V Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológicado IF Goiano IF Goiano- Campus Iporá 21 a23 de setembro de 2016 REPOSICIONAMENTO IN SILICO DE FÁRMACOS APROVADOS COM POTENCIAL CONTRA O METABOLISMO ENERGÉTICO DO Schistosoma mansoni CALIXTO, Nicole Melo1; SANTOS, Jairo Oliveira2; SILVA, Lourival de Almeida3 1 Estudante de Iniciação Científica – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Ceres - GO. [email protected]; 2 Estudante de Iniciação Científica – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Ceres – GO. [email protected]; 3 Orientador – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Ceres - GO. [email protected]. RESUMO: A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma spp. O tratamento da esquistossomose utiliza praziquantel, embora seja eficaz o risco de resistência ao fármaco é o principal problema da terapia. Diante disso, necessita-se desenvolver novos fármacos antiesquistossomose. Entretanto, o desenvolvimento de novos fármacos é considerado dispendioso e lento. Por esta razão, tem sido proposto o reposicionamento de fármacos aprovados para uso em humanos. Neste trabalho foi usado reposicionamento in silico utilizando bases de dados na busca por fármacos contra alvos do metabolismo energético do S. mansoni. Foram usadas as bases de dados: TDR, Gene DB, DrugBank, TTD e Promiscuous. Embora tenham sido identificados 39 fármacos, neste trabalho apresentou-se 03 fármacos com alto potencial contra metabolismo energético do S. mansoni. Sugere-se que esses fármacos sejam avaliados em testes in vitro e in vivo para confirmar sua eficácia e reposicioná-los na terapia da esquistossomose. Palavras-chave: Esquistossomose. Bioinformática. Descoberta de fármacos. INTRODUÇÃO A esquistossomose é uma doença parasitária negligenciada causada pelo Schistosoma spp (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015). Essa doença é transmitida através do contato com a água infestada por cercárias, formas infectantes do Schistosoma spp. As formas adultas habitam o plexo mesentérico (sendo os S. mansoni e S. japonicum) ou vasos sanguíneos do trato urinário (sendo o S. haematobium). Para tratamento antiesquistossomose utiliza-se o fármaco praziquantel. Embora a terapêutica atual seja eficaz o risco de resistência ao fármaco é o principal problema da terapia antiesquistossomose. Diante disso, é urgente a necessidade desenvolver novos fármacos antiesquistossomose (GREENBERG, 2013). Nesse sentido, necessita-se investigar por alvos moleculares do metabolismo do Schistosoma spp com potencial terapêutico, que sejam interessantes para desenvolvimento de novos fármacos (PANIC et al., 2015). Entretanto, o desenvolvimento de novos fármacos é considerado de alto custo e lento. Por esta razão, tem sido proposto reposicionamento de fármacos aprovados, que consiste em utilizar um fármaco já aprovado para uma doença para tratar outra. Essa estratégia diminui o tempo e custo desenvolvimento de um novo fármaco. O reposicionamento de fármacos utiliza abordagem de “similaridade de alvo” que pode ser empregada a bioinformática como ferramenta de análise que disponibiliza inúmeras bases de dados online com informações sobre compostos terapêuticos que atuam sobre alvos protéicos específicos (SILVA et al., 2015). A utilização desta ciência torna mais rápido o processo de descoberta de novos fármacos, identificando os melhores alvos e simulando virtualmente a interação entre fármaco e o alvo (ELKINS; MESTRES; TESTA, 2007). No presente trabalho, propomos identificar novos fármacos para a esquistossomose através da estratégia do reposicionamento in silico de fármacos aprovados para o tratamento de outras doenças. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas as bases de dados TDR Targets, Gene DB, Protein, DrugBank (DB), Therapeutic Targets Database (TTD), Promiscuous e PubMed. A base de dados TDR Targets forneceu a identidade 62 alvos do metabolismo energético do Schistosoma mansoni. Nas bases de dados Gene DB e Protein foram obtidos peptídeos correspondentes de cada um desses alvos. Após a obtenção das sequências peptídicas de cada alvo, interrogou-se nas bases 1 V Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológicado IF Goiano IF Goiano- Campus Iporá 21 a 23 de setembro de 2016 de dados DB e TTD, em busca de similaridade de alvo. Depois de identificar os fármacos com potencial contra o metabolismo energético do S. mansoni, o nome de cada um desses fármacos foi inserido na base de dados Promiscuous para analisar a interação entre o fármaco-alvo protéico e os efeitos colaterais, bem como a relação entre eles. Posteriormente utilizou-se a PubMed em uma busca literária por fármacos já testados contra uma das 03 espécies de importância médica pertencente ao gênero Schistosoma. A partir dos resultados adquiridos foi possível gerar uma lista in silico com os potenciais alvos do metabolismo energético do S. mansoni e seus inibidores correspondentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para os 62 alvos identificados na TDR Targets foram obtidos 20 resultados positivos. Para esses alvos foram identificados 39 fármacos aprovados, sendo 34 da DB e 05 da TTD. No entanto, sugere-se que 03 fármacos apresentam alto potencial contra metabolismo energético do Schistosoma mansoni (ver na Tabela 01). Tabela 1 - As novas associações entre os alvos do metabolismo energético do S. mansoni e os fármacos identificados no presente trabalho. Nome do Alvo do Expectation fármaco metabolismo do value S. mansoni (E-value) Dorzolamida Anidrase carbônica II 4.07799e-63 Fomepizol Álcool desidrogenase 5.95631e-125 Desflurano ATP sintase cadeia delta, mitocondrial, putativo 2.72872e-44 A seguir são discutidos sobre os fármacos identificados neste trabalho e os potenciais efeitos no metabolismo energético do Schistosoma mansoni. A dorzolamida é indicada como antiglaucomatoso (Dados da DB). No presente trabalho sugere-se que esse fármaco apresenta potencial para inibir o alvo anidrase carbônica II atuante no metabolismo energético do S. mansoni, potencialmente interferindo na função de catalisar a hidratação reversível do CO2, processo envolvido na reação da glicólise (Dados da Gene DB). O fomepizol é indicado como antídoto (Dados da DB). No presente trabalho sugere-se que esse fármaco apresenta potencial para inibir o alvo álcool desidrogenase atuante no metabolismo energético do S. mansoni, potencialmente interferindo na função de oxidação do etanol para acetaldeído (Dados da Gene DB). O desflurano é um fármaco indicado como anestésico (Dados da DB). No presente trabalho sugere-se que esse fármaco apresenta potencial para inibir o alvo ATP sintase cadeia delta, mitocondrial, potencialmente interferindo na função de transporte de protóns através da membrana gerando gradiente eletroquímico, contribuindo na síntese de ATP (Dados da Gene DB). CONCLUSÃO Através da identificação dessas dezenas de fármacos aprovados sugere-se que sejam avaliados em testes in vitro e in vivo visando confirmar sua eficácia e, posteriormente, reposicioná-los na terapia antiesquistossomose. AGRADECIMENTOS Ao Instituto Federal Goiano e CNPq pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EKINS, Sean; MESTRES, Jordi; TESTA, Bernard. In silico pharmacology for drug discovery: methods for virtual ligand screening and profiling. British journal of pharmacology, v. 152, n. 1, p. 9-20, 2007. GREENBERG, Robert M. New approaches for understanding mechanisms of drug resistance in schistosomes. Parasitology, v. 140, n. 12, p. 1534-1546, 2013. PANIC, Gordana et al. Activity profile of an FDA-approved compound library against Schistosoma mansoni. PLoS Negl Trop Dis, v. 9, n. 7, p. e0003962, 2015. SILVA, Lourival A. et al. In silico search of energy metabolism inhibitors for alternative leishmaniasis treatments. BioMed research international, v. 2015, 2015. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Schistosomiasis: number of people treated worldwide in 2013. Wkly Epidemiol Rec, v. 90, p. 25-32, 2015. 2