1 Célia Regina Thomé A DOENÇA DE PARKINSON: PERSPECTIVAS SOBRE O TRATAMENTO FONOTERÁPICO Monografia apresentada ao CEFACCentro de Especialização em Fonoaudiologia, para a finalização do curso de especialização em voz. Salvador/Ba 1999 2 Célia Regina Thomé A doença de Parkinson: Perspectivas sobre o tratamento fonoterápico Monografia apresentada ao CEFACCentro de Especialização em Fonoaudiologia, para a finalização do curso de especialização em voz. Salvador/Ba 1999 3 FICHA CATALOGRÁFICA THOMÉ, Célia Regina. A Doença de Parkinson: Perspectivas sobre o tratamento fonoterápico. Salvador, 1999 (Monografia - Especialização Fonoaudiologia - Cursos de Especialização em Fonoaudiologia Clínica - CEFAC). Descritores: Doença de Parkinson, Disartrofonia, Disfagia . 4 Curso de pós graduação Área de concentração - Voz Coordenador: Prof. Dr. Sílvia. M. Rebelo Pinho Especialista Na Área de Voz pela UNIFESP-EPM. Mestre e Doutora em Distúrbio da Comunicação Humana pela UNIFESP-EPM. Orientador Metodológico: Prof. Maria Helena Caetano. Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP-EPM. Doutoranda em Fisiologia Humana pela Universidade de São Paulo. 5 6 AGRADECIMENTOS A Sílvio, meu marido, pelo enorme carinho e compreensão. Amanda , minha filha, pelos sorrisos ,e palavras doces,que tanto me incentivaram. Aos professores , Maria Augusta e José Alexandre,pela valiosa ajuda e orientação. 7 A Amanda, por tudo que você me ensinou nesses seus quatro anos de vida 8 SUMÁRIO Introdução............................................................................9 Literatura............................................................................10 Discussão..........................................................................31 Conclusão..........................................................................40 Resumo..............................................................................41 Summary............................................................................42 Referências Bibliográficas................................................43 9 l. INTRODUÇÃO A voz traz musicalidade à fala fazendo-a tornar-se melódica ,agradável e audível , sendo estes aspectos essenciais para a comunicação eficiente. Nos casos da Doença de Parkinson a voz se deteriora, ocorrem dificuldades na fala e na deglutição e toda a personalidade sofre com isto, causando sentimentos de inadequação e insegurança. A doença de Parkinson foi descrita por James Parkinson em 1817,é um doença do sistema extrapiramidal, decorrente do esgotamento seletivo de dopamina nas células nervosas da substância negra e núcleos da base relacionados a uma redução na atividade do neurotransmissor. A sintomatologia encontrada no mal de Parkinson é variada afetando vários sistemas do organismo. Dentre toda a gama de sinais e sintomas que a configuram, distúrbios na área de comunicação envolvendo alterações de fonação e deglutição acometem 50% dos casos de forma significativa. O objetivo principal do presente trabalho é pesquisar através de um levantamento bibliográfico, nas áreas de neurologia, otorrinolaringologia, e fonoaudiologia as diversas perspectivas do tratamento fonoterápico, associado à contribuição dos tratamentos: medicamentoso e cirúrgico. O estudo surgiu como contribuição científica na área de voz, com a finalidade de incentivar os profissionais desta área a atuarem e se aprofundarem nos distúrbios da voz de origem neurológica. 10 2. Revisão da Literatura A bibliografia disponível sobre a doença de Parkinson e sua relação com o tratamento fonoterápico é escassa. Nesta revisão destaca-se inicialmente algumas considerações gerais sobre a doença de Parkinson e suas características, abordando os métodos tradicionais utilizados no seu tratamento medicamentoso, cirúrgico e fonoaudiológico. 2.l - Considerações gerais O Parkinson é uma doença crônica, e acomete com freqüência diversas funções corporais, muitas delas motoras e que tem uma grande repercussão na vida familiar deste indivíduo. Está relacionada com o sistema nervoso periférico, afetando as estruturas do cérebro encarregadas do controle e da coordenação do movimento assim como da manutenção do tônus muscular e postura. Em uma destas estruturas chamada substância negra, há um componente químico- a dopamina, cuja a presença é essencial na regulação dos movimentos a fim de que estes se realizem de forma ágil, efetiva e harmônica. Essa doença se caracteriza por uma degeneração da substância negra e outros núcleos pigmentados do tronco cerebral. Como conseqüência ocorre uma diminuição da dopamina cerebral, gerando nos portadores de Parkinson manifestações que se concentram num controle deficiente dos movimentos. A causa da doença de Parkinson não é conhecida, várias teorias tem sido aventadas. A natureza exata deste processo ainda não é, bem compreendida, mas parece haver desenvolvimento ativo de toxidade neuronal relacionado a mecanismo de estresse oxidativo por um ou mais eventos diferentes, conforme LIMONGI (1997). A taxa de incidência anual , é de prevalência de 187 por 100.000 habitantes, e ocorre tipicamente da quinta à sétima década em ambos os sexos, segundo. TEIVE( 1996 ). 11 LANG, LOZANO (1998) referem em seus estudos que um fator associado a redução do risco do Parkinson ocorre em indivíduos que apresentam o hábito do tabagismo. O parkinsonismo pode ser classificado em ideopático, secundário, e parkinsonismo plus. CASE (1995) admite que a forma primária relaciona-se a ideopática, a secundária a outras condições com por exemplo : pós-encefalites, ruptura vascular, traumas e várias substâncias tóxicas. O diagnóstico da Doença de Parkinson é essencialmente clínico, baseado nos dados coletados durante a anamnese e no exame físico. Os sintomas cardiais do parkinsonismo são o tremor, a rigidez muscular, bradicinesia e distúrbios posturais. O tremor, deve-se à inibição da atividade do neurônio motor gama. Essa inibição provoca a perda da sensibilidade do circuito gama que resulta em uma diminuição do controle fino do movimento motor. Essa falta de controle permite o aparecimento de movimentos involuntários gerados em outros níveis do sistema nervoso central .Esse tremor é tipicamente de repouso sendo abolido ou diminui a intensidade durante a realização de uma ação muscular. GILBRAY (1985). A rigidez muscular deve-se ao aumento do tônus nos antagonistas e protagonistas parecendo haver uma falta de inibição da atividade do neurônio motor alfa nos antagonistas durante o movimento. A atividade aumentada do neurônio motor alfa nos protagonistas e antagonistas resulta em rigidez, que se faz presente na amplitude total do movimento no membro afetado. Esta é resultado do aumento do tônus muscular tanto durante o repouso como em ação. A bradicinesia significa a lentidão dos movimentos que pode chegar a aboli-los, pode acarretar numa dificuldade para iniciar um movimento. É o resultado final de um distúrbio na integração dos impulsos sensitivos ópticos, labirínticos, proprioceptivos e outros nos gânglios basais. Isso resulta em uma alteração na atividade reflexa que influencia os neurônios motores gama e alfa. 12 Os distúrbios posturais característicos deste pacientes, no estágio avançado da doença, observa-se uma postura em flexão, com cabeça fletida sobre o tórax, os ombros caídos para frente, as costas arqueadas para frente e os braços mantidos imóveis ao lado do corpo. Além disso podem apresentar uma dificuldade para a correção dos desvios abruptos da posição do corpo, ou seja, observa-se uma incapacidade de alcançar o seu centro de gravidade ,isso pode ocasionar quedas frequentes. Outras manifestações do parkinsonismo que apresentam características específicas, são: a fala, a caligrafia, a marcha, a fácie, fraqueza , fadiga, e perturbações cognitivas. A face assume uma aparência “tipo máscara” ,com pestanejar infrequente e ausência de expressão. Este aspecto facial típico é causado pela bradicinesia. Por outro lado, muitos pacientes com parkisonismo ideopático experimentam fraqueza e fadiga fácil depois que a doença se torna generalizada. Observa-se o aparecimento gradativo de uma caligrafia minúscula e agrupada, deve-se admitir que esse é o primeiro sintoma em alguns casos. Também, marcha se apresenta lenta , com passos pequenos e o paciente movimenta-se em bloco ,sem os movimentos de balanceio dos braços. Segundo Barat M. Daverat P. e Mazaux J.M. (1992) referem que estudos mais recentes têm acentuado a degradação psíco- intelectual que não poupa o domínio verbal destes pacientes . Estudo conduzido por LIMONGI (1997) concluiu que aproximadamente 40% dos pacientes apresentam depressão. Geralmente ocorre na forma de apatia, perda de apetite,fadiga, alteração de sono e perda da auto-estima. A ocorrência da depressão nem sempre se relaciona com a gravidade dos sintomas motores. 