história geral - Manager Empregos

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HISTÓRIA GERAL
HISTÓRIA ANTIGA
CIDADANIA NA ANTIGUIDADE
CLÁSSICA OCIDENTAL: ATENAS E ROMA
INTRODUÇÃO SOBRE A GRÉCIA
A
Grécia está situada no extremo sul da Península Balcânica e é banhada pelo mar Egeu. Os gregos
chamavam a Península Balcânica de Hélade. Devido ao seu relevo acidentado, montanhoso, a
península isolava os vários grupos humanos locais, dificultando a comunicação e favorecendo
a formação política predominante na antiguidade grega: as unidades autônomas das pólis, as cidadesestado. Além disso, seu solo era pouco fértil, o que fez com que os gregos se vissem obrigados, em geral, a
buscar no exterior os alimentos que não conseguiam produzir. Desta forma, eles se lançaram à navegação,
destacando-se como grandes marinheiros e comerciantes.
A Grécia Antiga não constituía um Estado único, mas um conjunto de cidades-estado independentes e,
às vezes, rivais, cada uma com suas leis, seu governo e seus costumes.
Cada pólis tinha uma vida independente da outra e compreendia não só uma cidade propriamente dita,
mas também a região dos arredores. Atenas, por exemplo, era, com efeito, o centro de uma região chamada
Ática. Muitos cidadãos de Atenas moravam fora dos muros da cidade. Esta, por seu turno, centralizava-se
na Acrópole, o local mais elevado, onde se localizavam os templos, e no Ágora, a praça central onde os
cidadãos se reuniam, conversavam e discutiam os assuntos comuns.
O grego cultuava a sua pólis a tal ponto que Aristóteles pôde dizer que ela “surgiu para permitir a vida”. O
cidadão tudo fazia por ela e fazia questão de participar de seus negócios: o cidadão se definia basicamente
por esse estado de espírito, marcado por um envolvimento constante na vida coletiva, por um anseio de
participação direta nos assuntos comuns.
Ainda que independentes, as cidades gregas tinham uma unidade cultural, que se expressa através da
língua, crenças religiosas, sentimento comum de que eram diferentes dos povos que não falavam a língua
grega - os bárbaros.
Nas cidades-estado, o cidadão grego foi conquistando direitos e contribuindo para a vida social. Sentiase como membro da pólis e não, como diz Gilberto Cotrim, “um objeto submisso e manobrado pelos
governantes”.
As cidades-estado mais importantes foram Esparta e Atenas.
ATENAS
Fundada pelos jônios, situa-se no centro da planície de Ática, perto do mar Egeu. Pela proximidade com o
mar Egeu e devido à pobreza do solo da região, os atenienses lançaram-se à navegação marítima, tornandose excelentes marinheiros e chegando a dominar grande parte do comércio pelo Mediterrâneo.
A sociedade ateniense dividia-se em três classes principais, que eram:
- eupátridas, os cidadãos atenienses, que tinham direitos políticos e participavam do governo. Constituíam
cerca de 10% da população (mulheres e crianças não faziam parte desse grupo).
- metecos (palavra que significa aquele que muda de casa, de lugar, o estrangeiro), que eram os
estrangeiros que viviam em Atenas. Podiam dedicar-se ao comércio e ao artesanato, mas não tinham
direitos políticos e estavam proibidos de adquirir terras. Em geral, pagavam impostos para viver em
Atenas e eram obrigados a prestar o serviço militar.
- escravos, que formavam a grande maioria da população, trabalhavam no campo, nas minas e nas
oficinas. Eram propriedade de seu senhor, mas tinham leis que os protegiam contra maus-tratos
excessivos.
Até meados do século VIII a.C., Atenas teve o governo de um rei (o basileu), que acumulava as funções
de sacerdote, juiz e chefe militar. Depois, o poder passou para as mãos de uma oligarquia, em que um
conselho de eupátridas, o Areópago, detinha os maiores poderes de Atenas, cabendo a nove arcontes
(magistrados) executar suas decisões políticas. Entre as funções dos arcontes, estavam o comando do
exército, a justiça e a administração pública.
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Devido às desigualdades sócio-econômico-políticas, Atenas vive sucessivas lutas, com crescente instabilidade.
À medida que os nobres atenienses tornavam-se donos das terras cultiváveis, os pequenos proprietários
empobreciam e suas dívidas aumentavam. Os nobres, então, passavam a se apoderar dos próprios devedores,
fazendo-os escravos. Os populares se revoltam com a miséria e com essa escravização por dívidas. A
marginalidade política acentua o descontentamento. De outro lado, estão os novos ricos, os demiurgos, com
poderio econômico crescente, enquanto os eupátridas manipulam todo o poder. O poder dos aristocratas,
centrado na tradição, é contestado pelos demiurgos, que chegam a financiar as manifestações populares.
Diante dos abusos da nobreza, muitos atenienses começaram a exigir reformas sociais. Nos séculos VII e VI
a.C., surgem, então, os legisladores, dos quais o primeiro foi o arconte Drácon, que impôs leis escritas (em
oposição às antigas leis orais), acabando com as vendetas, as guerras entre famílias, por vingança; os casos de
assassinato seriam agora resolvidos por processos a cargo do Estado. As leis de Drácon eram muito severas,
pois a pena de morte era prevista para a maioria dos delitos.
As crescentes lutas, apesar das reformas de Drácon, favoreceram o surgimento de um novo legislador, o
arconte Sólon, que foi autorizado a efetuar reformas que resultassem na paz social. Sólon decretou a proibição
da escravidão por dívidas, além de determinar a devolução de terras confiscadas por credores eupátridas.
Criou a Assembléia Popular (Eclésia) e o Conselho dos 400 (Legislativo). Ele aprofundou as reformas e
introduziu o regime democrático, estabelecendo, no plano jurídico, o princípio da isonomia, a igualdade
de todos perante a lei. Realizou uma reforma monetária e dividiu a sociedade ateniense, de acordo com a
riqueza, em quatro classes sociais. Os mais pobres, os thetas, não podiam ser eleitos para os cargos públicos.
Assim surgiu uma plutocracia, governo dos ricos.
As reformas de Sólon não conseguiram pacificar Atenas; as lutas se ampliaram e o próprio Sólon foi expulso
da cidade. Aproveitando-se do tumulto sócio-político, Psístrato, um eupátrida, toma o poder e institui a
tirania, que significava tomada do poder ilegalmente. Ele governa por dezenove anos e realiza várias obras
públicas, como templos, estaleiros, aquedutos etc., que criaram empregos e embelezaram a cidade. Além
disso, realizou uma pequena reforma agrária e dinamizou o comércio internacional. Seus filhos Hípias e
Hiparco assumiram o governo após sua morte, mas não conseguiram manter a estabilidade política, sendo
o primeiro assassinado e o segundo, expulso de Atenas. Toma, então, o poder o eupátrida Hiságoras, que
busca restabelecer o domínio oligárquico, perseguindo os revoltosos descontentes. A revolta popular foi
geral. Hiságoras tentou obter o apoio dos espartanos e acabou sendo expulso. Derrubado, assumiu o governo
um aristocrata ligado aos movimentos populares, Clístenes, considerado o “Pai da Democracia ateniense”,
que faria decisivas reformas políticas em Atenas, implantando a democracia. Ele estendeu direitos políticos
a todos os cidadãos atenienses, manteve a Assembléia Popular e estabeleceu o Conselho dos 500 (Bulé). A
justiça passou a ser exercida pelo Tribunal dos Heliastas, sendo os juízes sorteados anualmente. Para evitar
golpes como a tirania, Clístenes criou o ostracismo, o exílio por dez anos do indivíduo nocivo ao Estado,
sem o confisco de seus bens.
ROMA
A civilização romana nasceu na península Itálica, banhada pelos mares Tirreno, Adriático e Mediterrâneo,
e habitada na Antiguidade por muitos povos, dos quais se destacaram os etruscos, os italiotas, com várias
tribos, e os gregos. De acordo com as pesquisas arqueológicas, Roma teria resultado da fusão de aldeias
latinas e sabinas, esparramadas no alto de colinas, que atualmente fazem parte de Roma.
Com o domínio dos etruscos, a primitiva aldeia romana transformou-se em cidade, tendo sido esse povo que
instituiu a primeira forma de governo em Roma: a monarquia.
A história de Roma divide-se em:
- Realeza (ou Monarquia), de 753 a 509 a.C.;
- República - de 509 a 27 a.C.;
- Império - de 27 a.C. a 476 d.C.
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MONARQUIA
Durante a Monarquia, Roma foi governada por rei, Senado e Assembléia Curial. O rei era o juiz, o chefe
militar e religioso, submetendo-se, no desempenho dessas funções, à fiscalização do Senado e da Assembléia.
O Senado era formado por cidadãos idosos, que se responsabilizavam pela chefia das grandes famílias, e
tinham como principais funções propor novas leis e fiscalizar as ações dos reis. A Assembléia Curial era
formada por cidadãos agrupados em cúrias (conjunto de dez clãs ou genos), soldados em condições de servir
o exército, que tinha como principais funções eleger altos funcionários, aprovar ou rejeitar as leis, aclamar
o rei.
A divisão da sociedade romana era a seguinte:
- Patrícios - cidadãos romanos, grandes proprietários de terras, escravos e rebanhos. Tinham direitos
políticos e podiam exercer funções públicas no exército, na religião, na justiça, na administração;
- Clientes - homens livres, associados aos patrícios, a quem faziam favores e deles recebiam proteção;
- Plebeus - os que não eram nobres, os trabalhadores; eram homens livres que se dedicavam ao comércio,
ao artesanato e ao trabalho agrícola, constituindo a maioria da população romana
- Escravos - a princípio em número reduzido, eram, na maioria, prisioneiros de guerra. Trabalhavam nas
mais diversas atividades e eram considerados como bem material, propriedade do senhor, que podia
vendê-lo, castigá-lo, alugar seus serviços, decidir sobre sua vida ou morte.
Os últimos reis etruscos começaram a aproximar-se das classes mais inferiores, o que irritou os patrícios, que
proclamaram a República em 509 a.C., depondo o último rei, Tarquínio, o Soberbo.
REPÚBLICA
Os patrícios passam a ter o controle político em suas mãos, controlando quase que totalmente os altos cargos
da República, que eram exercidos por dois cônsules, com mandatos anuais, e outros magistrados.
Os cônsules eram auxiliados pelo Senado, composto por trezentos destacados cidadãos romanos, que passou
a ser o órgão mais importante da República, dirigindo a política internacional e a administração interna. O
cargo de senador era vitalício e os senadores eram nomeados pelos cônsules que, normalmente, escolhiam
ex-cônsules para as funções senatoriais.
Havia, além do Senado, a Assembléia dos Cidadãos, manobrada pelos patrícios.
Em ocasiões de graves crises, era admitido um ditador com poderes ilimitados, em um prazo máximo de
seis meses.
Novas magistraturas surgiram na época republicana:
- os pretores, que eram os juízes: o urbano, nas cidades, e o peregrino, que distribuía a justiça fora das
cidades e entre os estrangeiros;
- os censores, que faziam o censo do povo e cuidavam da moralidade;
- os questores, responsáveis pelas finanças públicas;
- os edis, encarregados da ordem e conservação pública. Os edis curuis ocupavam-se das diversões
públicas.
CONFLITOS ENTRE PLEBEUS E PATRÍCIOS
Os plebeus, que eram a maioria da população, não podiam participar das decisões políticas, mas tinham que
lutar no exército, pagar impostos, etc.
Cansados da exploração, recusaram-se a servir o exército e iniciaram uma longa luta política contra os
patrícios, que durou mais de um século.
Para retornar ao serviço militar, os plebeus exigiram que os patrícios criassem um comício da plebe, presidido
por um tribuno da plebe, que teria poderes especiais para cancelar quaisquer decisões do governo que
prejudicassem os interesses da plebe.
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Outras exigências dos plebeus que foram atendidas foram:
- a Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), pelas quais juízes especiais, denominados decênviros, decretariam leis
escritas válidas para patrícios e plebeus. Até então, os plebeus desconheciam as leis, que eram transmitidas
por via oral e manipuladas pelos patrícios. Embora o conteúdo da Lei das Doze Tábuas fosse favorável
aos patrícios, o código escrito serviu para evitar arbitrariedades.
- Lei Canuléia (445 a.C.), que autorizava o casamento entre os patrícios e plebeus, embora, na prática,
apenas os plebeus ricos conseguissem casar-se com patrícios.
- Eleição dos magistrados plebeus (362 a.C.) - lentamente, os plebeus conseguiram acesso a diversas
magistraturas, sendo que em 336 a.C. foi eleito o primeiro cônsul plebeu.
- Proibição da escravidão por dívida, definitivamente abolida em 326 a.C.
- Em 287 a.C., com a lei Hortênsia, as decisões do Comício da Plebe - os plebiscitos - passaram a ter
validade legal.
Na Roma da República, especialmente nos primeiros tempos, as virtudes mais apreciadas eram cívicas e
militares; media-se o bom cidadão por seu respeito à família, pela aceitação da autoridade do pai e do
Estado, por sua atitude estóica, constituindo-se a coragem, a bravura, a autodisciplina e o amor ao trabalho
nas vigas mestras da formação do tipo romano.
A mulher (matrona) era respeitada na família. O culto aos antepassados era fundamental. O pai era o chefe
e a autoridade principal.
