a aprendizagem organizacional como ferramenta em prol da

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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery
http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377
Curso de Administração - N. 3, JUL/DEZ 2007
A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL COMO FERRAMENTA EM
PROL DA INTEGRAÇÃO COLETIVA NAS ORGANIZAÇÕES.
Adriana R. R. Oliveira*
Karen Estefan Dutra**
RESUMO
O presente artigo apresenta a aprendizagem organizacional como ferramenta a uma perspectiva
administrativa em prol da integração coletiva, assimilação das mudanças e otimização de processos
por meio da aprendizagem individual e coletiva, uma vez que administrar uma empresa, atualmente,
requer muito mais do que o exercício das funções básicas de gerência como planejar, organizar e
controlar.
PALAVRAS CHAVE: administração; planejamento; aprendizagem organizacional
ABSTRACT
This article presents the organizational learning as tool to an administrative perspective,
objectiving a coletive integration, assimilation of changes and helping process through an individual
and coletive learning, understanding that to administrate a company requires much more than the
exercise of the basic management functions as to plan, to organize and to control.
Key-words: administration; planning; organizational learning
* Especialista em Gestão Empresarial
** Professora do curso de Administração – GRANBERY
1. Concepções sobre a administração, organizações, níveis organizacionais e
processo administrativo.
A administração sempre desempenhou um papel fundamental na vida de todos,
desde o simples gerenciamento de um pequeno orçamento familiar até a mais complexa
administração de empresas. Assim, a administração trata, desde seus primórdios, da
organização e do trabalho de forma racional. Maximiano (2006, p.4) diz que “a sociedade
humana é feita de organizações que fornecem os meios para o atendimento de necessidades
das pessoas.”
Desde os primeiros grupamentos humanos a administração é praticada e foi a
partir do final do século XIX que a administração começa a adquirir o status de ciência com
as tentativas de aplicação de métodos científicos ao estudo e aprimoramento do trabalho,
assim como ao desempenho do trabalhador.
Fava (2002) ressalta que a administração é antes de tudo uma ciência que estuda
as organizações a fim de compreender o seu funcionamento, a sua evolução, o seu
comportamento e a sua técnica, atuando como um complemento dessa ciência maravilhosa e
desafiadora que continua a sua evolução mesmo com o passar dos anos.
Kwasnicka (1995), dentro do contexto da administração como ciência a ser
estudada, ressalta que o estudo da administração em sua fase introdutória tem como objetivo
permitir ao indivíduo tomar o conhecimento dos vários temas que envolve esse campo da
ciência e reconheça qual a área da organização que ele se identifica e quais as técnicas e
princípios mais adequados para a solução eficaz dos problemas de nível micro e macro.
Maximiano (2006, p.5), ainda sobre o tema de eficácia, ressalta que não só uma,
mas duas são as palavras a serem usadas para indicar que uma organização tem desempenho
de acordo com as expectativas dos usuários e das pessoas que mobilizaram os recursos:
eficiência e eficácia.
Assim, a administração, ao longo de sua história, apresentou enfoques diversos
que muito contribuíram para o seu entender. As grandes obras e as grandes conquistas da
humanidade foram resultados de extraordinários esforços humanos. Tais conquistas destacam,
em geral, o uso de princípios ou formas de administração. Não se pode, pois, imaginar as
grandes obras da humanidade como as pirâmides do Egito, os Jardins Suspensos da Babilônia,
a Muralha da China, as grandes conquistas das civilizações grega e romana, as viagens
espaciais e a chegada do homem à Lua sem o uso de princípios de administração coordenando
e integrando o esforço humano.
Fava (2002) enfatiza que a administração é uma ciência em formação e isso se
realiza em etapas sucessivas. O autor assegura, ainda, que “a administração ao longo da
história foi buscar em outras ciências aquilo que considerava pertinente.” (FAVA, 2002, p.
17).
