crise hipertensiva no atendimento de urgência e

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CRISE HIPERTENSIVA NO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA
HIPERTENSIVE CRISIS IN THE ATTENDANCE OF URGENCY AND
EMERGENCY
Giselda Damasceno da Silva Leal Maciel
Discente do curso de pós-graduação em Urgência e Emergência Pré-Hospitalar pelo Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais-UnilesteMG. [email protected]
Prof ª Helisamara Mota Guedes
Mestre em Enfermagem pela UFG. Docente do Centro Universitário do Leste de Minas GeraisUnilesteMG. E-mail: [email protected]
RESUMO
A crise hipertensiva é uma das complicações da hipertensão arterial, caracterizada por um aumento
abrupto da pressão arterial, podendo ocorrer lesão nos órgãos alvo, o que potencializa risco de
morte. Este estudo teve como objetivo analisar a produção científica referente a crise hipertensiva no
atendimento de urgência e emergência. Trata-se de uma revisão bibliográfica. A seleção de trabalhos
para esta revisão foi feita com base em pesquisa bibliográfica realizada em indexadores de produção
científica (BIREME). A pesquisa resultou em: 9 artigos científicos completos publicados entre 2001 a
2009. Esse estudo enfocou a crise hipertensiva, mostrando a importância do atendimento de
urgência, os fatores de risco associados a crise, as características comuns e o quadros clínicos
apresentados. Torna-se então necessário a divulgação das diretrizes para o atendimento de crise
hipertensiva, fornecendo assim um atendimento de melhor qualidade, sem complicações e gastos
desnecessários.
Palavras-chave: Crise Hipertensiva, Emergência Hipertensiva, Urgência Hipertensiva.
ABSTRACT
A hypertensive crisis is one of the complications of hypertension, characterized by an abrupt increase
in blood pressure, damage can occur in target organs, which potentiates the risk of death. This study
aimed to analyze the scientific production for hypertensive crisis in emergency care and emergency.
This is a literature review. The selection of papers for this review was based on literature search in
indexes of scientific production (BIREME). The search resulted in: 9 full scientific articles published
between 2001 to 2009. This study focused on the hypertensive crisis, showing the importance of the
emergency, the risk factors associated with the crisis, the common characteristics and clinical pictures
presented. It is then necessary to the dissemination of guidelines for the treatment of hypertensive
crisis, thus providing a better quality of care, without complications and unnecessary expenses.
Key words: Hypertensive Crisis, Hypertensive Emergency, Hypertensive Urgency.
INTRODUÇÃO
A crise hipertensiva é uma das complicações da hipertensão arterial,
caracterizada por um aumento abrupto, inapropriado, intenso e sintomático da
pressão arterial, podendo ocorrer lesão nos órgãos alvo (cérebro, coração, rins e
artérias), o que potencializa risco de morte. Na crise hipertensiva, o que comumente
ocorre é a elevação da pressão arterial diastólica em média de 120mmHg.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009
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Porém pode ocorrer em casos específicos, como na glomerulopatias agudas e na
toxomia gravídica, o aumento da pressão arterial diastólica em torno de 100 a 110
mmHg (MARTIN et al., 2004).
A manifestação da crise hipertensiva pode ser classificada como emergência
ou urgência hipertensiva. A emergência ocorre quando existe lesão dos órgãos alvo,
e risco eminente de morte o que requer uma redução rápida da pressão arterial, em
questão de minutos, já na urgência hipertensiva não existe o risco imediato de morte
podendo então ocorrer uma diminuição gradativa da pressão, em questão de horas
(MARTIN et al,2004).
Para Guedes et al., (2005), com a elevação da pressão arterial, surge sinais e
sintomas tais como: cefaléia severa, sensação de mal-estar, ansiedade, agitação,
tontura, dor no peito, tosse, falta de ar, alterações visuais e vasoespasmos.
Feitosa-Filho et al., (2008), relatam que entre todas as visitas na sala de
emergência, 3% delas, são decorrentes do aumento eminente da pressão arterial.
Dentre esses casos estima-se que 1 a 2% são pessoas hipertensas que
apresentaram um conjunto de sinais e sintomas adjunto a elevação inesperada da
pressão arterial (PA) que resultou no atendimento de urgência.
Os números de casos de hipertensão têm sofrido uma queda a partir de 1940.
Pois até então a hipertensão arterial não era considerada como uma patologia que
pudesse desencadear grandes complicações, pelo contrário, era vista como um
componente da circulação, responsável por forçar o sangue através das artérias
escleróticas aos diversos tecidos. Em 1940, deu-se o início a adoção da terapia
medicamentosa para os pacientes com hipertensão, diminuindo a morbi-mortalidade
(FRANCO, 2002).
