados com a saúde, e o horário de funcionamento dos centros de saúde. Além disso, existem as questões culturais, que ainda permeiam a sociedade, de que os homens não adoecem e não necessitam de cuidados. Desta forma o diagnóstico Autocontrole ineficaz da saúde predominou no sexo masculino. As mulheres, por sua vez demonstraram maior Intolerância à atividade. Estudo verificou que as pessoas do sexo feminino têm cerca de três vezes mais chances de desenvolver Intolerância à atividade, em razão, possivelmente do comprometimento cardíaco ser mais grave entre as mulheres, e, além disso, as mulheres apresentam-se mais frágeis que os homens e com estrutura física menos favorável (FORTES, 2007). Com relação à variável faixa etária, sabe-se que a pressão arterial sistólica aumenta progressivamente com o avanço da idade, sendo que pessoas idosas com hipertensão correm maior risco de desenvolver doença cardiovascular (KAPLAN,VICTOR, 2011). Desta forma em virtude da amostra ser predominante de 80 idosos, considera-se a importância da idade como contribuinte para a prevalência dos diagnósticos a partir da faixa de 60 anos. Na faixa etária de 29-59 anos, correspondente a 34 pacientes, os diagnósticos com maior percentual foram os diagnósticos de Risco citados, além de Estilo de vida sedentário, Intolerância à atividade e Autocontrole ineficaz da saúde, entretanto não houve associação estatística significante entre estes diagnósticos e a variável idade descrita nesta faixa etária. Na faixa de 60-69 anos, equivalente a 40 pacientes, predominaram os três diagnósticos de Risco, Autocontrole ineficaz da saúde, Dentição prejudicada e Estilo de vida sedentário, porém não se observou significância estatística entre eles. Já para a faixa de 70-90, correspondente a 31 pacientes, observou-se mais prevalentes os diagnósticos de Risco e ainda os diagnósticos: Integridade da pele prejudicada, Dentição prejudicada, Estilo de vida sedentário, Risco de trauma vascular, Intolerância à atividade, Conhecimento deficiente e Débito cardíaco diminuído. Esta faixa etária, de pessoas a partir de 70 anos, foi a mais acometida com esses diagnósticos, pois na velhice os pacientes sofrem mais com alterações fisiológicas, psicológicas e orgânicas em razão da idade mais avançada. A compreensão e a capacidade física também ficam mais comprometidas, tornandolhes mais vulneráveis. Estudo semelhante a este,demonstrou a presença destes diagnósticos em pacientes idosos hospitalizados: Dentição prejudicada em 35% dos pacientes, Risco de infecção em13%, Integridade da pele prejudicada em 16%, Intolerância à atividade em 5% e Débito cardíaco diminuído em 5% destes pacientes (Sousa et al., 2010). Autores referem que a idade apresenta-se associada à hipertrofia ventricular esquerda e fibrose do miocárdio em pacientes com HAS e IC esquerda. Essa associação ocasiona o processo de remodelação ventricular ao longo do tempo que se caracteriza pela dilatação do ventrículo esquerdo e afinamento das paredes ventriculares favorecendo à DCV (ROLANDE et al., 2011). Ao mesmo tempo favorecem à diminuição do débito cardíaco e colabora para a intolerância à atividade. Observa-se a prevalência do diagnóstico Conhecimento deficiente em 80,6% das pessoas de 70-90 anos. Acredita-se que o conhecimento deficiente dos pacientes sobre as doenças e sua condição de saúde pode estar associado a 81 variáveis presentes na amostra como baixa escolaridade e idade avançada, que influenciam na compreensão das doenças. Além disso, associa-se à falta de informações completas e esclarecedoras, que devem ser fornecidas pela equipe de saúde. Autores referem que um dos principais fatores para o controle ineficaz da doença é o conhecimento deficiente acerca da doença, das complicações e do tratamento, que corroboram de forma significativa para a não adesão ao tratamento (FAVA et al.,2010). Comparando os resultados achados na presente pesquisa, autores encontraram mediante análise de prontuários de idosos a existência de diagnósticos também encontrados em nossa pesquisa em que predominaram idosos, Risco de integridade da pele prejudicada (54,1%), Integridade da pele prejudicada (7,6%), Dentição prejudicada (41,3%), Estilo de vida sedentário (60%), Padrão de sono prejudicado (10,2%), Controle ineficaz do regime terapêutico (20,9), Ansiedade (9,2%), dor aguda (18,4%), entre outros (SANTOS et al.,2008). Observa-se na Tabela 3 que, com relação a faixa etária, houve significância estatística somente entre esta variável e o diagnóstico Dentição prejudicada (p<0,0001), que foi verificado com