UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS Por: Daniel Grainho Rosa Orientador Prof. ANA PAULA PEREIRA DA GAMA ALVES RIBEIRO Rio de Janeiro 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em gestão ambiental Por: Daniel Grainho Rosa 3 AGRADECIMENTOS Agradeço aos autores dos livros consultados e ao corpo docente do Instituto “A Vez do Mestre”, aos colegas de profissão que contribuíram na confecção deste trabalho. Aos amigos formados no curso. Ao amigo Fábio Velloso pela sua colaboração durante o percurso. valiosa 4 DEDICATÓRIA Dedico ao meu filho Matheus que me trouxe muitas alegrias e deixo um exemplo de dedicação para ele. A minha mulher Michelle que me apoiou desde o início desta jornada. 5 RESUMO A busca pelo desenvolvimento científico e tecnológico, aliada às políticas de crescimento econômico a curto prazo, deflagrou a crise ambiental vigente. A partir da Revolução Industrial, as emissões de carbono atmosférico tornaramse mais pronunciadas, devido à queima de combustíveis fósseis que intensificaram o efeito estufa e estão atualmente contribuindo para o aquecimento gradual e a longo prazo da temperatura de equilíbrio do planeta. A nociva interferência do homem sobre o ciclo biogeoquímico do carbono, transferindo habilmente o carbono da biosfera para a atmosfera, assim como sua competência na remoção de áreas florestais e de outras comunidades que atuam seqüestrando os carbonos da atmosfera resultaram num grande excedente desse gás, proporcionando o aquecimento global. O gás carbônico, assim como outros gases (metano, óxido nitroso, ozônio, clorofluorcarbonos e vapor d’água) atuam como gases estufa apreendendo calor. Todo esse calor retido dentro do globo interage com a atmosfera e com o oceano, influenciando os padrões climáticos, como a temperatura e a precipitação. O aumento da temperatura do planeta está derretendo as geleiras e aumentando o nível do mar. As nações insulares e países litorâneos serão os primeiros a sentir as conseqüências do aumento do nível do mar. O Protocolo de Quioto, no intuito de conciliar o desenvolvimento sustentável e minimizar as emissões de gases que causam o efeito estufa, criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Tal mecanismo fomenta o uso de tecnologias limpas, a adoção de energias renováveis, o incentivo ao reflorestamento, o aumento da eficiência na geração, conservação e distribuição de energia e a introdução do Mercado de Carbono, para reduzir as emissões dos gases estufa. Palavras-chaves: Clima, efeito estufa, aquecimento global, protocolo de Quioto, biodiversidade, ciclo biogeoquímico do carbono, desenvolvimento sustentável, emissões atmosféricas, gases do efeito estufa. 6 METODOLOGIA O trabalho foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica, trabalhos acadêmicos, pesquisas e publicações científicas relacionadas ao tema, experiência profissional própria e conhecimentos adquiridos durante formação acadêmica. A pesquisa foi direcionada em alguns tópicos: § Conceitos básicos de clima, efeito estufa e aquecimento global; § Impactos da mudança do clima no planeta e na vida. Após concluída a pesquisa e os apontamentos necessários, foi elaborado um relatório com avaliação do problema vivido pela humanidade e os demais seres vivos. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - SISTEMA CLIMÁTICO 13 CAPÍTULO II - GASES DO EFEITO ESTUFA, SUAS FONTES EMISSORAS E O MDL 26 CAPÍTULO III – MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PROCESSO DE EXTINÇÃO E A PERDA DA BIODIVERSIDADE 34 CONCLUSÃO 50 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51 ÍNDICE 54 FOLHA DE AVALIAÇÃO 56 8 INTRODUÇÃO Origens e perspectivas do Aquecimento Global Até recentemente, os principais agentes modificadores da superfície terrestre eram agentes naturais, tais como: vento, chuva, radiação solar, vulcões, terremotos, etc... (Demillo, 1998) A princípio, os ambientes naturais mostravam-se em estado de equilíbrio dinâmico, até o momento em que as sociedades humanas passaram, progressivamente, a interferir, cada vez mais intensamente, na exploração dos recursos naturais. Esta exploração ambiental está diretamente associada ao avanço científico e econômico que, muitas vezes, tem alterado de modo irreversível o cenário do planeta e conduzido a processos degenerativos profundos da natureza (Becker et al, 2001). O efeito estufa é talvez a mais global das várias ameaças à biodiversidade que acometem o planeta. Diferente de outras, causadas pelo desenvolvimento humano, ele tem o potencial de impactar todos os ecossistemas, inclusive aqueles que se situam longe das populações humanas e ainda classificados como inexplorados. A possibilidade de impactos extensivos implica em ameaça direta à biodiversidade do planeta (Wilson & Frances, 1997). O efeito estufa refere-se ao processo físico pelo qual a presença de gases atmosféricos faz com que a Terra mantenha uma temperatura de equilíbrio maior do que teria caso estes gases estivessem ausentes, permitindo a passagem de luz e apreendendo o calor (Demillo, 1998). 9 É um fenômeno que sempre operou na história da Terra, responsável por manter uma temperatura adequada para manutenção da vida neste planeta (Simon & DeFries, 1992). O aquecimento global, embora utilizado como termo equivalente, refere-se ao aumento contínuo e de longo prazo nesta temperatura de equilíbrio da Terra (Demillo, 1998). Com o advento da era industrial, em meados do século XIX, os padrões atmosféricos começaram a ser alterados pelo sempre crescente nível de emissão dos gases que causam o efeito estufa (GEE), decorrentes das atividades industriais, de transportes e energéticas. Daí por diante, todas as transformações no padrão atmosférico passaram a estar associadas às ações humanas (Lora, 2002). Apesar das controvérsias envolvendo as causas do aquecimento global, as informações coletadas ao longo deste século e, principalmente, na última década, demonstraram que as atividades humanas foram capazes de introduzir modificações globais que poderão ter conseqüências sérias o bastante para afetar os ecossistemas naturais (Becker et al, 2001). Nas últimas décadas houve uma importante mudança na visão ecológica, em vista dos atos praticados contra o meio ambiente. A conscientização de que os recursos naturais são finitos, e que, se não mudarmos nossos hábitos consumistas baseados no estilo de vida capitalista, estaremos fadados a viver numa grande lata de lixo (Becker et al, 2001). Os atuais modelos econômicos adotaram estratégias de desenvolvimento priorizando o crescimento econômico a curto prazo, às custas de recursos naturais vitais, provocando uma verdadeira crise ambiental em escala mundial (Becker et al, 2001). 10 Em vista disso, na Suécia, em 1972, foi produzida, pela comunidade internacional, a primeira conferência sobre o ambiente humano, promovendo a conscientização e a manutenção do meio ambiente, sendo este último responsabilidade de todos os países. Este documento reconhece a soberania das nações sobre seus recursos naturais, mas estabelece que tais nações têm “responsabilidade para assegurar que as atividades dentro de sua jurisdição, ou o controle destas, não causem danos ao ambiente de outros Estados ou em áreas dos limites da jurisdição nacional” (IPCC, 2001a). Na década de 80, tornou-se cada vez maior as evidências de que um dos principais problemas ambientais a serem enfrentados é a emissão demasiada de gases estufa. Assim, foi reconhecido o problema, e este só poderia ser resolvido através de ações multinacionais coordenadas, e o próximo passo seria estabelecer compromissos internacionais para essas ações através de um tratado mundial (IPCC, 2001a). A mobilização mundial frente ao problema promoveu a criação de Protocolos, os quais foram feitos com o intuito de reduzir as emissões de gases estufa, conciliando o desenvolvimento econômico (IPCC, 2001a). A Conferência das Partes realizada em Quioto, em 1997, destaca-se como uma das mais importantes, uma vez que durante sua realização foi estabelecido um acordo onde se encontram definidas metas de redução da emissão de GEE para os países compromissados em reduzir essas emissões, além de critérios e diretrizes para utilização dos mecanismos de mercado. Este acordo ficou conhecido como Protocolo de Quioto e estabelece que os países industrializados devem reduzir suas emissões em 5,2% abaixo dos níveis observados em 1990, entre 2008-2012 (primeiro período de compromisso) (IPCC, 2001b). É nesse Protocolo que os países em desenvolvimento, e que mantém, ao menos relativamente, preservados os seus recursos naturais, podem passar a 11 se inspirar para desenvolver projetos visando a sustentabilidade social e ambiental (Becker et al, 2001). A noção de desenvolvimento sustentável tem como uma de suas premissas fundamentais o reconhecimento da “insustentabilidade” ou inadequação econômica, social e ambiental do padrão de desenvolvimento das sociedades contemporâneas (Becker et al, 2001). Na busca por um novo modelo econômico que consiga conciliar o desenvolvimento econômico com a exploração racional dos recursos naturais, estamos cada vez mais abraçando a causa do “capitalismo verde”, que busca o desenvolvimento sustentável através de um resgate da idéia de um progresso estabelecido num avanço tecnológico que seja “socialmente justo, economicamente viável, ecologicamente sustentável e culturalmente aceito” (Becker et al, 2001). Apesar dos vários perigos que, como vimos, ameaçam o equilíbrio da biosfera, ainda há tempo para que a humanidade tome consciência da necessidade da ordenação racional da Terra e se responsabilize em aplicar uma estratégia para o estabelecimento de uma sociedade estável (Simon & DeFries, 1992). A integridade do planeta depende de apenas uma condição: respeitar as leis ecológicas às quais o homem, como elemento da biosfera, está inserido (Marc, 1979). Histórico do Efeito Estufa No final do século XVIII, o cientista suíço Horace Benedict de Saussure descobriu que ao colocar diversas caixas de vidro transparente umas dentro das outras, a temperatura aumentava das caixas maiores para as menores, isto é, de fora para dentro. Logo, o calor proveniente das radiações solares aumenta no ar contido dentro de invólucros transparentes (Demillo, 1998). 