Relato de Caso: Fenômeno de Lucío- Eritema Necrosante Amanda Alves Pereira¹; Camila Guimaraes Montagna²; Bruna Martini Massanares³; Chiara Kerolaine Beletato⁴; Katarine Tronco Gasparini⁵ 1. Residente de Clínica Médica do Hospital Regional de Presidente Prudente 2. Especialista em Clínica Médica 3. Residente de Dermatologia do Hospital Regional de Presidente Prudente 4. Residente de Clínica Médica do Hospital Regional de Presidente Prudente 5. Residente de Dermatologia do Hospital Regional de Presidente Prudente Introdução: Objetivo: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de Relato de um paciente com fenômeno de evolução crônica, cujo agente patogênico é a Micobacterium lepra. É Lucio, forma rara de apresentação da reação hansênica tipo uma doença considerada problema de saúde pública, com mais de 1 caso por 10.000 habitantes, sendo o Brasil o segundo país em número absoluto de casos. Conforme os diferentes graus de resposta imune celular ao bacilo pode evoluir para cura ou para diferentes formas de apresentação clínica, como: indeterminada, tuberculóide, dimorfa ou virchowiana. Podem surgir episódios inflamatórios agudos no percurso natural da doença denominados de reações ou estados reacionais, que comprometem principalmente a pele e nervos. 2, doença infectocontagiosa de evolução crônica, cujo agente patogênico é a Micobacterium leprae,considerada um problema de saúde pública. Métodos: Revisão do prontuário, entrevista com o paciente e revisão da literatura. RESULTADOS C.A.S., 44 anos, masculino apresentando manchas arroxeadas na pele há aproximadamente 7 dias. Negava outras comorbidades ou uso prévio de medicações, porém informava episódio similar há 2 anos que culminou com amputação parcial do 5º pododáctilo esquerdo. Ao exame físico encontrava-se febril, com máculas e pápulas eritemato-purpúricas, bolhas de conteúdo hemático com halo eritematoso e ulcerações com fundo limpo em extremidades de membros inferiores e mãos (fig.2), membro inferior direito com cianose em 2,3,4 e 5 pododáctilo (fig.1), hiperemia, edema, sendo diagnosticado infecção bacteriana secundaria, realizado desbridamento cirúrgico e iniciado antibioticoterapia. A sensibilidade térmica, tátil e dolorosa encontravam-se alteradas. Investigação complementar dentro da normalidade exceto baciloscopia ++++, anticardiolipina positiva e FAN positivo. Histopatologia (fig. 5) evidenciou infiltrado linfo-histiocitário e foi visualizada grandes quantidades de BAAR (++++). Iniciado tratamento com prednisona 40 mg ao dia evoluindo com melhora importante das lesões (fig. 3,4). Recebeu alta com prednisona 40 mg/dia e encaminhamento ao município de origem para notificação, busca ativa de contactantes íntimos e início da poliquimioterapia. Figura1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Discussão: O fenômeno de Lúcio possui como etiopatogenia uma proliferação exagerada da micobacteria, que acaba por invadir o endotélio dos vasos e como consequência ocluir o lumen vascular, acarretando em trombose com infarto e isquemia tecidual. Caracteriza-se clinicamente por surtos de máculas eritemato-purpúricas que evoluem com necrose central e culminam com ulceração e posterior formação de cicatrizes atróficas. Acometem principalmente as extremidades, geralmente poupando a face e o tronco. Os sintomas sistêmicos são escassos. Ocorre em pacientes que nunca realizaram tratamento ou trataram de maneira irregular a hanseníase. Como diagnóstico diferencial devem ser considerados o eritema nodoso e outras vasculites. Histopatologicamente há uma vasculite leucocitoclástica e são visualizadas micobacterias integras no endotélio vascular com trombose dos vasos da derme papilar, proliferação e inflamação escassas. Este paciente foi um desafio diagnóstico,pois além de evoluir como uma forma sem muitos sinais clínicos, ocultava os sintomas de alteração da sensibilidade com sua disfunção cognitiva. O tratamento preconizado consiste em poliquimioterapia e corticosteroides associados ou não à talidomida. A evolução geralmente é positiva com boa resposta à terapêutica. C.A.S. apresentou uma ótima evolução como reflexo da corticoterapia, com resolução das lesões e recuperação das áreas de tecido necrótico. Bibliografia: Lastória JC, Morgado de Abreu MAM. Hanseníase: revisão dos aspectos epidemiológicos, etiopatognicos e clínicos – Parte I. An Bras Dermatol. 2014; 89 (2): 205-19. Monteiro Rodrigo, Tiezzi Marcelo Guimarães, Abreu Marilda Aparecida Milanez Morgado de, Oliveira Claudia Cardoso Macedo de, Roncada Eduardo Vinícios Mendes, Ortigosa Luciena Cegatto Martins. Lucio's phenomenon: another case reported in Brazil. An. Bras. Dermatol. Ribeiro Sandra Lúcia Euzébio, Guedes Erilane Leite, Pereira Helena Lúcia Alves, Souza Lucilene Sales de. Vasculite na hanseníase mimetizando doenças reumáticas. Rev. Bras. Reumatol.