Atualmente a hipertensão arterial sistêmica (HAS) atinge cerca 15 a 20% da
população brasileira, sendo classificada como um dos fatores de risco
cardiovascular. Embora exista uma variedade de medidas terapêuticas para o
tratamento crônico da doença, os índices de controle adequado da HAS são
inferiores ao esperado, ocorrendo uma grande procura ao atendimento de urgência
e emergência de pacientes acometidos de crise hipertensiva (MONTEIRO JÚNIOR
et al., 2008).
Existe uma grande variedade de fármacos anti-hipertensores para o
tratamento, quer das emergências, quer das urgências hipertensiva. Os inibidores da
Enzima Conversora de Angiotesina (IECA), de curta ação, dentre eles captopril,
fármaco anti-hipertensores mais utilizado nas urgências hipertensiva sendo ele
eficaz após administração oral, com inicio rápido de ação cerca de 20 minutos após
administração e duração de 4 a 6 horas. Podendo também citar os fármacos comuns
utilizados em crises de emergências e urgências hipertensiva sendo eles:
nitroprussiato de sódio, diazóxido, hidralazina, trimetafano, labetalol, nifedipina,
clonidina, captopril (OLIVEIRA et al., 2008).
Ressalta-se que o uso excessivo e errôneo do medicamento em casos de crise
hipertensiva pode acarretar perdas aos pacientes, visto que a pressão arterial pode
reduzir de maneira significativa (FEITOSA-FILHO et al., 2008). No entanto, o
controle da hipertensão arterial é conseguido por meio de um programa
medicamentoso, prescrito de acordo com a gravidade do quadro, e de medidas nãomedicamentosas, baseadas na manutenção de um estilo de vida saudável, mediante
alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos, manutenção do peso
corporal e abstenção do tabagismo e do etilismo (GUEDES et al, 2005).
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009
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O presente estudo justifica-se, pelo fato, de que no primeiro contato com a
equipe de emergência, na triagem, ocorre a classificação do atendimento, de acordo
com a necessidade e a severidade. Caso ocorra algum erro neste momento, todo o
processo seqüente será comprometido.
O estudo teve como objetivo analisar a produção científica referente à crise
hipertensiva no atendimento de urgência e emergência.
METODOLOGIA
O estudo tratou-se de uma revisão bibliográfica, que de acordo com Cerco e
Bervian (1983) esta, visa reunir, analisar e discutir informações a partir de
documentos já publicadas, objetivando fundamentar teoricamente um determinado
tema.
A seleção de artigos foi feita com base em pesquisa bibliográfica realizada na
base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BIREME) com os descritores crise
hipertensiva, pseudocrise hipertensivas, urgência e emergência. As produções
científicas encontradas foram refinadas com artigos em texto completo, idioma
português e espanhol. Foram escolhidos 9 artigos científicos completos, publicados
entre 2001 a 2009.
A coleta de dados foi efetuada em dois momentos: o primeiro momento ocorreu
no dia dezesseis de março de 2009, em que foram selecionados artigos e materiais
a respeito da metodologia e sobre crise hipertensiva. Estes textos fundamentaram a
construção da Introdução e Metodologia deste artigo. O segundo momento se
transcorreu no dia vinte e cinco de março do mesmo ano, que objetivou a construção
dos Resultados e Discussão utilizando os nove artigos que abordavam a assistência
da equipe de saúde no atendimento de crises hipertensivas e outras literaturas que
completam o tema o qual não estavam disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Dos 9 artigos encontrados, quatro deles foram publicados na Revista Brasileira
de Cardiologia, sendo todos de autoria dos profissionais médicos cardiologistas,
nefrologistas, enfermeiras e estudantes de enfermagem. Observa-se que são
estudos recentes tendo em vista que o período de publicação foi de 2001 a 2009.
Na Tabela 1, pode ser observada a distribuição dos artigos encontrados na
Biblioteca Virtual de Saúde por título, ano, revista, autor, profissão do autor e
palavras chaves.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009
TABELA 1: Caracterização dos artigos encontrados na Biblioteca Virtual de Saúde
Titulo
Titulo da
Ano
Autores
Profissão dos autores
revista
Encontro multicêntrico sobre
J. Bras.
2001 José Nery Praxedes
Professor de nefrologia
crises hipertensivas – relatório Nefrol.
José Luis Santello
Professor de nefrologia
e recomendações.
Celso Amodeo
Instituto de cardiologia
Dante M. A. Giorgi.
