RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO 1. NOME DO MEDICAMENTO Irinotecano medac 20 mg/ml, Concentrado para solução para perfusão 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Um mililitro do concentrado para solução para perfusão contém 20 mg de cloridrato de irinotecano tri-hidratado, equivalente a17,33 mg de irinotecano. Cada frasco para injectáveis de 2 ml contém 40 mg de cloridrato de irinotecano tri-hidratado (40 mg/2 ml). Cada frasco para injectáveis de 5 ml contém 100 mg de cloridrato de irinotecano tri-hidratado (100 mg/5 ml). Cada frasco para injectáveis de 15 ml contém 300 mg de cloridrato de irinotecano tri-hidratado (300 mg/15 ml). Excipientes: Sorbitol (E420). Lista completa de excipientes, ver secção 6.1. 3. FORMA FARMACÊUTICA Concentrado para solução para perfusão. Uma solução ligeiramente amarela. pH 3,0 – 3,8 4. INFORMAÇÕES CLÍNICAS 4.1 Indicações terapêuticas Irinotecano medac está indicado para o tratamento de doentes com cancro colo-rectal avançado ● ● como monoterapia em doentes nos quais falhou um regime de tratamento estabelecido contendo 5-fluorouracilo. em combinação com 5-fluorouracilo e ácido folínico em doentes sem quimioterapia prévia para a doença avançada. Irinotecano medac em combinação com o cetuximab está indicado para o tratamento de doentes com cancro colo-rectal metástico com expressão do receptor do factor de crescimento epidérmico (EGFR), após a falha de uma terapêutica citotóxica que incluía o irinotecano. Irinotecano medac em combinação com 5-fluorouracilo, ácido folínico e bevacizumab está indicado como tratamento de primeira linha para doentes com carcinoma metástico do cólon ou do recto. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 4.2 Posologia e modo de administração Apenas para administração a adultos. Após a diluição, a solução para perfusão de irinotecano deve ser administrada numa veia periférica ou central. Posologia recomendada Em monoterapia (para doentes tratados previamente): A dosagem recomendada de irinotecano é de 350 mg/m², administrada como perfusão intravenosa durante um período de 30 – 90 minutos, de três em três semanas (ver secções 4.4 e 6.6). Em terapêutica combinada (para doentes não tratado previamente): A segurança e a eficácia do irinotecano em combinação com 5-fluorouracilo (5-FU) e ácido folínico (AF) foram avaliadas com o seguinte esquema (ver secção 5.1). Irinotecano mais 5-FU/AF de duas em duas semanas: A dose recomendada de irinotecano é de 180 mg/m², administrada uma vez de duas em duas semanas, como perfusão intravenosa, durante um período de 30 – 90 minutos, seguida de uma perfusão de ácido folínico e de 5-fluorouracilo. Para a posologia e modo de administração de cetuximab concomitante, consulte a informação de prescrição deste medicamento. Normalmente, é utilizada a mesma dose de irinotecano, administrada nos últimos ciclos do regime anterior que continha irinotecano. O irinotecano não deve ser administrado antes de ter passado uma hora após o final da perfusão do cetuximab. Para a posologia e modo de administração do bevacizumab, consulte o respectivo Resumo das Características do Medicamento. Ajustes de posologia O irinotecano deverá ser administrado após a recuperação apropriada de todos os eventos adversos para o grau 0 ou 1 da classificação NCI-CTC (Critérios de Toxicidade Comum do Instituto Nacional do Cancro, EUA - National Cancer Institute Common Toxicity Criteria) e quando a diarreia relacionada com o tratamento estiver totalmente resolvida. No início de uma subsequente perfusão terapêutica, a dose de irinotecano e de 5-FU, quando aplicável, deverá ser reduzida de acordo com o pior grau de eventos adversos observados na perfusão anterior. O tratamento deverá ser adiado 1 – 2 semanas para o doente recuperar dos eventos adversos relacionados com o tratamento. Com os seguintes eventos adversos, deverá ser aplicada uma redução da dose de 15 – 20 % para o irinotecano e/ou 5-FU, quando aplicável. ● Toxicidade hematológica (neutropenia de grau 4, neutropenia febril [neutropenia de grau 3 – 4 e febre de grau 2 – 4], trombocitopenia e leucocitopenia [grau 4]). ● Toxicidade não hematológica (grau 3 – 4). Devem ser seguidas as recomendações para modificação da dose de cetuximab, quando administrado em combinação com o irinotecano, de acordo com a informação de prescrição desse medicamento. Consulte o Resumo das Características do Medicamento do bevacizumab para modificações da dose deste medicamento, quando administrado em combinação com o irinotecano/5-FU/AF. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Duração do tratamento O tratamento com irinotecano deverá ser continuado até ocorrer uma toxicidade inaceitável ou até a doença se agravar. Populações especiais Doentes com insuficiência hepática Em monoterapia: Os níveis de bilirrubina no sangue (até 3 vezes o limite superior do intervalo normal [LSN]), em doentes com performance status da OMS de ≤ 2, devem determinar a dose inicial de irinotecano. Nestes doentes com hiperbilirrubinemia e tempo de protrombina superior a 50 %, a depuração do irinotecano está diminuída (ver secção 5.2) e, portanto, o risco de hematotoxicidade está aumentado. Assim, devem ser feitas monitorizações semanais do hemograma completo na população de doentes. ● Em doentes com valores de bilirrubina até 1,5 vezes o LSN, a dose recomendada de irinotecano é de 350 mg/m². ● Em doentes com valores de bilirrubina entre 1,5 e 3 vezes o LSN, a dose recomendada de irinotecano é de 200 mg/m². ● Os doentes com valores de bilirrubina superiores a 3 vezes o LSN, não deverão ser tratados com irinotecano (ver secções 4.3 e 4.4). Não estão disponíveis dados de doentes com insuficiência hepática tratados com irinotecano em combinação. Doentes com insuficiência renal Não se recomenda a administração de irinotecano em doentes com insuficiência renal, pois não foram realizados estudos nesta população (ver secções 4.4 e 5.2). Idosos Não foram realizados estudos farmacocinéticos específicos em idosos. No entanto, a dose deve ser definida cuidadosamente nesta população, dada a maior frequência de deterioração das funções biológicas. Esta população de doentes necessita de uma vigilância mais intensa (ver secção 4.4). spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 4.3 Contra-indicações ● Doença inflamatória crónica do intestino e/ou obstrução intestinal (ver secção 4.4). ● Hipersensibilidade grave ao cloridrato de irinotecano tri-hidratado ou a qualquer um dos excipientes de Irinotecano medac. ● Gravidez e aleitamento (ver secções 4.4 e 4.6). ● Bilirrubina > 3 vezes o LSN (ver secção 4.4). ● Insuficiência medular grave. ● Performance status da OMS > 2. ● Utilização concomitante de hipericão (ver secção 4.5). Para contra-indicações adicionais do cetuximab ou do bevacizumab, consulte a informação de prescrição destes medicamentos. 