UNIVERSIDADE CONCEP90ES DE GRAMATICA TUIUTI E DO PARANA 0 ENSINO DE liNGUA PORTUGUESA Monografia apresentada ao curso de P6s-Gradua~ao em Literatura Brasileira e Lingua Portuguesa da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito para a obtenc;ao do grau de Especialista. Orientadora: GLAIR ProF PICOLO Evanilda COIMBRA CURITIBA 2000 Maria Tome Valenc;a SUMARIO ...i RESUMO ... INTRODU<;:AO .. . I CAPiTULO I .... A GRAMATICA SOB TRES VIs6ES DIFERENTES CAPiTULO II.. .. 3 . o ENSINO DA GRAMATICA- 6 UMA PERSPECTIVA HISTORICA 6 CAPiTULO III.... o ENSINO DA GRAMA TICA - CRiTICAS E SOLu<;:6ES METODOLOG ICAS CAPiTULO IV.... 9 . 17 OS CONHECIMENTOS fMPLiclTO E EXPLiclTO NO DOMiNIO DO PORTUGUES .. 17 CAPiTULO V.. . SOBRE A RELA<;:AO DOS CONHECIMENTOS DE PORTUGUES... CAPiTULO VI... 19 IMPLiCITO E EXPJiCITO NAS AULAS . 19 .......................................................................... 27 COMO DEVE SER TRABALHADA A LiNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA: ALGUNS ENCAMINHAMENTOS.... . 27 CONCLUSAO .... . REFERENCIAS BlBLlOGMFICAS 32 34 RESUMO o presente trabalho tern par finalidade realizar urna analise te6rica sabre as dificuldades do ensino da Lingua Portuguesa em sala de aula no que tange a concep980 gramatical. Seu objetivo e tra9ar um quadro da discrepancia que versa sabre a tematica, bern como tecer considera90es a respeito do ensina da lingua centrad a na gramatica normativa que auxiliem 0 professor a urna tamada de decisao quanta a sua aplica~o. 0 eixo da pesquisa converge para 0 desvendar do processo de aquisi9ao da linguagem em sala de aula por um conjunto de regras lingu[sticas, tendo par pressuposto basico a vi sao te6rica de educadores comprometidos com a questao educacional, au seja, qual a melhor forma de aquisic;ao da linguagem padrao e sua real necessidade no processo de comunica9ao. A forma metodol6gica de atua9ao do educador baseada nos principios tradicionais necessita de nova 6tica sabre seu sujeito de trabalho, 0 aluno, e do enfoque dos valores reais da escola. 0 estudo da realidade do falar brasileiro em contraste a Lingua Portuguesa escrita emprestou ao trabalho melhor compreensao tematic8. INTRODUI;Ao Inconformada Portuguesa enorme - de ouvir justific8veis vontade em relag80 esse assunto ensina da lingua tradicional par que passam da riquissima aos falantes e gramatical, e regras Portuguesa urn verdadeiro as professores abordarei, gramatica teorias em ao ensina respectivamente, nomenclaturas, aos professores, nossa e ensinada como ela - Lingua e com uma e escritores da que me propus a tao polemico. Visto as dificuldades aprendizado a criticas de fazer valer uma Qutra postura Hngua, principal mente estudar inumeras pela maneira nas escolas. gramaticais suplicio 0 ao ensina positiv~s critica, excessive transformou aos alunos que naD veern resultados e alunos com uma analise usa e 0 de as aulas de Lingua e uma constante frustrac;:ao de aprendizagem por parte dos estudantes. Muito tem se discutido a respeito quase nada ha de novo no ensino abolir par completo retirar a gramatica 0 ensino tradicional desse efetivo gramatical das escolas discrepantes sobre melhar aproveitamento 0 tema, maiaria das pessoas mundo", distarcida nao sei u portugues", de que ensinar que a unica e indiscutivel ladas as regras impastas pretende acreditam naa apenas com sugestoes desmistificar afirma: UPortugues Uneste pais todo mundo uma lingua seja ensinar maneira de se atingir pela gramatica. outros ou querem que mastrar as para urn Portuguesa. de Portugues, passui quando pouco radicals 0 nivel do ensino. mas contribuir das aulas de Lingua Esta e a func;ao do professor entretanto, Alguns nas escolas, e baixar Cam base na que fai dita, este trabalha vis6es assunto, da lingua. essa ideia que a e a lingua mais dificil do fala errado", a escrever esses essa visi30 e a falar 'certa', abjetivos e segulndo e o resultado que tentarei mostrar, sao as falhas mais correntes aulas de Portugues, oficial da lingua, da lingua diversos inseridos. sem desmerecer dos falantes modos de se em as valiosas no caso a gramatica, de urn modo geral, comunicativo baseada varios estudiosos no ensino da gramatica contribuic;:oes pode oferecer a firn de que se possa na linguagem expressar, oral e escrita, conforrne da lingua, e, conseqOenternente, aos estudiosos melhorar e falantes a desempenho levando-os a arnbiente nas que urn registro em a discernir que as estejam CAPiTULO A GRAMATICA Segundo POSSENTI' SOB TRES VISOES "0 termo gramatica devem ser seguidas par aquetes que Usual mente, tais regras descriC;8o de dados descrito e, concordancia, DIFERENTES design a urn conjunto que, em varios capitulos nos compendios, da gramatica, regemcia e COlOC8g80dos pronomes esclarece ainda conjunto de regras misturadas deixam evidente segundo certa teori8 e metoda. de leis que regem a nao importa positiva ou negativa da lingua se Nesse casa, par gramatica emprego 0 pode encontra estruturac;ao real de enunciados da expressao ser definida que 0 sabre urn conjunto par fatantes. implica uma por parte da comunidade urn que ana lisa S9 entende regra como nos dados produzidos de determinada lingOistica a atonos. que a gramatica que urn estudioso que querem 'falar e escrever corretamente'~ sao expostas prescritivas de regras ao mesmo tempo, prescrito. Ressaltam-se as capitulos POSSENTI2 lorma, I Dessa avalia9iio que fale esta lingua. Apesar da existencia favor de urna terceira: lalanle de lalo aprendeu alguem lala ou escreve testemunha lPOSSENTI. ! Idem, p. 70. isso, dessas duas vis5es a de que a gramatica de gramatic8, designa 0 ele argumenta conjunto de regras e do qual lanc;a mao ao lalar e a escrever. segue porque regras de uma usualmente Sirio. 