12 Na verdade, as radiações solares atravessam com facilidade o vidro, por ele ser transparente. Porém, ao refletirem no interior de uma caixa de vidro, transformam-se em radiações caloríficas e não retornam na mesma intensidade, porque o vidro é isolante térmico (Demillo, 1998). Em 1861, o físico John Tyndall descobriu que o vapor d’água e o gás carbônico, presentes na atmosfera, desempenham o mesmo papel do vidro em relação às estufas. Esses gases permitem a entrada da luz e dificultam a saída do calor, sendo os responsáveis pela manutenção da temperatura da Terra (Demillo, 1998). Outro cientista, Svante Arrhenius, Prêmio Nobel de Química, conseguiu, no início do século XX, calcular esse efeito e concluiu que, se a Terra não possuísse gás carbônico na atmosfera, a temperatura em sua superfície seria reduzida em cerca de 21°C. É claro que se a concentração do gás aumentasse, iria ocorrer o efeito contrário, com a elevação gradual da temperatura terrestre. Tal fato foi previsto pelo próprio químico, como conseqüência da era industrial (Demillo, 1998). 13 CAPÍTULO I SISTEMA CLIMÁTICO ...Cilma "Clima, num sentido restrito é geralmente definido como 'tempo meteorológico médio', ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas do sistema global". (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). 1.1 - A FRAGILIDADE DO SISTEMA CLIMÁTICO O sistema climático é um sistema complexo sendo ele regulado não somente pela atmosfera, mas também pelo que ocorre nos oceanos, na criosfera (capas glaciais, gelo marinho e neve), na geosfera (superfície terrestre), na hidrosfera (oceanos, lagos, rios) e na biosfera (conjunto de seres vivos) (Gralla, 1998). A composição atmosférica atual é fundamental para a sobrevivência na Terra. Por meio de ciclos naturais, os seus constituintes são consumidos e reciclados. As ações antropogênicas vêm provocando desequilíbrios neste sistema, conduzindo à acumulação, na atmosfera, de substâncias nocivas ao próprio homem e ao meio ambiente (Mazza & Roth, 1999). 14 A Terra é um recipiente finito que contém uma quantidade finita de compostos químicos mantidos em um delicado equilíbrio pelas forças da vida, da geologia e da química. Possui uma incrível capacidade de regular seu equilíbrio atmosférico em resposta a alterações graduais na produção ou remoção global de gases constituintes. Os seres humanos, entretanto, têm a capacidade de produzir gases atmosféricos ou de inibir mecanismos que controlam a regulagem atmosférica em uma escala enorme e em um espaço de tempo relativamente curto (Demillo, 1998). 1.2 - ÁGUA E O PLANETA A água tem forte influência moderadora no sistema climático do planeta. Os oceanos, o gelo, a neve e as nuvens determinam a capacidade que a Terra tem de refletir de volta para o espaço a radiação solar recebida, ajudando , assim, a regular a temperatura (Simon & DeFries, 1992). O globo terrestre possui uma peculiaridade. A distribuição irregular das massas de terra confere ao hemisfério norte um valor de 39,3%, ao passo que, no hemisfério sul, esse valor corresponde apenas a 19,1%. Assim, o hemisfério sul é significativamente composto por uma parcela maior de água na superfície (80,9%), ao passo que o hemisfério norte detém 60,7% da superfície composta pela água (Muller, 1982). Decorrente dessa conformação espacial que os hemisférios possuem, eles, por sua vez, acabam por serem influenciados de maneiras distintas pelos efeitos da diferença na proporção de água existente entre os mesmos (Muller, 1982). Um desse efeitos é a maritimidade, a qual é responsável por transferir a energia térmica absorvida do Sol pelas águas do oceano, deslocando esse calor para as massas de terra, promovendo uma menor amplitude térmica e 15 amenizando a temperatura nas regiões próximas ao litoral. Conforme adentramos o interior dos continentes, o efeito da maritimidade é menor e conseqüentemente a amplitude térmica é maior (Teixeira et al, 2000). Os cientistas estão razoavelmente seguros de que o ciclo da água, que transporta e distribui grande parte da energia solar que chega ao planeta, mudará em resposta a um clima mais quente. Conseqüentemente, quando aumentar a temperatura e a evaporação dos oceanos e da terra, espera-se que a precipitação aumente entre 5 e 10 por cento (Simon & DeFries, 1992). 1.3 - CIRCULAÇÃO OCEÂNICA E SUA INTERAÇÃO ATMOSFÉRICA O oceano é um imenso reservatório de calor, pois mantém por mais tempo que a terra o calor absorvido da radiação solar. Quando a água do oceano entra em seu grande esquema de circulação, o calor é transferido verticalmente da água da superfície para o fundo do oceano e de volta para a superfície, e horizontalmente, de uma latitude alta para uma latitude baixa e de uma longitude para outra longitude. Assim, quando o oceano libera calor em uma região distante do ponto de absorção, esse calor interage com a atmosfera, moderando os ciclos diário e sazonal e a temperatura em áreas da superfície da terra (Simon & DeFries, 1992). Assim, o esquema de convecção da água, e conseqüentemente do calor absorvido por esta, exerce uma grande influência sobre a dissipação de energia, representando um papel importante na dinâmica climática mundial (Simon & DeFries, 1992). Uma das propriedades da água é o alto calor específico, promovendo um clima mais ameno em locais onde o efeito da maritimidade é maior. Sendo a superfície da Terra composta quase que na totalidade por água, esta é de significativa importância para a manutenção do clima e da vida neste planeta (Demillo, 1998). 16 Os oceanos são reconhecidos como o principal regulador do clima. As correntes oceânicas ocorrem basicamente devido a diferenças de temperatura e densidade das suas águas. Os oceanos absorvem calor e gases (por exemplo, o dióxido de carbono) provenientes da atmosfera (Quadro et al, 2004). A circulação “vertical”, ou seja, a movimentação de águas nas diversas profundidades dos oceanos, mares e lagos, pode levar para camadas mais profundas “calor” e gases que assim ficam “depositados” nos mesmos por longos períodos. Os padrões de circulação dos oceanos variam gradualmente no tempo, o que pode explicar flutuações e variabilidades climáticas no passado (Gralla, 1998) Os oceanos desempenham um papel importante no clima porque carregam grandes quantidades de calor dos trópicos aos pólos. Também armazenam grandes quantidades de calor, carbonatos e CO2 e são uma grande fonte de água para a atmosfera (através da evaporação). O acoplamento de MCGs (Modelos de Circulação Global) atmosféricos e oceânicos melhora o realismo físico dos modelos usados para projetar a mudança do clima futuro, em particular o tempo e a distribuição regional das mudanças (IPCC, 2001b). Vários modelos mostram uma redução apenas marginal nas temperaturas da superfície do Mar do Norte (no Atlântico Setentrional) em resposta ao aumento dos gases de efeito estufa, relativos a um abrandamento da circulação termohalina, à medida que o clima esquenta. Isso representa um feedback negativo da temperatura local. A principal influência dos oceanos nas simulações da mudança do clima ocorre por causa da sua grande capacidade térmica, que introduz um atraso no aquecimento, e que não é uniforme espacialmente (Epstein, 2002). 17 1.4 - MECANISMOS REGULATÓRIOS E INFLUÊNCIA ATMOSFÉRICA NA DETERMINAÇÃO DO CLIMA A atmosfera, um invólucro gasoso que circula a Terra, é o motor do sistema climático físico. É importante notar também que o aumento das emissões e das concentrações atmosféricas de CO2, ocorrido a partir da Revolução Industrial, está nitidamente relacionado ao aumento do consumo dos combustíveis fósseis. Por sua vez, o aumento da presença do CO2 e de outros GEE, medidos pela sua concentração, é o responsável pela intensificação do efeito estufa e pelo aumento do calor aprisionado na atmosfera. Este calor adicional ou, dito de outra forma, esta variação de energia térmica, tem uma influência determinada sobre o funcionamento do clima do planeta, já que esta energia é a responsável pela circulação dos ventos e dos oceanos, pela evaporação e pela precipitação (Pereira, 2002). A ocorrência das correntes marítimas e os regimes de ventos determinam e são determinados pelo regime de temperaturas das diversas regiões terrestres. A própria rotação da Terra é fundamental na manutenção da temperatura, não só porque evita que o lado do nosso planeta voltado para o Sol fique tórrido e o outro lado fique gelado, mas também porque tem forte influência na distribuição das correntes marítimas e dos ventos (Gralla, 1998). O sistema natural terra-atmosfera-oceano-criosfera faz parte de um estudo no qual o planeta possui mecanismos autoregulatórios do sistema climático, baseado no balanço de energia, onde toda a energia incidente no sistema terra-atmosfera-oceano-criosfera sai para produzir um sistema de energia estável (Demillo, 1998). Assim, um aumento de temperatura da atmosfera amplia sua capacidade de retenção de água e deve ser seguido por um aumento da quantidade de vapor d’água. Como o vapor d’água é um poderoso gás de efeito estufa, o aumento 18 do vapor d’água levaria, por sua vez, a um aumento