maior percentual nos pacientes de 60 anos ou mais, sendo encontrado em 100% dos pacientes de 70-90 anos e em 95% de pacientes de 60-69 anos. Este fato não foi inesperado, considerando-se a idade e o nível socioeconômico dos participantes, que se acredita concorreu para este resultado. O diagnóstico Dentição prejudicada foi observado em 35% de 66 pacientes idosos hospitalizados (SOUSA et al., 2010). Da mesma forma foi relato em 96,1% de pacientes com IAM (PAIVA, 2007) e em 19,3% de pacientes com angina instável (FORTES, 2007). Entre a variável sexo e os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída observou-se associação estatística significativa (p=0,020). No entanto não encontrou-se pesquisas relacionadas. O diagnóstico Risco de perfusão tissular periférica ineficaz tem entre fatores de risco a hipertensão e a idade acima de 60 anos, além de estar relacionado ao débito cardíaco diminuído. Considera-se que pessoas idosas e sedentárias estão mais propensas à redução do fluxo sanguíneo periférico em 82 função das alterações fisiológicas e da limitação física, que contribui para o sedentarismo. Assim este diagnóstico foi característico de toda a amostra. Destaca-se o diagnóstico Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais que foi verificado com maior predominância entre as mulheres, 68,2% (30) das mulheres tiveram este diagnóstico. Na faixa etária predominou entre 29-59 anos, correspondente a 64,7% dos pacientes nesta faixa. Contudo não houve associação estatística significativa com as varáveis sexo ou idade descrita na faixa etária. Atenta-se que o sobrepeso ou a obesidade são fatores de risco para a infecção, principalmente no período de pós-operatório. O tecido adiposo favorece a processos infecciosos (GALDEANO; ROSSI; PEZZUTO, 2004). Observa-se o risco para os pacientes participantes da pesquisa. 83 TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC, DAC. Fortaleza- CE, 2013. Diagnósticos de Enfermagem Risco de Perfusão T. Cardíaca Diminuída Risco de Perfusão Tissular Periférica Ineficaz Risco de infecção Integridade da pele prejudicada Tempo de diagnóstico HAS IAM IC DAC <1ano 19 (100,0%) p=0,105 1-5 22 (100,0%) p=0,105 6-10 25 100,0% p=0,105 >10 39 100,0% p=0,105 Sim 61 (100,0%) p=0,020 Não 44 (100,0%) p=0,020 Sim 37 (100,0%) p=0,001 Não 68 (100,0%) p=0,001 Sim 25 (100,0%) p=0,001 Não 80 (100,0%) p=0,001 19 (100,0%) p=0,105 22 (100,0%) p=0,105 25 100,0% p=0,105 39 100,0% p=0,105 61 (100,0%) p=0,020 44 (100,0%) p=0,020 37 (100,0%) p<0,001 68 (100,0%) p<0,001 25 (100,0%) p<0,001 80 (100,0%) p<0,001 17 (89,5%) p=0,071 9 (47,4%) p=0,035 22 (100,0%) p=0,071 18 (81,8%) p=0,035 25 (100,0%) p=0,071 21 (84%) p=0,035 39 (100,0%) p=0,071 28 71,8% p=0,035 60 (98,4%) p=0,815 44 (72,1%) p=0,946 43 (97,7%) p=0,815 32 (72,7%) p=0,946 36 (97,3%) p=0,659 29 (78,4%) p=0,311 67 (98,5%) p=0,0659 47 (69,1%) p=0,311 25 (100,0%) p=0,425 17 (68,0%) p=0,575 78 (97,5%) p=0,425 59 (73,8%) p=0,575 84 Continuação TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC, DAC. Fortaleza-CE, 2013. Diagnósticos de Enfermagem Risco de trauma vascular Intolerância atividade à Nutrição desequilibrada: mais do que Autocontrole ineficaz da saúde Conhecimento deficiente Ansiedade Padrão de sono prejudicado Débito Cardíaco diminuído Tempo de diagnóstico HAS <1ano 6 (31,6%) p=0,010 10 (52,6%) p=0,065 12 (63,2%) p=0,411 14 (73,7%) p=0,835 17 (89,5%) p=0,051 11 (57,9%) p=0,407 11 (57,9%) p=0,845 9 (47,4%) p=0,209 1-5 13 (59,1%) p=0,010 17 (77,3%) p=0,065 12 (54,5%) p=0,411 15 (68,2%) p=0,835 16 (72,7%) p=0,051 14 (63,6%) p=0,407 11 (50,0%) p=0,845 16 (72,7%) p=0,209 6-10 20 (80,0%) p=0,010 22 (88,0%) p=0,065 11 (44,0%) p=0,411 20 (80,0%) p=0,835 16 (64,0%) p=0,051 10 (40,0%) p=0,407 15 (60,0%) p=0,845 19 (76,0%) p=0,209 IAM >10 26 (66,7%) p=0,010 27 (69,2%) p=0,065 25 (64,1%) p=0,411 29 (74,4%) p=0,835 21 (53,8%) p=0,051 20 (51,3%) p=0,407 24 (61,5%) p=0,845 25 (64,1%) p=0,209 Sim 38 (62,3%) p=0,923 40 (65,6%) p= 0,066 38 (62,3%) p= 0,209 42 (68,9%) p=0,134 43 (70,5%) p=0,328 33 (54,1%) p=0,678 40 (65,6%) p=0,067 33 (54,1%) p=0,003 IC Não 27 (61,4%) p=0,923 36 (81,8%) p=0,066 22 (50,0%) p= 0,209 36 (81,8%) p=0,134 27 (61,4%) p=0,328 22 (50,0%) p=0,678 21 (47,7%) p=0,067 36 (81,1%) p=0,003 Sim 25 (67,6%) p=0,378 32 (86,5%) p=0,017 20 (54,1%) p= 0,637 30 (81,1%) p=0,240 25 (67,6%) p=0,885 22 (59,5%) p=0,284 19 (51,4%) p=0,302 31 (83,8%) p=0,004 DAC Não 40 (58,8%) p=0,378 44 (67,7%) p=0,017 40 (58,8%) p= 0,637 48 (70,6%) p=0,240 45 66,2% p=0,885 33 (48,5%) p=0,284 42 (61,8%) p=0,302 38 (55,9%) p=0,004 Sim 14 (56,0%) p=0,486 20 (80,0%) p=0,329 13 (52,0%) p= 0,552 20 (80,0%) p=0,454 16 (64,0%) p=0,746 13 (52,0%) p=0,965 16 (64,0%) p=0,493 20 80,0% p=0,085 Não 51 (63,8%) p=0,486 56 (70,0%) p=0,329 47 (58,8%) p= 0,552 58 (72,5%) p=0,454 54 (67,7%) p=0,746 42 (52,4%) p=0,965 45 (56,3%) p=0,49 3 49 (61,3%) p=0,085 85 Continuação TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC, DAC. Fortaleza-CE, 2013. Diagnósticos de Enfermagem Dentição prejudicada Estilo de Vida sedentário Dor aguda Tristeza crônica Tempo de diagnóstico HAS IAM IC DAC <1ano 1-5 6-10 >10 Sim Não Sim Não Sim Não 14 (73,7%) p=0,313 12 (63,2%) p=0,139 6 (31,6%) p=0,031 8 (42,1%) p=0,415 19 (86,4%) p=0,313 20 (90,9%) p=0,139 9 (40,9%) p=0,031 15 (68,2%) p=0,415 21 (84%) p=0,313 18 (72%) p=0,139 16 (64%) p=0,031 14 (56%) p=0,415 36 (92,3%) p=0,313 32 (82,1%) p=0,139 26 (66,7%) p=0,031 21 (53,8%) p=0,415 56 (91,8%) p=0,036 43 (70,5%) p=0,125 32 (52,5%) p=0,658 33 (54,1%) p=0,782 34 (77,3%) p=0,036 39 (88,6%) p=0,125 25 (56,8%) p=0,658 25 (56,6%) p=0,782 27 (73,0%) p=0,006 32 (86,5%) p=0,125 23 (62,2%) p=0,232 24 (64,9%) p=0,143 63 (92,6%) p=0,006 50 (73,5%) p=0,125 34 (50,0%) p=0,232 34 50,0% p=0,143 21 (84,0%) p=0,779 23 (92,0%) p=0,054 19 (76,0%) p=0,013 15 (60,0%) p=0,583 69 (86,3%) p=0,779 59 (73,8%) p=0,054 38 (47,5%) p=0,013 43 (53,8%) p=0,583 86 A Tabela 4 expõe os diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e sua distribuição de acordo com os dados clínicos tempo de diagnóstico de hipertensão (HAS), IAM, IC e DAC. São apresentados na tabela os valores absolutos de cada diagnóstico identificado na amostra e o seu percentual em relação ao total de cada variável. Os resultados demonstram que pacientes com IAM tiveram mais prevalentes os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, Integridade da pele prejudicada, Dentição prejudicada, Conhecimento deficiente e Estilo de vida sedentário. Nos pacientes portadores de IC observou-se a maior predominância dos diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, Integridade da pele prejudicada, Intolerância à atividade, Autocontrole ineficaz da saúde, Débito cardíaco diminuído e Estilo de vida sedentário. Pacientes portadores de DAC apresentaram mais prevalentes também os diagnósticos de risco, Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, além dos diagnósticos Intolerância à atividade, Autocontrole ineficaz da saúde, Débito cardíaco diminuído, Dentição prejudicada e Estilo de vida sedentário. Observou-se que os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída, apresentaram associação estatística com as doenças IAM (p=0,020), IC (p=0,001) e DAC (p<0,001). O comprometimento cardíaco presente nas doenças diminui o aporte sanguíneo para tecidos e câmaras cardíacas, prejudicando assim a perfusão, sendo um risco percebido para doentes cardíacos e hipertensos. O diagnóstico Integridade da pele prejudicada demonstrou distribuição estatística significativa com a variável tempo de diagnóstico de HAS (p=0,035), houve elevado percentual deste diagnóstico para todas as faixas de tempo de HAS, estando mais predominante para pacientes com 6-10 anos de HAS. Da mesma forma Risco de trauma vascular também apresentou significância estatística com relação à variável tempo de HAS (p=0,010), havendo maior predominância para os mesmos pacientes. 87 Intolerência à atividade apresentou associação estatística com IC (p=0,017), 86,5% dos pacientes com IC apresentaram este diagnóstico. Débito cardíaco diminuído quando associado a IC também apresentou significância estatística (p=0,004), 31 (83,8%) pacientes com IC tiveram este diagnóstico. IAM demonstrou significância estatística de distribuição em relação ao diagnóstico débito cardíaco diminuído (p=0,003), 54,1% dos pacientes com IAM manifestaram este diagnóstico. Corroborando, autores observaram a associação entre o diagnóstico Intolerância à atividade e débito cardíaco diminuído com IC. Débito cardíaco diminuído foi manifestado em 56,7% de pacientes hospitalizados com doenças cardiovasculares, sendo o segundo diagnóstico mais comum em pacientes com IC conforme estudos internacionais. Houve 12,6 mais chances de pacientes com IC apresentarem intolerância à atividade e 13,2 mais chances destes pacientes apresentarem débito cardíaco diminuído (PEREIRA et al., 2011). IAM e IC demonstraram associação estatística significativa em relação ao diagnóstico Dentição prejudicada, p=0,036 e p=0,006 respectivamente. Dentre infartados 56(91,8%) tiveram este diagnóstico, assim como foi verificado em 27(73%) pacientes com IC. As variáveis