0 tcxto em sala dcaola: Gramalica nao gramatica. se "inventam" e polilica. Sao Paulo: Sempre 0 fato mesmo regras Alica, 1997, para p. 47. em que 0 que de ele falar construir express6es. Pelo conhecimento nao consciente de tais regras, a talante sabe sua lingua, pelo menos urna de suas variedades. a conjunto de regras linguisticas que um talante conhece constitui sua gramc:ttica,seu repert6rio lingufstico. Baseados na primeira defini9iio de POSSENTI', podemos conciuir que aquela vale para as chamadas gramaticas narmativas. Seu usa na escola objetiva levar 0 aluno ao dominio da lingua padrao. Ha urn carater ideol6gico presente nessa definic;ao; geralmente quem fala e escreve bem domina os setores econ6micos e sociais. Transforma-se a gramatica em um padrao escolhido, entre varios, e obrigaS8 a respeito as regras, conforme um criteria de avaliaC;8osocial. Nesse casa, segundo MURRIE': ...compartimentalizam-se as diferentes linguisticas em certas ou erradas, repudiando 0 'erro' e valorizando manifesta90es 0 'acerto' ". Por outro lado, a segunda definic;ao, que define a gramatica como um conjunto de regras seguidas, orienta a trabalho dos IingGistas, cuja preocupa9iio descrever as IInguas como sao faladas. Nessa perspectiva, 0 que vale e e como os falantes se expressam e nao como se deveriam expressar. Dessa forma, nenhum modo de se expressar deseritiva ainda e e ruim ou errado. Para MURRIE, 0 ensina da gramatica paueo explorado na eseala. Quando se propoe a ensina da gramatica como pesquisa, esbarra-se diretarnente na sua abardagem descritiva. Assim, 0 que ha nessa gramatiea sao diversas manifestac;oes lingufsticas que variam de acardo com as condir;6es de uso. Ela procura verificar as regularidades nas variac;oes,cansiderando a "norma" como uma das possibilidades. Esses autores acreditam que, numa abordagem descritiva, a estudo da gramatica transforma aquila antes considerado "errado" naquilo que e diferente, verifica toda a potencialidade do JpOSSENTI, Sirio. 0 tCKto em sala de aula: gramittica e politica. Sao Paulo: Alica, 1997. 4MURR1E, Zuleika de Felice. 0 cnsino de porlugucs. Sao Paulo: Contexto, 1994, p.70. UnovoD, assimila os mecanismos sistematicos da variante, ana lisa-os comparativamente, relacionando-os, estabelecendo identidades e diferen9as. Pela terceira defini,80 (aquela defendida por Possenti), que diz ser a gramatica um conjunto de regras internalizadas, admite-se a hipotese de que, para produzir express6es lingi.Jisticas,uma pessoa nao fala nem por imitac;ao nem por invenyao, mas uacionando"urn conhecimento implidta adquirida na comunidade em que vive; esse conhecimento e a gramatica. Em outras palavras, se urn falante se expressa adequadamente e de maneira compreensivel, e que ele e as pessoas com as quais convive devem dominar as mesmas "regras". Em complementa as ideias de POSSENTI, MURRIE diz que 0 que devemos compreender e que, nesse caso, ha uma diferenc;a fundamental: saber as regras, usa-las, nao significa saber falar sobre elas; uma estrategia de ensina seria levar as alunos a conhecerem a gramatica "da cabe98", a compreender os processos de pensamento articulados pela linguagem, para depois descreve-Ios e sistematizt3-los. Assim, por essas tres defini,oes de gramatica, ampliam-se as possibilidades de trabalho com a lingua em sala de aula. Alem do metodo utilizado, propoe-se a recuperar nos alunos sua gramatica interiorizada, descreve-Ia e reconhecer outras maneiras de analise linguistica, inclusive a tradicional. CAPiTULO n a ENSINO DA GRAMATICA - UMA PERSPECTIVA HISTORICA "A materia-prima considerada do ensina gramatical culta e de boa qualidade. S8 concentra A norma na observayao deve ser preseJada da escrita do 'mau usa' " (MURRIE)' Na AntigGidade pelos fil61ogos estabelecer Classica, helenistas e explicar essa possuiam a lingua ideia ja era difundida. duas dos autares As gramaticas finalidades: combinavam classicos com 0 desejo grego da corruP9ao par parte dos ignorantes e iletrados. Desde linguistica grega S8 interessQu sobretudo pela lingua escritas a inten<;8o 0 escrita. de de preservar 0 inicio, a cullura Segundo afirma MURRIE, 0 termo gramatica, aplicado pelos gregos ao estudo da lingua, deriva da palavra "arte de escrever" .. Conforme as autares, naD S8 entre os sons e as latras que os representavam, diferen98 entre a lingua falada como dependente e derivada e a escrita, da escrita. fazia vista que a tendemcia distin9ao S8 era sempre Esse pensamento guarda consciente percebia considerar algumas alguma a fala cren<;as da pratica do ensina de gramatica ate hoje. Entretanto, se a lala e realmente dependente e derivada da escrita, como explicar que analfabetos 'MURRIE, os povos dos paises Zul,;b do Fcl;" nativos que considerados 0 "";"0 nao possuem civilizados de POrtub'U'S. lingua escrita, se comunicam, S'o P,ulo: CO",O.,IO, ou mesmo, expressam 1994, p. 71[ os as seus anseios, trocam ideias?! Portanto, foi 0 homem quem criou a lingua submeteu-se a imposi<;Eiode regras gramaticais ja existentes? teria estabelecido Segundo gradual E[ falada ou nesse caso, quem estas regras antes da propria tala? COUTINHO· e lentamente. "a cria (... ) come90u 0 da linguagem 0 homem pelo genero primitivo humano a se exprimir se operau por interjei90es, indicativas dos sentimentos que the despertava a visao das coisas concretas, e pela imita<;eodos ruidos dos seres ou animais que se lhe deparavam, numa palavra, pela onomatopeia ". Com base no que foi dito aqui, destaquemos ZABORONSKI, os gritos dos outros seres e que nos escreveu 0 "0 homem imita os seus proprios gritos, imita citado por COUTINHO: as rufdos da natureza (...). Depois, reproduz suas imita<;oes mais au menos adequadas a um fim determinado de expresseo. 0 material de linguagem foi assim constitufdo n Apesar • disso, ate os an os de 1970, estudos e pesquisas sobre 0 ensino da Lingua Portuguesa foram subsidiarios da area de conhecimento denominada Didatica Assim, anos analisada a pradu9iio intelectual sobre 0 ensino do Portugues ate os de 1970, aparecem as mesmas caracterlsticas da produ<;ao na area da didatica, a que se vinculavam os estudos e pesquisas sabre esse ensino: de urn lado, propostas de natureza normativa, prescritiva, conjunto de normas, recursos e procedimentos que deveriam informar e orientar a pratica dos professores; de outro, pesquisas, quase sempre experimentais, que procuravam intelVir no processo de ensino, para verificar como melhor prescrever-Ihe as normas e os procedimentos. 