do efeito estufa (um feedback positivo) (Odum, 1988). Cerca da metade desse feedback depende do vapor d’água na alta troposfera, cuja origem e influência no aumento da temperatura da superfície não são completamente compreendidas. O feedback do vapor d’água na baixa atmosfera é inquestionavelmente positivo e a preponderância das evidências aponta para a mesma conclusão em relação ao vapor d’água da alta troposfera. Os feedbacks resultantes das mudanças na redução da temperatura com com a altura podem compensar parcialmente o feedback do vapor d’água (Odum, 1988). Os astrônomos cunharam como albedo para se referirem à fração de energia radiante refletida por um corpo. Assim, o planeta tem a capacidade de refletir parte dessa energia através de superfícies refletoras presentes no topo das nuvens, porções de gelo, neve, oceano ou vegetação. O albedo varia de 0 (absorção completa de toda energia incidente) a 1 (reflexão total de toda energia incidente). Assim, o albedo global médio do planeta é de 0,31 (Demillo, 1998). Uma superfície coberta de gelo ou de neve reflete fortemente a radiação solar (ou seja, ela tem um albedo alto). À medida que um pouco de gelo derrete na superfície mais quente, menos radiação solar é refletida, provocando mais aquecimento (um feedback positivo), mas isso se torna mais complicado por causa das nuvens e da camada de neve (Odum, 1988). As mudanças antrópicas do clima, como por exemplo, temperatura mais elevada, mudanças na precipitação, mudanças no aquecimento radiativo líquido e os efeitos diretos do CO2, influenciarão o estado da superfície terrestre (umidade do solo, albedo, rugosidade, vegetação).. Por sua vez, a superfície terrestre alterada pode produzir um feedback e alterar a atmosfera superior (precipitação, vapor d’água, nuvens) (Odum, 1988). 19 As mudanças na composição e estrutura dos ecossistemas podem alterar não apenas o clima físico, mas também os ciclos biogeoquímicos (Simon & DeFries, 1992). 1.5 - EL NIÑO Um componente do sistema climático da terra é representado pela interação entre a superfície dos oceanos e a baixa atmosfera adjacente a ele. Os processos de troca de energia e umidade entre eles determinam o comportamento do clima, e alterações destes processos podem afetar o clima regional e global (Gralla, 1998). O El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e subsuperficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Nino é derivada do espanhol, e refere-se à presença de águas quentes que periodicamente aparecem na costa norte do Peru, na época do Natal. Os pescadores do Peru e do Equador chamaram esta presença de águas mais quentes de “Corriente de El Nino” em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. O “El Nino” começa a adquirir força em novembro ou dezembro e, geralmente, conclui sua atividade no meio do ano seguinte (Quadro et al, 2004). Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Nina representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem conseqüências no tempo e no clima em todo o planeta (Quadro et al, 2004). Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da Corriente El Nino mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial. Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças nos 20 padrões de transporte de umidade, e portanto variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. A água quente toma conta da superfície do oceano enquanto a corrente marítima fria (Humboldt) fica presa nas profundezas. No seu deslocamento rumo à América do Sul, as águas quentes levam com elas o sistema climático da sua região de origem. As formações chuvosas da Indonésia são deslocadas para o meio do Pacífico, dando início a uma espécie de reação em cadeia que empurra todos os sistemas climáticos dos trópicos para leste (Quadro et al, 2004). Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de temperatura. Na Austrália, as áreas onde havia fartura de chuvas passam a ser castigadas pela seca, enquanto que as águas que deveriam estar caindo lá são despejadas no oceano, nas proximidades da Polinésia. Ao mesmo tempo, as chuvas que caíam próximo às costas Sul-americanas invadem o continente e passam a cair no interior do Peru. O ar que sobe, provocando as precipitações no Peru, vai descer seco justamente na região costeira do Nordeste Brasileiro, banindo as chuvas dali (IPCC, 2001b). Já o fenômeno La Nina é a denominação que identifica a anomalia que promove os efeitos contrários aos do El Nino. Ocorre quando as águas do Pacífico Equatorial apresentam-se mais frias do que o normal. Como conseqüências desse fenômeno, aumenta a circulação dos ventos alísios, causando maiores chuvas na Oceania e na Indonésia e agravando a aridez do litoral do Peru. As precipitações de verão diminuem no Brasil meridional, enquanto aumentam as chuvas no Sertão Nordestino brasileiro (Quadro et al, 2004). 21 1.6 - CAMADA DE OZÔNIO O ozônio é um gás fundamental para manutenção da vida no planeta. Atua nas altas camadas da atmosfera filtrando as radiações nocivas (UV-A, UV-B e UVC) provenientes do Sol. No sistema climático global, o ozônio em baixa atmosfera interage apreendendo radiação térmica, contribuindo para o aquecimento global (Demillo, 1998). O ozônio é um gás atmosférico azul-escuro que se concentra na chamada estratosfera, uma região situada entre 20 e 40 Km de altitude. A diferença entre o ozônio e o oxigênio é muito pequena, pois se resume a um átomo: enquanto uma molécula de oxigênio possui dois átomos, uma molécula de ozônio possui três (Rosa & Rovere, 1998). O ozônio sempre foi mais concentrado nos pólos do que no equador, e nos pólos ele também se situa numa altitude mais baixa. Por essa razão, as regiões dos pólos são consideradas propícias para a monitoração da densidade da camada de ozônio (Rosa & Rovere, 1998). Em 1991, o Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA) revelou que, pela primeira vez, se estava produzindo uma perda importante do ozônio, tanto na primavera como no verão e tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, em latitudes altas e médias. Este fato fez crescer a apreensão geral, já que no verão os raios solares são muito mais perigosos que no inverno (Rosa & Rovere, 1998). Toda vida na Terra é especialmente sensível à radiação ultravioleta com comprimento de onda entre 290 e 320 nanômetros. Tão sensível que essa radiação recebe um nome especial: UV-B, que significa “radiação biologicamente ativa” . A maior parte da radiação UV-B é absorvida pela camada de ozônio, mas mesmo a pequena parte que chega até a superfície é 22 perigosa para quem se expõe a ela por períodos mais prolongados (Rosa & Rovere, 1998). A radiação UV-B também inibe a atividade do sistema imunológico humano, o mecanismo natural de defesa do corpo. Além de tornar mais fáceis as condições para que os tumores se desenvolvam sem que o corpo consiga combatê-los. Supõe-se que haveria um aumento de infecções por herpes, hepatite e infecções dermatológicas provocadas por parasitas (Rosa & Rovere, 1998). A maior parte das plantas ainda não foi testada quanto aos efeitos de um aumento da UV-B, mas das 200 espécies analisadas até 1988, dois terços manifestaram algum tipo de sensibilidade. A soja, por exemplo, apresenta uma redução de 25% na produção quando há um aumento de 25% na concentração de UV-B. O fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha, assim como as larvas de alguns peixes, também sofrem efeitos negativos quando expostos a uma maior radiação UV-B. Já se constatou também que rebanhos apresentam um aumento de enfermidades oculares, como conjuntivite e até câncer, quando expostos a uma incidência maior de UV-B (Rosa & Rovere, 1998). Ressalte-se que todos esses efeitos são ocasionados por um ligeiro acréscimo da radiação UV-B. Existe, contudo, um outro tipo de radiação ainda mais temível: a UV-C. A radiação UV-C apresenta comprimentos de onda entre 240 e 290 nanômetros e é (até agora) completamente absorvida pelo ozônio estratosférico. Sabe-se que a UV-C é capaz de destruir o DNA (ácido desoxirribonucléico), a molécula básica da vida, que contém toda a informação genética dos seres vivos. (Rosa & Rovere, 1998). 23 1.7 - IMPORTÂNCIA DOS CICLOS DO CARBONO E DA ÁGUA PARA O CLIMA Em nível global, os ciclos do carbono e hidrológico são provavelmente os dois ciclos biogeoquímicos mais importantes em relação à humanidade. Os dois ciclos são caracterizados por “pools” atmosféricos pequenos, porém, muito ativos, sendo vulneráveis às perturbações antropogênicas, e, por sua vez, podem mudar o tempo e os climas. Uma rede de mensurações foi estabelecida para detecção de mudanças significativas no ciclo do carbono e da água, que poderão afetar nosso futuro no planeta (Odum, 1988). 1.8 - CICLO DO CARBONO Do volume de CO2 emitido para a atmosfera como efeito da ação antrópica, 70% são devido à queima de combustíveis fósseis e 30% em função do uso da terra (queima de florestas primárias ou perdas naturais, dependendo do ecossistema). Os fluxos mais importantes de CO2 são a sua recirculação através dos oceanos, a fixação através da fotossíntese e a sua liberação decorrente da respiração das plantas e microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica do solo (Dias, 2001). No balanço global de carbono, os fluxos de CO2 atmosférico na biota terrestre são essenciais ao entendimento da biosfera no controle da emissão/fixação de gases estufa, relacionados à questão de variabilidade climática regional e global. O efluxo de CO2 ou respiração do solo é um componente de emissão para a atmosfera e é um processo chave no ciclo do carbono (Dias, 2001). As maiores dúvidas com relação ao ciclo global de carbono estão na compreensão dos “sumidouros”, fundamentais para o balanço de CO2 na atmosfera (IPCC, 2001a). 