práticas do ambulatório de oncologia do município de

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PRÁTICAS DO AMBULATÓRIO DE ONCOLOGIA DO MUNICÍPIO DE
ARARANGUÁ-SC NA DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA
Tiago Rodrigues dos Santos
Desde os primórdios da humanidade, surgiram inúmeras doenças que desafiaram
as habilidades da medicina, que por sua vez utilizou-se de todas as suas ferramentas para
amenizar estas instabilidades fisiológicas no homem.
Com o passar das décadas, dentre várias situações patológicas que o homem teve
que superar, ressalta de forma expressiva as neoplasias, que em 1980 ocupavam o quinto
lugar entre as causas de morte e, em 2000, já ocupavam o terceiro lugar.
Avaliando os vários tipos de cânceres existentes, a população feminina vem sendo
alvo de uma progressiva incidência do Câncer de Mama. Uma patologia não explorada ou
divulgada o suficiente para a sua prevenção, e requer uma intensificação no seu estudo.
Atualmente o câncer de mama está sendo considerado como o segundo tipo de
câncer mais comum no mundo e vem se transformando em um importante problema de saúde
pública na América Latina, por seu aumento consistente nas taxas de mortalidade por este
agravo (BRASIL, 2007).
Estimulados pelas recomendações da Organização e o Ministério da Saúde ao
procurar garantir os princípios do SUS com a criação de programas de prevenção e promoção
da saúde para mudar o perfil epidemiológico do câncer de mama, a Secretaria Municipal de
Araranguá, vem desde junho de 2002, através de seu Ambulatório de Oncologia, promovendo
práticas de detecção precoce do câncer de mama.
Nesta perspectiva, que este estudo tem por objetivo conhecer as práticas do
Ambulatório de Oncologia na detecção precoce do câncer de mama nas mulheres usuárias do
serviço e residentes no município de Araranguá-SC, no período de 2003 a 2008. Desta
maneira, descrever a concentração de mamografias realizadas pelo ambulatório de oncologia
nas mulheres, por grupo de faixa etária, no período de 2003 a 2008; identificar, através dos
resultados mamográficos realizados pelo ambulatório de oncologia, a classificação das
categorias de acordo com BI-RADS, por grupo de faixa etária, no período de 2003 a 2008;
estimar a necessidade de ultra-sonografia de mama e complemento mamográfico às mulheres
com categoria 0 (BI-RADS), no período de 2003 a 2008; descrever a conduta do ambulatório
de oncologia para o diagnóstico das mulheres com categoria 4 e 5 (BI-RADS), no período de
2003 a 2008; categorizar os laudos dos exames histológicos e citopatológicos resultantes dos
procedimentos realizados pelo ambulatório de oncologia, no período de 2003 a 2008;
conhecer a prevalência de alguns fatores de risco descritos pelas mulheres com câncer de
mama assistidas pelo ambulatório de oncologia, no período de 2003 a 2008; analisar o
processo de trabalho no rastreamento do câncer mamário do ambulatório de oncologia de
Araranguá-SC, a partir dos resultados obtidos.
No Brasil, as estimativas para o ano de 2008, válidas também para o ano de 2009,
apontam que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer e destes, 49.400 são de mama, com um
risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres, acompanhando o mesmo perfil da
magnitude observada no mundo1.
A Organização Mundial da Saúde estabelece critérios a serem observados para que
uma enfermidade seja foco de rastreamento: a doença deve representar sério problema de
saúde pública, tanto pela incidência como pela mortalidade; deve haver tratamentos
disponíveis aos pacientes nos quais forem detectadas; os exames utilizados devem ser aceitos
pela população e deve estar estabelecida a eficácia da detecção em reduzir as taxas de
morbidade e mortalidade 6.
O câncer de mama preenche todas estas condições, é uma doença que serve para
rastreamento, podendo ser realizado pelo auto-exame (AEM), que tem baixo custo e é sempre
acessível, mas requer treinamento e é pouco eficaz; o exame clínico (ECM), que tem custo
baixo a moderado, nem sempre é acessível, requer treinamento e tem eficácia moderada; e a
mamografia, que consiste em exame radiológico das mamas, capaz de identificar lesões subclínicas, visando a detecção precoce do tumor. Apresenta elevada eficácia, custo moderado a
alto, mas que não está disponível para todas as mulheres, principalmente em países em
desenvolvimento como o Brasil 7 .
RESULTADOS
Analisando as práticas do ambulatório assistido, percebemos:
Quanto à concentração a figura abaixo, demonstra os exames mamográficos
realizados no ambulatório, no período de 2003 a 2008. O serviço iniciou suas atividades de
maneira mais eficaz a partir de 2003, neste ano o município comportava uma população de
29247 mulheres. No inicio foi necessário divulgação e conscientização para a adesão do
público a essas praticas preventivas. Houve declínios (2004 e 2006) no número de exames
realizados, supostamente por falhas técnicas como, quebra do aparelho, perdas de laudos que
não pudemos computar e inserir na pesquisa, e também pela resistência do publico, que
diminuiu com a consolidação do serviço. Em 2008 apresentou um numero maior de exames,
demonstrando a ótima atuação do ambulatório.
Nº DE EXAMES
EXAMES REALIZADOS - 2003 - 2008
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
2002
2008
1582
2007
1257
2003
840
2004
561
2003
2004
2005
863
2006
735
2005
2006
2007
2008
2009
ANO
Fig.1 Numero de mamografias realizadas no Ambulatório no período de 2003 á 2008.
A concentração de mamografias nas faixas etárias alvo, está demonstrada nas
figuras abaixo. O percentual de 16% e 50% são os recomendados pelo MS para esta faixa
etária. ¹³
CONCENTRAÇÃO - MULHERES ENTRE 40-49 - 2003-2008
18%
16%
16%
16%
16%
16%
16%
CONCENTRAÇÃO
16%
14%
13%
12%
10%
11%
8%
8%
8%
7%
6%
6%
4%
2%
0%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
ANO
Fig.2 Concentração de mamografias realizadas em mulheres de 40-49 anos no período 2003-2008.
Com o passar dos anos, o ambulatório está rastreando de forma crescente a faixa
etária de mulheres que necessitam da realização de mamografia, acompanhando o
crescimento demográfico da cidade, chegando á 13% no ano de 2008, muito próximo do no
ideal de 16%.
CONCENTRAÇÃO - MULHERES ENTRE 50-69 - 2003-2008
60%
CONCENTRAÇÃO
50%
50%
50%
50%
50%
50%
50%
40%
30%
20%
9%
10%
17%
15%
11%
9%
6%
0%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
ANO
Fig.3 Concentração de mamografias realizadas em mulheres de 50-69 anos no período 2003-2008.
A concentração do ambulatório, na faixa etária 50/69 anos, está longe do ideal,
porém, está em ritmo ascendente. Levamos em consideração que essa faixa etária é mais
resistente à adesão, e acreditamos que deva haver uma amostra que realiza o rastreamento na
rede privada.
Durante o estudo foi possível identificar que a maior porta de entrada dos
pacientes no ambulatório se dá através da mamografia. Dentre as 138 pacientes que obtiveram
diagnóstico de Câncer de Mama e posteriormente acompanhadas pelo serviço, 51% foram
diagnosticadas pelo exame radiológico de mama, 44% por lesões palpáveis e 5% ultrasonografia.
MANEIRAS DE DIAGNÓSTICO
Diagnóstico por
Mamografia
44%
51%
5%
Diagnóstico por
Ultrasonografia
Diagnóstico- Nódulo
palpável
Fig.4 Maneiras de diagnósticos de pacientes portadores de Câncer de Mama no período 2003-2008.
Pacientes que apresentaram categorias 4,5 e 6 foram orientadas para realização da
biopsia cirúrgica, procedimento que o ambulatório disponibiliza. Sendo que entre 2003-2008
foram realizadas 165 biópsias como mostra o gráfico abaixo (2004-24, 2005-37, 2006-30,
2007-36 e 2008-38).
Nº DE EXAMES
BIOPSIAS REALIZADAS 2004-2008
40
35
30
25
20
15
10
5
0
38
37
30
36
2006
2007
24
2004
2005
2008
ANO
Fig.5 Biopsias realizadas no ambulatório 2004-2008
Após a realização do pequeno procedimento cirúrgico (biopsia), o material
coletado da mama á encaminhado a um laboratório de análises, onde é emitido um laudo
histopatológico. Verificando estes resultados concluímos: 24% apresentaram alterações com
caráter maligno (Câncer) e 76% doenças benignas de mama (Cisto Adenoma, Fibroadenoma,
etc).
BIOPSIAS MALIGNAS/BENIGNAS - 2004/2008
24%
76%
Neoplasia Benigna
Neoplasia Maligna
Fig. 6 Resultados histopatológicos - Maligno/Benigno
O ambulatório além de rastrear e detectar o câncer de mama, ele executa e
encaminha para realização de procedimentos de tratamento. As mulheres com o diagnóstico
de câncer são orientadas para a realização de procedimentos como: mastectomia,
setorectomia, quimioterapia ou radioterapia, dependendo da sua necessidade. Ainda após
procedimentos como a mastectomia, o serviço ampara com a solicitação de uma prótese
externa de mama.
CONCLUSÃO
Este projeto tem vários desdobramentos para a comunidade e para a ciência,
justificando a relevância deste estudo tais como: produzir informações, análises
epidemiológicas relevantes, atualizadas e de qualidade para o dimensionamento deste agravo
no município de Araranguá; contribui para o desenvolvimento e implementação deste
ambulatório, permiti uma melhor compreensão do momento histórico e do processo político
que determinaram as condições para a implantação pioneira deste ambulatório na região do
extremo sul de Santa Catarina; possibilita os acadêmicos de enfermagem, que se utilizam
deste ambulatório desde sua implantação para o desenvolvimento de aulas práticas, a
compreensão da conjuntura política na determinação do processo saúde-doença, na
construção, condução e avaliação das políticas públicas de saúde; desperta ainda nestes
acadêmicos a necessidade de monitoramento e avaliação das práticas através de pesquisas
para planejamento de ações de saúde e, propicia a interação com outros profissionais.
Palavras-chave: Medidas preventivas. Câncer de mama. Prevenção secundária. Ambulatório
de Oncologia. Mamografia.
Tiago Rodrigues dos Santos
Acadêmico de Enfermagem
Universidade do Sul de Santa Catarina
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