6 COUTrNHO, Ismael de Lima. Pontos de gramatica hist6rica. Rio de Janeiro: A Noite, Entretanto, segunda metade pesquisas sabre ja nos anos de 1960, da decada 0 seguinte, comegaram resultariam a surgir tendemcias que, na novos rum as aos estudos e en sino do Portugues na escola. As normas e prescri90es que, ate entaa, pareciam garantir a sucesso desse ensine desmoronavam. Per isse, no final dos anos de 1970 e inicio dos de 1980, 0 ensino do Portugues come90u a ser questionado: nao mais normas, prescriy6es, instruy6es, cujo fracasso se reconhecia. Multiplicaram-se os estudos sobre a falencia do processo de alfabetiza9iio, as "deficiencias" de expressao oral e escrita de crian9as e jovens. S6 a partir de 1980, portanto, as ciencias IingGisticas passaram a oferecer caminhos de entendimento e explica,ao da crise e do fracasso do ensino de Portugues, com propostas de solU9iio. Tais entendimentos, explica90es e solU90es estariio sendo abordadas no decorrer deste trabalho. CAPiTULO ill o ENSINO DA GRAMATICA - CRiTICAS E SOLUi;OES METODOLOGICAS Atualmente, tem-se buscado construir a aula nao apenas em funyao de seu objeto - a linguagem -, mas tambem em func;aDdas condi<;oes historicas, sociais, institucionais que a ela S8 imp6em. Nota-se, portanto, que 0 saber socialmente reconhecido melhor S8 puder transmiti-Io com palavras, rnais e 0 escolar. prestigia 58 tern. Analisando ultima afirmaC;3o, perguntamo-nos: 0 que as escolas, ou mais aulas de Lingua Portuguesa, tem feito para melhorar alunos? A res posta infelizmente naD e das Quanta 0 esta precisamente as desempenho lingUistico dos mais animadoras. Centeudes gramaticais irrelevantes ocupam grande parte das aulas, desestimulando 0 alune a aprender seu idioma e, 0 que e pior, fazendo-o achar sua lingua "chata" e dificil. Ai nos, frustrados professores de Portugues, perguntamo-nos tambem: 0 que e ensinar lingua materna? Em que medida e em que sentido podemos ensina-Ia a pessoas que a utilizam com todo 0 dominic necessaria para vida cotidiana? E ensinar a norma culta? E S8 expressar e S8 comunicar na sua ensinar a lingua escrita? E ensinar a falante a perceber as diferentes niveis, registros ou usos da linguagem que ele como falante natural da lingua portuguesa - pode dominar? E todos esses questionamentos "esbarram" no peso da tradiyao, pela imposig8o dos programas a cumprir ou pelas justificativas te6ricas do ensino tradicional da gramatica. 10 Tais ideias escolas. Muito pelo e e sempre gramatical objetivo nao significam do trabalho contra rio, urn trabalho sera necessario. e ensinar da escola seja aprendido. a expulsao Qualquer bern contextualizado Bern por 0 Portugues isso, argumentj padrao Dutra hip6tese e com a gramatica ou criar condil'oes urn equivoco de POSSENTI nas analise que 0 para que ele de carater politico e pedagogico. A tese de Que naD S8 deve ensinar au exigir 0 domfnic da lingua padrao par parte dos alunos que conhec;am e usem Qutros dialetos baseia-S8 no preconceito de que seria dificil da capacidade aprender 0 dos falantes As razoes par que naD S8 portugues quanto padrao. Isso e falso, tanto do ponto de vista do grau de complexidade aprende, au S8 aprende e naD S8 de urn dialeto usa, 0 padrao. dialeto padrao saO de Dutra ordem. Em geral, tern a ver com valores sociais dominantes e estrah~gias escolares discutiveis. As valores e naD pode ser neg ado; nao razoes principais sao: e necessaria mente uma 56 ideologia. Nao 0 padrao tern muitos verdade que ele desculturaliza, que veicula e verdade que e muito dificil; ele parece ser porque a nao-padrao as alunos ja sabem. Falar em nao ensinar a padrao equivale a eliminar a disciplina de Portugues das escolas. Mas, se 0 trabalho gramatical e importante, por que, entao, criticam-se prescric;oes normativas da gramittica estabelecidas par suas regras? A questao as e que quando as aulas de Portugues se propoem unicamente ao dominio do seu nivel culto, surge urna desconexao entre a ensino da lingua e 0 en sino metalinguistica (ou ensine gramatical). Ha, assim, dois aspectos a considerar: ensinar propriamente lingua, ista e, tarnar 0 a alune capaz de interagir na comunica<;:8o em diversas situa90es de vida; ou ensinar 0 discurso da lingua, as defini90es de dicionarios e II gramaticas, au seja, a metalinguagem. pensarmos na hip6tese o que percebemos resultado, alias, nassos alunos reconhecer ate agora muito naD que, talvez repetitivos E dos varios refiexo considerarmos S8 as 0 professores Equal importam? fracasso 0 espa,o de na escola, revelado par texto. Temas de Portugues e a sintaxe segundo gramaticos. realmente na prodU';ao t par comodismo, e que do que tem prevalecido e principalmente, suas aulas para a morfologia autonomo e animador na interpretac;ao Nac 13,pais, de Qual nos paraee mais 16gico? situ8c;oes concretas de que as de estendam c6pia fiel dos exemplos dado ao trabalho autentico e dos alunos para com a escrita e leitura reais? hara, com certeza, de questionarmos: 0 que temas feito para corrigir essa distoryao? Para LUFT', para a formayao a teoria gramatical de falantes e escreventes que seja, par mais que 0 professor fica muito aquem boas notas consegue de sua teoria nas estender avalia<;5es Para explicar seguinte Tomemos melhor pergunta: 7LUfT, Celso Pedro. S PERINI, 0 esta a e capaz de PERINI" Li%'Ua e liberdade. Mario A. Sorrendo sempre nao se sai do lugar; tiram-se a mesma vamos lingua "- Me empresta esta seja a forma adequada Sao Paulo: Atica, a granultica. 1998. Sao Paulo: Alien, isolados, de textos. de caloca-Ias falado, pratico da gramatica gramaticais produyiio sendo Sera que falamos informal, Conclusao: proveito Por mais rica e detalhada a teoria artificial conteudos se nao se que alguns exemplos que, numa situayiio natural. de nao traz nenhum habilidosos. S8 esforc8, tal conhecimento usaber" regras gramaticais na escola 1997, p. 33 Qual mas 0 nao valor se de se em pratica? raciocinar com que escrevemos base na e Ie mas? ele ai um minuto." de falar. Qualquer Digamos pessoa 12 poderia utilizar uma frase como essa, frase faz parte do repertorio informal. Por outro lado, se f6ssemos teriamos: alguem Empreste-mo expressar-s8 verbal mente Imaginemos confeitaria outra situagiio encomendando que eu mora e multo S8 imaginarmos encontrar • S8 mas domingo falando, urn pouco, por eu pessoa PERINI': uma senhora esta na naD posso vim aqui, porque 0 bairro Conforme acharemos porque que uma longo e saito alto. esta argumenta perfeitamente cheia de tra90S 0 carro. Ai eu busco 0 autor aeirna citado, natural; que escrita, nao porem, costumamos tais como: pra (em vez de para); • infinito vim (em vez de vir); • a constru9ao • a regencia • as express6es 0 bairro que eu moro (em vez de 0 bairro onde/em que eu moro); vai no jogo (em vez de vai ao jogo); fazer eles (em vez de faze-los) e busco busco ... ); a forma tiver (em vez de estiver). 