24 As plantas clorofiladas constituem o mais importante agente da redução do CO2 da matéria orgânica; outros seres, como as bactérias fotossintetizantes e as quimiolitotróficas (redutoras de CO2) têm pequena contribuição para idêntico fim (Teixeira et al, 2000). A maior parte do dióxido de carbono se desprende para a atmosfera ou se dissolve na água. As águas que contém dióxido de carbono reagem principalmente com os sais de cálcio dissolvidos para formar carbonato e bicarbonato cálcicos. Por último, o carbonato cálcico se precipita por agentes orgânicos ou inorgânicos. A maior perda no ciclo do carbono é a formação de calcário. É evidente que o dióxido de carbono que desaparece do ciclo por este processo não volta nunca por completo à atmosfera (Teixeira et al, 2000). 1.9 - CICLO HIDROLÓGICO Apesar de termos a impressão de que a água está “acabando”, a quantidade de água na Terra é praticamente invariável há 500 milhões de anos. O que muda é a sua distribuição, pois a água não permanece imóvel. Ela se recicla através de um processo chamado Ciclo Hidrológico, através do qual as águas do mar e dos continentes se evaporam, formam nuvens e voltam a cair na terra sob a forma de chuva, neblina e neve. Depois, escorrem para rios, lagos ou para o subsolo e aos poucos correm de novo para o mar, mantendo o equilíbrio no sistema hidrológico do planeta (Odum, 1988). Apesar da desigualdade proporcional entre a quantidade de água salgada e água doce elas estão constantemente sendo recicladas, permutando entre si através da evaporação, precipitação (chuva, neve, granizo, orvalho) e transporte de água por rios e correntes subterrâneas e marítimas (Odum, 1988). 25 A água é transferida dos depósitos de água líquida (oceanos, mares, lagos, rios) para a atmosfera através da evaporação. A biosfera tem um papel determinante, pois retém uma parte da água, que de outra forma escoaria para os oceanos, e devolve à atmosfera pela transpiração. Simultaneamente, o vapor d`água atmosférico é transferido por precipitação para os reservatórios líquidos e sólidos (calotas polares, geleiras, glaciares e neves eternas). A infiltração de água no solo alimenta os depósitos do subsolo, como os aqüíferos. Todo esse processo está integrado com o desenvolvimento da biosfera e com o fluxo de calor e luz que vem do Sol e do interior da Terra (Odum, 1988). A forma líquida da água existe graças à temperatura adequada de nosso planeta, que é mantida em parte pela radiação solar e em parte pelo calor gerado pelas substâncias radioativas nas camadas profundas do nosso planeta. A atmosfera exerce um papel fundamental na manutenção da temperatura, através do efeito estufa (Odum, 1988). 26 CAPÍTULO II GASES DO EFEITO ESTUFA, SUAS FONTES EMISSORAS E O MDL (MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO) Gases do efeito estufa e suas fontes emissoras Originariamente os gases estufa foram liberados em nossa atmosfera exclusivamente por diversas fontes geológicas e geoquímicas naturais: atividade vulcânica, liberação gasosa das rochas e assim por diante (Demillo, 1998). A maior parte dos gases existentes, além de deixar passar a luz que vem do Sol, é também transparente às radiações emitidas pela superfície da Terra e pela própria atmosfera. No entanto, alguns gases, entre os quais se destacam o gás carbônico, o metano, o óxido nitroso e o vapor d’água, também transparentes à radiação proveniente do Sol, absorvem as radiações de onda larga que são emitidas pela superfície da Terra e pela própria atmosfera, conhecida como radiação infravermelha. Estes gases que absorvem a radiação infravermelha são conhecidos como gases de efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global (Demillo, 1998). A existência desses gases e sua eficiência na captação de radiação solar contribuem para uma faixa térmica compatível com a vida que conhecemos hoje. Assim, caso não existissem esses gases, algumas estimativas colocam a temperatura média da Terra na faixa de -23oC a -32oC, o que impediria ou dificultaria muito a existência de vida no planeta (Simon & DeFries, 1992). Os outros gases-estufa -- os CFC`s (cloroflúorcarbonos) e o ozônio -- absorvem a radiação infravermelha com muito mais eficiência do que o dióxido 27 de carbono, mas estão presentes em quantidades muito menores. Seu efeito combinado pode causar metade do aquecimento mundial previsto para o próximo século (Simon & DeFries, 1992). Existe um consenso de que o aumento do efeito estufa só não é maior atualmente porque uma grande parte de CO2 é dissolvida nos oceanos e extraída pela vegetação. Sem esses mecanismos reguladores, há muito o ser humano já teria, sozinho, desequilibrado totalmente o clima da Terra (Mazza & Roth, 1999). O funcionamento de fábricas, o uso de transportes urbanos e rodoviários, a geração de energia elétrica e o aquecimento dos lares vêm sendo obtidos pela queima de derivados de combustíveis fósseis que, em sua combustão, emitem grandes quantidades de dióxido de carbono para atmosfera. O nível total de emissão de CO2 em 2000, segundo o IPCC, foi de 6,5 bilhões de toneladas/ano (Mazza & Roth, 1999). Outro processo resultante da ação humana que emite CO2 para a atmosfera em quantidade excessiva são as queimadas e derrubadas de florestas (mudanças no uso da terra). Apesar de pouco significativo em relação às emissões globais, é nesse setor que está o maior comprometimento do Brasil, devido ao desmatamento. Na queima de florestas, as emissões de CO2 decorrem do processo de liberação do carbono contido na biomassa (Mazza & Roth, 2000). A contribuição das fontes biogênicas para a manutenção do efeito estufa se dá por processos como o da respiração (das pessoas, das plantas, dos animais), ou o uso dos CFCs, que liberam dióxido de carbono, bem como pelos processos orgânicos de fermentação que liberam metano, tais como o processo de digestão de animais ruminantes, o de fermentação do lixo ou de biomassa, e também os decorrentes de acidentes como vazamentos de gás ou petróleo (Epstein, 2002). 28 O setor agropecuário contribui com o aumento do acúmulo de GEE também pela agricultura. O cultivo do arroz irrigado representa uma das principais fontes antrópicas de metano para a atmosfera. Não é o caso do Brasil, mas da Ásia, onde o arroz é a principal atividade agrícola. Do total de metano gerado pela cultura do arroz, 90% é atribuído ao continente asiático, segundo o relatório do IPCC de 1996 (Epstein, 2002). 2.1 - VAPOR D’ÁGUA As fontes naturais do vapor d’água são as superfícies de água, gelo e neve, a superfície do solo, as superfícies vegetais e animais. A passagem para a fase de vapor é realizada pelos processos físicos de evaporação e sublimação e pela transpiração (Demillo, 1998). O vapor d’água é um dos constituintes variáveis do ar atmosférico, chegando a representar até 4% em volume. Este volume é extremamente variável e esta variabilidade provém da extrema facilidade com que consegue mudar de fase, nas condições atmosféricas reinantes. Essas mudanças de fase são acompanhadas por liberação ou absorção de calor latente, que, associados com o transporte de vapor d’água pela circulação atmosférica, atuam na distribuição do calor sobre o globo terrestre (Demillo, 1998). Por apresentar estas características, o vapor d’água é considerado o mais importante gás estufa, além disso, com a ação do efeito estufa a atmosfera se tornará mais quente, contendo uma quantidade maior de vapor d’água em decorrência de índices mais altos de evaporação (Mazza & Roth, 1999). 29 2.2 - DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) As emissões de CO2 estão desigualmente distribuídas nas diferentes regiões do mundo. Assim, a Europa e América do Norte são responsáveis por 54% do total das emissões de CO2 (IPCC, 2001b). 2.3 - METANO (CH4) O gás metano é proveniente também de fontes biogênicas, tais como pântanos, os resíduos de animais, de arroz, de aterros sanitários, etc... Das emissões totais desse gás, 2/3 tem um caráter antropogênico. Este gás é 25 vezes mais eficaz na apreensão do calor do que o dióxido de carbono. A permanência do metano na atmosfera é pequena (menos de 10 anos), sendo consumido na atmosfera e, em menor escala, no solo (Pinto et al, 2002). 2.4 - CLOROFLÚORCARBONOS (CFC’s) Os cloroflúorcarbonos são um grupo de compostos sintéticos usados na refrigeração, isolamento, espumas e outros processos industriais. Afora seu papel como gás-estufa, quando os CFC’s sobem para a estratosfera liberam cloro, que depois catalisa a decomposição do ozônio, a camada protetora da Terra, que protege da radiação ultravioleta. Os CFC’s além de terem uma vida longa, as moléculas têm de 17.500 vezes a 20.000 vezes mais capacidade de prender o calor que o dióxido de carbono (Simon & DeFries, 1992). 30 2.5 - ÓXIDO NITROSO (N2O) O óxido nitroso é produzido naturalmente pela ação microbiana no solo e em resposta à expansão da agricultura, à queima de madeira, à decomposição de resíduos de colheita e à queima de combustíveis fósseis. O uso na agricultura de fertilizantes minerais, que contêm nitrogênio, presumivelmente acelera sua taxa de liberação. As concentrações atmosféricas de óxido nitroso estão aumentando aproximadamente 0,25 por cento ao ano. Seu tempo de residência na atmosfera é longo e, portanto, suas concentrações aumentariam por mais de 200 anos ainda, mesmo que as taxas de emissão ficassem congeladas aos níveis atuais. Por molécula, este gás tem 250 vezes mais capacidade que o dióxido de carbono de apreender o calor (Simon & DeFries, 1992). 