4.4 Advertências e precauções especiais de utilização A utilização do irinotecano deve estar confinada a unidades especializadas na administração de quimioterapia citotóxica e só deve ser administrado sob supervisão de um médico qualificado na utilização de quimioterapia antineoplásica. Dada a natureza e a incidência de eventos adversos, o irinotecano só será prescrito nos seguintes casos, após avaliação dos benefícios esperados e dos possíveis riscos terapêuticos: ● Em doentes com um factor de risco, particularmente os que apresentam um performance status da OMS = 2. ● Nos poucos casos raros em que é considerado improvável que os doentes respeitem as recomendações respeitantes ao tratamento dos eventos adversos (necessidade de tratamento antidiarreico imediato e prolongado associado a uma elevada ingestão de líquidos, aquando do aparecimento de diarreia tardia). É recomendada uma vigilância hospitalar rigorosa para esses doentes. Quando o irinotecano é utilizado em monoterapia, é normalmente prescrito com o esquema posológico de três em três semanas. No entanto, o esquema posológico semanal (ver secção 5.1) poderá ser considerado em doentes que possam precisar de um seguimento mais apertado ou que estejam em particular risco de neutropenia grave. Diarreia tardia Os doentes deverão estar cientes do risco da ocorrência de diarreia tardia, passadas mais de 24 horas após a administração do irinotecano e em qualquer altura antes do ciclo seguinte. Na monoterapia, o tempo médio para o aparecimento das primeiras fezes líquidas foi o dia 5, após a perfusão de irinotecano. Os doentes deverão informar rapidamente o seu médico desta ocorrência e iniciar de imediato a terapêutica adequada. Os doentes com um risco aumentado de diarreia são os que efectuaram anteriormente radioterapia pélvica/abdominal, os que apresentavam hiperleucocitose antes do início do tratamento, os que tinham um performance status da OMS ≥ 2 e as mulheres. Se não for tratada adequadamente, a diarreia pode pôr a vida do doente em risco, especialmente se este também estiver neutropénico. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Assim que ocorrerem as primeiras fezes líquidas, o doente deve começar a ingerir grandes quantidades de bebidas contendo electrólitos e deve ser iniciada imediatamente uma terapêutica antidiarreica apropriada. Este tratamento antidiarreico será prescrito pelo serviço onde o irinotecano tiver sido administrado. Depois da alta hospitalar, os doentes deverão adquirir os medicamentos prescritos para poderem tratar a diarreia assim que ocorrer. Além disso, devem informar o seu médico ou o serviço onde lhes é administrado o irinotecano quando/se a diarreia ocorrer. O tratamento antidiarreico recomendado actualmente consiste em doses elevadas de loperamida (4 mg para a primeira toma e depois 2 mg, de 2 em 2 horas). Esta terapêutica deverá continuar durante 12 horas, depois das últimas fezes líquidas, e não deverá ser modificada. Nunca se deverá administrar loperamida durante mais de 48 horas consecutivas nestas doses, devido ao risco de íleo paralítico, nem durante menos de 12 horas. Além do tratamento antidiarreico, deverá ser administrado profilacticamente um antibiótico de largo espectro, quando a diarreia está associada a uma neutropenia grave (número de neutrófilos < 500 células/mm³). Além do tratamento antibiótico, recomenda-se a hospitalização para o tratamento da diarreia, nos seguintes casos: ● Diarreia associada a febre ● Diarreia grave (necessitando de hidratação intravenosa) ● Diarreia persistente há mais de 48 horas, depois do início da terapêutica com doses elevadas de loperamida. A loperamida não deverá ser administrada profilacticamente, nem mesmo em doentes que tiveram diarreia tardia em ciclos anteriores. Nos doentes que tiveram diarreia grave, recomenda-se uma redução da dose para os ciclos seguintes (ver secção 4.2). Hematologia Recomenda-se a monitorização do hemograma completo durante o tratamento com irinotecano. Os doentes deverão estar cientes do risco de neutropenia e da relevância da febre. A neutropenia febril (temperatura > 38°C e número de neutrófilos ≤ 1000/mm³) deve ser tratada urgentemente num hospital com antibióticos intravenosos de largo espectro. Nos doentes que apresentaram eventos hematológicos graves, recomenda-se uma redução da dose para a administração subsequente (ver secção 4.2). Há um risco acrescido de infecções e de toxicidade hematológica nos doentes com diarreia grave. Em doentes com diarreia grave, deverá ser realizado um hemograma completo. Doentes com reduzida actividade da uridina difosfato glucuronosiltransferase (UGT1A1) O SN-38 é desintoxicado pela UGT1A1 para glucorónido do SN-38. Os indivíduos com uma deficiência congénita da UGT1A1 (Síndrome de Crigler-Najjar de tipo 1 e 2 ou indivíduos que são homozigóticos para o alelo UGT1A1*28 [Síndrome de Gilbert]) têm um risco acrescido de serem vítimas da toxicidade do irinotecano. Deve ser considerada uma dose inicial reduzida para estes doentes. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Insuficiência hepática Deverão ser feitas análises à função hepática antes do início do tratamento e antes de cada ciclo. Deverão ser feitas monitorizações semanais dos hemogramas completos em doentes que tenham a bilirrubina entre 1,5 e 3 vezes o LSN, devido à diminuição da depuração de irinotecano (ver secção 5.2) e, por conseguinte, ao risco acrescido de toxicidade hematológica nesta população. No caso dos doentes com uma bilirrubina > 3 vezes o LSN, ver secção 4.3. Náuseas e vómitos Recomenda-se a utilização de um tratamento profiláctico com antieméticos antes de cada tratamento com irinotecano. Têm sido comunicados frequentemente casos de náuseas e vómitos. Os doentes com vómitos associados a diarreia tardia devem ser hospitalizados para tratamento assim que possível. Síndrome colinérgica aguda Se surgir a síndrome colinérgica aguda (definida como diarreia precoce e vários outros sintomas, como suores, dores abdominais, lacrimejo, miose e hipersalivação), deverá ser administrado sulfato de atropina (0,25 mg por via subcutânea), a não ser se tal estiver clinicamente contra-indicado (ver secção 4.8). Deve-se ter uma atenção especial em doentes com asma. Em doentes que experimentaram uma síndrome colinérgica aguda e grave, recomenda-se a utilização profiláctica de sulfato de atropina com as doses subsequentes de irinotecano. Perturbações respiratórias A doença pulmonar intersticial que se apresenta como infiltrados pulmonares é pouco frequente durante a terapêutica com irinotecano. A doença pulmonar intersticial pode ser fatal. Os factores de risco possivelmente associados ao desenvolvimento da doença pulmonar intersticial incluem a utilização de medicamentos pneumotóxicos, radioterapia e factores estimulantes de colónia. Os doentes com factores de risco devem ser alvo de uma monitorização rigorosa, relativamente a sintomas respiratórios antes e durante a terapêutica com irinotecano. Idosos Devido à maior frequência de funções biológicas diminuídas, em particular da função hepática, em doentes idosos, a selecção da dose de irinotecano deverá ser particularmente cuidadosa nesta população (ver secção 4.2). Doentes com obstrução intestinal Os doentes não devem ser tratados com irinotecano até à resolução da obstrução intestinal (ver secção 4.3). Doentes com insuficiência renal Não foram realizados estudos nesta população (ver secções 4.2 e 5.2). Outras Como este medicamento contém sorbitol, os doentes com problemas hereditários raros de intolerância à frutose não devem tomar este medicamento. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Foram observados casos pouco frequentes de insuficiência renal, hipotensão ou insuficiência circulatória em doentes que sofreram episódios de desidratação associada à diarreia e/ou vómitos, ou sepsia. Devem ser tomadas medidas contraceptivas durante e pelo menos 3 meses após o fim da terapêutica (ver secção 4.6). A administração concomitante de irinotecano com um forte inibidor (como por exemplo, o cetoconazol) ou indutor (como por exemplo, a rifampicina, a carbamazepina, o fenobarbital, a fenitoína, o hipericão) do citocromo P450 3A4 (CYP3A4) pode alterar o metabolismo do irinotecano e deve ser evitada (ver secção 4.5). 4.5 Interacções medicamentosas e outras formas de interacção A interacção entre o irinotecano e os agentes bloqueadores neuromusculares não pode ser excluída. Como o irinotecano possui actividade anticolinesterase, os efeitos de bloqueio neuromuscular do suxametónio poderão ser prolongados e o bloqueio neuromuscular dos fármacos não despolarizantes poderá ser antagonizado. Vários estudos demonstraram que a administração concomitante de fármacos anticonvulsivantes indutores do CYP3A (como por exemplo, a carbamazepina, o fenobarbital ou a fenitoína) leva a uma diminuição da exposição ao irinotecano, ao SN-38 e ao glucorónido do SN-38 e a uma redução dos efeitos farmacodinâmicos. Os efeitos desses fármacos anticonvulsivantes reflectiram-se numa diminuição da AUC do SN-38 e do glucorónido do SN-38 na ordem dos 50 % ou mais. Além da indução das enzimas do citocromo P450 3A, a glucuronidação e a excreção biliar aumentadas poderão desempenhar um papel na diminuição da exposição ao irinotecano e aos seus metabolitos. Um estudo demonstrou que a co-administração de cetoconazol resultou numa diminuição da AUC do principal metabolito oxidativo APC de 87 % e num aumento da AUC do SN-38 de 109 % em comparação com o irinotecano administrado isoladamente. Deverão ser tomado cuidados especiais nos doentes que estão a tomar concomitantemente fármacos já reconhecidos como inibidores (como por exemplo, o cetoconazol) ou indutores (como por exemplo, a rifampicina, a carbamazepina, o fenobarbital e a fenitoína) do metabolismo dos fármacos via CYP3A4. A administração concomitante do irinotecano com um inibidor/indutor desta via metabólica poderá alterar o metabolismo do irinotecano e deverá ser evitada (ver secção 4.4). Num pequeno estudo farmacocinético (n = 5), no qual se co-administrou 350 mg de irinotecano/m² com 900 mg de hipericão (Hypericum perforatum), observou-se uma redução de 42 % nas concentrações plasmáticas do metabolito activo do irinotecano, SN-38. O hipericão diminui os níveis plasmáticos do SN-38. Por conseguinte, o hipericão não deverá ser administrado com o irinotecano (ver secção 4.3). A co-administração de 5-fluorouracilo/ácido folínico, em regimes combinados, não altera a farmacocinética do irinotecano. Não existem indícios de que o perfil de segurança do irinotecano é influenciado pelo cetuximab ou vice-versa. Num estudo, as concentrações de irinotecano foram semelhantes em doentes que receberam irinotecano/5-FU/AF isoladamente e em combinação com o bevacizumab. As concentrações de SN-38 – o metabolito activo do irinotecano – foram analisadas num subconjunto de doentes (aproximadamente, 30 por braço de tratamento). As concentrações de SN-38 foram, em média, 33% superiores nos doentes que receberam irinotecano/5-FU/AF em combinação com bevacizumab, comparativamente aos que receberam só irinotecano/5-FU/AF. Devido à elevada variabilidade entre spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 os doentes e ao tamanho limitado da amostra, não há certeza se o aumento observado dos níveis de SN-38 se deveu ao bevacizumab. Verificou-se um pequeno aumento dos eventos adversos de diarreia e de leucopenia. Foram referidas mais reduções da dose de irinotecano para os doentes que recebem irinotecano/5-FU/AF em combinação com o bevacizumab. Os doentes que desenvolvem diarreia, leucopenia ou neutropenia graves com a combinação de bevacizumab e irinotecano devem ter modificações da dose de irinotecano, como especificado na secção 4.2. 4.6 Gravidez e aleitamento Gravidez Não existem dados sobre a utilização de irinotecano em mulheres grávidas. Foi demonstrado que o irinotecano é embriotóxico, fetotóxico e teratogénico em coelhos e ratos. Por conseguinte, não deve ser utilizado durante a gravidez (ver secções 4.3 e 4.4). Mulheres em risco de engravidar As mulheres em risco de engravidar e os homens deverão utilizar um método contraceptivo eficaz durante e até três meses após o tratamento. As mulheres deverão informar imediatamente o médico responsável caso ocorra uma gravidez (ver secções 4.3 e 4.4). Aleitamento Em ratos fêmea lactantes, foi detectado 14C-irinotecano no leite. Desconhece-se se o irinotecano é excretado no leite humano. Por conseguinte, devido ao potencial de reacções adversas nos lactentes, a amamentação deve ser interrompida durante a terapêutica com irinotecano (ver secção 4.3). 4.7 Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas Os doentes deverão ser alertados sobre o potencial para tonturas e perturbações visuais que podem ocorrer nas 24 horas após a administração de irinotecano e ser aconselhados a não conduzir nem utilizar máquinas, caso ocorram esses sintomas. 4.8 Efeitos indesejáveis Os efeitos indesejáveis descritos nesta secção referem-se ao irinotecano. Não existem indícios de que o perfil de segurança do irinotecano é influenciado pelo cetuximab ou vice-versa. Em combinação com o cetuximab, os efeitos indesejáveis adicionais descritos foram os esperados com o cetuximab (como por exemplo, erupção cutânea acneiforme em 88 % dos doentes). Portanto, consulte também a informação de prescrição do cetuximab. Para informação sobre as reacções adversas em combinação com o bevacizumab, consulte o respectivo Resumo das Características do Medicamento. Foram referidas as seguintes reacções adversas consideradas como possivelmente ou provavelmente relacionadas com a administração de irinotecano, com base nos 765 doentes tratados com a dose recomendada de 350 mg/m² em monoterapia e nos 145 doentes tratados com irinotecano em terapêutica combinada com 5-FU/AF, num esquema de 2 em 2 semanas, com a dose recomendada de 180 mg/m². spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 As reacções adversas mais frequentes (≥ 1/10), limitando a dose de irinotecano, são diarreia tardia (ocorrendo mais de 24 horas após a administração) e doenças do sangue, incluindo neutropenia, anemia e trombocitopenia. Foi observada uma síndrome colinérgica aguda transitória comummente grave. Os principais sintomas foram definidos como diarreia precoce e vários outros sintomas, como dor abdominal, conjuntivite, rinite, hipotensão, vasodilatação, sudação, arrepios, mal-estar, tonturas, perturbações visuais, miose, lacrimejo e hipersalivação durante ou nas primeiras 24 horas após a perfusão de irinotecano concentrado para solução para perfusão. Estes sintomas desaparecem após a administração de atropina (ver secção 4.4). Diarreia tardia Em monoterapia: A diarreia grave foi observada em 20 % dos doentes que seguiram as recomendações para o tratamento da diarreia. Dos ciclos avaliáveis, ocorreu diarreia grave em 14 %. O tempo médio para o aparecimento das primeiras fezes líquidas foi o dia 5 após a perfusão de irinotecano. Em terapêutica combinada: A diarreia grave foi observada em 13,1 % dos doentes que seguiram as recomendações para o tratamento da diarreia. Dos ciclos avaliáveis, ocorreu diarreia grave em 3,9 %. Doenças do sangue Neutropenia A neutropenia foi reversível e não cumulativa. O tempo médio para o valor mais baixo foi 8 dias, independentemente da utilização em monoterapia ou em terapêutica combinada. Em monoterapia: A neutropenia foi observada em 78,7 % dos doentes e foi grave (número de neutrófilos < 500/mm³) em 22,6 % dos doentes. Dos ciclos avaliáveis, em 18 % verificou-se um número de neutrófilos < 1.000/mm³, incluindo 7,6 % com um número de neutrófilos < 500/mm³. A recuperação total foi geralmente atingida no dia 22. Foi relatada febre com neutropenia grave em 6,2 % dos doentes e em 1,7 % dos ciclos. Ocorreram episódios de infecção em cerca de 10,3 % dos doentes (2,5 % dos ciclos), os quais foram associados à neutropenia grave em cerca de 5,3 % dos doentes (1,1 % dos ciclos), e resultaram em morte em 2 casos. Em terapêutica combinada: A neutropenia foi observada em 82,5 % dos doentes e foi grave (número de neutrófilos < 500/mm³) em 9,8 % dos doentes. Dos ciclos avaliáveis, em 67,3 % verificou-se um número de neutrófilos < 1.000/mm³, incluindo 2,7 % com um número de neutrófilos < 500/mm³. A recuperação total foi geralmente atingida no dia 7 – 8. Foi relatada febre com neutropenia grave em 3,4 % dos doentes e em 0,9 % dos ciclos. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Ocorreram episódios de infecção em cerca de 2 % dos doentes (0,5 % dos ciclos), os quais foram associados à neutropenia grave em cerca de 2,1 % dos doentes (0,5 % dos ciclos), e resultaram em morte num caso. Anemia Em monoterapia: Foi relatada anemia em cerca de 58,7 % dos doentes (8 % com hemoglobina < 80 g/dl e 0,9 % com hemoglobina < 6,5 g/dl). Em terapêutica combinada: Foi relatada anemia em 97,2 % dos doentes (2,1 % com hemoglobina < 80 g/dl). Trombocitopenia Em monoterapia: Foi observada trombocitopenia (< 100.000 plaquetas/mm³) em 7,4 % dos doentes e 1,8 % dos ciclos com 0,9 % dos doentes que apresentavam ≤ 50.000 plaquetas/mm³ e 0,2 % dos ciclos. Quase todos os doentes apresentavam uma recuperação no dia 22. Em terapêutica combinada: Foi observada trombocitopenia (< 100.000 plaquetas/mm³) em 32,6 % dos doentes e 21,8 % dos ciclos. Não foi observada trombocitopenia grave (< 50.000 plaquetas/mm³). Foi relatado um caso de trombocitopenia periférica com anticorpos antiplaquetários, nos estudos de pós-comercialização. Os efeitos secundários foram resumidos na seguinte tabela de acordo com as frequências de MedDRA. Os efeitos indesejáveis são apresentados por ordem decrescente de gravidade dentro de cada classe de frequência. Muito frequentes: Frequentes: Pouco frequentes: Raros: Muito raros: ≥ 1/10 ≥ 1/100, < 1/10 ≥ 1/1.000, < 1/100 ≥ 1/10.000, < 1/1.000 < 1/10.000), desconhecido (não pode ser calculado a partir dos dados disponíveis) Sistema de órgãos Frequência Efeitos secundários Doenças gastrointestinais Muito ● Diarreia tardia grave frequentes ● Náuseas e vómitos graves, em caso de monoterapia Frequentes ● Náuseas e vómitos graves, em caso de terapêutica combinada ● Episódios de desidratação (associada à diarreia e/ou vómitos) ● Obstipação relacionada com o irinotecano e/ou a loperamida Pouco ● Colite pseudomembranosa (uma das quais foi documentada frequentes bacteriologicamente: Clostridium difficile) ● Insuficiência renal, hipotensão ou falência cardiocirculatória, como consequência da desidratação associada à diarreia e/ou vómitos ● Obstrução intestinal, íleo, hemorragia gastrointestinal Raros ● Colite, incluindo tiflite, colite isquémica e ulcerosa ● Perfuração intestinal Outros efeitos ligeiros incluem anorexia, dor abdominal e mucosite ● ● Pancreatite sintomática ou assintomática spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Sistema de órgãos Frequência Efeitos secundários Doenças do sangue e do sistema linfático Muito ● Neutropenia (reversível e não cumulativa) frequentes ● Anemia Trombocitopenia, em caso de terapêutica combinada ● ● Episódios de infecção, em caso de monoterapia Frequentes ● Neutropenia febril ● Episódios de infecção, em caso de terapêutica combinada Episódios de infecção associados à neutropenia grave, resultando em morte ● em três casos ● Trombocitopenia, em caso de monoterapia Muito raros ● Foi relatado um caso de trombocitopenia periférica com anticorpos antiplaquetários. Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneas Muito ● Alopécia (reversível) frequentes Pouco ● Reacções cutâneas ligeiras frequentes Perturbações gerais e alterações no local de administração Muito ● Febre na ausência de infecção e sem neutropenia grave concomitante, em frequentes caso de monoterapia Frequentes ● Febre na ausência de infecção e sem neutropenia grave concomitante, em caso de terapêutica combinada ● Síndrome colinérgica aguda transitória grave (Os principais sintomas foram definidos como diarreia precoce e vários outros sintomas, como dor abdominal, conjuntivite, rinite, hipotensão, vasodilatação, sudação, arrepios, mal-estar geral, tonturas, perturbações visuais, miose, lacrimejo e hipersalivação.) ● Astenia Pouco ● Reacções no local da perfusão frequentes Exames complementares de diagnóstico Muito ● Em terapêutica combinada, foram observados aumentos transitórios nos frequentes níveis séricos (graus 1 e 2) das transaminases, fosfatase alcalina ou bilirrubina, na ausência de metástases hepáticas progressivas. Frequentes ● Em monoterapia, foram observados aumentos transitórios ligeiros a moderados nos níveis séricos das transaminases, fosfatase alcalina ou bilirrubina, na ausência de metástases hepáticas progressivas. ● Em terapêutica combinada, níveis séricos transitórios de grau 3 de bilirrubina ● Aumentos transitórios ligeiros e moderados dos níveis séricos da creatinina Raros ● Hipocalemia e hiponatremia Muito raros ● Aumentos da amilase e/ou lipase Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino Pouco ● Doença pulmonar intersticial que se apresenta como infiltrados pulmonares frequentes ● Efeitos precoces, como dispneia Doenças do sistema imunitário Pouco ● Reacções alérgicas ligeiras frequentes Raros ● Reacções anafilácticas/anafilactóides Infecções e infestações Pouco ● Foi observada insuficiência renal, hipotensão ou falência cardiocirculatória frequentes em doentes que sofreram sepsia. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Sistema de órgãos Frequência Efeitos secundários Cardiopatias Raros ● Hipertensão durante ou após a perfusão Afecções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos Raros ● Efeitos precoces, como contracção muscular ou cãibras e paraestesia Doenças do sistema nervoso Muito raros ● Deficiências transitórias da fala Doenças do metabolismo e da nutrição Muito raros ● Síndrome da lise tumoral 4.9 Sobredosagem Há referência a casos de sobredosagem com doses até aproximadamente o dobro da dose terapêutica recomendada, que poderão ser fatais. As reacções adversas mais significativas referidas foram neutropenia e diarreia graves. Não existe nenhum antídoto conhecido para o irinotecano. Devem ser instituídas todas as medidas de suporte para evitar a desidratação, causada pela diarreia, e para tratar qualquer complicação infecciosa. 5. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS 5.1 Propriedades farmacodinâmicas Grupo farmacoterapêutico: 16.1.4. Medicamentos antineoplásicos e imunomodeladores. Citotóxicos. Inibidores da topoisomerase I. Código ATC: L01XX19 Dados experimentais O irinotecano é um derivado semi-sintéctico da camptotecina. É um agente antineoplásico que actua como um inibidor específico da topoisomerase I do ADN. É metabolizado pela carboxilesterase na maioria dos tecidos a SN-38, que se verificou ser mais activo do que o irinotecano em topoisomerase I purificada e mais citotóxico do que o irinotecano contra várias linhas de células tumorais murinas e humanas. A inibição da topoisomerase I do ADN pelo irinotecano ou pelo SN-38 induz lesões do ADN numa única cadeia que bloqueiam a forquilha de replicação do ADN e são responsáveis pela citotoxicidade. Descobriu-se que esta actividade citotóxica é dependente do tempo e é específica da fase S. In vitro, o irinotecano e o SN-38 não foram significativamente reconhecidos pela glicoproteína-P da RMF (resistência a múltiplos fármacos) e apresentam actividades citotóxicas contra linhas celulares resistentes à doxorrubicina e à vinblastina. Além disso, o irinotecano possui uma ampla actividade antitumoral in vivo contra modelos tumorais murinos (adenocarcinoma pancreático ductal P03, adenocarcinoma mamário MA16/C, adenocarcinomas do cólon C38 e C51) e contra xenotransplantes humanos (adenocarcinoma do cólon Co-4, adenocarcinoma mamário Mx-1, adenocarcinomas gástricos ST-15 e SC-16). O irinotecano também é activo contra tumores que expressam a glicoproteína-P da RMF (leucemia P388 resistente à vincristina e à doxorrubicina). Além da sua actividade antitumoral, o efeito farmacológico mais relevante do irinotecano é a inibição da acetilcolinesterase. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Dados clínicos Em monoterapia Foram realizados estudos clínicos de fase II/III em mais de 980 doentes com o esquema posológico de 3 em 3 semanas, em caso de cancro colo-rectal metastático, nos quais falhou um regime anterior de 5-FU. A eficácia do irinotecano foi avaliada em 765 doentes com progressão documentada com 5-FU à entrada no estudo. Estudos de Fase III Número de doentes SSP aos 6 meses [%] Sobrevivência aos 12 meses [%] Sobrevivência média [meses] Irinotecano versus melhores cuidados paliativos (MCP) Irinotecan MCP valor P o 183 90 NA NA 36,2 13,8 0,0001 9,2 6,5 0,0001 Irinotecano versus 5-fluorouracilo (5-FU) Irinotecan 5-FU valor P o 127 129 33,5 26,7 0,03 44,8 32,4 0,0351 10,8 8,5 0,0351 SSP = sobrevivência sem progressão; NA = não aplicável Nos estudos de fase II, realizados em 455 doentes com o esquema posológico de 3 em 3 semanas, a sobrevivência sem progressão aos 6 meses foi de 30 % e a sobrevivência mediana foi de 9 meses. O tempo médio para a progressão foi de 18 semanas. Adicionalmente, foram realizados estudos não comparativos de fase II em 304 doentes tratados com um regime de esquema semanal, com uma dose de 125 mg/m², administrada como perfusão intravenosa de 90 minutos, durante 4 semanas consecutivas e seguidas de 2 semanas de repouso. Nestes estudos, o tempo médio para a progressão foi de 17 semanas e a sobrevivência média foi de 10 meses. Foi observado um perfil de segurança semelhante no esquema semanal, em 193 doentes, com a dose inicial de 125 mg/m², comparativamente ao esquema posológico de 3 em 3 semanas. O tempo médio para o aparecimento das primeiras fezes líquidas foi o dia 11. Em terapêutica combinada Foi realizado um estudo de fase III em 385 doentes com cancro colo-rectal metastático que, anteriormente, não tinham feito qualquer tratamento e que foram tratados com os regimes de esquema de 2 em 2 semanas (ver secção 4.2) ou com o esquema semanal. No esquema de 2 em 2 semanas, no dia 1, a administração de uma dose de 180 mg de irinotecano/m², uma vez de 2 em 2 semanas, é seguida pela perfusão de ácido folínico (200 mg/m² durante uma perfusão intravenosa de 2 horas) e de 5-fluorouracilo (400 mg/m² num bólus intravenoso, seguido de 600 mg/m² numa perfusão intravenosa de 22 horas). No dia 2, o ácido folínico e o 5-fluorouracilo são administrados nas mesmas doses e esquemas. No esquema semanal, a administração de irinotecano na dose de 80 mg/m² é seguida pela perfusão de ácido folínico (500 mg/m² numa perfusão intravenosa de 2 horas) e, depois, por 5-fluorouracilo (2.300 mg/m² numa perfusão intravenosa de 24 horas) durante 6 semanas. No ensaio da terapêutica combinada com os 2 regimes acima descritos, a eficácia do irinotecano foi avaliada em 198 doentes tratados. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Taxa de resposta [%] valor P Tempo médio para a progressão [meses] valor P Duração média da resposta [meses] valor P Duração média da resposta e estabilização [meses] valor P Tempo médio para o tratamento deixar de funcionar [meses] valor P Sobrevivência média [meses] valor P * Regimes combinados (n = 198) Irinotecano 5-FU/AF + 5-FU/AF 40,8* 23,1* Regime semanal (n = 50) Irinotecano 5-FU/AF + 5-FU/AF 51,2* 28,6* Regime de 2 em 2 semanas (n = 148) Irinotecano 5-FU/AF + 5-FU/AF 37,5* 21,6* < 0,001 0,045 0,005 6,7 4,4 7,2 < 0,001 9,3 8,9 NS < 0,001 8,5 19,2 NS 5,6 0,003 5,0 5,1 14,1 < 0,001 15,6 13,0 NS 14,0 9,5 NS 6,7 5,4 0,0014 0,028 9,3 NS 3,8 16,8 6,7 8,3 3,7 0,001 0,043 6,2 5,3 6,5 NS 8,8 8,6 6,5 3,0 0,041 de acordo com a análise da população por protocolo; 5-FU = 5-fluorouracilo; AF = ácido folínico; NS = não significativo No esquema semanal, a incidência de diarreia grave foi de 44,4 % em doentes tratados com o irinotecano em combinação com 5-FU/AF e de 25,6 % em doentes tratados apenas com 5-FU/AF. A incidência de neutropenia grave (número de neutrófilos < 500/mm³) foi de 5,8 % em doentes tratados com irinotecano em combinação com 5-FU/AF e de 2,4 % em doentes tratados apenas com 5-FU/AF. Adicionalmente, o tempo médio para o agravamento definitivo do performance status foi significativamente maior no grupo de combinação com o irinotecano do que no grupo só de 5-FU/AF (p = 0,046). A qualidade de vida foi avaliada neste estudo de fase III utilizando o questionário EORTC QLQ-C30. O tempo para o agravamento definitivo ocorreu constantemente mais tarde nos grupos do irinotecano. A evolução do Estado Global de Saúde/Qualidade de Vida foi ligeiramente melhor no grupo de combinação com o irinotecano, embora não de um modo significativo, demonstrando que a eficácia do irinotecano em combinação pôde ser alcançada sem afectar a qualidade de vida. Em combinação com o cetuximab A eficácia da associação de cetuximab com irinotecano foi investigada em dois estudos clínicos. Um total 356 doentes com cancro colo-rectal metastático com expressão do EGFR, nos quais a terapêutica citotóxica que incluía o irinotecano tinha deixado de funcionar há pouco tempo e que tinham, no mínimo, um performance status de Karnofsky de 60 %, mas a maioria dos quais tinha um performance status de Karnofsky ≥ 80 %, receberam o tratamento combinado. EMR 62 202-007: Este estudo aleatório comparou a combinação de cetuximab e de irinotecano (218 doentes) com a monoterapia com cetuximab (111 doentes). spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 IMCL CP02-9923: Este estudo com um único braço sem ocultação investigou a terapêutica combinada em 138 doentes. Os dados de eficácia destes estudos estão resumidos na seguinte tabela. Estudo n Cetuximab + irinotecano EMR 62 202-007 218 IMCL CP02-9923 138 Cetuximab EMR 62 202-007 111 TRO n [%] 95 % IC TCD n [%] 95 % IC SSP (meses) Média 95 % IC 50 (22,9) 21 (15,2) 17,5; 29,1 9,7; 22,3 121 (55,5) 84 (60,9) 48,6; 62,2 52,2; 69,1 4,1 12 (10,8) 5,7; 18,1 36 (32,4) 23,9; 42,0 1,5 2,9 SG (meses) Média 95 % IC 2,8; 4,3 2,6; 4,1 8,6 1,4; 2,0 6,9 8,4 7,6; 9,6 7,2; 10,3 5,6; 9,1 CI = intervalo de confiança; TCD = taxa de controlo da doença (doentes com resposta completa, resposta parcial ou doença estável durante, pelo menos, 6 semanas); TRO = taxa de resposta objectiva (doentes com resposta completa ou parcial); SG = tempo de sobrevivência global; SSP = sobrevivência sem progressão A eficácia da combinação de cetuximab com irinotecano foi superior à da monoterapia com cetuximab, em termos de taxa de resposta objectiva (TRO), taxa de controlo da doença (TCD) e de sobrevivência sem progressão (SSP). No ensaio aleatório, não foram demonstrados efeitos na sobrevivência global (Taxa de risco 0,91, p = 0,48). Em combinação com o bevacizumab Um ensaio clínico aleatório de fase III, com dupla ocultação e controlado por substância activa avaliou o bevacizumab em combinação com o irinotecano/5-FU/AF, como tratamento de primeira linha para o carcinoma metástico do cólon ou do recto (estudo AVF2107g). A adição do bevacizumab à combinação de irinotecano/5-FU/AF resultou num aumento estatisticamente significativo da sobrevivência global. O benefício clínico, tal como medido pela sobrevivência global, foi observado em todos os subgrupos pré-especificados de doentes, incluindo os definidos pela idade, sexo, performance status, localização do tumor primário, número de órgãos envolvidos e duração da doença metastática. Consulte também o Resumo das Características do Medicamento do bevacizumab. Os resultados de eficácia do Estudo AVF2107g estão resumidos na seguinte tabela. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 Número de doentes Sobrevivência global Tempo médio [meses] Intervalo de confiança 95 % Taxa de risco b valor P Sobrevivência livre de progressão Tempo médio [meses] Taxa de risco b valor P Taxa de resposta global Taxa [%] Intervalo de confiança 95 % valor P Duração da resposta Tempo médio [meses] Percentil 25 - 75 [meses] a Braço 1 Irinotecano/5-FU/AF/placebo 411 Braço 2 Irinotecano/5-FU/AF/bevacizumab a 402 15,6 14,29 – 16,99 20,3 18,46 – 24,18 0,660 0,00004 6,2 10,6 0,54 <0,0001 34,8 30,2 – 39,6 44,8 39,9 – 49,8 0,0036 7,1 4,7 – 11,8 10,4 6,7 – 15,0 5 mg/kg de 2 em 2 semanas; b Em relação ao braço de controlo. Dados Farmacocinéticos/Farmacodinâmicos A intensidade das principais toxicidades verificadas com o irinotecano (como por exemplo, leuconeutropenia e diarreia) está relacionada com a exposição (AUC) ao fármaco e ao seu metabolito SN-38. Foram observadas correlações significativas entre a toxicidade hematológica (diminuição dos valores de glóbulos brancos e de neutrófilos no início) ou a intensidade da diarreia e os valores de AUC, tanto do irinotecano como do seu metabolito SN-38 em monoterapia. 5.2 Propriedades farmacocinéticas Num estudo de fase I, realizado em 60 doentes com um regime de posologia de uma perfusão intravenosa de 30 minutos de 100 – 750 mg/m² de 3 em 3 semanas, o irinotecano apresentou um perfil de eliminação bifásico ou trifásico. A depuração plasmática média foi de 15 l/h/m² e o volume de distribuição em estado estacionário (Vss) foi de 157 l/m². A semivida plasmática média da primeira fase do modelo trifásico foi de 12 minutos, a da segunda fase foi de 2,5 horas e a da fase terminal foi 14,2 horas. O SN-38 apresentou um perfil de eliminação bifásico com uma semivida de eliminação terminal média de 13,8 horas. No final da perfusão, na dose recomendada de 350 mg/m², as concentrações plasmáticas máximas médias do irinotecano e do SN-38 foram de 7,7 µg/ml e de 56 ng/ml, respectivamente, e os valores médios da área sob a curva (AUC) foram de 34 µg·h/ml e 451 ng·h/ml, respectivamente. É geralmente observada uma grande variabilidade interindividual nos parâmetros farmacocinéticos do SN-38. Foi realizada uma análise populacional da farmacocinética do irinotecano em 148 doentes com cancro colo-rectal metastático, tratados com vários esquemas posológicos e com diferentes doses em ensaios de fase II. Os parâmetros farmacocinéticos estimados com um modelo de três compartimentos foram semelhantes aos observados em estudos de fase I. Todos os estudos mostraram que a exposição ao spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 irinotecano e ao SN-38 aumenta proporcionalmente com a dose administrada de irinotecano. As suas farmacocinéticas são independentes do número de ciclos anteriores e do esquema de administração. In vitro, a ligação às proteínas plasmáticas do irinotecano e do SN-38 foi aproximadamente de 65 % e de 95 %, respectivamente. Os estudos de balanço de massa e do metabolismo com fármaco marcado radioactivamente com 14C mostraram que mais de 50 % de uma dose de irinotecano, administrada por via intravenosa, são excretados como fármaco inalterado, sendo que 33 % são nas fezes, principalmente através da bílis, e 22 % na urina. Há duas vias metabólicas responsáveis, cada uma, pelo menos, por 12 % da dose: ● Hidrólise pela carboxilesterase no metabolito activo SN-38. O SN-38 é eliminado principalmente através de glucuronidação e ainda por excreção biliar e renal (menos de 0,5 % da dose de irinotecano). O glucorónido do SN-38 talvez seja hidrolisado subsequentemente no intestino. ● Oxidações dependentes das enzimas do citocromo P450 3A, que resultam na abertura do anel piperidínico externo com a formação de APC (derivado de ácido aminopentanóico) e de NPC (derivado de amina primária) (ver secção 4.5). O irinotecano inalterado é a principal entidade no plasma, seguido de APC, glucorónido do SN-38 e SN-38. Só o SN-38 possui actividade citotóxica significativa. A depuração de irinotecano está diminuída em cerca de 40 % em doentes com bilirrubinemia entre 1,5 e 3 vezes o LSN. Nestes doentes, uma dose de irinotecano de 200 mg/m² origina uma exposição plasmática ao fármaco comparável à observada com 350 mg/m² em doentes oncológicos com parâmetros hepáticos normais. 5.3 Dados de segurança pré-clínica O irinotecano e o SN-38 demonstraram ser mutagénicos in vitro no teste de aberração cromossómica em células CHO, bem como no teste in vivo do micronúcleo em ratinhos. Contudo, não demonstraram qualquer potencial mutagénico no teste de Ames. Em ratos tratados uma vez por semana, durante 13 semanas, com a dose máxima de 150 mg/m² (que é menos de metade da dose recomendada para o ser humano), não foram referidos tumores relacionados com o tratamento 91 semanas após o final do tratamento. Foram realizados estudos de toxicidade de dose única e de doses repetidas com o irinotecano, em ratinhos, ratos e cães. Os principais efeitos tóxicos foram observados nos sistemas hematopoiético e linfático. Em cães, foi referida diarreia tardia associada a atrofia e necrose focal da mucosa intestinal. Também foi observada alopecia em cães. A gravidade destes efeitos estava relacionada com a dose e era reversível. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 6. INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS 6.1 Lista dos excipientes Sorbitol (E420) Ácido láctico Hidróxido de sódio (para ajustar o pH em 3,5) Água para preparações injectáveis 6.2 Incompatibilidades Este medicamento não deve ser misturado com outros medicamentos, excepto os mencionados na secção 6.6. 6.3 Prazo de validade 3 anos. Medicamento diluído (solução para perfusão) Após diluição numa solução de cloreto de sódio a 0,9 % ou numa solução de dextrose a 5 %, a estabilidade química e física do medicamento após a diluição das foi demonstrada até 6 horas à temperatura ambiente (aproximadamente 25 °C) e à luz ambiente ou 48 horas, se for conservada numa temperatura refrigerada (aproximadamente 2 °C – 8 °C). De um ponto de vista microbiológico, a solução para perfusão deve ser utilizada de imediato. Caso não seja utilizada de imediato, o tempo e as condições de conservação antes da utilização são da responsabilidade do utilizador e não devem exceder, normalmente, as 6 horas, à temperatura ambiente ou as 24 horas, se conservado a 2 ºC – 8 °C, a não ser que a diluição tenha ocorrido em condições assépticas controladas e validadas. 6.4 Precauções especiais de conservação Não congelar. Manter o frasco para injectáveis dentro da embalagem exterior para proteger da luz. Condições de conservação do medicamento diluído, ver secção 6.3. 6.5 Natureza e conteúdo do recipiente Irinotecano medac 40 mg: Frasco para injectáveis de vidro castanho de 2 ml com rolha de borracha de halobutilo, revestida com uma camada de um fluoropolímero inerte no interior. Embalagem de um frasco para injectáveis. Irinotecano medac 100 mg: Frasco para injectáveis de vidro castanho de 5 ml com rolha de borracha de halobutilo, revestida com uma camada de um fluoropolímero inerte no interior. Embalagem de um frasco para injectáveis. Irinotecano medac 300 mg: Frasco para injectáveis de vidro castanho de 15 ml com rolha de borracha de halobutilo, revestida com uma camada de um fluoropolímero inerte no interior. Embalagem de um frasco para injectáveis. É possível que não sejam comercializadas todas as apresentações. spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 6.6 Precauções especiais de eliminação e manuseamento Tal como os outros agentes antineoplásicos, Irinotecano medac deve ser preparado e manipulado com cuidado. É obrigatório o uso de óculos, máscara e luvas. Se Irinotecano medac concentrado para solução para perfusão ou a solução preparada para perfusão entrar em contacto com a pele, lave imediata e abundantemente com água e sabão. Se Irinotecano medac, concentrado para solução para perfusão ou a solução preparada para perfusão entrar em contacto com as membranas mucosas, lave imediatamente com água. Preparação da solução intravenosa Tal como com quaisquer outros fármacos injectáveis, a solução para perfusão de Irinotecano medac deve ser preparado em condições assépticas (ver secção 6.3). Se se observar algum precipitado nos frascos ou após a diluição, o medicamento deverá ser rejeitado de acordo com os procedimentos padrão para agentes citotóxicos. Retire assepticamente a quantidade necessária de Irinotecano medac, Concentrado para solução para perfusão do frasco para injectáveis com uma seringa calibrada e injecte-a num saco ou garrafa para perfusão de 250 ml com solução de cloreto de sódio a 0,9 % ou solução de dextrose a 5 %. A solução para perfusão deverá ser amplamente misturada através de rotação manual Eliminação Todos os itens utilizados na diluição e administração deverão ser eliminados de acordo com os procedimentos padrão do hospital aplicáveis aos agentes citotóxicos. Para administração única. 7. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO medac Gesellschaft für klinische Spezialpräparate mbH Theaterstr. 6 22880 Wedel Alemanha 8. NÚMERO(S) DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO 5200977 (40 mg/2 ml) 5200969 (100 mg/5 ml) 5201009 (300 mg/15 ml) 9. DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO 26-05-2009 spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014 10. DATA DA REVISÃO DO TEXTO 04/2014 spc (PT) Irinotecano medac 20 mg/ml concentrate for solution for infusion National version: 04/2014