9 PERINI, 0 mesma gramaticais, ate espantosQ, estranho, longe, e meu marido vai no jogo e vai levar em textos escritos, a preposigiio Serla oral e diz: • - Voce pode fazer eles pra sabado? voce tiver de acordo." a pessoa choca forma? apresentada salgadinhos A festa val ser no domingo, eles no sabado, desta Esse tipo de na linguagem com os preceitos Nao serla bastante ou de vestido [ncultas. pelo menos falar de acordo par urn minuto? praticar esporte de terno e gravata a forma naD apenas as pessoas de todos as brasileiros, Mario A. Sofrcndo a gramatica. Sao Paulo: Alica, 1997, p.34 eles (em vez de eu os \3 Como vimos, as diferen98s principais que enfrentamos isso ocorre? Segundo que aparece PERINI, nos textos aprendemos "Portugues"; htl duas e outra falada, e lingua ea mesma esta profundas, desprezada, nunca chega a domina-Ia Par causa dessas nessa discussao, grame.tica nao u conflitantes, para chegam nada~; Ainda sobre delas. alguns pura e simples os argumentos serve portugues" razao a nenhuma que mas nao a a comunicar;80. 0 nome de que reeebe mas e que a lingua que se essas "sem dos de PERINI, Para ele, mal colocados; adotada e organiza9ao seus objetivos seriamente 16gica"". primeiro e que estao inadequada; Analisaremos problema que t terceiro, a e existem, segundo, propria (os objetivos e, que a possivel nao se deve dar integral porque ensino da gramatica cada um desses defeitos ele aponta muitos professores 10PERINI, Mario A. Para uma nova ~alllatica e 0 e nao pais reagem uns sustentam controversias u ••• e seus Qutros gramatica muita coisa errada no ensino da gramatica. primeiro, alunos aos dois extremos: outros, argumento 0 Entretanto, professores, do ensina gramaticaL defeitos: colocados) que falamos, dificultando Portugues 0 satisfatoriamente. diferen98s sao favoriweis a eliminaty30 o E por que A lingua materna. no Brasil: urna escrita, muito escritos. e simples: obra, a resposta e avos urna das dificuldades textos a nossa sao bastante linguas desejamos Aquela tern de ser aprendida na escola, e a maior parte da popula98o brasileiros. aprender nao pais, irmaos As diferenyas Em Qutras palavras, Elas constituem quando na referida escritos com nossos que escrevemos. sao muitas. na escola, he. tern tres a metodologia materia carece de detalhadamente. da gramatica dizem que 0 estudo da gramatica do POnUb'lJes. Sao Paulo: Atica, 1997, p,34 e um sao dos mal instrumentos que levarao comprovade 0 aluno a ler e a escrever melhor. arar ja ficou provado e que ninguem fala ou escreve mether, isto e, com maior cJareza, f1uencia, concisao, apenas pelo dominic da gramatica. Esse pensamento e defendido quando nao se quer abrir mao da gramatica no currlculo. Alem do mais, esta e apresentada ao aluno de maneira fragrnentada, uma vez que ha, para cada ana escolar, urn programa estabelecide, farmada par certas unidades, per exemplo, classes de palavras, estrutura de orac;6es e, no ano seguinte, emprego da crase, concordancia verbal. Desse modo, ele tera que esperar completar toda a aprendizagem gramatical para, entao, poder comec;ar a se expressar? Com base nisso, concluidamos: se e precise saber gramatica para escrever bern, espera-se que saibam gramatica todos que escrevem bem. Entretanto, sabemos que isso e uma inverdade; mesmo que saibamos todas as regras gramaticais, nao estamos seguros de que falaremos au escreveremos adequadamente, conforme a linguagem padrao. E 0 mais grave: quando defendemos essa ideia diante de nossos alunos, estamos prometendo "uma mercadoria que nao podemos entregar", 0 que certamente resultara em frustrac;aoneles e descredito em n6s. A segunda falha apontada pelo autor em questao diz respeito o a metodologia. professor explica ao aluno, por exemplo, que a futuro do subjuntivo do verbo ver e quando eu vir e que as formas do imperativo afirmativo do verdo ser nas segundas pessoas do singular e do plural sao se e sede, respectivamente. Pon3m, 0 aluno sabe que praticamente ninguem fala assim. Ou seja, 0 que 0 professor esta explicando nao bate com a realidade. E se algum aluno questiomi-Io, a resposta certamente sera que e assim que e 0 certo. Nao se deu nenhum motivo racional, e sim uma ordem. Esta situac;aofaz com que 0 aluno veja a estudo da gramatica como uma serie de ordens a serem obedecidas. Temos consciencia de que nao existem explicac;6es 16gicas, plausiveis para certos fatos gramaticais. Somos obrigados a impor as regras de forma ditatorial, e 0 aluno tera que aceitar, slbmeter-se mesma sem saber a razao. o ultimo aspecto levantado por PERINI refere-se a organizayao logica da materia, isto e, a propria gramatica da uma defini<;aoe depois nao a respelta, e pior, as vezes a contradiz, delxando muito a desejar. Pela definiryao de adjetlvo, por exemplo, bonito e caro sao classificados como tal. No entanto, no perfodo: "0 bonito sai caro~,bonito deixa de ser adjetivo para ser classificado como substantivo e caro, por sua vez, passa a ser considerado um adverbio. Nestas circunstancias, 0 aluno, que pretendia utilizar a gramatica para aprender a escrever melhor, vai desacreditando na materia e esta passa a ser urn suplicio para ele. Dessa maneira, como par em pratica aquilo que esta disciplina nos ensina? E necessario muito born senso e mesmo assim nao temos garantia de chegar a alguma conclusao. Ai entendermos facilmente por que a maloria dos alunos fala que "odeia" portUgU8S. Para que possamos ser mais coerentes ao ensinarmos essa materia, precisamos redefinir seus objetivos e recanhecer que simpiesmente estudar gramatica nao e 0 unico meia de aprender a ter a escrever methor. E segundo PERINI, aprendemos a escrever escrevendo, lendo, relendo e escrevendo navamente. 0 conhecimento da lingua urn saber maior sabre 0 e importante na medida em que se adquire mundo. E de que maneira isso e possive!? Quanta mais soubermos suas tecnicas, mais facilidade teremos de entender dizer. 0 que 0 outro quer 16 o professor vai the ser excec;oes. deve selecionar 0 que realmente e importante para 0 utH e nao impor a sle que decore regras e regras desconexas aluno, 0 que e cheias de CAPiTULO OS CONHECIMENTOs IMPLiCITO Como ja abordado, saber Portugues facilidade mediante ate sem pensar modo consciente; complexo. fracassos em produr;oes Segundo dizerem PERINI", por falarmos e estarmos a nossa DO PORTUGUEs as pessoas primeiro, segundo, naD conhecemos que as repetidos muito Quvimos para essa convicc;ao: a uma reflex80 nos fazer acreditar NO DOMiNIO com muita frequemcia contribuem e de certa conhecimento E ExpLiclTO e considerarem-no fatares principais IV habituados dois com muita a relacionar pelo fata de 0 ensina lingua. naD escolar IS50 pode ser percebido de texto, exercicios e avaliar;oes naD fizeram reduzir essa baixa 8stima. Entretanto, 0 referido autor, na obra citada completamente oposta: "nosso conhecimento altarnente complexo, a qualquer Para apresentar conhecimento, que temos adquirido II PERINI, chamados PERINI e explicito. Compara capazes 0 segundo, a gramillica. 