2.6 - OZÔNIO TROPOSFÉRICO (O3) Na estratosfera, o ozônio protege o planeta da radiação ultravioleta; mais perto do solo, na troposfera, camada atmosférica rica em umidade e abaixo da estratosfera, ela torna-se um gás-estufa poderoso. É produzido pelas reações que envolvem hidrocarbonetos fósseis e óxidos nitrosos, todos liberados durante a queima de combustíveis fósseis, usados nos veículos a motor e na indústria (Simon & DeFries, 1992). 2.7 - MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) Atualmente o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo baseia-se em proposta estabelecida de que cada tonelada de gás carbônico deixada de ser emitida ou retirada da atmosfera, por um país em desenvolvimento, poderá ser negociada no mercado mundial, criando um novo atrativo para a redução das emissões dos gases que causam o efeito estufa (Epstein, 2002). 31 O objetivo do MDL é a busca de alternativas de tecnologias limpas ( nãopoluidoras) como, por exemplo, a geração de energia, reduzindo as emissões de CO2 na atmosfera (Epstein, 2002). O Protocolo de Quioto fomenta o uso de energias renováveis, como é o caso dos biocombustíveis (álcool e o biodiesel). O incentivo ao redlorestamento, o aumento da eficiência na produção, conservação e distribuição de energia elétrica também são princípios fundamentais em que o MDL está baseado (Pinto et al, 2002). O incremento da eficiência de energia e a adoção das tecnologias limpas incluem a energia eólica, movida a turbinas de vento, geotérmicas, os painéis solares que captam energia solar, e as células de hidrogênio ; Combustíveis que estão melhorando constantemente, tornando-se mais eficientes, econômicas e capazes de competir com as outras formas tradicionais de obtenção de energia. Desta forma, as fontes de energia renováveis têm um impacto menos danoso ao meio ambiente do que as tecnologias convencionais (Pereira, 2002). As políticas adotadas para redução de emissão de carbono, são voltadas atualmente ao redirecionamento dos hábitos tradicionais de algumas cidades, como, por exemplo, andar de bicicleta. Essa medida além de contribuir para redução da emissão de gases de efeito estufa, diminui o trânsito em grandes cidades (Pereira, 2002). 2.8 - MERCADO DE CARBONO Países que não tem que diminuir suas emissões de dióxido de carbono (CO2), segundo normas preliminares estabelecidas pela Conferência das Partes (COP), realizada na cidade de Quioto, no Japão, em 1997, podem desenvolver projetos com o objetivo de emitir os chamados CERs (Certificados de Emissões Reduzidas). Os CERs são derivativos financeiros, ou créditos, 32 interessantes às empresas dos países que devem, obrigatoriamente, reduzir as emissões de CO2 (IPCC, 2001a). Essas transações do CER fazem parte de um novo mercado, chamado de mercado de carbono. Atualmente o mercado de carbono está regulamentado, uma vez que o Protocolo de Quioto foi recentemente ratificado, vigorando as regras previamente definidas entre os países praticantes para comercialização do carbono no mercado de balcão (Cenamo, 2004). O Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo, através do projeto CTA (Consultant, Trade and Adviser) propõe a criação de uma Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais (BECE – Brazilian Environment Commodities Exchange), criando um fundo de negociação no mercado futuro através de financiamentos nos prazos adequados para produção sustentável. Esta medida visa regulamentar o trânsito financeiro dos certificados de emissões reduzidas (CER), para projetos desenvolvidos no Brasil, segundo as formas previstas no MDL (Cenamo, 2004). As empresas (países) que não conseguirem (ou desejarem) reduzir suas emissões poderão comprar Certificados de Emissões Reduzidas (CER), em países em desenvolvimento e usá-los para cumprir suas obrigações. Os países em desenvolvimento, por sua vez, deverão utilizar o MDL para promover seu desenvolvimento sustentável (IPCC, 2001a). O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento que não precisam diminuir suas emissões de dióxido de carbono, pode vender essa redução através dos créditos de carbono conseguidos com os CERs (IPCC, 2001a). Assim, um país industrializado pode compensar suas emissões participando dos sumidouros e de projetos de redução de emissões em outros países. Implica, portanto, em constituição e transferência de créditos de emissão de gases de efeito estufa do país em que o projeto está sendo implementado para 33 o país emissor. Este, pode comprar “créditos de carbono” e, em troca, constituir fundos para projetos a serem desenvolvidos em outros países. Os recursos financeiros obtidos serão aplicados necessariamente na redução de emissões ou em remoção do carbono (Cenamo, 2004). A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS), está esperando a aprovação do Ministério da Meio Ambiente definir os critérios de elegibilidade, conforme as políticas nacionais de desenvolvimento sustentável, para criar no país um projeto pioneiro seguindo os princípios do MDL (Cenamo, 2004 apud SPVS, 2002). A proposta de implantação do projeto de “Ação Contra o Aquecimento Global”, em Guaraqueçaba (PR), prevê a proteção e gerenciamento de cerca de 7 mil hectares de Floresta Atlântica, além de promover a recuperação de áreas desmatadas e gerar oportunidades de desenvolvimento econômico compatíveis com o meio ambiente, para as comunidades vizinhas. Na área será desenvolvido um projeto experimental para estabelecer e testar metodologias de mensuração dos gases de efeito estufa, especialmente dióxido de (CO2). O trabalho visa diminuir a ameaça do aquecimento global e contibuir com subsídios técnicos na avaliação de futuros projetos de combate à emissão de gases de efeito estufa na atmosfera (Cenamo, 2004 apud SPVS, 2002). 34 CAPÍTULO III MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PROCESSO DE EXTINÇÃO E A PERDA DA BIODIVERSIDADE Mudanças climáticas A influência do clima sobre os aspectos físicos e topográficos do relevo, está inserida diretamente na determinância de qual organismo tem uma base gênica para estar habilitado a tolerar as variantes climáticas deste local e portanto habilitado a viver nele (Wilson & Francês, 1997). Assim, os organismos antes alojados num determinado local, sob uma determinada ação climática preestabelecida, não seriam capazes de se adaptarem tão rapidamente à um novo local, sobre ação do Efeito Estufa e suas derivações climáticas (Simon & DeFries, 1992). Mudanças climáticas ocorrem devido a fatores internos e externos. Fatores internos são aqueles associados à complexidade dos sistemas climáticos serem sistemas caóticos não lineares (Gralla, 1998). Fatores externos podem ser naturais ou antropogênicos. Os fatores externos, de natureza antropogênica tem sido de suma relevância para as intempéries climáticas vivenciadas no último século (CNI – Confederação Nacional das Indústrias). No último milênio, dois importantes períodos de variação de temperatura ocorreram: um período quente conhecido como Período Medieval Quente e um frio conhecido como Pequena Idade do Gelo. A variação de temperatura desses períodos tem magnitude similar ao do atual aquecimento e 35 acredita-se terem sido causados por fatores internos e externos (Demillo, 1998). A Pequena Idade do Gelo é atribuída à redução da atividade solar e alguns cientistas concordam que o aquecimento terrestre observado desde 1860 é uma reversão natural da Pequena Idade do Gelo (Demillo, 1998). O registro geológico mostra que o último ato do drama glacial teve início quando a glaciação mais recente começou a ter sua força diminuída há aproximadamente 18.000 anos. Como sempre tem sido o padrão, o período frio durou aproximadamente 100.000 anos; o atual clima ameno é uma breve temporada em um ciclo tipicamente gelado (Simon & DeFries, 1992). Esta mudança recente de uma fase glacial para uma fase quente tem interesse especial para os cientistas que lutam para entender as complexidades do clima moderno, porque a quantidade de dióxido de carbono acumulado na atmosfera, desde o início do período de derretimento até o presente momento, é mais ou menos igual à quantidade de gases estufa que, segundo projeções, irá se acumular na atmosfera desde o presente momento até aproximadamente a metade do próximo século (Simon & DeFries, 1992). O clima também variou nos últimos séculos e décadas. Apesar destas mudanças não terem sido tão drásticas como as que ocorreram em períodos anteriores, nem tão grandes como as que são esperadas no século XXI, sabese, com precisão, quando começaram e quando terminaram. A partir deste dado, os cientistas sabem que o clima pode mudar abruptamente e que as mudanças podem ser grandes o bastante para provocar impactos regionais (Simon & DeFries, 1992). A variabilidade natural do clima evidencia que é difícil de reconhecer as fases iniciais de mudanças climáticas causadas pelo homem. Nós produzimos condições que deixariam a Terra na iminência de uma mudança 36 climática, a uma velocidade sem precedentes na história do planeta (Wilson & Frances, 1997). As mudanças climáticas não são uma novidade no planeta Terra, que vem sofrendo alterações em decorrência de fatores astronômicos, tais como a variação da intensidade da energia emitida pelo Sol, as oscilações dos parâmetros orbitais do planeta em torno do Sol e as variações das concentrações da composição química da atmosfera (Simon & DeFries, 1992). No último século houve um aumento de temperatura média do planeta da ordem de 0,6oC. Pela simulação dos modelos climáticos, nos quais são consideradas diferentes concentrações dos gases de efeito estufa, demonstrase que as atividades humanas também podem alterar as condições climáticas atuais (Mazza & Roth, 1999). Quando os cientistas dizem que, em média, a temperatura global poderia aumentar alguns graus centígrados, eles estão falando sobre uma tremenda quantidade de calor. A média atual da temperatura do globo é de o o aproximadamente 14 C. Um aumento de 3 C criaria condições com as quais alguns organismos ainda não tiveram de conviver nos últimos 100.000 anos. o Se a temperatura subir 4 C, a Terra poderá ficar mais quente do que em qualquer época desde o período Eoceno, 40 milhões de anos atrás (Simon & DeFries, 1992). O que parece ser um aumento tão pequeno de temperatura pode causar efeitos bastante dramáticos. Alguns cientistas tentam ser mais realistas e provar que flutuações no campo climático ocorrem naturalmente. Assim, períodos quentes e frios, períodos de enchentes e estiagens, grandes eventos climáticos como furacões e tempestades, ocorrem diariamente e a mídia noticia de forma sensacionalista em busca de audiência. A distorção dos fatos pela mídia enfoca-os de forma a persuadir os telespectadores que mudanças climáticas fazem parte do cotidiano de muitos países (Simon & DeFries, 1992). 