tempo de diagnóstico de HAS e DAC apresentaram associação estatística significativa com o diagnóstico Dor aguda, p=0,031 e p=0,013 respectivamente. Este diagnóstico foi manifestado por 45,6% dos pacientes com mais de 10 anos de HAS e por 76% (19) dos pacientes com DAC. A DAC é uma doença caracterizada por dores precordiais frequentes, assim como a hipertensão pode desencadear a dor torácica em pacientes cardíacos, desta forma considera-se esta associação importante no tratamento e cuidado destes pacientes. Diante destes resultados observou-se que os pacientes independentemente da DCV presente, apresentavam risco de complicações em decorrência do comprometimento cardíaco, não eram capazes de manter o tratamento e o controle da doença incluindo a HAS, apresentavam conhecimentos parciais sobre as doenças ou não compreendiam seu estado de saúde, eram pacientes sedentários e que demonstraram dificuldade aos esforços físicos e com as atividades do dia-a-dia. Contribui para este quadro o tempo de diagnóstico de HAS, a evolução da HAS concorre para complicações e incapacidades. Mesmo sem causar a 88 disfunção cardíaca ou a hipertrofia ventricular, há uma reduzida reserva de fluxo coronariano em hipertensos, resultante da capacidade alterada de vasodilatação (KAPLAN;VICTOR,2012), assim estes pacientes tornam-se mais propensos à dor, a intolerância à atividade, ao débito cardíaco diminuído e perfusão diminuída. Em virtude das síndromes isquêmicas coronarianas e doença arterial coronariana estarem relacionadas à placa aterosclerótica e à baixa perfusão cardíaca, que influenciam no fluxo sanguíneo, é esperado o quadro de não tolerância aos esforços e à presença de dor torácica de origem isquêmica (BAGNATORI et al.,2009), desta forma pacientes neste estudo, em razão da fisiopatologia da DCV presente manifestaram com maior prevalência os diagnósticos relacionados. Observa-se o conhecimento deficiente dos pacientes sobre as doenças, este diagnóstico encontrado apesar de não demonstrar associação estatística significativa, teve alto percentual para todas as variáveis clínicas. Estudo semelhante demonstrou a presença de conhecimento deficiente sobre a doença em 40% de pacientes com IC, alertando para o reconhecimento tardio de sintomas devido à falta de informações sobre a doença (CASTRO et al.,2010). O cuidado clínico de pacientes hipertensos com DCV envolve diversos aspectos a serem considerados pelo enfermeiro, desde medidas estratégicas de adesão ao tratamento a medidas assistenciais ou intervencionistas, diante das complicações e das manifestações clínicas do paciente. Acredita-se que trabalhar com os DE contribui para um cuidado clínico mais adequado e potencializa as ações de enfermagem ante ao paciente. Os diagnósticos são necessários para se conhecer e elaborar as necessidades de cuidado do paciente, sendo necessários estudos e discussões sobre os diagnósticos presentes em cada tipo de clientela. 89 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa foi desenvolvida com 105 pacientes hipertensos com doença cardiovascular, internados em unidade cardiológica por IAM, IC e DAC. Quanto aos aspectos sociodemográficos, verificou-se a predominância de pacientes do sexo masculino (58,1%), com idade média de 63±12,2 anos, casados (77,1%), com ensino fundamental incompleto (45,7%), aposentados/ pensionistas (56,2%), renda familiar entre um e dois salários mínimos (43,8%), procedentes do interior do estado (49,5%). As principais características clínicas presentes foram: pacientes acometidos por IAM , IC e DAC, com mais de 10 anos de diagnóstico de HAS (37,1%), com história familiar de HAS (73,3%), história familiar de DCV (67,6%), que realizaram cateterismo cardíaco (74,3%), não eram tabagistas(48,6%), negaram etilismo (65,7%) e apresentaram IMC acima de 25Kg/m2 (65,7%). Diante dos resultados, permite-se concluir que estabelecer o perfil da população de hipertensos com doença cardíaca presente, assistidos pelos programas de saúde nas instituições hospitalares, se faz necessário para que sejam propostas ações e medidas cuidativas peculiares a esta clientela, considerando suas limitações e possibilidades no enfrentamento da doença. As ações de educação em saúde, realizadas no ambiente hospitalar e voltadas para o perfil desta clientela são necessárias e podem favorecer à mudanças de comportamentos no paciente hipertenso. Foram identificados no estudo 46 diagnósticos de enfermagem de acordo com a NANDA-I (2013) e seus domínios. Encontrou-se 16 diagnósticos acima do percentil 50 que foram discutidos com maior aprofundamento. O domínio 4 Atividade/Repouso, identificou-se o maior número de diagnósticos. Os diagnósticos de risco tiveram frequência expressiva, dada à condição clinica dos pacientes e riscos do ambiente hospitalar e tratamento cardiovascular. Os diagnósticos de enfermagem real mais prevalentes na amostra foram: Dentição prejudicada, Estilo de vida sedentário, Autocontrole ineficaz da saúde, Intolerância à atividade, Integridade da pele prejudicada, Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades corporais, Padrão de sono prejudicado,Conhecimento deficiente, Débito cardíaco diminuído, Dor aguda, Tristeza crônica. 90 Diante da identificação de um maior número de diagnósticos no domínio 4, estima-se ser necessário uma maior atenção às respostas evidenciadas destes pacientes relacionadas à atividades diárias, ao autocuidado, sono e repouso, equilíbrio e energia, e respostas cardiopulmonares. Tais aspectos devem ser considerados no cuidado clínico destes pacientes, para a elaboração e execução de estratégias terapêuticas de enfermagem mais direcionadas. Os diagnósticos encontrados com maior prevalência revelaram a predominância de alterações nas respostas dos pacientes não só de ordem fisiológicas, mas também de controle da saúde. Estes diagnósticos poderão permitir a implementação de ações mais focalizadas nestes aspectos. Ao realizar a análise estatística dos dados, observou-se associação estatística significativa entre as variáveis sociodemográficas, as doenças cardiovasculares e os diagnósticos, que se acredita surgiram em virtude das características clínicas específicas da amostra. Com relação a faixa etária houve significância estatística entre a variável e o diagnóstico Dentição prejudicada. Entre a variável sexo e os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída observou-se associação estatística significativa. Os diagnósticos foram observados com maior percentual em participantes do sexo masculino. Existiu associação importante entre as DCV e os diagnósticos Débito cardíaco diminuído, Dor aguda, Intolerância à atividade, Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída. Desta forma, considera-se importante conhecer as características clínicas e sociodemográficas de determinada clientela e sua associação ou não à presença de diagnósticos de enfermagem. Percebe-se na enfermagem mudanças significativas nas ações de cuidado, no que diz respeito ao saber, fazer e do saber-fazer do enfermeiro e na assistência de enfermagem em si, pois os profissionais têm considerado a utilização dos sistemas de classificação de enfermagem, principalmente de diagnósticos, aprimorando o planejamento das ações, a prescrição de cuidados ao paciente e as intervenções. Logo, estabelecer os diagnósticos de enfermagem conforme um sistema de classificação em pacientes hipertensos com DCV, possibilita a execução de um 91 plano de ações direcionado a esta clientela e norteia a prescrição do cuidado de enfermagem. A proposição de diagnósticos de enfermagem ante aos portadores de doenças cardiovasculares, conferiu fundamentação à sistematização da assistência de enfermagem a estes pacientes, e para a pesquisadora permitiu um olhar mais detalhado sobre estes pacientes, desta forma proporcionou a perspectiva de um cuidado mais qualificado e coerente aos pacientes. No percurso da elaboração dos diagnósticos encontrou-se dificuldades, estas foram decorrentes da quantidade de pacientes a serem entrevistados, do tempo necessário para elaborar banco de dados e concluir todo o processo de diagnóstico. Assim considera-se que o trabalho com diagnósticos demanda tempo e deve ser observado na prática diária da enfermagem. Acredita-se ser importante o desenvolvimento de pesquisas acerca de diagnósticos e doenças cardiovasculares, para que possa suscitar conhecimentos e se tornem fontes científicas, além de despertar a prática dos diagnósticos na enfermagem. Pretende-se divulgar os dados para a instituição campo de pesquisa, para que se conheça a clientela de hipertensos com DCV, e para que seja um incentivo ao uso das classificações de enfermagem, de uma linguagem padronizada entre os enfermeiros e consequentemente um melhor cuidado clínico de enfermagem. Por fim, acrescenta-se que foi relevante observar nos resultados que os dados e diagnósticos de enfermagem definitivos encontrados demonstravam as características reais dos pacientes e suas necessidades, observadas durante a fase de coleta de dados. Observou-se pessoas com baixo nível socioeconômico, sedentárias, sobrepeso, ansiosas, a maioria com mais de 60 anos, com pouco ou nenhum conhecimento sobre sua doença atual e a doença hipertensão, pacientes com comprometimento cardiovascular importante, que lhes impedia de desempenhar atividades diárias e profissionais, e modificaram totalmente sua qualidade de vida. Assim, este estudo ultrapassou os objetivos iniciais de documentar diagnósticos de enfermagem em hipertensos, e se consolidou com a oportunidade de conhecer as necessidades e respostas humanas ao adoecimento cardiovascular e os aspectos implicados no cuidado clínico de enfermagem a estes pacientes. 92 O processo de cuidar é contínuo e, portanto, necessita seguir passos e avançar no conhecimento científico dentro da área para aperfeiçoar as ações do enfermeiro. Considera-se que os diagnósticos de enfermagem colaboram neste processo. 93 7 REFERÊNCIAS ALITI, G.B. et al. 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Data admissão:___________ Dados clínico- epidemiológicos 11.Tempo de descoberta da HAS: 1. <1ano( ) 2. 1-5 anos( ) 3. 6-10anos( ) 4. >10anos( ) 12. Antecedentes familiares de HAS: 1.sim( ) 2. não( ) Quem?________ 13.Doença cardiovascular presente: IAM( ) IC ( ) DAC( ) 14.História familiar de doença cardiovascular: 1.sim( ) 2.não ( ) Quem?______ 15.Internamentos anteriores por DCV: 1.sim( ) 16.Cateterismo cardíaco: 1.sim( ) 17.Cirurgia cardíaca: 1.sim ( ) 2.não ( ) 2.não ( ) 2.não ( ) 18. Fuma: 1.sim ( ) 2.não( ). Quantos cigarros/dia________. Deixou de fumar ( quanto tempo? ________ ) Há 19. Faz uso de bebida alcoólica? 1.sim( ) 2.não( ). Quantas vezes por semana? __________ . Deixou de beber ( ) Há quanto tempo? ___________ 20.Peso:_____________ 21.Altura:_______ 22. IMC:________ 23. Circ. Cintura_____ 24. Circ. Quadril:________ Sinais Vitais: 25. Frequência respiratória (FR):___________ 26.Frequência cardíaca(FC):_________ 27.Temperatura:___________ 28. PA:________________ 101 1)DOMÍNIO 1: PROMOÇÃO DA SAÚDE( Controle da saúde) 29.Conhecimentos sobre a doença HAS (def./ sintomas): __________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 30. Conhecimento sobre seu estado de saúde e doença atual (DCV):____________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 31. Percepção dos sinais e sintomas de alteração da HAS: 1.sim ( ) 2.não ( ) 32. A família participa do tratamento da HAS? 1.sim( ) 2.não( ) Como: __________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 33.Uso de medicações antes Quais?___________________________________________ do internamento. 34. Expectativas quanto ao tratamento: 1.cura ( ) 2.controle( ) 3. Não sabe responder ( ) 35. Problemas relacionados ao uso de medicação:___________________________ 36. Seguia as recomendações de profissionais de saúde? 1.sim( ) 2.não( Quais?_______________________________________________________________ Se não, por que?_______________________________________________________ ) _____________________________________________________________________ 2) DOMÍNIO 2: NUTRIÇÃO (ingestão,metabolismo,hidratação) 37. Condição de apetite atual: ( )1.conservado ( )2.aumentado ( )3.diminuído 38. Número de refeições por dia antes do internamento:__________________ 39. Dieta anterior ao tratamento: 1( )hipossódica 2( )hiperssódica 3( )hipolipídica 4( ) hiperlipídica 5( ) hiperglicêmica 6( )hipoglicêmica 7( ) Dieta com sal 40. Dificuldade para mastigar alimentos: 1( )sim 2( )não. Esp________________ 41.Dificuldade para engolir alimentos 1( )sim 2( ) não. Esp________________ 42. 1.Dentição completa ( ) 2.dentição incompleta( ) 43. Dieta: 1 ( )oral 2( )Sonda gástrica/enteral 3( ) nutrição parenteral 44. Queixas: 1( )nenhuma 2( ) náusea 3( )pirose 4( ) êmese 45. Ingesta de líquidos. Quantidade por dia (em litros):________________________ 46. Pele: 1( )hidratada 2( )desidratada 3( )pegajosa 102 3) DOMÍNIO 3: ELIMINAÇÃO E TROCA (função urinária, respiratória) gastrintestinal, função 47. Dificuldade para respirar: 1( )sim 2( ) não 48. .1Dispnéia( ) 2.eupnéia( ) 3.cianose( ) 4.batimento de asa de nariz( ) suporte ventilatório( ) 6.( ) agitação 5.uso de 49. Diurese: 1( )espontânea 2( )em fraldas 3 ( )aparadeira/papagaio 4( )SVD 50. Frequência de micções/dia:_____________ 51. Desconforto urinário: 1( )nenhum 2( )incontinência 3( )retenção 4( )disúria urgência urinária 6( )bexigoma 5( ) 52. Hábito intestinal. Frequencia de evacuação por dia:______ 53. Uso de laxantes: 1( )sim 2( )não 54.Desconforto gástrico: 1( )cólicas 2( )constipação 3( )sensação de plenitude melena 5( ) incontinência 6( )nenhum 55. Abdome: 1( )plano 2( )globoso 3( )flácido 4( )ausência de ruídos hidroaéreos )presença de ruídos hidroaéreos 6 ( )dor a palpação 4( ) 5( 4) DOMÍNIO 4: ATIVIDADE/REPOUSO(sono/repouso, atividade/exercício, respostas cardiovasculares/pulmonares, autocuidado) 56. Horário de dormir: 1( )manhã 2( )tarde 3 ( )noite 57. Tipo de sono: 1 ( )initerrupto 2( )interrompido 3( ) agitado 4( )insônia 58. Toma remédios para dormir: 1( ) sim 59. Desperta: 1( )descansado 2( )não 2( )cansado. Motivos:___________________ 60. Deambula: 1( )sim 2( ) não 3( ) com ajuda Esp.___________ 61 Mobilidade no leito: 1sim ( ) 2 não( ) 62. Restrição de movimento de membros: 1( ) sim 2( )não Qual:_____________ 63 Realizava atividade física antes do internamento? 1( )sim 2( )não. O que fazia? ________________________________Se sim, quantas vezes por semana:________ Durante quanto tempo_____________. Se não, por que? _____________________________________________________________________ 64. Sedentarismo(anterior à internação): 1( ) sim 2( )não 65.Disposição atual para atividades diárias: 1( ) sim 2( )não 66. Limitação nas atividades diárias: 1( )deambular 2( )sentar 3( )trocar roupa 4( )alimentar-se 5 ( )higiene/banho 6( ) nenhuma.Esp.________________________ 67. Limitação física durante/após atividade: 1( )falta de ar 2( )cansaço/dispnéia 3( )tontura 4( )dor MMSS 5( ) dor MMII 6( )cefaléia 7( ) fraqueza/fadiga 8( )nenhuma 68. Ausculta cardíaca: 1( )regular 2( )irregular 103 69. Alterações: 1( )bradicardia 2( )taquicardia 3( )palpitações 4( )angina 6( ) cateterismo 7( ) ortopneia 8( )nenhuma 5( ) arritmia 70.Outras alterações/ queixas cardíacas:_______________________________ 71. Tórax: 1( )sem alterações anatômicas lesão/cicatrizes 72. Movimentos respiratórios: 1( ) normais Alteração na profundidade respiratória 2( )com alterações anatômicas 3( ) 2( ) uso de musculatura acessória 3( ) 73. Ventilação: 1( ) sem suporte de oxigênio 2( ) com suporte de oxigênio 74.Outras alterações/queixas:_______________________________________ 5)DOMÍNIO 5: PERCEPÇÃO COGNIÇÃO (atenção, orientação, sensação/percepção, cognição, comunicação) 75. Orientação: 1( )consciente 2( )orientado 3 ( )desatento 4( )sonolento 5( )inquieto 6( )confuso 76. Visão: 1( )acuidade visual normal 2( )diminuída 3( ) não enxerga 77.Audição: 1( )Acuidade auditiva normal 2( )Acuidade auditiva diminuída 78.Sensibilidade tátil : 1( )sem alterações 2( )diminuída 3 ( )ausente 79. Nariz: 1( )normal 2( ) alterações:_______________________ 80. Boca: 1( )normal 2( )alterações:_______________________ 81.Sensibilidade gustativa: 1( )sem alterações 2( )diminuída 3( )ausente 82. Cognição: 1( ) compreende a doença atual ) déficit cognitivo. 2( )não compreende a doença atual 83.Considera importante aprender sobre sua doença: 1( )sim 2( )não 3( ) não sabe 84. Capacidade de tomar decisões sozinho: 1 ( )sim 2 ( )não 85.Tem dificuldade para: 85.1 Falar 1( )sim 2( )não Especificar:_________________ 85.2 Ler 1( )sim 85.3 Escrever 2( )não . Especificar:_________________ 1( )sim 2( )não. Especificar:_________________ 85.4 Memorizar 1( )sim 2( )não. Especificar:_________________ 3( 104 6)DOMÍNIO 6: AUTOPERCEPÇÃO (autoconceito, autoestima, imagem corporal) 86 Visão do paciente sobre si mesmo:______________________________________ _____________________________________________________________________ 87. Percebe modificações relacionadas a doença?____________________________ _____________________________________________________________________ 88.Autoestima prejudicada:1( )sim 2( )não. Especificar________________________ 89. Satisfeito com seu estado de saúde atual: 1( )sim 2( )não. Esp.______________ _____________________________________________________________________ 90 .Visão do paciente sobre seu futuro:______________________________________ _____________________________________________________________________ 7) DOMÍNIO 7: PAPÉIS E RELACIONAMENTOS ( papéis do cuidador, relações familiares, desempenho de papel) 91. Problemas trazidos pela doença: 1.relacionamento familiar ( 3.trabalho/finanças ( ) 4.todos( ) 5. Não trouxe problemas ( ). ) 2. lazer ( ) 92. Queixas relacionadas:________________________________________________ 8)DOMÍNIO 8: SEXUALIADE (função sexual) 93. Mudanças na função sexual: 1( ) sim 2( )não. Especificar________________ 9)DOMÍNIO 9:ENFRENTAMENTO enfrentamento) /TOLERÂNCIA AO ESTRESSE(reações de 94.Reações às mudanças provocadas pelas doenças (HAS/DCV): _____________________________________________________________________ 95. Sentimentos presentes: 1.Medo( ) 2.Ansiedade( ) 3.Tristeza( ) 4.Angústia( ) 5.Depressão( ) 6. Impotência ( ) 7.Estresse ( ) 8.Otimismo ( ) . Especificar_________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 10) DOMÍNIO 10: valores/crenças/atos) PRINCÍPIOS DA VIDA (valores, crenças, coerência entre 96.Sentimentos de fé : 1( ) sim 2( ) não. Especificar:________________________ 97. A fé contribui como no enfrentamento da doença ?__________________________ 11) DOMÍNIO 11: SEGURANÇA/PROTEÇÃO (infecção, lesão física, processos defensivos, termorregulação) 98.Acesso venoso: 1 ( ) sim 2( ) não. 98.1.Características:___________________98.2. Permanência:_____________ 99. Procedimentos invasivos realizados:_______________________________ 100.Presença de lesão física: 1( )sim 2( )não. (Crânio, pescoço, pele/tecidos membros)Especificar:________________________________________________________ _____________________________________________________________ 101. Sofreu quedas: 1( ) sim 2( ) não. Especificar:___________________________ 105 102. Tontura/vertigem: 1 ( ) sim 2( ) não. Especificar:_________________________ 103. Apresenta alterações na termorregulação: 1( ) sim 2( ) não. 104. Apoio de cuidador: 1( ) sim 2( ) não. Especificar:____________________ 105. Reação alérgica 1( ) sim 2( ) não. Especificar:______________________ 12) DOMÍNIO 12:CONFORTO (conforto físico, conforto ambiental, conforto social) 106.Dor:( )sim ( )não. Tempo: __________ Localização:________ Frequência:_____________Fatores precipitadores: __________________________ 107. Intensidade( de 0 a 10):___. Sintomas associados:________________________ 108. Dor anterior ao tratamento: sim( ) não ( ) Localização______________________ 109. Sente-se confortável no ambiente? ( ) sim ( ) não. Causas: ________________ _________________________________________________________ 110. Expressa sentimento de solidão: ( ) sim ( ) não. 111. Interage com outros: ( ) sim ( ) não. Se não, por que? _____________________________________________________________________ 13) DOMÍNIO 13: CRESCIMENTO /DESENVOLVIMENTO( crescimento) 112. Sente dificuldade para melhorar seu estado de saúde: ( Causas:_____________________________________ ) sim ( ) não. 106 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Meu nome é Sanja Samia Rolim Ximenes sou aluna do Mestrado Acadêmico Cuidados Clínicos em Saúde e estou desenvolvendo a pesquisa ―Diagnósticos de enfermagem no cuidado clínico a pessoas com hipertensão e doença cardiovascular‖. O estudo tem como objetivo analisar os diagnósticos de enfermagem presentes em pacientes hipertensos com doença cardiovascular. Neste momento estou convidando o(a) senhor(a) a participar voluntariamente desse estudo que deverá produzir conhecimentos científicos que contribuam para o aprimoramento de cuidados de enfermagem a pacientes hipertensos e com doenças do coração. Sua participação será respondendo as perguntas de um formulário e as respostas serão escritas por mim, pesquisadora, permitindo que eu examine seu corpo e verifique sua pressão arterial, peso, altura, circunferência da cintura e dos quadris aqui em seu leito, nesta unidade de internação. Solicito ainda permissão para copiar informações sobre seu tratamento do seu prontuário. Os riscos do estudo são mínimos, mas estarei atenta para resolvê-los se houver necessidade. O(a) senhor(a) tem a plena liberdade de aceitar ou não participar da pesquisa, assim como de permanecer ou não no estudo, mesmo após ter dado seu consentimento, sem que haja prejuízos para seu atendimento neste serviço de saúde. Sua participação não implicará em nenhum gasto para o(a) senhor(a) e também não haverá gratificação financeira pela sua participação nesta pesquisa. Garantimos o sigilo sobre sua identidade e informações coletadas, as quais serão utilizadas apenas para fins deste estudo, ou seja elaboração de meu trabalho de conclusão do curso e preparação de artigos para publicação em revistas científicas. Para esclarecer dúvidas sobre essa pesquisa o(a) senhor(a) poderá se comunicar comigo pelo telefone 99556972, com a orientadora da pesquisa Profa. Dra. Vilani Guedes fone 3101,9823 e com o Comitê de Ética em Pesquisa da UECE fone 3101.9890. Este Termo está preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma para o(a) senhor(a) e outra para a pesquisadora Atenciosamente, Sanja Samia.Rolim Ximenes Eu _____________________________, declaro que após ser esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que foi explicado, concordo em participar da pesquisa. Fortaleza,____ de_____________ de 2012. _________________________________ Assinatura do pesquisado ________________________________ Assinatura do pesquisador