0 defende e uma posi~ao ao mesma tempo segura" IS50 diz respeito como lingua materna. a tais ideias, para isso, sem Ja por meio de estudos, Mario A. Sorrcndo exato e extremamente Portugues de implicito Somas necessarias que ocorrem. 0 sua defesa de andar. articula~6es fisicos incrivelmente pessoa que possua aCima, da lingua de andar contudo chamado 0 todos sabermos explicar conhecimento a tipos de habilidade as musculos e as processos explicito, e sistematizada. 1997, p. 12 dois primeiro utilizando de uma a~ao pensada Sao Paulo: ;\tica, distingue e aquele 18 o que ele quer diz8r e que possuimos um saber implicito altarnente complexo e eficiente e que temas muito poueD a aprender no que S8 refere a ac;ao em si. Fazendo uma analogia ao nosso estudo, ensino e aprendizado de lingua portuguesa, podemos notar que qualquer falante de Portugues possui urn conhecimento implicito altarnente elaborado da lingua, muito embora nao seja capaz de explicita-Io. E veremos que isso nao e consequencia de instrucao recebida na escota, mas 8im de um processo natural adquirido no meio em que vivemos. Mesma as pessoas que nunca estudararn gramatica adequado da lingua. Esse dominic uma constru9ao frasal foge e que possuem urn dolminiO perfeitamente as faz perceber, intuitivamente, quando a logicidade. Tudo provem do uso que fazemos a todo momento desse mecanismo complexo em nossas mentes, que e a conhecimento impHdto. Portanto, temos de ficar atentos para 0 fato de que se 0 aluno nao e capaz de explicar sua lingua utitizando a teoria gramatical, nao significa que ele nao saiba se comunicar; 0 que acontece e que ele conhecimento explicito dessa habilidade apenas nao aprendeu a descreve-Ia, seu e deficiente, pois uma coisa e saber se I expressar, outra e estar apto a analisar uma lingua dominando conceitos e metalinguagens 0 conhecimento explicito nas aulas de lingua portuguesa nada mais e do que a memoriza<;ao de uma serie de definic;oes, quase sempre confusas e contradit6rias. E 0 objetivo da escola nao e este, mas sim fazer com que 0 aluno atinja uma formac;ao gramatical inteligente, atraves de analise e compreensao do funcionamento da lingua. CAPiTULO V SOBRE A RElA<;:AO DOS CONHECIMENTOS IMPliclTO AULAS DE PORTUGUES E ExpLiclTO NAS Infelizmente, como sera reafirmado a seguir, esta rela9ao necessaria entre conhecimento implfcito (aquele que aluno 0 ja traz com 81e) 0 e a conhecimento explicito (aquele que dever;, ser sistematizado pela escola) nao tem ocorrido nas praticas educacionais. totalmente 0 Normalmente, trabalha-se 0 segundo desconsiderando primeiro. Oeste modo, as aulas de Portugues consistem numa simples exposi9aO de conteudos dos livros didaticos referentes A pesquisa realizada por NEVES a gramatica. 12 confirma tal realidade. Para S8 avaliar que tipo de conteudo ocupa a maior parte das aulas de Lingua Portuguesa, essa autora pediu a alguns professores que formulassem as exercicios que mais usual mente solicitavam que as alunos executassem. Oessa pesquisa constatou que exercfcios gramaticais faziam parte de 100% das atividades em salas de aula. Sao relacionados a seguir, por ordem decrescente de ocorrencia, as tipos de exercicios formulados mais de uma vez em qualquer dos seis grupos pesquisados. Os de pouca ocorrencia nao foram citados, para que se pudesse evitar excesso de informa90es. Assim, conforme os dados que NEVES coletou, a realidade do !2NEVES, Maria Helena de Moura. Gratlullica na escola. Silo Paulo. Contexto, 1994. 20 trabalho de Portugues com os professores interrogados foi a seguinte: Reconhecer classes de palavras.. . 31,34% Reconhecer func;6essintaticas.. ....... 15,01 % Reconhecer e c!assificar fum;oes sintaticas.. 8,38% Reconhecer 7,94% e subclassificar classes de palavras.. Usar determinadas classes no preenchimento de lacunas ... Classificar verbos quanto 4,19% a sua transitividade .. 3,31% Fazer analise sintatica... 2,42% Identificar acidentes do verbo... 2,20% Classificar oragoes .. .. Dividir periodo e classificar ora<;oes.. .. Substituir nome por pro nome pessoal em frases .. .. Dar 0 plural de palavras .. Flexionar verbos ... ............ Apassivar frases ... 1,32% .. 1,10% 1,32% 0,88% .. Reconheeer elementos morfieos... 0,88% .. ortografico .. 0,88% .. 0 numero de silabas de palavras .. .. 0,88% 0,88% Reconhecer genera .. correspondentes .. .. Ampliar frases .. Dar adjetivos 1,54% 1,10% Separar silabas .. Reconhecer 1,76% .. I Usar determinadas palavras em frases .. Treinamento 1,76% .. Acentuar e justificar 0 aeento .. 1,98% .. ..... 0,66% a substantivos .. .........i.. ..0,66% Classificar termos... . 0,44% Classificar perfodos... . Completar lacunas com determinados termos da oragao Construir 0,44% [ ........... 0,44% lrases na passiva.. .. 0,44% Fazer concordancia verbal 0,44% Indicar e justificar a crase.. ..0,44% Mudar a posiyiio do sujeito Passar frases para 0 plural.. Fazer analise morfologica Mudar 0 Substituir ... ..0,44% tempo verbal.. locuyoes adjetivas Formar substantivos ........................ por adjetivos derivados Empregar homolonos Empregar palavras 0,44% de adjetivos Empregar sinonimos e antonimos.. o,44% . 0,44% 0,44% polissemicas Procurar palavras no dicionario.. 0,44% .. Separar silabas e classificar quanto ao numero de silabas. Com 0 0,44% 0,44% I .. 