13 2.2 Considerações Sobre a Doença de Parkinson - Comunicação Oral e Funções Neurovegetativas A sintomatologia relacionada as alterações da comunicação oral e funções neurovegetativas podem ser compreendidas de acordo com as seguintes dimensões: função respiratória, função fonatória, função do esfíncter velofaríngico, articulação oral e funções neurovegetativas. 2.2.1-Função Respiratória DARLEY, ARONSON e BROWN (1975) estudaram aspectos relacionados a dinâmica respiratória de indivíduos disártricos e referem: monointensidade, variações excessivas de intensidade, decréscimo de intensidade no decorrer da emissão, alteração da intensidade, esforço à inspiração e expiração e frases curtas. Deve-se ressaltar que tais dimensões podem não estar relacionadas apenas à função respiratória, mas também a função fonatória ou velofaríngea. CARRARA (1998) afirma que na doença de Parkinson observa-se movimentação reduzida tanto na fase ativa quanto passiva do ciclo respiratório, decorrente da rigidez muscular característica desta doença. Pode também causar redução do volume respiratório e ocorrer escape de ar transglótico, gerando desta forma uma alteração da coordenação pneumo-fonoarticulatória. 2.2.2-Função Fonatória Os distúrbios fonatórios têm um papel de destaque no estabelecimento do diagnóstico diferencial entre as disartrofonias, bem como auxiliar no diagnóstico precoce de algumas doenças progressivas como o parkinsonismo. O tipo de voz mais freqüentemente encontrado nos casos de disartria hipocinética é a voz soprosa, que pode indicar escape aéreo de ar não sonorizado entre as pregas vocais, sinal de fechamento glótico ineficiente. O tom característico da voz do parkinsoniano é habitualmente 14 mais alto que o médio e a insuficiência pneumofônica e/ou velária explica a possibilidade de anasalamento e rouquidão, BARAT (1992). PINHO (1992) relata que distúrbios neurológicos como por exemplo Miastenia Gravis e parkinsonismo, freqüentemente apresentam fendas glóticas do tipo triangular e fusiforme em toda a extensão. HANSON, GERRAT, WARD(1984) afirmam que as fendas glóticas fusiformes onde as pregas vocais tocam-se apenas posteriormente podem estar associadas a paralisia do nervo laringeo recorrente superior e a doença de Parkinson. CARRARA (1998) conclui que as fendas glóticas em geral, impossibilitam a criação de pressão aérea sub-glótica, suficiente para gerar uma intensidade vocal que permita a comunicação efetiva. A redução da intensidade vocal frequentemente está acompanhada de uma qualidade vocal soprosa e por vezes diplofônica. Segundo essa autora a hiperadução das pregas vocais pode ocorrer em casos de uso prolongado de drogas psicotrópicas e antiparkinsonianas e é então considerada um sintoma secundário de discinesia tardia. DARLEY, ARONSON, BROWN(1975) completam que assim sendo contribui para as variações excessivas de freqüência decorrentes de movimentos involuntários da musculatura laríngea. 2.2.3-Função do esfíncter velofaríngeo A ressonância pode apresentar-se hipernasal quando ocorre ineficiência no fechamento do esfíncter velofaríngico, ou equilibrada conforme CARRARA(1998). 2.2.4- Articulação Oral A fala é um ato motor fino complexo que envolve sistemas diferentes ou partes de sistema para a sua execução. O sistema nervoso deve prover imediatamente o controle apropriado para tal tarefa. Além disso, durante a fala, deve haver um nível elevado de coordenação entre o sistema mecânico parede do tórax, abdômen, laringe, lábios, língua, dentes e mandíbula de modo que todos funcionem 15 no momento correto e pela duração de tempo necessária para a produção de sons individuais, segundo CASPER (1996). Segundo BARAT (1992) mais da metade destes pacientes apresentam distúrbios da fala. Este autor refere que o timbre monótono é muito frequente, perturba o contorno melódico e entonativo do discurso; esta aprosódia tanto degrada o sentido referencial e semântico; quanto a alteração do ritmo. Ambas podem ser associadas a esta perda de controle dos acentos entonativos da palavra espontânea, fazendo desaparecer a tonalidade afetiva e emocional da produção. Por outro lado as variações da duração e da velocidade da fala são frequentemente notadas: dificuldade de iniciar movimento para falar por acinesia antecipatória, bloqueio interativos, pausas frequentes e de duração prolongada dando a impressão de pseudogagueira. A velocidade do enuciado pode variar de bem lenta a rápida demais. Pode também haver rápida repetição de frase ou da última palavra(palilalia). Estes dados são referidos por GRENE (1986). Estudos conduzidos por BARAT (1992) afirma que as imprecisões articulatórias estão relacionadas as dificuldades na constrição do trato vocal; portanto os primeiros sons alterados são as consoantes oclusivas, seguida das fricativas. De todos os sons da fala, os primeiros a serem mal articulados são os plosivos posteriores, seguidos dos labiais e linguo-dentais. 2.2.5-Função Neurovegetativa As alterações de sucção, mastigação e deglutição também são encontradas com frequência. LEOPOLD, KAGEL (1997) investigaram a mobilidade da laringe durante a deglutição em 71 pacientes com doença de Parkinson através da videofluroscopia. Os pacientes foram sub divididos em dois grupos o primeiro constava dos pacientes nos estágios da doença II e III e o segundo com os pacientes nos estágios IV e V. Concluem que 95.8% dos pacientes apresentaram diminuição da excursão vertical da laringe associado ao fechamento da prega vocal ou atraso ou ausência de abertura destas .Observaram ainda que quanto 16 mais avançado o estágio da doença maior o déficit da movimentação da laringe. CARRARA (1998) relata que um distúrbio neurológico acometendo a laringe pode acarretar a falta de eficiência laringea nesta função protetora, portanto, além das alterações vocais, os pacientes podem apresentar disfagias. Estudos conduzidos por LIMONGI(1997) admitem que 5O% dos pacientes apresentam comprometimento da deglutição pois essa função depende de mecanismos neurais complexos e requer a coordenação de múltiplos grupos musculares, principalmente porque a língua tem movimentação mais lenta e menos coordenada. A disfagia costuma manifestar-se nas fases mais avançadas da doença e quando ocorre precocemente deve-se suspeitar de outras formas de Parkinsonismo. ARONSON (1990) descreve as características da disartria hipocinética do Parkinsonismo. Dividindo em aspectos perceptuais e físicos. Quanto aos aspectos perceptuais refere monopitch, monoloudness, redução do loudness, redução da intensidade, qualidade vocal áspera e soprosa. Ressonância normal, articulação imprecisa, pequenos jatos de fala, alteração no ritmo de fala, com a repetição de sílabas, palavras e frases(palilalia). Quanto ao aspecto da físico da laringe, conclui que as pregas vocais apresentam estrutura normal. Movimento adutor e abdutor são bilaterais e simétricos mas ocorre um fechamento glótico, incompleto, resultando qualidade vocal soprosa. A função velofaríngica apresenta-se normal, redução da amplitude dos movimentos mandibular, lábiais e lingual. As deficiências na comunicação observadas nos pacientes com Parkinson têm sido pouco levadas em consideração na avaliação dos tratamentos farmacológicos e cirúrgicos. 2.3- Considerações sobre tratamento medicamentoso O tratamento mais adequado para uma enfermidade implica no conhecimento de sua fisiopatologia. Especificamente para a doença de Parkinson a extensão do complexo anatômico envolvido, a participação das substâncias químicas neurotransmisoras responsáveis e a 17 precocidade na introdução de drogas específicas constituem os fatores a serem considerados. Os medicamentos que se conhecem no momento permitem aliviar a maior parte dos sintomas mas não eliminam a causa. Existem diversos grupos de medicamentos úteis. Os anticolinérgicos; por exemplo, aliviam o tremor e a rigidez e reduzem o excesso de produção de saliva Entretanto, tem menor efeito na lentificação dos movimentos Os efeitos periféricos mais freqüentes são a secura na boca, o obstipação, retenção urinária e a visão borrada e os efeitos centrais são: sonolência confusão mental, alucinações e delírios além de afetar a memória, BARBOSA(1996). O surgimento da levodopa revolucionou o tratamento desta doença no final da década de 6O.Esta é hoje em dia a substância mais efetiva para o tratamento, segundo FERRAZ (1998). Entretanto, alguns problemas surgiram com a introdução desta droga, a intolerância gastrointestinais foi um dos efeitos colaterais mais observados no inicio; além disso, alterações psiquiátricas e hipotensão ortostática foram notadas em alguns pacientes. Após algum tempo, outros problemas surgiram com o tratamento prolongado em particular, o surgimento das flutuações do rendimento e as discinesias, movimentos involuntários diferentes de tremor e induzidas pela levodopa CARDOSO(1996). BAYERS & LINAZASORA(1994) concluem que com o uso prolongado desta droga alguns pacientes experimentam uma regressão da melhora inicial obtida e aparecem uma série de efeitos secundários que modificam negativamente a espetacular resposta do início do tratamento. Os efeitos "on-off " ou flutuações do estado do paciente durante o dia que oscila entre períodos sem sintoma, denominadas fases "off " e outras e que reaparece o tremor, dificuldade para caminhar e lentidão, fases "on ". Por outro lado aparecem a discinesias que são movimentos involuntários diferentes do tremor. Sabe-se que cerca de metade dos pacientes após cinco anos de tratamento com levodopa vão apresentar essas complicações. Então 18 prefere-se reservar essa droga para a fase da doença em que o paciente começa a ter algum grau de incapacidade funcional nas atividades do diaa-dia, conforme, FERRAZ(1998) A selegilina é uma droga inibidora da monoaminoxidase B, que é uma enzima intracelular que promove a oxidação da dopamina. Esta droga pode promover uma melhora na eficácia da levodopa. Segundo BARBOSA,1996) o uso desta substância sem a levodopa também induz a melhora sintomática por ter ação semelhante a anfetamina, melhorando a neurotransmissão dopaminérgica. A amandatina é uma droga cujo mecanismo de ação não está totalmente esclarecido, mas perece atuar liberando dopamina na sinapse. Atua razoavelmente bem na bradicinesia, rigidez e tremor. BARBOSA(1996) Investigações evidenciam atividade dopaminérgica, principalmente através de dopamina na fenda sináptica e atividade anticolinérgica. Os efeitos colaterais mais comuns são os decorrentes da ação anticolinérgica e portanto semelhante ao dos anticolinérgicos. CARDOSO(1996) BARBOSA (1997) refere que a amadantina com frequência perde sua atividade anti-parkinsonismo após seis meses a um ano de uso. BAYERS & LINAZASORA(1994) relata que o agonista dopaminérgico surgiu devido as limitações observadas a longo prazo com o uso da levodopa. Entre o medicamentos destaca-se a Bromocriptina que é usada conjuntamente com a levodopa e permite reduzir a gravidade de certos efeitos secundários daquela droga, refere também que é muito útil como tratamento único inicial em pacientes jovens e tem a finalidade de retardar a administração da levodopa. FERRAZ (1998) afirma que o uso de drogas agonistas dopaminérgicas, é uma alternativa para o manejo das flutuações sobre o receptor pós-sinaptico não dependendo portanto de haver integridade do 19 neurônio dopaminérgico, que é o que está degenerado na doença de Parkinson. Outra droga que auxilia nas flutuações motoras é a apomorfina, que é um potente agonista de receptores Dl e D2.As principais indicações desta droga são: estados acinéticos de instalação súbita e período préoperatório. Os principais efeitos colaterais são náuseas e vômitos e mais raramente bradicardia e hipotensão ortostática ,BARBOSA(1996). A proposta de tratamento devem ser adaptadas às peculiaridades de cada caso considerando os fatores como: idade, manifestações motoras predominantes, condições mentais e tipo de atividade, FERRAZ (1998). 2.4- Considerações sobre Tratamento Cirúrgico O ótimo conhecimento dos correlatos de fisiologia do parkinsonismo vêm determinando os procedimentos neurocirúrgicos funcionais para o tratamento desta doença. A Talamotomia estereotáxica, tornou-se o tratamento de escolha por apresentar melhores resultados e baixa morbidade, MENESES (1996). A estereotaxia é uma técnica que permite que um alvo intracerebral seja atingido de forma extremamente precisa sem lesão de estruturas adjacentes. Um exame de imagem como a ressonância magnética, tomografia computadorizada e a ventrículografia, demonstra a estrutura a ser atingida. A Talamotomia refere-se a destruição cirúrgica de um grupo de células do Thalamus e a Palidotomia, refere-se a destruição cirúrgica de um grupo de células do Globo Pálido. FAZZINNI (1995) refere que a Talamotomia pode aliviar tremor corporal do lado oposto que é operado com até 98% de efetividade. Os problemas com Talamotomia incluem perda do tônus muscular, dificuldades no equilíbrio e deteriorização de fala. Estes efeitos acontecem com maior freqüência em pacientes que se submetem a cirurgia bilateral. Segundo esse autor a Paldotomia é mais efetiva nos 20 sintomas de bradiscinesia do que no tremor. Após a determinação do alvo por exame de imagem é necessário uma confirmação neurofisiológica nos casos de cirurgia funcional, antes do tratamento definitivo. Os resultados dos diferentes serviços demonstram que uma lesão interrompendo a via que une o globo pálido, o tálamo e o córtex cerebral em qualquer nível produz diminuição ou desaparecimento dos tremores e da rigidez, ou seja lesões realizadas em qualquer porção desse circuito podem produzir melhora ou desaparecimento de sintomas dessa doença. Deve se levar em consideração que a determinação do alvo estereotáxico deve ser muito preciso pois uma lesão mais lateral pode atingir a cápsula interna e produzir hemiparesia, mais posteriormente, uma lesão pode causar alteração da sensibilidade, e quando lesado medialmente, há o fascículo-mamilo-tálamico, que se atingido de forma bilateral pode ocasionar alteração de memória. A talamotomia esterotáxica é uma importante arma no tratamento da doença de Parkinson e pode ser utilizada em diferentes tipos de situação. MENESES, HUNHEVICZ, TSUBOCHI, ARRUDA (1996) referem que a Palidotomia esereostáxica lesão terapêutica no núcleo subtalâmico, e a interrupção da conexão das vias eferentes do núcleo subtalâmico ao globo pálido medial parece ser crucial do ponto de vista fisiopatológico no parkinsonismo .Afirmam que é uma forma de tratamento indicada para pacientes com predominância de bradiscinesia e sintomas refratários à medicação. Os melhores candidatos são os mais jovens e os com menor tempo de evolução da doença. Em estudos conduzidos por LAITINEN E COL (1992) foram analisados os resultados de 38 pacientes tratados por palidotomia estereostáxica póstero-ventral cujo principal sintoma era bradiscinesia. Obtiveram bons resultados em 92% dos pacientes com melhora completa ou, quase completa sobre a bradiscinesia, enquanto que para os tremores o índice foi de 81%. O volume de voz, as dores musculares 21 e as discinesias consideravelmente. induzidas pela Levodopa melhoraram Durante a localização fisiológica para talamotomia, a estimulação elétrica por alta frequência causa uma abolição dos tremores com esta constatação deduzindo-se que a estimulação talâmica crônica poderia ser uma alternativa reversível às lesões por radio frequência na talamotomia esterostáxica, segundo. MENEZES( 1996) A técnica cirúrgica utilizada para a Estimulação Talâmica Crônica segue os mesmos passos da Talamotomia. A determinação adequada do alvo permite o desaparecimento dos tremores com estímulos de 100 hertz ou mais . Após a determinação fisiológica do alvo é introduzido (dbs,meditronic) inicialmente o eletrodo crônico pode ser conectado a um estimulador externo para determinação mais precisa dos parâmetros físicos, finalmente, com resultados clínicos satisfatórios, após uma semana o gerador Medtronic Intrel é colocado na região supraclavicular e conectado pelo plano subcutâneo ao eletrodo cerebral. A grande vantagem do uso da Estimulação Talâmica Crônica em relação a Talamotomia estereostáxica é o fato de ser reversível além da possibilidade de avaliar e modificar os parâmetros físicos do estimulador por telemetria de forma não invasiva. MENESES refere que uma das desvantagens é a troca do gerador após um período variável entre 3 e 5 anos, acrescenta ainda que o custo deste equipamento é muito elevado, tornando-se inviável para a grande maioria dos pacientes com doença de Parkinson no nosso meio. Em seus estudos KERR (1997), refere que o tremor é o maior desafio para a vida dos pacientes com Parkinson e relata que no centro médico da universidade de kansas utilizam o implante Meditronic Activa Tremor Control Therapy, os estudos clínicos revelam que 80% dos pacientes tiveram total ou significativa supressão do tremor, conclui que os riscos são mínimos e esse implante é indicado principalmente para pacientes que não se beneficiam com a Levodopa. 22 O principal objetivo da estimulação elétrica cortical é o controle dos tremores, que ocorre de forma total em 67% e com melhora importante em 97% dos casos, segundo, BERNABID(1991). LIMOUSIN, KRACK, POLLAC, BENAZZOIJZ, ARDOUIN, HOFFMANN & BERNABID (1998) realizaram um estudo que buscou determinar a eficácia e segurança da estimulação elétrica do núcleo subtalâmico em pacientes com a doença de Parkinson. Acompanharam 24 pacientes portadores de Parkinson de etiologia ideopática, foram implantados eletrodos bilateralmente no núcleo subtalâmico, foi usada a técnica estereotáxica e monitoração com imagens e eletrofisiológica que testaram a localização da estimulação. Concluiram que a estimulação elétrica subtalâmica é efetiva para casos severos e avançados da doença. Ocorre redução dos sintomas e a dose do medicamento Levodopa pode ser reduzido com consequente diminuição das discinesias. O neurotransplante procura tratar a doença de Parkinson por meio da restauração anatômica, e portanto funcional das estruturas degeneradas através de implantes de tecidos produtores dos neurotransmissores necessários para a normalização da função neural nas regiões desafetadas. TEIXEIRA (1996). Um transplante neuronal implica por definição ,o fato de que o tecido doador seja constituído, pelo menos em parte, por neurônios. Os implantes neurais tem despertado grande interesse de diversos campos das neurociências, resultados otimistas de pesquisas evidenciam que em modelos de animais as células adrenais e fetais específicas podem sobreviver em cérebro hospedeiro lesado e com efeito benéfico em medida comportamentais relacionadas à dopamina permitiram sua utilização em doentes portadores da doença de Parkinson, segundo MARTINS (l996). Os primeiros implantes realizados foram implantes homólogos de medula supra-rerial colocados unilateralmente no núcleo caudado de pacientes com Parkinson. Estudos conduzidos por MADRAZO e BEIJING apud LAITINEN (1985) afirmam que houve melhoras importantes dos períodos “off ”, entretanto o resultado final não se 23 modificou nos sinais clínicos comparados com os medicado com drogas antiparkinsonianas. Surge então a perspectiva de implantes heterólogos de tecidos fetal dopaminérgico no núcleo caudado de portadores de doença de Parkinson, segundo MARTINS (1996) evidências demonstram que implantes dopaminérgicos fetais sobrevivem e produzem melhora clínica considerável por um período de seis meses . A substituição ou recuperação de neurônios deficitários representa uma nova direção no tratamento de doenças degeneretivas. MARTINS (1996 ) admite que é indiscutível a complexidade do tema neuroimplantes, a falta de conceitos definidos sobre todo o processo envolvendo mecanismos de regeneração de neurônios estriatais lesados na doença de Parkinson inviabiliza pelo menos por enquanto , este método de rotina de tratamento. O implante neural tem recebido grande atenção dos pesquisadores, uma vez que tanto a discussão de sua metodologia, quanto a dos valores éticos que a envolvem são fascinantes e tornam o tema um objeto próprio para atividade multi e interdisciplinar. A possibilidade de interrupção de vias exitatórias específicas e a estimulação seletiva de vias inibidoras pelo método estereostáxico representam a metodologia cirúrgica mais contemporânea. Os neuro implantes de tecidos fetais ou similares associados a fatores de crescimento neuronal, representam a perspectiva de controle das diversas patologias degenerativas do sistema nervoso central, como afirma MARTINS( 1996). É indiscutível o papel da atuação multi disciplinar no tratamento da doença de Parkinson devido sua complexidade diagnóstica e a escolha da terapêutica ideal para cada caso. 2.5-Considerações sobre o tratamento fonoaudiológico A manifestações vocais apresentadas pelos pacientes com Parkinson e o tratamento fonoterápico tem despertado grande interesse pela fonoaudiologia, tendo a comunicação como objeto de estudo. 24 Todas as referências que conduziram este trabalho mostram que os estudos sobre o tratamento fonoterápico nos pacientes portadores da doença de Parkinson são relativamente recentes, aprofundados a partir da década de 40 até a atualidade. Os primeiros estudos apresentavam uma visão pessimista deste atendimento. Os mais recentes afirmam e comprovam a melhora de vários aspectos da comunicação. Estudos conduzidos por PEACHER(1947) sugere que o atendimento fonoaudiológico seja desencorajado na rotina do tratamento ao doente de Parkinson, pois favorece melhoras mínimas, quando presente. (CARRARA A. E. 1995) MORLEY (1955) expressa uma visão pessimista ,onde o terapeuta deve reconhecer que o uso dos procedimentos de reconstrução da fala pode não ser tão realístico quanto a aplicação de medidas paliativas. Sugere que o fato de, tradicionalmente, poucos fonoaudiológicos investirem seus esforços na tentativa de melhorar o distúrbio dos pacientes com doença de Parkinson, seja em parte decorrente desta condição ser considerada progressiva e irreversível. Por outro lado, LASZEWKI(1959), referindo-se ao papel de sua equipe de reabilitação no atendimento de paciente parkinsonianos, encoraja a participação do fonoaudiólogo na avaliação e tratamento dos mesmos. ZIMMERMAN (1959) constata a melhoras da fala em pacientes que receberam tratamento fonoaudiológico após neurocirurgia. Acredita que os problemas psicológicos são subjacentes à alteração de fala na doença de Parkinson, e recomenda que o principal objetivo da fonoterapia seja o aumento da motivação de forma que o paciente possa fazer uso máximo de suas habilidades. ( CARRARA A . E. 1995) Baseado em achados laboratoriais, CANTER (1961), faz sugestões específicas para a reabilitação fonoaudiológica do paciente parkinsoniano. Ele atribui a redução aparente na intensidade à articulação imprecisa, e recomenda que o objetivo primário da reabilitação seja o aumento da habilidade articulatória. Quando a rigidez for o fator principal do déficit articulatório, propõe que o tratamento se direcione para a redução da taxa de produção dos fonemas. Quando a bradicinesia for 25 predominante, sugere exercícios com velocidade gradual para a língua e lábios a fim de aumentar a velocidade dos movimentos dos mesmos. (CARRARA A . E. 1995) Estudos conduzidos por CARTER (1963) critica a falta de descrições objetivas nos estudos realizados anteriormente e realiza urna investigação com 17 pacientes com doença de Parkinson, procurando descrever a fala nos seus aspectos de intensidade, frequência e duração. Conclui que a intensidade foi comparável à do grupo de controle, a frequência significativamente mais aguda e com menos modulação e o ritmo apresentou-se ora mais lento ora mais rápido do que do grupo de controle. Tais dados sugerem um distúrbio neuro motor fonatório e respiratório. Já em (1995) utilizando-se dos mesmos pacientes do estudo anterior compara a habilidade dos pacientes parkinsonianos quanto ao campo dinâmico de intensidade a frequência e a sustentação de vogal. Os falantes parkinsonianos demonstraram redução em ambos os campos dinâmicos e tempo máximo fonatórios reduzidos o que indica uma alteração do suporte fisiológico para fala. (CARRARA A .E.1995) Comparando a performace articulatória e diadococinética em sua relação com a adequação geral de fala, dos mesmos pacientes dos estudos anteriores, CANTER (1965) observa que os indivíduos apresentam um prejuízo na habilidade de realizar movimentos rápidos de língua, lábios e pregas vocais e acredita que as alterações articulatórias derivam da incoordenação entre atividades fonatórias e articulatória. ( CARRARA A. E.1995) Em pesquisa conduzida GRENE & WATSON (1968) propõem a utilização de um amplificador eletrônico de bolso com a finalidade de aumento da intensidade de fala destes pacientes. Afirmam que o amplificador acima de tudo, reduz a tensão e a ansiedade que decorrem do medo e da frustração de não ser audível o que se está falando. Concluem portanto que o aparelho ajuda o paciente a controlar sua fala acentua a retroalimentação. Em relação a técnicas para monitoramento da velocidade de fala WOHL E ALLAN que propõem um treinamento rítmico e gravação da fala do paciente em tempo para controlar a pressa na fala e o uso do 26 metrônomo. Estes referem fracos resultados com estas técnicas , GRENE(1968). O primeiro estudo em larga escala sobre os efeitos da fonoterapia em pacientes com doença de Parkinson foi realizado por SARNO (1968) que faz uma avaliação subjetiva do progresso de mais de 300 pacientes vistos pela autora por um período de cerca de 15 anos, e submetidos a 2 horas de tratamento por semana durante 6 meses. Foram utilizadas técnicas para a manutenção e controle da intensidade, exercícios, fonoarticulatórios e monitoramento da velocidade,dos movimentos de língua e lábios através de espelho, gravador e metrônomo, onde a autora afirma ter forte impressão de que a fala destes pacientes não melhora após o tratamento. Conclui que os efeitos terapêuticos são de grande benefício para a psique do paciente entretanto, não para sua reabilitação de fala. DARLEY, ARONSON & BROWN(1969) observaram 212 pacientes com disartria com diferentes doenças neurológicas onde relatam ter verificado alterações de voz e fala. Dentre esses 32 apresentavam doença de Parkinson onde a característica de fala mais observada é alteração da prosódia decorrente da redução de mobilidade dos órgão responsáveis pela fala. Sugerem a designação de disartria hipocinética para referir-se a fala do parkinsoniano. MERRITT (1977) refere que a fala do paciente com Parkinson está prejudicada onde as palavras são pronunciadas mais rapidamente que o normal e apresentam uma voz disártrica, e com volume baixo. Admite que com esforço o paciente pode falar lentamente e com maior clareza. Afirma que estes pacientes raramente apresentam dificuldades para deglutir alimentos sólidos ou líquidos. Por outro lado BLONSKY, LOGERMAN, BOSHES & FISHER (1975) concluem que os pacientes portadores da doença de Parkinson apresentam uma degeneração progressiva do trato vocal, esse processo inicia-se pela disfunção laringea, seguida por falta de controle da musculatura lingual , posteriormente labial e atinge o processo de deglutição. Esses dados foram originados a partir de um estudo cinefluorográfico. 27 Estudos conduzidos por LOGERMAN, FISHER & BLONSKI (1978) realizaram uma avaliação perceptiva auditiva em 200 pacientes não medicados com Doença de Parkinson. e observaram que 85% dos pacientes apresentaram alterações vocais e 15% alterações articulatórias. Concluem que há um progressão da disfunção de comunicação oral na doença de Parkinson que começa com alterações laríngeas e progride para dificuldades de movimentação da língua e lábios. HANSON, DERRAT & WARD (1984) examinaram 32 pacientes com doença de Parkinson através da cinelaringoscopia telescópica e compararam com os achados neurológico gerais. Concluem que as alterações fonatórias observadas foram: pregas vocais arqueadas, processos vocais firmemente aproximados e fenda glótica, refere ainda que esses achados estão relacionados com a rigidez dos músculos laringeos. In: CARRARA (1995). Vários tipos de tratamento que podem ser indicados aos pacientes portadores da doença de Parkinson, segundo BEHLAU e HARADA (1988) são eles: Profilático, recomendado a pacientes cuja as alterações de comunicação ainda não se instalaram. Educacional, direcionado aos pacientes e a família do enfermo. Fonoaudilógico, o objetivo da fonoterapia é o de maximizar a fala funcionalmente disponível do paciente e de acordo com as alterações encontradas, prioriza o enfoque na área mioterápica ou na produção vocal. Refere ainda a importância dos tratamentos: medicamentoso, cirúrgico, fisioterápico e protético. JOHNSON & PRING. (1990) compararam dois grupos de 6 pacientes com mal de Parkinson um recebendo terapia e outro não. Avaliaram pré a e pós 4 semanas de terapia diária. O programa de tratamento, deu-se ênfase para prosódia e controle da métrica, da velocidade e do volume e o feedback visual feito através do Visispeech, medidor de nível médio e Jedcorm, indicador da altura vocal. Os resultados desse estudos concluem que o paciente se beneficia com a fonoterapia e que essa melhora é detectada pelos familiares . ARONSON (1990) refere que pacientes com redução da adução glótica devido a urna alteração muscular ou neural, o principal objetivo é aumentar a intensidade e reduzir a qualidade vocal soprosa e rouca com o 28 aumento da adução glótica através da ação esfictérica dos músculos laríngeos envolvidos na fonação. Outras técnicas sugeridas são: ataque vocal brusco, técnica de mudança de postura e manipulação digital da cartilagem tireóide . Estudos conduzidos DORZE, DIONNE, RYALLS, JULIEEN, QUELLET ( 1992) acompanharam um caso de um paciente com Parkinson de 74 anos de idade , que se encontrava no estágio II . A mesma foi avaliada pré e pós terapia fonoaudiológica. O objetivo da terapia era: aumentar a diferença total na frequência fundamental entre as senteças interrogativas e afirmativas. Ajustar Fo (frequência Fundamental) de acordo com sexo e idade. Reduzir o grau de velocidade da fala. O trabalho terapêutico foi monitorado biofeedback visual e auditivo no Speech Viwer. Selecionaram sentenças afirmativas e interrogativas para o treino com monitoramento do Speech Viwer. Concluíram que todos os três objetivos obtiveram melhoras significativas no pós-tratamento medido após l0 semanas após o experimento. BARAT, DAVERAT E MAZAUX . (1992) referem que avaliação da natureza e da intensidade dos fatores implicados nos distúrbios da comunicação dos pacientes com Parkinson não repousam sobre as escalas funcionais específicas. Os sintomas são mais frequentemente abordados isoladamente, à margem do contexto social e cultural do enfermo. Estes autores citaram Scott e Caird que falam sobre a importância de uma análise funcional do discurso e o segmento paraverbal que contribuem para a inteligibilidade e propuseram assim um "score prosódico" destinado à avaliação controlada da reeducação fonoterápica. Por outro lado RAMIG & SCHERER (1992) propõem uma terapêutica com base na fisiologia, onde prioriza o aumento da adução glótica para obter aumento da intensidade e melhora da qualidade vocal. Como principal objetivo da terapia para pacientes com doença de Parkinson, utiliza-se da técnica de empuxo associada a emissão de sons. PEARSON (1995) Fez uma pesquisa bibliográfica onde analisou todas as publicações sobre procedimentos terapêuticas de linguagem e fala entre 1965 e 1993. Dividiu a terapia de linguagem e fala nos seguintes grupos: crianças com dificuldade de aprendizado, adultos com dificuldade de aprendizado e adultos com desordens adquiridas. 29 Concluiu que tanto a epidemiologia, como a intervenção terapêutica tem sido insuficientemente documentada portanto a pesquisa tem sido negligenciada deixando sem respostas questões sobre a eficácia deste trabalho. Na análise do grupo de adultos com desordens adquiridas. Refere que metade dos pacientes com mal de Parkinson apresentam alteração de fala linguagem e deglutição mas que pequena parcela destes procuram atendimento fonoaudioiógico. Revela que a terapia de linguagem e fala no mal de Parkinson parece ter pequenos benefícios clínicos para os pacientes. Sugere que o uso de voluntários supervisionados deve ser mais estimulado . CARRARA (1995) propôs avaliar o efeito da fonoterapia em pacientes portadores da doença de Parkinson através das medidas: fonatórias da eficiência glótica, tempos máximos fonatórios, relação s/z, coeficiente fônico simples, coeficiente fônico composto e fluxo aéreo adaptado, intensidade vocal e auto-avaliação da comunicação oral e da deglutição. A pesquisa foi feita com vinte paciente portadores da doença de Parkinson, todos os dados foram comparados pré e pós a realização de terapia fonoaudiológica. Os pacientes tiveram 13 sessões num período de um mês com ênfase na função fonatória, com tarefas que propiciassem maior coaptação das pregas vocais e exercícios direcionados para os outros componentes do mecanismo de fala e articuladores orais. Os resultados obtidos indicacaram que a fonoterapia propiciou aumento dos tempos máximos fonatórios das vogais, diminuição da relação s/z e do fluxo aéreo, aumento dos níveis de intensidade vocal, diminuição das queixas de voz fraca, presa e de fala monótona e inintelígivel e eliminação das queixas de alterações de deglutição. RAMIG & DROMEY (1996) propuseram um estudo da variação aerodinâmica e glotografia de aspectos da função vocal de dois grupos de pacientes com Parkinson na comparação dos resultados dos dois grupos observaram que o grupo LSTV teve exito aumentando a intensidade vocal, O grupo SPL O nível de pressão não fez aumentos constantes, ambos melhoraram a adução das pregas vocais e aumento de pressão sub-glotal. Em pesquisa conduzida por RAMIG, COUNTRYMAN, O'BRIEN HOEIHN, THOMPSON. (1996) os autores relatam sobre um estudo onde foi avaliado os efeitos de duas formas de tratamento nas deficiências de 30 fala e voz em 35 pacientes com mal de Parkinson . Um grupo foi submetido ao tratamento de voz LEE SILVERMAN (LSVT) durante 12 meses, cuja, o objetivo principal da fonoterapia foi aumentar a adução vocal, aumento de intensidade e melhorar a qualidade vocal através de exercícios de empuxo durante a emissão. E do outro grupo a um tratamento do placebo que enfatizou somente a respiração. Após a conclusão do tratamento de fala observaram diferenças estatísticas significativas entre os grupos, apenas os pacientes do LSVT melhoraram ou mantiveram a intensidade vocal acima dos níveis do pré-teste, o grupo do placebo obteve uma deteriorização significativa dos níveis de intensidade. Por outro lado OLIVEIRA (1998) afirma que a prática do canto pode trazer benefícios para a comunicação geral do indivíduo com a doença de Parkinson. No canto ocorre a coordenação entre: respiração, fonação articulação, postura corporal dentre outros aspectos envolvidos. Portanto um trabalho inter-disciplinar com o professor de canto pode trazer bons resultados para a comunicação do indivíduo portador desta enfermidade. 31 3. Discussão O controle deficiente dos movimentos é uma das principais manifestações da Doença de Parkinson e ocorre como consequência da diminuição da dopamina decorrente da degeneração da substância negra e outros núcleos pigmentados do tronco cerebral. Os sinais e sintomas que os pacientes apresentam são portanto decisivos no auxílio do diagnóstico adequado e na identificação da fonte do problema. Os sintomas relacionados com a alteração de comunicação oral e funções neuro-vegetativas foram divididos nas seguintes dimensões: função respiratória fonatória, esfíncter velofaríngico, articulação oral e função neuro-vegetativa. Há uma unanimidade de concordância entre os vários autores com relação aos achados sobre a funções respiratória, fonatória, esfíncter velofaríngico, articulação e deglutição. Quanto a função respiratória DARLEY ,ARONSON E BROWN (1995) e CARRARA (1998) afirmam que a rigidez muscular característica desta doença interfere reduzindo a movimentação tanto de fase ativa quanto passiva do ciclo respiratório, causado desta forma redução do volume respiratório, monointensidade, ou variações excessivas de intensidade, decréscimo de intensidade, incoordenação pneumo-fonoarticulatória, com escape de ar transglótico. Quanto a função fonatória BARAT (1992) admite que o tom característico da voz do parkinsoniano é habitualmente mais alto e a insuficiência pneumofônica e/ou velária explica a possibilidade de anasalamento e rouquidão. Nesse particular PINHO (1992) afirma que esses pacientes apresentam fendas glóticas do tipo triangular e fusiforme em toda extensão. Os autores HIANSON, GERRAT, WARD (1998) também concordam com essa afirmação. Portanto a alteração da loudness mais frequentemente encontrada é a voz fraca decorrente da hipotonia das pregas vocais impedindo desta forma a criação de pressão subglótica suficiente, refletindo numa 32 redução da intensidade vocal. As monointensidades e as variações excessivas de intensidade também são típicas do parkinsonismo. CARRARA (1998) complementa que a presença de fendas glóticas em geral possibilitam a criação de pressão aérea sub-glótica proporcionando uma intensidade vocal ineficiente para a comunicação dando assim qualidade vocal soprosa e diplofônica. Assim percebendo, à partir dos achados dos autores acima ,admitese que esses pacientes portadores do mal de Parkinson apresentam uma redução da adução glótica devido a uma alteração muscular e ou neural. A instabilidade fonatória altera a qualidade vocal e reduzem consequentemente a inteligibilidade de fala, sendo o tremor vocal normalmente o responsável por essa alteração associado a oscilações no sistema adutor laríngeo no músculo cricotiroídeo ou nas pregas vestibulares. Quanto as intabilidades fonatórias DARLEY ARONSON e BROWN (1995) e CARRARA (1998) concordam que o tremor vocal normalmente é responsável por essa alteração associado a oscilações no sistema adutor laringeo músculo cricotiroideo ou nas pregas vestibulares. O comprometimento gerado por manifestações neurológicas como rigidez, flacidez e tremores da musculatura do palato mole como consequência do tremor da laringe e faringe podem afetar o esfíncter velofaríngico causando uma hipernasaiidade flutuante de acordo com o grau desta alteração, portanto a função velofaríngea está alterada ou equilibrada de acordo com a mobilidade e eficiência do esfíncter velofaríngeo A importância da coordenação entre o sistema mecânico da parede do tórax, abdomen, laringe, lábios, língua, dentes mandíbula para haver produção dos sons da língua é comentado por CASPER (1996), onde BARAT (1992) complementa afirmando que a função da articulação oral dos pacientes portadores da doença de Parkinson apresenta-se deficiente, verificando-se a presença de imprecisões articulatórias, onde os primeiros sons alterados são as consoantes oclusivas seguida das fricativas. 33 Desse modo observa-se que as perturbações do melódico e entonativo do discurso são frequentes, BARAT(1992). Este autor revela que essa aprosódia degrada referencial e semântico fazendo desaparecer a tonalidade emocional da produção. contorno segundo o sentido afetiva e As variações da duração a da velocidade da fala citada por BARAT(1992) e GRENE(1986) são frequentemente notadas e estão relacionadas a dificuldade de iniciar movimento para falar por acinesia antecipatória, bloqueio interativos pausas frequentes e de duração prolongada dando a impressão de pseudo-gagueira. Quanto a função reflexo vegetativa, LIMONGI (1997) revela que 50% dos pacientes com Parkinson apresentam essa função comprometida pois a língua apresenta movimentos mais lentos e incoordenados. CARRARA(1998) concorda e complementa, que a falta de eficiência laringea interfere na função protetora da laringe, ocasionando as disfagias LEOPOLD, e KAGEL (1997) revelam que em estágios avançados da doença 95,8% dos pacientes apresentam diminuição da excursão vertical da laringe associado ao fechamento da prega vocal ou atraso ou abertura ausente, essa pesquisa vem confirmar os achados de CARRARA e LIMINGI. Portanto, observa-se que o tremor, a rigidez e a bradiscinesia dos músculos alteram a dinâmica respiratória, movimentação das pregas vocais, músculos do esfíncter velo-faríngeos, língua e lábios que resultam na fala com monotonia de frequência e intensidade redução de intensidade e inflexões, qualidade vocal com rouquidão, aspereza ou soprosidade, imprecisão articulatória, alteração da velocidade e pequenos jatos de fala pontuados por pausas inadequadas. Em função das características descritas sobre os sintomas apresentados pelo indivíduo portador dessa enfermidade, evidencia-se a necessidade e o benefício que o tratamento fonoaudiológico pode propiciar a esses pacientes com o objetivo de auxiliar na detecção, minimizar e reabilitar os distúrbios da comunicação decorrentes do mal de Parkinson. 34 Reflexões sobre a causa do isolamento social no sujeito parkinsoniano revelam que não só a depressão como muitas vezes temse afirmado, mas também a dificuldade de fala podem contribuir para o isolamento social. Essa discussão proporciona uma análise embora não exaustiva sobre o estudo da comunicação deste paciente correlacionando com as possibilidades de tratamento medicamentoso ,cirúrgico e fonoaudiológico. No entanto a necessidade de uma abordagem reeducativa dos elementos mais perturbados da fala e que limitam a habilidade da comunicação visam retirar do "gueto" no qual o paciente portador desta enfermidade se encontra. Após uma análise das pesquisas na área da fonoterapia, direcionados para a Doença de Parkinson, percebe-se que estes estudos são relativamente recentes aprofundados a partir da década de 40 até a atualidade. Os primeiros estudos apresentavam uma visão pessimista deste atendimento como sugere PEACHER (1947). No entanto MORLEY (1955) concorda e acrescenta que o tratamento fonotarápico resume-se apenas em medidas paliativas uma vez que essa doença é progressiva e irreversível. PEARSON(1995) revela em seus estudos que tanto a epidemiologia quanto a intervenção terapêutica tem sido insuficientemente documentada na área da fonoaudiologia, acrescenta que pequena parcela dos pacientes portadores da doença de Parkinson procuram o atendimento fonoaudiológico e conclui que a fonoterapia traz um pequeno beneficio para esse paciente. Todavia a importância de uma equipe multidisciplinar e a participação do fonoaudiólogo nesta equipe é citada por LASZEWKI (l959). ZIMERMAN (1959) também corrobora com essas idéias e sugere que o tratamento fonoterápico tenha o objetivo de aumentar a motivação. de forma que este faça o máximo uso de sua habilidades de comunicador Ademais em apoio BEHLAU & HARADA (l988) também fazem referência ao atendimento multidisciplinar, entretanto afirmam que o tratamento fonoterápico deve maximizar a fala funcionalmente 35 disponível do paciente de acordo com as alterações encontradas e prioriza enfoque na mioterapia e na produção vocal. O primeiro autor que faz sugestões específicas para a reabilitação fonoaudiológica é CARTER (1961) que atribui a redução aparente na intensidade à articulação imprecisa e recomenda o aumento da habilidade articulatória como ênfase do tratamento.Esse mesmo autor em 1963 realiza pesquisas com a finalidade de descrever os aspectos de intensidade frequência, e duração da fala destes pacientes. Outra forma de monitorar a intensidade de fala destes pacientes foi sugerida por GRENE E WATSON (1968) através da utilização de um amplificador eletrônico de bolso onde concluíram que esse aparato ajudava o paciente a controlar sua fala e acentuava a retroalimentação. Para monitorar a velocidade de fala GRENE (1968) refere que WOHL E ALLAN um trenamento rítmico através do uso do metrônomo e gravações da fala do paciente, entretanto refere que os resultados são fracos. Deve ser evidenciado que em estudo realizado em larga escala sobre os efeitos da fonoterapia realizado por SARNO (1968) numa avaliação subjetiva do progresso de mais de 300 pacientes acompanhados por um período de 15 anos e submetidos a fonoterapia duas vezes semanais por seis meses, onde foram utilizadas técnicas para manutenção do controle da intensidade exercícios fonarticulatórios e monitoramento da velocidade através do controle dos movimentos de língua e lábios com uso do metrônomo e gravador . SARNO (1968) Conclui que os efeitos terapeuticos não foram de grande benefício para sua fala, e sim para a psique do paciente. Os primeiros pesquisadores que em seus estudos puderam observar a presença tanto de alterações vocais com 85% como de alterações articulatória com 15% foram LOGERMAN, FISHER & BLONSKI (1978). Essa pesquisa de grande relevância vem confirmar que os primeiros métodos terapêuticas que se baseavam em: exercícios respiratórios e articulatórios, inclusive os utilizados na pesquisa de SARNO (1968) priorizavam apenas a articulação e velocidade de fala e 36 motricidade oral enquanto que a maior dificuldade destes pacientes focava-se nas alterações laríngeas. É entretanto, na década de 80 que ocorreu uma grande revolução na área clínico de laringologia, devido aos estudos sobre a fisiologia dos músculos da laringe, e da ultra-estrutura da mucosa das pregas vocais e do simultâneo avanço tecnológico, com a produção de aparelhos que permitem maior precisão diagnóstica, como por exemplo o surgimento da fibras óticas de aplicação médica. Esse evento se reflete também nos avanços de nova metodologia e pesquisa na área de alterações vocais com origem neurológica. A partir desta década começaram a surgir algumas abordagens específicas para as alterações de comunicação apresentadas pelos pacientes portadores de Parkinson Entre outras contribuições recentes pode-se citar o estudo de BARAT DAVERAT & MAZAUX(1992) , DORZE, DIONNE, RYALLS & QUELLET. (1992) JOHONSON & PRING (1900 ) e que dão ênfase na melhora da prosódia como um dos aspectos primordiais da terapêutica fonoaudiológica. Após o trabalho de BLONSKY, LONGERMAN, BOSHES & FISHER (1975) com seu estudo cinefluográfico, que comprova a degeneração progressiva do trato vocal. E dos estudos perceptivo auditivo realizado por LONGERMAN, FISHER & BLONSKY (1978) que afirmam que 85% dos pacientes com Parkinson apresentam alterações larírigeas e 15% apresentam alterações articulatórias. Surge uma nova proposta de tratamento com base na fisiologia, descrita por RAMIG (1992) que prioriza o aumento da adução glótica, com o objetivo de obter aumento da intensidade e melhora da qualidade vocal. Estes resultados é que se constituem na nova visão do tratamento fonoterápico direcionado as alterações da comunicação apresentadas pelo paciente portador da doença de Parkinson. Outra proposta de tratamento baseada na fisiologia, foi sugerida por CARRARA (1995) onde a ênfase ocorreu na função fonatória com tarefas que propiciassem maior coaptação das pregas vocais e exercícios direcionados para outros componentes do mecanismo de fala 37 e articuladores orais. Refere que nos resultados observou aumento do tempo máximo de fonação, diminuição da relação s/z e do fluxo aéreo, aumento dos níveis de intensidade vocal, diminuição das queixas de voz fraca, presa, e fala monótona e ininteligível e eliminação das queixas de alterações do processo de deglutição. RAMIG (1996) em seu trabalho de comparação de duas formas de tratamento, onde um grupo teve o trabalho direcionado para aumentar a adução glótica, aumento da intensidade e melhora da qualidade vocal, e outro grupo enfatizou somente a respiração. Concluiu que o primeiro grupo obteve melhores resultados. Essa pesquisa corrobora com os achados de CARRARA (1995). OLIVEIRA(1998) refere que a prática do canto pode trazer benefício para a comunicação geral do indivíduo com parkisonismo, deve-se ressaltar que a prática do canto deve estar associada ao trabalho fonoterápico para que essa habilidade ocorra de forma mais eficiente . A alta prevalência de sintomas que configuram, distúrbios na área da comunicação envolvendo a fonação e deglutição nos pacientes portadores da Doença de Parkinson foram confirmados neste trabalho, bem como evidencia-se a irrestrita contribuição do tratamento fonoaudioiógico para o restabelecimento de condições satisfatórias da habilidade de comunicação destes indivíduos. As deficiências da comunicação tem sido pouco levadas em consideração pelas pesquisas farmacológicas e pelos estudos que discutem os procedimentos cirúrgicos indicados para o mal de Parkinson. Entretanto não se pode negar o benefício que esses tratamentos trazem ao paciente permitindo aliviar a maior parte dos sintomas. Portanto é incontestável o benefício do efeito medicamentoso e dos procedimentos cirúrgicos na Doença de Parkinson e a sua repercução na atividade fonatória e cognitiva. Na década de 6O, alguns trabalhos evidenciam a melhora da função motora no mal de Parkinson associada ao uso da levodopa estendendose à análise da atividade da fala. 38 Entretanto deparamo-nos hoje com o chamado fenômeno “on-off ” na doença de Parkinson ou seja, o efeito da dosagem da medicação da Levodopa ao longo dessa doença repercute paradoxalmente nessa sintomatologia, com manifestação de discinesias importantes que levam ao comprometimento da atividade fonatória. Como, segundo Ferraz(1996), a suspensão do uso da Levodopa não é possível na maioria dos pacientes com flutuação motora, deve-se lançar mão de estratégias para minimizar seus efeitos adversos, como por exemplo o uso de drogas agonistas dopaminérgicas. Esse autor refere que esse procedimento nem sempre é totalmente satisfatório. FERRAZ (1996) Ainda sugere que a introdução da Levodopa, ocorra somente quando o paciente comece a ter algum grau de incapacidade para as atividade do dia-a-dia, prolongando dessa forma o surgimento dos efeitos colaterais desta droga . TEIVE(1998) Complementa dizendo que nas fases iniciais nem sempre é necessário que a doença de Parkinson seja tratada farmacológicamente, refere que nesta fase o paciente pode-se beneficiar dos tratamentos: fisioterápico fonoterápico e da terapia ocupacional. CRITCHEY (1981) afirma que, há necessidade de melhor análise das substâncias neurotransmissoras e clareza sobre os resultados do tratamento com Levodopa, pois a função da atividade de fala e locomoção não seguem as mesmas mudanças. LIMA e Col(1997) Quanto aos procedimentos cirúrgicos e a correlação com a função da fala, FAZZINI(1995) afirma que a Talamotomia pode aliviar o tremor corporal, entretanto os sintomas refratários a esse procedimento são: perda do tônus muscular dificuldade no equilíbrio e deteriorização da fala. Por outro lado a Palidotomia referida por LAITINEN (1992) é indicada para pacientes com predominância de bradiscinesia e observa-se melhora do volume de voz. 39 Enfim a Doença de Parkinson pode ser controlada e tratada eficazmente, os medicamentos que se conhecem podem abolir ou reduzir os sintomas, entretanto não eliminam a causa. As pesquisas atuais tem sobretudo insistido sobre a melhora dos sintomas nos domínios da locomoção, da gestualidade e de forma geral na autonomia da vida cotidiana mas as deficiências da comunicação têm sido pouco tomadas em consideração nas pesquisas dos tratamentos farmacológicos e cirúrgicos. 40 4. Conclusão Neste estudo observou-se que o indivíduo portador da doença de Parkinson apresenta dificuldades da motricidade geral e especificamente na comunicação oral e função neurovegetativa. Vários autores referem alteração das funções: respiratória, fonatória, esfincter velofaríngeo, articulação oral e deglutição. Tanto a especificação dos sintomas referentes a comunicação deste paciente, quanto a proposta terapêutica para essas alterações, foram melhor delimitadas a partir da década de 80, quando os instrumentos para melhor diagnóstico surgiram no cenário da laringologia. As propostas terapêuticas foram se ajustando conforme os achados de pesquisas sobre os aspectos fisiológicos, perceptuais e acústicos da voz do paciente portador da doença de Parkinson. Na década de 90 Ramig, surege uma proposta inovadora de tratamento fonoterápico com base na fisiologia, que prioriza o aumento da adução glótica, com o objetivo de obter aumento da intensidade e melhora da qualidade vocal. Outras pesquisas, na área da fonoaudiologia, surgem com base na fisiologia preconizada por Ramig, cuja os resultados terapêuticas são significativamente satisfatórios. As deficiências da comunicação tem sido pouco levadas em consideração pelas pesquisas farmacológicas e pelos estudos que discutem os procedimentos cirúrgicos indicados para o mal de Parkinson. Entretanto não se pode negar o benefício que esses tratamentos trazem ao paciente, pois embora não eliminem a causa, permitem abolir ou aliviar a maior parte dos sintomas. 41 5. Resumo A Doença de Parkinson é uma enfermidade do sistema extrapiramidal que em suas fases mais avançadas pode acometer a comunicação oral e a deglutição. O objetivo do presente estudo foi pesquisar através de um levantamento bibliográfico, as diversas perspectivas do tratamento fonoterápico associado à contribuição dos tratamentos medicamentoso e cirúrgico. 42 6. Summary Parkinson’s disease is an illness of the extrapiramidal system that can attack the oral communication and swallowing in its more advanced phases. The objective of the present study was to study literature about several perspectives of the speech pathologist treatment associated to the contribution of the medical and surgical treatments . 43 7. Referências Bibliográficas ARONSON,A. E., -Organic Voice Disorders: Neurológic disease. ln: ARONSON A. E. Clinical Voice Disorders. New York -Thieme, 1990.p.70-115. BAYERS R. A . , LINAZASORA C. G. - Vivir com Ia enfermidad de Parkinson.,Barcelona,Meditor,1994 BEHLAU,M.S.& HARADA,K.S.-Atendimento fonoaudiológico ao paciente com doença de Parkinson.ln- FERREIRA,L.P. Trabalhando a voz, vários enfoques em fonoaudiologia.São Paulo, Summus, 1998, p. 14-20 BEHLAU,M.S.& PONTES,P.A L. avaliação Global da Voz. São Paulo,EPPM, 1990.45p. 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