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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
FATORES FÍSICOS E IDADE DA MATRIZ NA INCUBAÇÃO
DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix
japonica)
Fabricio Hirota Hada
Zootecnista
2013
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
FATORES FÍSICOS E IDADE DA MATRIZ NA INCUBAÇÃO
DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix
japonica)
Fabricio Hirota Hada
Orientador: Prof. Dr. Marcos Macari
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do titulo de Doutor em Zootecnia.
2013
H125f
Hada, Fabricio Hirota
Fatores físicos e idade da matriz na incubação de ovos de
codornas japonesas (Coturnix coturnix japônica) / Fabricio Hirota
Hada. – – Jaboticabal, 2013
x, 120 p. ; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2013
Orientador: Marcos Macari
Banca examinadora: Marcos Macari, Isabel Cristina Boleli,
Douglas Emygdio de Faria, Tatiana Carlesso dos Santos, Jose
Fernando Machado Menten
Bibliografia
1. Frequência de viragem. 2. Qualidade do ovo. 3.
Temperatura. 4. Umidade relativa. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 636.6:636.082.47
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DADOS CURRICULARES DO AUTOR
FABRICIO HIROTA HADA – nascido em 11 de novembro de 1982, na
cidade de São Paulo - SP, filho de Takeshi Hada e Maria Yasuko Hirota Hada. É
zootecnista formado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP,
Campus de Jaboticabal, em 31 de julho de 2006. Em agosto de 2006, ingressou no
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, na mesma universidade, obtendo o
título de mestre em 15 de agosto de 2008. Em março de 2009, iniciou o curso de
Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Zootecnia pela Universidade
Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de
Jaboticabal, obtendo o título de doutor em 5 de fevereiro de 2013.
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DEDICO
A Deus, pela minha vida, por permitir que eu terminasse mais essa fase, por
sempre me guiar e iluminar todos os meus passos, protegendo-me, dando-me forças
para seguir em frente.
OFEREÇO
Aos meus pais Takeshi Hada e Maria Yasuko Hirota Hada e, ao meu irmão Felix
Hirota Hada, pelo apoio, amor incondicional, carinho e por compreenderem a minha
ausência em momentos importantes de suas vidas.
A minha querida namorada Joseli Alves Ferreira Zanato, por todo o carinho, amor,
paciência e companheirismo desses anos juntos.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Marcos Macari, pelos valiosos ensinamentos, oportunidades
proporcionadas, pelo exemplo de dedicação e conduta profissional.
A professora Vera Maria Barbosa de Moraes pela oportunidade de entrar para
o programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UNESP de Jaboticabal.
Aos membros da banca de exame de qualificação, professoras Kênia
Cardoso Bícego, Isabel Cristina Boleli, Sandra Aidar de Queiroz e Silvana Martinez
Baraldi Artoni, pelas inúmeras sugestões.
Aos professores Jose Fernando Machado Menten, Tatiana Carlesso dos
Santos, Isabel Cristina Boleli e Douglas Emygdio de Faria, pela participação na
banca examinadora, e pelos valiosos conselhos e sugestões.
À Coodernação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES,
pela concessão da bolsa de estudo.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP pelo
auxílio à pesquisa concedido (processo 2010/00003-1).
À empresa Vicami Codornas, em especial ao Sr. Osvaldo Esperança,
visionário, que gentilmente fez a doação dos ovos, conhecimentos em incubação e
ao tempo despedido.
Aos amigos de pós-graduação, Miryelle Freire Sarcinelli, Katiani Silva
Venturini, Joseli Alves Ferreira Zanato, Ana Carolina Tozzo Guimarães, Lilian
Francisco Arantes de Souza, Daniel Mendes Borges Campos, Paulo Roberto
Oliveira Carneiro, Wedson Carlos Lima Nogueira, Fernando Augusto de Souza,
Rafael Henrique Marques, Rodrigo Antonio Gravena, Eduardo Alves, Iris Mayumi
Kawauchi, Elaine Talita Santos, Allan Reis Troni, Joyce Sato, Karoll Andréas, Raquel
Lunedo, Miguel Frederico Alarcon, Lívia Pegoraro Espinha, Paula Andréa Toro
Velásques, Daniela Carolina Zanardo Donato, pelo convívio e aprendizado.
À tia Luiza Hiroko Kuroiwa e tia Sadako Hada pelo amor e apoio em todos os
momentos de minha vida.
Ao Osvaldo Luiz Zanato e Antônia Alves Ferreira Zanato pela paciência, apoio
e carinho.
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A todas as pessoas que ajudaram diretamente e indiretamente na realização
desse longo projeto de dois anos. Como são tantas as pessoas que passaram pelas
minhas incubações não citarei nomes, pois temo deixar de mencionar alguém e ser
injusto. Agradeço muito a todos os que passaram pela UNESP – Jaboticabal e
disponibilizaram uma parte do tempo de seus estágios curriculares, graduação,
mestrado, doutorado para me ajudarem.
Aos funcionários do aviário experimental, Robson, Izildo, Vicente, pelo auxílio
durante o trabalho de campo.
Aos funcionários da fábrica de ração Sandra, Elinho, Osvaldo e Batista.
A Lilian Francisco Arantes de Souza, Daniel Mendes Borges Campos e Joseli
Alves Ferreira Zanato, por cuidarem do experimento no final do ano de 2011,
permitindo que eu pudesse desfrutar da companhia da minha família.
E um agradecimento muito especial para minhas amigas Miryelle Freire
Sarcinelli e Katiani Silva Venturini, por sempre estarem presentes desde o início das
incubações e, principalmente, por todos os momentos compartilhados.
ŝ
SUMÁRIO
Página
RESUMO.................................................................................................................... ix
ABSTRACT................................................................................................................. x
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................... 1
1.Introdução ............................................................................................................. 1
2.Fatores físicos da incubação sobre as necessidades fisiológicas do embrião ...... 3
2.1. Temperatura ................................................................................................. 3
2.2. Umidade Relativa ......................................................................................... 5
2.3. Viragem do ovo ............................................................................................ 8
3. Idade da matriz ..................................................................................................... 9
4. Qualidade dos ovos férteis ................................................................................. 13
5. Condutância ....................................................................................................... 14
6. Objetivos ............................................................................................................ 16
6.1. Objetivo geral ............................................................................................. 16
6.2. Objetivos específicos.................................................................................. 16
7. Referências ........................................................................................................ 17
CAPÍTULO 2 – INFLUÊNCIA DA IDADE DA MATRIZ DE CODORNAS
JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) SOBRE A QUALIDADE DOS OVOS E
CONDUTÂNCIA DA CASCA. ................................................................................... 26
RESUMO................................................................................................................ 26
ABSTRACT ............................................................................................................ 27
1. Introdução ......................................................................................................... 28
2. Material e Métodos ............................................................................................ 30
2.1.
Animais e delineamento experimental .................................................... 30
2.2.
Qualidade dos Ovos ............................................................................... 31
2.3.
Condutância da casca ............................................................................ 32
2.4.
Relações alométricas e correlação dos constituintes do ovo ................. 32
2.5.
Análise estatística ................................................................................... 33
3. Resultados e Discussão .................................................................................... 34
4. Conclusões ....................................................................................................... 42
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5. Referências ....................................................................................................... 43
CAPÍTULO 3 – EFEITO DA TEMPERATURA DE INCUBAÇÃO E DA IDADE DAS
MATRIZES SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E A QUALIDADE
PÓS-ECLOSÃO DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) .... 47
RESUMO................................................................................................................ 47
ABSTRACT ............................................................................................................ 48
1. Introdução .................................................................................................... 49
2. Material e Métodos ....................................................................................... 51
2.1.
Caracterização do local experimental................................................ 51
2.2.
Animais e delineamento experimental ............................................... 51
2.3.
Peso inicial dos ovos ......................................................................... 53
2.4.
Transferência dos ovos e nascimento das codornas......................... 54
2.5.
Qualidade das codornas.................................................................... 55
2.6.
Embriodiagnóstico ............................................................................. 56
2.7.
Análise estatística.............................................................................. 56
3. Resultados e Discussão ............................................................................... 57
4. Conclusões .................................................................................................. 66
5. Referências .................................................................................................. 67
CAPÍTULO 4 – EFEITO DA UMIDADE RELATIVA DE INCUBAÇÃO E DA IDADE
DA MATRIZ SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E QUALIDADE DO
NEONATO DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) ............. 73
RESUMO................................................................................................................ 73
ABSTRACT ............................................................................................................ 74
1. Introdução ......................................................................................................... 75
2. Material e Métodos ............................................................................................ 77
2.1.
Caracterização do local experimental ..................................................... 77
2.2.
Animais e delineamento experimental .................................................... 77
2.3.
Peso inicial dos ovos .............................................................................. 79
2.4.
Transferência dos ovos e nascimento das codornas .............................. 80
2.5.
Qualidade das codornas ......................................................................... 80
2.6.
Embriodiagnóstico .................................................................................. 81
2.7.
Análise estatística ................................................................................... 82
ŝŝŝ
3. Resultados e Discussão .................................................................................... 83
4. Conclusões ....................................................................................................... 93
5. Referências ....................................................................................................... 94
CAPÍTULO 5 – EFEITO DA FREQUÊNCIA DE VIRAGEM E DA IDADE DA MATRIZ
SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E QUALIDADE PÓS-ECLOSÃO
DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) ................................ 97
RESUMO................................................................................................................ 97
ABSTRACT ............................................................................................................ 98
1. Introdução ......................................................................................................... 99
2. Material e Métodos .......................................................................................... 101
2.1.
Caracterização do local experimental ................................................... 101
2.2.
Animais e delineamento experimental .................................................. 101
2.3.
Peso inicial dos ovos ............................................................................ 103
2.4.
Transferência dos ovos e nascimento das codornas ............................ 104
2.5.
Qualidade das codornas ....................................................................... 105
2.6.
Embriodiagnóstico ................................................................................ 106
2.7.