0,44% resultado dessa pesquisa, constatou-se que os quatro exercicios mais aplicados, relativos a classificagao das classes de palavras e das func;.oessintaticas, sao responsaveis por 62,67% das ocorrencias; somando-se a esses os exercicios que ficaram em quinto e sexto lugar, e que tambem se referem a classes de palavras e a ~analise sintatica~, respectivamente, chega-se a mais de 70%, 22 percentual que ainda S8 eleva caso consideremos as que S8 encontram nas posigoes 9, 10,25 e 26, todos relativos a fungoes sintaticas. Se formos distribuir esses conteudos par areas do programa de lingua portuguesa, apontam-se ai as classes de palavras como independentes, pela alta incidemcia em que aparecern. Os exercfcios sabre classes de palavras e fungoes sintaticas correspondem a 75,56% do total. Quanta ao papel das definic;oes das entidades gramaticais, como, par exemplo, as classes de palavras, definic;oes, a necessidade definir e 0 verificou-se a capacidade de os alunos formularem de tal ocorrencia, a relac;ao das entidades tear dessas definic;oes. Com isso, chegou-se a que conseguem conclusao de que, no ensina da Gramatica, a metade dos professores considera necessaria esse aprendizado; da outra metade, 60% julgam que as definic;oes naD sao necessarias e as restantes 40% (20% do total) acreditam que elas nao devem ser ensinadas aDs alunos, mas alcanc;adas p~r eles pr6prios. As justificativas para a necessidade de aponta-Ias sao: • permitem reconhecer as classes gramaticais e os termos das ora¢es; • desenvolvem a capacidade de sintese e de analise do processo lingliistico; • sao necessarias para 0 dominio da terminologia. A respeito da analise realizada par NEVES", BATISTA14 tambem oferece contribui90es. Segundo ele, quando se ensina Portugues, ensina-se basicamente gramatica. Embora em sala de aula 0 conteudo trabalhado envolva varios conhecimentos, como conteudos gramaticais, elementos de teoria da comunicatyao, I""'I£VES. Maria Helena de Moura. Gramiuica na escola. Sao Paulo: Contexto, 1994 14 SA TlST A. Anlonio Augusto G. Aula de ponugues. Silo Palllo: M[lrtins Fomes, 1997 23 [eltura, escrita, vocabularia, linguagem oral, ele disciplina gramatical S8 direciona em duas vertentes: a e 0 usa da lingua. As duas possuem, no entanto, diferentes modos de articula<;iio e progressao, permitindo que a gramatical se destaque em relac;ao a Dutra. Os mecanismos da repeti~o de uma masma organiz8980 discursiva e da alternancia da prodw;:aodo discurso nas instancias da aula e do exerclcio S8 concretizam pelo usa da lingua. Diferentemente ocorre com a gramatica normativa, que progride pelo desenvolvimento da analise e da sintese, selecionando, fixando e destacando os conteudos trabalhados anteriormente. Os mecanismos de articula<;iiodo discurso reduzem, portanto, 0 conjunto de habilidades, conteudos, conhecimentos e valores que perpassam a interlocu<;iio em sala de aula a urn conjunto de saberes ligados a uma mesma origem: a disciplina gramatical. E ela 0 objeto privilegiado de ensino, e os demais sao 0 residuo de todo o trabalho discursivo, que tambem e transform ado e direcionado para 0 ensina de aspectos da tradi<;iiogramatical. Com isso, nas diferentes atividades de produ<;iio, 0 professor ten de, ao corrigir os exercicios de estudo de texto, linguagem oral e reda<;iio,a corrigir, antes de tudo, os usos da lingua feitos pelos alunos. Como podemos perceber, as aulas de Portugues estao fundamentadas, excessivamente, em conhecimentos tecnicas, urn saber te6rica inutil, que nao condiz com a realidade dos falantes da lingua, nem para a classe dita privilegiada, muito menos para a popular, porque rompe com tudo que foi aprendido ate entao, com sua mane ira natural de falar, bern como com as necessarias habilidades de ler e escrever. Conforme a pesquisa citada anteriormente, vimos que as aulas de Portugues se resumem, essencialmente, nesta tradiyao gramatical que todos conhecemos, 24 cheia de contradil):oes de seu uso, atividade de 0 em relayao professor correc;ao. desvalorizar aD conhecimento tende a transformar pratico do aluno. qualquer atividade ate que a aula objetiva Pareee seus conhecimentos como falantes Lanyando apenas da lingua, mao de ensina punir pois sem em a aluno isso ela e nao aconteee. Esses efeitos de avaliayao certamente objeto de ens ina dado, previamente com ao conhecimento linguistico utiliz8C;80 da gramatica tambem constituido, intuitivQ encontram sua origem e que esta em permanente do aluno: a grama.tica normativa. na eseela impllea que a ensine da lingua que visa nao ao ensina de algo que as atunos mas 0 esquecimento daquilo que ja em desuso. arcaica e praticamente prescrig6es gramaticais, Dessa forma, os discursos regras visa processos 0 professor de sua situa980 gramaticais metodo dissociadas realidade e incompetente, de se expressar em como desconhecem, de uma linguagem fun980 das regras e dos alunos. a desenvolver na tradiryao do alune a as habilidades a forma, do ensino e melhorar de abstrair 0 dominio do Portugues. seu de Esse desempenho nos e vestibulares. de correyao fatalmente aprendendo em que vive, dificultando, a se julgar capaz e levado concursos que esta trabalha de uso para supervalorizar a avalia9ao Essas atividades e, da linguagem que se acumulam a facilitar de sele~o, que utiliza Isto pela substitui9ao conflito Assim, S8 organize urna pratica corretiva, sabem num na escola assim, sua desconfiando adequadamente. levareo como 0 aluno a enxergar algo aprendizagern. de tudo que sabia, sem conex8o a lingua com a Pod em leva-Io ainda nao acreditando ser 25 Se formos analisar de regras e macetes garantir a ale urn reavaliariamos 0 escrever sem arros, isto e, com centrado de forma repetitiva, e mais listas de exercicios au essa mecanica misterio e, quanta confundem, porque nossa aluno aprende, sem, 0 quanta contudo, mais de centeuctos men cion ados dos de que as alunos um ensino atividade 0 podermos de nassas aulas. entaD, alguns Convictos U... , inutil a memorizar, resultado satisfat6rio de sua aprendizagem, certamente Repensemos, acompanha, quanta de cullura sao obrigados conteudo anterior. come<;am 0 que todos as aeantos, na ortagrafia; virgulas palavras e ineficaz. com alias, pesquisa macetes da leitura as professores infindavel, escolar. pois os Ai S8 iniciam S au c; x au ch; j 55, A crase tambem ensinar Ihes falta a pratica e pontes, um ensino, em todo 0 seu percurso completar se tenta na naD sabem a Hngua, vista que naD conseguem sa apresenta e regras. mais e da escrita listas g; I QU como urn as alunos autenticas, se que as ajudaria a intuir tais requisitos. Qutros conteudos aulas de Portugues por exemplo, explicativas que vimos, sao aqueles diferen<;as e causais, entre caterva, e an6malos inconsistentes coletivos correntes sintaticas, arayoes e classifica90es que jamais de verbos e pronomes que ninguem que tentam funyoes e adjuntos, denomina90es serem nas como, restritivas confusas e e gramaticai. listas de substantivos cafila; combina90es irregulares da pesquisa, que visam a reconhecer complementos os quais possuem falhas na propria nomenclatura Imensas por meio classifica-Ios fala, nem 0 atuno do tipo: falar-me-ei, mesmo no tempo, 0 professor, sem deixar claro usara, como fi-Io; verbos e defini90es que 0 tempo gramatical rnuitas vezes nao corresponde tempo e a paciencia ao tempo cronologico, do aluno. Vejamos No