37 O aumento dos grandes fenômenos climáticos ocorre muito provavelmente não na quantidade total de eventos climáticos violentos, mas, sim, na capacidade dos seres humanos de detectarem e de registrarem estes eventos (Demillo, 1998).Há indícios significativos de que atividades climáticas violentas nem sequer aumentaram (Demillo, 1998). Esta tendência humana de encarar boletins meteorológicos recentes como tendências a longo prazo contrastam com a nossa capacidade de prever, detectar e acompanhar estes eventos com maior freqüência. Assim, a percepção é que estes eventos estão aumentando (Simon & De Fries, 1992). A coleta de dados em países menos favorecidos tecnologicamente contrasta com as avançadas técnicas dos Estados Unidos e de outros países tecnologicamente avançados . Sistemas de monitoramento global, satélites geoestacionários, realmente coletam informações de outras áreas do planeta, mas estações terrestres, radares e outras técnicas locais de detecção são, infelizmente, inadequadas fora do primeiro mundo. Isto não apenas é um desserviço para os que residem nestes países, mas deixam lacunas no banco de dados climáticos mundial (Demillo, 1998). Este padrão aleatório de dados é chamado de “ruídos de dados”: flutuações aleatórias nos dados que, quando tomadas em conjunto, resultam em nada estatisticamente significativo (Demillo, 1998). Talvez a evidência paleoclimatológica esteja incorreta e a Terra passe periodicamente por flutuações na incidência de dióxido de carbono em nossa atmosfera, que nunca antes tinham sido medidas nos últimos 50 anos (Mendes, 1988). O planeta e seu delicado sistema climático têm mecanismos de regulação e controle da produção e remoção dos gases atmosféricos (Mazza & Roth, 1999). 38 Os seres humanos, entretanto, têm a capacidade de produzir gases atmosféricos ou de inibir mecanismos que controlam a regulagem atmosférica em uma escala enorme em um espaço de tempo relativamente curto (Becker et al, 2001). 3.1- EVIDÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL Apesar das controvérsias a respeito das causas do aquecimento global, os efeitos que este tem gerado no planeta são indiscutíveis. Nos últimos 50 anos, detectou-se um aumento de temperatura na Antártica da ordem de 1,5 grau, o que tem provocado um derretimento mais rápido das geleiras, além da existência de plantas que não existiam ali no passado. Segundo as previsões, se o aquecimento global não for controlado, haverá novos aumentos no nível do mar, o que poderá causar maior incidência de maremotos, furacões e tornados (IPCC, 2001b). Devido à interação oceano-atmosfera, haverá impactos negativos em recifes de corais, provocados pelos altos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Mangues, vegetação marítima, outros ecossistemas costeiros e a biodiversidade associada serão afetados pelo aumento da temperatura e elevação acelerada do nível do mar (IPCC, 2001b). Em países como o Canadá, Islândia, Suécia, por exemplo (entre outras localidades situadas em altas latitudes), os efeitos do aumento de temperatura poderão ser benéficos. Terras que não são próprias para cultivo agrícola poderão vir a ser (IPCC, 2001b). Devido ao aumento de temperatura, a atmosfera, em resposta, ficará mais úmida, aumentando nas regiões tropicais o nível de precipitação. Este fato também aumenta a quantidade de insetos e das doenças por eles 39 provocadas, assim como as provocadas pela veiculação das águas (IPCC, 2001b). Considerando o cenário de aumento das temperaturas, pode-se admitir que, nas regiões climaticamente limítrofes àquelas de delimitação de cultivo adequado de plantas agrícolas, a alteração que venha a ocorrer será desfavorável ao desenvolvimento vegetal. Quanto maior a anomalia, menos apta se tornará a região, até o limite máximo de tolerância biológica ao calor. Por outro lado, outras culturas mais resistentes a altas temperaturas provavelmente serão beneficiadas, até o seu limite próprio de tolerância ao estresse térmico (IPCC, 2001b). No caso de baixas temperaturas, regiões que atualmente sejam limitantes ao desenvolvimento de culturas susceptíveis a geadas, com o aumento do nível térmico devido ao aquecimento global, passarão a exibir condições favoráveis ao desenvolvimento de algumas culturas. Um caso típico seria o da cultura cafeeira que poderia ser deslocada futuramente da região Sudeste para a região Sul do Brasil (Pinto et al, 2002). Outro aspecto a ser analisado refere-se ao efeito direto nas plantas, do aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que tem sido intensamente estudado pelos especialistas em fisiologia vegetal. É bem conhecido o funcionamento, no que diz respeito à atividade fotossintética, da concentração do dióxido de carbono no crescimento das plantas. A concentração do CO2 na atmosfera, sendo próxima de 300 ppm (partes por milhão) está bem abaixo da saturação para a maioria da plantas. Níveis excessivos, próximos de 1.000 ppm, passam a causar fitotoxidade. Nesse intervalo, de modo geral, o aumento do CO2 promove maior produtividade biológica nas plantas (Pinto et al, 2002). O conseqüente aumento do nível do mar tanto pelo derretimento das geleiras assim como pela expansão que a massa de água assumirá frente à 40 nova temperatura, culminará no deslocamento das pessoas situadas em cidades litorâneas (aproximadamente 40% da população mundial) (Pinto et al, 2002). A soma do aquecimento global e da fragmentação do habitat pode resultar na extinção de muitas espécies de mamíferos e pássaros. O aumento no nível do mar poderia colocar a segurança ecológica em risco, incluindo mangues e recifes de corais (Pinto et al, 2002). Metade das geleiras montanhosas e grandes áreas congeladas podem desaparecer até o final do século 21 (Epstein, 2002). O IPCC é vinculado às Nações Unidas e foi criado em 1988 com o objetivo de avaliar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para a compreensão da mudança do clima, seus impactos e as opções para mitigação e adaptação. A cada cinco anos, o IPCC lança um relatório baseado na revisão de pesquisas de mais de 2500 cientistas de todo o mundo. O Painel tem três grupos de trabalho: • O grupo de trabalho I avalia os aspectos científicos do sistema do clima e da mudança do clima. • O grupo de trabalho II avalia a vulnerabilidade socioeconômica e dos sistemas naturais em conseqüências da mudança do clima e as opções para se adaptar. • O grupo de trabalho III avalia opções para limitar emissões de gás da estufa e outras maneiras de acabar com a mudança do clima. 41 3.2 - IMPACTOS ECONÔMICOS DO AQUECIMENTO GLOBAL Segundo o IPCC 2007, os impactos econômicos, sociais e ambientais, decorrentes do aquecimento global afetarão todos os países, porém serão sentidos de maneiras diferenciadas. Além dos possíveis impactos sócios ambientais, o aquecimento global confere grandes prejuízos no setor sócio-econômico (Epstein, 2002) Além das prováveis perdas de produção na área agrícola, decorrentes do aquecimento global, as nações insulares e alguns países litorâneos enfrentarão estresse hídrico, devido ao aumento do nível do mar que, por sua vez, invadirá áreas agricultáveis, inviabilizando tanto o solo quanto os recursos hídricos potáveis, devido aos efeitos da salinidade. Conseqüentemente, haverá uma diminuição da área agricultável, representando uma queda na safra, redirecionando a produção para o mercado interno, ao invés do mercado externo (Pinto et al, 2002). O turismo, como atividade econômica e principal fonte de renda para algumas nações insulares, será muito prejudicado. O aquecimento global resultará numa freqüência maior na série de fenômenos climáticos violentos (como tempestades tropicais, ciclones, furacões), diminuindo o fluxo de turistas para esses regiões (IPCC, 2007). Declínio de ecossistemas costeiros, com impacto negativo para corais e a fauna marinha, poderá se refletir sobre o decréscimo da atividade pesqueira, ameaçando as comunidades pesqueiras e aqueles que se apóiam na pesca como fonte significativa de alimento (IPCC, 2007). 42 3.3 - IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL: SÍNTESE DO PRIMEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007 O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) confirmou em 02 de fevereiro de 2007 que há 90% de certeza de que o homem é o responsável pelas mudanças do clima no planeta. O relatório estima que as temperaturas devem aumentar entre 1,8 e 4,0 graus ainda neste século. Para garantir a qualidade de vida atual, é preciso que o aumento da temperatura média do planeta não ultrapasse 2º C em relação aos níveis pré-industriais, na metade do século XIX. De acordo com o estudo Planeta Vivo, feito pela rede WWF, a média anual per capita de emissão de CO2 para cada brasileiro é de 1,8 tonelada do gás, caso as emissões provocadas pelo desmatamento de nossas florestas forem desconsideradas. Entretanto, quando o desmatamento é incluído nesse cálculo o Brasil passa a ser o quarto maior poluidor do planeta. Os gases das queimadas oriundas do desmatamento são responsáveis por 75% de todas as emissões nacionais. Segundo o relatório do IPCC, os efeitos das mudanças climáticas já estão sendo sentidos no mundo. O documento afirma que houve um aumento significativo das chuvas no Brasil e outras partes da América do Sul. Secas mais longas e mais intensas foram observadas em grandes áreas, particularmente na região dos trópicos. Sobre as previsões, há confirmação da probabilidade de os eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas e furacões se tornarem cada vez mais freqüentes. Outra previsão é o derretimento do Pólo Norte até 2100. Isso implicaria em um aumento de 59 centímetros no nível dos oceanos. 43 3.4 - IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL; SÍNTESE DO SEGUNDO RELATÓRIO DO IPCC 2007 O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgou em abril de 2007 um relatório apontando um cenário devastador sobre os principais impactos do aquecimento global no meio ambiente e na economia, caso medidas concretas para diminuir o aumento da temperatura do planeta não forem adotadas. No Brasil, há impactos significativos em vários lugares como na Amazônia, no semi-árido nordestino e nas regiões litorâneas. Neste segundo relatório, o IPCC demonstra claramente que os impactos das mudanças do clima estão batendo à nossa porta neste momento e só tendem a piorar. O nível dos oceanos já está subindo e, com isso, 100 milhões de pessoas que vivem a menos de um metro acima do nível do mar estão correndo o risco de perder suas casas. As populações da Índia e da China podem passar fome por causa do declínio na produção de alimentos como conseqüência do aquecimento global. Os mananciais de água doce, que abastecem milhões de pessoas no mundo estão em risco, aponta o relatório. Na região Amazônica, por exemplo, as pessoas podem ser afetadas por temperaturas ainda mais altas no verão em algumas regiões, por um aumento na freqüência de secas severas como a de 2005 e pela transformação da floresta em uma vegetação muito mais aberta, parecida com o cerrado, especialmente na região leste. No nordeste brasileiro, as temperaturas vão subir ainda mais, passando de uma região semi-árida para árida e comprometendo a recarga dos lençóis freáticos. No sudeste, a precipitação vai aumentar com impacto direto na agricultura e nas inundações e deslizamentos de terra. Os impactos das mudanças climáticas estão alterando a química do planeta, causando extinção e migração das espécies e comprometimento dos serviços ambientais prestados pela natureza. Além disso, o aumento da temperatura e 44 a mudança nos padrões das chuvas prejudicam especialmente o desenvolvimento econômico e social de nações em desenvolvimento. “Os negociadores estão cansados de discutir cada uma das palavras do relatório para chegar a um acordo. Isso acontece por que os Chefes de Estado estão ansiosos esperando pelas importantes conclusões desta conferência científica” observa Hans Verlome, diretor do Programa Global de Mudanças do Clima da rede WWF. “A urgência deste relatório, preparado por um seleto grupo de cientistas do planeta, deve ser levada em conta pelos governos e estes devem reagir com a mesma presteza.” "Não existe escapatória para esses fatos: o aquecimento global trará fome, enchentes e secas. Os países mais pobres e que tem uma responsabilidade menor pelas emissões dos gases causadores das mudanças climáticas são os que sofrerão mais. E eles são os que têm menos dinheiro para investir em infra-estrutura de adaptação aos impactos do aquecimento global. Mas os países ricos também correm enormes riscos”, afirma Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação do WWF-Brasil. “Não temos mais a opção de ignorar o aquecimento do planeta, senão as conseqüências serão desastrosas. Os países precisam aceitar metas de redução das emissões, levando em conta as contribuições históricas de cada um, e começar a implementar soluções”, completa Scaramuzza. Os cientistas do IPCC disseram claramente que alguns dos impactos das mudanças climáticas são inevitáveis, mas ainda existe tempo para proteger a humanidade de algumas das conseqüências mais desastrosas. Essa reação deve vir como parte de uma rápida mudança nas estratégias globais visando evitar emissões significativas de CO2. "Defender o que restou da natureza neste planeta, como a floresta amazônica, os manguezais e os corais, se tornará uma prioridade econômica e ética”, afirma Lara Hansen, cientista-chefe do Programa Global de Mudanças 45 Climáticas da rede WWF.. “Nossas sociedades são dependentes da natureza, mas só agora estamos percebendo isso.” O Brasil é o 4º emissor global de gases do efeito estufa, com mais de dois terços das emissões vindas do desmatamento. “Chegou a hora de demonstrarmos como vamos contribuir para diminuir o aquecimento do planeta” afirma Karen Suassuna, técnica em Mudanças Climáticas do WWFBrasil. “Ficou claro que o Brasil já está sendo impactado pelas mudanças no clima e poderá ser ainda mais. Por isso, é preciso estabelecer metas claras para a redução drástica do desmatamento e investir em energias renováveis não convencionais e eficiência energética” completa Suassuna. Em setembro de 2006, O WWF-Brasil apresentou à sociedade brasileira o estudo “Agenda Elétrica Sustentável 2020”, uma alternativa para o crescimento elétrico do país sem que haja necessidade de mais poluição. O relatório traça um cenário para o setor elétrico brasileiro utilizando energias limpas não convencionais, técnicas de eficiência energética, gerando mais empregos e mais economia para o Brasil. 3.5 - IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL: SÍNTESE DO TERCEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007 O relatório divulgado em maio de 2007 pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), mostra claramente que é possível deter o aquecimento global se o processo de redução das emissões for iniciado antes de 2015. De acordo com o documento, para salvar o clima do nosso planeta, a humanidade terá de diminuir de 50% a 85% as emissões de CO2 até a metade deste século. “Está na hora de arregaçarmos as mangas e fazermos tudo que podemos. Não 46 dá mais para ficar apenas falando no assunto,” afirma Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil. “O IPCC fez uma ‘radiografia’ do clima do planeta e nos mostrou o que devemos fazer para deter as mudanças climáticas antes que seja tarde demais. Agora está na hora de pressionar os políticos e mobilizar a sociedade para tomarmos decisões conjuntas e realmente colocar em prática o que se vem discutindo.” O relatório do terceiro grupo de trabalho do IPCC demonstra ser possível estancar o aquecimento do planeta. Para o Brasil, um dos maiores problemas na emissão de gases causadores das mudanças climáticas é o desmatamento. As queimadas oriundas da destruição das florestas significam 75% das emissões brasileiras. Sobre esse tema, o documento do IPCC aponta que 65% do potencial florestal de mitigação, isto é, o que pode ser feito nas florestas para reduzir o aquecimento global, está localizado nos trópicos. Mais da metade pode ser resolvida apenas com o combate ao desmatamento ilegal. “É mais barato resolver o problema do desmatamento do que trocar a matriz energética, como a China terá que fazer, se quiser combater o aquecimento global”, reafirma Denise Hamú. No que diz respeito às emissões da área de energia, o Brasil precisa continuar investindo em energias limpas e reverter a tendência de crescimento de termelétricas baseadas na queima de combustíveis fósseis. É necessário também diversificar a matriz com fontes renováveis não convencionais como biomassa, eólica e termosolar. Aplicar técnicas de eficiência energética para reduzir o desperdício de eletricidade é fundamental em todos os setores como industrial, comercial e residencial. “Isso é possível, mais barato e está comprovado no estudo ‘Agenda Elétrica Sustentável 2020’ do WWF-Brasil”, diz Karen Suassuna, técnica em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil. O IPCC indica também o uso de veículos mais eficientes como uma maneira de reduzir as emissões no setor de transportes, principalmente se abastecidos com biocombustíveis como o álcool ou o biodiesel. “Porém, vale a pena 47 ressaltar que a produção de biocombustíveis deve ser feita de maneira planejada, ordenada e sustentável, sem causar mais desmatamento e problemas sociais”, lembra Suassuna. Outra solução mostrada no relatório para reduzir a poluição nesse setor é trocar o uso de rodovias, sistema largamente utilizado no Brasil, por ferrovias. O transporte público também deve ser melhorado e incentivado. “Se essas medidas forem adotadas no Brasil, será possível fazer a nossa parte e aumentar a qualidade de vida e o conforto da nossa população”, resume Suassuna. É importante lembrar que as nações desenvolvidas têm uma responsabilidade especial. “Elas vão se encontrar na reunião do G8 este mês e não há mais desculpas para que as economias que lideram o planeta não se mobilizem sobre este tema. Elas precisam agir rapidamente para cortar suas emissões e adotar as técnicas de energias renováveis e eficiência energética”, afirma Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação de Programas Temáticos do WWF-Brasil. 3.6 - PROCESSO DE EXTINÇÂO E A PERDA DE BIODIVERSIDADE A degradação biótica que está afetando o planeta encontra raízes na condição humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da população humana e pela distribuição desigual da riqueza. A perda da diversidade biológica envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos (Becker et al, 2001). É necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários habitats naturais e dos modificados existentes no mundo, de forma a se desenvolver uma abordagem equilibrada entre conservação e utilização sustentável da 48 diversidade biológica, considerando o modo de vida das populações locais (Gralla, 1998). Três razões principais justificam a preocupação com a conservação da diversidade biológica. Primeiro, porque se acredita que a diversidade biológica seja uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Segundo, porque se acredita que a diversidade biológica representa um imenso potencial de uso econômico, em especial pela biotecnologia. Terceiro, porque se acredita que a diversidade biológica esteja se deteriorando, inclusive com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas (Wilson & Frances, 1997). A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras, florestais e, também, a base para a estratégica industrial da biotecnologia (Wilson & Frances, 1997). A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valores ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos (Wilson & Frances, 1997). As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora se considere que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que sustental outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida (Wilson & Frances, 1997). Na história da evolução da vida na Terra, catástrofes naturais aconteceram em uma escala de tempo longa, de milênios a milhões de anos, permitindo a adaptação das espécies (Gralla, 1998). 49 A extinção das espécies é um fato real. Para muitas espécies, a questão não é se a extinção ocorrerá, mas, sim, quando (Becker et al, 2001). O surgimento do capitalismo industrial e das sociedades modernas materialistas tem provocado uma acelerada demanda por recursos naturais, especialmente nos países desenvolvidos (Becker et al, 2001). Nesse contexto, as atividades antrópicas contribuíram para a degradação ambiental e alteração dos padrões atmosféricos e, devido à queima de combustíveis fósseis, toneladas de carbono foram transferidas da biosfera para a atmosfera (Simon & DeFries, 1992). O aquecimento global é resultante do processo de emissão de gases que contribuem para a intensificação do efeito estufa. O aumento da temperatura média global contribui para a catalisação do processo de extinção e conseqüentemente da perda da biodiversidade (Gralla, 1998). No mundo contemporâneo, além das sempre presentes determinantes biológicas, próprias dos mecanismos evolutivos e/ou das determinantes físicas, é a ação do homem sobre a natureza que está ampliando os mecanismos de extinção das espécies em uma escala de tempo exponencialmente mais rápida (Wilson & Frances, 1997). 50 CONCLUSÃO A motivação é um problema complexo, dinâmico, mutável e fluido. Ela varia no tempo e no espaço, de acordo com a situação e o indivíduo. Varia no mesmo indivíduo em épocas e situações diferentes. Seus fatores ou razões, ou seja, os motivos humanos, exibem forças diversas, tanto em pessoas e situações diferentes, quanto na mesma pessoa em situação e época distintas. O que é bom hoje, poderá ter efeito oposto amanhã, dependendo da personalidade do indivíduo (sua inteligência, caráter, valores, atitudes, expectativas e percepções) e da situação (com seus inúmeros aspectos e influências ambientais, pessoais, financeiros, políticos, econômicos, religiosos, sociais, psicológicos, culturais, educacionais, científicos, técnicos, tecnológicos, gerenciais e administrativos). A motivação constitui o fator principal e decisivo no êxito da ação de todo e qualquer indivíduo ou empreendimento coletivo. Só com o acaso e a sorte é que se aproxima relativamente a esse êxito, mas com muito menos força. Não se compreende um administrador insensível ao problema da motivação. Com este trabalho, visamos identificar e explicar as mais importantes teorias e abordagens disponíveis, com as respectivas críticas, ligações e inter-relacionamentos. Com tudo isso, tentamos propiciar uma visão geral e abrangente dos aspectos positivos, negativos, conjunturais e diferenciais destas teorias e abordagens, bem como a importância da motivação para o trabalho. O inter-relacionamento entre administração e motivação foi descrito como uma maneira de mostrar a melhor forma de coordenar o pessoal, buscando inputs que resultem em motivação e que venham trazer bons resultados para as organizações. O relacionamento existente entre liderança e motivação com a finalidade de mostrar como transformar uma organização. 51 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Becker, F.D. , Alemida, J. , Gómez, W. H. , Muller, G. , Philomena, A.L. , Rampazzo, S. E. , Reigota, M. , Vargas, P. R. , Desenvolvimento Sustentável, Necessidade e/ou Possibilidade?, UNISC, 3ª edição, Santa Cruz do Sul, 2001. Cenamo, M.C. , Mudanças Climáticas, O Protocolo De Quioto e Mercado De Carbono, 2004. disponível em : www.cepea.esalq.usp.br Confederação Nacional da Industria & Conselho Temático Permanente de Meio Ambiente, Convenção Sobre a Mudança de Clima : Considerações e Recomendações da Confederação Nacional da Industria. Demillo, R. , Como Funciona o Clima, Quark, São Paulo, 1998. Dias, M.S.F.S. , Interação Biosfera Atmosfera Em Mesoescala Na Amazônia, Departamento De Ciências Atmosféricas, Instituto De Astronomia, Geofísica E Ciências Atmosféricas Universidade De São Paulo, Relatório à FAPESP, 2001. Epstein, I. , Aquecimento Global, Com Ciência Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, 2002. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm Gralla, P. , Como Funciona o Meio Ambiente, Quark, São Paulo, 1998. IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. 2001. Working Group I. Third Assessment Report. Summary for Policymakers. WMO. 17 pp. IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. 2001. Climate Change 2001: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Working Group II. TAR: Summary for Policymakers. Lora, E.E.S. , Prevenção e Controle da Poluição nos Setores Energéticos, Industriais e de Transportes, Interciência, 2ª edição, Rio de Janeiro, 2002. 52 Marc, P.S. , A Poluição, Salvat, Rio de Janeiro, 1979. Mazza, P., Roth, R., Global Warming Is Here: The Scientific Evidence, Atmosphere Alliance/Energy Outreach Center, 1999. Disponível em : www.newconnexion.net/article/07-99/global.html Mendes, J. C. , Paleontologia Básica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1988. Muller, P. B. , Bio Climatologia, 2ª edição, Sulina, Porto Alegre, 1982. Odum, E. P. , Ecologia, Guanabara, Rio de Janeiro, 1988. Pereira, A.S. , Mudanças Climáticas e Energias Renováveis, Com Ciência Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, 2002. Disponível em: www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm Pinto, H. S. , Assad, E. D. ,Zullo, J. Jr, Bruini, O. , Aquecimento Global e a Agricultura, Com Ciência Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, 2002. disponível em: www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm Quadro, M. F. L. , Machado, L. H. R., Calbete, S. , Batista, N. N. M. , Climatologia, Precipitação e Temperatura, Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC/INPE. disponível: www.cptec.inpe.br/products/climanalise/cliesp10a/chuesp.html Rosa, L.P. , Rovere, E. L. ,Overview of Latin American Technology Development for Avoiding Greenhouse Gases Emissions and for Mitigating Climate Change, Global Change Center, 1998. Disponível em : www.ivig.coppe.ufrj.br/doc/baires.pdf Simon, C. , DeFries, R.S. , Uma Terra, Um Futuro, MAKRON Books, São Paulo, 1992. Teixeira, W. , Toledo, M.C.M. , Fairchild, T.R. , Taioli, Fabio, Decifrando a Terra, Oficina de Textos, São Paulo, 2000. 53 Wilson, E.O. , Frances, M.P. , Biodiversidade, Nova Fronteira, 2ª edição, Rio de Janeiro, 1997. 54 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I SISTEMA CLIMÁTICO 13 1.1 A FRAGILIDADE DO SISTEMA CLIMÁTICO 13 1.2 ÁGUA E O PLANETA 1.3 CIRCULAÇÃO OCEÂNICA E SUA 14 INTERAÇÃO ATMOSFÉRICA 1.4 MECANISMOS 15 REGULATÓRIOS E INFLUÊNCIA ATMOSFÉRICA NA DETERMINAÇÃO DO CLIMA 15 1.5 EL NIÑO 19 1.6 CAMADA DE OZONO 21 1.7 IMPORTÂNCIA DOS CICLOS DO CARBONO E DA ÁGUA PARA O CLIMA 23 1.8 CICLO DO CARBONO 23 1.9 CICLO HIDROLÓGICO 24 CAPÍTULO II GASES DO EFEITO ESTUFA, SUAS FONTES EMISSORAS E O MDL 26 2.1 VAPOR D’ÁGUA 28 2.2 DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) 29 2.3 METANO (CH4) 29 55 2.4 CLOROFLÚORCARBONOS (CFC’s) 29 2.5 ÓXIDO NITROSO (N2O) 30 2.6 OZÔNIO TROPOSFÉRICO (O3) 30 2.7 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) 30 2.8 MERCADO DE CARBONO 31 CAPÍTULO III MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PROCESSO DE EXTIÇÃO E PERDA DA BIODIVERSIDADE 34 3.1 EVIDÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL 38 3.2 IMPACTOS ECONÔMICOS DO AQUECIMENTO GLOBAL 41 3.3 IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL: SÍNTESE DO PRIMEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007 42 3.4 IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL: SÍNTESE DO SEGUNDO RELATÓRIO DO IPCC 2007 43 3.5 IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL: SÍNTESE DO TERCEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007 45 3.6 DE PROCESSO DE EXTINÇÂO E A PERDA BIODIVERSIDADE 47 CONCLUSÃO 50 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51 ÍNDICE 54 56 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: