II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 ANÁLISE DO USO DE MEDICAMENTOS PERTENCENTES AO CRITÉRIO DE BEERS POR IDOSOS DO PROMOVE SÃO CAMILO 1* ABREU, Alex S.¹; BERTAGLIA, Giovanna C.¹; MATSUDA, Isabella L.A.M. ; SOARES, Marisley 2 S.C.M.¹; CARLTON, Natália Z.¹; CROZARA, Marisa A. ; 1 2 Estudante do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo; Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo - Campus Ipiranga I; Av. Nazaré, 1.501 - Ipiranga - São Paulo – SP CEP: 04263-100 – * Autor para correspondência: [email protected] Palavras-Chave: IDOSOS. CRITÉRIO DE BEERS. MEDICAMENTOS. INTRODUÇÃO O aumento da longevidade e predomínio de doenças que exigem tratamento de longa duração, principalmente nos idosos, transforma-os no grupo etário com a maior diversidade terapêutica da sociedade (CARVALHO et al, 2013). Do ponto de vista demográfico, uma população envelhece quando a taxa de crescimento da população considerada idosa é superior à da população 2 jovem por um período sustentado de tempo (MOREIRA, 1998) . Como ressalta o artigo 1º da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, têm os direitos assegurados como idosos, pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (BRASIL, 2003). Várias características do envelhecimento afetam a prescrição medicamentosa, tornando a seleção da farmacoterapia apropriada um processo complexo para clínicos generalistas (MUÑOZ et. al., 2012). Segundo Quinalha (2010, p. 487), os idosos consomem, em média, de dois a cinco medicamentos, tendo mais sensibilidade aos efeitos de certas classes farmacológicas. Por esse fato, criaram-se estudo que identificaram os medicamentos inadequados para idosos ou que seu uso deve ser avaliado. Um dos instrumentos utilizado para tais finalidades é critério de Beers, cuja última atualização foi publicada em 2012 (American Geriatrics Society Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate Medication Use in Older Adults, 2012). OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo avaliar especificamente o uso inadequado de medicamentos pertencentes ao Critério de Beers por idosos do Centro de Promoção e Reabilitação em Saúde e Integração Social – PROMOVE São Camilo. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no Centro de Promoção e Reabilitação em Saúde e Integração Social – PROMOVE São Camilo. Foram coletados dados de 137 prontuários de pacientes que visitaram a clínica no período de janeiro de 2013 a abril de 2014, sendo que, deste total, 54 pertenciam a pacientes idosos, ou seja, com idade igual ou superior a 60 anos. Foram verificadas as idades dos pacientes, sexo, quais os medicamentos utilizados pelo grupo de idosos, bem como seus respectivos diagnósticos. Os dados verificados foram comparados com um documento publicado pela The American Geriatrics Society, criado por Dr. Beers e parceiros, Realização II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 que relaciona os medicamentos inadequados para prescrição de idosos e as evidências dessa restrição, conhecido como Critério de Beers. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com o que foi descrito na metodologia, dos 54 prontuários analisados, em 40 haviam medicamentos relacionados no Critério de Beers. Desses, 30 pacientes pertenciam ao sexo feminino e 10 ao sexo masculino. Gráfico 1: Relação entre os pacientes analisados e os pacientes com medicamentos pertencentes ao Critério de Beers, comparando-os com os sexos feminino e masculino Além da relação com o sexo, os pacientes foram analisados de acordo com as idades. Gráfico 2: Relação entre os pacientes analisados e as idades Dentre os medicamentos relacionados no Critério de Beers, foram encontrados 22 medicamentos que se repetiram da seguinte forma: AAS em 21 pacientes, Amitriptilina, Ciclobenzaprina, Alprazolam, Carbamazepina e Nifedipino em 4 pacientes, Clonazepam e Espironolactona em 3 pacientes, Insulina e Prometazina em 2 pacientes e Propafenona, Realização II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 Escopolamina, Diclofenaco, Zolpidem, Carisoprodol, Meloxicam, Metoclopramida, Naproxeno, Orfenadrina, Óleo Mineral, Ticlopidina e Amiodarona, se repetiram em 1 paciente. Gráfico 3: Relação entre número de pacientes e quantidade de medicamentos tomados pertencentes ao Critério de Beers Após análise, encontrou-se que 55% dos pacientes tomavam apenas 1 medicamento pertencente ao Critério de Beers, 35% tomavam 2 medicamentos, 7,5% tomavam 3 e 2,5% tomavam 4 medicamentos inadequados à idosos. Dentre os medicamentos analisados, o Ácido acetilsalicílico (AAS) foi o mais relacionado, sendo que 21 pacientes, dentre os 40 que tomam medicamentos pertencentes ao Critério, possuem este fármaco em sua prescrição. Quando utilizado para prevenção de eventos cardíacos, o AAS pode ser utilizado por idosos, porém com cautela, pois não há evidências de benefícios, ao mesmo tempo em que há riscos de hemorragia gastrintestinal e úlceras pépticas, principalmente para pacientes acima de 75 anos. O mesmo ocorre para a Carbamazepina, cujo uso pode exacerbar ou causar a síndrome da secreção do hormônio antidiurético ou hiponatremia, sendo necessário o acompanhamento dos níveis de sódio quando iniciar ou alterar as doses utilizadas por idosos. A Amitriptilina, o Alprazolam, a Ciclobenzaprina e o Nifedipino foram medicamentos encontrados em 16 prontuários, sendo 4 pacientes para cada fármaco. De acordo com Beers, a Amitriptilina e o Nifedipino possuem alto risco de hipotensão ortostática, devendo ser evitado o uso para idosos. Em relação a Ciclobenzaprina, a maioria dos relaxantes musculares são mal tolerados pelos idosos por causa dos efeitos adversos anticolinérgicos, como sedação e, consequentemente, risco de quedas e fraturas. Os mesmos riscos aparecem durante a utilização de benzodiazepínicos como o Alprazolam e o Clonazepam, que aparece em 3 de 40 prontuários. Além do Clonazepam, a Espironolactona, também aparece em 3 prontuários e de acordo com o Critério de Beers, esse medicamento não deverá ser utilizado em doses maiores de 25 mg/dL ou concomitantemente a antiinflamatórios não-esteroidais (AINES), inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) ou a um suplemento de potássio, pois em idosos o risco de hipercalemia é superior do que em adultos. A insulina apareceu no tratamento de 2 pacientes e de acordo com o documento utilizado para a realização do estudo, o uso deste medicamento leva a um maior risco de hipoglicemia sem melhoria no controle da hiperglicemia, independente do ajuste de dose. Não se deve levar em consideração, pacientes com Diabetes mellitus tipo I, uma vez que não há produção de insulina e esse hormônio é necessário para o controle da glicemia. Além da insulina, a Prometazina, presente em um medicamento isento de prescrição, cujo nome referência é Lisador®, também é utilizado por 2 pacientes com idades acima de 60 anos. Por ser altamente anticolinérgico e, uma vez que a depuração está reduzida em idosos, possui maior risco de confusão, boca seca e constipação. Realização II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 Existe ainda, 12 pacientes que fazem uso de apenas um medicamento contidos no critério de Beers e que embora tenham como recomendação "evitá-los", vale ressaltar que são medicamentos possíveis de interações importantes e efeitos adversos com risco, quando administrados em idosos. São eles Escopolamina, Ticlopidina, Amiodarona, Propafenona, Diclofenaco, Meloxicam, Naproxeno, Carisoprodol, Orfenadrina, Metoclopramida, Óleo Mineral e Zolpidem. CONCLUSÃO Considerando que 74% dos prontuários de idosos analisados apresentavam ao menos uma indicação de medicamento pertencente à listagem de Beers, é possível afirmar que este critério não é levado em conta na terapia medicamentosa em geriatria, o que expõe este tipo de paciente a efeitos secundários de medicamentos que colocam sua saúde em risco, visto que o critério de Beers foi 8 desenvolvido levando em consideração as alterações fisiológicas pertinentes à pessoa idosa . BIBLIOGRAFIA CARVALHO, D.M.O.; ROCHA, R.M.M.; FREITAS, R.M. Investigação de problemas relacionados com medicamentos em uma instituição para longa permanência para idosos. Rev. Eletrônica de Farmácia. INSS 1808-0804 vol. X (2), 24-41, 2013. MOREIRA, M.M. Determinantes Demográficos do Envelhecimento Brasileiro. 1998. http://www.abep.nepo.unicamp.br/br/docs/anais/pdf/2000/todos/idot5_1.pdf. Acesso em 8 de abril de 2014. BRASIL. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003 – Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados Às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos. Congresso Nacional. Presidência da República. Casa Civil. MUÑOZ, R.L.S.; IBIAPINA. G.R.; GADELHA, C.S.; MAROJA, J.L.S. Prescrições geriátricas e polifarmacoterapia em enfermarias de clínica médica de um Hospital-Escola. Rev. Bras. Geriatr. Gerotol., Rio de Janeiro, 2012; 15 (2): 315-323. QUINALHA, J. V.; CORRER, C. J.. Instrumentos para avaliação da farmacoterapia do idoso: uma revisão. Rev. Bras. Geriatr. Gerotol., Rio de Janeiro, 2010; 13 (3): 487-499. SOARES, M.A. Critérios de Beers de medicamentos Inapropriados nos Doentes Idosos. Acta Med Port. 2008; 21: 441-452. The American Geriatrics Society 2012 Beers Criteria Update Expert Panel. American Geriatrics Society Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate Medication Use in Older Adults. J Am Geriatr Soc. 2012 Apr;60(4):616-31 GORZONI, M.L. 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