Instituto do coração
Carlos A. Machado
Liga da hipertensão arterial
Pedro Iabur
Faculdade de medicina
Palavras-chave
.O artigo não
apresenta resumo e
nem palavra-chave
Crise hipertensiva:
definição, epidemiologia e
abordagem diagnóstica.
Rev. Brás.
Hiperten.
2002
Roberto J. S. Franco
Professor de nefrologia
Crise hipertensiva;
Emergência
hipertensiva;
Urgência hipertensiva
Perfil de crise hipertensiva:
prevalência e apresentação
clínica.
Arq Bras.
Cardiol.
2004
José F. V. Martin,
Érika Higashiama,
Evandro Garcia,
Murilo Rizzatti Luizon,
José Paulo Cipullo
Professor de medicina
Crise hipertensiva;
prevalência;
emergência
hipertensiva;
urgência hipertensiva;
Crises hipertensivas em
portadores de hipertensão
arterial em tratamento
ambulatorial.
Rev Esc
Enferm
2005
Nirla Gomes Guedes
Francisca B. Chaves
Rafaella Pessoa Moreira
Tahissa F. Cavalcante
Emília Soares Chaves
Thelma Leite de Araújo
Acadêmica de Enfermagem
Enfermeira do PSF
Acadêmica de Enfermagem
Acadêmica de Enfermagem
Enfermeira. Mestranda em
Enfermagem
Doutora em Enfermagem.
Cooperação do
paciente.
Enfermagem.
Hipertensão
(reabilitação).
Hipertensão
(enfermagem).
Ocorrência e preditores
clínicos de pseudocrise
hipertensiva no atendimento
de emergência.
Arq Bras.
Cardiol.
2007
Silvestre Sobrinho
Luís C. L. Correia,
Constança Cruz,
Mila Santiago,
Ana Catarina Paim,
Bruno Meireles,
Mariana Andrade,
Mariana Kerner,
Paula Amoedo,
Carlos M. Souza
Escola baiana de medicina
EBMSP/Unidade emergência
Hospital da cidade
HC/Unidade de emergência
Hospital geral do Estado –
HGE/Serviço de Oftalmologia
Hospital Humberto Castro, BA
Hipertensão;
pseudocrise;
hipertensiva;
crise hipertensiva;
prevalência;
preditores;
atendimento de
emergência.
242
Titulo
Análise da prescrição de
captopril em pacientes
hospitalizados.
Titulo da
revista
Arq. Bras.
Cardiol.
Ano
Autores
Profissão dos autores
2008
Márcio Galvão Oliveira
Antônio C. B. Noblat
Lúcia Noblat
Luiz Carlos Passos
Professor de medicina
Professor de medicina
Professora de medicina
Professor de medicina
Prescrição de
medicamentos;
hipertensão; captopril;
pacientes internados.
Emergências;
Hipertensão/
complicações;
Hipertensão/
diagnóstico;
Hipertensão/terapia
Hipertensão;
Emergência;
Educação em saúde;
Enfermagem.
Emergências hipertensivas.
Rev Bras Ter
Inten.
2008
Gilson S. Feitosa-Filho
Renato D. Lopes
Nilson T. Poppi
Hélio Penna Guimarães
Professor de clinica médica
Professor de clinica médica
Residente de Cardiologia
Professor de clínica médica
Caracterização da crise
hipertensiva em pacientes de
grupo de hipertensão de um
ambulatório-escola.
Rev. Enferm.
2008
Juliana C. P. Gasques
Dalva M. S. Roland
Cláudia B. Cesarino
Acadêmica em Enfermagem
Enfermeira Mestre
Enfermeira, Professora
Prevalência de verdadeiras
Arq. Bras.
crises hipertensivas e
Cardiol.
adequação da conduta médica
em pacientes atendidos em
um pronto-socorro geral com
pressão arterial elevada
Palavras-chave
2008
Francisco das Chagas
Universidade Federal do
Monteiro Júnior,
Maranhão, São Luís, MA
Fernando Antônio Costa
Anunciação, Natalino
Salgado Filho, Genise
Mayara Alves da Silva,
José Bonifácio Barbosa,
Pedro Antônio Muniz
Ferreira, Joyce Lages,
Natália Ribeiro
Mandarino, Wellington
Santana da Silva Júnior,
Carolina Cipriano
Monteiro
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009
Crise hipertensiva,
diagnóstico,
prevalência, conduta
médica.