dia 15 de janeiro tarn bam "gastam~ 0 um exemplo: de 1985, a pova toma as ruas para comemorar 0 fim da ditadura. Neste caso, vimos clararnente intemparal. Ai a impartancia Verifica-se, quanta nossas satisfatoria, entao, aulas de aliar urna definigao por algumas tern de sendo capaz que a presente questoes caminhar de interpretar do indicativa a outra semantica levantadas para que a conteudo pesquisa, se comunique daquilo que Ie e urn fata grarnatical. na referida aluno 0 exprirne 0 de forma construir suas pr6prias argumentayoes. Como maneira de foi possivel aprender perceber, uma lingua alguns par meio de exercfc1os; alias, muitos desses os alunas, menasprezar a partir de agora. estudiosos a pratic8-la sua capacidade. defendem num contexto exercicios que a melhor real, significativo, citadas E a par essa proposta parecem nao imbecilizar que nos guiaremas CAPiTULO COMO DEVE SER TRABALHADA A liNGUA PORTUGUESA ALGUNS ENCAMINHAMENTOS Se podemos VI a gramatica perguntar naD mais - par que ocupar a essencia crian98 em idade escolar ja S8 comunica, ja codifica basicas com que ela, desde rodeia, e aD seu mundo familiar. as primeiras mas par todo este grandioso professor infinitamente de Lingua Portuguesa vasto, curiosa, Que material didatico r8strito a S8 toda as mensagens? amplia-Io, fazendo naD 56 par tudo que a do qual fazemos motiva-Ia ironicamente, lingua, que atende as suas Cabs a escola series, tome interesse universe ensina, a nossa e decodifica Bern, a crianya faz usa de um vocabulario necessidades do e para que entaD ensinar NA ESCOLA: descobrir parte. este Compete novo ao mundo, deslumbrante. utilizar para trabalhar este objetivo? as chamados livros didaticos? Se considerarmos as praticas normatmente propostas por livros didaticos, toda a 1i9ao au unidade destes livros, organizados em unidades e, em geral, sem unidade, iniciam-se par um texto para leitura. Como tais leituras nao respondem a nenhum interesse mais imediato daqueles que sabre 0 texto se debrU(;am, a rela9ao interlocutival a oearrer devera se tegitimar fora deta propria. Ou seja, mesmo quando a leitura se inspira em concep¢es mais interessantes sobre textos e sobre a leitura, as rela90es intertocutivas a se empreenderem em sala de aula nao respondem necessidade do estabelecimento destas relaryoes. Oai, sua legitimidade se estatuir e nao se constituir. Os atunos, teitores e portanto interlocutores, lE~em para atender a legitimayao social da leitura externam~nte constituida fora do processo em que estao, eles, leitores/alunos, eng'ajados. (grifos meus) GERALD!." a 15 GERALDl, Joao Vandcrley (org). 0 texto na sala de aula. Sao Paulo: Alien. 1997, p. 168 e Alem do mais, 0 texto intitulado "Entendimento e a reflexao seguido, na maioria do Texto", formado do aluno, Complementando das vezes, por perguntas a unidade, paginas de um questionario que limitam a imaginac;ao e paginas de exercicios gramaticais. o caminho simplesmente? nao seria Faze-los mundo de riquezas despertar ter pelo prazer imensuraveis nos alunos 0 90sto pela de ler, pela curiosidade leitura pura de explorar e este em todos os aspectos? A leitura deve ser trabalhada de tal forma que, a1E~mde proporcionar ao educando 0 prazer de ler, colabore com os fins da educa<;ao, quais sejam, compreender e transformar a realidade, assenhoreando-se do universo de significados que envolve 0 aluno. A apropria<;ao do significado do mundo ao seu redor da-se pela apropriayao da palavra. A leitura facilita a interayao entre os seres humanos, pela internaliza<;ao da cultura de seu Igrupo. BEL TRAN16 A agrada.vel, medida que 0 aluno aumentando sem sentir a monotonia, GERALDI for valorizando 0 seu vocabulario 0 enfado elucida a leitura, estars, e se familiarizando de forma natural com a norma e culta, de uma aula tradicionaL muito bem 0 absurdo desses procedimentos didiiticos: A escola poderia aprender muito com as procedimentos "pedag6gicos" de maes, babas e crian<;as. Duvido que alguem tenha vista ou ouvido falar de urna mae que da exercicios do tipo completar frases, dar listas de diminutiv~s, decorar conjuga<;Oes verbais, construir afirmativas, negativas, interrogativas, etc. Crian<;as de alguns anos de idade utilizam-se, no entanto, de Itodas essas formas. Perguntam, afirmam, exclamam, negam sempre que Ihes parecer relevante ou tiverem oportunidade. Como aprenderam? Ouvindo, dizendo e sendo corrigidas quando utilizam formas que os adultos nao aceitam. Sen do corrigidas: isso e importante. No processo de aquisi<;ao fora da escola existe corre<fao. Mas nao existe reprova<;ao, humilha<;ao, castigo, exercicios, etc. 1 E, em contato 16 ARLTRAN, 17 GERALD!, com a norma cutta da Hngua, Jose 1,uiz 0 ensino de pOrlugues_ Sao Paulo: Moracs, Joao Vanderley ele absorvera 1989, p (org). 0 leXlO na sala de aula. Sao Paulo: Atica, 172 1997, p. 37. a forma rna is elegante, natural considerada mais adequada do seu humano sem esforyo. conhecedor profundo maior escritor, Para seguir Machado de se expressar, E exemplos. de Assis ignorava 0 professor conduzir os alunos incondicional necessario, que tenha habilidade tambem, saiba cobrar sem MANGUEL18, muito da experiemcia sem sacrificia, de muita No entanto, leitura, 81e, 0 nossa a este tipo de aprendizagem, de leitura, bem esse pessoal tanto arrogante voce nao deve" pois ~ninguem fato:"A leiam e que de uma obra sua vida foi momentos a produc;:ao de textos depende transform ada e 0 que de sua existencia M • e urna decorremcia 0 aluno tera oportunidade urn excelente E de punir com nota baixa. dimensao de cada urn, de quanta escrita. sobre as obras !idas. Constitui em publico amea98 sup6e-se 0 que nao tern" dizer "esse e 0 livro que voce deve ler e esse concepc;:ao, tanto de forma oral quanta de. para exigir que seus alunos Hi! obras certas para diferentes A partir dessa para falar Homem a gramatica. imposic;ao, sem a tao conhecida destaca E um por ela. exemplo. tendencia e a mestre da Ifngua Gulta, citado pelos gramaticos. que seja urn amante tambem e uma uma forma de aprender e urn otimo dos classicos, ja que ·treinamento~ e tambem estara garantindo Para tanto, sera necessario ordem nos pensamentos, natural, de tecer comentarios para adquirir autoconfianya naturalidade para enfrentar situac;6es futuras. e estrutura gramaticaL trabalhadas de forma suave, elementos lingi.Hsticos Nesse Manguel, Alberto. Entrevista. um texto nao sem refen§ncia papel de fazer a referencia \R senti do a coesao pois entre