Análise estatística ................................................................................. 106
3. Resultados e Discussão .................................................................................. 107
4. Conclusões ..................................................................................................... 114
5. Referências ..................................................................................................... 115
CAPITULO 6 – IMPLICAÇÕES .............................................................................. 119
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LISTA DE TABELAS
Página
CAPÍTULO 2
Tabela 1. Esquema da análise de variância para análise de qualidade dos ovos. ... 30
Tabela 2. Esquema da análise de variância para análise de condutância de casca. 31
Tabela 3. Valores médios e erro padrão da média para peso de ovo (PO),
comprimento do ovo (CO) e largura do ovo (LO), unidade Haugh (UH) e
peso específico (PE)
em diferentes idades
da
matriz de codornas
(n=50). ...................................................................................................... 34
Tabela 4. Valores médios e erro padrão da média para porcentagens de gema (PG),
albúmen (PA), casca (PC), espessura de casca (EC) e relação
gema/albúmen
(G/A)
em diferentes idades da
matriz de codornas
(n=50). ...................................................................................................... 36
Tabela 5. Condutância da casca de ovos de matrizes de codornas japonesas em
função da idade. ....................................................................................... 39
Tabela 6. Matriz de correlação de características e componentes do ovo de matrizes
de codornas japonesas. ........................................................................... 39
Tabela 7. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de
determinação (r²) para os componentes: peso de gema sobre peso do ovo
em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. ...................... 40
Tabela 8. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de
determinação (r²) para os componentes: peso de albúmen sobre peso do
ovo em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. ............... 40
Tabela 9. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de
determinação (r²) para componentes: peso de casca sobre peso do ovo
em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. ...................... 41
CAPÍTULO 3
Tabela 1. Esquema estatístico do experimento ........................................................ 52
Tabela 2. Número de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos experimentais
em função da idade das matrizes. ............................................................ 53
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Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos por temperatura de incubação e diferentes
idades da matriz. ...................................................................................... 53
Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados
por temperatura de incubação .................................................................. 54
Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas ................................. 56
Tabela 6. Eclodibilidade dos ovos de matrizes com 8, 14, 21 e 31 semanas de idade
incubados em temperaturas de 36,5, 37,5 e 38,5ºC ................................ 57
Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao
nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e
diferentes idades da matriz ...................................................................... 59
Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em
diferentes temperaturas e de diferentes idades de matrizes. ................... 64
Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões incubados sob
diferentes temperaturas de incubação e idades de matrizes. .................. 65
CAPÍTULO 4
Tabela 1. Esquema estatístico do experimento. ....................................................... 78
Tabela 2. Números de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos
experimentais em função da idade das matrizes...................................... 79
Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por umidade relativa e idade da
matriz. ....................................................................................................... 79
Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados
por umidade relativa de incubação. .......................................................... 80
Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas ................................. 81
Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de
idade, incubados em umidades relativas de 60 e 70%............................. 83
Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao
nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e
diferentes idades da matriz.. .................................................................... 84
Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em
diferentes umidades relativas e idades de matriz ..................................... 89
ǀŝ
Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões para ovos incubados
sob diferentes umidades relativas e oriundos de diferentes idades de
matrizes .................................................................................................... 90
CAPÍTULO 5
Tabela 1. Esquema estatístico do experimento. ..................................................... 102
Tabela 2. Peso médio inicial dos ovos (gramas), por bloco e por frequência de
viragem em função da idade da matriz. .................................................. 103
Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por frequência de viragem e idade
da matriz. ................................................................................................ 103
Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados
por frequência de viragem. ..................................................................... 104
Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas ............................... 106
Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de
idade, incubados em diferentes frequências de viragem. ....................... 108
Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao
nascer (PN) em função de diferentes frequências de viragem e diferentes
idades da matriz.. ................................................................................... 109
Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados com
diferentes frequências de viragem e diferentes idades de matrizes. ...... 112
Tabela 9. Embriodiagnóstico dos ovos não eclodidos (8, 14, 21 e 31 semanas).... 113
ǀŝŝ
ÍNDICE DE FIGURAS
Página
CAPÍTULO 3
Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a
temperatura da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1),
14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. .................................................... 61
CAPÍTULO 4
Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a
umidade relativa da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8
(1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. .............................................. 85
CAPÍTULO 5
Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a
frequência de viragem dos ovos e tempo de incubação, em matrizes de 8
(1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. ............................................ 110
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FATORES FÍSICOS E IDADE DA MATRIZ NA INCUBAÇÃO DE OVOS
DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica)
RESUMO – O processo de incubação de ovos de codornas japonesas
(Coturnix coturnix japônica) atualmente passa por um processo de padronização, ao
contrário de espécies como galinhas e perus, os quais têm sua incubação bastante
estudada e padronizada. Os objetivos do presente trabalho foram: avaliar a
qualidade dos ovos durante a vida produtiva da matriz e determinar a temperatura, a
umidade relativa, a frequência de viragem e idade da matriz que resultem em
melhores índices na incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix coturnix
japonica). No primeiro experimento, avaliou-se a qualidade de ovos e a condutância
da casca nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. No segundo ensaio, testou-se as
temperaturas de incubação de 36,5, 37,5 e 38,5°C durante a vida produtiva da
matriz (8, 14, 21 e 31 semanas). O terceiro experimento avaliou duas umidades
relativas (60 e 70%) nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. No quarto ensaio testouse frequências de viragem (0,5, 1 e 2h), quando as matrizes tinham idades de 8, 14,
21 e 31 semanas. Concluiu-se que matrizes com 14 semanas produzem ovos de
melhor qualidade, ao passo que, matrizes com 31 semanas produzem ovos de pior
qualidade. Matrizes de 8 semanas produzem ovos com menor condutância da
casca. Sugere-se o uso de 38,5°C de temperatura durante a incubação, uma vez
que houve redução na duração de incubação, melhora da eclodibilidade e qualidade
das codornas. Recomenda-se o uso de 60% de umidade relativa na incubadora e
virar os ovos a cada 2 horas, pois proporcionaram melhores resultados na
incubação. A idade da matriz influenciou o processo de incubação dos ovos, sendo
que os melhores resultados foram obtidos de ovos de matrizes com 14 e 21
semanas de idade.
Palavras-Chave: frequência de viragem, idade da matriz, qualidade do ovo,
temperatura, umidade relativa
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PHYSICAL FACTORS AND BREEDER AGE IN INCUBATION OF JAPANESE
QUAIL (Coturnix coturnix japonica) EGGS
ABSTRACT - The process of incubation of Japanese quail (Coturnix coturnix
japonica) eggs is currently undergoing a process of standardization, unlike species
such as chickens and turkeys, which have their incubation well studied and
standardized. The objectives of this study were to evaluate the quality of the eggs
during the breeder productive life and determine the temperature, relative humidity,
turning frequency and breeder age that result in better Japanese quail’s (Coturnix
coturnix japonica) eggs incubation rates. In the first experiment, it was evaluated the
eggs' quality and shell conductance at ages 8, 14, 21 and 31 weeks. In the second
assay, it was tested the incubation temperatures of 36.5, 37.5 and 38.5 ° C during
the breeder productive life (8, 14, 21 and 31 weeks). The third experiment evaluated
two relative humidities (60 and 70%) at ages 8, 14, 21 and 31 weeks. In the fourth
trial it was tested turning frequencies (0.5, 1 and 2h), when the breeders were 8, 14,
21 and 31 weeks old. It was concluded that breeders with 14 weeks produce better
quality eggs, in contrast to breeders with 31 weeks that produce eggs of poorer
quality. Breeders of 8 weeks produce eggs with lower shell conductance. It is
suggested the use of 38.5 ° C temperature during incubation once it reduced the
incubation time, improved hatchability and quail's quality. It is recommend the use of
60% of humidity in the incubator and turn the eggs on every 2 hours, because they
provided better results in incubation. The breeder age influenced the eggs' incubation
process, being the best results obtained from eggs of birds with 14 and 21 weeks of
age.
Keywords: egg quality, frequency of turning, relative humidity, temperature, breeder
age
ϭ
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Introdução
A expansão da coturnicultura no Brasil, atualmente estabelecida em nível
industrial, destaca-se pela geração de empregos, uso de pequenas áreas,
necessidade de baixos investimentos e retorno rápido destes investimentos
(PIZZOLANTE et al., 2007).
O papel da coturnicultura no Brasil é indiscutível, como demonstrado pelo seu
acelerado crescimento nos últimos tempos. Isto pode ser sentido pelo aumento da
produção por empresas de expressão nacional, bem como pelo aumento
significativo no consumo de ovos. Segundo estatísticas publicadas pelo IBGE
(2010), o efetivo de codornas alojadas no período de 2005 a 2010 saltou de,
aproximadamente, 6,8 milhões para 13 milhões de cabeças no Brasil, o que
corresponde a um aumento em torno de 90%. Esse aumento no número de aves
alojadas demonstra uma clara expansão da coturnicultura nos últimos anos, pois
quando comparada com culturas mais tradicionais, como, por exemplo, a criação de
galinhas de postura, houve um crescimento sensivelmente menor no mesmo período
(12,96%, aproximadamente). Já, a produção de ovos aumentou de 117.638 mil para
232.398 mil dúzias, correspondendo a um crescimento de 97,55%. O estado de São
Paulo, com 49,0% do efetivo nacional, e 59,3% da produção nacional de ovos,
destaca-se como o maior plantel e produtor de ovos do país, seguido pelo estado do
Espírito Santo com 10,9%.
Na atual situação da coturnicultura nacional existem três espécies disponíveis
para exploração comercial, são elas: a codorna japonesa (Coturnix coturnix japonica)
destinada à produção de ovos, a codorna americana (“Bobwhite quail” - Colinus
virginianus) e a européia (Coturnix coturnix coturnix) ambas voltadas para produção
de carne (GOMES, 2008).
Apesar do crescimento acelerado da coturnicultura nos últimos anos, a
produtividade desse importante ramo da avicultura enfrenta o problema de
desenvolvimento de linhagens mais produtivas. Ao contrário do que ocorre em
galinhas e frangos de corte, onde empresas são detentoras das linhagens e marcas,
na coturnicultura, o melhoramento genético em algumas regiões do Brasil é feito de
Ϯ
maneira pouco criteriosa, onde o próprio criador produz suas matrizes e cria a
progênie (GOMES, 2008).
Outros problemas que os criadores de codornas enfrentam se refere ao
manejo, sanidade e nutrição, o que torna baixos os índices de produtividade do
plantel. Um ponto adverso na coturnicultura está relacionado à falta de padronização
das práticas de incubação fundamentada por trabalhos científicos. Parâmetros
importantes como temperatura, umidade relativa e frequência de viragem ainda
carecem de informações, para a obtenção de maior eficiência produtiva nos
incubatórios comerciais.
O principal objetivo do incubatório é obter alta eclodibilidade, enquanto que
produtores necessitam de aves de boa qualidade, portanto, a melhor eclodibilidade
não é sempre sinônimo da mais alta qualidade da ave de um dia (DECUYPERE &
MICHELS, 1992). As condições de incubação e o material biológico influenciam a
eclodibilidade e a qualidade da ave pós-eclosão, consequentemente, é necessário
adaptar as condições de incubação às variações do material biológico, com o
propósito de se obter boa eclodibilidade e boa qualidade da ave.
A temperatura é um dos principais fatores que interferem na eclodibilidade.
Muitos pesquisadores concluíram que a temperatura ótima para o desenvolvimento
embrionário das aves está entre 37,5 e 38,0 °C, onde se obtém a melhor eclosão,
bem como a mais alta qualidade da ave de um dia de idade. Já, a umidade relativa
na incubadora influencia diretamente a perda de água do ovo (BARBOSA et al.,
2008; ROMÃO et al., 2009), sendo que há uma relação direta entre esta perda sobre
a eclodibilidade (SWANN & BRAKE, 1990) e a duração da incubação (REINHART &
HURNIK, 1984; PEDROSO et al., 2006). Segundo DECUYPERE & BRUGGEMAN
(2007), devido as grandes variações na condutância da casca nos ovos incubáveis,
a faixa ótima de umidade relativa na incubadora está situada entre 40 e 60%.
Além dos fatores temperatura e umidade relativa, os ovos durante a
incubação necessitam ser virados, periodicamente, com o propósito de evitar o
posicionamento errado do embrião e sua aderência à casca (ROBERTSON, 1961b)
A idade da matriz exerce grande influência sobre os constituintes e qualidade
dos ovos incubáveis. Matrizes jovens produzem ovos menores, com menor
porosidade na casca, maior densidade de albúmen e maior espessura de casca,
ϯ
características que juntas resultam em menor eclodibilidade e menor taxa de
sobrevivência dos neonatos (MAIORKA et al., 2003).
Na literatura, existem poucos trabalhos relacionados às condições físicas de
incubação, bem como são escassos os estudos sobre avaliação da qualidade do
ovo incubável da codorna. Muitas das práticas de incubação de ovos de codornas
realizadas atualmente são quase totalmente baseadas na incubação de ovos de
matrizes de frangos que se sabe, produzem ovos de tamanho e estrutura muito
diferente quando comparados aos ovos de codornas. Em vista disso, objetivou-se
estudar o efeito da idade da matriz na qualidade dos ovos incubáveis e determinar a
temperatura, a umidade, a frequência de viragem e a idade da matriz que resultem
em melhores índices de incubação, ao longo do ciclo produtivo de codornas
japonesas.
2. Fatores físicos da incubação sobre as necessidades fisiológicas do embrião
Relações entre os fatores temperatura e umidade já foram amplamente
estudadas e padronizadas na incubação de ovos de matrizes de frangos, galinhas e
de perus (APPLEGATE et al., 1999; VAN BRECHT et al., 2003), porém, estudos
destes fatores em incubação de ovos de codornas são escassos na literatura.
Segundo BOLELI (2003), a temperatura e a umidade são os principais fatores
envolvidos na viabilidade embrionária durante a incubação. As condições
normalmente usadas para incubação de ovos de galinhas são: temperatura entre
37,2ºC a 38,2ºC durante os primeiros 18 dias, 37ºC a 37,5ºC durante os três últimos
dias e umidade relativa entre 55 e 60% (MAULDIN, 2001).
2.1. Temperatura
No processo de incubação de ovos, há uma temperatura limiar chamada de
“ponto zero fisiológico” ou “zero biológico”, acima da qual ocorre desenvolvimento
embrionário, e abaixo dessa não há desenvolvimento do embrião (BARBOSA, 2011).
Para ovos de galinhas, essa temperatura varia entre 21 e 23ºC (ROMIJIN &
LOKHORST, 1955), já para codornas, o zero biológico foi determinado por MILLER
& WILSON (1975) que, ao testarem diferentes temperaturas de incubação (24,4;
ϰ
25,6; 26,7; 27,8 e 28,9ºC), observaram que o desenvolvimento embrionário tem
inicio entre 24,4 e 25,6ºC.
A temperatura ótima de incubação é definida como aquela requerida para se
atingir a máxima eclodibilidade (FRENCH, 1997). Segundo WILSON (1991), os ovos
de muitas espécies de aves necessitam de temperatura ótima de incubação entre 37
a 38°C. Desvio de 0,2ºC na temperatura ótima já é o suficiente para causar grande
impacto sobre o processo de incubação, diminuindo a duração de incubação e
alterando a viabilidade do embrião (CHRISTENSEN et al., 2001).
KING’ORI (2011), afirmou que a temperatura ótima de incubação para ovos
de galinha deve ser mantida entre 37,2ºC e 37,7ºC, com faixa de tolerância entre
36,0 a 38,9ºC. Durante a incubação, a mortalidade embrionária pode ocorrer quando
a temperatura cai abaixo de 35,6ºC e sobe acima de 39,4ºC por algumas horas e, se
essas temperaturas permanecerem por dias, os ovos não eclodem.
Quando a temperatura de incubação se desvia do ótimo, há decréscimo na
incubabilidade e aumento na incidência de aves com má formação. A temperatura
de incubação afeta o período de desenvolvimento embrionário, ou seja, quando se
aumenta a temperatura acima do ponto ótimo, o tempo de incubação é menor, e
com redução da temperatura, a incubação se prolonga. Temperaturas muito altas na
incubadora resultam em aumento expressivo na mortalidade embrionária tardia,
contudo, temperaturas muito baixas retardam o desenvolvimento do embrião,
atrasam o nascimento e aumentam o número de ovos não eclodidos e bicados
(MAULDIN, 2001).
A temperatura dentro da máquina de incubação não é a mesma para todos os
ovos. A temperatura de incubação está na dependência de determinados fatores tais
como: tamanho do ovo, qualidade de casca, genética, tempo de armazenamento e
umidade relativa do ar durante a incubação (NORTH & BELL, 1990).
MURAKAMI & ARIKI (1998) relataram que, a duração de incubação do ovo de
codorna é de 16,5 dias em temperatura de 37,5°C, com redução na temperatura
para 37,2°C nos dois dias antes da eclosão. No entanto, BARRAL (2002) observou
que a temperatura de incubação do ovo de codorna é de 37,5 a 38,0°C para todo o
período de desenvolvimento embrionário.
ϱ
PEDROSO et al. (2006), ao testarem temperaturas de incubação de 36,5ºC e
37,5ºC para ovos de codornas, notaram que o aumento deste fator antecipou a
eclosão dos ovos, com aumento da relação peso da codorna/peso do ovo (em
porcentagem) porém, não influenciaram a mortalidade embrionária e sua faixa de
ocorrência.
ROMÃO et al. (2009) testaram temperaturas de incubação crescentes (34, 35,
36, 37, 38, 39, 40 e 41ºC) para ovos de codornas japonesas, sendo que a maior
eclodibilidade foi observada nas temperaturas de 37 e 38ºC e, ovos incubados a
34ºC não eclodiram. Houve redução gradativa e significativa no tempo de incubação
dos ovos quando se aumentou a temperatura de 34 até 39°C. Entretanto, as
temperaturas de 39, 40 e 41°C não diferiram entre si. As codornas nascidas de ovos
incubados em temperatura de 35ºC apresentaram a menor relação peso da
codorna/peso do ovo, enquanto que a maior relação foi obtida em temperaturas de
incubação de 38ºC.
SARCINELLI (2012) observou maior eclodibilidade em ovos de codornas
incubados em temperatura de 38,5ºC, quando comparado com ovos incubados à
temperatura de 36,5ºC e 37,5ºC. Em relação ao parâmetro qualidade dos neonatos
foi pior quando os ovos foram incubados em temperatura de 36,5ºC, em comparação
com as demais temperaturas de incubação.
2.2. Umidade Relativa
A medição da umidade relativa da incubadora é feita através da diferença
psicrométrica entre as temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido. Para tal
mensuração é necessário o uso de dois termômetros idênticos, onde um exercerá o
papel do bulbo seco e registrará a temperatura da incubadora, e o outro será o bulbo
úmido. Este último nada mais é do que um termômetro comum, que tem seu bulbo
coberto por um pavio umedecido, portanto, este faz a medição da temperatura do ar
saturado (100% de umidade relativa). Quando uma corrente de ar passa por este
bulbo, ocorre uma redução na sua temperatura causada pela evaporação da água
contida no pavio (MAULDIN, 2001).
A pressão de vapor de água no interior do ovo é maior do que a encontrada
na atmosfera que o envolve, sendo assim, os poros possibilitam que as moléculas
ϲ
de água do interior do ovo atravessem a casca pelo processo passivo de difusão,
resultando em um fluxo de água para fora do ovo (LA SCALA, 2003). Por esse
motivo a umidade em volta dos ovos férteis deve ser controlada para se assegurar
um ótimo desenvolvimento dos embriões (TULLETT, 1990; DEEMING, 1995;
DECUYPERE et al., 2001), tendo em vista a desidratação do embrião.
A umidade relativa na incubadora é um fator determinante na perda de peso
dos ovos, sendo esta associada à passagem de moléculas de água pelos poros da
casca. Este parâmetro está relacionado aos resultados da incubação e é utilizado
como ferramenta eficaz para avaliar o rendimento do processo (TULLET &
BURTON, 1982; DEEMING, 2000). Portanto, quando a perda de umidade dos ovos
é muito acentuada, há diminuição na porcentagem de eclosão e os embriões tendem
a ser menores do que o normal, com desempenho pós-eclosão prejudicado
(MAULDIN, 2001). Por outro lado, uma alta umidade relativa na incubadora faz com
que a água metabólica produzida pelo embrião não seja eliminada na mesma
proporção que é produzida (NORTH & BELL, 1990). Isso leva a redução na perda de
umidade do ovo e, por consequência, resulta em aves de pior qualidade, com
aspecto pegajoso e molhado, edema, além de eclosão precoce, com a possibilidade
de má formação devido ao fato de não terem atingido o desenvolvimento total
(DEEMING, 2000; PIAIA, 2005). Quando ovos de matrizes de frangos são incubados
em umidade relativa de 50 a 60%, perdem aproximadamente 12% de seu peso
inicial em 19 dias de incubação, representando 0,632% por dia (COLLINS, 2000).
Partindo-se do princípio que o oxigênio entra no ovo pelos poros da casca em
uma taxa proporcional à eliminação de água, quando ocorre uma menor taxa de
eliminação de água, a entrada de oxigênio também é menor, causando um déficit de
oxigênio no embrião. Portanto, com muita água e pouco oxigênio, aumenta a
porcentagem de morte embrionária, ou as aves demoram a eclodir. Quando a
umidade relativa da incubadora é muito baixa, a água metabólica é perdida de forma
mais acelerada, acarretando em morte do embrião por desidratação.
Os estudos têm evidenciado uma faixa ampla na umidade relativa ideal na
incubação de matrizes pesadas. LUNDY (1969) relatou que a umidade relativa ótima
para incubação deve estar entre 40 a 70% e, segundo ROBERTSON (1961a), a
umidade ideal estaria em torno de 50%. Entretanto, de acordo com MAULDIN
ϳ
(2001), a maioria dos fabricantes de incubadoras recomendam umidade relativa
variando entre 55 a 60%.
BUHR (1995), ao testar umidades relativas de 40, 55 e 70% na incubação de
ovos de matrizes de galinhas com 34 e 49 semanas de idade, observou que a perda
de peso dos ovos foi maior quanto menor a umidade na incubadora. Os melhores
resultados de eclodibilidade ocorreram em ovos de matrizes com 34 semanas e
incubados com 55% de umidade relativa. Entretanto, não foi observado efeito
significativo da umidade na eclodibilidade em ovos de galinhas com 49 semanas de
idade.
Ao avaliar os efeitos do uso de diferentes umidades relativas (43, 53, 63%) na
incubação de ovos de matrizes pesadas, BRUZUAL et al. (2000) observaram que o
peso dos pintos ao nascer foi, significativamente, maior com o aumento da umidade
na incubadora. Também foi verificado que as umidades relativas de 53 e 63%
aumentaram a ocorrência de mortalidade tardia.
ROSA et al. (2002), ao trabalharem com diferentes umidades relativas (51, 56
e 61%), idades da matriz (34, 39, 53 e 63 semanas) e categorias de peso dos ovos
(60,0; 65,1; 66,6; 69,0 e 73,2g) na incubação de ovos de matrizes pesadas,
observaram que o uso de umidade relativa de 51% resultou em melhor
eclodibilidade, menor mortalidade embrionária e pintinhos mais pesados, quando
comparados com as demais umidades.
BARBOSA et al. (2008), ao incubarem ovos de matrizes leves com umidades
relativas de 48%, 56% e 64%, observaram maior taxa de eclosão para 56% de
umidade e perda de peso do ovo intermediária aos demais tratamentos.
A maioria dos trabalhos que tem como foco o estudo da umidade relativa
estão voltados para a incubação de ovos de galinha. Observa-se que na literatura
faltam trabalhos direcionados ao estudo desse assunto em ovos de codorna, o que
torna difícil determinar a umidade relativa ideal a ser utilizada no processo de
incubação.
ROMÃO et al. (2009), ao testaram três umidades relativas na incubação de
ovos de codornas japonesas (36,05%; 52,25% e 76,50%) observaram que com o
aumento da mesma houve redução significativa na perda de peso e aumento na
porcentagem de codorna (peso da codorna ao nascer/peso do ovo * 100). Os
ϴ
autores também observaram maior eclodibilidade de ovos férteis quando incubados
na umidade de 36,05%, quando comparados aos incubados na umidade de 76,50%.
PEDROSO et al. (2006), testando umidades relativas de 55% e 65% na incubação
de ovos de codornas japonesas, observaram maior tempo para eclosão e perda de
peso no tratamento com menor umidade, porém, não houve influência da umidade
na eclodibilidade. MURAKAMI & ARIKI (1998) indicaram que a umidade relativa
ótima para a incubação de ovos de codornas japonesas é de 60% e, nos últimos
dois dias, após transferência para o nascedouro, deve-se aumentar para 70%.
BARRAL (2002) observou que, a umidade ótima para todo o período de incubação é
de 55 a 58%.
2.3 Viragem do ovo
A viragem do ovo durante a incubação artificial tem como objetivo reduzir a
ocorrência de mau-posicionamento dos embriões, prevenir a aderência anormal do
embrião ou membranas embrionárias à membrana da casca e favorecer o completo
e oportuno fechamento do córion-alantóide, na ponta fina do ovo (DEEMING, 2002;
TONA et al., 2005). Falhas na viragem podem resultar em redução da utilização do
albúmen pelo embrião, retardo e redução da quantidade de fluido sub-embrionário,
redução da troca de oxigênio no córion-alantóide, retardo na angiogênese e redução
da taxa de retenção protéica no fluido aminiótico (WILSON, 1991; DEEMING, 1989a,
b; ROBERTSON, 1961b; TONA et al., 2005).
Segundo WILSON (1991), a viragem envolve muitos parâmetros como:
frequência de viragem, posição do eixo de viragem, ângulo do eixo, plano de rotação
e necessidade de viragem de acordo com o estágio de incubação. LANDEUER
(1967) observou que na incubação natural, a galinha move os ovos muitas vezes,
mais de 96 vezes em 24 horas, sendo que em condições experimentais foi
demonstrado que a viragem diária de 96 vezes produziu melhores resultados
(ELIBOL & BRAKE, 2003). Diversos autores (KUIPER & UBBELS, 1951; KALTOFEN
& UBBELS, 1954) observaram que a eclodibilidade foi prejudicada quando os ovos
foram virados menos do que 24 vezes por dia. Porém, segundo ROBERTSON
(1961c), viragens excessivas (480 vezes por dia) também causam diminuição na
eclodibilidade. Portanto, de modo geral, para ovos de galinhas, a viragem diária de
ϵ
24 vezes é mais aceita em condições comerciais, pois o uso de maior frequência de
viragem não é vantajosa devido ao seu baixo benefício sobre a eclodibilidade.
Normalmente, na incubação de ovos de matrizes de frangos realiza-se a
viragem desde o primeiro até o 18° dia, porém, trabalhos na literatura que
investigam este período de viragem são conflitantes. Segundo alguns autores
(PROUDFOOT et al., 1981; WILSON & WILMERING, 1988; WILSON, 1991;
DEEMING, 2002) a viragem após o 13° dia de incubação tem pouco efeito benéfico.
LOURENS & DEEMING (1999) descreveram que a realização de viragem após o
15° dia de incubação não acarreta em efeitos adversos sobre a eclodibilidade dos
ovos e, segundo DEEMING (2002) não há evidência científica sugerindo que a
realização de viragem após o 15° dia tenha algum papel crítico no desenvolvimento
do embrião ou na eclodibilidade. Contrastando com estes resultados, TONA et al.
(2001) obtiveram piores resultados de eclodibilidade em ovos virados até o 15°, 16°
ou 17° dia de incubação, quando comparados com aqueles virados até 18 dias.
TONA et al. (2005), incubando ovos de matrizes de frangos de corte,
observaram que a ausência de viragem, ou a sua realização até o 9° dia, resultou
em ovos com uma grande quantidade de albúmen remanescente, assim como baixo
peso dos embriões, quando comparados com ovos virados até o 12°, 15° e 18° dia
de incubação.
3. Idade da matriz
A qualidade do ovo, assim como a taxa de eclosão, variam em função da
idade da reprodutora (NOWACZEWSKI et al., 2010, TANURE, 2008). De fato,
THORSTEINSON et al. (1997) concluíram que a qualidade do ovo fértil é
influenciada pela idade da ave, pelo tempo de armazenamento dos ovos e por
alguns fatores de manejo das reprodutoras como: nutrição, programa de luz e idade
do macho. ULMER-FRANCO et al. (2010) demonstraram que, o peso do ovo e da
gema aumenta e há diminuição da porcentagem do albúmen com o envelhecimento
da ave. Resultados semelhantes foram encontrados por FERREIRA et al. (2005)
que, ao trabalharem com matrizes de galinhas com 28 e 57 semanas de idade,
observaram que matrizes jovens produziram ovos com menor peso e porcentagem
de gema, assim como, maior porcentagem de casca e albúmen. Em ovos de
galinhas, esse aumento na porcentagem de gema se deve ao fato de que com o
ϭϬ
envelhecimento da matriz há um aumento no intervalo entre as ovulações (redução
da taxa de postura), consequentemente, uma mesma quantidade de gema
proveniente da síntese hepática é depositada em uma menor quantidade de folículos
(ZAKARIA et al., 1983; MAIORKA et al., 2003).
O aumento na porcentagem de gema com o passar da idade da matriz está
associado também ao aumento na concentração de proteínas e fosfolipídios no ovo
(CARDOSO et al., 2002). Tais substâncias são importantes no terço final da
incubação, que se caracteriza pela transferência de nutrientes do saco vitelínico
para o embrião, determinando assim um melhor desenvolvimento embrionário das
aves (APPLEGATE & LILBURN, 1996).
MAIORKA et al. (2003) observaram que matrizes velhas de 60 semanas de
idade geraram pintinhos com maior porcentagem de saco vitelínico, em comparação
com matrizes jovens de 30 semanas.
A característica mais evidente de ovos produzidos por matrizes jovens é seu
baixo peso, portanto, como o peso do pintainho é proporcional ao peso do ovo, é de
se esperar pintainhos pequenos (BRUZUAL et al., 2000). Aves pequenas no
nascimento originam aves em idade de abate com peso menor em comparação com
as nascidas mais pesadas (MAIORKA et al., 2003).
BRUZUAL et al. (2000) incubaram ovos de matrizes pesadas com 26, 28 e 30
semanas de idade e observaram que o peso ao nascer e o peso das aves na
retirada do nascedouro aumentou significativamente com o aumento da idade da
matriz. A eclodibilidade de ovos férteis foi menor para as aves de 26 semanas, em
comparação com as demais idades. ROSA et al. (2002) ao incubarem ovos de
matrizes pesadas de 34, 39, 53 e 63 semanas de idade notaram que, com o
envelhecimento do lote, houve aumento significativo no peso do ovo, no peso do
pintainho e na mortalidade embrionária. Foi observada, também, redução na
porcentagem da perda de peso dos ovos aos 18 dias de incubação e diminuição na
eclodibilidade total dos ovos.
ELIBOL & BRAKE (2003) investigaram o efeito da idade do lote (37, 41, 59 e
63 semanas) e notaram maior eclodibilidade dos ovos férteis nos lotes com 37 e 41
semanas, quando comparados com os de 59 e 63. Os autores relataram que esta
ϭϭ
diferença deve ter sido devida à maior ocorrência de mortalidade embrionária no
início e no final do processo de incubação.
Como dito anteriormente, com o avanço da idade da matriz o tamanho e o
peso do ovo aumentam, entretanto, o peso da casca não aumenta na mesma
proporção. Em consequência, ocorre redução na espessura e na porcentagem da
casca em relação ao peso do ovo (MAIORKA et al., 2003). Segundo BRAKE (1996),
essa redução se deve à maior extensão da superfície desses ovos, juntamente com
menor deposição de cálcio por unidade de área.
Em galinhas, a maior taxa de eclosão ocorre por volta da metade da vida
produtiva da ave, quando a espessura da casca é menor e a porosidade é maior
(PEEBLES & BRAKE, 1987). Segundo BRAKE et al. (1997), a baixa eclosão de ovos
produzidos por matrizes em início de produção se explica pela maior espessura da
casca e maior densidade de albúmen, reduzindo à perda de umidade e prejudicando
as trocas gasosas. De acordo com VIEIRA (2001), isto pode ser atribuído à menor
capacidade das aves muito jovens de mobilizar gordura para a formação da gema,
comprometendo a viabilidade embrionária e, consequentemente, reduzindo a
eclosão.
A quantidade e qualidade do albúmen variam conforme a idade da ave
(FARIA, et al., 1999; ULMER-FRANCO et al., 2010), sendo que ovos provenientes
de lotes jovens apresentam altos valores de unidade Haugh, o que indica uma alta
qualidade de albúmen (FARIA et al., 1999). Segundo AMBROSEN & ROTENBERG
(1981), em ovos de matrizes mais velhas ocorre aumento no conteúdo de proteínas
da gema, mas a proteína do albúmen é reduzida. Alterações na quantidade do
albúmen causam grandes efeitos sobre o desenvolvimento do embrião. A retirada de
20% do albúmen dos ovos férteis antes da incubação acarreta em redução no peso
do corpo do embrião e de seu saco vitelínico, pois se sabe que este supre uma
grande quantidade de água e proteínas ao embrião. A retirada da gema parece não
interferir sobre o peso corporal, mas a diminuição do peso do saco vitelínico pode
comprometer o desenvolvimento do pintainho após a eclosão (MAIORKA et al.,
2003).
A idade do lote tem o maior impacto sobre a qualidade interna e externa do
ovo. De fato, de acordo com BAINS (1994), matrizes pesadas iniciam a postura de
ϭϮ
ovos de melhor qualidade na 35ª semanas de idade, porém, a partir da 50ª semana
a qualidade dos ovos piora progressivamente com o decorrer da idade.
A diminuição da espessura da casca do ovo, com o envelhecer da galinha, faz
com que haja um aumento da capacidade da casca em permitir as trocas de gases e
vapor de água entre o embrião e o meio ambiente, pois essa troca é influenciada
diretamente pela espessura da casca e a dimensão e número de poros (LA SCALA.,
2003)
ABANIKANDA & LEIGH (2007) realizaram um experimento onde galinhas
foram separadas em cinco grupos distintos de idade (A - 22 até 32 semanas; B - 33
até 43 semanas; C - 44 até 54 semanas; D - 55 até 65 semanas; E - 66 até 76
semanas), e observaram aumento do peso dos ovos com o passar da idade até um
valor máximo obtido no grupo D (55 até 65 semanas), sendo que este parâmetro
estava altamente e positivamente correlacionado com o comprimento e largura do
ovo, peso do albúmen e da casca. Com relação ao peso do albúmen foi observado
um leve, mas progressivo aumento com o decorrer da idade, além de uma alta
correlação (0,82) entre este parâmetro e o peso do ovo, sugerindo que a variação no
peso do albúmen estaria mais em função do peso do ovo do que da idade da ave.
Houve aumento do peso da gema até o grupo D, e leve declínio após essa idade.
Segundo os autores, a idade da ave, juntamente com fatores genéticos, teve maior
influência sobre o peso da gema do que o peso do ovo, o que explica as grandes
diferenças no peso da gema com o passar da idade da ave. Os mesmos autores
concluíram que, há uma alta relação alométrica (P<0,01) entre o peso do ovo e de
seus componentes (albúmen, gema e casca), sendo que o peso do albúmen
apresenta uma alometria positiva, enquanto que os pesos da gema e da casca, uma
alometria negativa.
ABANIKANDA et al. (2007), investigando as relações entre o peso e as
dimensões de ovos de galinhas em diferentes idades, observaram que com o
avançar da idade da ave o peso, o comprimento e a largura dos ovos aumentavam,
enquanto que o índice de forma do ovo diminuía (“Shape Index” = largura do ovo /
comprimento do ovo x 100). Os autores observaram que os parâmetros comprimento
e a largura do ovo apresentaram correlação positiva e alta com o peso do ovo. A
ϭϯ
idade, o comprimento e largura do ovo e a interação comprimento x largura
influenciaram significativamente (P<0,001) o peso dos ovos.
4. Qualidade dos ovos férteis
Tanto a qualidade interna quanto a externa do ovo têm efeito sobre o
processo de incubação dos ovos férteis e no desenvolvimento do neonato
(NARAHARI et al., 1988; PEEBLES & MARKS, 1991). Esta qualidade é quantificada
pelas proporções entre os componentes do ovo e, principalmente, pelas
características do albúmen (AHN et al., 1997; SILVERSIDES & SCOTT, 2001)
Dentre as características externas (forma e qualidade de casca) e internas
(albúmen e gema) que determinam a qualidade do ovo, pode-se citar:
Forma: Ovos grandes, mais compridos e largos do que a média, geram
embriões maiores que produzem mais calor ao final de incubação (DEEMING, 1996)
e restringem o espaço por onde o ar pode circular (DEEMING, 1998). Esses
embriões oriundos de ovos grandes apresentam maior dificuldade de perda de calor
metabólico (HAMIDU et al., 2011).
Qualidade de casca: A espessura da casca e a sua porosidade são
importantes para a troca gasosa e a perda de umidade (LA SCALA, 2003). Portanto,
a qualidade da casca está relacionada com a eclodibilidade, em que ovos com casca
menos espessa apresentam maiores taxas de eclosão do que aqueles com casca
grossa (PEDROSO et al., 2006). Essa eclodibilidade maior pode estar relacionada à
maior perda de água desses ovos. Pelo fato de a casca ser porosa, todos os ovos
perde água desde o momento que é posto pela ave, portanto, a única maneira de
evitar a perda de peso do ovo é mantê-lo em um ambiente saturado com umidade
relativa elevada.
Albúmen: O albúmen exerce a função de proteção e fornecer nutrientes ao
embrião (BOLELI, 2003). A qualidade interna do ovo depende, em parte, da
presença e da estabilidade da camada densa do albúmen (ovomucina), podendo ser
influenciada pelas condições de armazenamento dos ovos e, pelo tempo de
armazenamento (STEVENS, 1996).
No momento da postura a função do albúmen é antimicrobiana, e sua
viscosidade juntamente com a chalaza posiciona a gema no centro do ovo,
ϭϰ
impedindo o contato com a casca e diminui os riscos de contaminação (BOARD &
FULLER, 1974). A viscosidade do albúmen é máxima no momento da postura,
entretanto, quanto mais viscoso o albúmen, maior será a barreira que dificulta a
difusão dos gases para o embrião (SCHIMIDT et al., 2002). Na oviposição o
albúmen possui pH em torno de 7,6. Entretanto, em alguns dias de estocagem a
viscosidade diminui, devido à perda de gás carbônico, levando o albúmen à
alcalinidade, consequentemente, afetando o início do desenvolvimento embrionário.
Essa liquefação do albúmen é importante, pois a ativação do desenvolvimento
precoce do embrião é controlada por enzimas pH dependentes (SCHIMIDT et al.,
2002).
Gema: Em galinhas a gema do ovo é formada aproximadamente por 47,5%
de água, 33% de lipídios, 17,4% de proteínas, 0,2% de carboidratos, 1,1% de íons
inorgânicos e 0,8% são outros elementos (NASCIMENTO & SALLE, 2003). Durante
a incubação, os lipídios são a principal fonte de energia para o embrião, sendo
aproximadamente 80% deste mobilizado e absorvido durante os sete últimos dias de
incubação, portanto, especula-se que este seja o motivo do melhor desempenho de
pintos originados de ovos grandes (MAIORKA et al., 2003).
Mais de 90% da energia utilizada pelos embriões em desenvolvimento
durante a incubação provém da oxidação dos ácidos graxos da gema. As matrizes
jovens caracterizam-se por baixa capacidade de transferência de lipídios para as
gemas, e matrizes mais velhas produzem gemas com maior concentração de ácido
palmítico e ácido esteárico. Embriões oriundos de ovos de matrizes mais jovens
apresentam menor absorção de lipídios da gema, portanto, esta absorção reduzida
pode influenciar a quantidade e o tipo de substrato disponível para o embrião
(ROQUE & SOARES, 1994; LATOUR et al., 1998; PEEBLES et al., 2000).
5. Condutância
O desenvolvimento adequado do embrião durante a incubação é dependente
do fornecimento de oxigênio em quantidade suficiente para suportar o crescimento
do embrião. Pelo processo de difusão, os ovos trocam gases com o meio ambiente,
devido à diferença de concentração das moléculas através dos poros, presentes em
toda a superfície da casca, onde há a captura de O2 e a liberação de CO2. Esse
ϭϱ
processo é influenciado pelo comprimento, área e número dos poros (LA SCALA,
2003). Portanto, essa capacidade da casca em realizar trocas de gases (vapor de
água, oxigênio e gás carbônico), com o ambiente é chamada de condutância da
casca.
Segundo LA SCALA (2003), como os embriões não podem controlar
voluntariamente as trocas gasosas que ocorrem por difusão na casca do ovo, a
condutância da casca e das membranas necessitam estar perfeitamente ajustadas à
demanda metabólica da ave em desenvolvimento. Quando a área de poros for muito
grande a condutância será alta, e o suprimento de oxigênio para o embrião será
adequado, porém, ocorrerá desidratação do ovo pelo excesso de perda de água.
Mas se a casca for espessa, a condutância será baixa e o embrião poderá morrer
devido à falta de oxigênio, ou pela sufocação pelo excesso de CO2.
A taxa de perda de água é controlada da seguinte maneira (RAHN et al.
1979):
Perda de água = condutância da casca x (pressão de vapor de água dentro
do ovo – pressão de vapor de água fora do ovo)
A condutância da casca é calculada usando-se a equação descrita pelo suíço
Adolph Fick, que explica o transporte de gases através de uma membrana
semipermeável (RAHN et al. 1979). O conceito de condutância da casca tem sido
muito estudado para descrever como as medidas físicas do período de incubação ou
peso do ovo, podem se relacionar com a qualidade funcional da casca e com o
desenvolvimento embrionário (RAHN & PAGANELLI, 1991). A relação entre estes
fatores tem sido utilizada para definir uma constante de condutância, que é expressa
pela equação:
GH2O = k*W / I, onde GH2O é a condutância da casca em mg de H2O/dia/torr; I
é o período de incubação em dias; W é o peso do ovo em g e k = 5,13 ± 0,86.
Quando as constantes de condutância são avaliadas entre espécies observase que, quando W aumenta, tanto a GH2O como I aumentam para manter k
constante. Para comparar as constantes entre espécies devem-se examinar todas
as possibilidades que podem ocorrer com cada alteração das variáveis em relação
às outras.
ϭϲ
O estudo realizado por AR et al. (1974) foi pioneiro ao determinar a
condutância de diversas espécies. Os autores observaram que a condutância média
para ovos de codornas é de 3,09 mg*dia-1*torr-1, para galinhas 14,36 mg*dia-1*torr-1 e
para perus 14,49 mg*dia-1*torr-1.
O’DEA et al. (2004), ao mensurarem a condutância da casca de ovos
originados de matrizes pesadas, com diferentes idades (37, 45 e 53 semanas),
observaram redução significativa neste parâmetro quando a idade aumentou de 37
para 45 semanas, porém, não houve diferença entre a 45ª e a 53ª semana.
Entretanto, HAMIDU et al. (2007) não observaram efeito da idade do lote na
condutância da casca de ovos de galinhas (29, 34 ou 36, 40, 45, 55, 59 semanas de
idade).
6. Objetivos
6.1. Objetivo geral
Determinar a temperatura, a umidade relativa, a frequência de viragem e a
idade da matriz que resulte em melhores índices na incubação de ovos de codornas
japonesas (Coturnix Coturnix japonica).
6.2. Objetivos específicos
Avaliar o efeito de diferentes idades da matriz de codornas japonesas
(Coturnix Coturnix japonica), na qualidade de ovos e na condutância da casca.
Determinar a temperatura e a idade da matriz que resulte em melhores
índices no processo de incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix
Coturnix japonica).
Definir a umidade relativa e a idade que resulte em melhores índices no
processo de incubação, de ovos de codornas japonesas (Coturnix Coturnix
japonica).
Determinar a frequência de viragem e a idade que resulte em melhores
índices na incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix Coturnix japonica).
ϭϳ
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Ϯϲ
CAPÍTULO 2 – INFLUÊNCIA DA IDADE DA MATRIZ DE CODORNAS
JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) SOBRE A QUALIDADE DOS OVOS E
CONDUTÂNCIA DA CASCA
RESUMO – A qualidade do ovo em galinhas varia com a idade da reprodutora.
Matrizes velhas produzem ovos mais pesados, com menor espessura e
porcentagem de casca e maior condutância. Porém, estudos semelhantes para
codornas são escassos. O objetivo foi estudar o efeito da idade da matriz sobre a
qualidade dos ovos férteis e na condutância da casca. Foram utilizados 320 ovos,
férteis distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, 50 repetições para
análise de qualidade de casca e 30 ovos para condutância da casca, com quatro
idades de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas). Matrizes de 8 semanas produziram ovos
mais leves em comparação com matrizes de 14 e 21 semanas. Matrizes com 8 e 14
semanas produziram ovos com menor comprimento quando comparados com ovos
de aves com 21 semanas. Menor unidade Haugh foi obtida em matrizes com 31
semanas. O peso específico aumentou entre a 8ª e 14ª semanas de idade, com
posterior decréscimo até a 31ª semana. A porcentagem de gema aumentou entre
14ª e 21ª semana, ocorrendo efeito semelhante para a relação gema/albúmen e
efeito inverso para a porcentagem de albúmen. Matrizes com 31 semanas
produziram ovos com menor porcentagem de casca em comparação com os
produzidos na 14ª e 21ª semana. A maior espessura de casca foi obtida em aves em
pico de produção, ocorrendo decréscimo com a idade. A condutância foi menor em
ovos de matrizes de oito semanas. O peso do albúmen teve correlação positiva e
maior com o peso do ovo, quando comparado com os demais componentes.
Conclui-se que, ovos produzidos por matrizes com 8 semanas de idade apresentam
melhor qualidade, ao passo que, ovos de pior qualidade são produzidos por matrizes
com 31 semanas.
Palavras-Chave: codornas, condutância da casca, idade da matriz, unidade Haugh
Ϯϳ
CHAPTER 2 - INFLUENCE OF BREEDER AGE OF JAPANESE QUAIL (Coturnix
coturnix japonica) ON THE EGGS QUALITY AND SHELL CONDUCTANCE
ABSTRACT - Hens' egg quality varies with the breeder age. Old breeders produce
heavier eggs, with less thickness and shell percentage and higher conductance.
However, similar studies are scarce for quail. The objective was to study the effect of
breeder age on quality of fertile eggs and on the shell conductance. It was used 320
fertile eggs distributed in a completely randomized design with 50 replicates for
analysis of shell quality, 30 eggs for shell conductance and four breeder ages (8, 14,
21 and 31 weeks). Eight (8) weeks old breeders produced lighter eggs in comparison
to those of 14 and 21 weeks of age. Breeders with 8 and 14 weeks produced eggs
with shorter length when compared to those at 21 weeks. Minor Haugh unit was
obtained to breeders at 31 weeks. The specific weight increased between the 8th
and 14th weeks of age, with subsequent decrease up to 31 weeks. The yolk
percentage increased between 14th and 21th weeks, occurring similar effect to the
relationship yolk / albumen and inverse effect for the percentage of albumen. The
eggs produced on the 31 weeks of breeder age had lower shell percentages
compared to those produced in the 14th and 21th weeks. The higher shell thickness
was obtained for birds on peak production, occurring decrease with aging. The
conductance was lower on eggs from breeders of eight weeks. The albumen weight
had a positive and higher correlation with the egg weight, as compared to the other
components. It is concluded that eggs produced by breeders with 8 weeks of age
have better quality; on the other hand, eggs of poorer quality are produced by
breeders with 31 weeks.
Key-words: breeder age, Haugh unit, quail, shell conductance,
Ϯϴ
1. Introdução
A exploração comercial de codornas, também chamado de coturnicultura,
tem-se inserido na avicultura industrial a passos largos, com o desenvolvimento de
novas tecnologias de produção. Essa atividade que até pouco tempo era
considerada como de subsistência, passou a ocupar um cenário de atividade
tecnificada e com retorno financeiro promissor aos seus investidores, o que
despertou grande interesse por parte de produtores, empresas e pesquisadores
(MURAKAMI & GARCIA, 2007).
Apesar do franco crescimento da coturnicultura observa-se que, na literatura
científica existem poucos trabalhos relacionados à incubação e qualidade dos ovos
férteis de codornas. Sabe-se que o processo de incubação de ovos é fortemente
influenciado por fatores físicos como a temperatura de incubação, a umidade
relativa, a frequência de viragem dos ovos, bem como, o manejo durante a
incubação. Além desses fatores, a qualidade dos ovos exerce um importante papel
na incubação, pois os ovos fornecem tanto proteção física, quanto nutrientes para o
embrião em crescimento (ULMER-FRANCO et al., 2010). O albúmen fornece a
proteína para o desenvolvimento embrionário, e durante a incubação se liquefaz
fornecendo água. A gema fornece a energia para o metabolismo de mantença, para
a produção dos tecidos e, quando os lipídios são oxidados, forma-se água (TAZAWA
& WHITTOW, 2000).
A qualidade da casca, mais especificamente a espessura da casca e o
número de poros, são determinantes na maneira como a casca permite a troca de
gases com o ambiente, além de influenciar a perda de peso dos ovos (BAINS, 1994;
LA SCALA, 2003). Ovos com casca de baixa qualidade estão associados à alta
perda de peso dos ovos durante a incubação, além de prejudicar a eclodibilidade
(PEEBLES et al. 2001; NARUSHIN & ROMANOV, 2002).
Com o envelhecer da galinha, o tamanho e o peso dos ovos aumentam
(FERREIRA et al., 2005; ULMER-FRANCO et al., 2010), porém, o peso da casca
não aumenta na mesma proporção, tendo como consequência, redução em sua
espessura e porcentagem em relação ao peso do ovo (MAIORKA et al., 2003).
Outros componentes do ovo, como a proporção de gema, aumenta com o passar da
idade da ave, assim como, há redução na porcentagem de albúmen (FERREIRA et
Ϯϵ
al.,
2005).
Como
90%
da
energia
utilizada
pelo
embrião
durante
seu
desenvolvimento provêm da gema, uma redução em sua proporção pode ser uma
desvantagem para os embriões que se desenvolvem em ovos com gema menor
(ULMER-FRANCO et al., 2010).
Como trabalhos que relacionem a qualidade dos ovos férteis com a idade da
matriz em codornas são escassos, e que essa qualidade afeta diretamente o
sucesso do processo de incubação, objetivou-se estudar o efeito da idade da matriz
de codorna japonesa na qualidade dos ovos incubáveis e na condutância da casca.
ϯϬ
2. Material e Métodos
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de
Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Jaboticabal, no
período constituído entre 13 de agosto de 2010 a 21 de janeiro de 2011.
2.1. Animais e delineamento experimental
Foi utilizado um total de 320 ovos férteis, obtidos do incubatório comercial
“VICAMI Codornas”, localizado em Assis-SP, sendo que, 200 ovos foram utilizados
para a análise de qualidade interna e externa e 120 ovos foram destinados à análise
de condutância da casca.
O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e foram realizadas
coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14
semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31
semanas).
Durante o período de postura, as matrizes foram alimentadas diariamente
com ração com 2744kcal/kg de energia metabolizável, 21,42% de proteína bruta,
3,56% de cálcio disponível e 0,679% de fósforo total.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 4
idades de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas), 50 repetições para a análise de
qualidade e 30 repetições para análise de condutância da casca, sendo considerado
cada ovo uma repetição. O esquema de análise de variância para qualidade e
condutância dos ovos estão apresentados nas Tabelas 1 e 2 respectivamente.
Tabela 1. Esquema da análise de variância para análise de qualidade dos ovos.
Fontes de variação
Graus de Liberdade
Idade
3
Resíduo
196
Total
199
ϯϭ
Tabela 2. Esquema da análise de variância para análise de condutância de casca.
Fontes de variação
Graus de Liberdade
Idade
3
Resíduo
116
Total
119
2.2. Qualidade dos Ovos
A qualidade interna e externa de 50 ovos foi avaliada, estes foram
identificados individualmente e analisou-se os seguintes parâmetros:
Peso dos ovos: Os ovos foram pesados individualmente em balança digital
com 0,01g de precisão.
Comprimento e largura dos ovos: Registrou-se o comprimento e a largura
dos ovos, com o auxílio de um paquímetro digital Digimess de 200 mm com precisão
de 0,01mm.
Unidade Haugh: Foi obtida pela relação entre o peso do ovo (g) e a altura do
albúmen (mm), utilizando-se a fórmula descrita por CARD & NESHEIM (1966): UH =
100*log (H + 7,57 – 1,7 W 0, 37), em que: H = altura do albúmen, em milímetros, obtida
com auxílio de um micrômetro de mesa da marca AMES – S6428, e W = peso do
ovo, em gramas.
Gravidade específica: Seguindo os procedimentos descritos por FREITAS et
al. (2004), todos os ovos foram imersos em soluções de NaCl cuja densidade variou
de 1,060 a 1,090 g/cm³ com gradientes de 0,005 g/cm³, sendo que o peso específico
foi determinado pelo valor da concentração salina onde cada ovo flutuou.
Porcentagem de casca, gema e albúmen: Após a quebra do ovo, a gema
foi separada e pesada, a casca foi lavada suavemente em água corrente e seca em
temperatura ambiente por 48 horas e, posteriormente, pesada. O peso do albúmen
foi calculado pela diferença entre o peso do ovo e o peso da gema mais o peso da
casca. A porcentagem dos componentes (casca, gema e albúmen) foi calculada em
relação ao peso do ovo.
Espessura da casca: Foi mensurada na região equatorial do ovo, com o
auxílio de um micrômetro digital da marca Mitutoyo, de 0,001 mm de precisão.
Foram feitas três medidas em cada casca de ovo, sendo a espessura expressa pela
média das leituras.
ϯϮ
Relação gema/albúmen: Obtida através da relação entre o peso da gema
pelo peso do albúmen.
2.3. Condutância da casca
Em cada coleta foi determinada a condutância da casca utilizando-se a
metodologia descrita por AR et al. (1974). Foram utilizados 30 ovos em cada coleta
de dados, os quais foram alojados em um dessecador por cinco dias em temperatura
constante de 25ºC e, diariamente, os ovos foram pesados em balança de precisão
para se obter a perda de massa dos ovos deste período. A condutância foi calculada
utilizando a seguinte fórmula descrita no trabalho de CHRISTENSEN & NESTOR
(1994):
C = PMD/PSV, onde C é a condutância, PMD é a perda de massa diária, e
PSV é a pressão de saturação de vapor igual a 23,86 mm/Hg a 25ºC.
2.4. Relações alométricas e correlação dos constituintes do ovo
Com os dados obtidos nas análises de qualidade do ovo foi realizado o
estudo da relação entre os seguintes parâmetros: peso da gema, peso do albúmen,
peso da casca, comprimento e largura do ovo. As análises foram realizadas através
do procedimento de correlação como descrito em ABANIKANNDA & LEIGH (2007) e
ABANIKANDA et al. (2007).
A alometria é o estudo do crescimento relativo de uma parte do organismo em
relação ao crescimento do todo. Portanto, o estudo alométrico dos constituintes do
ovo consistiu em estimar a regressão da variável dependente (peso da gema,
albúmen e casca) sobre a variável independente (peso do ovo), assim como descrito
em ABANIKANNDA & LEIGH (2007). Para se obter a equação alométrica, os dados
obtidos foram previamente transformados em escala logarítmica.
A forma geral da equação alométrica é descrita como:
Y = aXb
ϯϯ
Onde, “Y” representa o componente do ovo, “X” representa o tamanho do ovo,
“b” representa o expoente alométrico (“slope” da relação entre os componentes do
ovo e o tamanho do ovo) e “a” é uma constante (coeficiente alométrico).
2.5. Análise estatística
Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Nas
análises de qualidade dos ovos e condutância de casca, foi utilizado o procedimento
PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias foram comparadas pelo
teste de Tukey (P<0,05). Para as análises de correlação entre os componentes dos
ovos, utilizou-se o procedimento PROC CORR. Para a análise alométrica utilizou-se
o procedimento PROC NLIN.
ϯϰ
3. Resultados e Discussão
Os resultados sobre a qualidade dos ovos férteis obtidos durante a vida
produtiva da matriz de codornas estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. A idade da
matriz influenciou, significativamente, os parâmetros estudados (P<0,05), exceto a
largura do ovo (P=0,3985).
O peso do ovo aumentou, significativamente, da 8ª para a 14ª semana,
apresentando uma estabilização na 21ª e uma tendência de queda na 30ª semana
de idade. Esses achados diferem dos de THORSTEINSON et al. (1997), os quais
relataram um aumento crescente do peso dos ovos de galinhas em função da idade
da matriz. Assim, esses dados contrapõem o que ocorre com matrizes de frangos de
corte, tendo em vista que para essas o peso do ovo sempre aumenta com a idade
da matriz.
Tabela 3. Valores médios e erro padrão da média para peso de ovo (PO),
comprimento do ovo (CO) e largura do ovo (LO), unidade Haugh (UH) e peso
específico (PE) em diferentes idades da matriz de codornas (n=50).
Idade
8
14
21
31
P
CV
PO
(g)
10,77 ± 0,13 b
11,36 ± 0,13 a
11,31 ± 0,14 a
11,03 ± 0,13 ab
0,0060
8,39
Parâmetros Analisados
CO
LO
UH
(mm)
(mm)
31,61 ± 0,18b 25,25 ± 0,11 91,27 ± 0,41ab
31,89 ± 0,20b 25,25 ± 0,12 91,29 ± 0,56 ab
32,61 ± 0,16a 25,47 ± 0,11
91,99 ± 0,50a
32,17 ± 0,17ab 25,25 ± 0,10
89,48 ± 0,58b
0,0010
3,92
0,3985
3,04
0,0083
3,71
PE
(g/cm³)
1,070 ± 0,0006b
1,074 ± 0,0006 a
1,067 ± 0,0007 c
1,064 ± 0,0005d
<0,0001
0,40
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
Para o comprimento e largura dos ovos (CO e LO), nota-se que a idade da
matriz não teve influência significativa na largura do ovo, contrastando com o efeito
que ocorre com o comprimento. Houve aumento significativo no comprimento do ovo
entre a 14ª e 21ª semanas de idade. O comprimento dos ovos oriundos de matrizes
de 31 semanas não diferiram das demais idades.
ϯϱ
Os ovos de matrizes com 21 semanas de idade apresentaram índices médios
de unidade Haugh significativamente maiores, quando comparados com os da 31ª
semana, sendo que ambas as idades não diferiram das demais (8 e 14 semanas).
Esses resultados corroboram, parcialmente, os de NOWACZEWSKI et al. (2010)
que, ao estudarem o efeito da idades da matriz (9, 25 e 31 semanas) sobre a
unidade Haugh, em codornas japonesas, observaram que ovos produzidos por aves
com 9 semanas resultaram em maior índice, quando comparados com os de
codornas mais velhas, de 25 e 31 semanas, sendo que estes últimos não diferiram
entre si. As médias de unidade Haugh se situaram entre 82,36 e 86,15, cujos valores
estão abaixo dos encontrados no presente trabalho (89,48 a 91,99). TANURE
(2008), trabalhando com matrizes de poedeiras com 32 e 57 semanas, também
notaram redução na unidade Haugh com o envelhecimento da matriz.
OLSSON (1934) foi o primeiro autor a relatar que o peso específico, ou
também chamado de gravidade específica, constitui-se em um método indireto para
a determinação de qualidade da casca, havendo uma relação direta desse
parâmetro com a porcentagem de casca. MCDANIEL et al. (1979) concluíram que
ovos de matrizes pesadas com peso especifico baixo têm maior perda de peso,
mortalidade embrionária precoce e piora na eclodibilidade. Os autores também se
atentaram a uma piora na qualidade da casca com o avanço da idade da matriz,
prejudicando, consequentemente, o desempenho da incubação. De acordo com a
Tabela 3, pode-se observar que o maior peso específico dos ovos foi obtido quando
as matrizes estavam com 14 semanas de idade, portanto, pode-se considerar que
nessa idade os ovos possuem melhor qualidade de casca. A partir do início da
queda de postura (21 semanas) há redução acentuada na qualidade, apresentando
valores ainda menores do que aqueles dos ovos produzidos em matrizes no início da
vida produtiva (8 semanas).
ϯϲ
Tabela 4. Valores médios e erro padrão da média para porcentagens de gema (PG),
albúmen (PA), casca (PC), espessura de casca (EC) e relação gema/albúmen (G/A)
em diferentes idades da matriz de codornas (n=50).
Idade
8
14
21
31
P
CV (%)
PG
(%)
29,70 ± 0,28b
30,27 ± 0,25b
31,30 ± 0,26a
31,62 ± 0,28a
<0,0001
11,59
Parâmetros Analisados
PA
PC
EC
(%)
(%)
(mm)
62,38 ± 0,27a 7,93 ± 0,07ab 0,291 ± 0,003bc
62,44 ± 0,43a 8,19 ± 0,09a 0,305 ± 0,003a
60,63 ± 0,27b 8,12 ± 0,08a 0,294 ± 0,003b
60,64 ± 0,28b 7,78 ± 0,08b 0,282 ± 0,003 c
<0,0001
0,0012
<0,0001
0,83
6,94
7,29
G/A
0,477 ± 0,006b
0,485 ± 0,006b
0,516 ± 0,006a
0,523 ± 0,007a
<0,0001
8,77
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
Os parâmetros porcentagens de gema e de albúmen apresentaram
comportamento inverso com o decorrer da idade, pois o primeiro aumentou,
enquanto que o segundo diminuiu com o decorrer do tempo, corroborando assim
com os achados de THORSTEINSON et al. (1997) e de ULMER-FRANCO et al.
(2010). Para galinhas o aumento no peso da gema se deve ao fato de que, com o
passar da idade, as matrizes produzem folículos maiores, pois como há aumento no
intervalo entre as ovulações, uma mesma quantidade de gema proveniente da
síntese hepática é depositada em uma menor quantidade de folículos (ZAKARIA et
al., 1983; MAIORKA et al., 2003).
Os constituintes dos ovos são de suma importância para o desenvolvimento
do embrião. O albúmen é responsável por fornecer a proteína, e se liquefaz durante
a incubação formando água e eletrólitos. Já a gema fornece energia para o
metabolismo de mantença, síntese de tecidos para o crescimento embrionário e,
quando os lipídios são oxidados, forma-se água (TAZAWA & WHITTOW, 2000).
Com o envelhecer das matrizes de frango o aumento no conteúdo protéico da
gema e redução de proteínas no albúmen (AMBROSEN & ROTENBERG, 1981).
Como o albúmen supre o embrião com uma grande quantidade de água e proteínas,
a sua retirada antes da incubação (20%) resulta em menor peso ao nascer. Porém,
segundo MAIORKA et al. (2003), a retirada parcial da gema não altera o peso do
neonato, mas compromete o desenvolvimento pós-nascimento devido ao menor
peso de saco vitelínico.
ϯϳ
Na Tabela 4 é possível verificar que a porcentagem de casca foi,
estatisticamente, maior na 14ª e 21ª semanas em comparação com a 31ª semana de
idade. Observa-se que a porcentagem de casca com o envelhecer da matriz
apresenta uma resposta semelhante à obtida para o peso do ovo.
Quando o ovo apresentou seu maior peso (14 semanas), a porcentagem de
casca também apresentou a maior proporção. Assim, esses resultados conflitam
com as afirmações de MAIORKA et al. (2003) para o efeito idade da matriz x peso
do ovo x porcentagem de casca em galinhas. Segundo os autores, o peso da casca
não aumenta na mesma proporção do que o peso dos ovos quando a ave
envelhece, portanto, há redução na porcentagem de casca. FARIA et al. (1999),
trabalhando com três conjuntos de idades de poedeiras (20-36; 37-53 e 54-70
semanas), concluíram que, a medida que o peso dos ovos aumentou, com o passar
do tempo, a porcentagem de casca apresentou redução significativa, demonstrando
assim relação inversa.
A espessura de casca aumentou da 8ª para 14ª semana e, posteriormente,
houve uma diminuição significativa até a 31ª semana, sendo que a espessura da
casca dos ovos das matrizes em final de ciclo não diferiram das encontradas no
início da postura. Resultados semelhantes foram obtidos por GONZALEZ (1995)
que, trabalhando com codornas japonesas, observou que a espessura aumentou da
8ª para a 17ª semana, com posterior diminuição na espessura com o passar da
idade.
Ainda, na Tabela 4 é possível verificar que a relação gema/albúmen
aumentou significativamente a partir da 14ª semana, permanecendo constante até o
final do ciclo produtivo da matriz.
PEEBLES et al. (2000), trabalhando com matrizes pesadas, notaram aumento
significativo na relação gema/albúmen entre 26 e 35 semanas de idade,
permanecendo constante até a 47ª semana. O’SULIVAN et al. (1991) constataram
aumento nessa relação entre a 26 e 62 semana de idade, sendo que esse aumento
está mais na dependência do peso da gema do que no albúmen.
A condutância da casca dos ovos foi, significativamente, menor na 8ª semana,
em comparação com as demais idades (Tabela 5), sendo que a partir da 14ª
semana, não houve alteração significativa nesse parâmetro.
ϯϴ
Os resultados encontrados na literatura para condutância da casca, associada
à idade de matriz, apresentam resultados contraditórios. YILDIRIM (2005) não
observou diferença significativa na condutância da casca em ovos de matrizes de
codornas japonesas, com 10 e 40 semanas de idade. HAMIDU et al. (2007) também
não observaram diferença na condutância da casca de ovos de matrizes pesadas
durante o período de postura da ave (29-59 semanas). O’DEA et al. (2004),
trabalhando com matrizes pesadas de 37, 45 e 53 semanas de idade, obtiveram
redução na condutância com o envelhecer de matrizes. Em HAMIDU et al. (2011), os
autores estudaram diferentes idades de matrizes de perus (30, 34, 55 e 60 semanas
de idade) e observaram que as menores condutâncias foram obtidas em aves novas
e em pico de produção (30 e 34 semanas) e, posteriormente, houve aumento dessa
variável nas idades seguintes, com maior condutância verificada na 60ª semana.
AR et al. (1974) realizaram as primeiras mensurações de condutância da
casca dos ovos de 29 espécies e estabeleceram que, a resposta desse parâmetro é
determinado pela área de poro funcional e pela espessura de casca. Considerandose que o processo de difusão dos gases na casca é dependente do comprimento
dos poros, e que a espessura da casca é um índice conveniente para representar
esse comprimento (LA SCALA et al., 2003), seria esperado que nos trabalhos de
HAMIDU et al. (2007) e de O’DEA et al. (2004), os ovos oriundos de matrizes velhas
apresentassem maior média de condutância de casca. Essa suposição do aumento
da condutância com a idade da ave, está baseada no fato, de que, em galinhas, o
envelhecer da matriz está associado à redução na espessura da casca (RAYAN et
al., 2010). Essa redução ocorre, porque o tamanho do ovo aumenta mais
rapidamente do que o peso da casca, diminuindo sua espessura e porcentagem
(MAIORKA et al., 2003). Com essa diminuição, em teoria, haveria uma maior
facilidade de troca de gases através da casca. Entretanto, os resultados do presente
experimento, evidenciam que há redução na espessura da casca no período
constituído entre 14 e 31 semanas, mas não se observa aumento significativo na
condutância.
ϯϵ
Tabela 5. Condutância da casca de ovos de matrizes de codornas japonesas em
função da idade.
Condutância
Fatores
---------------mg H2O/d/Torr-------------Idade (I)
8 semanas
1,45 b
14 semanas
2,48 a
21 semanas
2,52 a
31 semanas
2,50 a
CV (%)
20,30
Probabilidades
I
<0,0001
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
A matriz de correlação das características e componentes do ovo estão
apresentadas na Tabela 6. Há uma relação direta e positiva entre todas as variáveis
estudadas. A correlação de menor valor (r = 0,460) foi obtida entre as
características: comprimento e largura dos ovos, enquanto que a correlação mais
alta ocorre entre o peso do albúmen e peso do ovo (r = 0,913).
Esses coeficientes demonstram que o peso do albúmen é o componente que
melhor se correlaciona com o peso dos ovos. Com coeficientes de correlação acima
de 0,90, SCOTT & SILVERSIDES (2000) e SILVERSIDES & SCOTT (2001),
também notaram que em galinhas, o albúmen é o componente que mais está
associado ao peso do ovo.
Tabela 6. Matriz de correlação de características e componentes do ovo de matrizes
de codornas japonesas.
Peso da
Peso do
Peso da
Comprimento Largura
Gema
Albúmen
Casca
Peso do Ovo
0,715
0,850
0,806
0,913
0,676
Comprimento
0,460
0,705
0,606
0,481
Largura
0,685
0,777
0,478
Peso da Gema
0,553
0,472
Peso do Albúmen
0,632
Peso da Casca
Todos os coeficientes de correlação são significativos (P<0,0001)
Os coeficientes e expoentes alométricos, e seus respectivos coeficientes de
determinação, dos parâmetros peso de casa, da gema e do albúmen estão
apresentados nas Tabelas 7, 8 e 9, respectivamente.
ϰϬ
Assim como em ABANIKANDA & LEIGH (2007), os valores do coeficiente de
determinação (r²) foram maiores para a peso do albúmen, o que segundo os autores,
faz com que o peso do ovo seja um bom estimador do peso do albúmen.
Pode-se notar que ao contrário do que ocorreu com o albúmen, o coeficiente
de determinação da casca foi moderado, isto indica que apesar dos expoentes
alométricos terem sido significativos em todas as idades, as variações observadas
para peso da casca, em sua maior parte, provavelmente, foram originadas a partir da
influência da idade da matriz e não do peso dos ovos.
De forma semelhante ao peso da casca, a gema apresentou coeficientes de
determinação moderado, exceto na idade de 31 semanas onde o r² foi de 0,798.
Tabela 7. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de
determinação (r²) para os parâmetros: peso de gema sobre peso do ovo, em
diferentes idades de matrizes de codornas japonesas.
Peso de Gema
Idade
N
a
b
r²
**
**
8
50
-1,485
1,113
0,685
*
**
14
50
-1,302
1,041
0,576
21
50
-1,050**
0,953**
0,685
31
50
-1,818**
1,278**
0,798
* P<0,01
**P<0,0001
Tabela 8. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de
determinação (r²) para os parâmetros: peso de albúmen sobre peso do ovo, em
diferentes idades de matrizes de codornas japonesas.
Peso de Albumen
Idade
N
a
b
r²
*
**
8
50
-0,471
0,999
0,886
14
50
-0,433ns
0,985**
0,726
21
50
-0,600**
1,041**
0,914
ns
**
0,834
0,881
31
50
-0,101
ns
= não significativo
* P<0,01
**P<0,0001
ϰϭ
Tabela 9. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de
determinação (r²) para parâmetros: peso de casca sobre peso do ovo, em diferentes
idades de matrizes de codornas japonesas.
Peso de casca
Idade
N
a
b
r²
8
50
-1,690**
0,643**
0,467
14
50
-1,924**
0,761**
0,446
21
50
-2,224**
0,881**
0,567
31
50
-2,215**
0,858**
0,486
* P<0,01
**P<0,0001
ϰϮ
4. Conclusões
Os resultados do presente trabalho permitem concluir que: a qualidade dos
ovos e a condutância da casca são influenciadas pela idade da matriz.
Ovos de melhor qualidade foram produzidos quando as matrizes estavam
com 14 semanas. Por outro lado, ovos de matrizes velhas com 31 semanas,
produziram ovos de qualidade inferior.
Matrizes com 8 semanas de idade produzem ovos com menor condutância de
casca.
ϰϯ
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ϰϳ
CAPÍTULO 3 – EFEITO DA TEMPERATURA DE INCUBAÇÃO E DA IDADE DAS
MATRIZES SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E A QUALIDADE
PÓS-ECLOSÃO DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica)
RESUMO – A temperatura de incubação é o fator ambiental mais importante, pois
este determina ou influencia a eclodibilidade. Entretanto, em codornas, não há um
consenso sobre a temperatura ótima de incubação. Portanto, o experimento teve
como objetivo avaliar o efeito de diferentes temperaturas de incubação e da idade da
matriz sobre o desenvolvimento embrionário e qualidade das codornas japonesas. O
mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas coletas
de dados no início da vida reprodutiva, no pico de postura e duas ao longo do
período de decréscimo do ciclo reprodutivo da ave. Foram utilizados 3240 ovos
distribuídos em delineamento em blocos casualizados, em esquema fatorial 3x4,
sendo três temperaturas de incubação (36,5; 37,5 e 38,5°C), quatro idades de matriz
(8, 14, 21 e 31 semanas) e seis blocos (peso dos ovos). Os parâmetros analisados
foram: tempo de incubação, perda de peso dos ovos, peso das codornas ao nascer,
qualidade das codornas, período de mortalidade embrionária e eclodibilidade. Com
relação ao fator temperatura, a maior média de eclodibilidade foi obtida em ovos
incubados em temperatura de 38,5ºC. Já para o fator idade, maiores valores de
eclodibilidade foram obtidos com aves em pico de postura e em decréscimo de
produção (14 e 21 semanas). Com o aumento da temperatura houve decréscimo do
tempo de eclosão dos ovos, aumento na perda de peso e melhora na qualidade da
codorna. Neonatos mais leves foram obtidos de ovos incubados em temperatura de
36,5°C. Ovos de aves mais velhas necessitaram de menor tempo de incubação e
perderam mais peso. Matrizes em pico de produção produziram codornas mais
pesadas ao nascer. De acordo com resultados apresentados pode-se concluir que a
temperatura de 38,5°C e ovos de matrizes com 14 e 21 semanas resultaram em
melhores índices de incubação.
Palavras-Chave: eclodibilidade, idade da matriz, incubação, qualidade da codorna,
temperatura
ϰϴ
CHAPTER 3 - EFFECT OF INCUBATION TEMPERATURE AND THE BREEDERS
AGE ON EMBRYONIC DEVELOPMENT AND POST-HATCHING QUALITY OF
JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica)
ABSTRACT - The incubation temperature is the most important environmental factor,
because it determines or influences hatchability. However, in quail, there is no
consensus on the optimum incubation temperature. Therefore, the experiment aimed
to evaluate the effect of different incubation temperatures and breeder age on
embryonic development and quality of Japanese quail. The same herd of quail
breeders was accompanied, and data were collected at the beginning of reproductive
life, the peak of egg production and over the period of decline in the reproductive
cycle of the bird. It was used 3240 eggs distributed in a randomized block design in a
3x4 factorial schem with three incubation temperatures (36.5, 37.5 and 38.5 ° C), four
breeder ages (8, 14, 21 and 31 weeks ) and six blocks (eggs’ weight). The
parameters analyzed were: incubation time, egg weight loss, birth weight of quail,
quail quality, period of embryonic mortality and hatchability. In relation to the
temperature, the higher average hatchability was obtained in eggs incubated at
38.5°C. However, for the age factor, higher hatchability values were obtained for
birds in the peak and in decrease of production (14 and 21 weeks) respectively. With
increasing temperature there was a decrease on eggs' hatching time, an increase in
eggs' weight loss and improvement in the quail quality. Lighter neonates were
obtained from eggs incubated at a temperature of 36.5°C. Eggs of older birds
required less incubation time and lost more weight. Breeders in peak production
produced heavier quails at birth. According to the presented results it can be
concluded that the temperature of 38.5°C and eggs from breeders 14 and 21 weeks
old resulted in improved rates of incubation.
Key-words: breeder age, hatchability, incubation, quail quality, temperature
ϰϵ
1. Introdução
A temperatura na incubadora se destaca como o fator ambiental mais
importante e crítico durante a incubação, sendo importante não somente para um
ótimo desenvolvimento embrionário e eclosão dos ovos, mas afetando também o
desempenho pós-nascimento (DECUYPERE & BRUGGEMAN, 2007; WILSON,
1991).
Desvios na temperatura de incubação, mesmo que pequenos (± 0,2ºC), já são
suficientes para influenciar o processo de incubação (CHRISTENSEN et al., 2001).
Quando a temperatura se desvia do considerado ótimo, há decréscimo na
eclodibilidade e aumento da incidência de embriões com má formação. Altas
temperaturas encurtam o período de incubação, porém, aumentam a frequência de
mortalidade tardia. Baixas temperaturas atrasam o nascimento e aumenta o número
de ovos não eclodidos e bicados (MAULDIN, 2001). No final da década de 30,
BAROTT (1937) demonstrou que, para ovos de matrizes pesadas de frangos, a
temperatura de 37,8°C era ideal para a obtenção de boa eclosão.
O processo de incubação, juntamente com seus fatores físicos envolvidos,
são amplamente estudados em espécies como frangos e perus, entretanto, em
codornas não há uma padronização desse processo. Portanto, o que se observa é
que a incubação de ovos de codornas baseia-se nos parâmetros utilizados na
incubação de frangos de corte.
PEDROSO et al. (2006) observaram que a temperatura ideal de incubação de
ovos de codornas japonesas é de 37,5ºC. ROMÃO et al. (2009), também,
trabalhando com codornas, observaram que, máquinas ajustadas com temperaturas
de 37,0 e 38,0ºC resultaram em melhores resultados na incubação.
A idade da matriz tem forte influência sobre a qualidade do ovo, influenciando
diretamente o rendimento da incubação. ULMER-FRANCO et al. (2010) observaram
que as matrizes de galinhas, ao envelhecer, produzem ovos com maior porcentagem
de gema e menor de albúmen. O tamanho do ovo aumenta mais rapidamente do
que o peso da casca, consequentemente, ocorre redução na sua espessura e na
sua porcentagem em relação ao peso do ovo (MAIORKA et al., 2003). Matrizes
jovens estão associadas a ovos com baixo potencial de eclosão, maior tempo de
incubação e pintinhos de pior qualidade, além de produzirem ovos com menor peso.
ϱϬ
Portanto, como há uma correlação positiva, e alta, entre peso do ovo e peso do
pintinho ao nascer, se esperam neonatos menores (BRUZUAL et al., 2000).
Desta forma objetivou-se estudar o efeito de três temperaturas de incubação
durante a vida produtiva de matrizes de codornas japonesas, com o propósito de se
identificar a temperatura e a idade que resulte em melhores índices no processo de
incubação.
ϱϭ
2. Material e Métodos
2.1. Caracterização do local experimental
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de
Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de
Jaboticabal, no período constituído entre 13 de agosto de 2010 a 9 de fevereiro de
2011.
As incubadoras foram instaladas em uma sala de 3,5 m x 2,5 m (8,75 m²),
com pé direito de 3 m construída em alvenaria, piso frio, coberta com telhas de barro
e forro plástico para isolamento. A sala possuía duas portas e uma janela, sendo
que esta última foi bloqueada com placas de isopor cobertas com folhas “off-set”
pretas para isolamento térmico e luminoso. O controle da temperatura interna foi
regulado através de um ar-condicionado tipo “split”, ciclo frio e quente, de 10.000
BTU.
2.2. Animais e delineamento experimental
Foram utilizados 3240 ovos obtidos do incubatório comercial “VICAMI
Codornas”, localizado em Assis-SP.
O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas
coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14
semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31
semanas).
Em cada idade, os ovos foram apanhados no período da manhã e
acondicionados em caixas plásticas de 30 ovos, sendo que, durante o transporte até
a faculdade, os ovos foram mantidos à temperatura de 25ºC. No setor de avicultura,
os ovos foram armazenados na sala de incubação em temperatura de 25ºC até o dia
seguinte, quando se iniciou o processo de incubação.
Foram utilizadas três incubadoras Premium Ecológica, modelo IP-130 com
capacidade para 270 ovos de codornas. As incubadoras possuíam dimensões de 26
cm de altura, 67 cm de largura e 90 cm de comprimento, sendo constituída de uma
base e uma tampa. O material utilizado na construção da base foi o plástico PS
(poliestireno) e servia como suporte para os roletes rotativos, a tampa, e a garrafa
ϱϮ
reguladora de umidade. A tampa era feita em plástico do tipo PETG (Polyethylene
Terephtalate Glycol-modified), o qual possuía uma resistência do tipo mola com 200
W de potência utilizada para o aquecimento da incubadora e, um ventilador com 120
mm de diâmetro para indução da circulação de ar. A temperatura e a viragem eram
controladas automaticamente por um termostato digital TDD FULLGAUGE modelo
MT520. