diagnósticos de enfermagem no cuidado clínico a pessoas

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM
ENFERMAGEM E SAÚDE (NÍVEL MESTRADO ACADÊMICO)
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO CLÍNICO
A PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DOENÇA
CARDIOVASCULAR
SANJA SAMIA ROLIM FERNANDES XIMENES
Fortaleza-CE
2013
2
SANJA SAMIA ROLIM FERNANDES XIMENES
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO CLÍNICO A
PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DOENÇA CARDIOVASCULAR
Dissertação apresentada a Banca Examinadora
do Programa Cuidados Clínicos em Enfermagem
e Saúde da Universidade Estadual do Ceará,
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre.
Área de Concentração: Cuidados Clínicos em
Enfermagem e Saúde
Linha de Pesquisa: Fundamentos e Práticas do
Cuidado Clínico em Enfermagem e Saúde
Orientadora: Profª. Drª. Maria Vilaní Cavalcante
Guedes
Fortaleza-CE
2013
3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Estadual do Ceará
Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho
Bibliotecário (a) Leila Cavalcante Sátiro – CRB-3 / 544
X7d
Ximenes, Sanja Samia Rolim Fernandes.
Diagnósticos de enfermagem no cuidado clínico a pessoas com
hipertensão e doença cardiovascular / Sanja Samia Rolim Fernandes
Ximenes. — 2013.
CD-ROM 107f. : il. (algumas color.); 4 ¾ pol.
―CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho
acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7
mm)‖.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará,
Centro de Ciências da Saúde, Mestrado Acadêmico em Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde, Fortaleza, 2013.
Área de Concentração: Cuidados Clínicos em Enfermagem e
Saúde.
Orientação: Profª. Drª. Maria Vilaní Cavalcante Guedes
1. Hipertensão. 2. Diagnóstico de enfermagem. 3. Doenças
cardiovasculares. I. Título.
CDD: 610.73
4
5
DEDICATÓRIA
Aos meus pais
Por serem responsáveis pela minha formação
e por tudo que hoje sou.
São pessoas que amo e admiro muito.
Ao meu esposo
Que tem sido um grande companheiro e amigo.
Esteve sempre ao meu lado, transmitindo confiança, amor e
estímulo para a conclusão deste curso.
6
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Professora Maria Vilaní Cavalcante Guedes, pela dedicação,
pela disponibilidade, paciência, pela amizade e por todo o aprendizado ao longo
deste percurso. Agradeço por me mostrar as soluções e caminhos que jamais
poderei esquecer.
Ao meu querido esposo, por acreditar em mim e nos meus objetivos e por está
sempre presente, incentivando o meu crescimento pessoal e profissional.
Aos meus amados filhos, Bernardo e João Pedro, pelos momentos de alegria, de
amor e por me fazerem ser uma pessoa melhor e mais feliz a cada dia.
Aos meus pais, pessoas de tão grande coração, que tantas vezes tornaram-se ―pais‖
dos meus filhos, para me ajudar na trajetória deste curso, sem eles nada seria
possível.
Aos meus irmãos queridos, Adryu, Argus e Amaury Filho, que sempre torceram por
mim, me deram apoio e por vezes deixaram seus compromissos para me ajudar em
muitos momentos, ao longo do Mestrado.
Aos meus colegas de turma do Mestrado, pela convivência e pelos momentos de
descontração e aprendizado. Em especial às amigas Cynthia Freitas e Diana Macia,
com as quais compartilhei momentos de estudo, de incertezas e também de alegria.
Agradeço pelo carinho de sempre.
Ao Professor Paulo César Almeida, por toda atenção e imensa colaboração desde
o início dos trabalhos do Mestrado.
Às professoras participantes da Banca Examinadora, Dra. Célia Freitas e Dra. Nirla
Gomes, pelas sugestões e contribuições que engrandeceram este trabalho.
À psicóloga Dra. Rosana Vieira, que me transmitiu forças nesta caminhada.
Aos pacientes participantes desta pesquisa, que foram essenciais ao estudo.
A todos, muito obrigada por poder contar com vocês.
7
―Não desejeis fardos leves, mas sim ombros fortes...‖
(Santo Agostinho)
8
RESUMO
A hipertensão arterial é um fator de risco estabelecido para as doenças cardiovasculares,
quando não controlada contribui para o infarto agudo do miocárdio (IAM), a insuficiência
cardíaca (IC) e a doença arterial coronariana (DAC), desta forma o estudo tem por objetivo
analisar os diagnósticos de enfermagem presentes em pessoas com hipertensão e doença
cardiovascular. Estudo do tipo descritivo e transversal, realizado em instituição hospitalar da
rede pública de Fortaleza-CE, referência em Cardiologia, que teve amostra composta por
105 portadores de hipertensão arterial e das doenças IAM, IC e DAC. Os dados foram
coletados por meio de um formulário preenchido mediante entrevista, constituído por
questões relativas às características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos
pacientes, assim como ao histórico do paciente e ao exame físico. A coleta de dados
ocorreu no período de setembro a novembro de 2012. A análise dos resultados permitiu
observar o predomínio do sexo masculino (58,1%), faixa etária de 29 a 90 anos, idade
média de 63±12,2 anos, casados (77,1%), com ensino fundamental incompleto (45,7%),
aposentados/ pensionistas (56,2%) e renda familiar entre um e dois salários mínimos
(43,8%). As principais características clínicas presentes foram: pacientes acometidos por
IAM (61), IC (37) e DAC (25), sendo que os participantes tiveram até dois diagnósticos de
doença cardiovascular, pacientes com mais de 10 anos de diagnóstico de hipertensão
(37,1%), história familiar de doença cardiovascular (67,6%), não eram tabagistas (48,6%),
negaram etilismo (65,7%) e apresentaram IMC acima de 25Kg/m 2 (65,7%). Foram
identificados 46 diagnósticos de enfermagem nos 13 domínios da NANDA-I, destes 16 que
se encontravam acima do percentil 50 foram discutidos com maior aprofundamento: Risco
de perfusão tissular cardíaca diminuída (100%), Risco de perfusão tissular periférica
diminuída(100%), Risco de infecção(98,1%), Dentição prejudicada(85,7%), Estilo de vida
sedentário(78,1%), Autocontrole ineficaz da saúde (74,2%), Intolerância à atividade (72,3%),
Integridade da pele prejudicada (72,3%), Conhecimento deficiente (66,6%), Débito cardíaco
diminuído(65,7%), Risco de trauma vascular (61,9%), Padrão de sono prejudicado
(58,1%),Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades corporais(57,1%), Tristeza
crônica (55,2%) ,Dor aguda (54,2%), Ansiedade (53,3%). O domínio 4 Atividade/repouso
apresentou maior número de diagnósticos identificados. Analisou-se a associação entre
diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e as variáveis sociodemográficas idade e
sexo, e as variáveis clínicas tempo de diagnóstico de HAS, IAM, IC e DAC, por meio dos
testes não paramétricos de 2 e do teste de razão de verossimilhança. Observou-se
associação estatística significativa entre as doenças cardiovasculares e os diagnósticos
Débito cardíaco diminuído, Intolerância à atividade, Dor aguda, Risco de perfusão cardíaca
diminuída e Risco de perfusão tissular periférica ineficaz. A identificação de diagnósticos de
enfermagem conforme um sistema de classificação em pacientes hipertensos com doenças
cardiovasculares possibilita a elaboração de estratégias terapêuticas direcionadas, confere
fundamentação à sistematização da assistência de enfermagem e proporciona a perspectiva
de um cuidado mais qualificado e coerente aos pacientes.
Palavras-Chaves: Hipertensão. Diagnóstico de Enfermagem. Doenças cardiovasculares.
9
ABSTRACT
Hypertension is an established risk factor for cardiovascular diseases, if not controlled it
contributes to acute myocardial infarction (AMI), heart failure (HF) and coronary artery
disease (CAD); therefore, this study aimed to analyze the nursing diagnoses present in
people with hypertension and cardiovascular disease. A descriptive and cross-sectional
study carried out in a public hospital in Fortaleza-CE, Brazil, reference in Cardiology, whose
sample consisted of 105 patients with hypertension and AMI, HF and CAD. Data was
collected by a form completed through interviews consisting of questions related to sociodemographic and clinical-epidemiological characteristics of patients, as well as the patient’s
history and physical examination. Data collection happened from September to November
2012. The results analyses enabled us to observe the predominance of males (58.1%), in the
age group of 29-90 years, average age of 63 ± 12.2 years, married (77.1%), with incomplete
basic education (45.7%), retirees/pensioners (56.2%), and with family income between one
and two minimum wages (43.8%). The main clinical characteristics present were: patients
suffering from AMI (61), HF (37) and CAD (25), where the participants presented up to two
diagnoses of Cardiovascular Diseases, patients with over 10 years of hypertension diagnosis
(37.1%), family history of cardiovascular disease (67.6%), non-smokers (48.6%), reported
non-alcohol abuse (65.7%), and had BMI above 25Kg/m² (65.7%). We identified 46 nursing
diagnoses in the 13 domains of NANDA-I, 16 of those who were above the 50th percentile
were deeply discussed: Risk for decreased cardiac tissue perfusion (100%), Risk for
ineffective peripheral tissue perfusion (100%), Risk for infection (98.1%), Impaired dentition
(85.7%), Sedentary lifestyle (78.1%), Ineffective self-health management (74.2%), Activity
intolerance (72.3%), Impaired skin integrity (72.3%), Deficient knowledge (66.6%),
Decreased cardiac output (65.7%), Risk for vascular trauma (61.9%), Disturbed sleep pattern
(58.1%), Imbalanced nutrition: more than body requirement (57.1%), Chronic sorrow
(55.2%), Acute pain (54.2%), and Anxiety (53.3%). Domain 4 Activity/rest had the highest
number of diagnoses identified. We analyzed the association between nursing diagnoses
above the 50th percentile and the socio-demographic variables age and sex, and the clinical
variables time of diagnosis of hypertension, AMI, HF and CAD, through chi-square
nonparametric tests and the likelihood-ratio test. We observed a statistically significant
association between cardiovascular diseases and the diagnoses Decreased cardiac output,
Activity intolerance, Acute pain, Risk for decreased cardiac tissue perfusion, and Risk for
ineffective peripheral tissue perfusion. The identification of nursing diagnoses according to a
classification system in hypertensive patients with cardiovascular diseases enables the
development of targeted therapeutic strategies, gives ground to the systematization of
nursing care, and offers the prospect of a more qualified and consistent care to patients.
Keywords: Hypertension. Nursing Diagnosis. Cardiovascular Diseases.
10
RESUMEN
La hipertensión es factor de riesgo establecido para enfermedades cardiovasculares, si no
controlada contribuye para el infarto agudo de miocardio (IAM), insuficiencia cardíaca (IC) y
enfermedad arterial coronaria (EAC), por lo que el objetivo del estudio fue analizar
diagnósticos de enfermería presentes en personas con hipertensión y enfermedad
cardiovascular. Estudio descriptivo y transversal, llevado a cabo en hospital público de
Fortaleza-CE, Brasil, referencia en Cardiología, que tuvo muestra de 105 personas con
enfermedades hipertensivas y AMI, IC y EAC. Los datos fueron recolectados por medio de
formulario llenado a través de entrevistas que consistieron en preguntas relacionadas con
las características sociodemográficas y características clínico-epidemiológicas de los
pacientes, así como la historia del paciente y el examen físico. Los datos fueron
recolectados de septiembre a noviembre de 2012. Los resultados permitieron observar el
predominio del sexo masculino (58,1%), con edades entre 29-90 años, edad media de 63 ±
12,2 años, casados (77,1%), con nivel de educación primario incompleto (45,7%),
jubilados/pensionistas (56,2%), renta familiar entre uno y dos salarios mínimos (43,8%). Las
principales características clínicas presentes fueron: pacientes acometidos por infarto de
miocardio (61), IC (37) y EAC (25), cuyos participantes tuvieron hasta dos diagnósticos de
Enfermedad Cardiovascular, pacientes con más de 10 años de diagnóstico de hipertensión
(37,1%), antecedentes familiares de enfermedad cardiovascular (67,6 %), no eran
fumadores (48,6%), negaron abuso de alcohol (65,7%) y tenía IMC superior a 25kg/m2
(65,7%). Se identificaron 46 diagnósticos de enfermería en los 13 dominios de la NANDA-I,
de estos 16 que estaban por encima del percentil, 50 fueron discutidos con mayor
profundidad: Riesgo de perfusión tisular cardiaca disminuida (100%), Riesgo de perfusión
tisular periférica disminuida (100%), Riesgo de infección (98,1%), Dentición perjudicada
(85,7%), Sedentarismo (78,1%), Autocontrol ineficaz de la salud (74,2%), Intolerancia a la
actividad (72,3% ), Integridad de la piel perjudicada (72,3%), Conocimiento deficiente
(66,6%), Débido cardíaco disminuido (65,7%), Riesgo de trauma vascular (61,9%), Patrón
de sueño perjudicado (58, 1%), Nutrición alterada: superior a las necesidades corporales
(57,1%), Tristeza crónica (55,2%), Dolor agudo (54,2%), Ansiedad (53,3%). El dominio 4
Actividad/descanso tuvo mayor número de diagnósticos identificados. Se analizó la
asociación entre diagnósticos de enfermería por encima del percentil 50 y las variables
sociodemográficas edad y sexo, y el tiempo clínico de diagnóstico de la hipertensión, del
infarto de miocardio, de la insuficiencia cardíaca y enfermedad coronaria a través de
pruebas no paramétricos de 2 razón y del test de razón de verosimilitud. Se observó
asociación estadísticamente significativa entre las enfermedades cardiovasculares y los
diagnósticos Débito cardiaco disminuido, Intolerancia a la actividad, Dolor agudo, Riesgo de
perfusión cardiaca disminuida y Riesgo de perfusión tisular periférica ineficaz. La
identificación de diagnósticos de enfermería según sistema de clasificación de pacientes
hipertensos con enfermedades cardiovasculares permite el desarrollo de estrategias
terapéuticas dirigidas, permite fundamentación a la sistematización de la atención de
enfermería y ofrece la perspectiva de una atención más calificada y coherente a los
pacientes.
Palabras
Claves:
cardiovasculares.
Hipertensión.
Diagnóstico
de
Enfermería.
Enfermedades
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 17
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 18
3.1 Diagnósticos de Enfermagem ............................................................................ 18
3.2 Considerações sobre Hipertensão Arterial ........................................................ 24
3.3 Doenças Cardiovasculares e Hipertensão Arterial ............................................. 30
3.4 Cuidado Clínico de Enfermagem a pessoas hipertensas .................................. 36
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 42
4.1 Natureza do Estudo ........................................................................................... 42
4.2 Local da Pesquisa .............................................................................................. 42
4.3 População e Amostra ......................................................................................... 43
4.4Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados ............................................ 45
4.5 Organização e Análise dos Dados ..................................................................... 47
4.6 Aspectos Éticos.................................................................................................. 47
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................49
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 89
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 93
APÊNDICES..............................................................................................................99
Apêndice A- Instrumento de Coleta de dados.........................................................100
Apêndice B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................106
1 INTRODUÇÃO
.
A enfermagem vem se consolidando como ciência, construindo seu corpo
de conhecimentos fundamentado em princípios filosóficos e humanitários, tendo por
objeto de trabalho o cuidado de indivíduos. Desta forma, tem procurado desenvolver
sua prática baseada no método científico e na Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE).
A SAE é a organização do trabalho profissional quanto ao método,
pessoal e instrumentos, que possibilita a realização do Processo de Enfermagem
(PE). Implica na definição da natureza do trabalho a ser realizado e definição do PE,
desde
a
base
teórico-filosófica,
tipo
de
profissional
requerido,
técnicas,
procedimentos, métodos e recursos materiais para a produção do cuidado.
(LEOPARDI,2006).
O PE descreve como os enfermeiros organizam o atendimento a
indivíduos, famílias, grupos e comunidades. É descrito como um processo dinâmico
de prestar cuidados, que consiste em cinco partes: coleta de dados, diagnóstico,
planejamento,
implementação
e
avaliação
(LUNNEY,
2011;
ALFARO-
LEFREVE,2010).
Corroborando, Garcia e Nóbrega (2009) afirmam que o PE compreende
um trabalho profissional específico e pressupõe um conjunto de ações dinâmicas e
interrelacionadas para a sua realização. Designa um determinado método ou modo
de fazer, fundamentado no conhecimento técnico-científico.
O emprego do PE, portanto, oferece subsídios metodológicos que
orientam o processo de cuidar e a assistência de enfermagem, direcionam suas
ações, permitem a uniformização das ações e a avaliação das necessidades do
paciente, com vistas a alcançar resultados de saúde satisfatórios.
Assim, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) visando a
organização do trabalho profissional da enfermagem, assim como a visibilidade e
reconhecimento profissional do enfermeiro, baixou a Resolução nº 358/2009 que
dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e implementação do
PE em todos os ambientes que ocorrem o cuidado profissional de enfermagem
(COFEN, 2009).
12
Conforme esta Resolução, em seu art. 1º: o PE deve ser realizado de
modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou privados, em
que ocorre o cuidado profissional de enfermagem.
Em seu 4º artigo determina que cabe, privativamente, ao enfermeiro o
diagnóstico de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade
humana em um dado momento do processo saúde-doença, bem como a prescrição
das ações ou intervenções de enfermagem face a estas respostas.
Desta forma, destaca-se dentre as etapas do PE, a etapa de diagnósticos
de enfermagem que constitui a base para a implementação das intervenções de
enfermagem.
Os diagnósticos de enfermagem constituem um julgamento clínico sobre
as respostas do paciente, realizado pelo enfermeiro, utilizado na prática para decidir
o foco do atendimento de enfermagem (HERDMAN, 2013).
O diagnóstico de enfermagem permite fixar as observações, direcionar as
ações, identificar problemas ou respostas humanas para obter informações
importantes para os cuidados. Vincula a coleta de dados ao planejamento, o que
demanda o julgamento pelo enfermeiro (LEOPARDI, 2006).
Percebe-se no contexto da Enfermagem a necessidade de uma
linguagem padronizada para definir os conhecimentos desta ciência e concretizar
seus efeitos diante de pacientes e profissionais (HERDMAN, 2010), desta forma a
elaboração e utilização dos diagnósticos de enfermagem constituem o passo inicial
para uniformizar não só a linguagem, como também a assistência
entre os
profissionais.
Por meio dos diagnósticos são diferenciadas as respostas humanas
apresentadas pelo paciente com base em suas necessidades, de forma que os
diagnósticos são recursos essenciais à intervenção do enfermeiro e à prescrição de
atividades a serem desenvolvidas pela equipe de enfermagem.
Dentre as diversas situações de saúde-doença que exigem cuidados de
enfermagem, encontram-se as doenças crônicas não transmissíveis, em que
destacamos a hipertensão arterial, cuja clientela requer do enfermeiro cuidados
clínicos e educativos para um viver saudável (GUEDES; ARAÚJO, 2005).
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) pode ser considerada como um
sinal do estado clínico do paciente, um fator de risco para doenças do coração ou
como uma doença do aparelho circulatório. Possui elevado potencial para
13
incapacidades, sendo uma das mais importantes no âmbito da saúde em nosso país,
por estar frequentemente associada aos agravos cardiovasculares, que constituem a
principal causa de morte no Brasil.
Na saúde pública a HAS tem merecido especial atenção pela demanda de
um elevado contingente populacional, pela morbimortalidade que provoca e pelas
repercussões diretas na qualidade de vida das pessoas por ela acometidas e de
modo indireto em seus familiares.
Estando presente cada vez mais precocemente na população, a HAS
apresenta elevada prevalência e baixas taxas de controle. Em nível mundial
acomete aproximadamente 25% da população. No Brasil, de acordo com inquéritos
populacionais, nos últimos 20 anos, a HAS teve prevalência acima de 30%, podendo
chegar a 50% nos idosos (DIRETRIZES ,2010). Em nosso município, Fortaleza,
dados do VIGITEL 2011 apontam na população a prevalência de 17,3%, sendo nos
homens 14,3% e mulheres 19,8% (BRASIL,2012).
Sabe-se das repercussões econômicas da HAS para as pessoas
acometidas e para o sistema de saúde, estando relacionadas a elevados custos
médico-hospitalares, internações de longa permanência e tratamentos onerosos
quando associada a outras doenças. Desta forma, tem contribuído sobremaneira
para o aumento das necessidades de saúde do país, tendo sido registrado no ano
de 2009 mais de 139.000 internamentos por doenças hipertensivas (BRASIL, 2011).
A HAS é um fator de risco bem estabelecido para as doenças
cardiovasculares (DCV), está envolvida em cerca de 50% das mortes por DCV e
atinge mais de 36 milhões de brasileiros (CIPULLO et al., 2010). A mortalidade por
doença cardiovascular aumenta de forma progressiva, linear e contínua de acordo
com a elevação da pressão arterial a partir de 115/75 mmHg, assim o tratamento e
controle da HAS são fundamentais para a redução de eventos cardiovasculares
(DIRETRIZES, 2010).
Estudos têm demonstrado a contribuição da HAS não controlada para as
DCV como o infarto agudo do miocárdio (IAM), a insuficiência cardíaca (IC) e a
doença arterial coronariana (DAC) (DIRETRIZES, 2010; LEMOS et al., 2010;
ROLANDE et al.,2011). Em países subdesenvolvidos a hipertensão arterial sistêmica
é a principal causa de IC crônica associada a DAC. Tem sido reconhecida como
precursora da IC em até 75% dos casos (ROLANDE et al., 2011), bem como a
14
hipertensão esteve presente em 75,7% de pacientes com isquemia do miocárdio,
incluindo IAM (LEMOS et al.,2010).
A sobrecarga imposta ao coração pela HAS pode desencadear
mecanismos de compensação como hipertrofia do ventrículo esquerdo. A
manutenção da sobrecarga cardíaca e progressão da hipertrofia culminam com a
degeneração da função cardíaca e desenvolvimento da insuficiência cardíaca (IC) e
suas complicações. Além disso, cronicamente a HAS provoca alterações nas
artérias coronarianas, predispondo à DAC e ao IAM (PIERIN; GUSMÃO; MION JR,
2009).
A associação entre elevação da PA e risco para DCV foi demonstrada em
estudos envolvendo milhares de indivíduos. O tratamento da hipertensão visa à
prevenção primária de DCV, sendo uma questão indispensável aos conhecimentos
dos profissionais da equipe de saúde, sendo que o manejo da HAS não é uma
questão médica isolada, envolve entre outros profissionais, a equipe de enfermagem
(FUCHS, 2006).
O desafio do enfermeiro como profissional que mantém interação no
cuidado a pessoas hipertensas, é buscar envolvê-la no processo terapêutico,
ajudando-a na compreensão da necessidade de assumir modificações de vida,
contribuindo para adesão ao controle da PA (BEZERRA et al.,2010).
Fava et al. (2010) relatam que o enfermeiro desempenha papel importante
no cuidado ao hipertenso, direcionando suas ações para o autocuidado. Da mesma
forma, autores relatam a importância das intervenções de enfermagem ante ao
paciente com DCV, sendo a adesão ao tratamento a meta para o controle de tais
doenças (ARRUDA; CAVALCANTI,2012).
Em virtude de tais considerações acerca da HAS, remete-se a sua
importância no âmbito da saúde. Os enfermeiros no seu campo de prática
profissional em qualquer nível da atenção a saúde, devem estar, portanto,
preparados para atuarem junto à clientela de hipertensos com doenças associadas,
conscientizando-se do seu papel, e exercendo sua prática pautada no conhecimento
técnico e científico, visando contribuir para alcançar a saúde e a qualidade de vida
destes pacientes.
Neste contexto, conhecendo a relação entre HAS e as doenças
cardiovasculares e a importância da assistência de enfermagem no cuidado ao
paciente hipertenso, surgiram os seguintes questionamentos: Qual o perfil de
15
pacientes com hipertensão e doença cardiovascular? Quais os diagnósticos de
enfermagem presentes em pacientes com hipertensão e doença cardiovascular?
Existe associação desses diagnósticos com características sociodemográficas e
clínicas?
As respostas para estas questões possibilitaram o conhecimento de
diagnósticos de enfermagem de pacientes hipertensos com DCV, bem como a
relação desses diagnósticos com características dos pacientes. Ao mesmo tempo,
acredita-se que contribuirão para a organização do corpo de conhecimento da
enfermagem, ao identificar os diagnósticos de enfermagem, que contribuem para o
tratamento e adesão dos pacientes. A implementação de uma classificação
diagnóstica na prática clínica de enfermagem, permite aos enfermeiros identificar
com maior clareza os focos de cuidado pelos quais são responsáveis.
A
identificação
dos
diagnósticos
de
enfermagem
favorece
o
estabelecimento de resultados a serem alcançados e a determinação de
intervenções de enfermagem planejadas, individualizadas buscando minimizar as
consequências das doenças cardiovasculares, promovendo a adaptação do paciente
à sua nova condição de saúde.
Por ser a hipertensão uma doença de muitos significados na saúde e um
desafio constante para a comunidade científica, para pacientes e profissionais,
considera-se necessário pesquisas nessa área. Assim, o interesse pelo estudo sobre
a influência da HAS no desenvolvimento de doenças cardiovasculares surgiu em
campo de trabalho profissional, no período em que trabalhava em um hospital da
rede privada, prestando assistência como enfermeira a pacientes cardíacos.
No Mestrado Acadêmico Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde,
houve uma maior aproximação com o PE e a SAE, oferecendo subsídios para o
estudo mais aprofundado dos diagnósticos de enfermagem. Conhecendo a relação
entre as DCV e a hipertensão, surgiu o interesse e a oportunidade de pesquisar
diagnósticos de enfermagem em pessoas com hipertensão e doença cardiovascular.
Estudos sobre diagnósticos de enfermagem ampliam as possibilidades de
desenvolver planos de cuidados mais adequados às necessidades do pacientes, e
demandam uma maior atenção no ensino e na prática por fundamentar as etapas
subsequentes. São também importantes e necessários para manter e valorizar a
base de evidências da taxonomia da NANDA-I e da própria enfermagem, portanto a
16
sua aplicabilidade em pesquisas contribui para o fortalecimento dos diagnósticos na
prática da enfermagem.
O conhecimento produzido nesta pesquisa é relevante por agregar valor à
prática do enfermeiro, no que diz respeito à determinação dos diagnósticos de
enfermagem, corroborando para a construção do conhecimento científico nesta fase
da SAE, podendo ser utilizado na graduação e pós-graduação, para o fortalecimento
do saber e fazer do enfermeiro na prática clínica.
O resultado da pesquisa poderá ser utilizado na instituição em que se
desenvolveu o estudo, em virtude dos diagnósticos formulados estarem voltados
para doenças cardiovasculares, colaborando para esta prática nas ações de
cuidados de enfermagem da instituição e para o tratamento dos pacientes.
Mediante o estudo realizado, pretendeu-se ainda contribuir com o
cuidado clínico de enfermagem, entendido como ações sistematizadas e
humanizadas dirigidas ao indivíduo em todas as etapas do ciclo vital, à família ou à
comunidade.
17
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
 Analisar os diagnósticos de enfermagem em pacientes com hipertensão e
doença cardiovascular, segundo a NANDA-I.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Descrever as características sociodemográficas da clientela, conforme os
indicadores: sexo, idade, estado civil, escolaridade, procedência, renda
familiar;
 Descrever as características clínico-epidemiológicas da clientela: tempo de
diagnóstico da HAS, antecedentes familiares de HAS, história familiar de
doença cardiovascular, internamentos anteriores, cateterismo cardíaco,
cirurgia cardíaca, índice de massa corporal;
 Estabelecer diagnósticos de enfermagem em pacientes hipertensos com
doença cardiovascular;
 Verificar a associação dos diagnósticos de enfermagem com dados
sociodemográficos sexo e idade;
 Verificar a associação dos diagnósticos de enfermagem com dados clínicos:
IAM, IC, DAC e tempo de diagnóstico de HAS.
18
3 REVISÃO DE LITERATURA
Iniciaremos a seguir a abordagem de literatura acerca de diagnósticos de
enfermagem, da hipertensão arterial, das doenças cardiovasculares e do cuidado
clínico
ao
hipertenso,
contextualizando
teoricamente
estas
questões,
proporcionando fundamentação científica ao estudo.
3.1 Diagnósticos de enfermagem
O enfermeiro como membro integrante de uma equipe, utiliza um conjunto
de conhecimentos próprios que possibilita a busca de resolutividade às respostas
dos fenômenos de saúde de pacientes, relevantes à prática de enfermagem
(BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009).
Nesta ótica, os diagnósticos de enfermagem expressam o seu julgamento
profissional sobre a condição clínica do paciente e sobre suas respostas ao
processo de adoecimento ou de saúde. Os diagnósticos representam as
necessidades de cuidados de enfermagem do paciente ou família.
O conceito de diagnóstico de enfermagem foi aprovado em 1990, na 9º
Conferência da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e definido
como:
Julgamento clínico sobre as respostas/experiências do indivíduo, da
família ou da comunidade a problemas de saúde/processos vitais
reais ou potenciais.O diagnóstico de enfermagem constitui a base
para a seleção das intervenções de enfermagem para alcançar
resultados pelos quais o enfermeiro é responsável (HERDMAN,
2013, p.588).
Conforme o COFEN o diagnóstico de enfermagem é o processo de
interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa do PE, que
culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem
que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou
coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; e que
constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se
objetiva alcançar os resultados esperados (COFEN, 2009).
19
Lunney (2011) refere que o diagnóstico de respostas a problemas de
saúde e processos de vida, é um papel importante do enfermeiro, porque estas
respostas interferem no estado de saúde e guiam o cuidado de enfermagem .
A expressão ―diagnósticos de enfermagem‖ foi introduzida no Brasil por
Wanda Aguiar Horta, nos anos de 1960, e constituiu uma das etapas do PE
propostas por aquela autora (TANURE; GONÇALVES, 2009).
O processo de enfermagem como método utilizado para orientar a prática
profissional de enfermagem, se operacionaliza por meio de etapas ou fases. A
maioria dos autores sugerem pelo menos quatro etapas necessárias ao processo de
enfermagem: investigação ou histórico, diagnóstico, intervenção ou implementação e
evolução ou avaliação de enfermagem (TANURE; GONÇALVES, 2009).
Por meio do processo de enfermagem são desenvolvidas etapas que
permitem a coleta de informações sobre histórico da saúde do paciente, a realização
do julgamento pelo enfermeiro a respeito das necessidades do paciente, a
implementação de ações de enfermagem de acordo com estas necessidades, a
avaliação das ações e resultados alcançados.
As etapas do processo de enfermagem têm sido objeto de diversos
estudos que buscam o aprimoramento da enfermagem e ampliação de seus
conhecimentos, para atender mais adequadamente a clientela sob seus cuidados
(VASCONCELOS et al., 2007).
Neste contexto, atualmente existem vários sistemas de classificação dos
elementos da prática de enfermagem que podem ser interrelacionados de forma
dinâmica na execução do PE, e os mais utilizados são a classificação dos
diagnósticos, das intervenções e dos resultados de enfermagem (FORTES, 2007 ).
Garcia e Nóbrega (2009) referem que os elementos inerentes à prática
profissional (diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem), contribuem
para o desenvolvimento de sistemas de classificação de conceitos que fazem parte
da linguagem da enfermagem. Estes sistemas são instrumentos tecnológicos
utilizados no processo de julgamento clínico acerca das necessidades humanas, no
processo terapêutico dessas necessidades de cuidado e de resultados sensíveis a
intervenção de enfermagem.
A enfermagem necessita de um sistema de classificação ou taxonomia
para desenvolver uma fundamentação científica confiável para o preenchimento de
critérios de profissionalização. Os diagnósticos de enfermagem proporcionam um
20
método útil para organizar o conhecimento de enfermagem e favorecem a definição
e classificação da especialidade enfermagem (CARPENITO,2002).
O sistema de classificação de diagnósticos de enfermagem da NANDA-I
é um dos mais conhecidos e aplicados na enfermagem em nível mundial
(HERDMAN, 2010 ).
Pode-se afirmar que essa taxonomia representa uma forma de raciocínio
lógico que possibilita a interrelação de causas e efeitos das alterações
apresentadas, facilitando o estabelecimento de metas, a adoção de adequadas
condutas e a realização confiável da avaliação da assistência de enfermagem
prestada (MARIN et al., 2010).
Desta forma, foi utilizada como base para este estudo a classificação da
Taxonomia da NANDA-Internacional versão 2012-2014, que descreve o diagnóstico
e sua definição. Os componentes de um diagnóstico segundo esta classificação são:
título, definição, características definidoras, fatores relacionados ou fatores de risco.
As características definidoras são ―pistas /inferências observáveis que se
agrupam como manifestações de um diagnóstico de enfermagem real ou de
promoção da saúde‖ (HERDMAN, 2013, p.589). São as manifestações clínicas ou
evidências que levaram um profissional a concluir que o problema existe.
Os fatores relacionados são ―fatores que parecem mostrar algum tipo de
relação padronizada com o diagnóstico de enfermagem. Podem ser descritos como
associados a , relacionados a, contribuintes para ou estimuladores‖ (HERDMAN,
2013, p.589). Estes fatores podem conter a causa do problema encontrado, e
auxiliam na decisão do enfermeiro pelo diagnóstico.
Os fatores de risco estão presentes somente nos diagnósticos de
enfermagem de risco. ―São fatores ambientais e elementos fisiológicos, psicológicos,
genéticos ou químicos que aumentam a vulnerabilidade de um indivíduo, uma
família, um grupo ou comunidade a um evento insalubre‖ (HERDMAN, 2013, p.589).
O diagnóstico é um ponto fundamental no processo de enfermagem, tem
por finalidade esclarecer a natureza exata dos problemas e os fatores de risco que
devem ser abordados para que sejam atingidos os resultados gerais esperados do
cuidado, além disso as conclusões tiradas durante esta fase afetam todo o plano e
cuidados( ALFARO-LEFREVE,2010).
Corroborando, autores referem que constitui um elemento essencial para
a realização da assistência de enfermagem sistematizada, pois a prescrição de
21
cuidados, de modo preciso e relevante, depende da identificação dos problemas e
de suas causas (FAVA et al., 2010).
A elaboração dos diagnósticos de enfermagem exige uma coleta de
dados completa, a qual aborde os múltiplos aspectos que envolvem o estado de
saúde do indivíduo, estimulando melhoria da qualidade dessa etapa do processo de
enfermagem, fundamental para o desenvolvimento das demais (MARIN et al., 2010).
A tradução da entrevista e do exame físico do paciente para uma forma
de diagnóstico de enfermagem compreende a organização dos dados e a
interpretação do que essas informações revelam sobre a capacidade do paciente em
atender às suas necessidades básicas. Os diagnósticos definem as condutas e
prática do enfermeiro (SPACKS; TAYLOR, 2009).
São desta forma, reconhecidos como modelos conceituais que permitem
a interpretação de problemas observados no paciente, para serem feitos
julgamentos clínicos, a partir do raciocínio diagnóstico.
Configuram instrumento
capaz de unir a teoria à prática, orientando as condutas de enfermagem (PAIVA,
2007).
O raciocínio diagnóstico é um processo complexo e intuitivo, de tomada
de decisão, que abrange a interação de processos interpessoais, técnicos e
intelectuais
do
enfermeiro.
Envolve
os
seguintes
elementos
críticos:
Reconhecimento da existência de indicadores ou indícios, geração mental de
possíveis diagnósticos, comparação de indícios para possíveis diagnósticos, coleta
de dados focalizada, validação de diagnósticos (LUNNEY, 2011).
Desta forma, no presente estudo foram considerados os elementos do
raciocínio diagnóstico proposto por Lunney (2011) para a determinação dos
diagnósticos de enfermagem na clientela.
A literatura acerca de diagnósticos de enfermagem é um pouco divergente
nos aspectos históricos da criação dos diagnósticos. Autores referem que o termo
―diagnóstico‖ estava presente na enfermagem desde 1950 quando Louise Mc Manus
em conferência em Nova Iorque, referiu como uma das funções da enfermeira
realizar a identificação ou diagnóstico de problemas de enfermagem (GARCIA;
NÓBREGA, 2009; TANURE; GONÇALVES, 2009).
Em 1953 Vera Fry propôs o termo ―diagnóstico de enfermagem‖ para
descrever um passo necessário para o desenvolvimento de um plano de cuidados
individualizados de enfermagem. Em 1960 Faye G. Abdellah propôs o primeiro
22
sistema de classificação para a identificação de 21 problemas clínicos do cliente. Na
mesma década Virginia Henderson elaborou uma lista com 14 necessidades
fundamentais, próprias do ser humano, com o objetivo de descrever cuidados que os
clientes necessitavam sem depender de diagnósticos médicos. Desta forma, as duas
autoras últimas são consideradas precursoras das taxonomias de enfermagem
(TANURE, GONÇALVES, 2009; CARPENIT0, 2002).
Em 1973 houve a I Conferência Nacional sobre Classificação de
Diagnósticos de Enfermagem realizada por enfermeiras americanas. Posteriormente
em 1982 foi criada a NANDA e proposto a primeira classificação de diagnósticos de
enfermagem denominada Taxonomia-I (TANURE; GONÇALVES, 2009).
Na 14ª Conferência da NANDA em 2000 foi proposta a Taxonamia II,
com modificações na estrutura, ficando mais adequada para banco de dados e para
o trabalho profissional. A edição de 2010, versão 2009-2011, passou por mudanças
com relação a classes e domínios e ao número de diagnósticos. Foi aprovada em
conferência da NANDA, NIC e NOC e o Comitê da Taxonomia promoveu o foco
internacional da NANDA, passando a ser denominada NANDA -I. Após aprovação
dos diagnósticos por enfermeiros, especialistas e associados, foram colocados na
NANDA-I e na taxonomia NNN de prática de Enfermagem ( HERDAMAN, 2010).
A atual edição da NANDA International (2012-2014) sofreu modificações,
alguns diagnósticos foram retirados, 16 são novos e 11 foram revisados, além de
conter vários capítulos novos e revisados, portanto há muitas informações
novas(HERDAMN, 2013).
A estrutura da Taxonomia II da NANDA atualmente é composta por 13
domínios, 47 classes e 217 diagnósticos distribuídos entre eles. Cada diagnóstico
possui um código específico com cinco dígitos, apropriado para uso informatizado.
Tem-se os diagnósticos de enfermagem como o fundamento do
atendimento de enfermagem. Sua implementação traz uma série de benefícios aos
cuidados do paciente no ambiente clínico: planejamento melhor e mais consistente
do atendimento; melhor comunicação entre os enfermeiros, entre enfermeiros e
outros profissionais, entre enfermeiros e pacientes; proporciona um melhor
reconhecimento dos fenômenos desafiadores como questões psicológicas, sexuais
e
espirituais; melhora
o controle clínico e de riscos para o paciente; auxilia a
enfermagem baseada em evidências (HERDMAN, 2010).
23
Com relação aos pacientes, a identificação de diagnósticos proporcionará
um plano de cuidados efetivo e individualizado, conforme as necessidades de cada
pessoa, consolidando a assistência recebida e favorecendo, igualmente, a junção
teoria-prática da enfermagem (MUNIZ FILHA, 2007).
Contudo é notório na prática dos profissionais de enfermagem resistência
à implementação e execução do PE e sistematização da assistência, bem como na
utilização das classificações de terminologias de enfermagem, por parte dos
enfermeiros assistenciais e das lideranças na enfermagem, como gerentes e
administradores em enfermagem. A grande maioria de profissionais envolvidos com
estas questões são estudiosos da área, pesquisadores, professores universitários e
especialistas clínicos (HERDMAN, 2010).
Entre as dificuldades para a implementação do PE e, portanto de suas
etapas, como a formulação dos diagnósticos, há problemas inerentes aos
profissionais como a formação profissional da equipe de enfermagem, o despreparo
técnico e científico, a falta de interesse pela sua utilização, além de questões
relacionadas à organização do processo de trabalho, como a sobrecarga de
atividades sobre o profissional de enfermagem e a falta de apoio de gestores e das
instituições empregadoras.
Entretanto,
considera-se
que
os
diagnósticos
de
enfermagem
proporcionam uma forma de organização e aplicação dos conhecimentos de
enfermagem, desta forma deve ser incentivada a sua prática, seus registros e sua
avaliação (SPARCKS; TAYLOR, 2009).
Acredita-se que a realização da etapa de diagnósticos de enfermagem
dentro do processo, fornece ao enfermeiro possibilidade de resolubilidade de
problemas reais ou potenciais do paciente, assim como assistência de qualidade.
Aos profissionais, facilita a tomada de decisão, justifica suas ações e proporciona
autonomia a estes profissionais.
Desta forma, o conhecimento de diagnósticos em pacientes hipertensos
com doença cardiovascular é necessário, a fim de propor intervenções coerentes
aos resultados esperados, que permitam melhorar a sua condição de saúde e
alcançar sua recuperação de forma integral .
A partir de muitos estudos e consultas bibliográficas, foram desenvolvidos
por teóricos e estudiosos da enfermagem, 10 princípios orientadores para o uso de
24
diagnósticos de enfermagem da NANDA-I (LUNNEY, 2011). Estes princípios ou
diretrizes são descritos no quadro a seguir:
Quadro 1- Diretrizes para uso de diagnósticos da NANDA-I.
Diretrizes para o uso dos diagnósticos de enfermagem e da NANDA-I:
1.Utilizar uma ou mais teorias de enfermagem para orientar sua abordagem filosófica e
teórica no cuidado de enfermagem.
2. No contexto da abordagem escolhida, fazer levantamentos de dados de enfermagem da
pessoa para identificar os problemas, os estados de risco, a disposição para promover a
saúde e os pontos positivos adequados para orientar o cuidado de enfermagem.
3. Durante os levantamentos de dados, usar habilidades cognitivas e hábitos mentais de
pensamento crítico.
4. Fazer levantamentos de dados focalizados para identificar as respostas específicas que
a pessoa possa estar vivendo, considerando o contexto da situação.
5. Conseguir uma quantidade suficiente de dados de relevância maior e moderada para
apoiar ou rejeitar (incluir ou descartar) os diagnósticos específicos analisados.
6. Comparar os dados levantados com os diagnósticos de enfermagem padronizados da
NANDA-I, isto é, títulos, definições e características definidoras.
7. Considerar outros possíveis diagnósticos enquanto coleta os dados.
8. Sempre que possível, ao levar em conta o contexto situacional, validar as impressões
diagnósticas com o indivíduo ou a família.
9. Existindo mais de um diagnóstico, identificar aquele ou aqueles prioritários.
10. Comunicar, oralmente ou por escrito, o diagnóstico ou os diagnósticos prioritários
selecionados para fundamentar o planejamento de resultados e intervenções.
Fonte: LUNNEY (2011). Pensamento crítico para o alcance de resultados positivos em saúde.
A maioria destes princípios foi utilizada neste estudo, para tornar a
pesquisa coerente com a NANDA e colaborar com a prática de diagnosticar em
enfermagem.
3.2 Considerações sobre a Hipertensão Arterial
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) vem aumentando de forma
assustadora, tanto nas sociedades desenvolvidas como nas subdesenvolvidas, na
medida em que as populações se tornam mais obesas e envelhecem (KAPLAN;
VICTOR, 2012).
A HAS é considerada uma doença poligênica resultante de anormalidades
nos mecanismos de controle da pressão arterial. O nível de pressão arterial de um
indivíduo é complexo sendo determinado pela interação de múltiplos fatores
genéticos, ambientais e demográficos (COTRAN; SCHOEN, 2001).
25
Por definição, é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por
níveis elevados e sustentados da pressão arterial. Em termos de diagnóstico da HAS
são considerados os valores de PA sistólica maior ou igual a 140mmHg e/ou de PA
diastólica maior ou igual a 90mmHg, em medidas em consultório. O diagnóstico
deve ser validado por medidas repetidas, em pelo menos três ocasiões, em
condições ideais (DIRETRIZES ,2010).
O Quadro a seguir apresenta a classificação da pressão arterial de acordo
com medida em consultório em maiores de 18 anos.
Quadro 2- Classificação da pressão arterial medida em consultório em pessoas
maiores de 18 anos.
Classificação
Pressão Sistólica
Pressão Diastólica
mmHg
mmHg
Otima
< 120
< 80
Normal
< 130
< 85
Limítrofe
130-139
85-89
Hipertensão estágio 1
140-159
90-99
Hipertensão estágio 2
160-179
100-109
Hipertensão estágio 3
≥180
≥110
Hipertensão sist. isolada
≥140
<90
Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010
A HAS também pode ser classificada em hipertensão primária ou
secundária. Na hipertensão primária ou essencial, as causas da elevação da PA não
são claramente identificadas, já a HAS secundária tem uma causa definida e é
consequência de outras doenças como renais, endócrinas ou cardíacas e fatores de
risco associados. Contudo a causa de aproximadamente 90% dos casos da doença
é desconhecida (DIRETRIZES, 2010; KAPLAN, VICTOR,2012).
A elevação da pressão arterial afeta tanto a função quanto a estrutura dos
vasos sanguíneos por todo o corpo, principalmente em grande parte das pequenas
artérias musculares, sendo que os efeitos prejudiciais aumentam continuamente á
medida que a pressão sobe. A manutenção da PA elevada provoca alterações
metabólicas e funcionais ou estruturais em órgãos-alvo, como o coração, encéfalo,
olhos, rins e vasos sanguíneos (SMELTZER;BARE,2009; COTRAN;SCHOEN,2001).
26
Autores alertam que mesmo nas situações em que o tratamento atinja o
nível ideal (abaixo de 120/80 mmHg), os pacientes hipertensos continuam a
apresentar maior risco de acidente vascular cerebral e doenças cardiovasculares do
que pacientes normotensos com níveis semelhantes de pressão (KAPLAN; VICTOR,
2012).
A HAS é uma condição progressiva, que tem por fatores de risco
modificáveis e não modificáveis. Entre os fatores modificáveis estão: o excesso de
peso e obesidade (o incremento de 2,4 kg/m2 no índice de massa corporal acarreta
maior risco para hipertensão); tabagismo; ingestão de álcool ; ingestão excessiva de
sal ( dietas ricas em sal provocam alterações fisiológicas que são compensadas com
o aumento da PA); estresse e o sedentarismo. Os fatores de risco não modificáveis
se relacionam a: sexo, idade, raça e fatores hereditários (DIRETRIZES,
2010;
KAPLAN, VICTOR, 2012).
A idade é comprovadamente um fator de risco importante no diagnóstico
da HAS. É conhecido que o aumento da idade aumenta a prevalência de
hipertensão, estando presente principalmente na faixa etária de mais de 60 anos
(DIRETRIZES,2010).
Dois padrões de hipertensão são observados em idosos: a combinação
de pressão sistólica e diastólica - hipertensão essencial comum na meia-idade, e a
hipertensão sistólica isolada- forma mais frequente em indivíduos de mais de 60
anos. Entretanto as consequências são parecidas, assim como a terapia utilizada
(KAPLAN; VICTOR, 2012).
Contudo, observa-se a ocorrência da HAS precocemente em adultos
jovens e pessoas abaixo de 50 anos de idade. O acometimento da população mais
jovem contribui para o surgimento de doenças cardiocerebrovasculares mais cedo
do que o esperado na população e traduz prejuízo à força economicamente ativa.
Estudo realizado no Ceará objetivando investigar fatores de risco
cardiovasculares em adultos jovens refere que a exposição aos fatores de risco
cardiovasculares normalmente começa na infância e se consolida na juventude,
havendo uma idéia errônea de que fatores de risco cardiovasculares e DCV estejam
presentes em fases mais avançadas da vida. O estudo revelou que entre 60 adultos
jovens, com idade entre 20 a 40 anos, 45 eram hipertensos, 33 possuíam
antecedentes familiares de HAS, 33 tinham sobrepeso e 27 eram sedentários. O
27
estudo, portanto, mostrou elevada prevalência da doença e de seus fatores de risco
entre pessoas jovens (MOREIRA; GOMES; SANTOS, 2010).
Corroborando com estes autores, pesquisa realizada no Rio Grande do
Sul com 1.020 mulheres objetivando estimar a prevalência de HAS em mulheres de
20 a 60 anos, demonstrou que 267 (26,2%) eram portadoras de HAS. Dentre a
amostra, 50% tinha idade entre 20 e 39 anos (HARTMANN et al. , 2007).
Desta forma, observa-se o quanto a HAS tem se manifestado de forma
mais precoce na população, e que cada vez mais as pessoas estão em risco de
adoecimento cardiovascular.
Com relação ao tratamento da HAS, as medidas terapêuticas variam
conforme os níveis de PA e devem ser baseadas no risco cardiovascular, presença
de fatores de risco, lesão de órgãos-alvo e ou doença cardiovascular. O tratamento
tem por objetivo primordial a redução da morbidade e mortalidade cardiovasculares
(DIRETRIZES,2010). Este poderá ser medicamentoso ou não medicamentoso. O
benefício do tratamento pode ser aferido por redução de incidência de infarto do
miocárdio, acidente vascular cerebral e outros eventos clínicos relevantes (FUCHS,
2006; DIRETRIZES, 2010).
No tratamento não medicamentoso, a adoção de estilo de vida saudável
compõe a base do tratamento com medidas de controle de peso, dietas e atividades
físicas. O período de tempo recomendado para as medidas de modificação de estilo
de vida isoladamente em hipertensos com baixo risco cardiovascular, não deve
ultrapassar seis meses. O tratamento com anti-hipertensivos está previsto em
esquemas terapêuticos de monoterapia ou terapia combinada. Este esquema deve
manter a qualidade de vida do paciente, de modo a estimular a adesão ao
tratamento (DIRETRIZES,2010; PIERIN; GUSMÃO; MION JR, 2009).
28
A decisão da terapêutica na HAS conforme o risco cardiovascular está
descrita no quadro 3:
Quadro 3- Decisão terapêutica e risco cardiovascular
Decisão terapêutica
Categoria de risco
Considerar tratamento
Sem risco adicional
Tratamento não medicamentoso
Risco adicional baixo
Tratamento não medicamentoso por até seis
meses. Se não atingir a meta
associar
tratamento medicamentoso
Risco adicional médio, alto e muito alto
Tratamento
não
medicamentosos
+
medicamentoso
Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010
Um dos grandes problemas encontrados no controle da HAS e de suas
complicações está na adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Apesar das propostas
de tratamento serem eficientes, o controle da HAS é pouco satisfatório.
O curso da HAS evolui frequentemente de modo assintomático, mas
determinando alterações fisiopatológicas em órgãos nobres, desta forma no
momento do diagnóstico, o profissional que determina o ―rótulo da doença‖ tem
papel indiscutível no processo de adesão. O estímulo à adesão é um processo
contínuo, porque mesmo pacientes que iniciam a tratamento logo após o diagnóstico
da HAS evidenciam níveis de adesão indesejáveis (COUTINHO; SOUSA, 2011).
É provável que a sensação de melhora inicial, após a redução de
sintomas ou a ausência destes em virtude do uso da medicação anti-hipertensiva,
assim como a redução dos níveis pressóricos, possam ter como consequência a
interrupção do tratamento
medicamentoso ou a adesão parcial (COUTINHO;
SOUSA, 2011; SANTOS; LIMA , 2008).
Desta forma, considera-se que cabe aos profissionais de saúde em geral
e ao enfermeiro em particular, engajados no cuidado clínico ao hipertenso, o
emprego de estratégias e ações específicas, de avaliação, de acompanhamento e
consultas mensais, que possam suscitar a adesão ao tratamento, colaborando para
reduzir os níveis pressóricos dos pacientes e consequentemente as doenças
cardiovasculares.
29
Autores ressaltam as implicações sociais da HAS para o paciente, entre
elas referem que a pessoa hipertensa apresenta uma condição de vida cerceada,
necessitando de monitoramentos constante, medicalização, controle da alimentação,
atividade física e mudanças de hábitos de vida. Acrescentam que o patamar de
adesão ao tratamento é insatisfatório e vários são os fatores que interferem na
adesão, sendo relacionados à terapêutica, ao sistema de saúde e à pessoa (PIRES;
MUSSI, 2009).
Contextualizando, Fava et al.(2010) referem que
em virtude da
cronicidade da doença, para o seu devido controle são imprescindíveis mudanças
de hábitos diários, que para muitos significam ruptura no seu modo de viver, com
repercussões de ordem psicológica, familiar e social.
Nesta ótica, observa-se que a hipertensão acarreta modificações na
qualidade de vida das pessoas, interferindo principalmente na capacidade física,
emocional, interação social, exercício profissional e outras atividades do cotidiano
(PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008).
De acordo com Fava et al. (2010) a equipe de enfermagem desempenha
um papel importante no cuidado a portadores de HAS e que a educação em saúde
constitui uma das estratégias para propiciar conhecimento aos hipertensos sobre
sua condição de saúde.
Como cuidados de enfermagem ao hipertenso encontram-se ações de
educação em saúde, tanto as orientações em saúde quanto relacionadas ao sistema
de saúde e acesso, troca de informações sobre cuidados de saúde, diálogos sobre o
tratamento, mudanças de comportamento e modo de vida, bem como a facilitação
da adaptação e enfrentamento da doença (FAVA, et al., 2010; GUEDES ; ARAÚJO,
2005).
O profissional de saúde é um elemento chave no processo assistencial ao
indivíduo com HAS, ao centrar esforços em todos os estágios para o diagnóstico
precoce da doença, confirmação e avaliação do tratamento. Faz-se necessário a
atuação de uma equipe multiprofissional, integrada, composta por enfermeiro,
médicos, assistente social, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionista e
farmacêuticos, que poderão desenvolver condutas que reduzam as complicações da
doença.
Corroborando, Moura (2010) refere que a HAS, sobretudo com doenças
associadas, requer uma abordagem multi e interdisciplinar, por ser caracterizada
30
como uma doença multifatorial que envolve orientações voltadas para diversas
áreas da saúde, pois seus objetivos múltiplos exigem diferentes abordagens.
Tendo em vista as considerações, os números e os fatores relacionados a
HAS, acredita-se que justificam-se estudos na área, que possam de algum modo
favorecer e inovar o conhecimento em HAS e o tratamento das pessoas portadoras
desta doença.
3.3 Hipertensão e Doenças Cardiovasculares
A HAS é uma doença ―silenciosa‖ que progride de forma assintomática
em grande parte dos pacientes, os sinais e sintomas só começam a surgir quando
as complicações decorrentes da doença se instalam. Com a evolução da HAS,
aumentam os riscos das complicações cardiovasculares. A progressão natural da
doença promove modificações estruturais em artérias e pequenos vasos, diminuindo
o aporte sanguíneo para órgãos-alvo, entre eles o coração, favorecendo as doenças.
As doenças cardiovasculares são graves por atingirem um órgão nobre e
vital, cujo adoecimento traz repercussões fisiológicas, hemodinâmicas, físicas e
emocionais para o indivíduo. Após o adoecimento cardiovascular, estende-se um
longo período para sua recuperação e, em muitos casos, não há sobrevida.
As DCV são, no seu conjunto, responsáveis por aproximadamente 30%
de todas as mortes e estas em associação com a HAS aumentam sua incidência
com o aumento da idade. Ressalta-se que cerca de 40% das pessoas hipertensas
abandonam o tratamento da HAS, este fato possui estreita relação com o surgimento
de doenças cardiovasculares (PIERIN; GUSMÃO; MION JR, 2009; PIRES; MUSSI,
2009).
No Brasil, as DCV tornaram-se problema de saúde pública, sendo
responsáveis por uma proporção de mais de 31% da mortalidade geral,
correspondendo ao maior percentual entre todas as causas (DATASUS, 2011).
Somando-se a isso, demandam cerca de 1,2 milhões de hospitalizações e custo
aproximado de 650 milhões/ano (CIPULLO et al., 2010).
No
SUS
as
doenças
cardiovasculares
representaram
24%
das
hospitalizações na faixa etária de 35 a 64 anos, e 49% no grupo com idade do 65
anos ou mais. Além disso, foram relacionadas a 45,7% (121.770) dos óbitos
hospitalares. Aproximadamente 2 milhões de casos graves de DCV foram relatados
31
em 2004, o custo das DCV entre gastos com a saúde, internações, seguro social e
perda de produtividade são da ordem de 30 bilhões, desta forma observa-se o
impacto social e econômico deste grupo de doenças (AZAMBUJA et al., 2008).
Destaca-se que o crescimento populacional, o aumento da expectativa de
vida, a exposição cada vez mais prematura aos fatores de risco bem como o
deficiente acesso aos serviços de saúde, têm contribuído para o incremento na
incidência de DCV (MOREIRA; GOMES; SANTOS, 2010; PAIVA, 2007).
Os fatores de risco para DCV em hipertensos foi estudado por Girotto et
al. (2009), tendo sido encontrado na amostra de 385 pacientes a prevalência de
70,4% de sedentarismo, 30,9% de história familiar de infarto, 22,6% de diabetes,
28,6% de dislipidemia e 19,9%de tabagismo, demonstrando que a presença de
fatores de risco cardiovasculares, além da própria hipertensão, reforçam a
necessidade
de
intervenção
eficaz,
para
minimizar
as
complicações
cardiovasculares e morte entre hipertensos.
As DCV foram a principal causa de morte no Brasil em 2005 com 28,8%
dos óbitos. As doenças isquêmicas do coração se destacaram como uma das mais
frequentes, com o equivalente a 29,9% destes óbitos (GIROTTO et al., 2009).
No Estado do Ceará, autores demonstraram conforme dados coletados
junto ao Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS), que as DCV
corresponderam a 18% dos internamentos, seguidas das doenças isquêmicas (16%)
e hipertensivas (16%), sendo os pacientes do sexo feminino mais afetados
(FERNANDES; CARNEIRO; CORREIA, 2007).
Historicamente, entre os anos de 1980 a 1990 houve redução no número
de óbitos pelas DCV, porém nos anos 2000 esta redução não se manteve desta
forma e os autores relatam a necessidade de avaliação do seu risco na população,
em virtude dos danos pessoais, sociais e econômicos gerados pelo adoecimento e
complicações das DCV (MOREIRA ; GOMES; SANTOS, 2010).
Neste estudo nos detemos nas doenças cardiovasculares infarto agudo
do miocárdio, insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana associadas a
HAS, que podem surgir como complicações da hipertensão.
A história natural da hipertensão não tratada aumenta a probabilidade de
incapacitação e de morte prematura em decorrência da doença cardiovascular que
precede. A patogênese da combinação de hipertensão sistólica e diastólica envolve
mudanças estruturais nas arteríolas de resistência, ocasionando o ―remodelamento‖
32
e a ―hipertrofia‖ do músculo cardíaco. Essas alterações estão quase sempre
envolvidas no desenvolvimento da arteriosclerose de vasos menores, responsável
por danos em órgãos-alvo observados na HAS de longa duração (KAPLAN;
VICTOR, 2012)..
À medida que a pessoa envelhece, a aterosclerose de vasos maiores
torna-se um fator agravado pela HAS, porém envolvem distúrbios lipídicos, ativação
plaquetária, trombose, disfunção endotelial, inflamação, fatores genéticos, entre
outros que causam os agravos cardiovasculares (KAPLAN; VICTOR, 2012).
A HAS duplica o risco de doença coronária, incluindo o infarto agudo do
miocárdio e morte súbita, e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Usualmente
resulta em hipertrofia ventricular esquerda e/ou isquemia miocárdica. Estes
processos precipitam disfunção sistólica e diastólica, que com frequência progridem
para a ICC (KAPLAN; VICTOR, 2012; FUCHS, 2006).
Entre as DCV que a pessoa hipertensa apresenta, mais comum e
preocupante está o infarto agudo do miocárdio. É uma emergência que requer
pronto atendimento por conferir grande chance de morte imediata.
As Síndromes Coronarianas Agudas (SCA) são definidas como conjunto
de manifestações isquêmicas da musculatura do miocárdio. A angina e o infarto
agudo do miocárdio pertencem a este grupo de doenças do coração (BAGNATORI
et al., 2009). Essas síndromes (SCA) são causadas por obstrução coronariana
decorrente da interação entre fenômenos de trombose e vasoespasmo, resultando
em uma sequência de sintomas clínicos que são compatíveis com a isquemia do
miocárdio, englobando angina instável e IAM (LEMOS et al., 2010).
A isquemia miocárdica consiste na oxigenação insuficiente do músculo
cardíaco. É reversível e se apresenta clinicamente como angina pectoris. Quando a
isquemia é grave, prolongada, resulta em lesão irreversível que consiste no infarto
do miocárdio (SMELTZER; BARE, 2009).
O infarto do miocárdio refere-se ao processo pelo qual áreas do miocárdio
são destruídas de maneira permanente, em decorrência do fluxo sanguíneo reduzido
e consequente redução de oxigênio em uma artéria coronária, causado por
aterosclerose ou oclusão de uma artéria por um trombo. À medida que as células do
miocárdio são privadas de oxigênio ocorre lesão celular, com o passar do tempo, a
falta do oxigênio resulta em morte celular caracterizando o infarto do miocárdio
(SMELTZER;BARE, 2009).
33
O termo infarto do miocárdio tem relação com o tempo de ocorrência do
infarto, podendo ser agudo, em evolução ou antigo. Também pode ter localização
diversa com relação ao suprimento do fluxo sanguíneo local, sendo na parede do
ventrículo direito ou na parede ventricular esquerda (BAGNATORI et al., 2009).
As manifestações clínicas do IAM são típicas da doença isquêmica. Os
sinais e sintomas do infarto podem incluir: dor torácica de grande intensidade, que é
o sintoma mais referido pelos pacientes, aceleração das frequências cardíaca e
respiratória, o paciente fica inquieto e ansioso, pele fria, pálida e úmida, náusea e
vômito podem estar presentes. A dor torácica pode irradiar para pescoço, mandíbula
e braço esquerdo (SMELTZER; BARE, 2009).
O enfermeiro possui função importante no manejo da clínica dos
pacientes com IAM, sendo necessário conhecimento de sua fisiopatologia,
manifestações clínicas, eletrocardiográficas, terapêutica, cuidados específicos de
enfermagem e habilidade em emergência cardiológica (BAGNATORI et al., 2009).
A
maneira
mais
eficaz
de
reduzir
o
impacto
das
doenças
cardiovasculares, em nível populacional, é o desenvolvimento de ações de
prevenção e tratamento de seus fatores de risco. O enfermeiro deve conhecer os
fatores implicados no desencadeamento das síndromes coronarianas, e quais os
mais presentes na sua área de atuação, a fim de agir de forma mais incisiva no
desenvolvimento de programas capazes de reduzir a morbidade e mortalidade por
DCV (LEMOS et al., 2010).
Estudo realizado por Oliveira, Albuquerque e Alencar (2010) com o
objetivo de conhecer o nível de satisfação de usuários portadores de IAM acerca do
cuidado de enfermagem prestado em uma instituição hospitalar, revelou claramente
a intensa satisfação destes usuários, estando relacionada aos aspectos afetivos do
cuidado de enfermagem prestado, como a atenção, o respeito, a gentileza e o zelo,
assim como aspectos relacionados à terapêutica assistencial e ao agir do
profissional de enfermagem ético e técnico, demonstrando a relevância destes
cuidados na reabilitação destes pacientes.
A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome clínica, complexa em sua
fisiopatologia e tratamento, caracterizada pela disfunção cardíaca ventricular
sistólica ou diastólica, geralmente resultante de disfunção ou perda do músculo
miocárdio, caracterizada por dilatação do ventrículo esquerdo ou hipertrofia
(CASTRO et al., 2010). É também definida como a incapacidade do coração
34
bombear sangue suficiente para satisfazer às necessidades de oxigenação dos
tecidos. Manifesta-se por sobrecarga hídrica e perfusão tissular inadequada
(SMELTZER; BARE, 2009).
É ainda, considerada a via final da maior parte das doenças
cardiovasculares, sendo causa de incapacidade e morbidade, pois impossibilita a
execução de atividades diárias e
profissionais, além de predispor à alterações
emocionais, como a depressão e ansiedade. Traz impacto físico e psicológico, gera
modificações sociais e nas atividades cotidianas(ARRUDA ;CAVALCANTE, 2012).
A IC pode ser aguda ou congestiva. Na IC congestiva o ventrículo
esquerdo não consegue bombear sangue para fora do ventrículo, provocando o
aumento do volume sanguíneo nos tecidos pulmonares e alvéolos. Entre os sinais e
sintomas estão a dispnéia, tosse, expectoração e edema pulmonar. Na IC aguda há
uma
súbita
disfunção
ventricular
em
consequência
de
outras
doenças
cardiovasculares que comprometam o funcionamento cardíaco, como o IAM e
aterosclerose de artérias coronarianas (SMELTZER;BARE, 2005; ROCHA, 2008).
A insuficiência cardíaca tem sido subdividida em classificações diferentes
para descrevê-la e essas classificações variam conforme IC aguda ou crônica,
esquerda ou direita,
congestão,
choque,
disfunção sistólica ou
diastólica
(LAURENT-BOOP, 2006).
Em países subdesenvolvidos a HAS é a principal causa de IC crônica
associada com a doença arterial coronariana. Constitui um fator de risco importante
para a IC, sendo que o mecanismo pelo qual a HAS leva à IC é multifatorial e têm
sido verificados (ROLANDE et al., 2011).
As manifestações clínicas mais comumente apresentadas por pacientes
com IC descompensada são: dispneia, ortopneia, cansaço, distensão de veia
jugular, edema de membros inferiores e fração de ejeção diminuída (ALITI et al.,
2011).
Estudo realizado por Arruda e Cavalcante (2012) para investigar as
causas para o grande número de re-internações e mortalidade da IC destacam-se o
desconhecimento de medidas não farmacológicas, a incapacidade dos pacientes de
identificarem sinais e sintomas que antecedem a fase de descompensação e/ou a
adesão inadequada ao tratamento medicamentoso.
Autores demonstraram que a baixa adesão ao tratamento na IC estaria
relacionada a fatores de risco que envolve problemas socioeconômicos, prejuízos
35
cognitivos somados às características da doença e à complexidade do tratamento.
Os custos das medicações, as quantidades e efeitos, o relacionamento entre
profissional de saúde e paciente e o apoio necessário são identificados como fatores
contribuintes para influenciar na adesão ao tratamento (CASTRO et al., 2010).
Ressalta-se que a enfermagem contribui de sobremaneira nos cuidados
ao paciente com IC, realizando-os a partir do histórico de enfermagem, do exame
físico, diagnósticos de enfermagem identificados, avaliação contínua do paciente,
além de realizar ações de educar o paciente com relação aos cuidados
subsequentes (LAURENT-BOPP, 2006).
O enfermeiro é um dos profissionais que avalia a presença de IC, conduz
a terapêutica em conjunto com a equipe médica, realiza educação em saúde, orienta
paciente e família para prognóstico da doença, recomendações de atividades,
medicações e dietas (ROCHA, 2008).
Enfermeiros
treinados
podem
detectar
as
manifestações
da
IC
descompensada e avaliar o perfil hemodinâmico durante a realização de exame
clínico diário, à beira do leito, apresentando um desempenho similar ao médico
cardiologista (ALITI et al., 2011). No entanto é necessário considerar que
mais
importante que tratar a IC é preveni-la, tratando seus fatores de risco como a
hipertensão, a diabetes
e dislipidemia, a fim de evitar a instalação e o
desenvolvimento da disfunção ventricular.
Por sua vez, a doença arterial coronariana, DAC, se desenvolve a partir
da aterosclerose, que constitui em um acúmulo anormal de substâncias lipídicas ou
de tecido fibroso na parede vascular. Essas substâncias podem formar placas que
obstruem ou estreitam os vasos, provocando a redução ou bloqueio do fluxo
sanguíneo para o miocárdio (SMELTZER; BARE, 2005; COTRAN;SCOEN, 2001).
A DAC tem estreita relação com o IAM e a IC. A aterosclerose
coronariana produz sintomas e complicações de acordo com o grau de
acometimento da luz arterial, formação de trombo e obstrução do fluxo sanguíneo,
que
podem gerar a isquemia
miocárdica
consegue
miocárdica e o infarto do miocárdio. A lesão
significativa, provoca débito cardíaco inadequado
suprir as necessidades
e o coração não
do corpo, podendo ocasionar insuficiência
cardíaca (SMELTZER ;BARE, 2005).
A HAS, ao lado de alterações no colesterol, fumo e diabetes melitus foram
citados como fatores de risco para a doença arterial coronariana e suas
36
complicações (FUCHS, 2006). Corroborando, autores referem que os principais
fatores de risco para DAC incluem a hipertensão, tabagismo, dislipidemias,
obesidade, sedentarismo, diabetes mellitus e antecedentes familiares (GUS;
FISCHMAN; MEDINA, 2002).
Observa-se por tudo que foi exposto, que a HAS é um fator predisponente
a várias doenças cardiovasculares e que a hipertensão de longa duração causa
danos que podem ser irreversíveis ao coração.
Os enfermeiros por meio da
sistematização da assistência de enfermagem, com emprego dos diagnósticos de
enfermagem, podem auxiliar na saúde da pessoa hipertensa e
na redução da
complicação cardiovascular.
O enfermeiro responde por cuidados essenciais às pessoas portadoras de
HAS, sendo um agente facilitador para que o indivíduo desenvolva competências
para um agir saudável. Por isso, frente aos hipertensos, o enfermeiro deve dar
atenção especial aos fatores de risco cardiovasculares, que poderão perpetuar em
complicações graves (MENEZES; GOBBI, 2010).
Acredita-se que a utilização de diagnósticos de enfermagem no cuidado
de pacientes hipertensos com DCV torna-se relevante pela identificação de
problemas e necessidades reais desta clientela, com vistas a elaboração de um
plano de cuidados e intervenções de enfermagem adequadas a cada cliente.
3.4 Cuidado clínico de enfermagem a pessoas hipertensas
Diversas definições são atribuídas a palavra cuidado/cuidar por muitos
autores, filósofos e profissionais. Diversas também são as formas ou dimensões do
cuidado, havendo muitas possibilidades de se prestar o cuidado a quem dele
necessita. A necessidade de cuidado é uma experiência cotidiana, vivenciada por
todos.
O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primórdios da
humanidade, vem atravessando civilizações e gerações, configurando-se como
resposta ao atendimento às suas necessidades em algum momento da vida (SILVA
et al. ,2009). O cuidado de enfermagem tem sido compreendido como uma atitude
de desvelo, atenção, que está presente na interação dinâmica entre paciente e
enfermeiro e é inerente a profissão de enfermagem (VALE; PAGLIUCA, 2011).
37
A realização do cuidado de enfermagem se estabelece mediante uma
ação interativa entre o enfermeiro e paciente. Nele as atividades do profissional são
desenvolvidas ―para‖ e ―com‖ o paciente, ancoradas no conhecimento científico,
habilidade, intuição, pensamento crítico e criatividade, acompanhadas de ações de
cuidar/cuidado no sentido de promover, manter ou recuperar a totalidade humana
(BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009).
Nesta perspectiva, autores referem que o cuidado é uma característica do
ser humano, adotada pela enfermagem, tornando-se sua essência. Tem sido
apontado como objeto epistemológico da enfermagem, abrangendo diversos
significados, por vezes complexos, no entanto pode ser compreendido como ato de
dedicação e inquietação pelo outro (SILVA et al. ,2009).
Pires (2009) refere que o cuidar em enfermagem, tem o sentido de
promover a vida, o potencial vital, o bem estar dos seres humanos na sua
individualidade, complexidade e integralidade. Envolve um encontro com o objetivo
terapêutico de conforto, de cura quando possível e também de preparo para a morte.
Waldow (2008) afirma que o cuidar na enfermagem tem se distinguido
como o seu fazer e que vem afirmando-se mais recentemente também como um
saber diferenciado e único. É sua essência, a sua condição existencial, pois sem o
cuidar a enfermagem não existe.
Neste contexto, Vale e Pagliuca (2011, p.112) caracterizam o cuidado de
enfermagem humanizado como competente e eficaz. Estes autores definiram o
cuidado de enfermagem a partir de estudos com grupos de enfermeiros e
graduandos em enfermagem:
Cuidado de enfermagem é um fenômeno intencional, essencial à
vida, que ocorre no encontro de seres humanos que interagem, por
meio de atitudes que envolvem consciência, zelo, solidariedade, e
amor. Expressam um ―saber fazer‖, embasado na arte, na ciência,
ética e na estética, direcionado às necessidades do indivíduo, da
família e da comunidade.
Autores
referem
que
o
cuidar
em
enfermagem
consiste
no
desenvolvimento de ações e comportamentos com base em conhecimento científico,
experiência, intuição e pensamento crítico, no sentido de manter, promover ou
recuperar a dignidade e totalidade humana. Sob uma ótica humanizadora é uma
atitude intencional de preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o
outro (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; ALENCAR, 2009).
38
Considera-se que o foco do cuidado de enfermagem é o ser humano com
suas necessidades biopsicossociais e espirituais. A função precípua do enfermeiro é
o cuidado de enfermagem, seu objetivo está centrado na promoção da saúde,
prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde (VALE; PAGLIUCA,
2011).
Acredita-se que o enfermeiro deve exercer o cuidado de forma
individualizada e holística ao indivíduo, para que ele possa alcançar a sua saúde de
forma integral e obter maior qualidade na assistência recebida. Esse cuidado é
realizado por meio de ações que são únicas e essenciais à recuperação da saúde
do indivíduo em todo o seu ciclo de vida.
Por ser o cuidado a essência da profissão de enfermagem, este se
concretiza nos diversos espaços em que o enfermeiro está presente, interagindo
com o paciente e de alguma forma prestando a assistência de enfermagem. Convém
ressaltar que o cuidado clínico de enfermagem é o cuidado que ocorre nos vários
cenários da prática de enfermagem, desde que seja realizado pela equipe de
enfermagem de forma sistematizada, humanizada, dirigida ao indivíduo em todas as
etapas do ciclo vital, à família ou à comunidade, com bases na filosofia, na ética, no
conhecimento
teórico,
considerando
a
subjetividade
do
indivíduo
e
suas
manifestações pessoais no processo saúde-doença.
Ante a clientela de hipertensos, as ações cuidativas dos enfermeiros
objetivam favorecer as pessoas a assumirem comportamentos saudáveis, modificar
o estilo de vida, seguir esquemas terapêuticos e medicamentosos. Assim, os
cuidados da enfermagem contribuem para a redução do risco cardiovascular,
mediante a adesão do paciente aos cuidados de promoção e manutenção da saúde
(BEZERRA et al., 2010).
A enfermagem desempenha cuidados junto a estes pacientes almejando
o controle eficaz da hipertensão, para tanto é importante considerar as
características individuais de cada pessoa. As intervenções necessárias às
mudanças de comportamentos devem ter por base fatores específicos e influentes
na determinação do modo de ser e viver dos hipertensos, os quais podem ser de
origem interna e externa (FAVA et al., 2010).
Neste contexto, não deixamos de observar a formulação dos diagnósticos
de enfermagem no cuidado clínico de hipertensos, após as etapas de levantamento
de dados e exame físico. Por meio de diagnósticos de enfermagem definidos
39
corretamente, é possível estabelecer intervenções que atendam às necessidades
individuais dos sujeitos com hipertensão arterial e minimizem complicações (FAVA et
al., 2010).
Os diagnósticos de enfermagem são essenciais para a continuação da
assistência, e formam o elo entre a identificação das necessidades do paciente, o
planejamento e a implementação dos cuidados de enfermagem.
Muniz Filha (2007), ao tratar de diagnósticos de enfermagem em
hipertensos com complicações, refere que a utilização de diagnósticos de
enfermagem em pacientes portadores de HAS contribui positivamente na obtenção
de resultados esperados e aumentam o campo de ação do enfermeiro, sem restringilo somente a técnicas e procedimentos.
Desta forma considera-se que diagnósticos de enfermagem são parte
integrante do cuidado clínico de enfermagem, devendo ser aceitos e praticado pelos
enfermeiros nos diversos espaços de atuação da enfermagem. São capazes de unir
à fundamentação científica ao cuidado humanizado e individualizado.
A inserção do diagnóstico de enfermagem no processo de trabalho
favorece aos enfermeiros a usar uma linguagem comum, que possibilita o
entendimento entre os pares sobre os fenômenos clínicos de interesse, norteando
as decisões sobre o fazer da enfermagem. A contextualização do diagnóstico de
enfermagem no PE pode ter efeitos positivos na definição dos fenômenos, na
proposição de cuidados de enfermagem e avaliação dos resultados obtidos
(FONTES; CRUZ, 2008).
A atuação do enfermeiro no contexto do cuidado clínico aos pacientes
hipertensos envolve diversos aspectos do cuidado de enfermagem. Citam-se
cuidados prestados pela enfermagem a estes pacientes: detecção precoce da
doença, realização periódica da medida da PA, atuação em campanhas no
rastreamento de prováveis hipertensos; promoção da saúde por meio de ações
educativas visando a adoção de estilos de vida saudáveis e controle de fatores de
risco para DCV; cuidado direto por meio de consulta de enfermagem que favoreça o
desenvolvimento de vínculo entre o profissional e a pessoa hipertensa, e educação
em saúde que inclui desenvolver e estimular transformações no modo de viver
(PIERIN; GUSMÃO; MION JR ,2009).
Segundo Smeltzer e Bare (2009) o objetivo do cuidado de enfermagem
para pacientes hipertensos focaliza principalmente a diminuição e o controle da PA.
40
Para alcançar estas metas a enfermeira deve apoiar e orientar o paciente a aderir ao
regime de tratamento, implementar alterações necessárias no estilo de vida, bem
como monitorar a evolução da doença e identificar complicações ou problemas na
terapia.
No cuidado de hipertensos na ESF, o enfermeiro atua como educador em
saúde no trabalho com grupos de pessoas hipertensas, seus familiares e
comunidade, além de desenvolver a consulta de enfermagem (FELIPE; ABREU;
MOREIRA, 2008).
Se os cuidados sugeridos em nível de Atenção Primária de Saúde não
forem seguidos de modo adequado, em algum momento da vida da pessoa
hipertensa
surgirão
complicações.
Após
a
instalação
das
complicações
cardiovasculares da HAS os cuidados de enfermagem estarão voltados para a
recuperação do processo patológico mediante tratamento e para o autocuidado do
paciente. Estas ações são realizadas inicialmente em nível terciário, em instituições
hospitalares.
As competências do enfermeiro no cuidado da pessoa com doença
cardiovascular, abrangem ações de proteção e recuperação da saúde, por meio de
intervenções
terapêuticas
relacionadas
ao
tratamento
medicamentoso,
procedimentos técnicos de enfermagem, orientação para a realização de exames
especializados, adaptação do paciente e família à condição de hipertensão e suas
complicações, além de ações educativas e de apoio emocional.
O cuidado é oferecido aos pacientes crônicos cardíacos mediante ações,
emoções e sensibilidade que o ajudam a vivenciar o processo de adoecimento.
Cuidar destes pacientes na dimensão técnica envolve a atenção aos sinais,
sintomas e complicações do adoecimento, bem como a terapêutica empregada. O
cuidado humanizado torna-se indispensável a estes pacientes, o enfermeiro precisa
transcender o cuidado propriamente dito e compreender quem é esse paciente. A
implementação das ações do cuidado no dia-a-dia, implicam em perceber o paciente
como um ser, respeitar seus valores, crenças, sentimentos, emoções e não apenas
considerar o aspecto biológico (BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009).
Entende-se que os diagnósticos de enfermagem antecedem às ações de
cuidado, sendo necessário a sua determinação para efetivar o processo de
enfermagem. A partir das manifestações clínicas e problemas identificados descritos
41
como diagnósticos de enfermagem, infere-se os resultados possíveis e as
intervenções de enfermagem para a continuidade ao tratamento (HERDMAN,2010).
Ressalta-se que as doenças cardiovasculares carecem de intervenções
precoces e efetivas por parte do enfermeiro. Estas doenças associadas a HAS
dificultam ainda mais a qualidade de vida das pessoas acometidas. Desta forma os
enfermeiros devem estar fundamentados cientifica e tecnicamente para o cuidado
clínico desta parcela da população. Para tanto diagnósticos de enfermagem formam
a base para a consolidação do processo de enfermagem e fortalecem a sua prática.
42
4 METODOLOGIA
4.1 Natureza de Estudo
Pesquisa de natureza descritiva, do tipo transversal. A escolha da
estratégia descritiva se deve ao fato do estudo descrever características de uma
determinada população, em consonância com a obtenção de informações e dados
acerca do problema, para uma visão mais aprofundada e maior conhecimento do
tema em questão, sem a pretensão de interferir na realidade encontrada.
A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos e
fenômenos sem que haja manipulação do pesquisador, buscando entre outros,
descobrir a frequência com que uma variável ocorre (BARBOSA, 2000). Entre
outras, tem por finalidade a descrição das características de uma população ou a
identificação de possíveis relações entre variáveis (GIL, 2010).
Empregou-se o método transversal por se tratar de um estudo com
pacientes em um determinado momento do processo de adoecimento, não havendo
referências ao processo saúde-doença como um todo, nem acompanhamento da
evolução da doença. O estudo transversal tem caráter instantâneo, a produção do
dado
é
realizada
em
um
único
momento
no
processo
de
observação
(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).
4.2 Local da Pesquisa
O estudo foi realizado em um hospital especializado em doenças
cardiopulmonares, da rede pública de saúde de Fortaleza- CE, sendo hospital de
referência em Cardiologia no Estado do Ceará, sob a administração da Secretaria
Estadual de Saúde do Ceará (SESA-CE).
A instituição é destinada para tratamento de pacientes com doenças
torácicas, respiratórias ou cardíacas. Dispõe de 379 leitos, distribuídos em duas
unidades de internação pneumológica, uma de internação pediátrica, quatro
unidades de internação cardiológica, sete unidades de terapia intensiva, uma
unidade de parada cardiorrespiratória, uma emergência para adultos, um setor de
43
hemodinâmica, um centro cirúrgico e ambulatórios de consulta médica e de
enfermagem. A pesquisa foi realizada nas quatro unidades de internação
cardiológica.
O hospital oferece ainda serviços diversos de diagnósticos e de exames
incluindo
exames
radiológicos,
tomografia
computadorizada,
implante
de
marcapasso, cateterismo cardíaco, broncoscopia, atendimento odontológico. Além
disso realiza transplantes de órgãos, sendo reconhecido nacionalmente por este
serviço.
No período de um ano o hospital realiza em média de 1.180 cirurgias
cardíacas e abrange a estimativa de 8.170 internamentos em unidades de clínica
médica.
Na instituição o processo de enfermagem é realizado pelos enfermeiros.
Os diagnósticos de enfermagem são determinados a partir de um instrumento
próprio da enfermagem, padronizado para toda instituição, no qual existem 11
diagnósticos formulados, algumas intervenções de enfermagem e resultados
esperados. Entretanto considera-se que este instrumento utilizado limita a
determinação dos diagnósticos de enfermagem e não contempla as reais
necessidades de cuidados dos pacientes com DCV, portanto limita a assistência de
enfermagem.
Desta
forma,
acredita-se
na
necessidade
elaborar-se
um
novo
instrumento mais direcionado e atualizado, em que o enfermeiro possa estabelecer
os diagnósticos, intervenções e resultados próprios de cada paciente.
4.3 População e amostra
A população foi constituída por pacientes hipertensos com diagnóstico
das doenças cardiovasculares infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca ou
com doença arterial coronariana.
Após acesso aos livros de registros de pacientes atendidos na instituição,
foi então realizado o somatório do número de pacientes com hipertensão e as
44
doenças cardiovasculares IAM, IC e DAC. Foi encontrado um total de 1390
pacientes, atendidos no período de três meses consecutivos, durante o ano de 2011.
No período de coleta dos dados, equivalente aos meses de setembro a
novembro de 2012 (três meses), estimou-se, portanto que seriam admitidos
aproximadamente 1.390 pacientes hipertensos com as doenças cardiovasculares
IAM, IC e DAC.
Para o cálculo do tamanho da amostra estimou-se uma prevalência P de
80%, equivalente à prevalência de hipertensão em pacientes internados na
instituição cenário do estudo, com doença cardiovascular. Esta prevalência foi
encontrada a partir do levantamento de registros em prontuários, em uma das
unidades de internação de cardiologia, quando da realização nesta instituição do
estudo intitulado ―Prática Clínica de Enfermagem: Fundamentação Teórica e
Classificações para as Práticas Profissionais‖.
Fixou-se o nível de significância de 5% (
= 0,05) e um erro amostral
relativo de 7,3% (erro amostral absoluto = 9,1%). Esses valores aplicados na fórmula
abaixo, indicada para populações finitas (N =1390 pacientes), proporcionou uma
amostra de tamanho ―n‖ igual 105 pacientes.
t25% x P x Q x N
n =
e2(N-1) + t25% x P x Q
Onde: n= tamanho da amostra, N= tamanho da população, t= valor
tabelado da distribuição de t de Student ao nível de significância de 5%, e= erro
amostral absoluto, Q = porcentagem complementar (100-p), P = prevalência da
doença.
Os critérios de inclusão foram: ter diagnóstico de hipertensão arterial
registrado no prontuário, ser maior de 18 anos, está consciente e capaz de
verbalizar necessidades e ter diagnóstico médico de IAM, IC ou DAC.
Os critérios de exclusão foram: pacientes que apresentaram condições
clínicas instáveis, ou seja, pacientes graves, que não tinham condições de verbalizar
ou de serem examinados fisicamente.
45
4.4 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de dados
A coleta de dados foi efetuada por meio de um formulário constituído por
questões
abertas,
fechadas
e
mistas,
envolvendo
as
características
sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos pacientes, assim como relativas ao
histórico do paciente preenchido por meio de entrevista e ao exame físico realizado
pela pesquisadora. O formulário foi elaborado com base na Taxonomia II da
NANDA-I nos seus 13 domínios e nos roteiros e formulários utilizados por Paiva
(2007) e Muniz Filha (2007).
Foram inicialmente coletados dados nos prontuários a fim de selecionar
os pacientes com diagnóstico de hipertensão e diagnóstico de uma das doenças
cardíacas citadas, para obter informações acerca de exames como cateterismo
cardíaco, procedimentos médicos realizados e outras informações pertinentes ao
estado clínico do paciente.
Os diagnósticos de enfermagem foram elaborados pela pesquisadora
após a obtenção dos dados relacionados às respostas humanas apresentadas pelos
pacientes, as quais foram registradas no instrumento de coleta de dados.
Para estabelecer um diagnóstico de enfermagem, exige-se a utilização do
raciocínio diagnóstico. O raciocínio diagnóstico é um processo que inclui inferências
a partir da análise de dados obtidos dos pacientes, família ou comunidade.
Para a elaboração dos diagnósticos de enfermagem utilizou-se as etapas
do raciocínio diagnóstico proposto por Lunney (2011), que envolve os seguintes
elementos críticos: Reconhecimento da existência de indicadores ou indícios,
geração de possíveis diagnósticos, comparação de indícios para possíveis
diagnósticos, coleta de dados focalizada, validação de diagnósticos. Estes
elementos estão descritos a seguir conforme a autora:
1-Reconhecimento de indícios: O enfermeiro reconhece indícios, pistas ou
evidências com fins diagnósticos, com base no levantamento de dados e exame
físico. Indícios são unidades de dados, como por exemplo, a frequência respiratória.
2-Geração
de
possíveis
diagnósticos:
Identificação
de
possíveis
diagnósticos e/ou outros indícios a serem investigados. A decisão do diagnóstico
somente ocorre quando da obtenção de evidências ou dados de apoio suficientes.
46
3- Comparação de indícios para possíveis diagnósticos: Os indícios são
analisados em relação aos possíveis diagnósticos, por meio de um processo de
avaliação, que envolve a combinação de indícios existentes e esperados para os
diagnósticos. Durante a avaliação dos indícios e dos diagnósticos, o enfermeiro
pode decidir pela existência ou não de evidências suficientes para o diagnóstico.
4- Coleta de dados focalizada: Para confirmar ou descartar diagnósticos
considerados, indícios adicionais podem ser coletados de forma focalizada. A coleta
focalizada termina quando o enfermeiro sintetiza os dados disponíveis e escolhe um
dos diagnósticos, descarta ou revisa os diagnósticos em análise para incorporar
outros. Se um ou mais diagnósticos forem considerados, a etapa seguinte é a
validação.
5- Validação dos diagnósticos: A validação ou confirmação do diagnóstico
pode ser realizada com o enfermeiro, juntamente ao paciente ou a outro indivíduo
como um profissional de saúde. Ambos devem concordar com o diagnóstico
encontrado. Validar os diagnósticos com outros indivíduos ajuda a garantir a
acurácia diagnóstica.
Nesta pesquisa, após a pesquisadora estabelecer os diagnósticos gerais,
foram identificados os diagnósticos prioritários conforme a NANDA-I:
A
pesquisadora após levantamento dos dados a partir do formulário de pesquisa,
estabeleceu inicialmente 172 diagnósticos possíveis. Os índicios e pistas
diagnósticas encontrados para tais diagnósticos foram comparados e confirmados
ou não com os encontrados na NANDA Internacional 2012-2014, sendo descartados
diagnósticos que não apresentaram evidências suficientes para sua formulação.
Após estas etapas, foi realizada a validação ou confirmação dos diagnósticos pela
pesquisadora juntamente com sua orientadora, com base nas evidências,
características definidoras e fatores relacionados encontrados. Nesta etapa foram
selecionados somente diagnósticos que ambas, pesquisadora e orientadora,
concordaram. Após a realização de todas as etapas para a determinação dos
diagnósticos conforme Lunney (2011), foram identificados 46 diagnósticos definitivos
na amostra.
47
4.5 Organização e Análise de dados
Os dados foram consolidados em uma base de dados, por meio de
planilhas do programa Excel. Nestas foram registrados dados sociodemográficos,
clínico-epidemiológicos e as respostas humanas. Posteriormente os dados foram
processados estatisticamente no programa SPSS (Statistical Package of Social of
Science) versão 17.0.
Os diagnósticos de enfermagem estão apresentados por meio de quadros
para melhor compreensão. Já os dados sociodemográficos e clínico-epidemiológicos
foram dispostos em tabelas com frequência simples e percentual. Estão também em
tabelas os dados de associação entre variáveis.
Foram calculadas as medidas estatísticas descritivas médias e desvio
padrão das variáveis: idade, renda, tempo de diagnóstico de HAS e índice de massa
corporal.
Analisou-se a associação entre diagnóstico de enfermagem e as
variáveis sociodemográficas idade e sexo, e as variáveis clínicas tempo de HAS,
IAM, IC e DAC, por meio dos testes não paramétricos de
2
e do teste de razão de
verossimilhança. Para todas as análises consideraram-se como estatisticamente
significantes aquelas com p < 0,05.
A discussão dos resultados fundamentou-se em literatura revisada,
sobre doença cardiovascular e diagnósticos de enfermagem. Dados acerca da HAS
foram analisados conforme diretrizes nacionais, normas do Ministério da Saúde e na
literatura científica atualizada e disponíveis em bases de dados nacionais.
4.6 Aspectos éticos e legais da pesquisa
O trabalho buscou atender a todos os preceitos éticos contidos na
Resolução196/96, que trata das pesquisas que envolvem seres humanos.
A pesquisa foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Estadual do Ceará (UECE) aprovado segundo o Parecer Nº 65732 e
em seguida ao CEP da instituição hospitalar aprovado sob o Parecer Nº77609,
conforme
determina
(BRASIL,1996).
a
Resolução
196/96
Conselho
Nacional
de
Saúde
48
A coleta de dados iniciou-se após parecer favorável dos dois Comitês.
Ressalta-se a obtenção inicial, junto a Chefia do Serviço de Cardiologia da
instituição, de autorização para realização da coleta de dados para a pesquisa, nas
unidades de cardiologia. A autorização foi encaminhada juntamente com o projeto
de pesquisa ao CEP da instituição e da UECE.
Para a realização da coleta de dados, pacientes que atendiam aos
critérios de inclusão na amostra, foram abordados e convidados a participar. Foi
lhes explicado o propósito da pesquisa e sua participação no estudo. Na ocasião,
entregou-se aos mesmos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(Apêndice B), o qual os pacientes assinaram após aceitar participar do estudo.
O TCLE esclarece a intenção do estudo, garante o sigilo de identidade
dos participantes na divulgação das informações obtidas, e foi preenchido em duas
vias, ficando uma para a pesquisadora e outra para o pesquisado.
49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram avaliados 105 pacientes neste estudo. Adiante são apresentadas
as características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas da amostra, os
diagnósticos de enfermagem encontrados e a associação entre diagnósticos e
variáveis.
Tabela1: Distribuição dos pacientes quanto a características sociodemográficas.
Fortaleza- CE, 2012
Variáveis
Sexo
Masculino
Feminino
Total
Idade (anos)
29-59
60-69
70-90
Total
Estado civil
Solteiro
Casado/ união estável
Sep/ viúvo
Total
Escolaridade
Analfabeto
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio completo
Ensino superior completo
Total
Ocupação
Trabalha
Aposentado/Pensionista
Desempregado
Total
Renda familiar(sm)
0---/1
1---/2
2---/8
Total
Procedência
Capital
Interior do estado
Outro estado
Total
Salário mínimo = R$ 622,00
F
%
61
44
105
58,1
41,9
100
34
40
31
105
32,4
38,1
29,5
100
10
81
13
105
9,5
77,1
12,4
100
31
48
16
8
2
105
29,5
45,7
15,2
7,6
1,9
100
29
59
17
105
27,6
56,2
16,2
100
37
46
21
105
35,2
43,8
20,0
100
51
52
2
105
48,6
49,5
1,9
100
Média ± DP
63,59±12,2
1,84±1,22
50
Nessa pesquisa encontrou-se a predominância do sexo masculino, sendo
61(58,1%) homens e 44(41,9%) mulheres, apontando a prevalência da HAS nos
homens. No entanto, em nosso município, Fortaleza-CE, o VIGITEL 2011 mostrou
que a prevalência da HAS em mulheres tem se mostrado mais elevada do que em
homens (BRASIL, 2012). Contudo, a prevalência global da HAS entre homens e
mulheres é semelhante, sendo mais elevada nos homens até os 50 anos e
invertendo-se a partir desta idade (DIRETRIZES, 2010).
No que se refere à DCV, em geral, estudos têm demonstrado ser mais
comum entre homens (LEMOS et al., 2010; ROLANDE et al., 2011; BARRETO et al.,
2008). Pesquisa realizada com 130 pacientes com diagnóstico de IC secundária à
HAS demonstrou a predominância do sexo masculino entre os pesquisados, com
58% (74) homens (ROLANDE et al., 2011). Na mesma linha, estudo com pacientes
internados em unidade coronariana com complicações da HAS, encontrou a maioria
de pacientes do sexo masculino (MUNIZ FILHA, 2007). Outro estudo, conduzido em
hospital universitário com 252 pacientes com IC, reforçou a prevalência do sexo
masculino, correspondendo a 60%(151) da amostra (CASTRO et al., 2010). Autores
referem que mulheres têm maior tolerância à HAS do que os homens e apresentam
taxas de mortalidade coronariana em geral mais baixas (KAPLAN; VICTOR, 2011).
A idade dos 105 participantes variou de 29 a 90 anos com média
(63,5+12,2) anos, havendo maior número de pacientes idosos, correspondendo a 71
(67,6%) participantes. A idade demonstra ser fator de risco relevante para a HAS. À
medida que aumenta a idade, eleva-se a prevalência de hipertensão, estando
presente principalmente na faixa etária de 60 anos ou mais (DIRETRIZES, 2010).
Este fato pode relacionar-se aos níveis tensionais que tendem a se elevar em
pessoas
com
idades
arteriosclerose,
que
principalmente
a
mais
avançadas,
diminui
a
hipertensão
devido
complacência
arterial
sistólica
ao
das
desenvolvimento
artérias,
(PINOTTI;
de
ocasionando
MANTOVANI;
GIACOMOZZI, 2008).
O impacto do envelhecimento associado a HAS foi observado
precisamente em estudo que demonstrou que 90% de pacientes normotensos na
idade de 55 ou 65 anos, acompanhados por 20 anos, desenvolveram hipertensão
na idade de 75 ou 85 anos (KAPLAN;VICTOR, 2011).
Estudo
realizado
com
263
pacientes
internados
pela
doença
cardiovascular, IC, identificou a maior concentração de idosos entre os pesquisados
51
e a média de 59,9 anos entre os pacientes. Neste mesmo estudo, a etiologia mais
frequente da IC foi a cardiopatia isquêmica, seguida da hipertensiva, que contribuiu
com 27% das internações (BARRETO et al.2008).
Igualmente, Castro et al. (2010) encontraram entre 252 pacientes com
diagnóstico de IC, a média de idade de 63 anos. A principal etiologia da IC neste
caso foi hipertensiva, seguida das doenças isquêmicas.
Desta forma considera-se que, no presente estudo, a idade avançada foi
fator importante em pacientes com HAS e DCV, contribuidor na gênese das
doenças.
Quanto ao estado civil, observou-se que a grande maioria, 81 (77,1%)
pacientes, era casada. Estudos com pacientes hipertensos também encontraram
essa característica. A presença do companheiro nesta pesquisa revelou ser um fator
positivo, relatado pelos pacientes como de apoio na internação hospitalar e ao longo
do tratamento das doenças antes da internação.
Muitos pacientes afirmaram a
participação do cônjuge no tratamento farmacológico, no que diz respeito aos
horários e controle da medicação.
Com relação à ocupação, mais da metade da amostra era aposentado
ou pensionista correspondendo a 59 (56,2%) pacientes, o que pode ter relação com
a idade, já que a maioria também era de idosos.
Percebeu-se neste estudo a baixa escolaridade dos participantes, 31(
29,5%) pacientes eram analfabetos e 48 (45,7%) não concluíram o ensino
fundamental. Sendo pouco instruídos, os pacientes compreendem menos as
doenças e sua condição de saúde, o que pode influenciar no agravamento destas e
suas complicações.
Estudo de base populacional realizado com 1.717 indivíduos, demonstrou
que pessoas com nível de escolaridade mais baixo apresentaram uma maior
prevalência de HAS. O risco de HAS foi 2,8 vezes maior para aqueles com nível de
instrução mais baixo (CIPULLO et al., 2010). Já Costa et al. (2007) observaram que
indivíduos com menos de quatro anos de estudo tinham quase duas vezes mais
probabilidade de apresentar HAS.
Autores encontraram entre 385 portadores de HAS, 86,8% com no
máximo oito anos de estudo (GIROTTO at al., 2009) e entre 152 portadores de
síndromes coronarianas, 94(61,8%) possuíam menos de 5 anos de estudo(LEMOS
et al., 2010)
52
O baixo nível de instrução escolar pode dificultar o entendimento dos
indivíduos acerca das orientações recebidas por profissionais de saúde, sobretudo
de medidas de tratamento correto, o que contribui para a não adesão ao tratamento
e consequentemente a maior prevalência das complicações hipertensivas (PINOTTI;
MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008).
Ressalta-se que muitos pacientes neste estudo, preocupavam-se em
justificar sua baixa escolaridade pela dificuldade de acesso à escola e à educação
em tempos mais antigos, e pela necessidade de trabalhar muito cedo para ajudar
financeiramente a família, configurando o abandono dos estudos.
A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e
deve ser estabelecida. Com relação à renda dos indivíduos, a amostra foi
caracterizada por pacientes de baixa renda. Encontrou-se que mais da metade da
amostra 83 (79,0%) dos pacientes, possuía renda familiar inferior a dois salários
mínimos. A renda pode influenciar diretamente no tratamento de pacientes
cardiopatas, que demandam parte de seus salários com medicações para controle
cardiovascular, que nem sempre são distribuídas em programas do governo. A baixa
renda, muitas vezes, implica na carência de medicações e de condição para
alimentação saudável e atividade física, recomendadas no tratamento.
A renda escassa também poderá dificultar a aquisição de hábitos
adequados à nova condição de vida (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008)
necessários na presença de DCV. Adiciona-se a isso que taxas mais altas de DCV
foram mostradas em grupos com nível socioeconômico mais baixo. As diferenças
socioeconômicas têm papel importante nas condições de saúde por influenciarem
fatores como acesso ao sistema de saúde, grau de informação, entendimento da
condição de saúde e adesão ao tratamento (CIPULLO et al., 2010).
Diversos estudos identificaram a relação entre baixa renda e prevalência
da HAS, alertando-nos para o risco na população economicamente mais pobre.
Conforme Santos e Lima (2008), a prevalência da HAS é inversamente proporcional
à escolaridade e a renda, fato derivado do menor nível de cuidados com a saúde
presente nesses indivíduos.
A condição socioeconômica geralmente alinha ganho salarial e nível
educacional, sendo ambos influentes nos hábitos de vida, sociais, na saúde,
compreensão e aceitação da doença (MUNIZ FILHA, 2007). Porquanto, melhores
53
condições socioeconômicas podem facilitar a adesão e tratamento adequado das
doenças do aparelho circulatório.
Dentre a amostra observou-se a distribuição homogênea de pacientes
advindos do interior do Estado e da capital. O correspondente a 48,6% (51) da
amostra foi procedente da capital, Fortaleza. Do interior do Estado foram admitidos
49,5% (52) da amostra. Desta forma considerou-se que a procedência do paciente
não exerceu importante influência nas DCV, por serem equivalentes, principalmente
por ter como característica socioeconômica a baixa renda, fato que parece não
haver diferença entre morar na periferia da capital e os municípios do interior do
Estado. Pacientes da região metropolitana foram considerados como procedentes
da capital.
Convém ressaltar a grande demanda de pacientes do interior do estado,
equiparando-se a da capital. Este fato denota que a atenção terciária no serviço de
saúde dos municípios interioranos, em sua maioria, não disponibilizam hospitais em
nível terciário de atenção à saúde com suporte para realização de tratamento clínico
ou cirúrgico na área de Cardiologia e em consequência, existe excesso de demanda
nas instituições hospitalares da capital.
Estudo buscando descrever o padrão de morbidade por doenças do
aparelho cardiovascular no Ceará identificou que 58% dos internamentos por
doenças cardiovasculares em hospitais da rede pública de saúde eram oriundos do
interior do Estado. Isso representa uma fuga ao conceito de que a morbidade por
DCV está associada principalmente ao estilo de vida urbano, e não ao estilo de vida
rural, onde se acredita viver de maneira mais saudável e supostamente livre de
fatores de risco cardiovascular, como hábitos sociais perniciosos, sedentarismo,
alimentação inadequada e estresse psicológico (FERNANDES; CARNEIRO;
CORREIA, 2007).
As características sócio-demográficas devem ser estudas e observadas
em pessoas hipertensas e em portadores de DCV, pois possibilitam conhecer a
clientela e servem de base para a realização de ações estratégicas de controle
destas doenças.
54
Tabela 2: Distribuição dos pacientes hipertensos com DCV quanto às características
clínico-epidemiológicas. Fortaleza- CE, 2012.
Variável
F
%
Tempo de diagnóstico de HAS(anos)
<1
1-5
6-10
>10
19
22
25
39
18,1
21
23,8
37,1
77
28
73,3
26,7
61
37
25
58
35,2
23,8
71
34
67,6
32,4
49
56
46,7
53,3
32
73
30,5
69,5
78
27
74,3
25,7
35
51
19
33,3
48,6
18,1
27
69
9
25,7
65,7
8,6
36
69
34,3
65,7
História familiar de HAS
Sim
Não
Doença Cardiovascular Presente*
IAM
IC
DAC
História Familiar de DCV
Sim
Não
Internamentos Anteriores por DCV
Sim
Não
Cirurgia Cardíaca
Sim
Não
Cateterismo
Sim
Não
Tabagismo
Sim
Não
Deixou de fumar
Etilismo
Sim
Não
Deixou de beber
Índice de massa corpórea- IMC
<25
>25
Média±DP
2,8±1,13
Média±DP
27,25±6,1
*Alguns pacientes apresentaram mais de um diagnóstico de DCV
É comum observar na prática clínica que decorre um longo período de
tempo até que o portador de hipertensão venha apresentar sinais, sintomas e
complicações a ela associadas. Sua evolução é insidiosa e progride de forma
silenciosa na maioria dos casos (MUNIZ FILHA, 2007). Observou-se que 25 (23,8%)
pacientes possuía diagnóstico de HAS dentro do período de 6 a 10 anos, enquanto
39 (37,1%) foram diagnosticados com HAS há mais de 10 anos, ou seja, mais da
metade da amostra, 64 pacientes, tinha o conhecimento do diagnóstico da doença
55
há mais de 6 anos. Supõe-se desta forma que houve entre os pacientes pouca ou
nenhuma adesão ao regime terapêutico da HAS, que favoreceu ao surgimento da
morbidade cardiovascular.
Somente conhecer o diagnóstico da HAS não significa muito, é preciso
que a pessoa compreenda que esse fato, requer mudanças no estilo de vida e
mudanças comportamentais no que se refere à saúde, entretanto, para muitos
pacientes receber o diagnóstico de hipertensão nem sempre significa iniciar o
tratamento da doença, seja farmacológico ou não. Além disso, embora o paciente se
reconheça como hipertenso, a característica assintomática da doença favorece a
não adesão ao tratamento.
Com relação a história familiar de HAS como predisponente a doença,
esta tem sido relatada em vários estudos que abrangem hipertensão, sendo fator de
risco constitucional ou não modificável para esta doença (SANTOS, 2008;
FUCHS,2006).
Entre
os
pesquisados,
77(73,3%)
tinham
antecedentes
de
hipertensão familiar, bem como 71(67,6%) pacientes possuíam história familiar de
DCV.
Pesquisas constataram 30,9% de 385 pacientes hipertensos com historia
familiar de HAS (GIROTTO et al., 2009), assim como identificaram que 60% dos
indivíduos ora pesquisados possuíam história familiar de doença hipertensiva
(COSTA et al.,2007). Desta forma reforçam que a história familiar positiva para no
mínimo um dos progenitores está associada com o aumento da prevalência da HAS.
Estudo relacionado à DCV, observou que 56,6% dos pacientes com
diagnóstico de síndrome coronariana aguda, possuíam antecedentes familiares da
doença (LEMOS et al.,2010). Outro estudo revelou o fator de risco antecedente
familiares de doença coronariana presente em 57,3% dos indivíduos pesquisados
(GUS; FISCHMANN; MEDINA, 2002).
Acrescenta-se que pacientes com parentes de primeiro grau portadores
de cardiopatia coronariana têm maiores riscos de desenvolver DAC, do que a
população em geral (GUS; FISCHMANN; MEDINA, 2002).
Destaca-se, portanto, a relevância da história familiar de DCV como fator
de risco não modificável para cardiopatia. A identificação deste fator é de grande
importância para intensificar a observação de pacientes quanto ao risco
cardiovascular (GIROTTO et al., 2009), e orientar mais especificamente o paciente
quanto ao alto risco de surgimento da HAS e doenças cardiovasculares associadas.
56
Quanto a DCV presente, entre os sujeitos da pesquisa, encontraram-se
61 indivíduos com diagnóstico de IAM; 37 de IC; e 25 de DAC. Atenta-se para o fato
de que os participantes tiveram até dois diagnósticos presentes de DCV, além da
HAS, portanto muitos tinham mais de uma das doenças referidas registradas no
prontuário. Desta forma, o IAM foi a DCV mais prevalente.
Conforme Costa et al. (2007) a HAS é responsável pelo desenvolvimento
de doenças cardiovasculares como cardiopatia isquêmica e insuficiência cardíaca.
As complicações da HAS levam o pacientes a requerer cuidados médicos de alto
custo, e no Brasil, as doenças cardiocirculatórias são uma das principais causas de
internações hospitalares, envolvendo reconhecidamente custos elevados.
A Tabela 2 mostra que 49 (46,7%) dos pacientes haviam sido internados
anteriormente por DCV, sendo um número elevado, atingindo quase metade da
amostra. Castro et al. (2010) referem que o cenário das re-internações no Brasil é
preocupante e que abaixa adesão ao tratamento de pacientes com DCV influencia
na descompensação da doença e readmissão hospitalar.
Barreto et al.(2008) em estudo buscando avaliar a evolução da IC por
meio de taxa de mortalidade e re-hospitalização, relatam que entre 263 pacientes
internados por IC descompensada, 51,2% procuraram atendimento de emergência
no período de um ano, assim como ocorreram 102 re-hospitalizações dentre esta
amostra. O tempo médio de internação foi de 25 dias.
Considera-se que as internações, ou re-internações, poderiam ser
evitadas mediante medidas preventivas, mediadas por atividades de educação em
saúde ensinando ao paciente, além de ações estratégicas para adesão ao
tratamento como acompanhamento ambulatorial periódico, e monitorização do uso
de medicação.
A cirurgia cardíaca tem sido a terapêutica indicada para muitos pacientes
portadores de doença cardiovascular. A gravidade da cardiopatia, bem como outros
fatores inerentes ao paciente é avaliada para a decisão cirúrgica. Da amostra, 32
(30,5%) pacientes foram submetidos à cirurgia cardíaca. A revascularização do
miocárdio (RM) foi a principal intervenção realizada.
A revascularização do miocárdio, conhecida popularmente por ponte de
safena, consiste em um enxerto arterial coronário usando a veia safena, com o
objetivo de isolar o vaso obstruído e restabelecer a perfusão da artéria coronária,
assim o miocárdio é preservado (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006).
57
O cateterismo cardíaco é comum ser realizado em pacientes cardiopatas
e neste estudo foi realizado em 78 (74,3%) pacientes. Cateterismo é um estudo
hemodinâmico utilizado para acessar o coração através da inserção intravascular de
cateteres para estudar sua anatomia e fisiologia, buscando diagnosticar ou tratar
doenças. Permite a visualização das câmaras cardíacas, grandes vasos e artérias
coronárias (QUILICI et al., 2009).
Por se tratar de procedimento invasivo, não está isento de complicações e
estas ocorrem com maior frequência em pacientes com fatores preditivos, como a
hipertensão arterial, insuficiência cardíaca em classe funcional elevada, choque, IAM
com menos de 24 horas de evolução e idade acima de 80 anos(QUILICI et al.,
2009). Desta forma os pacientes da amostra estiveram em risco de complicações.
O tabagismo constitui-se grave fator de risco cardiovascular, todavia
totalmente evitável (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008). Neste estudo, 35
(33,3%) pessoas eram fumantes e 19 (18,1%) ex-fumantes. Considera-se que o
hábito de fumar, tenha contribuído para as DCV. Em estudo com 152 pacientes com
doenças coronarianas, o equivalente a 39,5% (60) da amostra eram tabagistas
(LEMOS et al. 2010).
Quanto ao consumo de bebida alcoólica, 27 (25,7%) pessoas afirmaram
serem etilistas, mesmo já conhecendo o diagnóstico de HAS, e 9 (8,6%) afirmaram
ter deixado de consumir bebidas alcoólicas, desta maneira, observou-se que 36
pacientes apresentaram este fator de risco para HAS e DCV. A ingestão de álcool
por períodos prolongados pode ocasionar a elevação da pressão arterial e a
mortalidade cardiovascular em geral. Em populações brasileiras, o consumo
excessivo de bebidas alcoólicas se associa com a ocorrência de HAS de forma
independente das características demográficas (DIRETRIZES, 2010).
Entretanto, embora a literatura indique os riscos do fumo e da bebida
alcoólica para aumento da PA, alguns autores em estudo sobre prevalência da HAS
e fatores associados, não encontraram associação entre estes fatores e a doença
(COSTA et al., 2007).
É bem discutida a importância do controle de peso para a redução dos
níveis tensionais, em pacientes portadores de HAS. Mesmo uma modesta perda de
peso corporal está associada à redução da PA. Este estudo revelou o excesso de
peso presente em grande parte da amostra. Entre os participantes 69 (65,7%)
apresentaram índice de massa corporal (IMC) acima de 25 kg/m2. A média deste
58
índice foi de 27,25kg/m2. Autores demonstraram achados semelhantes em trabalho
realizado com portadores de doenças coronarianas, onde 77% de 152 pacientes
apresentaram IMC acima de 25 kg/m2 e a média do IMC foi de 28,1 kg/m2 (LEMOS
et al. 2010).
Hoje em dia os números crescentes da obesidade põem em risco a vida
dos indivíduos e colocam em dúvida a capacidade de se implementar mudanças
necessárias referentes ao estilo de vida. É preocupante observar a obesidade aliada
ao envelhecimento das populações, acarretando entre outras, as doenças do
aparelho circulatório.
59
Quadro 4- Diagnósticos de enfermagem em pessoas hipertensas com doenças
cardiovasculares. Fortaleza- CE, 2012.
Domínios
Diagnósticos de Enfermagem
1-Promoção da saúde
2-Nutrição
3-Eliminação e Troca
4-Atividade/ Repouso
5- Percepção/ Cognição
6- Autopercepção
7- Papéis e
relacionamentos
8- Sexualidade
9-Enfrentamento/
Tolerância ao estresse
10- Princípios da Vida
11-Segurança/Proteção
12- Conforto
13Crescimento/Desenvolvi
N
%
Estilo de vida Sedentário
Autocontrole Ineficaz da saúde
Disposição para autocontrole da saúde melhorado
82
78
36
78,0
74,2
34,2
Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades
corporais
Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades
corporais
Deglutição prejudicada
Volume de líquidos deficiente
Volume de líquidos excessivo
Eliminação urinária prejudicada
Constipação
Troca de gases prejudicada
Padrão de sono prejudicado
Insônia
Deambulação Prejudicada
Mobilidade física prejudicada
Mobilidade no leito prejudicada
Fadiga
Débito Cardíaco Diminuído
Intolerância à atividade
Padrão respiratório ineficaz
Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída
Risco de perfusão tissular periférica ineficaz
Déficit no autocuidado para alimentação
Déficit no autocuidado para banho
Déficit no autocuidado para vestir-se
Conhecimento deficiente
Memória Prejudicada
Comunicação verbal prejudicada
Baixa autoestima situacional
Distúrbio na imagem corporal
Processos familiares interrompidos
Desempenho de papel ineficaz
Disfunção sexual
Medo
59
56,1
02
1,9
11
27
9
10
19
36
61
5
43
49
6
42
69
76
37
105
105
6
28
30
70
32
14
31
8
23
30
38
37
10,4
25,7
8,5
9,5
18,0
34,2
58,0
4,7
40,9
46,6
5,7
40,0
65,7
72,3
35,2
100,0
100,0
5,7
26,6
28,5
66,6
30,4
13,3
29,5
7,6
21,9
28,5
36,1
35,2
55
25
58
6
103
76
49
65
90
27
57
18
52,3
23,8
55,2
5,7
98,0
72,3
46,6
61,9
85,7
25,7
54,2
17,1
Ansiedade
Disposição para enfrentamento melhorado
Tristeza crônica
Religiosidade prejudicada
Risco de infecção
Integridade da pele prejudicada
Risco de quedas
Risco de trauma vascular
Dentição prejudicada
Conforto prejudicado
Dor aguda
Náusea
Não houve
60
mento
O Quadro 4 apresenta os diagnósticos de enfermagem encontrados nos
pacientes hipertensos com diagnóstico de doenças cardiovasculares IAM, IC e DAC,
internados nas unidades de Cardiologia. No quadro estão descritos os valores
absolutos encontrados de cada diagnóstico e o seu percentual em relação à
amostra.
Após a avaliação de cada formulário de pesquisa, foram inicialmente
registrados pela pesquisadora 172 diagnósticos possíveis na amostra. Entretanto,
após todas as etapas de elaboração de diagnósticos, segundo Lunney (2011), foram
identificados 46 diagnósticos definitivos de acordo com a Taxonomia da NANDA
Internacional
versão
2012-2014.
Foram
excluídos
diagnósticos
que
não
apresentaram indícios suficientes, ou características definidoras ou fatores
relacionados necessários para sua definição.
Os diagnósticos estão distribuídos por domínios. Os domínios mais
representados na pesquisa foram: os domínios 2 Nutrição, 4 Atividade /Repouso, 9
Enfrentamento/Tolerância ao estresse e 11 Segurança/Proteção.
Do total dos 46 diagnósticos, foram identificados 38 diagnósticos de
enfermagem real, 2 diagnósticos de enfermagem de promoção da saúde e 6
diagnósticos de enfermagem de risco.
Observa-se no quadro, 16 diagnósticos que atingiram o percentil 50,
portanto presentes em 50% ou mais da amostra. Estes diagnósticos, portanto, foram
descritos e analisados posteriormente.
Comparando este estudo com outros relativos a diagnósticos de
enfermagem, de maneira em geral, os diagnóstiocos aqui encontrados têm sido
identificados em estudos realizados com pacientes com adoecimento cardiovascular,
submetidos ou não à cirurgia (PEREIRA et al., 2011; CRUZ; LOPES, 2010;
GALDEANO; ROSSI; PEZZUTO, 2004).
Considerou-se comum em estudos com cardiopatas, os diagnósticos de
―dor‖, ―débito cardíaco diminuído‖, ―padrão respiratório ineficaz‖, ―intolerância à
atividade‖ e ―ansiedade‖, frequentemente presentes nestes pacientes, independente
da Taxonomia da NANDA-I utilizada. Estes diagnósticos demonstram elevado
percentual e merecem atenção do enfermeiro nas práticas cuidativas junto aos
61
portadores de doenças cardiovasculares, devendo ser discutidos para nortear o
cuidado de enfermagem.
Percebeu-se que a determinação de alguns diagnósticos contribui para
presença de outros na amostra. A exemplo, os diagnósticos ―estilo de vida
sedentário‖, ―nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais‖
e
―conhecimento deficiente‖ contribuem para o diagnóstico autocontrole ineficaz da
saúde. Da mesma maneira ―integridade da pele prejudicada‖ pode corroborar para o
diagnóstico ―risco de infecção‖, ambos do mesmo domínio.
Com relação aos diagnósticos de enfermagem de risco, encontrou-se 6
diagnósticos com expressivo percentual na amostra, sendo que 2 diagnósticos de
risco foram identificados em 100% dos pesquisados. Este fato mostra a
vulnerabilidade dos pacientes internados. Os diagnósticos foram: ―risco de perfusão
tissular cardíaca diminuída‖, ―risco de perfusão tissular periférica ineficaz‖, ―risco de
infecção‖, ―risco de quedas‖ e ― risco de trauma vascular‖.
Estes diagnósticos
sugerem o risco de ocorrência de problemas ainda não instalados, mas que podem
vir a se tornar em problemas reais. Assim, as informações relacionadas aos fatores
de risco para o paciente são relevantes, a enfermagem deve a partir dos
diagnósticos, adotar medidas preventivas e protetoras na fase de intervenção.
Considerando a segurança de pacientes sob responsabilidade do
enfermeiro, o diagnóstico ―risco de quedas‖ sempre deve ser avaliado e intervenções
são necessárias por parte da enfermagem e da instituição, desde o apoio mediante
recursos físicos adequados, como também modificações no ambiente, relativas ao
posicionamento dos leitos e objetos presentes nas enfermarias, pois observou-se na
pesquisa a predominância de idosos hipertensos com DCV. Estes, por sofrerem
alterações fisiológicas e funcionais em decorrência do envelhecimento e até mesmo
por efeitos de drogas prescritas, estão mais propensos aos pequenos acidentes ou
quedas.
Com relação aos diagnósticos de promoção da saúde, foram identificados
dois diagnósticos: ―disposição para autocontrole da saúde melhorado‖ e ―disposição
para enfrentamento melhorado‖, isto remete à motivação de pacientes para o
enfrentamento e controle das doenças, e a busca para a integração de um regime
terapêutico à sua condição de vida e de saúde (HERDMAN, 2013).
Observou-se que o domínio 4 Atividade /Repouso, foi o domínio com
maior número de diagnósticos de enfermagem identificados, tendo sido encontrados
62
14 diagnósticos.
Por serem pacientes com DCV, as atividades diárias e o
autocuidado são as áreas geralmente mais comprometidas nestes pacientes, que se
apresentam em comum incapacitados fisicamente. Além disso, este domínio inclui a
classe de respostas cardiovasculares e pulmonares, portanto acredita-se que esses
fatores determinaram a maior concentração dos diagnósticos neste domínio.
A amostra foi composta pela maioria de pessoas idosas, com média de 63
anos, que pode ter contribuído também para a predominância de diagnósticos do
domínio 4. As doenças cardiopulmonares são as mais prevalentes entre idosos,
quando descompensadas podem gerar alterações nas respostas humanas que
envolvem sono/repouso, atividade/exercício, equilíbrio de energia, respostas
cardiovasculares e autocuidado, que são fenômenos envolvidos no domínio
atividade/repouso (GUEDES et al., 2010).
No domínio 4, atenta-se ainda para os diagnósticos de ―Déficit do
autocuidado‖, que envolvem banho, alimentação e vestir-se, tendo sido todos
encontrados na amostra, demonstrando o quanto os pacientes encontram-se
debilitados para a realização de cuidados simples. O autocuidado deve ser
incentivado, dentro das condições clínicas de cada paciente. Achado semelhante foi
encontrado em 100% de pacientes internados em unidade coronariana por
complicação da HAS, em que todos tiveram o diagnóstico de déficit de autocuidado
(MUNIZ FILHA, 2007).
A seguir são apresentados os 16 diagnósticos de enfermagem que
atingiram o percentil 50, as características definidoras e fatores relacionados
utilizados para a determinação destes diagnósticos.
63
Quadro 5- Diagnósticos de enfermagem, características definidoras e fatores relacionados
(diagnósticos presentes acima do percentil 50)
Diagnóstico de enfermagem
Características definidoras
Estilo de vida sedentário
Escolhe
rotina
diária
Fatores relacionados
sem
Conhecimento deficiente sobre os
exercícios físicos; demonstra falta
benefícios que a atividade física
de condicionamento físico.
traz à saúde; falta de interesse;
falta
de
recursos
(ex.
tempo,
dinheiro, estrutura)
Autocontrole ineficaz da saúde
Expressão de dificuldades com
Barreiras
percebidas;
regime prescrito; Escolhas na vida
Complexidade
diária ineficazes para atingir metas
terapêutico;
de saúde; Falha em incluir regimes
conhecimento
do
regime
Déficit
de
de tratamento à vida diária.
Nutrição desequilibrada: mais do
Peso 20% acima do ideal para
Ingestão excessiva em relação à
que as necessidades corporais
altura e compleição;
atividade física; ingestão excessiva
em relação ao gasto calórico.
Padrão de sono prejudicado
Débito cardíaco diminuído
Insatisfação com o sono; mudança
Falta de privacidade/controle do
no padrão normal do sono; relatos
sono;
de dificuldade para dormir; relatos
terapêuticos,
de ficar acordado; relatos de não
exames laboratoriais; iluminação;
se sentir bem descansado.
ruídos.
Arritmias; bradicardia; taquicardia;
Contratilidade alterada; frequência
palpitações;
cardíaca alterada; ritmo alterado.
dispneia;
ortopnéia;
interrupções(p.ex.motivos
monitoramento,
fadiga; edema.
Intolerância à atividade
Desconforto aos esforços; dispneia
Desequilíbrio entre a oferta e a
aos esforços; relato de fadiga;
demanda de oxigênio.
relato de fraqueza.
Risco de perfusão tissular cardíaca
Não há
Fatores de risco: Cirurgia cardíaca;
diminuída
diabetes
melito;
hipertensão;
história familiar de doença da
artéria coronariana.
Risco
de
perfusão
tissular
Não há
Fatores de risco: Estilo de vida
periférica ineficaz
sedentário; hipertensão; idade > 60
anos; diabetes melito.
Conhecimento Deficiente
Seguimento
inadequado
de
Interpretações
instruções;
verbalização
do
informações; falta de exposição à
problema.
errôneas
de
informações; falta de interesse em
aprender; limitação cognitiva.
64
Ansiedade
Afetivas:
angustia,
incerteza,
Ameaça ao estado de saúde;
irritabilidade, medo, preocupação;
crises situacionais; preocupações
Comportamentais: nervosismo
devido a mudanças em eventos da
vida.
Tristeza crônica
Relato de sentimentos expressos
Crises no controle da doença;
de tristeza
experiência de doença crônica;
experiência
de
incapacidade
crônica.
Risco de infecção
Fatores de risco: Aumento da
exposição
à
patógenos;
rompida;
tecido
pele
traumatizado;
procedimentos invasivos.
Integridade da pele prejudicada
Destruição de camadas da pele;
Fatores mecânicos; medicamentos.
invasão de estruturas do corpo;
rompimento da superfície da pele.
Risco de trauma vascular
Fatores de risco: duração do tempo
de inserção; largura do cateter;
local de inserção.
Dentição prejudicada
Ausência
de
dentes;
dentes
desgastados; dentes estragados;
Barreiras ao autocuidado; falta de
acesso a cuidados profissionais.
dor de dente; falta de alguns
dentes.
Dor aguda
Relato verbal de dor; evidência
Agentes lesivos (biológicos, físicos,
observada de dor.
fisiológicos)
O Quadro 5 apresenta as características definidoras
e fatores
relacionados encontradas nos pacientes hipertensos com DCV. Nos diagnósticos
acima do percentil 50, foram observadas 41 características definidoras, que
fundamentaram a determinação dos diagnósticos de enfermagem, e 30 fatores
relacionados aos diagnósticos. Observou-se para os 4 diagnósticos de risco, 15
fatores de risco.
Para contribuir e elaborar a resposta diagnóstica, o enfermeiro deve
ancorar seu julgamento clínico nas características definidoras e nos fatores
relacionados (GUEDES et al., 2010). Por meio das características definidoras o
enfermeiro estabelece o diagnóstico, e os confirma mediante fatores relacionados.
65
As características definidoras são indícios ou evidências passíveis de
observação. Estes indícios são os indicadores, sinais e sintomas manifestados pelo
paciente. São como peças chave para completar o diagnóstico (ALFARO-LEFREVE,
2010).
Corroborando, autores relatam que o conjunto de sinais e sintomas
identificados a partir da avaliação clínica se constitui nas características definidoras,
estas asseguram a presença de um determinado diagnóstico de enfermagem (ALITI
et al., 2011).
Já os fatores relacionados constituem a etiologia do problema. Formam o
conjunto de fatores fisiológicos, psicológicos, socioculturais, ambientais ou
espirituais que possam estar causando uma reação no indivíduo (FAVA et al., 2010;
TANURE; GONÇALVES, 2009). A partir dos fatores relacionados podem ser
sugeridas intervenções ao cliente, em virtude de serem contribuintes para a
ocorrência do diagnóstico selecionado.
Observou-se que o diagnóstico ―Débito cardíaco diminuído‖ apresentou o
maior número de características definidoras, ou seja, mais sinais e sintomas
relativos a este diagnóstico foram manifestados pelos pacientes, possibilitando a
inferência deste.
Estudo buscando identificar sinais e sintomas de pacientes com IC
descompensada, para detectar os diagnósticos de enfermagem prioritários,
identificou as seguintes características definidoras principais: dispnéia, dispnéia
paroxística noturna, ortopnéia, cansaço, distensão da veia jugular e edema. Estes
indícios levaram aos diagnósticos prioritários ―débito cardíaco diminuído‖ e ―volume
de líquidos excessivo‖(ALITI et al.,2011), corroborando com nosso estudo.
Os diagnósticos de enfermagem ―Nutrição desequilibrada: mais do que as
necessidades corporais‖ e ―Tristeza crônica‖ tiveram apenas uma característica
definidora para a escolha do diagnóstico. Considera-se que este fato se deu por
limitações do instrumento de coleta de dados, observadas durante a fase de análise
dos dados.
O fator relacionado ―desequilíbrio entre a demanda e oferta de oxigênio‖
do diagnóstico ―Intolerância à atividade‖, foi o único observado para este
diagnóstico, entretanto este fator foi encontrado com alta incidência em pacientes
infartados, correspondendo a 96,1% (49) dos pacientes estudados por Paiva (2007).
66
Assim como no presente estudo, a característica definidora ―relato verbal
de dor‖ e o fator relacionado ―agentes lesivos‖, para a inferência do diagnóstico de
―Dor aguda‖, foram observados conjuntamente por outros autores. Fortes (2007)
encontrou percentuais de 80,7% para a característica definidora e 82,5% para o fator
relacionado, em amostra de 57 pacientes.
Ressalta-se que, quase o total destas características e fatores
relacionados foram também documentado em outros estudos, demonstrando que os
resultados apontaram sinais e sintomas dos pacientes condizentes com a literatura
produzida.
Os 16 diagnósticos que atingiram o percentil 50 de ocorrência nos
pacientes, foram analisados com mais aprofundamento e estão relacionados a
seguir.
67
Quadro 6- Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50, em pessoas hipertensas
com doenças cardiovasculares. Fortaleza- CE, 2012
Domínios
Diagnósticos de Enfermagem
1-Promoção da saúde
Estilo de vida sedentário
Autocontrole ineficaz da saúde
Nutrição desequilibrada: mais do que as
necessidades corporais
82
78
60
78,1
74,2
57,1
Padrão de sono prejudicado
Débito cardíaco diminuído
Intolerância à atividade
Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída
Risco de perfusão tissular periférica ineficaz
Conhecimento deficiente
Ansiedade
Tristeza crônica
Risco de infecção
Integridade da pele prejudicada
Risco de trauma vascular
Dentição prejudicada
Dor aguda
61
69
76
105
105
70
55
58
103
76
65
90
57
58,1
65,7
72,3
100,0
100,0
66,6
52,3
55,2
98,1
72,3
61,9
85,7
54,2
2-Nutrição
4-Atividade/ Repouso
5-Percepção/ Cognição
9-Enfrentamento/
Tolerância ao estresse
11-Segurança/Proteção
12- Conforto
O Quadro 6
f
%
apresenta os 16 diagnósticos acima do percentil 50,
distribuídos por domínios, frequências simples e percentual em relação a amostra.
Estes diagnósticos foram analisados com mais aprofundamento.
O diagnóstico Estilo de vida sedentário encontrado em 82 (78,1%)
pacientes da amostra, tem por definição ―hábito de vida que se caracteriza por um
baixo nível de atividade física‖ (HERDMAN, 2013, p.208).
O sedentarismo é
considerado um dos principais fatores de risco para as DCV, e deve ser observado
no tratamento das doenças cardíacas. Observa-se, entretanto, que pacientes idosos
e com quadro de insuficiência cardíaca ou infarto, têm restrições e dificuldades para
manter atividades físicas, este fato pode ter contribuído para este resultado elevado.
Estudo recente observou sedentarismo em 86,8% de pacientes com
doenças coronarianas, sendo este o fator de risco mais prevalente (LEMOS et al.,
2010). Este diagnóstico foi estabelecido também em 28,07% dentre 57 pacientes
internados por angina instável (FORTES, 2007).
Com relação à HAS, a realização de exercícios físicos promove reduções
da PA estando indicados para a prevenção e tratamento da doença (DIRETRIZES,
2010). Contudo, estudos ao longo dos anos revelam a elevada proporção de
sedentarismo entre hipertensos.
68
O estilo de vida sedentário contribui para o aumento de peso e obesidade.
São bem conhecidos os benefícios da prática de exercícios e atividade física
regulares. Conforme Kaplan e Victor (2012) a realização de exercícios físicos por 30
minutos, de 4 a 7 dias por semana, reduz bastante a PA e o risco de complicações
cardiovasculares.
Este diagnóstico levantado induz ao enfermeiro encontrar estratégias de
adesão, por parte dos pacientes, a mudanças no seu estilo de vida e realização de
exercícios de acordo com sua condição clínica.
O diagnóstico Autocontrole ineficaz da saúde que esteve presente em
78(74,2%) dos pacientes, é definido por ―padrão de regulação e integração à vida
diária de um regime terapêutico para tratamento de doenças e suas sequelas que é
insatisfatório para alcançar as metas específicas de saúde‖ (HERDMAN,
2013,p.209).
O autocontrole ineficaz da saúde pode demonstrar a causa para a rehospitalização pelas doenças cardiovasculares e relacionar-se com a falta de
adesão ao tratamento da HAS ou das próprias DCV, por parte dos pacientes.
Considera-se que a presença, na amostra, de fatores de risco como sedentarismo,
tabagismo, etilismo e IMC elevado, tem relação com o autocontrole insatisfatório da
saúde e infere o controle inadequado do regime terapêutico.
Manter o regime terapêutico rigoroso não têm sido tarefa fácil para
portadores de HAS como mostram estudos, gerando complicações da doença. A
adesão ao tratamento envolve a percepção do doente sobre seu estado de saúde e
a participação na construção do esquema terapêutico, além da persistência e
engajamento do paciente (COUTINHO; SOUSA, 2011).
Comparando este estudo com outros, autores encontraram a presença
deste diagnóstico entre 41(20,9%) de 196 pacientes idosos, demonstrando não ser
um percentual elevado, mas que também caracterizou os pacientes (SANTOS et al.,
2008).
Com base neste diagnóstico, mostra-se necessário maior atenção do
enfermeiro no cuidado clínico de pacientes com DCV, diante das respostas do
paciente que demandam dificuldade em manter o controle da doença, havendo
necessidade de intervenções de enfermagem de ensino e educação sistemática,
que preencham as lacunas nas orientações de saúde e possam colaborar no
controle cardiovascular.
69
O diagnóstico Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades
corporais
significa ―ingestão de
nutrientes que excede as necessidades
metabólicas‖ (HERDMAN,2013, p. 232), foi verificado em 60 (57,1%) pacientes da
amostra. Este diagnóstico revelou que mais da metade da amostra apresentava
sobrepeso, devendo ser incentivada a perda de peso e sugerido um plano alimentar
saudável para pacientes hipertensos com DCV. Pesquisa semelhante demonstrou
em pacientes com complicações da HAS, que 60% apresentaram este diagnóstico
(MUNIZ FILHA, 2007).
Perdas de peso e redução da circunferência abdominal correlacionam-se
com redução da PA e melhora de alterações metabólicas associadas. Foi
demonstrado que manter o IMC abaixo de 25 kg/m2, preveniu em 40% o
desenvolvimento de HAS em mulheres (DIRETRRIZES, 2010).
O ganho de peso associa-se ao sedentarismo e a hábitos alimentares
inadequados. O enfermeiro deve desencorajar comportamentos alimentares
inapropriados nestes pacientes e considerar intervenções efetivas como monitorar o
peso dos pacientes e orientar dieta de acordo com as possibilidades e costumes
alimentares do paciente. Ressalta-se que o controle de peso deve ser incentivado na
população em geral, e não somente nos pacientes diagnosticados com hipertensão
arterial ou DCV, como forma de prevenção de doenças.
O diagnóstico Padrão de sono prejudicado conforme Herdman (2013,
p.275) tem por definição, ―interrupções da quantidade e da qualidade do sono,
limitadas pelo tempo, decorrentes de fatores externos‖. O diagnóstico foi
manifestado por 61(58,1%) pacientes. As mudanças sofridas estão relacionadas ao
ambiente, ao leito para repouso, a presença da doença e preocupação com a saúde
que são fatores que interferem na qualidade do sono.
O comprometimento do sono ou repouso do paciente pode desencadear o
estresse, a irritabilidade e a sonolência no período diurno. O paciente torna-se
ansioso por ter alta hospitalar, para ter maior conforto em domicílio, como foi
relatado por participantes da pesquisa.
Autores relataram achados condizentes com esta pesquisa, em que
68,2% dos pacientes apresentaram padrão de sono prejudicado. Referem que a
iluminação, as mudanças do ambiente, o hábito e posição de sono, ruídos e
temperatura comprometem o sono dos pacientes (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006).
70
Modificações no padrão de sono alteram o balanço homeostático, com
repercussões
sobre
a
função
psicológica,
sistema
imunológico,
resposta
comportamental, humor, performance e habilidade de adaptação (GUEDES et al.,
2010).
Observou-se
ainda
no
presente
estudo
alguns
pacientes
que
necessitavam medicamentos para dormir e outros que referiram insônia. Sintomas
como dispneia, dor, taquicardia entre outros manifestados pelos pacientes
cardiopatas, foram identificados como prejudiciais para o sono e repouso.
O diagnóstico Débito cardíaco diminuído foi determinado em 69 (65,7%)
participantes. É definido como ―quantidade insuficiente de sangue bombeado pelo
coração para atender às demandas metabólicas corporais‖ (HERDMAN,2013,p.
290).
Este diagnóstico era esperado para amostra visto que são pacientes com
comprometimento da função cardíaca. Estes pacientes frequentemente manifestam
sintomas de má perfusão cardíaca, devido a incapacidade do coração manter um
débito cardíaco suficiente para satisfazer as necessidades teciduais de oxigenação
(PEREIRA et al., 2011) .
Os dados encontrados nesta pesquisa concordam com os resultados de
pesquisas científicas na enfermagem relacionadas às DCV. Autores identificaram
débito cardíaco diminuído em 60% de pacientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca (CRUZ; LOPES, 2010). Em pacientes hipertensos com complicações
cardiovasculares, foi observado em 100% da amostra (MUNIZ FILHA, 2007).
Este diagnóstico foi verificado como diagnóstico de enfermagem prioritário
na avaliação de 303 pacientes com IC descompensada em virtude de sintomas
manifestados (ALITI, 2011).
O diagnóstico Intolerância à atividade é definido como ―energia
fisiológica ou psicológica insuficiente para suportar ou completar as atividades
diárias requeridas ou desejadas‖ (HERDMAN, 2013, p. 292). Esteve presente em 76
(72,3%) pacientes, estando relacionado principalmente à incapacidade dos
pacientes para atividades, devido principalmente ao desequilíbrio entre a oferta e a
demanda de oxigênio. Os pacientes ao desempenharem atividades simples como
caminhar, relataram fraqueza, dispneia, falta de ar, dor precordial entre outros.
Corroborando, estudo demonstrou a presença deste diagnóstico em 49,1% de
pacientes (FORTES,2007).
71
As doenças cardíacas reduzem a oxigenação dos tecidos, diminuindo
assim a energia necessária para desempenhar atividades como a prática de
atividade física, autocuidado, cuidados com o lar entre outras (GUEDES et al.,2010),
desta forma provocam respostas nos pacientes compatíveis com este diagnóstico.
Destaca-se que a HAS por si só é uma doença incapacitante, sua
cronicidade implica no comprometimento cardíaco, levando o indivíduo a limitações
na realização de atividades. Conforme Fortes (2007) a HAS provoca a aceleração de
aterosclerose nas artérias, diminuindo a luz dos vasos, além de provocar o desgaste
da elasticidade vascular, por isso tem relação com o diagnóstico de intolerância à
atividade.
O enfermeiro ante ao cuidado clínico de paciente com este diagnóstico
implementará intervenções dentro da sistematização da assistência, que deverão
auxiliar o indivíduo a não desperdiçar energia desnecessária. Seu plano de cuidados
poderá ser orientado para a manutenção de repouso, redução do esforço físico e
para o suporte de oxigenoterapia quando necessário.
Os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída definido
por ―risco de redução na circulação cardíaca (coronária) que pode comprometer a
saúde‖ (HERDMAN, 2013, p. 298) e Risco de perfusão tissular periférica ineficaz
foram encontrados 105 (100,0%) dos participantes. É definido por ―risco de redução
na circulação sanguínea periférica, que pode comprometer a saúde‖ (HERDMAN,
2013, p. 302). Os dois diagnósticos têm entre os fatores de risco a hipertensão e
doenças cardíacas, desta forma foram considerados para toda a amostra.
O diagnóstico Conhecimento deficiente significa a ―ausência ou
deficiência de informação cognitiva relacionada a um tópico específico‖ (HERDMAN,
2013, p. 329) .
Foi estabelecido para 70 (66,6%) dos pacientes nesta pesquisa. Este
diagnóstico refere-se a informações incompletas, incorretas ou a ausência de
informação sobre aspectos necessários no processo saúde-doença. Envolve, além
disso, a compreensão de informações, o conhecimento que o paciente possui a
capacidade de aprendizagem e o processo de pensar (FAVA et al.,2010).
O conhecimento deficiente dos pacientes foi demonstrado tanto para a
HAS como para as DCV. Os pacientes demonstraram dificuldade em responder o
que é Hipertensão e/ou a sua doença cardiovascular presente, e muitos
verbalizaram não saber o significado das doenças.
72
Pesquisa com pacientes com DCV em pré-operatório, demonstrou
conhecimento deficiente em 76,5%(13) dos pacientes (GALDEANO; ROSSI;
PEZZUTO, 2004). Corroborando, estudo com pacientes hipertensos revelou o déficit
de conhecimento acerca da HAS embora pacientes tenham recebido algum tipo de
informação em unidades de saúde. Supõe-se que as orientações não são
efetivamente compreendidas, além disso, os pacientes possuem crenças associadas
a conceito parcial da doença que interferem na adesão ao tratamento (PINOTTI;
MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008).
No entanto, encontrou-se estudo em que pacientes hospitalizados por
doenças cardiovasculares não manifestaram de forma significativa este diagnóstico,
apenas 6,7%(2) dos pacientes (PEREIRA et al., 2011).
O diagnóstico Ansiedade tem por definição ―vago e incômodo sentimento
de desconforto ou temor, acompanhado por resposta autonômica (a fonte é
frequentemente
não
específica);
sentimento
de
apreensão
causado
pela
antecipação de perigo. É um sinal de alerta que chama a atenção para um perigo
iminente e permite ao indivíduo tomar medidas para lidar com a ameaça‖
(HERDMAN, 2013, p. 404).
O acometimento por doenças cardiovasculares ocasiona sinais e
sintomas emocionais associados ao medo da morte e da dor, que favorecem a
ansiedade. Esta pode agravar o estado clínico do paciente e predizer eventos
cardiovasculares inesperados (PEREIRA et al., 2011)
Dentre a amostra, 55 (52,3%) pacientes manifestaram ansiedade.
A
ansiedade relaciona-se a angústia, preocupação excessiva e a apreensão, dada a
gravidade das doenças cardiovasculares. Somando-se a isso, não possuir
informações sobre o futuro e as condutas a serem tomadas, geram no paciente esta
resposta.
Pacientes na pesquisa foram submetidos à cirurgia, assim outros estudos
com pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca demonstraram este
diagnóstico, correspondendo a 20 (100%) da amostra (CRUZ; LOPES, 2010) .
Outra pesquisa semelhante
encontrou a ansiedade em 15 (68,2%) pacientes
(ROCHA; MAIA; SILVA, 2006).
O diagnóstico Tristeza crônica é definido por ―padrão cíclico, recorrente
e potencialmente progressivo de tristeza disseminada, vivenciada (por pai/mãe,
cuidador ou indivíduo com doença crônica ou deficiência) em resposta à perda
73
contínua, ao longo da trajetória de uma doença ou deficiência‖ (HERDMAN, 2013,
p. 448) .
Este diagnóstico foi observado em 58 (55,2%) pacientes. Em virtude da
cronicidade da doença, que envolve preocupações constantes com o controle da
PA, da alimentação e controle cardiovascular, os pacientes revelam tristeza e
insatisfação com o diagnóstico da doença e com as mudanças necessárias no estilo
de vida.
Por outro lado, a internação hospitalar ocasiona no paciente medo e
sofrimento, entre outros sentimentos. Adoecer do coração, na maioria das vezes,
desencadeia
sofrimento
emocional
vinculado
ao
medo
da
invalidez,
do
desconhecido, da solidão, da morte, como também a tristeza excessiva ou a
depressão. O paciente em muitos casos conviverá com a doença cardíaca por
muitos anos.
Este diagnóstico foi observado em 23 (76,6%) de pacientes hipertensos
hospitalizados (MUNIZ FILHA, 2007), entretanto em somente 2 (6,7%) indivíduos
hospitalizados com DCV (PEREIRA et al., 2011).
Risco de infecção é definido por ―risco de ser invadido por organismos
patogênicos‖ (HERDMAN, 2013, p. 485).
O diagnóstico foi encontrado em 103 (98,1%) indivíduos. O risco de
infecção está associado a fatores inerentes ao tratamento cardíaco como a presença
de
vias
invasivas,
terapia
medicamentosa,
procedimentos
invasivos
para
diagnósticos médicos, realização de cirurgia, condições clínicas do paciente, bem
como tem relação com a permanência hospitalar.
Em estudo realizado por Paiva (2007) o diagnóstico foi detectado em 51
(100%) de pacientes hospitalizados que sofreram infarto. Atenta-se para o fato deste
diagnóstico não ter tido muita representatividade em outras pesquisas envolvendo
as doenças do coração. Porém, no presente estudo muitos pacientes foram
submetidos a cateterismo cardíaco, alguns pacientes à cirurgia cardíaca, e
praticamente toda a amostra realizou terapia medicamentosa intravascular, estando
exposta ao risco de contrair microrganismos infecciosos.
Observa-se que a enfermagem com base neste diagnóstico deve
implementar prioritariamente a lavagem das mãos como forma de prevenção,
orientar
e cobrar ações preventivas da equipe, bem como orientar o próprio
74
paciente, em virtude do ambiente e exposição à patógenos. As questões de higiene
do paciente também devem ser observadas por estarem ligadas à infecção.
O diagnóstico Integridade da pele prejudicada é definido por ―epiderme
e/ou derme alteradas‖ (HERDMAN,2013, p.494).
É referente a alterações adversas da pele e foi encontrado em 76 (
72,3%) dos pacientes. Os fatores identificados para o diagnóstico risco de infecção
supracitado têm intrínseca relação com este diagnóstico, em virtude de
procedimentos realizados provocarem alterações nas camadas e estruturas da pele.
Desta maneira a realização de procedimentos invasivos favoreceu a ocorrência
deste diagnóstico, assim como lesões do tipo úlceras por pressão, também
observada ao exame físico.
Este diagnóstico foi também demonstrado em outras pesquisas. Muniz
Filha (2007) referiu este diagnóstico em 90%(27) dos pacientes estudados.
Santos et al. (2008) observou o risco para este diagnóstico em pacientes
idosos, referindo que apresentam alterações tegumentares decorrentes do próprio
envelhecimento fisiológico, como ressecamento da pele, diminuição do tecido
adiposo e fibras elásticas. Logo, é condizente com o estudo, visto que na amostra
houve maior número de idosos.
Risco de trauma vascular é definido por ―risco de dano a veia e tecidos
ao
redor,
relacionado
à
presença
de
cateter
e/ou
soluções
infundidas‖
(HERDMAN,2013, p. 515). Foi identificado em 65 (61,9%) dos pacientes. Este
diagnóstico é importante para o enfermeiro implementar cuidados na prevenção de
flebite e infecção no paciente, entretanto não foi observado em estudos científicos
de diagnósticos.
O diagnóstico Dentição prejudicada conforme Herdman (2013, p.491) é
definido como ―distúrbios nos padrões de desenvolvimento/erupção dentária ou na
integridade estrutural dos dentes de um indivíduo‖.
Foi encontrado em um elevado percentual dos pacientes, equivalente a
90 (85,7%) pesquisados. Este valor considera-se ter relação com as características
sociodemográficas dos participantes, quais sejam baixa escolaridade e renda. Estas
variáveis estudadas influenciam no nível de cuidado do paciente com a dentição e
no acesso a serviços de saúde.
75
Por outro lado, a idade dos pacientes pode fortalecer a presença deste
diagnóstico, já que eram pessoas idosas na maioria. A dentição se modifica com o
avanço da idade, ocorre a perda dos dentes ou a dentição se desgasta.
Infere-se que a dentição comprometida pode relaciona-se ao déficit de
higiene oral e ao acesso de serviços de saúde bucal. A perda dos dentes influencia
tanto em questões psicológicas, comprometendo a estética, quanto em questões de
saúde em geral, devido as suas funções de mastigação, digestão e
devido
a
doenças na cavidade oral (MOURA, 2010).
O diagnóstico Dor aguda é descrito como ―experiência sensorial e
emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em
termos de tal lesão; início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, com término
antecipado ou previsível e duração de menos de seis meses‖ ( HERDMAN, 2013, P.
548)
O diagnóstico foi observado em 57 (54,2%) pessoas, pouco mais da
metade da amostra, sendo relatado em sua maioria por pacientes acometidos por
IAM ou DAC.
Muitos pacientes não identificados com este diagnóstico,
encontravam-se medicados com analgésico e medicações específicas do tratamento
que aliviam a dor, ou não relataram dor em decorrência da doença presente.
Entretanto observou-se que pacientes em uso de medicações para o controle da
dor, ainda referiram o problema.
A dor aguda foi observada em pacientes com dor precordial, cefaleia, dor
em áreas do corpo como membros inferiores, superiores, costas, região do tórax nos
casos de pós-operatório e dor na musculatura.
Este diagnóstico foi observado em vários estudos com pacientes com
DCV. Fortes (2007) relatou em 47 (82,5%) pacientes de sua amostra. Pereira et al.
(2011) observou em 21 (70%) de pacientes hospitalizados com doenças vasculares.
Estes autores referem que a dor é um diagnóstico importante a ser evidenciado na
prática clínica, considerando sua complexidade biopsicossocial.
A dor pode ser um sintoma de alterações fisiológicas e/ou orgânicas, ou
um sinal do estado clínico do paciente. Exige do enfermeiro cuidados imediatos, por
sua capacidade de piora do quadro clínico e por sua repercussão em todo o
processo de recuperação.
Os diagnósticos de enfermagem identificados revelam fenômenos nos
pacientes que auxiliam o enfermeiro a elaborar o planejamento de ações,
76
intervenções e avaliação de resultados. Por meio da proposição dos diagnósticos,
percebe-se o nível de cuidados exigidos e a gama de intervenções que são
necessárias ante aos pacientes hipertensos com doenças cardiovasculares.
A seguir apresentam-se os diagnósticos de enfermagem acima do
percentil 50, encontrados na pesquisa, distribuídos por sexo e faixa etária.
77
TABELA 3: Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis sociodemográficas sexo e faixa etária. Fortaleza- CE,2012.
Diagnósticos de Enfermagem
Risco de Perfusão Tissular Cardíaca Diminuída
Risco de Perfusão Tissular Periférica Ineficaz
Risco de Infecção
Integridade da Pele Prejudicada
Dentição Prejudicada
Estilo de Vida Sedentário
Risco de trauma vascular
Intolerância à atividade
Nutrição desequilibrada:
mais do que necessidades corporais
Autocontrole ineficaz da saúde
Sexo
F
M
44
61
(100,0%)
(100,0%)
p=0,020
p=0,020
44
61
(100,0%)
(100,0%)
p=0,020
p=0,020
44
59
(100,0%)
(96,7%)
P=0,138
0,138
34
42
(77,3%)
(68,9%)
p=0,341
p=0,341
38
52
(86,4%)
(85,2%)
p=0,872
p=0,872
34
48
(77,3%)
(78,7%)
p=0,863
p= 0,863
30
35
(68,2%)
(57,4%)
p=0,261
p=0,261
35
41
(79,5%)
(67,2%)
p=0,163
p=0,163
30
30
(68,2%)
(49,2%)
p=0,52
p=0,52
30
48
(68,2%)
(78,7%)
p=0,224
p=0,224
29-59
34
(100,0%)
p=0,744
34
(100,0%)
0,744
34
(100,0%)
0,141
25
(73,5%)
p=0,640
21
(61,8%)
p<0,0001
27
(79,4%)
p=0,863
19
(55,9%)
p=0,435
27
(79,4%)
p=0,203
22
(64,7%)
p=0,534
26
(76,5%)
p=0,314
Faixa etária
60-69
40
(100,0%)
p=0,744
40
(100,0%)
p=0,744
38
(95%)
p=0,141
27
(67,5%)
p=0,640
38
(95,0%)
p<0,0001
30
(75,0%)
p=0,828
24
(60,0%)
p=0,435
27
(67,5%)
p=0,203
22
(55,0%)
p=0,534
32
(80,0)
p=0,314
70-90
31
(100,0%)
p=0,744
31
(100,0%)
p=0,744
31
(100,0%)
p=0,141
24
(77,4%)
p=0,640
31
(100,0%)
p<0,0001
25
(80,6%)
p=0,828
22
(71,0%)
0,435
24
(77,4%)
p=0,203
16
(51,6%)
p=0,534
20
(64,5%)
p=0,314
78
Continuação:
TABELA 3: Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis sociodemográficas sexo e faixa etária. Fortaleza- CE,2012.
Diagnósticos de Enfermagem
Conhecimento Deficiente
Ansiedade
Padrão de sono prejudicado
Débito cardíaco diminuído
Dor aguda
Tristeza crônica
Sexo
F
31
(70,5%)
p=0,484
22
(50,0%)
p=0,678
27
(61,4%)
p=0,564
30
(68,2%)
p=0,651
25
(56,8%)
p=0,658
29
(65,9%)
p=0,062
M
39
(63,9)
p=0,484
33
(54,1%)
p=0,678
34
(55,7%)
p=0,564
39
(63,9)
p=0,651
32
(52,5%)
p=0,658
29
(47,5%)
p=0,062
29-59
19
(55,9%)
p=0,103
21
(61,8%)
p=0,379
17
(50,0%)
p=0,349
24
(70,6%)
p=0,069
22
(64,7%)
p=0,142
21
(61,8%)
p=0,117)
Faixa etária
60-69
26
65,0%
p=0,103
20
(50,0%)
p=0,379
23
57,5%
p=0,349
21
(52,5%)
p=0,069
17
(42,5%)
p=0,142
17
(42,5%)
p=0,117
70-90
25
(80,6%)
p=0,103
14
(45,2%)
p=0,379
61
(58,1%)
p=0,349
24
(77,4%)
p=0,069
18
(58,1%)
p=0,142
20
(64,5%)
p=0,117
79
A Tabela 3 expõe os diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50
encontrados na pesquisa, de acordo com os dados sociodemográficos sexo e faixa
etária.
São apresentados na tabela os valores absolutos de cada diagnóstico
identificado na amostra e o seu percentual em relação ao total de cada variável.
No grupo amostral os diagnósticos mais prevalentes foram: Risco de
perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão tissular periférica diminuída,
Risco de infecção, Dentição prejudicada e Estilo de vida sedentário. Além desses, as
mulheres apresentaram com maior prevalência Integridade da pele prejudicada, e
Intolerância à atividade, e os homens Autocontrole ineficaz da saúde.
Entretanto com relação ao sexo, observou-se associação estatística
significativa somente entre esta variável sexo e os diagnósticos Risco de perfusão
tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída, onde
p=0,020.
Acredita-se que os homens procuram menos os serviços de saúde e são
mais resistentes em seguir regimes terapêuticos. Isso ocorre em razão de serem os
provedores do lar, trabalharem mais fora de casa do que as mulheres,
disponibilizando menos tempo para cuidados com a saúde, e o horário de
funcionamento dos centros de saúde. Além disso, existem as questões culturais,
que ainda permeiam a sociedade, de que os homens
não adoecem e não
necessitam de cuidados. Desta forma o diagnóstico Autocontrole ineficaz da saúde
predominou no sexo masculino.
As mulheres, por sua vez demonstraram maior Intolerância à atividade.
Estudo verificou que as pessoas do sexo feminino têm cerca de três vezes mais
chances de desenvolver Intolerância à atividade, em razão, possivelmente do
comprometimento cardíaco ser mais grave entre as mulheres, e, além disso, as
mulheres apresentam-se mais frágeis que os homens e com estrutura física menos
favorável (FORTES, 2007).
Com relação à variável faixa etária, sabe-se que a pressão arterial
sistólica aumenta progressivamente com o avanço da idade, sendo que pessoas
idosas com hipertensão correm maior risco de desenvolver doença cardiovascular
(KAPLAN,VICTOR, 2011). Desta forma em virtude da amostra ser predominante de
80
idosos, considera-se a importância da idade como contribuinte para a prevalência
dos diagnósticos a partir da faixa de 60 anos.
Na faixa etária de 29-59 anos, correspondente a 34 pacientes, os
diagnósticos com maior percentual foram os diagnósticos de Risco citados, além de
Estilo de vida sedentário, Intolerância à atividade e Autocontrole ineficaz da saúde,
entretanto não houve associação estatística significante entre estes diagnósticos e a
variável idade descrita nesta faixa etária.
Na faixa de 60-69 anos, equivalente a 40 pacientes, predominaram os
três diagnósticos de Risco, Autocontrole ineficaz da saúde, Dentição prejudicada e
Estilo de vida sedentário, porém não se observou significância estatística entre eles.
Já para a faixa de 70-90, correspondente a 31 pacientes, observou-se
mais prevalentes os diagnósticos de Risco e ainda os diagnósticos: Integridade da
pele prejudicada, Dentição prejudicada, Estilo de vida sedentário, Risco de trauma
vascular, Intolerância à atividade, Conhecimento deficiente e
Débito cardíaco
diminuído. Esta faixa etária, de pessoas a partir de 70 anos, foi a mais acometida
com esses diagnósticos, pois na velhice os pacientes sofrem mais com alterações
fisiológicas, psicológicas e orgânicas em razão da idade mais avançada. A
compreensão e a capacidade física também ficam mais comprometidas, tornandolhes mais vulneráveis.
Estudo semelhante a este,demonstrou a presença destes diagnósticos
em pacientes idosos hospitalizados: Dentição prejudicada em 35% dos pacientes,
Risco de infecção em13%, Integridade da pele prejudicada em 16%, Intolerância à
atividade em 5% e Débito cardíaco diminuído em 5% destes pacientes (Sousa et al.,
2010).
Autores referem que a idade apresenta-se associada à hipertrofia
ventricular esquerda e fibrose do miocárdio em pacientes com HAS e IC esquerda.
Essa associação ocasiona o processo de remodelação ventricular ao longo do
tempo que se caracteriza pela dilatação do ventrículo esquerdo e afinamento das
paredes ventriculares favorecendo à DCV (ROLANDE et al., 2011). Ao mesmo
tempo favorecem à diminuição do débito cardíaco e colabora para a intolerância à
atividade.
Observa-se a prevalência do diagnóstico Conhecimento deficiente em
80,6% das pessoas de 70-90 anos. Acredita-se que o conhecimento deficiente dos
pacientes sobre as doenças e sua condição de saúde pode estar associado a
81
variáveis presentes na amostra como baixa escolaridade e idade avançada, que
influenciam na compreensão das doenças. Além disso, associa-se à falta de
informações completas e esclarecedoras, que devem ser fornecidas pela equipe de
saúde.
Autores referem que um dos principais fatores para o controle ineficaz da
doença é o conhecimento deficiente acerca da doença, das complicações e do
tratamento, que corroboram de forma significativa para a não adesão ao tratamento
(FAVA et al.,2010).
Comparando os resultados achados na presente pesquisa, autores
encontraram mediante análise de prontuários de idosos a existência de diagnósticos
também encontrados em nossa pesquisa em que predominaram idosos, Risco de
integridade da pele prejudicada (54,1%), Integridade da pele prejudicada (7,6%),
Dentição prejudicada (41,3%), Estilo de vida sedentário (60%), Padrão de sono
prejudicado (10,2%), Controle ineficaz do regime terapêutico (20,9), Ansiedade
(9,2%), dor aguda (18,4%), entre outros (SANTOS et al.,2008).
Observa-se na Tabela 3 que, com relação a faixa etária, houve
significância estatística somente entre esta variável e o diagnóstico Dentição
prejudicada (p<0,0001), que foi verificado com maior percentual nos pacientes de 60
anos ou mais, sendo encontrado em 100% dos pacientes de 70-90 anos e em 95%
de pacientes de 60-69 anos. Este fato não foi inesperado, considerando-se a idade
e o nível socioeconômico dos participantes, que se acredita concorreu para este
resultado.
O diagnóstico Dentição prejudicada foi observado em 35% de 66
pacientes idosos hospitalizados (SOUSA et al., 2010). Da mesma forma foi relato
em 96,1% de pacientes com IAM (PAIVA, 2007) e em 19,3% de pacientes com
angina instável (FORTES, 2007).
Entre a variável sexo e os diagnósticos Risco de perfusão tissular
cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída observou-se
associação estatística significativa (p=0,020). No entanto não encontrou-se
pesquisas relacionadas.
O diagnóstico Risco de perfusão tissular periférica ineficaz tem entre
fatores de risco a hipertensão e a idade acima de 60 anos, além de estar
relacionado ao débito cardíaco diminuído. Considera-se que pessoas idosas e
sedentárias estão mais propensas à redução do fluxo sanguíneo periférico em
82
função das alterações fisiológicas e da limitação física, que contribui para o
sedentarismo. Assim este diagnóstico foi característico de toda a amostra.
Destaca-se o diagnóstico Nutrição desequilibrada: mais do que as
necessidades corporais que foi verificado com maior predominância entre as
mulheres, 68,2% (30) das mulheres tiveram este diagnóstico. Na faixa etária
predominou entre 29-59 anos, correspondente a 64,7% dos pacientes nesta faixa.
Contudo não houve associação estatística significativa com as varáveis sexo ou
idade descrita na faixa etária. Atenta-se que o sobrepeso ou a obesidade são fatores
de risco para a infecção, principalmente no período de pós-operatório. O tecido
adiposo favorece a processos infecciosos (GALDEANO; ROSSI; PEZZUTO, 2004).
Observa-se o risco para os pacientes participantes da pesquisa.
83
TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC,
DAC. Fortaleza- CE, 2013.
Diagnósticos de
Enfermagem
Risco de
Perfusão T.
Cardíaca
Diminuída
Risco de
Perfusão Tissular
Periférica
Ineficaz
Risco de
infecção
Integridade da
pele prejudicada
Tempo de diagnóstico HAS
IAM
IC
DAC
<1ano
19
(100,0%)
p=0,105
1-5
22
(100,0%)
p=0,105
6-10
25
100,0%
p=0,105
>10
39
100,0%
p=0,105
Sim
61
(100,0%)
p=0,020
Não
44
(100,0%)
p=0,020
Sim
37
(100,0%)
p=0,001
Não
68
(100,0%)
p=0,001
Sim
25
(100,0%)
p=0,001
Não
80
(100,0%)
p=0,001
19
(100,0%)
p=0,105
22
(100,0%)
p=0,105
25
100,0%
p=0,105
39
100,0%
p=0,105
61
(100,0%)
p=0,020
44
(100,0%)
p=0,020
37
(100,0%)
p<0,001
68
(100,0%)
p<0,001
25
(100,0%)
p<0,001
80
(100,0%)
p<0,001
17
(89,5%)
p=0,071
9
(47,4%)
p=0,035
22
(100,0%)
p=0,071
18
(81,8%)
p=0,035
25
(100,0%)
p=0,071
21
(84%)
p=0,035
39
(100,0%)
p=0,071
28
71,8%
p=0,035
60
(98,4%)
p=0,815
44
(72,1%)
p=0,946
43
(97,7%)
p=0,815
32
(72,7%)
p=0,946
36
(97,3%)
p=0,659
29
(78,4%)
p=0,311
67
(98,5%)
p=0,0659
47
(69,1%)
p=0,311
25
(100,0%)
p=0,425
17
(68,0%)
p=0,575
78
(97,5%)
p=0,425
59
(73,8%)
p=0,575
84
Continuação
TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC, DAC.
Fortaleza-CE, 2013.
Diagnósticos de
Enfermagem
Risco de trauma
vascular
Intolerância
atividade
à
Nutrição
desequilibrada:
mais do que
Autocontrole
ineficaz da saúde
Conhecimento
deficiente
Ansiedade
Padrão de sono
prejudicado
Débito Cardíaco
diminuído
Tempo de diagnóstico HAS
<1ano
6
(31,6%)
p=0,010
10
(52,6%)
p=0,065
12
(63,2%)
p=0,411
14
(73,7%)
p=0,835
17
(89,5%)
p=0,051
11
(57,9%)
p=0,407
11
(57,9%)
p=0,845
9
(47,4%)
p=0,209
1-5
13
(59,1%)
p=0,010
17
(77,3%)
p=0,065
12
(54,5%)
p=0,411
15
(68,2%)
p=0,835
16
(72,7%)
p=0,051
14
(63,6%)
p=0,407
11
(50,0%)
p=0,845
16
(72,7%)
p=0,209
6-10
20
(80,0%)
p=0,010
22
(88,0%)
p=0,065
11
(44,0%)
p=0,411
20
(80,0%)
p=0,835
16
(64,0%)
p=0,051
10
(40,0%)
p=0,407
15
(60,0%)
p=0,845
19
(76,0%)
p=0,209
IAM
>10
26
(66,7%)
p=0,010
27
(69,2%)
p=0,065
25
(64,1%)
p=0,411
29
(74,4%)
p=0,835
21
(53,8%)
p=0,051
20
(51,3%)
p=0,407
24
(61,5%)
p=0,845
25
(64,1%)
p=0,209
Sim
38
(62,3%)
p=0,923
40
(65,6%)
p= 0,066
38
(62,3%)
p= 0,209
42
(68,9%)
p=0,134
43
(70,5%)
p=0,328
33
(54,1%)
p=0,678
40
(65,6%)
p=0,067
33
(54,1%)
p=0,003
IC
Não
27
(61,4%)
p=0,923
36
(81,8%)
p=0,066
22
(50,0%)
p= 0,209
36
(81,8%)
p=0,134
27
(61,4%)
p=0,328
22
(50,0%)
p=0,678
21
(47,7%)
p=0,067
36
(81,1%)
p=0,003
Sim
25
(67,6%)
p=0,378
32
(86,5%)
p=0,017
20
(54,1%)
p= 0,637
30
(81,1%)
p=0,240
25
(67,6%)
p=0,885
22
(59,5%)
p=0,284
19
(51,4%)
p=0,302
31
(83,8%)
p=0,004
DAC
Não
40
(58,8%)
p=0,378
44
(67,7%)
p=0,017
40
(58,8%)
p= 0,637
48
(70,6%)
p=0,240
45
66,2%
p=0,885
33
(48,5%)
p=0,284
42
(61,8%)
p=0,302
38
(55,9%)
p=0,004
Sim
14
(56,0%)
p=0,486
20
(80,0%)
p=0,329
13
(52,0%)
p= 0,552
20
(80,0%)
p=0,454
16
(64,0%)
p=0,746
13
(52,0%)
p=0,965
16
(64,0%)
p=0,493
20
80,0%
p=0,085
Não
51
(63,8%)
p=0,486
56
(70,0%)
p=0,329
47
(58,8%)
p= 0,552
58
(72,5%)
p=0,454
54
(67,7%)
p=0,746
42
(52,4%)
p=0,965
45
(56,3%)
p=0,49 3
49
(61,3%)
p=0,085
85
Continuação
TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC, DAC.
Fortaleza-CE, 2013.
Diagnósticos de
Enfermagem
Dentição
prejudicada
Estilo
de
Vida
sedentário
Dor aguda
Tristeza crônica
Tempo de diagnóstico HAS
IAM
IC
DAC
<1ano
1-5
6-10
>10
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
14
(73,7%)
p=0,313
12
(63,2%)
p=0,139
6
(31,6%)
p=0,031
8
(42,1%)
p=0,415
19
(86,4%)
p=0,313
20
(90,9%)
p=0,139
9
(40,9%)
p=0,031
15
(68,2%)
p=0,415
21
(84%)
p=0,313
18
(72%)
p=0,139
16
(64%)
p=0,031
14
(56%)
p=0,415
36
(92,3%)
p=0,313
32
(82,1%)
p=0,139
26
(66,7%)
p=0,031
21
(53,8%)
p=0,415
56
(91,8%)
p=0,036
43
(70,5%)
p=0,125
32
(52,5%)
p=0,658
33
(54,1%)
p=0,782
34
(77,3%)
p=0,036
39
(88,6%)
p=0,125
25
(56,8%)
p=0,658
25
(56,6%)
p=0,782
27
(73,0%)
p=0,006
32
(86,5%)
p=0,125
23
(62,2%)
p=0,232
24
(64,9%)
p=0,143
63
(92,6%)
p=0,006
50
(73,5%)
p=0,125
34
(50,0%)
p=0,232
34
50,0%
p=0,143
21
(84,0%)
p=0,779
23
(92,0%)
p=0,054
19
(76,0%)
p=0,013
15
(60,0%)
p=0,583
69
(86,3%)
p=0,779
59
(73,8%)
p=0,054
38
(47,5%)
p=0,013
43
(53,8%)
p=0,583
86
A Tabela 4 expõe os diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e
sua distribuição de acordo com os dados clínicos tempo de diagnóstico de
hipertensão (HAS), IAM, IC e DAC.
São apresentados na tabela os valores absolutos de cada diagnóstico
identificado na amostra e o seu percentual em relação ao total de cada variável.
Os resultados demonstram que pacientes com IAM tiveram mais
prevalentes os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de
perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, Integridade da pele
prejudicada, Dentição prejudicada, Conhecimento deficiente e Estilo de vida
sedentário.
Nos pacientes portadores de IC observou-se a maior predominância dos
diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão
tissular periférica diminuída, Risco de infecção, Integridade da pele prejudicada,
Intolerância à atividade, Autocontrole ineficaz da saúde, Débito cardíaco diminuído e
Estilo de vida sedentário.
Pacientes portadores de DAC apresentaram mais prevalentes também os
diagnósticos de risco, Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de
perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, além dos diagnósticos
Intolerância à atividade, Autocontrole ineficaz da saúde, Débito cardíaco diminuído,
Dentição prejudicada e Estilo de vida sedentário.
Observou-se que os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca
diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída, apresentaram
associação estatística com as doenças IAM (p=0,020), IC (p=0,001) e DAC
(p<0,001). O comprometimento cardíaco presente nas doenças diminui o aporte
sanguíneo para tecidos e câmaras cardíacas, prejudicando assim a perfusão, sendo
um risco percebido para doentes cardíacos e hipertensos.
O diagnóstico Integridade da pele prejudicada demonstrou distribuição
estatística significativa com a variável tempo de diagnóstico de HAS (p=0,035),
houve elevado percentual deste diagnóstico para todas as faixas de tempo de HAS,
estando mais predominante para pacientes com 6-10 anos de HAS. Da mesma
forma Risco de trauma vascular também apresentou significância estatística com
relação à variável tempo de HAS (p=0,010), havendo maior predominância para os
mesmos pacientes.
87
Intolerência à atividade apresentou associação estatística com IC
(p=0,017), 86,5% dos pacientes com IC apresentaram este diagnóstico.
Débito cardíaco diminuído quando associado a IC também apresentou
significância estatística (p=0,004), 31 (83,8%) pacientes com IC tiveram este
diagnóstico. IAM demonstrou significância estatística de distribuição em relação ao
diagnóstico débito cardíaco diminuído (p=0,003), 54,1% dos pacientes com IAM
manifestaram este diagnóstico.
Corroborando, autores observaram a associação entre o diagnóstico
Intolerância à atividade e débito cardíaco diminuído com IC. Débito cardíaco
diminuído foi manifestado em 56,7% de pacientes hospitalizados com doenças
cardiovasculares, sendo o segundo diagnóstico mais comum em pacientes com IC
conforme estudos internacionais. Houve 12,6 mais chances de pacientes com IC
apresentarem intolerância à atividade e 13,2 mais chances destes pacientes
apresentarem débito cardíaco diminuído (PEREIRA et al., 2011).
IAM e IC demonstraram associação estatística significativa em relação ao
diagnóstico Dentição prejudicada, p=0,036 e p=0,006 respectivamente. Dentre
infartados 56(91,8%) tiveram este diagnóstico, assim como foi verificado em
27(73%) pacientes com IC.
As variáveis tempo de diagnóstico de HAS e DAC apresentaram
associação estatística significativa com o diagnóstico Dor aguda, p=0,031 e p=0,013
respectivamente. Este diagnóstico foi manifestado por 45,6% dos pacientes com
mais de 10 anos de HAS e por 76% (19) dos pacientes com DAC. A DAC é uma
doença caracterizada por dores precordiais frequentes, assim como a hipertensão
pode desencadear a dor torácica em pacientes cardíacos, desta forma considera-se
esta associação importante no tratamento e cuidado destes pacientes.
Diante
destes
resultados
observou-se
que
os
pacientes
independentemente da DCV presente, apresentavam risco de complicações em
decorrência do comprometimento cardíaco, não eram capazes de manter o
tratamento e o controle da doença incluindo a HAS, apresentavam conhecimentos
parciais sobre as doenças ou não compreendiam seu estado de saúde, eram
pacientes sedentários e que demonstraram dificuldade aos esforços físicos e com as
atividades do dia-a-dia.
Contribui para este quadro o tempo de diagnóstico de HAS, a evolução
da HAS concorre para complicações e incapacidades. Mesmo sem causar a
88
disfunção cardíaca ou a hipertrofia ventricular, há uma reduzida reserva de fluxo
coronariano em hipertensos, resultante da capacidade alterada de vasodilatação
(KAPLAN;VICTOR,2012), assim estes pacientes tornam-se mais propensos à dor, a
intolerância à atividade, ao débito cardíaco diminuído e perfusão diminuída.
Em virtude das síndromes isquêmicas coronarianas e doença arterial
coronariana estarem relacionadas à placa aterosclerótica e à baixa perfusão
cardíaca, que influenciam no fluxo sanguíneo, é esperado o quadro de não
tolerância aos esforços e à presença de dor torácica de origem isquêmica
(BAGNATORI et al.,2009), desta forma pacientes neste estudo, em razão da
fisiopatologia da DCV presente manifestaram com maior prevalência os diagnósticos
relacionados.
Observa-se o conhecimento deficiente dos pacientes sobre as doenças,
este diagnóstico encontrado apesar de não demonstrar associação estatística
significativa, teve alto percentual para todas as variáveis clínicas. Estudo semelhante
demonstrou a presença de conhecimento deficiente sobre a doença em 40% de
pacientes com IC, alertando para o reconhecimento tardio de sintomas devido à falta
de informações sobre a doença (CASTRO et al.,2010).
O cuidado clínico de pacientes hipertensos com DCV envolve diversos
aspectos a serem considerados pelo enfermeiro, desde medidas estratégicas de
adesão ao tratamento a medidas assistenciais ou intervencionistas, diante das
complicações e das manifestações clínicas do paciente. Acredita-se que trabalhar
com os DE contribui para um cuidado clínico mais adequado e potencializa as ações
de enfermagem ante ao paciente. Os diagnósticos são necessários para se
conhecer e elaborar as necessidades de cuidado do paciente, sendo necessários
estudos e discussões sobre os diagnósticos presentes em cada tipo de clientela.
89
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa foi desenvolvida com 105 pacientes hipertensos com doença
cardiovascular, internados em unidade cardiológica por IAM, IC e DAC.
Quanto aos aspectos sociodemográficos, verificou-se a predominância de
pacientes do sexo masculino (58,1%), com idade média de 63±12,2 anos, casados
(77,1%), com ensino fundamental incompleto (45,7%), aposentados/ pensionistas
(56,2%), renda familiar entre um e dois salários mínimos (43,8%), procedentes do
interior do estado (49,5%).
As
principais
características
clínicas
presentes
foram:
pacientes
acometidos por IAM , IC e DAC, com mais de 10 anos de diagnóstico de HAS
(37,1%), com história familiar de HAS (73,3%), história familiar de DCV (67,6%), que
realizaram cateterismo cardíaco (74,3%), não eram tabagistas(48,6%), negaram
etilismo (65,7%) e apresentaram IMC acima de 25Kg/m2 (65,7%).
Diante dos resultados, permite-se concluir que estabelecer o perfil da
população de hipertensos com doença cardíaca presente, assistidos pelos
programas de saúde nas instituições hospitalares, se faz necessário para que sejam
propostas ações e medidas cuidativas peculiares a esta clientela, considerando suas
limitações e possibilidades no enfrentamento da doença. As ações de educação em
saúde, realizadas no ambiente hospitalar e voltadas para o perfil desta clientela são
necessárias e podem favorecer à mudanças de comportamentos no paciente
hipertenso.
Foram identificados no estudo 46 diagnósticos de enfermagem de acordo
com a NANDA-I (2013) e seus domínios. Encontrou-se 16 diagnósticos acima do
percentil 50 que foram discutidos com maior aprofundamento. O domínio 4
Atividade/Repouso, identificou-se o maior número de diagnósticos. Os diagnósticos
de risco tiveram frequência expressiva, dada à condição clinica dos pacientes e
riscos do ambiente hospitalar e tratamento cardiovascular. Os diagnósticos de
enfermagem real mais prevalentes na amostra foram: Dentição prejudicada, Estilo
de vida sedentário, Autocontrole ineficaz da saúde, Intolerância à atividade,
Integridade da pele prejudicada, Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades
corporais, Padrão de sono prejudicado,Conhecimento deficiente, Débito cardíaco
diminuído, Dor aguda, Tristeza crônica.
90
Diante da identificação de um maior número de diagnósticos no domínio
4, estima-se ser necessário uma maior atenção às respostas evidenciadas destes
pacientes relacionadas à atividades diárias, ao autocuidado, sono e repouso,
equilíbrio e energia, e respostas cardiopulmonares. Tais aspectos devem ser
considerados no cuidado clínico destes pacientes, para a elaboração e execução de
estratégias terapêuticas de enfermagem mais direcionadas.
Os diagnósticos encontrados com maior prevalência revelaram a
predominância de alterações nas respostas dos pacientes não só de ordem
fisiológicas, mas também de controle da saúde. Estes diagnósticos poderão permitir
a implementação de ações mais focalizadas nestes aspectos.
Ao realizar a análise estatística dos dados, observou-se associação
estatística
significativa
entre
as
variáveis
sociodemográficas,
as
doenças
cardiovasculares e os diagnósticos, que se acredita surgiram em virtude das
características clínicas específicas da amostra.
Com relação a faixa etária houve significância estatística entre a variável
e o diagnóstico Dentição prejudicada. Entre a variável sexo e os diagnósticos Risco
de perfusão tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica
diminuída observou-se associação estatística significativa. Os diagnósticos foram
observados com maior percentual em participantes do sexo masculino. Existiu
associação importante entre as DCV e os diagnósticos Débito cardíaco diminuído,
Dor aguda, Intolerância à atividade, Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída e
Risco de perfusão tissular periférica diminuída.
Desta forma, considera-se importante conhecer as características clínicas
e sociodemográficas de determinada clientela e sua associação ou não à presença
de diagnósticos de enfermagem.
Percebe-se na enfermagem mudanças significativas nas ações de
cuidado, no que diz respeito ao saber, fazer e do saber-fazer do enfermeiro e na
assistência de enfermagem em si, pois os profissionais têm considerado a utilização
dos sistemas de classificação de enfermagem, principalmente de diagnósticos,
aprimorando o planejamento das ações, a prescrição de cuidados ao paciente e as
intervenções.
Logo, estabelecer os diagnósticos de enfermagem conforme um sistema
de classificação em pacientes hipertensos com DCV, possibilita a execução de um
91
plano de ações direcionado a esta clientela e norteia a prescrição do cuidado de
enfermagem.
A proposição de diagnósticos de enfermagem ante aos portadores de
doenças cardiovasculares, conferiu fundamentação à sistematização da assistência
de enfermagem a estes pacientes, e para a pesquisadora permitiu um olhar mais
detalhado sobre estes pacientes, desta forma proporcionou a perspectiva de um
cuidado mais qualificado e coerente aos pacientes.
No percurso da elaboração dos diagnósticos encontrou-se dificuldades,
estas foram decorrentes da quantidade de pacientes a serem entrevistados, do
tempo necessário para elaborar banco de dados e concluir todo o processo de
diagnóstico. Assim considera-se que o trabalho com diagnósticos demanda tempo e
deve ser observado na prática diária da enfermagem.
Acredita-se ser importante o desenvolvimento de pesquisas acerca de
diagnósticos e doenças cardiovasculares, para que possa suscitar conhecimentos
e se tornem fontes científicas, além de despertar a prática dos diagnósticos na
enfermagem.
Pretende-se divulgar os dados para a instituição campo de pesquisa, para
que se conheça a clientela de hipertensos com DCV, e para que seja um incentivo
ao uso das classificações de enfermagem, de uma linguagem padronizada entre os
enfermeiros e consequentemente um melhor cuidado clínico de enfermagem.
Por fim, acrescenta-se que foi relevante observar nos resultados que os
dados e diagnósticos de enfermagem definitivos encontrados demonstravam as
características reais dos pacientes e suas necessidades, observadas durante a fase
de coleta de dados. Observou-se pessoas com baixo nível socioeconômico,
sedentárias, sobrepeso, ansiosas, a maioria com mais de 60 anos, com pouco ou
nenhum conhecimento sobre sua doença atual e a doença hipertensão, pacientes
com
comprometimento
cardiovascular
importante,
que
lhes
impedia
de
desempenhar atividades diárias e profissionais, e modificaram totalmente sua
qualidade de vida.
Assim, este estudo ultrapassou os objetivos iniciais de documentar
diagnósticos de enfermagem em hipertensos, e se consolidou com a oportunidade
de conhecer as necessidades e respostas humanas ao adoecimento cardiovascular
e os aspectos implicados no cuidado clínico de enfermagem a estes pacientes.
92
O processo de cuidar é contínuo e, portanto, necessita seguir passos e
avançar no conhecimento científico dentro da área para aperfeiçoar as ações do
enfermeiro. Considera-se que os diagnósticos de enfermagem colaboram neste
processo.
93
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99
.
APÊNDICES
100
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Dados de Identificação
Nome:__________________________________________
1.Sexo: 1( )feminino 2( )masculino
2.Idade:________
3.Escolaridade: 1( )analfabeto 2( )ensino fundamental incompleto 3( ) ensino fundamental
completo 4( )ensino médio incompleto 5( )ensino médio completo
6( )superior incompleto 7( )superior completo.
4. Estado civil: 1( ) solteiro 2( )casado/união estável 3( )divorciado
5.Ocupação: 1.Trabalha( ) 2.aposentado/pensionista( ) 3. Desempregado( )
6. Renda familiar (em salários mínimos):__________________
7. Procedência: 1.capital( ) 2.interior do estado( ) 3.outro estado( )
8.Religião: 1( ) católica 2( ) não católica 3( ) sem religião
9. Data admissão:___________
Dados clínico- epidemiológicos
11.Tempo de descoberta da HAS: 1. <1ano( ) 2. 1-5 anos( ) 3. 6-10anos( )
4. >10anos( )
12. Antecedentes familiares de HAS: 1.sim( ) 2. não( ) Quem?________
13.Doença cardiovascular presente: IAM( ) IC ( ) DAC( )
14.História familiar de doença cardiovascular: 1.sim( ) 2.não ( ) Quem?______
15.Internamentos anteriores por DCV: 1.sim( )
16.Cateterismo cardíaco: 1.sim( )
17.Cirurgia cardíaca: 1.sim ( )
2.não ( )
2.não ( )
2.não ( )
18. Fuma: 1.sim ( ) 2.não( ). Quantos cigarros/dia________. Deixou de fumar (
quanto tempo? ________
) Há
19. Faz uso de bebida alcoólica? 1.sim( ) 2.não( ). Quantas vezes por semana?
__________ . Deixou de beber ( ) Há quanto tempo? ___________
20.Peso:_____________ 21.Altura:_______ 22. IMC:________ 23. Circ. Cintura_____ 24.
Circ. Quadril:________
Sinais Vitais:
25. Frequência respiratória (FR):___________ 26.Frequência cardíaca(FC):_________
27.Temperatura:___________ 28. PA:________________
101
1)DOMÍNIO 1: PROMOÇÃO DA SAÚDE( Controle da saúde)
29.Conhecimentos sobre a doença HAS (def./ sintomas):
__________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
30.
Conhecimento
sobre
seu
estado
de
saúde
e
doença
atual
(DCV):____________________________________________________________________
________________________________________________________________
31. Percepção dos sinais e sintomas de alteração da HAS: 1.sim ( )
2.não ( )
32. A família participa do tratamento da HAS? 1.sim( ) 2.não( ) Como:
__________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
33.Uso
de
medicações
antes
Quais?___________________________________________
do
internamento.
34. Expectativas quanto ao tratamento: 1.cura ( ) 2.controle( ) 3. Não sabe responder ( )
35. Problemas relacionados ao uso de medicação:___________________________
36. Seguia as recomendações de profissionais de saúde? 1.sim(
)
2.não(
Quais?_______________________________________________________________
Se não, por que?_______________________________________________________
)
_____________________________________________________________________
2) DOMÍNIO 2: NUTRIÇÃO (ingestão,metabolismo,hidratação)
37. Condição de apetite atual: ( )1.conservado ( )2.aumentado ( )3.diminuído
38. Número de refeições por dia antes do internamento:__________________
39. Dieta anterior ao tratamento: 1( )hipossódica 2( )hiperssódica 3( )hipolipídica 4( )
hiperlipídica 5( ) hiperglicêmica 6( )hipoglicêmica 7( ) Dieta com sal
40. Dificuldade para mastigar alimentos: 1( )sim 2( )não. Esp________________
41.Dificuldade para engolir alimentos 1( )sim 2( ) não. Esp________________
42. 1.Dentição completa ( )
2.dentição incompleta( )
43. Dieta: 1 ( )oral 2( )Sonda gástrica/enteral 3( ) nutrição parenteral
44. Queixas: 1( )nenhuma 2( ) náusea 3( )pirose
4( ) êmese
45. Ingesta de líquidos. Quantidade por dia (em litros):________________________
46. Pele: 1( )hidratada 2( )desidratada 3( )pegajosa
102
3) DOMÍNIO 3: ELIMINAÇÃO E TROCA (função urinária,
respiratória)
gastrintestinal, função
47. Dificuldade para respirar: 1( )sim 2( ) não
48. .1Dispnéia( ) 2.eupnéia( ) 3.cianose( ) 4.batimento de asa de nariz( )
suporte ventilatório( ) 6.( ) agitação
5.uso de
49. Diurese: 1( )espontânea 2( )em fraldas 3 ( )aparadeira/papagaio 4( )SVD
50. Frequência de micções/dia:_____________
51. Desconforto urinário: 1( )nenhum 2( )incontinência 3( )retenção 4( )disúria
urgência urinária
6( )bexigoma
5( )
52. Hábito intestinal. Frequencia de evacuação por dia:______
53. Uso de laxantes: 1( )sim
2( )não
54.Desconforto gástrico: 1( )cólicas 2( )constipação 3( )sensação de plenitude
melena 5( ) incontinência 6( )nenhum
55. Abdome: 1( )plano 2( )globoso 3( )flácido 4( )ausência de ruídos hidroaéreos
)presença de ruídos hidroaéreos 6 ( )dor a palpação
4( )
5(
4) DOMÍNIO 4: ATIVIDADE/REPOUSO(sono/repouso, atividade/exercício, respostas
cardiovasculares/pulmonares, autocuidado)
56. Horário de dormir: 1( )manhã 2( )tarde 3 ( )noite
57. Tipo de sono: 1 ( )initerrupto 2( )interrompido 3( ) agitado 4( )insônia
58. Toma remédios para dormir: 1( ) sim
59. Desperta: 1( )descansado
2( )não
2( )cansado. Motivos:___________________
60. Deambula: 1( )sim 2( ) não 3( ) com ajuda Esp.___________
61 Mobilidade no leito: 1sim ( )
2 não( )
62. Restrição de movimento de membros: 1( ) sim 2( )não Qual:_____________
63 Realizava atividade física antes do internamento? 1( )sim 2( )não. O que fazia?
________________________________Se sim, quantas vezes por semana:________
Durante
quanto
tempo_____________.
Se
não,
por
que?
_____________________________________________________________________
64. Sedentarismo(anterior à internação): 1( ) sim
2( )não
65.Disposição atual para atividades diárias: 1( ) sim
2( )não
66. Limitação nas atividades diárias: 1( )deambular 2( )sentar 3( )trocar roupa
4( )alimentar-se 5 ( )higiene/banho 6( ) nenhuma.Esp.________________________
67. Limitação física durante/após atividade: 1( )falta de ar 2( )cansaço/dispnéia
3(
)tontura 4( )dor MMSS 5( ) dor MMII 6( )cefaléia 7( ) fraqueza/fadiga 8( )nenhuma
68. Ausculta cardíaca: 1( )regular
2( )irregular
103
69. Alterações: 1( )bradicardia 2( )taquicardia 3( )palpitações 4( )angina
6( ) cateterismo 7( ) ortopneia 8( )nenhuma
5( ) arritmia
70.Outras alterações/ queixas cardíacas:_______________________________
71. Tórax: 1( )sem alterações anatômicas
lesão/cicatrizes
72. Movimentos respiratórios: 1( ) normais
Alteração na profundidade respiratória
2(
)com alterações anatômicas
3(
)
2( ) uso de musculatura acessória 3( )
73. Ventilação: 1( ) sem suporte de oxigênio 2( ) com suporte de oxigênio
74.Outras alterações/queixas:_______________________________________
5)DOMÍNIO 5: PERCEPÇÃO COGNIÇÃO (atenção, orientação, sensação/percepção,
cognição, comunicação)
75. Orientação: 1( )consciente 2( )orientado 3 ( )desatento 4( )sonolento
5( )inquieto
6( )confuso
76. Visão: 1( )acuidade visual normal 2( )diminuída 3( ) não enxerga
77.Audição: 1( )Acuidade auditiva normal 2( )Acuidade auditiva diminuída
78.Sensibilidade tátil : 1( )sem alterações
2( )diminuída 3 ( )ausente
79. Nariz: 1( )normal 2( ) alterações:_______________________
80. Boca: 1( )normal 2( )alterações:_______________________
81.Sensibilidade gustativa: 1( )sem alterações 2( )diminuída 3( )ausente
82. Cognição: 1( ) compreende a doença atual
) déficit cognitivo.
2( )não compreende a doença atual
83.Considera importante aprender sobre sua doença: 1( )sim 2( )não 3( ) não sabe
84. Capacidade de tomar decisões sozinho: 1 ( )sim 2 ( )não
85.Tem dificuldade para:
85.1 Falar 1( )sim 2( )não Especificar:_________________
85.2 Ler
1( )sim
85.3 Escrever
2( )não .
Especificar:_________________
1( )sim 2( )não. Especificar:_________________
85.4 Memorizar 1( )sim
2( )não. Especificar:_________________
3(
104
6)DOMÍNIO 6: AUTOPERCEPÇÃO (autoconceito, autoestima, imagem corporal)
86 Visão do paciente sobre si mesmo:______________________________________
_____________________________________________________________________
87. Percebe modificações relacionadas a doença?____________________________
_____________________________________________________________________
88.Autoestima prejudicada:1( )sim 2( )não. Especificar________________________
89. Satisfeito com seu estado de saúde atual: 1( )sim 2( )não. Esp.______________
_____________________________________________________________________
90 .Visão do paciente sobre seu futuro:______________________________________
_____________________________________________________________________
7) DOMÍNIO 7: PAPÉIS E RELACIONAMENTOS ( papéis do cuidador, relações familiares,
desempenho de papel)
91. Problemas trazidos pela doença: 1.relacionamento familiar (
3.trabalho/finanças ( ) 4.todos( )
5. Não trouxe problemas ( ).
)
2. lazer (
)
92. Queixas relacionadas:________________________________________________
8)DOMÍNIO 8: SEXUALIADE (função sexual)
93. Mudanças na função sexual: 1( ) sim 2( )não. Especificar________________
9)DOMÍNIO 9:ENFRENTAMENTO
enfrentamento)
/TOLERÂNCIA
AO
ESTRESSE(reações
de
94.Reações
às
mudanças
provocadas
pelas
doenças
(HAS/DCV):
_____________________________________________________________________
95. Sentimentos presentes:
1.Medo( )
2.Ansiedade( ) 3.Tristeza( ) 4.Angústia( ) 5.Depressão( )
6.
Impotência
(
)
7.Estresse
(
)
8.Otimismo
(
)
.
Especificar_________________________________________________________________
_______________________________________________________________
10) DOMÍNIO 10:
valores/crenças/atos)
PRINCÍPIOS
DA
VIDA
(valores,
crenças,
coerência
entre
96.Sentimentos de fé : 1( ) sim 2( ) não. Especificar:________________________
97. A fé contribui como no enfrentamento da doença ?__________________________
11) DOMÍNIO 11: SEGURANÇA/PROTEÇÃO (infecção, lesão física, processos defensivos,
termorregulação)
98.Acesso venoso: 1 ( ) sim 2( ) não.
98.1.Características:___________________98.2. Permanência:_____________
99. Procedimentos invasivos realizados:_______________________________
100.Presença de lesão física: 1( )sim 2( )não. (Crânio, pescoço, pele/tecidos
membros)Especificar:________________________________________________________
_____________________________________________________________
101. Sofreu quedas: 1( ) sim 2( ) não. Especificar:___________________________
105
102. Tontura/vertigem: 1 ( ) sim 2( ) não. Especificar:_________________________
103. Apresenta alterações na termorregulação: 1( ) sim 2( ) não.
104. Apoio de cuidador: 1( ) sim
2( ) não. Especificar:____________________
105. Reação alérgica 1( ) sim 2( ) não. Especificar:______________________
12) DOMÍNIO 12:CONFORTO (conforto físico, conforto ambiental, conforto social)
106.Dor:(
)sim
(
)não.
Tempo:
__________
Localização:________
Frequência:_____________Fatores precipitadores: __________________________
107. Intensidade( de 0 a 10):___. Sintomas associados:________________________
108. Dor anterior ao tratamento: sim( ) não ( ) Localização______________________
109. Sente-se confortável no ambiente? ( ) sim ( ) não. Causas: ________________
_________________________________________________________
110. Expressa sentimento de solidão: ( ) sim ( ) não.
111. Interage com outros: ( ) sim ( ) não. Se não, por que?
_____________________________________________________________________
13) DOMÍNIO 13: CRESCIMENTO /DESENVOLVIMENTO( crescimento)
112. Sente dificuldade para melhorar seu estado de saúde: (
Causas:_____________________________________
) sim (
) não.
106
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Meu nome é Sanja Samia Rolim Ximenes sou aluna do Mestrado Acadêmico
Cuidados Clínicos em Saúde e estou desenvolvendo a pesquisa ―Diagnósticos de enfermagem
no cuidado clínico a pessoas com hipertensão e doença cardiovascular‖. O estudo tem
como objetivo analisar os diagnósticos de enfermagem presentes em pacientes hipertensos com
doença cardiovascular.
Neste momento estou convidando o(a) senhor(a) a participar voluntariamente desse
estudo que deverá produzir conhecimentos científicos que contribuam para o aprimoramento de
cuidados de enfermagem a pacientes hipertensos e com doenças do coração.
Sua participação será respondendo as perguntas de um formulário e as respostas
serão escritas por mim, pesquisadora, permitindo que eu examine seu corpo e verifique sua
pressão arterial, peso, altura, circunferência da cintura e dos quadris aqui em seu leito, nesta
unidade de internação. Solicito ainda permissão para copiar informações sobre seu tratamento
do seu prontuário. Os riscos do estudo são mínimos, mas estarei atenta para resolvê-los se
houver necessidade.
O(a) senhor(a) tem a plena liberdade de aceitar ou não participar da pesquisa,
assim como de permanecer ou não no estudo, mesmo após ter dado seu consentimento, sem
que haja prejuízos para seu atendimento neste serviço de saúde. Sua participação não implicará
em nenhum gasto para o(a) senhor(a) e também não haverá gratificação financeira pela sua
participação nesta pesquisa.
Garantimos o sigilo sobre sua identidade e informações coletadas, as quais serão
utilizadas apenas para fins deste estudo, ou seja elaboração de meu trabalho de conclusão do
curso e preparação de artigos para publicação em revistas científicas.
Para esclarecer dúvidas sobre essa pesquisa o(a) senhor(a) poderá se comunicar
comigo pelo telefone 99556972, com a orientadora da pesquisa Profa. Dra. Vilani Guedes fone
3101,9823 e com o Comitê de Ética em Pesquisa da UECE fone 3101.9890.
Este Termo está preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma para o(a)
senhor(a) e outra para a pesquisadora
Atenciosamente,
Sanja Samia.Rolim Ximenes
Eu _____________________________, declaro que após ser esclarecido pelo
pesquisador e ter entendido o que foi explicado, concordo em participar da pesquisa.
Fortaleza,____ de_____________ de 2012.
_________________________________
Assinatura do pesquisado
________________________________
Assinatura do pesquisador
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