entre dais elementos VEJA. Sao Paulo: Abril, organizac;ao e a coerencia e produto si, a caesao explicitadas !7 de julho de 1999 de ideias estarao sendo de uma justaposiyao tern exatarnente em urn texto: de esse urn deles para ser interpretado semanticamente exige a considera<;ao do outro. Da mesma feita a coen§ncia na constru<;aodo texto se estabelece a partir da visao de mundo do escritor, e a consistencia interna do texto, bern como a manuten<;aodo t6pico discursivo procurando limitar os participantes no cene.riotextual. Ah§m disso, 0 professor deve criar situa<;oes para que os alunos realizem pesquisas sobre quest6es as mais variadas possiveis, pois, segundo DEMO, a base da educa<;aoescolar e a pesquisa, nao a aula e diz mais: A aula que apenas repassa conhecimento, au a escota que samente se define como socializadora de conhecimento, nao sai do ponto de partida, e, na pratica, atrapalha 0 a1uno, porque 0 deixa como objeto de ensino e instruyao. Vira treinamento. E equivoco fantastico imaginar que 0 "contato pedag6gico" se estabele~a em ambiente de repasse e c6pia, au na rela<;aa aviltrada de urn sujeita copiado (professor, no funda tambem abjeto se apenas ensina a r copiar) diante de um cbjeto apenas receptiv~ (aluno), condenado a escutar aulas, tamar notas, decorar, e fazer prova. A aula copiada nao constr6i nada de distintivc, e por isso nao educa mais do que a fofaca, a conversa fiada dos vizinhos, a bate-papa numa festa animada.19 Depois de terminadas as referidas pesquisas em datas predeterminadas, estara preparado 0 clima para debates sobre os temas propostos. Estando os alunos realmente motivados, interessados, a aula f1uisem problemas, com ordem e disciplina. A fim de que os alunos possam sustentar seus pontos de vista, a argumenta<;ao estare. em pauta. Os que estiverem mais bern preparados encontrarao argumentos mais convincentes para apresentar. Todas essas praticas e Qutras que dependerao da criatividade do professor estarao concorrenda para a aluno desenvolver a reflexao sobre causas e conseqOencias dos problemas levantados. Analisar a questao sobre todos as angulos, procurar possiveis solu<;oesfarao parte do contexto. E a sensa critico, tao l~ DEMO, Pedro. Eduear pelt! pesquisa. Sao Paulo: Editora Autores Assoeiados, 1998. p. 7. importante para 0 exercicio da cidadania, estara sendo formado sem esforyo, gradativamente. Com respeito ao criterio para a escolha dos livros a serern lidos, a liberdade e esseneial. 0 professor nao pode mais estar imbu[do do conceito de autoritarismo tao comum - eu mando - e "0 aluno obedeee" agrada a alguns, pode desagradar Se uma obra indicada pelo professor a outros. Ninguem e obrigado a apreciar um livro que Ihe e imposto. Torna-se muitas vezes uma tortura a obriga~iio de ler algo que nao despertou interesse. Enquanto um aluno da mesma classe se entusiasma com uma obra maehadiana, outro tera interesse Isso em ler romance de aventuras. depende da bagagem de cada um; nao se trata, portanto, de se exeluir totalmente leituras direcionadas, Provavelmente, estara selecionando pais he. certos momentos em que elas sao imprescindiveis. aquele que estiver lendo uma algo mais profunda amanha. obra mais superficial hoje, De modo geral, a importante e que os alunos leiam, mergulhem no mundo dos livros. Quando ja tiverem adquirido este habito, surgira urn dialogo intercambio cultural. natural com 0 professor, com os colegas, enfim, um CONCLUSAO Embora a Gramatica tenha side tao duvida, uma duvida crucial: paira uma dura mente criticada nesta monografia, ensina 0 gramatical deve ser totalmente abolido? Bern, naD devemos ser tao radicais nem tanto ao mar, nem tanto U a terra-, A SOlUg80 seria naD torna-Ia a (mica forma de S8 aprender a lingua, nem no Ensino Fundamental nem no Ensino Media. Sendo as aulas centradas em leitura, lingu;stica devera com base no texto, ser considerada como apenas Nunca, simplesmente. Os textos produzidos para 0 para anteriores, para que ministradas pelos alunos professor fazer urn levantamento, realizados exercicios em paginas urn coadjuvante, porem, serem elementares. produc;ao escrita e analise gramatical e exposto aulas podem de S8 a Gramatica evitem Gramatica as erras pura e servir de ponto de partida podem ser dadas as devidas explica90es fixac;ao. Somente dessa forma 0 ensino gramatical e tera sentido. Sabemos que os professores que continuam insistindo las aulas tradicionais, considerando a Gramatica seguros. Para assumirem teriam que desenvolver urn ponto vital, uma outra constantemente os seus alunos a procederem assim agem p~r se sentirem postura, abrindo mao desse tipo de apoio, a pratica de leitura, para poderem da mesma forma. mais motivar 33 Em geral, tempo, elaborar 0 professor assoberbado provas que Ie pouco fica com de multi pia escolha corrigir os texlos produzidos Libertado desses 0 e quase e depois pelos alunos, problemas, nunca trabalho escreve estafante corrigi-Ias, alem de se cujos erros se repetem ele nao 56 estara muito mais atuante. Deixara Hder, consciente uma influencia benefica, positiv8, FaZ-S8 necessaria que a cultura aprenderam e de seu papel social de um valor inestimavel nos bancos 0 senso concluam naD S8 a transformar numa de fazer para tornar-S8 urn sabre as alunos seguir 0 seu exemplo. seus estudos satisfa~am convictos somente com 0 de que escolares. A pratica da leitura e da desenvolver e que ver obrigado de regras, e capaz de exercer a tim de que estes possam que as estudantes de sempre. ira lse de ser um mera repetidor parte das massas que comp6em a sociedade de consumo verdadeiro falla exercicios, apta a guiar as seus alunos para um mundo de preciosas descobertas, como tambem pessoa alegando em preparar critico escrita a, pois, a chave tao fundamental formula magica para se expressar nas satisfatoriamente. para alargar sociedades os horizontes, democraticas e a REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BATISTA, Antonio Augusto G. Aula de portugues. Sao Paulo: Martins Fontes, 1997. BELTRAN, Jose Luiz. 0 ensino de portugues. Sao Paulo: Editora Moraes, 1989. COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramatica historica. Rio de Janeiro: A Noite, 1954. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Sao Paulo: Editora Autores Associados, 1998. GERALDI, Joao Vanderley (org.). 0 texto na sala de aula. Sao Paulo: Atica, 1997. LUFT, Celso Pedro. Lingua e liberdade. 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