A crise hipertensiva pode se classificar em dois quadros clínicos distintos, o
primeiro de forma branda ou moderada, apresentando sintomas como tontura,
cefaléia e zumbido, sem lesão de órgãos alvos, esse quadro de crise hipertensiva é
denominado como urgência hipertensiva. A segunda forma clínica, ocorrendo à
possibilidade de lesão nos órgãos alvos, os sintomas são mais intensos, podendo
ocorrer dispnéia, dor precordial, coma e até a morte, tendo então uma emergência
hipertensiva. Desta forma, o emergencista deve diferenciar esses dois quadros para
decidir qual a melhor conduta diante da situação presenciada (FEITOSA-FILHO et
al, 2008).
Feitosa-Filho et al. (2007), ao avaliar as características dos pacientes que
chegavam à Unidade de Emergência, concluiu que a maior parte deles eram jovens,
do sexo masculino, tabagistas e com consumo constante de álcool, sendo que 1/3
não apresentava nenhuma história regressa de hipertensão.
A modificação da pressão arterial pode aparecer com a elevação inadequada
dos níveis circulatórios de substâncias responsáveis pela vasocontrição das artérias
(norepinefrina, angiotensina ou a vasopressina) que acarreta o aumento da
resistência vascular sistêmica. Em conseqüência, forças de cisalhamento
desencadeiam danos endoteliais seguidos de fibrinas e plaquetas. Nos casos de
pacientes com hipertensão crônica esse processo desencadeia alterações mais
amenas, visto que, devido à cronicidade da doença, o sistema vascular sofreu
alterações como uma remodelação ou uma hipertrofia, o que expande o limite de
auto-regulação da circulação sanguínea e permite a adequação dos órgãos-alvos
aos níveis de pressão elevados (GUASQUES; ROLANDI; CESARINO, 2008).
Segundo Franco (2002) as manifestações clínicas da crise hipertensiva são
bastante inespecíficas: cefaléia, náuseas e vômitos, vertigens, estremecimento,
juntamente com o aumento da pressão, que irá variar de caso para caso. O nível
pressórico não precisa necessariamente estar muito elevado para se caracterizar
uma emergência hipertensiva. Uma pressão arterial de 160/100 mmHg em um
adolescente com glomerulonefrite pode desenvolver encefalopatia hipertensiva, ou
também com esse mesmo nível pressórico uma gestante com edema e proteinúria
pode ter uma convulsão decorrente da eclâmpsia, ambas as patologias classificadas
como emergência hipertensiva. Muitas vezes, mesmo ocorrendo um nível pressórico
muito elevado, não é caracterizado como uma emergência hipertensiva, como é no
caso de uma pessoa idosa assintomática sem risco de lesão em órgãos alvos.
Por isto, a abordagem das condições clínica do paciente requer uma avaliação
precisa; a anamnese consiste no levantamento de informações necessárias para
caracterizar a crise e delinear o tratamento indicado (GUASQUES; ROLANDI;
CESARINO, 2008). Os tópicos indispensáveis na anamnese são sintomas atuais,
preexistência da hipertensão e de crises hipertensivas, manifestações neurológicas,
sintomas de comprometimento renal e medicamentos e drogas em uso.
(PRAXEDES et al., 2001).
O exame físico é feito para a obtenção dos dados do quadro clínico, sendo
orientado para a verificação de danos nos órgãos alvos, utilizando-se da técnica de
palpação de pulso nos membros, da ausculta cardíaca e pulmonar para a verificação
de sopros, galopes e congestão. O exame de fundo de olho é indispensável nos
casos de suspeita de crise hipertensiva (FEITOSA-FILHO et al., 2008). Para Franco
(2002) o exame de fundo de olho procura alterações visíveis não precisando então
do uso de colírios vasodilatores, visto que os mesmos poderão causar crise de
glaucoma, caso a pessoa tenha essa patologia ou ainda causar alterações que irão
244
dificultar a análise neurológica do paciente.
Os exames complementares são de suma importância para a avaliação do
quadro hipertensivo e para identificação dos órgãos afetados. O exame de urina
delimitará a existência de proteinúria e hematúria, o Raio X de tórax irá investigar a
área cardíaca e possível congestão pulmonar e o eletrocardiograma evidenciará
alguma hipertrofia sobrecarga, arritmias e distúrbios de condução. Esses exames
serão classificados de acordo com a análise realizada na anamnese e no exame
físico (PRAXEDES et al., 2001).
Após a classificação do caso em urgência ou emergência hipertensiva são
realizados os exames complementares específicos para cada patologia. O
tratamento deve ser iniciado, avaliando o tempo de duração, traçando metas e
estabelecendo a intensidade da pressão a ser atingida (GUASQUES et al, 2008;
PRAXEDES et al, 2001).
Martin et al. (2004), realizaram um estudo retrospectivo no departamento de
emergência de um hospital universitário, analisando os prontuários médicos dos
pacientes atendidos. Os pacientes com crise hipertensiva totalizaram 452,
representando 5% de todo atendimento clínico cirúrgico, dentre eles 273 de urgência
e 179 de emergência hipertensiva. Os fatores de riscos identificados relacionados às
crises hipertensiva foram o tabagismo e o diabetes mellitus.
A pseudocrise hipertensiva ocorre constantemente no atendimento de
emergência. O que difere esses pacientes é que apesar da alteração dos níveis
pressóricos, quando avaliados com exames complementares não há indícios de
lesão rápida em órgãos-alvo, nem risco eminente de vida. Esses pacientes
comumente têm história pregressa de hipertensão, porém estão inadimplentes com
o tratamento de controle da doença, o que acarreta o aumento da pressão. O que
também pode levar a elevação transitória da pressão arterial e o acontecimento
dessas pseudocrise são fatores como: algum evento emocional, doloroso, ou
desconforto como enxaqueca, tonturas, cefaléias e manifestações de síndrome do
pânico (PRAXEDES et al., 2001).
Ao realizarem um estudo sobre a prevalência da pseudocrise hipertensiva,
Sobrinho et al. (2007), comparou dados de hospitais públicos e privados e concluiu
que entre os 110 pacientes estudados, 48% apresentaram pseudocrise hipertensiva,
sendo que a maior parte deles se concentrava do serviço privado (59%). Entre os
hospitais a frequência de erros de diagnósticos em relação à crise hipertensiva é
semelhante, em torno de 94% no serviço público e 95% no serviço privado.
As inovações nas terapias farmacológicas para hipertensão arterial tornam
possíveis a redução aguda da pressão arterial, mas deve ser levada em
consideração a necessidade de se reduz a pressão, sem contudo comprometer a
perfusão sanguínea para os órgãos alvos (FRANCO, 2002). Guasques, Rolandi e
Cesarino (2008) e Praxedes et al. (2001) afirmam que a pressão arterial média deve
ser reduzida no máximo 25%, comparando com os níveis anteriores. Uma forma
segura e prática da redução da pressão é a não redução imediata da pressão
diastólica a níveis inferiores a 100 mmHg.
O tratamento deve ser continuamente monitorado, visto as possibilidades de
complicações como um hipofluxo cerebral ou coronariano, e a qualquer sinal de
complicações é preciso uma reavaliação das doses e dos medicamentos utilizados.
A classificação do caso em urgência hipertensiva, emergência hipertensiva e
pseudocrise hipertensiva é de suma importância para a escolha da terapia
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009
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medicamentosa. Monteiro Júnior et al. (2008) em seu estudo realizado em um pronto
socorro, constataram que a conduta médica frente a escolha da terapia adequada de
acordo com a classificação dos casos, foi correta em 42% dos casos, sendo
inadequada em mais da metade dos atendimentos, o autor enfatiza a ocorrência do
uso inadequado dos medicamentos anti hipertensivos para pacientes que não
apresentavam o quadro de crise hipertensiva e justifica esse acontecimento, pela
falta de uma padronização do atendimento a pessoa com hipertensão arterial.
A crise hipertensiva faz parte da rotina dos centros de emergência clínica,
sendo assim toda equipe deve ser treinada na identificação correta do quadro
apresentado para lidar frente a esses casos, isso não é de responsabilidade
exclusiva do especialista da área.
CONCLUSÃO
Notou-se que a crise hipertensiva tem sido cada vez mais frequente no setor de
urgência. Embora já exista um programa nacional de tratamento de hipertensão
arterial, a maioria dos autores estudados afirmou que esses são os casos que mais
procuram à unidade de emergência, visto a não adesão do tratamento corretamente.
Neste contexto, fica claro a importância do profissional de saúde que trabalha
no setor de urgência e emergência orientar as pessoas a aderirem ao tratamento da
hipertensão arterial, visto que as pessoas que chegam até este setor apresentando
o quadro de crise hipertensiva precisam se conscientizar e agir corretamente, pois
caso contrário, eles procurarão o atendimento novamente. Os profissionais que
trabalham na atenção básica devem criar estratégias que visem a promoção,
proteção e manutenção da saúde das pessoas hipertensas para evitar as alterações
da pressão arterial.
Os artigos mostraram que as publicações são recentes e desta forma reforça a
necessidades de outros estudos que visem divulgar as diretrizes para o atendimento
de crise hipertensiva, fornecendo assim um atendimento de melhor qualidade, sem
complicações e gastos desnecessários.
REFERÊNCIAS
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