A administração adotou tudo o que a engenharia poderia oferecer de bom. Fava
(2002, p.18), assim, exemplifica:
[...] a engenharia, por exemplo, em 1920, trouxe a racionalização do
trabalho, a Psicologia e a Sociologia após a II Guerra Mundial foram
ciências de comportamento que contribuíram, depois da II Guerra Mundial,
houve a influência da Matemática, quando os métodos quantitativos foram
muitos difundidos e por volta dos anos 50, a administração começa a ser
tratada como parte da Teoria Geral dos Sistemas.
O autor destaca ainda alguns nomes importantes que contribuíram decisivamente
para a evolução da administração e para exemplificar, ele elenca Hamurabi, que viveu há mais
ou menos 2.400 a.C.: sua contribuição foi o código de Hamurabi, uma legislação que
prevaleceu por mais de 1.400 anos. Assim Hamurabi foi o primeiro legislador, e sua obra
administrativa estava além de seu tempo.
Com relação aos feitos por Hamurabi (apud FAVA 2002, p. 34) o autor relata:
[...] olho por olho, dente por dente, Hamurabi era o rei dos amoritas, uma
tribo semita de onde surgiu o grande império da Babilônia, considerado o
império bem administrado da antiguidade, fez obras de irrigação e ainda
construiu o famoso Palácio da Babilônia.
Dentro desse contexto, os conceitos e as técnicas de administração devem servir
para que as organizações alcancem o desempenho que desejam, que consigam contar com os
diferentes recursos e que possam atuar em campos distintos oferecidos pelo mercado;
preocupando-se também, em minimizar os custos desses recursos.
Maximiano (2000) refere-se à administração como sendo um processo ou
atividade dinâmica que consiste em tomar decisões sobre objetivos e recursos. Então o
processo de administrar ou processo administrativo é inerente a qualquer situação em que haja
pessoas utilizando recursos para atingir algum objetivo.
Sob esse ponto de vista, várias pessoas estão envolvidas na administração de uma
organização, mesmo que, à primeira vista, não se percebam como tal.
Administrar se caracteriza como uma atividade meio, pois diz respeito ao
desempenho da organização como um todo em um determinado contexto. O desempenho, por
sua vez, está relacionado aos conceitos de eficácia e eficiência.
Assim Chiavenato (1999, p.7) atenta para o fato de a administração ser o
“processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para
alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz.”.
Kwasnicka (1995, p.17), sobre o uso do termo administração, afirma ser “aquele
em que é visto como um processo integrativo fundamental, buscando a obtenção de resultados
específicos, sendo, portanto, um processo pelo qual o administrador cria, dirige, mantém,
opera e controla uma organização.”
Ainda sobre a administração, os autores Robbins e Coulter (1998) a destacam
como o processo de fazer com que as atividades sejam realizadas eficientemente e
eficazmente por intermédio de outras pessoas. Os autores afirmam que o processo representa
as funções ou atividades primárias realizadas por administradores e que essas funções são
tipicamente denominadas de planejamento, organização, liderança e controle.
Fava (2002) sugere a importância de se estudar não só a história da administração,
mas, também, as teorias administrativas e suas ênfases; para se ter, assim, uma melhor
compreensão da administração.
As teorias administrativas ocorridas ao longo de cem anos e as mudanças
ocorridas em cada etapa beneficiam um longo aprendizado, uma vez que “uma teoria é um
conjunto coerente de idéias capazes de explicar as relações entre determinados fatos
observáveis.” (CHIAVENATO, 1999, p. 37).
Ainda sobre teorias administrativas, Maximiano (2006, p.8) afirma que são
conhecimentos organizados, produzidos pela experiência prática das organizações. A teoria
geral da administração é o conjunto dessas teorias, que são designadas por meio de diferentes
termos.
Chiavenato (1999) apresenta as teorias da administração e suas respectivas
ênfases conforme figura 1.
Figura 1-Quadro referencial das principais teorias da administração.
Ênfase nas
Tarefas
Ênfase na
Estrutura
Ênfase nas
Pessoas
Ênfase na
Tecnologia
Ênfase no
ambiente
Administração Científica
Divisão do Trabalho e exagerada
especialização do operário
Estudo dos Tempos e movimentos
Métodos de Trabalho/ incentivos
Teoria Clássica
Teoria da Burocracia
Teoria Estruturalista
Teoria Neoclássica
Desenho Organizacional
Departamentalização, Hierarquia.
Princípios de Administração
Organizacional formal
Teoria das Relações
Humanas
Teoria Comportamental
Organização informal
Grupos e dinâmica de grupos
Liderança. Motivação
Comunicação
Teoria Estruturalista
Teoria Neo-estruturalista
Teoria da Contingência
Interação entre a organização formal x
informal
Administração de conflitos
Tecnologia, mudança e inovação.
Teoria Estruturalista
Teoria dos Sistemas
Teoria da Contingência
Interação entre organização e ambiente
externos
Incerteza, mudança e inovação.
Flexibilidade e ajustamento
Fonte: Chiavenato (1999, p. 58).
Então, o estudo da administração e o seu crescente desempenho são as bases das
organizações, pois essas assumiram importância sem precedentes na sociedade e na vida das
pessoas, uma vez que há poucos aspectos da vida contemporânea que não sejam influenciados
por alguma espécie de organização.
Não existem fórmulas pré-estabelecidas para a administração das organizações,
cada uma encontra a partir das indicações gerais as maneiras mais adequadas ao seu
desempenho. Por isso, organizações bem administradas são importantes devido ao impacto
que elas exercem sobre a sociedade em geral.
Chiavenato (1999) aborda ainda que as organizações não existem sozinhas e
isoladas, elas vivem e operam em um ambiente que lhe serve de nicho (condições, que tornam
possíveis a sobrevivência). E é neste ambiente que as organizações colocam seus produtos ou
serviços. O sistema (ambiente) pode ser definido como um conjunto de elementos
dinamicamente inter-relacionados, desenvolvendo uma atividade ou função para atingir um ou
mais objetivos ou propósitos, mas, para que o mesmo funcione, será necessário apresentar os
seguintes parâmetros (OLIVEIRA, 2005):
a) Entradas ou insumos (inputs): todo sistema recebe ou importa do ambiente
externo insumos de que necessita para poder operar. Nenhum sistema é auto-suficiente ou
autônomo. Esses insumos podem entrar na forma de recursos, energia ou informação.
b) Operação ou processamento: todo sistema processa ou converte suas entradas
por intermédio dos seus subsistemas. Cada tipo de entrada é processado por subsistemas
específicos, ou seja, especializados no seu processamento.
c) Saídas ou resultados (outputs): todo sistema coloca no ambiente externo as
saídas ou resultados de suas operações ou processamentos. As entradas são devidamente
processadas e convertidas em resultados, sendo, então, exportadas de novo ao ambiente. As
saídas são decorrentes das operações ou processamentos realizados pelos diversos
subsistemas em conjunto, podendo dar-se na forma de produtos ou serviços prestados, ou na
forma de energia ou informações.
d) Retroação ou realimentação (feedback): é a reentrada ou o retorno no sistema de
parte de suas saídas ou resultados que passam a influenciar o seu funcionamento. A retroação
é geralmente uma informação ou energia de retorno que volta ao sistema para realimentá-lo
ou para alterar o seu funcionamento em função dos seus resultados ou saídas, sendo
basicamente um mecanismo sensor que permite ao sistema orientar-se em relação ao ambiente
externo e verificar os desvios que devem ser corrigidos, a fim de que possa alcançar seu
objetivo.
Chiavenato (1999, p.77) afirma que “as organizações são sistemas abertos
interagindo dinamicamente com seus ambientes. Um sistema aberto é aquele que mantém
intensa interação (entradas e saídas) com seu meio ambiente, afetando-o e sendo afetado por
ele.”. Essa adaptabilidade é assim um processo contínuo de aprendizagem e de autoorganização do sistema aberto.
O fato de administrar organizações em sistemas permite ao administrador a
necessidade de se fundamentar em conceitos, valores e teorias que lhe permitam o
balizamento adequado ao seu comportamento. Para administrar, o administrador pode estar
ainda situado em um dos três níveis organizacionais existentes: o nível institucional, o
intermediário ou o operacional e em cada um dos níveis organizacionais o papel é diferente,
sendo ele o responsável pelo desempenho organizacional e as atividades de cada nível.
Os níveis se subdividem especificando-se suas funções, sendo o nível institucional
o mais elevado da organização, recebendo o impacto das mudanças e pressões ambientais.
Este recebe o nome de nível estratégico, pois é o responsável pela definição do futuro do
negócio como um todo.
Já no nível intermediário acontece a articulação entre o nível institucional e o
nível operacional da organização. É neste nível que é interpretada a missão e os objetivos
fundamentais do negócio, sendo traduzidos em meios de ação cotidiana para que o nível
operacional possa transformá-los em execução.
O nível operacional é o nível administrativo mais baixo de todos, pois é ele que
administra a execução e a realização das tarefas e atividades cotidianas. Tendo o contato
direto com a execução ou operação, que é realizada pelos funcionários e operários que se
incumbem da realização das tarefas e atividades rotineiras do dia-a-dia da organização.
Contudo, em qualquer um dos níveis ou posições, “o trabalho do administrador
está sempre voltado para o chamado processo administrativo.” (CHIAVENATO, 1999, p.
13). Embora o processo administrativo seja importante em qualquer contexto de utilização de
recursos, a razão principal para estudá-lo é seu impacto sobre o desempenho das
organizações.
De acordo com Chiavenato (1999), em conjunto as quatro funções administrativas
ou os quatro tipos principais de decisões são o planejamento, a organização, a direção e o
controle, formando o processo administrativo. O processo pode ser compreendido como uma
seqüência de funções que se sucedem, pois uma maneira sistemática de fazer as coisas é um
meio, um método ou maneira de conduzir certas atividades.
Chiavenato (1999, p.15) concorda com essa idéia quando:
[...] refere-se à administração, como um processo para enfatizar que todos os
administradores independentemente de seus níveis ou funções, se engajam
continuamente em certas atividades Inter-relacionadas como planejar,
organizar, dirigir e controlar para alcançar os objetivos desejados.
Com isso, a denominação de processo administrativo segundo o autor está no
conjunto em seqüência das funções administrativas. Isso significa que o administrador deve
saber planejar, dirigir, controlar as atividades das organizações e das pessoas, a fim de
alcançar objetivos previamente estabelecidos.
2. O PLANEJAMENTO E A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL.
Devido à concorrência e à competitividade, o administrador a cada dia é
bombardeado por uma multiplicidade de tarefas e demandas em um conjunto de freqüentes
interrupções, crises e eventos inesperados. Com a inexistência de planos para as
contingências, o processo de tomada de decisão fica mais difícil e complexo, tornando a
organização despreparada para a sobrevivência no mercado.
Maximiano (2006, p.79), sobre o planejamento ressalta que “o processo de
planejamento é a ferramenta para administrar as relações com o futuro.” É uma aplicação
específica do processo decisório. As decisões que procuram, de alguma forma, influenciar o
futuro, ou que serão colocadas em prática no futuro, são decisões de planejamento.
O planejamento tornou-se um fato comum no cotidiano, não só das organizações,
como também das pessoas. Todos vivem planejando alguma coisa. Até mesmo o fato de ir ao
centro da cidade, com o automóvel, requer antes um planejamento do caminho a ser
percorrido. O administrador também por meio da arte de tomar decisões configura e
reconfigura continuamente a sua organização ou a unidade organizacional que administra. É
ele quem decide qual o rumo que sua organização deverá seguir, tomando as decisões
necessárias e elaborando os planos para que isso realmente ocorra.
O autor Porter (1989, p.25) afirma que “uma organização sem planejamento corre
o risco de se transformar em uma folha seca, que se move ao capricho dos ventos da
concorrência.” A idéia de planejar não é nova nas organizações. A necessidade de organizar
atividades, orientar o trabalho de pessoas, planejar um futuro ou formalizar um orçamento fez
com que as organizações incorporassem o conceito de planejamento à sua vida.
Chiavenato (1999, p.213) assim ressalta sobre o fato que “[...] planejar significa
olhar para frente, visualizar o futuro e o que deverá ser feito, elaborar bons planos e ajudar as
pessoas a fazer hoje as ações necessárias para melhor enfrentar os desafios do amanhã.”
O planejamento está voltado para o futuro e o mesmo requer uma atenção
especial, pois é para ele que se deve preparar a todo o momento. Enquanto projetar o futuro é
um processo que envolve decidir como agir com base no que está ocorrendo no ambiente
imediato e no futuro próximo, planejar começa a ser a tradução dessa decisão em ações
gerenciáveis.
“Planejamento é a função administrativa que define objetivos e decide sobre os
recursos e tarefas necessários para alcançá-los adequadamente.” (CHIAVENATO, 1999, p.
212). O sucesso na função de planejamento requer o reconhecimento do ambiente interno e
externo da organização, a estimulação da criatividade e o encorajamento de novas idéias e
abordagens inovadoras aos desafios da administração que engloba as decisões com base em
objetivos, em fatos e na estimativa do que ocorreria em cada alternativa pensando nas partes
envolvidas como um todo.
Chiavenato (1999) aborda que o planejamento pode estar voltado para a
estabilidade, assegurando a continuidade do comportamento atual de uma organização frente
às suas necessidades para a melhoria desse comportamento, para a reação adequada a
freqüentes mudanças ou ainda estar voltado para as contingências no sentido de antecipar-se a
eventos que possam ocorrer no futuro identificando as ações quando as mesmas ocorrerem.
Nota-se que, em tempos dinâmicos, as organizações sofrem pressões vindas de
muitas fontes, algumas dessas vêm de fora da organização e outras vêm de dentro. A estas
pode-se considerar a busca pela eficiência operativa, novos arranjos de estrutura e novos
desafios gerenciais colocando o planejamento à prova para a obtenção de uma vantagem
competitiva, elevando com isso o aperfeiçoamento do foco e flexibilidades, da coordenação,
do controle e da administração do tempo.
Uma importante descoberta de Porter (1990), durante seu estudo, foi a constatação
de que a chave para manter vantagens competitivas é o progresso técnico rápido e contínuo, e
não descobertas isoladas. Uma empresa que, temendo beneficiar seus concorrentes, tem como
estratégia copiar inventos de outras um dia terá prejuízos porque sempre estará atrasada.
Dentro desse contexto as vantagens do planejamento podem assim estar elencadas
em (OLIVEIRA, 2005):
a) o aumento do foco e da flexibilidade: sendo o foco o ponto de convergência dos
esforços e a flexibilidade a maleabilidade de sofrer adaptações e ajustamentos à medida que o
processo o requeira;
b) melhoria na coordenação: uma vez que uma série de objetivos estão
interligados, fazendo com que os níveis mais elevados se apóiem e sejam suportados por
objetivos de nível mais baixo;
c) melhoria no controle: já que o controle administrativo envolve a mediação e a
avaliação dos resultados desempenhados e a tomada de ação corretiva para melhorar o
processo quando necessário;
d) na melhoria na administração do tempo: sendo este o mais difícil para se
balancear e conseguir atender a todas as responsabilidades exigidas e aproveitar as
oportunidades que por ventura venham surgir.
Assim, Lacombe e Heilborn (2003) confirmam que, a vantagem do planejamento
pode ser facilmente visualizada quanto à flexibilidade rumo às incertezas e a consciência do
momento certo de que as mudanças poderão ocorrer e qual a melhor forma de realizá-la. Os
autores enfatizam também que de um administrador deve-se esperar ação. Sendo o mesmo
capaz de transmitir segurança e serenidade aos seus subordinados e à organização como um
todo.
Deve-se ainda considerar que tal flexibilidade leve em consideração o mercado de
mão-de-obra, os fornecedores, o sistema financeiro, os sindicatos, a concorrência, a
comunidade, a tecnologia e principalmente os consumidores de serviços.
Portanto, é comum que as organizações passem pelo processo de planejamento
sem se darem conta de que precisarão preparar-se para administrar estrategicamente, pois
administrar estrategicamente significa ser capaz de responder às demandas do presente tendo
em mente o que se planejou para o futuro. Começa a surgir, assim, dentro desse cenário,
modelos de gestão que prevêem a adequação do contexto empresarial para a rápida tomada de
decisões e para atingir os objetivos planejados. No entanto, para se adequar e se adaptar
precisa-se aprender. Não só os indivíduos como também as organizações devem aprender a
adaptar-se ao meio em que vivem, e essas adaptações envolvem modificações a serem feitas
ou a aprendizagem constante como condição de sua própria sobrevivência.
Dentro da abordagem de educação, o autor Maximiano (2006, p.79) afirma que
para a moderna psicologia, o processo de planejamento é uma função cognitiva superior, uma
forma refinada de inteligência. A decisão e a capacidade de lidar com o futuro por meio do
planejamento refletem essa inteligência. Essa inteligência, como todas as outras, pode ser
desenvolvida por meio de educação e experiência.
Assim, destaca-se a importância do aprender que não significa apenas estudar nos
livros, “navegar” na internet, participar de seminários, workshops, palestras ou memorizar
conhecimentos e informações, já que isso tudo faz parte da aquisição de conhecimentos.
Aprendizagem, ou o fato de aprender pode ser entendido como um processo contínuo de
novas formas de conduta ou modificação das formas de conduta anterior: a conduta deverá ser
considerada como nova forma de ação, aquisição ou comportamento. Assim, como processo
permanente e sempre em mutação, o aprender acompanha os indivíduos por toda a vida. Entre
a aprendizagem e a aquisição de conhecimentos, far-se-á distinção necessária, sendo a
primeira a respeito do indivíduo e seu processo e a segunda com a finalidade de aquisição por
si só.
A aprendizagem ajuda o ser humano a estruturar-se livremente sem dogmas
que o aprisionem em sua manifestação de autoconhecimento ou auto-reflexão, estando o
mesmo disposto a rever suas posições, desde que convencido da necessidade de mudanças em
sua forma de pensar e agir, permitindo com isso a abertura às mudanças sem preconceitos,
não somente na captação, mas na análise e na resposta de suas indagações. (CARVALHO,
1999).
Ainda, segundo Carvalho (1999, p.26), “a auto-reflexão (estado consciente do
indivíduo tentando entender a si mesmo) no processo de aprendizagem, permite ao homem
realizar a reorganização e a renovação de sua experiência, essencial à aprendizagem de ser,
levando-o à transformação.” Então, aprender a ser, pressupõe ao ser humano passar por um
processo de modificações o qual seria o produto de várias aprendizagens.
O processo de aprendizagem nas organizações exige, das mesmas e de seus
gestores, habilidades que em outros tempos não eram imaginadas e que agora são
consideradas essenciais: o controle emocional, a empatia, a sociabilidade, saber ouvir e
receber feedback, pois, não basta simplesmente colocar as pessoas juntas para que se alcance
um bom desempenho. Ainda assim, é preciso que a pessoa aprenda como interagir de maneira
a compartilhar informações, confrontar diferenças e a cooperar com os demais.
A aprendizagem, elemento central para o entendimento do comportamento
humano, tem fascinado pensadores desde Platão e Aristóteles. Ainda que o aprendizado seja
definido de diversas maneiras, ressaltam-se na literatura as definições que incluem os
conceitos de mudança comportamental, em que a concepção de "aprender" segue a reboque de
uma experiência.
O autor Maximiano (2006, p.79) diz que o aprendizado e o entendimento em torno
das diferenças individuais se julgam importante em muitos aspectos da administração das
organizações. Compreender como as pessoas são, e como agem, ajuda a preparar e tomar
decisões, bem como trabalhar em grupo, liderar equipes e conviver com colegas de trabalho.
Dentro do contexto de aprendizagem do encontro de novas teorias para a gestão, o
conceito da Aprendizagem Organizacional abre espaço para uma perspectiva administrativa
em prol da integração das equipes de trabalho, das mudanças organizacionais necessárias e da
otimização de processos administrativos, por meio do processo de aprendizagem individual e
coletiva. No entanto, para aprender novos conceitos é preciso se livrar de alguns que já estão
ultrapassados e não servem mais atualmente. Devem-se mudar os paradigmas com vistas ao
desenvolvimento mesmo em períodos de turbulência.
Teóricos do campo da administração desenvolvem assim, perspectivas de
abordagem das novas organizações e apostam na estruturação de uma teoria que privilegia o
pensamento sistêmico e os modelos mentais com o objetivo de criar uma nova filosofia de
vida.
O processo de aprendizagem organizacional solicita não só dotação
orçamentária, mas também, da vontade individual do profissional envolvido e da participação
de toda a organização. Assim, pode se destacar que "o desafio é que esta dinâmica da
aprendizagem precisa estar fundamentada sobre valores básicos, que dêem consistência às
práticas organizacionais" (FLEURY e FLEURY, 1997, p.30).
Um aspecto primordial para se desenvolver as organizações que aprendem é a
formação de equipes, estimulando a ampliação dos conhecimentos de forma democrática e
valorizando por suas contribuições independentemente de sua posição hierárquica.
Para Senge (1998, p.37) as:
Organizações que aprendem são organizações nas quais as pessoas
expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que
realmente desejam, onde se estimulam padrões de pensamentos novos e
abrangentes, a aspiração coletiva ganha liberdade e onde as pessoas
aprendem continuamente a aprender juntas.
Senge (1998) acredita que as organizações que aprendem são possíveis porque
no fundo, todos são aprendizes. Isso é possível não só porque aprender faz parte da natureza
humana, mas, também, porque em meio à concorrência e à competitividade precisa-se
aprender.
Pode-se dizer que a aprendizagem organizacional é gerada a partir da ação
estratégica e da interação entre os componentes da organização existindo uma relação de
dependência entre a cultura e a aprendizagem.
Para estimular um ambiente que conduza à aprendizagem, a prioridade deve ser
dada ao desenvolvimento das pessoas na organização. Assim, “a existência de conhecimento
em algum ponto da organização traz poucos benefícios, ele só será um ativo valioso se for
acessível e seu valor aumenta com o nível de acessibilidade.” (LACOMBE e HEILBORN,
2003, p. 496).
Diante dessa perspectiva, empresas e profissionais tem investido cada vez mais
tempo e dinheiro na aprendizagem. Então, a política de incentivo à atualização e ao
crescimento do compartilhar propicia ao colaborador; o ambiente em que possa aprender e
aplicar aquilo que sabe, diminuindo a chance de buscar um outro ambiente. Chiavenato (1999,
p. 145), está de acordo quando diz que:
[...] a empresa inteligente se baseia em pessoas capazes de contribuir com
sua inteligência e talentos para melhorar continuamente o desempenho da
organização. Para isso é necessário que, para trabalhar, as pessoas utilizem a
cabeça e não simplesmente os músculos.
Entende-se por organizações que aprendem aquelas que são mais flexíveis,
adaptáveis e mais competitivas na medida em que aprendem mais rápido, conseguindo uma
vantagem perante seus concorrentes. Por isso, se o ponto de partida para se tornar uma
organização que aprende está no engajamento de todos os membros da empresa, o passo
seguinte é incorporar as cinco disciplinas de aprendizagem propostas por Senge (1998), que
são:
a) o domínio pessoal: significa aprender a expandir as capacidades pessoais
para obter os resultados almejados e criar um ambiente empresarial que estimule todos os
participantes a alcançar suas metas;
b) os modelos mentais: consiste em refletir, esclarecer continuamente e
melhorar a imagem que cada um tem do mundo, a fim de verificar como moldar atos e
decisões;
c) visão compartilhada: é estimular o engajamento do grupo em relação ao
futuro que se procura criar e elaborar os princípios e as diretrizes que permitirão que esse
futuro seja alcançado;
d) aprendizado em equipe: está em transformar as aptidões coletivas a
pensamento e comunicação, de maneira que grupos de pessoas possam desenvolver
inteligência e capacidades maiores do que a soma dos talentos individuais;
e) pensamento sistêmico: é criar uma forma de analisar e uma linguagem
para descrever as forças e inter-relações que modelam o comportamento dos sistemas, este
permite mudar os sistemas com maior eficácia e agir mais de acordo com os processos do
mundo natural e econômico.
As organizações de um modo geral não aprendem apenas quando se
dispõem. Aprendem também quando a informação e o conhecimento lhes despertam o
interesse e atendam suas expectativas, quando descobrem novas maneiras de fazer as coisas
que já praticavam tendo como base as experiências cotidianas realizadas, elaboram
treinamentos, seminários e palestras em prol das mudanças e principalmente por meio da
aprendizagem de seus membros.
Percebe-se então a importância de as organizações passarem a investir em seus
colaboradores, motivando-os, sejam quais forem os níveis hierárquicos, de forma a alcançar
os resultados almejados. Por isso, passar a investir em pessoas pode ser uma mudança
significativa e estratégica.
Diante desse quadro, a sociedade organizacional deve se transformar cada vez
mais em uma organização capaz de diagnosticar, analisar e resolver seus problemas, sendo
uma organização capaz de aprender.
Mas, apesar de novos pontos de vista surgirem a cada dia é fato inquestionável
que a implantação do modelo é uma responsabilidade da organização e um paradigma a ser
superado pelas empresas, e pelos indivíduos que nela convivem, uma vez que as mudanças
que efetivamente alcançam sucesso são aquelas que envolvem as pessoas e cujo processo de
implantação na organização pode ser continuamente revisto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Hoje, vários são os fatores que atingem as organizações, um deles é o fator
mudança. Com a crescente competitividade, as organizações devem agir rápido, mas para isso
precisam que suas equipes estejam abertas ao processo de aprendizagem. Consegue-se com
isso o entendimento geral entre as partes para que o planejamento se torne mais eficaz e
eficiente, uma vez que com a rapidez com que as decisões devem ser tomadas os gestores
ficam mais seguros quanto às informações e quanto à estabilidade posterior ao processo de
tomada de decisão.
Os problemas de qualidade e a crescente concorrência remetem a um problema
fundamental que é a resistência das organizações ao aprendizado e a conseqüente repetição de
falhas. As organizações devem começar a prestar maior atenção às qualidades de seus
funcionários, como lealdade, motivação, liderança, determinação, entre outros.
Pouquíssimas organizações têm os diferenciais de qualidade em toda a sua estrutura,
pois o mercado se tornou instável, requerendo adaptabilidade das organizações. Entretanto, esse
mesmo mercado está cheio de incontáveis oportunidades para aqueles que compreendem as
dificuldades de aprender as novas maneiras de pensar e de se adaptar a uma era de mudanças que
já surgiu. Os esforços realizados no diálogo das informações entre as pessoas e entre as equipes
em prol do sucesso da organização devem ser edificados por todos os seus colaboradores desde a
alta administração até a base da pirâmide organizacional.
A Aprendizagem Organizacional (AO) é um dos elementos que poderá auxiliar as
empresas nas adversidades, tendo como uma perspectiva administrativa a aprendizagem
individual e coletiva, mas o caminho a ser percorrido não é simples e nem rápido. Deve ser
reforçado que, em um primeiro momento, poderá haver apenas a implantação do processo de
Aprendizagem Organizacional, mas o fundamental estará na mudança de postura e da real
conexão as questões estratégicas da organização. Assim, a Aprendizagem Organizacional é
como um processo de adaptação da empresa ao seu meio ambiente, fazendo com que a
organização realize as adaptações necessárias e de forma consciente, não apenas baseada na
capacidade natural de seus indivíduos. Ela se caracteriza por uma cultura que reconhece o
potencial ilimitado de seus elementos humanos, cultiva a harmonia do grupo, estabelece
expectativas apropriadas, tolera as diferenças e reconhece as habilidades e esforços de cada
indivíduo em torno de um único objetivo organizacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO Vieira Antônio. A aprendizagem organizacional em tempos de mudança.
São Paulo: Pioneira, 1999.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Campus,
1999.
FAVA, Rubens. Caminhos da administração. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
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