A vida urbana tinha seu ponto principal no Forum Romanum, local de reunião e negócios, praça e centro
nervoso da cidade.
A religião estava atrelada aos destinos do Estado. Era politeísta: vários deuses expressavam o caráter utilitarista
da mentalidade romana.
O exército era a atividade mais importante, fundamentando-se numa organização rigorosa e numa disciplina
implacável, sempre presente a hierarquia. Compreendia uma divisão em centúrias, manípulos, coortes e
legiões. À medida que foi efetuando conquistas, o exército foi criando acampamentos fortificados que se
transformaram em vanguardas de povoamento na Europa.
Na fase final da República, Roma conheceu violenta alteração em seus costumes. A formação do Império e a
introdução do luxo oriental fizeram com que ocorresse uma helenização das elites e um aumento da miséria.
O ócio e o desejo de viver bem sobrepuseram-se a tudo. A antiga disciplina afrouxou. As virtudes morais e
cívicas dos primeiros tempos foram abandonadas em favor do amolecimento dos costumes e do gosto pela
riqueza e pelo requinte.
As instituições republicanas faliram: as tentativas de golpe, revolução armada ou reforma social no final da
República mostraram a impotência do regime vigente ante o aguçamento da luta de classes, quer entre os
grupos privilegiados, quer entre as classes altas e baixas, quer entre os homens livres e os escravos ansiosos
pela liberdade.
DECLÍNIO E FIM DA REPÚBLICA E TRANSIÇÃO PARA O IMPÉRIO
O aumento da quantidade de plebeus pobres tornava mais tensa, a cada dia, a situação social e política
de Roma. A sociedade estava dividida: de um lado, o povo e seus líderes, reivindicando reformas sociais
urgentes; de outro, a nobreza, formada por comerciantes abastados e grandes proprietários rurais.
De origem aristocrática, Tibério Graco, tribuno da plebe, tentou promover uma reforma agrária, propondo,
entre outras medidas, a distribuição de terras entre os camponeses plebeus e limitação ao crescimento dos
latifúndios. As pressões que surgiram, por parte dos latifundiários, provocaram tumultos que culminaram
com a morte de Tibério, em 133 a.C. Tentando retomar a idéia de reforma agrária, alguns anos depois, Caio
Graco, irmão de Tibério e também tribuno da plebe, encontrou resistência dos patrícios, desencadeando
novos choques entre os partidários do Senado e os de Graco, que se suicidou, em 121 a.C.
Agravando-se a crise, um clima de desordem e agitação foi tomando conta da vida das cidades. Vários chefes
militares entraram, sucessivamente, em luta pelo poder, marcando o processo de transição para o Império.
Destacam-se, entre os principais chefes militares:
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- O general Caio Mário: representou um tipo de líder popular, reformando o exército e instituindo o
pagamento de soldo para os soldados.
- O general Cornélio Sila, representando a nobreza, que derrotou Caio Mário e implantou em Roma uma
ditadura sangüinária e conservadora.
- Pompeu, Crasso e Júlio César (Primeiro Triunvirato). Júlio César reformou o calendário romano, distribuiu
títulos de cidadania a muitos habitantes das províncias, fundou colônias no exterior.
- Lépido, Marco Antônio e Otávio (Segundo Triunvirato). O segundo triunvirato foi regulado por lei
IMPÉRIO
Otávio governou de 27 a.C. a 14 d.C. Seu governo caracterizou-se por diversas reformas. Despojou todos
os órgãos republicanos do poder, mas cuidou de manter sua existência. No plano político, acumulou vários
títulos, como imperador, tribuno, cônsul, procônsul, sumo pontífice. Usou sobretudo o título de princeps
(primeiro cidadão do Estado), o que faz com que essa fase inicial do Império seja chamada de Principado.
O Alto Império foi a fase de maior esplendor do Império. Durante o longo governo de Otávio, foram
realizadas várias reformas sociais e administrativas, ganhando Roma em prosperidade econômica. Criou o
Conselho do Imperador, para prestar-lhe assessoria, modificou o sistema de arrecadação de impostos, e a
maior parte das províncias passou a ser governada pelo imperador, através de representantes nomeados por
ele. O exército foi ainda mais profissionalizado e o imenso império passou a desfrutar de um período de paz
e segurança, conhecido como Pax Romana.
Com a morte de Otávio, o trono romano foi ocupado por vários imperadores, que podem ser agrupados em
quatro dinastias:
- a dos Júlio-Cláudios, iniciada por ele e que teve ainda quatro outros representantes: Tibério (14 a 37 d.C.),
Calígula (37 a 41 d.C.), Cláudio (41 a 54 d.C.) e Nero (54 a 68 d.C.). Os desmandos, a incapacidade
administrativa e as intervenções militares acabaram com a dinastia, que foi substituída pela dos Flávios.
- a dos Flávios (69 a 96 d.C.). Vespasiano e Tito tiveram bons governos. Domiciano foi assassinado,
acabando com ele a dinastia.
- a dos Antoninos (96 - 192 d.C.): Nerva, Trajano, Adriano, Marco Aurélio, Antonino Pio e Cômodo.
Com Trajano, o Império romano atingiu sua maior extensão territorial; com Adriano e antonino, teve
grande prosperidade econômica. Adriano foi excelente administrador; com Marco Aurélio, houve grande
progresso cultural.
- a dos Severos (193 - 235 d.C.): Sétimo Severo, Caracala, Macrino, Heliogábalo e Severo Alexandre. Esta
dinastia expressou a fragilidade estrutural de Roma (economia escravista, desigualdade social, corrupção
do sistema, politização do exército), com os romanos já sentindo a pressão exercida nas fronteiras pelas
tribos bárbaras.
O Baixo Império corresponde à fase final do período imperial e costuma-se dividi-lo em: a) Baixo Império
pagão (235 - 305 d.C.), período em que dominavam as religiões não-cristãs. Nesse período destacou-se
Diocleciano, que dividiu o governo do império entre quatro imperadores (tetrarquia), a fim de facilitar
a administração. Esse sistema não sobreviveu a Diocleciano, voltando o império a ser governado, a partir
de Roma, por um só indivíduo; b) Baixo Império cristão (306 - 476 d.C.). Destacou-se nesse período o
reinado de Constantino que, através do Edito de Milão, concedeu liberdade religiosa aos cristãos. Outra
decisão importante tomada por Constantino foi fundar uma nova cidade, melhor localizada comercial e
estrategicamente, para tornar-se a capital do império: Constantinopla (atual Istambul). Outro imperador do
período, Teodósio, tomou a decisão de dividir o Império Romano em dois (395 d.C.): Império do Ocidente,
com centro em Roma, e Império do Oriente, com Constantinopla como capital. Com essa divisão, buscava
Teodósio fortalecer cada parte do império para vencer a ameaça das invasões bárbaras. No entanto, em 476
d.C., os bárbaros hérulos, sob o comando de Odoacro, tomaram Roma, depuseram o último imperador
de Roma, Rômulo Augusto, e o Império Ocidental chegou ao fim. Muito mais tarde, os turcos tomariam
Constantinopla (1453) e seria a vez do Império Oriental cair.
A queda do Império Romano do Ocidente marca o fim da Idade Antiga; a do Império Romano do Oriente
marca o fim da Idade Média.
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CULTURA ROMANA
COM A EXPANSÃO TERRITORIAL, OS ROMANOS ENTRARAM EM CONTATO COM DIVERSOS POVOS, DELES
RECEBENDO ELEMENTOS CULTURAIS (PRINCIPALMENTE DOS GREGOS), QUE FORAM RETRABALHADOS E
SOFRERAM ACRÉSCIMO DE CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS, DESTACANDO-SE A ORGANIZAÇÃO SOCIAL, QUE
SE REFLETIU NO DIREITO, E O SENSO PRÁTICO, QUE SE REFLETIU NAS ARTES.
Os romanos foram responsáveis pela difusão do cristianismo e pelo surgimento dos idiomas derivados do
latim, assim como o foram pelas concepções fundamentais do Direito.
O Direito é, pode-se dizer, o maior legado romano, e desenvolveu-se com a preocupação do Estado em
regular, através de normas jurídicas, o comportamento social da grande população do Império, em cujo
período o Direito compreendia três divisões principais: jus civile (direito dos cidadãos), jus gentium (direito
do Império) e jus naturale (direito natural).
O Direito romano pode ser dividido em dois ramos fundamentais: direito público (jus publicum), que
regulava as relações em que o Estado era parte, e direito privado (jus privatum), que regulava as relações
jurídicas entre particulares. Foi codificado parcialmente por Adriano (Edito Perpétuo) e completamente por
Justiniano, no século VI, no Império Romano do Oriente, sob o nome de Corpus Juris Civile, dividido em
Código, Digesto ou Pandectas, Institutas e Novelas.
RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE NA ROMA ANTIGA
Na religião, os romanos eram politeístas, adorando uma grande quantidade de deuses, tendo assimilado dos
gregos várias divindades, que rebatizaram com nomes latinos. Muitos deuses de regiões conquistadas também
foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características
(qualidades e defeitos) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses
principais, os romanos cultuavam também os deuses Lares e Penates. Estes deuses eram cultuados dentro das
casas e protegiam a família. As origens do culto familiar encontram-se nas práticas primitivas de se cultuarem
os antepassados
Tratava-se de uma religião doméstica, proveniente da antiga organização gentílica da sociedade romana.
Esta prática religiosa privada, aos poucos, estende-se ao espaço público, transformando-se em religião
oficial. A religião é então incorporada pelo Estado, que passa a organizar os cultos através de um corpo
de sacerdotes. Uma religiosidade formal controlada pela elite, pois somente aos patrícios era reservado o
direito de interpretar os auspícios, consulta através da qual se conhecia a vontade divina e previa-se o futuro.
Paralelamente à religião oficial, expandem-se crenças populares, como a magia, a bruxaria, as superstições
através das quais pobres e escravos tentavam evitar os flagelos, como a fome e as doenças, e buscavam a
proteção do mundo sobrenatural.
Na religiosidade romana, há diversas influências: dos etruscos, a prática de consultar os auspícios; e dos gregos,
as várias divindades, como Zeus, Atena, Ares, Afrodite, Dionísio, Posêidon, etc. Esses deuses correspondiam,
respectivamente, aos romanos Júpiter, Minerva, Marte, Vênus, Baco e Netuno. As influências externas
continuam: através da expansão romana pelo Mediterrâneo, várias práticas orientais chegaram durante
o Período Imperial. Sob influência das monarquias helenísticas, criou-se a divinização do governante, o
culto ao Imperador, presente no governo de Augusto e de seus sucessores imediatos. Daí, a perseguição dos
imperadores romanos ao cristianismo, pois os cristãos não aceitavam o culto oficial à figura do Imperador.
Na doutrina cristã, baseada no desapego aos bens materiais, na simplicidade, no amor ao próximo e no
perdão às ofensas, não havia nada que pudesse chocar a consciência religiosa dos romanos e justificar a
intolerância. Portanto, explicamos tal perseguição sob o ponto de vista político e não religioso. O adepto do
monoteísmo cristão, negando o culto ao Imperador, opondo-se ao militarismo, ao escravismo e defendendo
a igualdade entre os homens, comprometia a estrutura social e era visto como uma ameaça à ordem pública.
A resistência e a luta dos fiéis contra as perseguições do Estado Romano provocam uma difusão ainda maior
do pensamento cristão, adquirindo novos adeptos, sobretudo entre a camada oprimida da sociedade, atraídos
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pela resignação dos fiéis. O cristianismo passa a ser tolerado somente no século IV, quando o imperador
Constantino promulga o Edito de Milão em 313, determinando o fim das perseguições e concedendo
liberdade de culto aos cristãos. Mais tarde, em 391, através do Edito de Tessalônica, o imperador Teodósio
proibiu os cultos pagãos, tornando o cristianismo a religião oficial do Império Romano.
HISTÓRIA MEDIEVAL
O CRISTIANISMO NA EUROPA OCIDENTAL MEDIEVAL
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja
influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. Pertencer
à Igreja era conseqüência automática do nascimento e não havia lei ou costume que permitisse a alguém
renunciar a ela. A dominação espiritual da Igreja não se estendia à Rússia ou aos Bálcãs, que permaneciam
no reino da Igreja Ortodoxa Oriental, mas em todo o resto da Europa, alcançava até onde iam as fronteiras
da própria civilização.
É impossível compreender o papel e a influência da Igreja Católica Romana na Era Medieval sem a
compreensão de suas doutrinas religiosas básicas. Partiam elas da premissa de que a raça humana suporta
enorme carga de pecado. Este, em parte, reside na herança que a humanidade recebeu da culpa de Adão; em
parte, é considerado conseqüência dos maus atos dos indivíduos em suas próprias vidas, pois, embora Deus
lhes tenha dado o conhecimento do bem e do mal e a liberdade de escolher entre ambos, sem a assistência
divina, os homens sempre sucumbem às tentações maléficas.
Tão grande é essa carga de pecado que os homens, por seus próprios e míseros esforços, nunca a podem
expiar. Como, porém, Deus é tão misericordioso quanto justo, Ele mesmo possibilitou-lhes o perdão. Isso se
verificou pelo sacrifício de Jesus Cristo, cuja morte ajudou a remir os pecados dos homens. Essa Redenção
Divina, entretanto, não assegura aos homens a salvação; apenas torna possível que a obtenham. Para isso,
homens e mulheres, individualmente, devem reconhecer seus pecados, arrepender-se e lutar para vencer a
tentação de tornar a pecar. Para se ajudarem a fazê-lo, devem submeter-se à Igreja, que utilizava de artifícios
como os sacramentos, a sentença da Excomunhão, o Interdito, e a Inquisição, entre outros, para manipular
a sociedade e o Estado à sua vontade.
A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade, e até mesmo
servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade.
Passavam grande parte do tempo rezando e copiando livros e a Bíblia.
A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens
da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à
população um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, no geral, a cultura medieval foi fortemente influenciada pela religião. Na arquitetura,
destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
Crise religiosa - O papa Clemente V, em 1309, a fim de fugir das perturbações políticas que agitavam a
Itália e para manter boas relações com o rei da França, transferiu a sede do papado para a cidade francesa
de Avignon, o que provocou grave crise dentro da Igreja entre os anos de 1378 e 1417, período conhecido
como o Grande Cisma do Ocidente. Nesse lapso de tempo, a Igreja foi governada por dois papas, um em
Roma (eleito pelo Colégio dos Cardeais) e outro em Avignon. A Igreja somente veio a recuperar sua unidade
em 1418, com a realização do Concílio de Constância, elegendo um novo papa, sediado em Roma, para
comandar a Igreja Católica.
Essa crise religiosa também serviu para gerar insegurança e desorientação na população, possibilitando o
surgimento de várias doutrinas contrárias aos dogmas da Igreja católica.
A organização econômica e política na Europa Ocidental Medieval
A Idade Média corresponde ao período compreendido entre os anos de 476 d.C. (queda do Império Romano
do Ocidente) e 1453 d.C. (queda do Império Romano do Oriente).
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Costuma-se dividir a Idade Média em duas fases:
- Alta Idade Média, que vai da formação dos reinos germânicos, a partir do século V, até a consolidação do
feudalismo, entre os séculos IX e XII;
- Baixa Idade Média - que vai até o século XV, caracterizada pela crise do feudalismo e início da formação
do sistema capitalista.
De modo geral, o feudalismo desenvolveu-se em três etapas: formação, nos séculos V a IX; consolidação, que
vai do século X ao XIII; e decadência - séculos XIV a XVI.
O sistema feudal corresponde ao modo de organização da vida durante a Idade Média, remontando suas
origens à crise do Império Romano a partir do século III d.C., acentuando-se no século V com as invasões
bárbaras.
A retração do escravismo, a formação do colonato (sistema de trabalho servil que se desenvolveu com a
decadência do Império Romano, quando escravos e plebeus empobrecidos passaram a trabalhar como colonos
em terras de um grande senhor, que dava terra e proteção ao colono, recebendo deste um rendimento do
seu trabalho) e a posterior implantação de um regime servil constituem o passo decisivo para a formação do
sistema. Por outro lado, os germanos que invadiram o Império Romano trouxeram consigo relações sociais
comunitárias, de exploração coletiva das terras e subordinação aos grandes chefes militares. A insegurança
provocada pelas invasões, além de despovoar as cidades, aumentando a população rural, dificultou as
comunicações e provocou o isolamento das localidades, forçando-as a adotar uma economia de subsistência
e auto-suficiente.
Construíram-se vilas fortificadas e castelos cercados por muralhas; cada um se defendia como podia: os mais
fracos procuraram a ajuda de nobres poderosos; camponeses, buscando a proteção dos senhores de terra,
foram submetidos à servidão. Esse processo de ruralização da sociedade européia marca um período essencial
no desenvolvimento do feudalismo: sua consolidação.
O poder político no sistema feudal era exercido pelos senhores feudais, daí seu caráter localista. Não tendo
autoridade efetiva, os reis apenas aparentavam poder, pois na prática existia uma descentralização políticoadministrativa.
Impossibilitados de defender o reino, os soberanos delegaram essa tarefa aos senhores feudais. Por isso, e
com vistas a se autoprotegerem, os senhores procuravam relacionar-se diretamente por intermédio de um
compromisso: o juramento de fidelidade. O senhor feudal que o prestasse tornar-se-ia vassalo e aquele que o
recebesse seria seu suserano. Na hierarquia feudal, suseranos e vassalos tinham obrigações recíprocas, pois à
homenagem (juramento de fidelidade do vassalo) prestada pelo vassalo, correspondia o benefício concedido
pelo suserano. Essa relação definia-se por um rito denominado “cerimônia de investidura” ou “cerimônia de
adubamento”.
Direitos e deveres eram estabelecidos entre os suseranos e vassalos. O suserano devia proteger militarmente
seus vassalos e prestar-lhes assistência jurídica. Tinha direito a reaver o feudo do vassalo, se este morresse sem
deixar herdeiros, de proibir o casamento do vassalo com pessoa que lhe fosse infiel etc. O vassalo, por sua
vez, devia prestar serviço militar ao suserano, libertá-lo, caso fosse aprisionado pelos inimigos, comparecer,
sempre que convocado, ao tribunal presidido pelo suserano etc.
A sociedade feudal era estamental, ou seja, dividia-se em estamentos, grupos sociais devidamente estabelecidos
e diferenciados por funções específicas e situação jurídica própria. Não havia praticamente mobilidade, isto
é, a pessoa permanecia no mesmo estamento durante toda a vida, sem poder subir ou descer de sua posição
social originária. Os principais estamentos eram:
- Nobreza, formada pelos proprietários de terra, basicamente voltados às atividades militares. Em tempos
de paz, eles se dedicavam à caça e aos torneios esportivos, que serviam de treinamento para a guerra.
- Clero, constituído pelos membros da Igreja, destacando-se o alto clero (bispos, abades e cardeais), que
dirigia a Igreja, administrava suas propriedades agrárias e influenciava política e ideologicamente.
- Servos, a grande maioria da população camponesa, eram os trabalhadores, que exerciam todas as tarefas
necessárias à subsistência da sociedade: produziam alimentos, roupas etc. e estavam presos à terra do
senhor feudal.
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Existiam também categorias intermediárias tais como os vilões (camponeses livres) e os ministeriais (corpo
de funcionários livres do senhor).
Economicamente, na sociedade feudal, predominou a produção destinada ao consumo próprio; a servidão
foi a relação social de trabalho que caracterizou o feudalismo.
No feudo, com exceção de metais utilizados na confecção de ferramentas e o sal, que vinham de fora,
eram produzidas todas as coisas de que se necessitava: cereais, carne, leite, roupa, utensílios de trabalho,
domésticos, sendo que as atividades econômicas predominantes eram a agricultura - trigo, cevada, ervilha,
centeio, uva - e a criação de animais.
As terras dos feudos compreendiam, de forma geral, os campos abertos, que eram terras de uso comum, nas
quais os servos podiam recolher madeira e soltar os animais. Eram terras, compreendendo bosques e pastos,
de posse coletiva; a reserva senhorial, terras que pertenciam exclusivamente ao senhor feudal; portanto, tudo
que fosse produzido neles pertencia ao senhor feudal; manso servil ou tenência - terras usadas pelos servos,
das quais eles retiravam seu sustento, assim como os recursos para cumprir as obrigações servis. No manso
servil, o senhor detinha a posse legal e o servo, a posse útil da terra.
O regime de trabalho era a servidão (relação de trabalho geralmente considerada superior à escravidão,
visto que o servo era um homem livre. Embora estivesse preso à terra em que trabalhava e não fosse seu
proprietário, não era propriedade do senhor feudal), na medida em que os produtores diretos eram os servos,
os quais transferiam para o senhor feudal a maior parte da produção, por meio de obrigações impostas pelos
costumes:
- corvéia, trabalho do servo na reserva senhorial. O servo tinha a obrigação de trabalhar gratuitamente
alguns dias da semana nas terras exclusivas do senhor feudal;
- talha, entrega de metade da produção do manso servil ao senhor feudal;
- banalidades, taxas pela utilização de certas instalações do feudo;
- vintém, imposto devido à Igreja;
- e mão-morta, taxa pela transmissão de herança.
Levando-se em conta que a maior parte da produção obtida pelo servo não se conservava em suas mãos, pois
passava para o senhor feudal, seu
interesse era mínimo. Associando-se a este fato o de que os trabalhos agrícolas eram realizados coletivamente,
tolhendo a iniciativa individual, resultavam um baixo nível da técnica e pequena produtividade: para cada
grão semeado, colhiam-se dois. Daí o regime de divisão das terras cultiváveis em três campos, destinados
alternadamente para o plantio de cereais e de forragem, reservando-se o terceiro para o descanso (pousio).
Realizava-se a rotação trienal dos campos para impedir o esgotamento do solo.
BAIXA IDADE MÉDIA
Os historiadores costumam dividir a Baixa Idade Média em duas grandes fases: a primeira, que vai do século
XI ao XIII, caracteriza-se pelo processo de expansão de diversos setores da vida da Europa Ocidental: a
produtividade agrícola aumentou; o comércio, a vida urbana e o artesanato lentamente começaram a crescer
novamente; diversificaram-se as profissões, regulamentaram-se as atividades comerciais e artesanais e uma
nova classe - a burguesia - fez sua aparição, trazendo a mentalidade do negócio em oposição ao ócio digno e
preocupando-se mais com a vida cotidiana do que com o heróico e o cavalheiresco; a segunda fase, séculos
XIV e XV, é marcada por uma depressão, decorrente das crises econômica, política e religiosa. Tudo o que
ocorreu nessas fases desencadeou o processo de decadência do feudalismo, determinando a transição para
uma nova sociedade.
Do século XI ao XIII, a Europa começou a viver um período de relativa tranqüilidade social e crescimento
populacional. Ela logrou reencontrar o caminho da prosperidade, o temor de invasões diminuiu, o
feudalismo reorganizou a sociedade, a Igreja dotou-a de um novo lastro intelectual, as cruzadas reabriram o
mar Mediterrâneo aos europeus, as cidades cresceram, o comércio ganhou impulso.
Até o século XI, a produção agrícola atendia, de forma modesta, às necessidades da população da Europa,
usando técnicas e instrumentos simples e primitivos. A partir desse século, melhoraram bastante as condições
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gerais do mundo rural. Os servos, através de revoltas, conseguem diminuir algumas obrigações e as relações
servis começaram a se modificar, surgindo arrendamentos de terra entre servos e senhores feudais.
Também novas áreas de campos e florestas foram ocupadas, surgindo novas culturas (aveia, ervilha etc.) e
foram aperfeiçoadas técnicas que provocaram o aumento da produtividade; passou-se a utilizar a ferradura
nos cascos dos cavalos, a charrua (arado puxado por bois ou cavalos), o moinho d’água, empregado para
moer cereais, acionar foles, quebrar minérios.
A população teve um crescimento significante nesse cenário de expansão e o comércio ganhou significativo
impulso com a melhoria dos meios de transporte, o desenvolvimento do artesanato urbano e o maior contato
com os povos orientais.
Além do desenvolvimento do comércio local, ocorreu também o desenvolvimento pelas grandes rotas de
comércio internacional.
A partir do século XI, termina o domínio árabe sobre o Mediterrâneo, que passa a ser controlado pelos
comerciantes italianos. Os comerciantes, antigos marginais, dirigiam-se das cidades de Gênova e Veneza
para os entrepostos comerciais do Mediterrâneo Oriental: Constantinopla, Alexandria, Cairo e Antióquia,
que formavam a rota do Mediterrâneo. De Flandres, seguindo o roteiro dos antigos vikings através da
Rússia, os comerciantes chegavam a Constantinopla, pela rota do mar do Norte. O comércio no norte da
Europa era controlado pelos mercadores da Liga Hanseática (associação comercial que reunia cidades do
norte europeu, que surgiu em 1241), com vistas a proteger o comércio contra os piratas e impor sua vontade
ao rei da Dinamarca, que cobrava altos pedágios dos mercadores.
Veneza e Gênova, através da França, atingiam Flandres, centro manufatureiro de lã, promovendo o
desenvolvimento das atividades comerciais nas feiras de Champagne. Essa rota terrestre era chamada de
Rota de Champagne, que ligava os três centros dinâmicos do comércio: Constantinopla, cidades italianas e
Flandres.
As atividades comerciais intensificaram-se mais ainda com o surgimento das feiras, vinculadas ao capitalismo
nascente e que tinham um caráter internacional. Os locais onde elas se formavam eram pontos estratégicos
das correntes comerciais. Os comerciantes priorizavam suas realizações nos cruzamentos das rotas. Dentro
das feiras, desenvolveram-se técnicas de câmbio, como a troca de moedas e as letras de câmbio.
O renascimento do comércio provocou o aumento da produção artesanal, levando os artesãos a se organizarem
em corporações de ofício (conhecidas também como guildas ou grêmios), que objetivavam defender os
interesses dos artesãos, regulamentar o exercício da profissão e controlar o fornecimento do produto (fixando
quantidade, qualidade, preços e salários). As corporações, além disso, dirigiam o ensino do artesanato, que se
dividia em três fases: aprendiz, oficial e mestre. Somente este último podia estabelecer-se por conta própria,
montando sua oficina de trabalho.
As cidades medievais formaram-se nas proximidades das rotas comerciais, nas regiões das feiras ou perto de
mosteiros, castelos ou catedrais. No início, a maioria dessas cidades era cercada por muralhas, formando
um núcleo urbano fortificado conhecido como burgo. Com o crescimento da população, os burgos
foram ampliando seus limites para fora das muralhas. Os habitantes que viviam nos burgos, basicamente
comerciantes e artesãos, eram chamados de burgueses, que constituíam, portanto, a burguesia, uma classe
de homens de negócios que viviam nas cidades, livres dos laços feudais.
A princípio, muitas cidades, por estarem localizadas em áreas de domínio do senhor feudal, pagavam taxas
e impostos a ele, exigindo os burgueses, em troca, direitos como os de livre comércio, proteção militar e
liberdade para os cidadãos, estabelecidos em documentos que preservavam a autonomia da cidade diante do
poder do senhor feudal. As cidades independentes (comunas) passaram a eleger prefeitos e magistrados, que
se encarregavam da administração e da defesa. Os burgueses mais ricos ocupavam os principais cargos das
cidades: elaboravam as leis, criavam tributos, determinavam a cobrança de impostos para a construção de
obras e tinham, além disso, uma polícia própria.
Após um período caracterizado pelo desenvolvimento comercial e urbano, e, particularmente, pelas
mudanças que atingiram a velha ordem feudal, anunciando a nova ordem capitalista, os séculos XIV e XV
foram marcados por uma série de crises.
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No final do século XIII, já não havia quase terras de boa qualidade e muitos nobres feudais resistiam à
derrubada das florestas, onde se dedicavam a seu esporte preferido (a caça) e de onde extraíam madeira, mel,
cera, etc.; em conseqüência, passaram a ser ocupadas terras com solos menos férteis, o que fez diminuir a
produtividade.
Em várias regiões, houve problemas com colheitas perdidas, provocadas por fatores climáticos, guerras,
técnicas inadequadas de cultivo, etc., que provocaram escassez de alimentos e, conseqüentemente, fome,
que levou milhares de pessoas à morte, enquanto outras sobreviveram em grave estado de desnutrição.
Enfraquecida pela fome, uma parcela muito grande da população foi vítima da peste negra, que chegou à
Europa trazida da Ásia pelos comerciantes italianos e alastrou-se rapidamente, causando grande epidemia.
Calcula-se que um terço da população européia tenha morrido vitimada pela peste negra.
Crise política - O espírito guerreiro da nobreza medieval foi canalizado, durante certo tempo, pelas lutas
da cristandade contra os muçulmanos e pagãos. As Cruzadas, por exemplo, serviam para pôr para fora a
agressividade dos nobres e cavaleiros cristãos, mas elas chegaram ao fim no final do século XII. Sem um
inimigo externo, surgiram conflitos internos, que tiveram várias conseqüências na Europa Ocidental. Um
exemplo desses conflitos foi a Guerra dos Cem Anos, de 1337 a 1453, entre a França e a Inglaterra. A disputa
da região de Flandres, célebre pelas feiras que aí se realizavam e o problema sucessório foram responsáveis
pelo conflito.
Eduardo III, da Dinastia dos Plantagenetas, rei da Inglaterra e neto de Filipe, o Belo, da França, foi impedido
de assumir o trono francês, tendo em vista que, na Lei Sálica, os descendentes por linhagem feminina não
tinham direito ao trono. A França foi invadida pelo norte, com o apoio de Flandres. Nesse momento,
emergiu plenamente a crise do feudalismo: os camponeses se rebelaram, eclodindo as Jacqueries; cavaleiros
em busca de vantagens pessoais vieram à luta e exércitos mercenários se formaram. Em meio à guerra
e ao fervor religioso, surgiu Joana d’Arc que, conduzindo camponeses franceses à luta, foi aprisionada e
condenada, posteriormente, como herege, pela Igreja.
A guerra terminou com a vitória da França, que conseguiu expulsar os ingleses de praticamente todos os
territórios da França.
Essa longa guerra prejudicou a vida econômica dos dois países, arruinando grande parte da nobreza feudal.
Quando ela terminou, a autoridade do rei estava fortalecida, o que, posteriormente, permitiu a construção
de uma monarquia centralizada.
Crise religiosa - O para Clemente V, em 1309, a fim de fugir das perturbações políticas que agitavam a
Itália e para manter boas relações com o rei da França, transferiu a sede do papado para a cidade francesa
de Avignon, o que provocou grave crise dentro da Igreja entre os anos de 1378 e 1417, período conhecido
como o Grande Cisma do Ocidente. Nesse lapso de tempo, a Igreja foi governada por dois papas, um em
Roma (eleito pelo Colégio dos Cardeais) e outro em Avignon. A Igreja somente veio a recuperar sua unidade
em 1418, com a realização do Concílio de Constância, elegendo um novo papa, sediado em Roma, para
comandar a Igreja Católica.
Essa crise religiosa também serviu para gerar insegurança e desorientação na população, possibilitando o
surgimento de várias doutrinas contrárias aos dogmas da Igreja católica.
HISTÓRIA MODERNA
AS REFORMAS RELIGIOSAS: LUTERANISMO E CALVINISMO
Contexto geral
A Reforma foi um movimento religioso iniciado em 1517, na Alemanha, que provocou a cisão na unidade
da Igreja Cristã Medieval, dando início aos movimentos protestantes e novas seitas cristãs.
Foi uma reação não só à Igreja Católica, mas também ao humanismo racionalista do Renascimento.
As causas da Reforma foram:
- desmoralização da Igreja com a crise de Avignon, no fim da Idade Média;
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- corrupção da Igreja na época do Renascimento;
- disputa entre a Teologia agostiniana (de Santo Agostinho), adotada por Lutero, e a tomista (de São Tomás
de Aquino), baseada no livre arbítrio, adotada pela Igreja oficial;
- oposição de muitos reis à intervenção papal em seus Estados;
- desejo de reis e príncipes de se apossarem dos bens da Igreja, que não eram poucos;
- oposição da burguesia à mentalidade da Igreja, avessa ao lucro e ao juro e tendente a condená-los e
impedi-los.
A REFORMA NA ALEMANHA – LUTERANISMO
Foi desencadeada por Lutero, monge agostiniano e professor universitário, nascido em 1483. Em 1517,
lançou sua proclamação contra a venda das indulgências, isto é, o perdão às almas do Purgatório.
Excomungado pelo papa Leão X em 1520, Lutero foi chamado à Dieta de Worms, onde se recusou a uma
retratação.
Protegido pelo Eleitor da Suábia, contando com o fato de que o Imperador Carlos V não lhe podia dar
atenção por estar envolvido com os turcos e franceses, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e elaborou as
bases do Protestantismo.
Em 1529, a Dieta de Spira proibiu a expansão da doutrina luterana. Em 1530, Melanchton expôs os
princípios do Luteranismo na Dieta de Augsburg.
O Luteranismo mantém as crenças básicas do Cristianismo: um Deus e a Trindade. Estabelece, porém, a
supremacia da fé sobre as boas obras, suprime a missa, vários sacramentos, o culto aos santos, a autoridade
do papa, o livre arbítrio, o clero regular e o celibato clerical. Torna a religião um assunto intrinsecamente
pessoal entre o homem e Deus; desenvolve a idéia de que todo cristão deve ir diretamente à Bíblia, a fonte
básica da Revelação.
Causas da prioridade alemã na Reforma:
- maior força da tradição mística do Medievalismo;
- pouca penetração da cultura laica e humanista do Renascimento;
- exploração sem controle da Igreja na Alemanha, aproveitando que ela era uma nação sem monarca forte
para defender seus interesses.
A REFORMA EM GENEBRA – CALVINISMO
Teve como vulto mais destacado João Calvino, e possuiu um caráter muito mais radical, fanático e fatalista
do que a Reforma Luterana. Calvino foi autor da Instituição da Igreja Cristã e governou ditatorialmente
Genebra durante vários anos.
A Reforma Calvinista partia do princípio de que Deus já escolheu os seus eleitos para o Paraíso, após
a morte. Afirmava, igualmente, o cumprimento da vocação como um indício da escolha divina, o que
beneficiou consideravelmente a burguesia emergente, que teve no Calvinismo um importante apoio. Dizia
Calvino que os ricos devem considerar sua riqueza como o “salário de Deus”.
O Calvinismo espalhou-se para a Holanda, Inglaterra (Presbiterianismo e Puritanismo) e França
(Huguenotes).
A REFORMA E AS LUTAS RELIGIOSAS
Os séculos XVI e XVII foram marcados por lutas e intolerâncias profundas no campo religioso. Católicos e
protestantes não se suportavam. Inclusive luteranos e calvinistas não se davam bem.
Na Alemanha, a Paz de Augsburg, em 1555, encerrou a primeira fase das lutas religiosas, determinando que
cada eleitorado deveria seguir a religião adotada por seu Príncipe Eleitor (na Alemanha da época, o Imperador
era escolhido por um determinado número de Príncipes Eleitores). Na França, as lutas entre católicos e
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huguenotes caracterizaram-se por matanças incríveis (Noite de São Bartolomeu, 1572) e terminaram com o
édito de tolerância aos protestantes, firmado em 1598 (Édito de Nantes).
No século XVII, houve ainda a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), iniciada na Alemanha como luta
religiosa e que se transformou num conflito político europeu. Concluiu-se com a Paz de Westfália e a
supremacia da França sobre a Casa Imperial da Áustria e Alemanha.
A “CONTRA-REFORMA” CATÓLICA
A Igreja não aceitou a Reforma e decidiu reagir a ela, o que se consubstanciou nas seguintes atitudes:
- Concílio de Trento (1545-1563): reafirmou o dogma católico, a autoridade papal e criou o Index de
livros proibidos, o qual esteve em vigor até que o Papa Paulo VI (século XX) o aboliu, assim como os
seminários para a formação de padres.
- Criação da Companhia de Jesus: deveu-se a Santo Inácio de Loyola, visou expandir a fé católica, atuando
na educação e, de modo especial, na América Espanhola e Portuguesa; baseou-se numa rígida hierarquia,
compreendendo Provinciais e um Geral, e numa total submissão ao Papa. Vale lembrar que a ordem
tornou-se detentora de vários segredos de cortes européias (pois muitos de seus membros eram confessores
de príncipes) e terminou extinta temporariamente (1773-1814), devido ao enorme poder de que chegou
a desfrutar e ao influxo das novas idéias liberais e anticlericais, fatos que geraram enormes pressões
contrárias à Companhia, nos fins do século XVIII.
- Revigoramento da Inquisição: foi um tribunal que funcionou especialmente na Espanha, Portugal e
Itália, a serviço da Igreja; voltou-se contra protestantes, cientistas, pensadores, acusados de feitiçaria e
judeus convertidos.
A EXPANSÃO E COLONIZAÇÃO EUROPÉIA NA AMÉRICA: A AMÉRICA ESPANHOLA
A EXPANSÃO MARÍTIMA
No contexto da expansão marítima e do fortalecimento do poder dos reis, pouco a pouco desenvolveu-se
o mercantilismo, política econômica caracterizada pela intervenção do Estado nas atividades econômicas,
tendo por objetivo maior o fortalecimento do próprio Estado. Colocada em prática aproximadamente entre
1450 e 1750, a política mercantilista foi responsável por uma enorme acumulação de riquezas, provenientes,
principalmente, dos territórios americanos dominados pelos europeus.
Segundo o mercantilismo, as colônias tinham funções muito bem definidas, sempre objetivando o
enriquecimento das metrópoles e dos comerciantes. Elas deviam fornecer, a baixo custo, gêneros tropicais,
matérias-primas e, principalmente, metais preciosos.
O intervencionismo estatal era a característica fundamental da política mercantilista. A segunda era o
incentivo às manufaturas, que constituíram a forma básica de produção na Europa moderna. Os soberanos
europeus logo perceberam a importância das manufaturas e trataram de incentivá-las, através, por exemplo,
de privilégios, como a exclusividade na produção de determinadas mercadorias. Outra forma de apoio era a
proibição à importação de produtos manufaturados de outros países, reservando, assim, o mercado nacional
aos produtores locais (o protecionismo).
Também nessa época, à medida que se formava um comércio em escala mundial, surgiram as companhias
de comércio, responsáveis pelo comércio entre as colônias e suas respectivas metrópoles, além de serem
beneficiadas com monopólios.
Todas essas regulamentações e atitudes protecionistas objetivavam fortalecer as manufaturas e as companhias
de comércio e conseguir uma balança de comércio favorável, isto é, com exportação sempre superior à
importação. Tornar o Estado forte, próspero e poderoso; tornar a economia nacional rica e capaz de, com
vantagem, enfrentar os concorrentes externos - estes eram alguns objetivos da política mercantilista. Para
alcançá-los, acreditava-se que um dos caminhos era a acumulação de estoques metálicos. Daí a importância
das colônias produtoras de ouro e prata.
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A COLONIZAÇÃO EUROPÉIA NA AMÉRICA: A AMÉRICA ESPANHOLA
A colonização espanhola das Américas começou com a chegada de Cristóvão Colombo às Américas em
1492. Colombo procurava um novo caminho para as Índias e convenceu-se de que o encontrara. Ele foi
feito governador dos novos territórios e fez várias outras viagens através do
Oceano Atlântico. Enriqueceu com o trabalho de escravos nativos, que obrigou a minar ouro, e também
tentou vender escravos na Espanha.
Apesar de ser geralmente visto como um excelente navegador, era fraco como administrador e foi destituído
do governo em 1500.
A chegada dos espanhóis à América insere-se no contexto da expansão marítima européia. A colonização
levou a Espanha a fazer incursões no novo continente, dominando e destruindo culturas indígenas, como
a dos incas e dos astecas, em busca de metais preciosos encontrados e explorados em grande quantidade
pelos conquistadores, que se utilizavam para tanto da mão-de-obra servil indígena. A Conquista da América
espanhola aconteceu de forma exploratória, isto é, não vinham para a América em busca de terras para
povoar: eles ocupavam o espaço, apropriando-se de suas riquezas. Os espanhóis dizimaram as populações
indígenas, impondo sua cultura, língua e religião.
O processo de exploração da América colonial foi marcado pela pequena participação da Coroa, devido à
preocupação espanhola com os problemas europeus, fazendo com que a conquista fosse comandada pela
iniciativa particular, mediante o sistema de capitulações. As capitulações eram contratos em que a Coroa
concedia permissão para explorar, conquistar e povoar terras, fixando direitos e deveres recíprocos. Surgiram
assim os adelantados, responsáveis pela colonização e que acabaram representando o poder de fato nas terras
coloniais, como Cortez e Pizarro que, apesar de incorporarem ao domínio espanhol grandes quantidades de
terra, não conseguiram implementar um sistema eficiente de exploração, normalmente pela existência de
disputas entre aqueles que participavam do empreendimento. Por isso, à medida que se revelavam as riquezas
do Novo Mundo, a Coroa foi centralizando o processo de colonização, anulando as concessões feitas aos
particulares.
O Conselho das Índias foi criado em 1524, por Carlos V, e a ele cabia as decisões políticas em relação às
colônias, nomeando Vice-reis e Capitães gerais, autoridades militares, e judiciais. Foram criados ainda os
cargos de Juízes de Residência e de Visitador. O Primeiro, responsável por apurar irregularidades na gestão de
algum funcionário da metrópole na colônia; o segundo, responsável por fiscalizar um órgão metropolitano
ou mesmo um Vice-reino, normalmente para apurar abusos cometidos.
A colonização promovida pelos espanhóis deve ser entendida a partir da lógica mercantilista, baseada,
portanto, no Exclusivo metropolitano, ou seja, no monopólio da metrópole sobre suas colônias. A exploração
mineradora foi a atividade econômica mais importante na América Espanhola. O ouro na região do México
e a prata na região do Peru foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma clara política de exploração por
parte da metrópole, que passou a exercer um controle mais rígido sobre seus domínios.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA INGLATERRA
A partir de 1750, desenvolveu-se na Europa um processo de grandes transformações sócio-econômicas
conhecido como Revolução Industrial. Esse conjunto de transformações influenciou profundamente a vida
de milhões de pessoas em quase todas as regiões do planeta.
O crescimento da produtividade econômica, antes da Revolução Industrial, deu-se, sobretudo, com o
aperfeiçoamento da organização da produção através da racionalização dos métodos. Com a Revolução
Industrial, a produtividade passou a contar, também, como avanço da técnica, isto é, a invenção de máquinas.
Assim, durante a Idade Moderna, a produção econômica européia passou por diferentes etapas: o artesanato,
a manufatura e, por último, a mecanização.
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Produção artesanal - o artesanato é uma forma de produção industrial muito simples, em que não há
divisão de trabalho e, portanto, o produtor (artesão) tinha pleno controle sobre as diversas fases do processo
produtivo.
Produção manufatureira - representou um estágio mais avançado. Era uma concentração de diversos
trabalhadores sob a direção de um chefe, em um mesmo local. Nesse estágio, introduziu-se a divisão do
trabalho produtivo. Cada operário executava uma tarefa específica, não tendo visão de conjunto do processo
de fabricação. As tarefas eram subdivididas de forma racional, criando-se linhas de operação e de montagem
cujo objetivo era aumentar a velocidade da produção.
Produção mecanizada - por último, chegamos à maquinofatura, à produção mecanizada nas fábricas. Esse
estágio foi atingido quando os avanços técnicos, aliados ao aperfeiçoamento dos métodos produtivos,
propiciaram a criação das máquinas industriais. Elas substituíram várias ferramentas e o próprio trabalho de
muitos operários.
A Revolução Industrial pode ser dividida em duas grandes etapas: a) primeira etapa, de 1760 a 1860, em que
ficou limitada, basicamente, à Inglaterra, primeiro país europeu a desenvolver o processo de industrialização.
O grande destaque foi o desenvolvimento da indústria de tecidos de algodão, com a utilização do tear
mecânico. Além disso, o aperfeiçoamento das máquinas a vapor teve extrema importância para o progresso
das fábricas; b) segunda etapa, de 1860 a 1900, em que se espalhou pela Europa central e oriental, atingindo
países como Bélgica, França, Alemanha, Itália e Rússia. Alcançando outros continentes, o processo de
industrialização chegou aos Estados Unidos e ao Japão. Nessa etapa, as principais inovações técnicas foram
a utilização do aço, superando o ferro; o aproveitamento da energia elétrica e dos combustíveis petrolíferos;
a invenção do motor a explosão, da locomotiva elétrica; o desenvolvimento dos produtos químicos. O
progresso tecnológico foi tão significativo que essa etapa é comumente chamada de Segunda Revolução
Industrial.
Desde a segunda metade do século XVI, a Inglaterra já começava a aparecer como forte candidata à hemegonia
européia, tendo vários fatores contribuindo para tanto: a) acúmulo de capitais - a Inglaterra tinha a mais
importante zona de livre comércio da Europa, sobretudo depois da Revolução Gloriosa. A burguesia inglesa
tinha, portanto, um importante papel na vida econômica do país. Além disso, a Inglaterra contava com
um sistema de créditos financeiros bem desenvolvido, desde a fundação do Banco da Inglaterra, em 1694.
Tudo isso permitiu à burguesia expandir o comércio marítimo e acumular capitais; b) controle capitalista do
campo - o acúmulo de capitais levou ao controle capitalista do campo.
A burguesia inglesa passou a ampliar e dirigir grandes propriedades rurais. Com a concentração da propriedade
agropastoril nas mãos da burguesia, houve melhora dos métodos de produção e aumento de produtividade,
mas também a liberação de grandes levas de camponeses de suas antigas funções, os quais migraram para as
cidades, submetendo-se, por fim, ao duro trabalho nas indústrias em expansão; c) crescimento populacional
- o aumento da produção de alimentos e os progressos da medicina no combate às epidemias contribuíram
para o crescimento populacional que, associado ao êxodo rural, ampliou a oferta de mão-de-obra nas cidades.
Eram trabalhadores sem outro meio de sobrevivência a não ser o trabalho na indústria em troca de um salário
miserável; d) posição geográfica - o fato de a Inglaterra ser uma ilha situada próxima à Europa ocidental
favoreceu o comércio marítimo com o continente e o acesso aos grandes mercados ultramarinos; e) fontes de
energia - a Inglaterra possuía grandes jazidas de carvão, o que possibilitou o desenvolvimento de indústrias
baseadas no carvão mineral. Os demais países europeus só contavam com o carvão de madeira.
Com a Revolução Industrial, o capitalismo se consolidou definitivamente como modo de produção. Aos
poucos, a indústria foi se tornando o principal setor de acumulação de riquezas, substituindo, assim, o
comércio.
As relações de trabalho também se modificaram. Milhares de camponeses abandonaram suas antigas
ocupações, mudando-se para as cidades em busca de emprego nas fábricas. Surgiu, então, uma das principais
oposições de classe do capitalismo industrial: de um lado, os empresários industriais, donos dos meios de
produção das fábricas e, de outro, os operários urbanos, trabalhadores assalariados nas indústrias.
Para desenvolver suas indústrias, os empresários queriam liberdade econômica, ampliação dos mercados
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consumidores e mão-de-obra barata para trabalhar nas fábricas. Sempre com o objetivo de aumentar os
lucros, o empresário industrial pagava o menor salário possível, enquanto explorava ao máximo a capacidade
de trabalho dos operários. Os salários eram tão reduzidos que mal davam para pagar a alimentação de
uma única pessoa. Para sobreviver, o operário era obrigado a trabalhar nas fábricas com toda a sua família,
inclusive mulheres e crianças de até mesmo seis anos. Além disso, as fábricas tinham péssimas instalações,
o que prejudicava a saúde do trabalhador. Toda essa exploração do trabalho humano acabou gerando lutas
entre operários e empresários. Houve casos de grupos de operários que, armados de porretes, atacaram as
fábricas, destruindo suas máquinas. Para eles, as máquinas representavam o desemprego, a miséria, os salários
de fome e a opressão. Posteriormente, perceberam que a luta do movimento operário não devia ser dirigida
contra a máquina, mas contra o sistema de injustiças criado pelo capitalismo industrial, surgindo, então, os
sindicatos operários, que iniciaram a luta por melhores salários e condições de vida para o trabalhador.
Além das conseqüências sociais apontadas, a Revolução Industrial acarretou uma série de transformações
como:
- as cidades cresceram em função da concentração de indústrias e da grande massa de trabalhadores. A
população urbana aumentou rapidamente.
- visando aumentar a produtividade industrial, o trabalho do operário foi subdividido nas fábricas em
múltiplas operações, dando origem às linhas de montagem. O operário perdia a noção de conjunto do
processo produtivo. Dividindo o trabalho, também se dividia o saber do trabalhador. A divisão do saber
conduziu à especialização das tarefas e à alienação do trabalhador em relação ao processo global.
- as linhas de operação e de montagem existentes nas fábricas passaram a realizar a produção em série de
um mesmo artigo. O aumento da produção em série colaborou para igualar e massificar o gosto dos
compradores dos produtos industriais.
- a Revolução Industrial contribuiu diretamente para o progresso dos meios de transporte e de comunicação,
sem os quais seria inviável a distribuição dos produtos industrializados. Constituíram significativo
progresso dos transportes e das comunicações as invenções do navio a vapor, da locomotiva, do telégrafo,
do telefone e do automóvel.
As transformações decorrentes do rápido processo de industrialização logo repercutiram por toda a sociedade.
Crescia o número de operários pobres que reivindicavam, através dos sindicatos, condições dignas de
trabalho. Insensível às reivindicações dos trabalhadores, a burguesia industrial almejava apenas aumentar
seus lucros e enriquecer.
Essa nova realidade provocou o surgimento de várias teorias sociais, tendo algumas o objetivo de justificar
a organização da sociedade industrial capitalista, enquanto outras, identificadas com os interesses dos
trabalhadores, denunciavam a exploração do trabalhador pela burguesia e pregavam uma sociedade mais
livre e justa.
Entre as teorias que justificavam a organização da sociedade industrial capitalista, destacou-se o liberalismo
econômico, cujos principais representantes foram Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo.
Malthus, em sua obra “Ensaio sobre os princípios da população”, afirma que a miséria dos trabalhadores
era conseqüência de uma lei da natureza, já que, devido à paixão entre os sexos, a população crescia em
progressão geométrica, enquanto as fontes de alimento aumentavam em progressão aritmética. Concluía
que os pobres deviam parar de fazer filhos. Ou seja, a solução para a pobreza era simplesmente reduzir o
número de nascimentos de pessoas pobres.David Ricardo afirmava, em “Princípios de economia política”,
que o trabalho deveria ser encarado como uma mercadoria qualquer, sujeita à lei da oferta e da procura. Se
havia muita oferta de trabalho, o preço dessa mercadoria (trabalho) diminuía, resultando nos baixos salários.
Não cabia ao Estado ou aos sindicatos exigir aumentos de salários contrários a essa lei. A burguesia industrial
não era culpada pela miséria dos operários. Tudo se explicava pelas leis de mercado, pela lei da oferta e da
procura.
Entre as teorias que criticavam a exploração dos trabalhadores e as injustiças da sociedade industrial,
destacou-se o socialismo, com suas duas principais correntes: a utópica e a científica. Socialismo utópico é
a denominação pela qual ficaram conhecidas as primeiras correntes socialistas, formuladas por Saint-Simon
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e Proudhon. Saint-Simon criticou o liberalismo econômico e a desumana exploração dos trabalhadores
realizada pelos proprietários capitalistas. Pregava a extinção das diferenças de classe e a construção de uma
sociedade em que cada pessoa ganhasse de acordo com o real valor de seu trabalho. Proudhon afirmava que
a propriedade privada era um roubo, sendo mantida pela exploração do trabalho alheio. Pregava a igualdade
e a liberdade para todos os indivíduos, que viveriam numa sociedade harmônica, sem a força do Estado.
O socialismo científico foi desenvolvido por Karl Marx e Friedrich Engels. Abaixo, seguem algumas idéias
do socialismo científico (marxismo):
- a natureza e a sociedade passam por um processo permanente de transformações. Esse processo é dialético,
isto é, move-se pela luta de forças contrárias (positivo e negativo, vida e morte, explorado e explorador
etc.). Essa luta promove mudanças quantitativas e qualitativas na realidade.
- toda sociedade possui uma base material (estrutura), representada pelas forças de produção econômica,
que dizem respeito aos instrumentos de produção e à experiência dos homens que lidam com esses
instrumentos, e pelas relações sociais de produção, que se referem ao relacionamento social no processo
de produção. Isso constitui o modo de produção da vida material da sociedade. Esse modo de produção
condiciona, de maneira geral, a vida social, política e intelectual.
- em termos sociais, o motor da história humana é a luta de classes, que só terminaria com o aparecimento
da sociedade comunista perfeita. Nela desapareceria a exploração de classes e as injustiças sociais.
- para Marx e Engels, o capitalista, ao explorar o trabalho assalariado, recebe lucros gerados pela mais-valia,
noção que pode ser explicada da seguinte maneira: um operário, ao realizar um trabalho, deveria receber
de forma integral o correspondente ao valor social do seu trabalho. Entretanto, o capitalista apodera-se
de parte desse trabalho que deveria ser paga ao operário. A essa parte não-remunerada do trabalho social
dá-se o nome de mais-valia.
Uma série de pensadores cristãos (Lamennais, Wagner e Maurice, entre outros) apelou às classes dominantes
para que aliviassem o sofrimento das classes trabalhadoras, nascendo assim o socialismo cristão, uma tentativa
de aplicar os ensinamentos evangélicos de amor e de respeito pelo próximo aos problemas sociais gerados
pela industrialização.
Em 1891, o papa Leão XIII promulgou a encíclica Rerum novarum, em que expunha o pensamento social
católico. Reconhecia o direito à propriedade privada e rejeitava a teoria marxista. Condenava, entretanto,
a ganância capitalista e a exploração desumana do trabalho. Leão XIII propunha que os empregadores
reconhecessem os direitos fundamentais do empregado, tais como: limitação das horas de trabalho, descanso
semanal, estabelecimento de salários dignos etc. A encíclica recomendava também a intervenção do Estado
para melhorar as condições de vida dos trabalhadores nos setores de habitação e de saúde.
O IMPERIALISMO NA ÁFRICA E A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Imperialismo na África
Até fins do século XVIII, a expansão colonizadora da Europa derramou-se principalmente pelo continente
americano. A colonização foi alimentada pela Revolução Comercial e teve, portanto, caráter mercantilista.
Visava a enriquecer e fortalecer o Estado, mediante a obtenção de colônias: fontes de renda, pela exploração
das suas riquezas e pelo regime do monopólio. O colonialismo europeu mercantilista procurava, sobretudo,
metais preciosos (ouro, prata) e produtos tropicais, cuja venda sustentava os exércitos das metrópoles e
financiava as constantes e exaustivas guerras, provocadas pelas ambições nacionalistas na Europa.
No século XIX – de par com a Revolução Industrial – surgiu um novo expansionismo europeu, de cunho
imperialista, que se lançou à conquista dos demais continentes, com exceção da América (defendida pela
doutrina Monroe). Este novo imperialismo europeu estendeu-se especialmente pela África e a Ásia. Não era
apenas colonialista (do antigo tipo mercantilista): também era estratégico (militar) e econômico. Cobiçava
novas fontes de matérias-primas; não ouro e especiarias, mas elementos indispensáveis à industria. E
ambicionava novos mercados.
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CAUSAS DO IMPERIALISMO COLONIALISTA
Necessidade de novas fontes de matérias-primas (sobretudo: ferro, cobre, petróleo, manganês, trigo, algodão)
e de novos mercados (para o consumo dos produtos industriais das metrópoles); superpopulação da Europa e
conseqüente necessidade de novas áreas para o excesso de habitantes, os colonos continuariam a ser cidadãos
e forneceriam contingentes humanos para os exércitos das metrópoles; necessidade de aplicação dos capitais
excedentes; desejo da conquista de bases estratégicas (sobretudo para segurança do tráfico marítimo); espírito
e ambições nacionalistas.
Os fatores adjuvantes foram: os progressos da tecnologia: facilidades de comunicação (navios rápidos;
telégrafo) e a refrigeração artificial; expansão de novo ciclo missionário das igrejas cristãs da Europa e da
América.
Conferência de Berlin – O principal objetivo era oficializar a partilha das colônias africanas entre os países
colonizadores. O primeiro-ministro alemão Bismarc reuniu em Berlin, Alemanha, representantes das
principais nações européias para discutir a ocupação do território africano.
Regras estabelecidas para a colonização da África:
- O território pretendido deveria ser ocupado pelo colonizador;
- As demais nações deveriam ser notificadas para se evitar conflitos.
O resultado da colonização para os africanos: os europeus praticamente arruinaram com as estruturas que
existiam na África antes da colonização, como:
- A economia agrícola que era auto-suficiente, voltada ao consumo da população, passou a servir aos interesses
dos colonizadores;
- Terras cultiváveis foram apropriadas pelos investidores europeus, os latifúndios (grandes propriedades)
passaram a produzir um único produto (monocultura) que interessava ao mercado externo;
- Produtos de consumo da população local foram substituídos por aqueles que davam lucro ao mercado
internacional;
- Exploração dos produtos tropicais era realizada com finalidade de obter lucro;
- Mão-de-obra era abundante e barata para os colonizadores;
- Potências européias encontraram no continente africano uma enorme fonte de riquezas.
COLONIZAÇÃO FRANCESA
Em 1830, sob o reinado de Carlos X, iniciou-se a conquista da Argélia, que foi a primeira conquista européia
na corrida imperialista. Terminou em 1857, sob o reinado de Napoleão III. A Tunísia foi facilmente ocupada
em 1881 (provocando o desagrado da Itália). A conquista do Marrocos (1900-1912) deu margens à “questão
marroquina” franco-alemã. A oposição da Alemanha às atividades colonialistas da França, no Marrocos,
provocou dois graves incidentes, que quase desencadearam a guerra: o de Tânger (1905) e o de Agadir
(1911). Afinal, após obter concessões territoriais no Congo (Camerun), a Alemanha consentiu (1911) no
protetorado francês sobre o Marrocos, o qual foi oficialmente estabelecido em 1912.
De 1855 a 1900, a França conquistou o Sudão (África Ocidental Francesa): Saara, Senegal, Guiné, Costa
do Marfim, Dahomey (Daomé) e os territórios do Niger. De 1875 a 1885, apossou-se de imenso território
à margem direita do Congo e do seu afluente Ubangui (África Equatoriana Francesa).
Em Madagáscar, a colonização francesa começou no século XVII. Mas a conquista de toda a ilha só se
realizou numa campanha militar em fins do século XIX (1895-1896). A Somália francesa (em frente ao
estreito de Bab el Mandeb) foi conquistada em 1888.
COLONIZAÇÃO INGLESA
A Inglaterra apoderou-se, a pouco a pouco, das partes mais valiosas da África.
Região leste: Em 1882, estabeleceu o protetorado britânico sobre o Egito. Mais tarde, realizou novas
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conquistas, formando um bloco unido de possessões, no leste africano: África Ocidental Britânica, hoje
Quênia (1884), Rodésia (1889), Uganda (1890), Sudão Anglo-Egípcio (1898).
Região ocidental: Apoderou-se de Gâmbia, Serra Leoa, Costa de Ouro e Nigéria.
Região sul: No sul, desde a guerra com Napoleão, possuía a colônia do Cabo (arrancada aos holandeses).
Em 1885, descobriram-se minas de ouro em Johannesburg (Transvaal). Pouco depois, a Inglaterra provocou
a guerra contra os bôers, calvinistas de origem holandesa, agricultores, estabelecidos em duas pequenas
repúblicas – Transvaal e Orange – as quais, após a vitória inglesa (1899-1902), foram ligadas às colônias do
Cabo e de Natal. Todas elas, juntas, formaram em 1910 a União Sul-Africana.
COLONIZAÇÃO ALEMÃ
Tendo de realizar, primeiramente, a sua unidade nacional, a Alemanha apareceu tardiamente no cenário
colonial africano. Mesmo assim, obteve o Camerun, hoje República dos Camarões (1884), e Togo (1885),
no golfo da Guiné. Ainda em 1884, conquistou a África do Sudoeste, hoje fideicomisso da ONU. Em 1885,
apoderou-se da África Oriental, hoje Tanzânia. A Alemanha perdeu todas as suas colônias africanas, após a
Primeira Guerra Mundial.
COLONIZAÇÃO ITALIANA
A Itália também entrou tardiamente na “corrida colonialista”. Obteve a Eritréia (1885), no Mar Vermelho,
e a Somália italiana (1892), no Oceano Índico. Mas, ao tentar conquistar a Abissínia, sofreu a esmagadora
derrota de Ádua (1896), às mãos dos soldados do “negus” Menelik II, o soberano etíope. Em 1911, arrebatou
aos turcos a Tripolitânia e a Cirenaica, que foram reunidas sob o novo nome de Líbia.
O CONGO BELGA
O Congo é uma enorme e riquíssima região central da África. Foi, primeiramente (1885-1908), propriedade
particular de Leopoldo II, rei dos belgas. Em 1908, a Coroa belga vendeu esse território à Nação. O Congo
passou a ser colônia da Bélgica.
COLONIZAÇÃO ESPANHOLA E PORTUGUESA
A Espanha obteve, em 1885, pequenos territórios de reduzido valor: Rio de Oro e a Guiné espanhola. E,
mais tarde (1912), um pequeno protetorado na região norte do Marrocos.
Portugal conservou, além da pequena Guiné portuguesa, duas vastas colônias: Angola e Moçambique.
CONCLUSÃO
Em fins do século XIX, a África achava-se repartida entre as diversas potências européias. Só ficavam dois
Estados independentes: a Libéria (fundada em 1822, por negros norte-americanos emancipados) e a Abissínia
(Etiópia).
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um conflito mundial iniciado por um confronto regional entre
o Império Austro-Húngaro e a Sérvia, em 28 de julho de 1914, confronto que se transformaria em luta
armada, em escala européia, quando a declaração de guerra austro-húngara foi estendida à Rússia em 1º de
agosto de 1914. Finalmente, passou a ser uma guerra mundial, da qual participaram 32 nações: 28 delas,
denominadas ‘aliadas’ ou ‘potências coligadas’, entre as quais se encontravam a Grã-Bretanha, a França, a
Rússia, a Itália, e os Estados Unidos, lutaram contra a coligação dos chamados impérios centrais, integrada
pela Alemanha, pela Áustria-Hungria, pelo império Otomano e pela Bulgária.
A causa imediata do início das hostilidades entre a Áustria-Hungria e a Sérvia foi o assassinato do arquiduque
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Francisco Fernando de Habsburgo, herdeiro do trono austro-húngaro, cometido em Sarajevo, no dia
28 de junho de 1914, por um nacionalista sérvio. Entretanto, os verdadeiros fatores determinantes do
conflito foram: o espírito nacionalista que crescia por toda a Europa durante o século XIX e princípios do
XX, e a rivalidade econômica e política entre as diferentes nações; o processo de militarização; e a corrida
armamentista que caracterizaram a sociedade internacional dos últimos anos do século XIX, raiz da criação
de dois sistemas de alianças que se diziam defensivas: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente. A primeira
nasceu do pacto firmado entre a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália contra a ameaça de ataque da França. A
Tríplice Entente era a aliança entre a Grã-Bretanha, França e Rússia para contrabalançar a Tríplice Aliança.
O assassinato do arquiduque austríaco teve sérias repercussões. Diante da ineficácia das gestões diplomáticas,
a Áustria declarou guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914. A Rússia respondeu, mobilizando-se contra
a Áustria, e a Alemanha lhe declarou guerra em 1º de agosto. As tropas alemãs cruzaram a fronteira do
Luxemburgo, em 2 de agosto, e no dia seguinte, 3 de agosto, a Alemanha declarou guerra à França. O
governo britânico declarou guerra à Alemanha no dia 4 de agosto. A Itália permaneceria neutra até 23 de
maio de 1915, quando, então, declarou guerra à Áustria-Hungria. O Japão declarou guerra à Alemanha em
23 de agosto de 1914 e em 6 de abril de 1917, os Estados Unidos fizeram o mesmo.
As operações militares na Europa se desenvolveram em três frentes: a ocidental ou franco-belga, a oriental
ou russa e a meridional ou sérvia. Posteriormente, surgiriam novas zonas de combate com a intervenção do
império otomano, da Itália e da Bulgária.
Na frente ocidental, o plano inicial da estratégia alemã era derrotar rapidamente a França, no oeste, com
uma ‘guerra relâmpago’, enquanto uma pequena parte do exército alemão e todas as forças austro-húngaras
conteriam, a leste, a invasão russa. No outono de 1914, a queda da capital francesa parecia tão iminente
que o governo francês se transferiu para Bordeaux. Porém, os franceses, comandados pelo general Joseph
Joffre, cercaram Paris e atacaram o exército alemão. Na primeira batalha do Marne (de 6 a 9 de setembro),
os franceses conseguiram deter o exército alemão. No entanto, no fim de 1914, os adversários ainda estavam
entrincheirados, cada um em suas linhas de frente, que se estendiam da Suíça ao Mar do Norte. No decurso
de três anos, poucas modificações ocorreram nestas linhas, o que faria da luta uma guerra de trincheiras ou
de ‘exaustão’.
Os russos assumiram a ofensiva, na frente oriental, no início da guerra, mas foram detidos pelos exércitos
austro-alemães. Em 1915, estes haviam conseguido expulsar os russos da Polônia e da Lituânia, e tinham
tomado todas as fortalezas limítrofes da Rússia, que ficou sem condições de empreender ações importantes
por falta de homens e de suprimentos.
Os austríacos invadiram a Sérvia três vezes ao longo de 1914, sendo rechaçados em todas. Quando a Bulgária
declarou guerra à Sérvia em 14 de outubro de 1915, as forças aliadas entraram pela Sérvia. Os búlgaros
derrotaram o exército sérvio e também o britânico e o francês que vieram de Salonica. No fim de 1915, os
impérios centrais haviam ocupado toda a Sérvia.
O império Otomano entrou na guerra em 29 de outubro de 1914. Os turcos iniciaram a invasão da zona russa
da cordilheira do Cáucaso em dezembro. O governo russo pediu aos britânicos que fizessem uma manobra
destinada a distrair sua atenção no Estreito de Dardanelos. Porém a Campanha de Gallípoli resultou em
fracasso total para as tropas aliadas.
O triunfo obtido pelos alemães, em 1915, deu condições para eles centrarem suas operações na frente
ocidental. Desencadearam a batalha de Verdun em 21 de fevereiro, mas não conseguiram conquistar esta
cidade devido à contra-ofensiva do general francês Henri Philippe Pétain. Os aliados atacaram, por sua vez,
na batalha do Somme, iniciada em 1º de julho, na qual os britânicos usaram pela primeira vez carros de
combate modernos. E os franceses empreenderam nova ofensiva em outubro, restabelecendo a situação que
existia antes de fevereiro.
Quanto à situação na frente oriental, os russos atacaram os austríacos na linha que se estendia do sul de Pinsk
a Chernovtsi. Apesar de não conseguirem tomar seus principais objetivos, o ataque russo levaria a Romênia
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a entrar na guerra, apoiando os aliados (em 27 de agosto de 1916). As forças austro-alemães invadiram a
Romênia (novembro e dezembro) que, em meados de janeiro de 1917, já estava totalmente ocupada.
A atividade na frente italiana, durante o ano de 1916, esteve concentrada na 5ª batalha do Rio Isonzo, e
na ofensiva austríaca em Trentino. Nos Balcãs, as potências aliadas intervieram na vida política da Grécia
por todo a ano de 1916, o que provocaria a criação de um governo provisório em Salonica. Eclodiram
duas lutas nos Balcãs em 1916: o ataque conjunto de sérvios e italianos às forças búlgaras e alemães e uma
ofensiva aliada sobre a Macedônia. Ocorreu também o confronto naval mais importante da guerra, a batalha
da Jutlândia (31 de maio a 1º de junho) entre a Grande Frota Britânica e a Frota de Ultramar Alemã, que
terminaria com a vitória britânica.
A política de neutralidade americana mudou quando a Alemanha anunciou, em janeiro de 1917, que a
partir de fevereiro recorreria à guerra submarina. Em 3 de fevereiro, os Estados Unidos romperam relações
diplomáticas com a Alemanha, declarando, em 6 de abril, guerra a este país. Para enfrentar o conflito, enviou
para a Europa a chamada Força Expedicionária Americana (AEF), frente a qual se encontrava o general John
Pershing. Várias nações latino-americanas, entre elas o Peru, o Brasil e a Bolívia, apoiariam esta ação. O
afundamento de alguns navios levou o Brasil, em 26 de outubro de 1917, a participar da guerra, enviando
uma divisão naval em apoio aos aliados. Aviadores brasileiros participaram do patrulhamento do Atlântico,
navios do Lóide Brasileiro transportaram tropas americanas para a Europa e, para a França, foi enviada uma
missão médica.
Em 1917, os aliados lançaram duas ofensivas, em grande escala, para romper as linhas alemãs na frente
ocidental. Na primeira, o ataque foi dirigido contra a linha Hindenburg, travando-se a terceira batalha
de Arras. Na segunda, tentou-se atravessar o flanco direito das posições alemãs em Flandres. A batalha de
Messina e a terceira batalha de Ypres terminaram sem qualquer avanço para os aliados. Por outro lado, a
guerra submarina alemã fracassava em seu intento de provocar a rendição da Grã-Bretanha por meio da
destruição da frota aliada.
Em março de 1917, a primeira fase da Revolução Russa culminou com a implantação de um governo
provisório e a abdicação do czar Nicolau II. Em setembro e outubro, os alemães tomaram Riga, ocuparam
a Letônia e inúmeras ilhas russas do mar Báltico. Em 20 de novembro, as autoridades russas propuseram à
Alemanha a cessação das hostilidades. Representantes da Rússia, Áustria e Alemanha assinaram o armistício
em 15 de dezembro, cessando assim a luta na frente oriental.
Os aliados sofreram vários reveses na frente italiana em 1917. As forças italianas foram obrigadas a se retirar
de suas posições no rio Piave. Na frente balcânica, os aliados iniciaram a invasão da Grécia e conseguiram
a abdicação de Constantino I. A Grécia declarou guerra aos impérios centrais em 27 de junho. No Oriente
Médio, os britânicos tomaram Jerusalém, ocuparam Bagdá em março, e em setembro, já haviam avançado
até Ramadi e Tikrit.
Os primeiros meses de 1918 não foram favoráveis às potências aliadas. Em 3 de março, a Rússia assinou o
Tratado de Brest-Litovsk, com a qual punha oficialmente um fim à guerra entre esta nação e os impérios
centrais. Em 7 de maio, a Romênia assinou o tratado de Bucareste com a Áustria-Hungria e a Alemanha, às
quais cedia diversos territórios.
No entanto, a luta nos Balcãs, no ano de 1918, foi catastrófica para os impérios centrais. Uma força de cerca
de 700.000 soldados aliados iniciou uma grande ofensiva contra as tropas alemãs, austríacas e búlgaras na
Sérvia. E os búlgaros, totalmente derrotados, assinaram um armistício com os aliados. Além disso, estes
obteriam a vitória definitiva na frente italiana entre outubro e novembro. A comoção da derrota provocou
rebeliões revolucionárias no Império Austro-Húngaro, que se viu obrigado a assinar um armistício com
os aliados em 3 de novembro. Carlos I abdicou oito dias depois e, a 12 de novembro, foi proclamada a
República da Áustria.
Os aliados também puseram fim à guerra na frente turca da forma que lhes foi satisfatória. As forças britânicas
tomaram o Líbano e a Síria, ocupando Damasco, Alepo e outros pontos estratégicos. A Marinha francesa,
por sua vez, ocupou Beirute e o governo otomano solicitou um armistício. As tropas de elite nas colônias
alemães da África e do oceano Pacífico, com exceção das que se encontravam na África oriental no fim de
21
1917 e durante 1918, lutaram na defensiva a maior parte do tempo. Praticamente todas se haviam rendido
aos aliados no término da guerra (1918).
Em princípios de 1918, os alemães decidiram chegar a Paris. Lançaram uma ofensiva, mas, apesar do avanço
conseguido, na segunda batalha do Marne, o avanço foi detido pelas tropas francesas e americanas. Os
britânicos ganharam terreno ao norte da França e ao longo da costa belga, e as tropas francesas e americanas
chegaram ao Sudão em 10 de novembro. A linha Hindenburgo já estava completamente destroçada. Em
conseqüência da derrota do exército alemão, a frota alemã amotinou-se, o rei da Baviera foi destronado e o
imperador Guilherme II abdicou em novembro, fugindo para os Países Baixos. No dia 9 deste mesmo mês,
foi proclamada, na Alemanha, a República de Weimar, cujo governo enviou uma comissão para negociar
com os aliados. Em 11 de novembro, foi assinado o armistício entre a Alemanha e os aliados, baseado em
condições impostas pelos vencedores.
O Tratado de Versalhes (1919), que pôs fim à guerra, estipulava que todos os navios aprisionados passassem a
ser de propriedade dos aliados. Em represália a tais condições, em 21 de junho de 1919, os alemães afundaram
seus próprios navios em Scapa Flow. As potências vencedoras permitiram que deixassem de ser cumpridos
certos itens estabelecidos nos tratados de paz de Versalhes, Saint-Germain-en-Laye, Trianon, Neuilly-surle-Seine e Sèvres, o que provocaria o ressurgimento do militarismo e de um agressivo nacionalismo na
Alemanha, além de agitações sociais que se sucederiam em grande parte da Europa.
O NAZISMO E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito mundial que começou em 1939, como um confronto militar
europeu entre a Alemanha e a coalizão franco-britânica, mas que se estendeu até afetar a maioria das nações.
Após sua conclusão em 1945, emergiu uma nova ordem mundial dominada pelos Estados Unidos e a União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Foi um conflito único, pela violência dos ataques lançados contra a população civil e pelo genocídio realizado
pela Alemanha nacional-socialista. Foram empregadas duas armas radicalmente novas: os foguetes de longo
alcance e a bomba atômica.
Depois da I Guerra Mundial, foram feitas várias tentativas para estabelecer uma paz duradoura, entre as
quais cabe destacar a constituição da Sociedade das Nações (1920), a Conferência de Washington (19211922), o Pacto de Locarno (1925) e o denominado Pacto Briand-Kellog. Entretanto, na década de 1920,
proliferaram os movimentos totalitários, nacionalistas e militaristas, conhecidos por seu nome italiano,
fascismo. Benito Mussolini estabeleceu na Itália em 1922 a primeira ditadura fascista. Adolf Hitler, o Führer
(líder) do Partido Nacional-socialista Alemão, impregnou de racismo o movimento fascista.
O Japão também adotou um regime de caráter totalitário. Os tratados firmados entre a Alemanha, a Itália e
o Japão, em 1936 e 1937, tiveram como resultado a formação do Eixo Roma-Berlim-Tóquio.
Hitler iniciou sua campanha expansionista com a Anschluss (anexação) da Áustria em março de 1938. No
mês de setembro ameaçou declarar guerra para anexar os Sudetos, a zona ocidental da Tchecoslováquia.
Apesar do Pacto de Munique, invadiu a Tchecoslováquia, em março de 1939. Por outro lado, a Alemanha
assinou um pacto de não-agressão com a Rússia em 23 de agosto de 1939.
Os exércitos alemães invadiram a Polônia em 1º de setembro de 1939. Dois dias depois, os britânicos e
os franceses declararam guerra à Alemanha. A invasão da Polônia foi fulminante por conta da blitzkrieg
(guerra relâmpago) e em 6 de outubro, a Polônia rendeu-se. Em 30 de novembro, a URSS declarou guerra à
Finlândia. Josef Stalin, após a notável resistência finlandesa, pôs fim à luta em 8 de março de 1940 e obrigou
a Finlândia a entregar certos territórios em troca de sua independência.
Hitler aprovou o plano de invasão da Noruega e da Dinamarca em 2 de abril. A Dinamarca se rendeu
imediatamente. Os noruegueses, britânicos e franceses conseguiram resistir na região que se estendia entre
Oslo e Trondheim até 3 de maio. Quando os alemães estavam a ponto de render-se na região de Narvik,
as derrotas militares sofridas pelos aliados na França obrigaram os britânicos e os franceses a requererem as
tropas destacadas nessa região.
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Em 10 de maio de 1940, a Alemanha invadiu a Bélgica e os Países Baixos, passo preliminar para a invasão
da França. O exército holandês se rendeu em 14 de maio. Os britânicos e os franceses se viram obrigados
a retroceder até uma praia vizinha a Dunquerque. O rei belga, Leopoldo III, capitulou no dia seguinte. A
Itália declarou guerra à França e à Grã-Bretanha em 10 de junho. Em 25 desse mesmo mês, o marechal
Henri Philippe Pétain assinou um armistício no qual concordou que a Alemanha controlaria o norte e a
faixa atlântica da França. Pétain estabeleceu a capital em Vichy.
No verão de 1940, Hitler dominava a Europa do cabo Norte até os Pireneus. Os alemães esperavam vencer os
britânicos mediante um bloqueio e recorreram à guerra submarina. Assim mesmo, Hitler tratou de neutralizar
a Royal Air Force (Forças Aéreas Reais britânicas ou RAF), o que deu lugar à batalha da Inglaterra.
Entretanto, Mussolini havia empreendido um ataque sem êxito sobre o Egito (setembro de 1940) a partir da
Líbia. Hitler começou a preparar uma campanha contra a Grécia em novembro. No início de 1941, enviou
à Líbia o general Erwin Rommel com o contingente Afrika Korps, para ajudar seus aliados italianos.
Hitler incluiu a Romênia e a Hungria na aliança do Eixo em novembro de 1940; a Bulgária se uniu em
março de 1941. Quando a Iugoslávia se negou a aderir ao Eixo, Hitler ordenou a invasão desse país. As
operações contra a Grécia e a Iugoslávia começaram em 6 de abril. O exército iugoslavo foi derrotado em 14
desse mês e a Grécia rendeu-se no dia 22.
Um ano depois da queda da França, Hitler deslocou o grosso de suas forças para o leste e formou uma
coalizão com os países do sudeste da Europa (além da Finlândia) para atacar a URSS. Os Estados Unidos
abandonaram sua política de neutralidade estrita depois da aprovação em março de 1941 da Lend-Lease Act
(lei de Empréstimos e Arrendamentos), para ajudar os aliados.
Em 22 de junho de 1941, a Alemanha invadiu a URSS com três grupos de exércitos denominados Norte,
Centro e Sul, que se dirigiram para Leningrado (atualmente São Petersburgo), Moscou e Kíev, respectivamente.
O avanço para Moscou foi detido até serem conquistados os outros dois objetivos. Retomado no final de
setembro, caiu paralisado em dezembro, devido às extremas condições climáticas. Stalin lançou uma forte
contra-ofensiva em 6 de dezembro que chegou a deter a ofensiva alemã.
O COMEÇO DA GUERRA NO PACÍFICO
O Japão decidiu apoderar-se do petróleo e demais recursos do Sudeste Asiático e suas ilhas, mas sabia que
essas ações desencadeariam uma guerra contra os Estados Unidos. Sua maior preocupação era a frota norteamericana do Pacífico, estabelecida em Pearl Harbor (Havaí). Em 7 de dezembro de 1941, as aeronaves
japonesas transportadas em porta-aviões bombardearam essa base naval. Os Estados Unidos entraram na
guerra contra o Japão em 8 de dezembro e a Alemanha e a Itália declararam guerra aos Estados Unidos três
dias depois.
Antes de terminar o mês, as forças japonesas haviam conquistado as possessões britânicas de Hong Kong
e as ilhas Gilbert (atualmente Kiribati), e as possessões norte-americanas de Guam e a ilha Wake. Assim
mesmo, haviam invadido as possessões britânicas da Birmânia, a península Malaia, Bornéo e a possessão
norte-americana das Filipinas. A colônia britânica de Cingapura caiu em fevereiro de 1942; os japoneses
ocuparam também as Índias Holandesas e desembarcaram na Nova Guiné em março. Tomaram as ilhas
Batan em 9 abril e a resistência filipina da ilha de Corregidor rendeu-se em 6 de maio. Tentaram conquistar
Port Moresby, mas foram detidos pela frota norte-americana após a batalha do mar de Coral (7 e 8 de maio).
Os Estados Unidos obtiveram uma nova vitória na batalha de Midway (4 de junho), da qual a Armada
Japonesa nunca chegou a se recuperar.
A MUDANÇA DE RUMO DA GUERRA
Franklin D. Roosevelt, Winston Churchill e seus respectivos conselheiros se reuniram em Washington no
final de dezembro de 1941 e constituíram o Estado Maior Conjunto (Combined Chief of Staff, CCS),
comitê militar britânico e norte-americano.
Na frente russa, os alemães retomaram a iniciativa no verão de 1942 nas ofensivas sobre o sul de Leningrado,
23
Kharkov e Criméia. Hitler tentou obrigar o comando soviético a sacrificar o grosso de seu exército para
defender as minas de carvão do vale de Donets e os campos de petróleo do Cáucaso. Em menos de quatro
semanas, os exércitos alemães haviam tomado o vale de Donets e haviam avançado pelo leste até o rio Don.
Em 23 de julho, Hitler ordenou avançar até Stalingrado (atualmente Volgogrado) e que outros dois exércitos
se deslocassem até o sul para invadir os campos petrolíferos de Maikop, Groznyi e Baku.
A URSS atravessou a situação mais difícil da guerra no final de julho de 1942. Stalin chamou suas tropas
para uma guerra patriótica pela Rússia.
Os japoneses haviam ocupado a ilha de Guadalcanal e se dirigiam para Port Moresby. A infantaria da
Marinha dos Estados Unidos desembarcou na ilha em 7 de agosto de 1942 e, finalmente, comunicaram em
9 de fevereiro de 1943 sua conquista.
A situação começou a mudar na África do Norte em 31 de agosto de 1942, quando Erwin Rommel atacou
a linha britânica situada ao oeste de El-Alamein. O novo comandante britânico, Bernard Law Montgomery,
lançou uma ofensiva em 23 de outubro e forçou a retirada de Rommel para Túnis; este lançou um ataque
contra as tropas norte-americanas em 14 de fevereiro de 1943, mas foi seu último êxito. As forças alemãs e
italianas caíram afastadas de suas bases de Bizerta e Túnis, e finalmente se renderam em 13 de maio.
Entretanto, na frente oriental, os alemães haviam avançado 1.100 km em direção a Leningrado e ao Cáucaso.
Hitler teve que recorrer às tropas colocadas à sua disposição por seus aliados. Em 19 de novembro, as forças
blindadas soviéticas atacaram os romenos ao oeste e ao sul de Stalingrado. Três dias depois, cercaram o VI
Exército, que se rendeu em 31 de janeiro de 1943. Os alemães tiveram que retroceder aproximadamente até
a linha da qual partiram na ofensiva do verão de 1942.
De 14 a 24 de janeiro de 1943, Roosevelt, Churchill e os membros de seus respectivos Estados Maiores se reuniram
na Casa Branca para desenhar sua estratégia. Decidiram concentrar-se nos territórios que podiam conseguir no
Mediterrâneo: Sicília e Itália. Também concordaram em iniciar uma ofensiva aérea sobre a Alemanha.
Na frente oriental, Hitler deixou uma grande bolsa ao redor da cidade de Kursk. Iniciou a luta em 5 de
julho atacando pelo norte e pelo sul através do extremo oriental da bolsa. Zhúkov e Vasilievski reforçaram as
tropas nas proximidades da cidade e até 12 de julho ocorreu a maior batalha de carros de combate da guerra.
Hitler cancelou a operação, pois os norte-americanos e britânicos haviam chegado à Sicília e era preciso
transferir divisões para essa região.
Em 10 de julho, os aliados haviam desembarcado na Sicília. Mussolini foi expulso do poder em 25 de julho
e o governo italiano iniciou negociações que concluíram com um armistício assinado em segredo em 3 de
setembro. A rendição dos italianos não representou grandes vantagens militares para os aliados; no final de
1943, os alemães o contiveram na Linha Gustav, cerca de 100 km ao sul de Roma.
Com respeito à guerra no Pacífico, as principais ações tiveram lugar no sudoeste. O ataque na zona central
do Pacífico começou posteriormente. Os primeiros desembarques tiveram lugar em Makin (ilhas Gilbert) e
Tarawa em novembro de 1943.
O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
A guerra transformara-se numa guerra total. Dispostos a interceptar remessas de alimentos e matérias-primas
para a Inglaterra e os Estados Unidos, os nazistas, sem nenhuma declaração formal de guerra, empreenderam
uma campanha submarina no Atlântico, na qual atacaram, de 15 a 17 de agosto de 1942, cinco navios
brasileiros (Baependi, Itajiba, Araraquara, Aníbal Benévolo e Araras).
Este ataque obrigou o governo brasileiro a abandonar a neutralidade que vinha mantendo. Durante a II
Reunião de Consulta dos Chanceleres Americanos, realizada no Rio de Janeiro, em janeiro de 1942, foi
anunciado o rompimento das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com a Alemanha, a Itália e o
Japão. No dia 22 de agosto, Getúlio Vargas reuniu o ministério para a declaração de guerra à Alemanha e à
Itália. Foi iniciada a mobilização geral e foram tomadas providências para o aumento da produção agrícola
e da indústria extrativa de matérias-primas estratégicas.
A contribuição militar inicial não se limitou ao fornecimento das bases aéreas e navais do Nordeste, que
possibilitaram a invasão da África do Norte. A Marinha Brasileira fez a cobertura das rotas mercantes do
Atlântico Sul, protegendo os navios que levavam materiais estratégicos.
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Em meados de 1944, sob o comando do general Mascarenhas de Morais, partiu para a Itália a Força
Expedicionária Brasileira (FEB). O primeiro escalão da FEB, sob o comando do general Zenóbio da Costa,
desembarcou em Nápoles, em 16 de julho de 1944, onde foi incorporado ao 5º Exército Americano. Dirigiuse para o norte, onde se desenvolveria a ofensiva aliada entre os rios Arno e Pó. Os expedicionários lutaram
ao lado das forças aliadas nas batalhas de Camaiore, Monte Castelo, Castelnuovo, Montese e Fornovo.
Durante o conflito, a Marinha Brasileira acompanhou, prestando cobertura, mais de 3 mil navios mercantes.
As cinzas dos 451 oficiais e praças mortos no conflito, entre eles oito pilotos da Força Aérea Brasileira
(FAB), foram transladados do cemitério de Pistóia, na Itália, para o Brasil, em 5 de outubro de 1960, e hoje
repousam no monumento aos mortos da II Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.
A VITÓRIA DOS ALIADOS
Depois da batalha de Kursk, ocorrida em 5 de julho de 1943, Hitler permitiu ao grupo de exércitos do sul
retirar-se até o rio Dniéper em 15 de setembro. As tropas alemãs tiveram que lutar contra cinco cabeças de
ponte soviéticas. Os exércitos russos lutaram enfurecidamente para impedir que o inimigo se tornasse forte
nessa zona. Expandiram as cabeças de ponte, cercaram o Exército alemão na Criméia durante o mês de
outubro, tomaram Kíev em 6 de novembro e continuaram a ofensiva sem interrupções.
No fim de novembro, teve lugar a Conferência de Teerã, na qual Roosevelt e Churchill tiveram seu primeiro
encontro com Stalin. O presidente norte-americano e o primeiro-ministro britânico já haviam aprovado
um plano - seu nome em código era Overlord (Chefe Supremo) - para lançar uma ofensiva pelo oeste,
que tinha como finalidade o desembarque da Normandia (6 de julho de 1944). A operação Overlord ia
satisfazer finalmente a demanda de uma segunda frente, que já vinha sendo reclamada com insistência pelos
soviéticos. Estes lançaram uma ofensiva em janeiro de 1944, que levantou o cerco de Leningrado e obrigou
ao grupo de exércitos do norte a retroceder.
As principais ações contra a Alemanha, no outono de 1944, foram os combates aéreos. Hitler respondeu
a essas agressões atacando a Grã-Bretanha. A diminuição das frentes no leste e no oeste e a interrupção da
luta terrestre no final do ano proporcionaram a Hitler uma nova oportunidade para criar uma reserva de 25
divisões. Decidiu utilizá-las em uma ofensiva contra os britânicos e os norte-americanos. A ofensiva alemã
- denominada Campanha das Ardenas - começou em 16 de dezembro. O esforço dos alemães fracassou
quando as condições atmosféricas permitiram aos aliados empregar sua superioridade aérea. O avanço sobre
a Alemanha não retornou até fevereiro.
No transcurso da Conferência de Ialta, em fevereiro de 1945, Stalin aceitou declarar guerra ao Japão em um
prazo de três meses, a partir da rendição da Alemanha e em troca de certas concessões territoriais no Extremo
Oriente. Também se decidiu que a estratégia contra a Alemanha consistiria em lançar um ataque a partir do
norte até Berlim, dirigido por Montgomery, apesar dos exércitos dos Estados Unidos também participarem
da ação.
O I e o IX Exército norte-americano cercaram o coração industrial da Alemanha, o Ruhr, em 1º de abril. O
II Exército britânico cruzou o Weser, que se encontrava a meio caminho entre o Rin e o Elba, em 5 de abril.
O IX Exército alcançou o Elba na altura de Magdeburgo em 11 de abril, com o qual somente lhes separavam
120 km de Berlim. Entretanto, os exércitos soviéticos se reorganizaram de forma imediata para lançar uma
ofensiva sobre Berlim na primeira semana de abril.
A última esperança de Hitler, alentada pelo falecimento de Roosevelt em 12 de abril, era que surgisse um
possível conflito entre as potências ocidentais e a URSS. O avanço soviético para Berlim começou em 16 de
abril. O VII Exército norte-americano tomou Nuremberg em 20 de abril. Quatro dias depois, os soviéticos
fizeram o cerco sobre Berlim. O V Exército soviético e o I Exército norte-americano estabeleceram contato
na cidade de Torgau, situada em Elba (ao nordeste de Leipzig), e a Alemanha caiu dividida em duas partes.
Hitler se suicidou em seu bunker de Berlim em 30 de abril de 1945. Havia nomeado o almirante Karl Doenitz
como seu sucessor na posição de chefe do Estado e esse decidiu render-se. Seu representante, o general Alfred
Jodl, assinou a rendição incondicional de todas as Forças Armadas alemãs no quartel-general de Eisenhower,
estabelecido em Reims, em 7 de maio. As tropas alemãs da Itália já haviam se rendido (em 2 de maio), assim
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como as dos Países Baixos e as do norte da Alemanha e da Dinamarca (4 de maio). Os governos dos Estados
Unidos e da Grã-Bretanha declararam em 8 de maio o Dia da Vitória na Europa. A rendição incondicional
completa entrou em vigor um minuto depois da meia-noite, uma vez firmado em Berlim um segundo
documento que também foi assinado pela URSS.
O final da guerra no Pacífico não se avistava, apesar da situação do Japão ser desesperadora. O assalto de
uma pequena ilhota árida - a batalha de Iwo Jima - custou a vida de mais de 6.000 soldados da infantaria
da Marinha norte-americana, antes de transformar-se em uma base segura em 16 de março. Ao longo de
todo o conflito, os governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha haviam realizado um grande projeto
científico e industrial para o desenvolvimento de armas nucleares. O presidente Harry S. Truman permitiu
que fossem lançadas duas bombas atômicas: a primeira sobre Hiroshima e a segunda sobre Nagasaki. A
URSS declarou guerra ao Japão em 8 de agosto e invadiu Dongbei Pingyuan ou Manchúria no dia seguinte.
O Japão anunciou sua rendição em 14 de agosto. A assinatura oficial se realizou na baía de Tóquio a bordo
do encouraçado Missouri em 2 de setembro.
O custo humano - sem incluir os mais de 5 milhões de judeus assassinados no Holocausto, que foram
vítimas indiretas da contenda - é estimado em 55 milhões de mortos, 25 milhões de militares e 30 milhões
de civis.
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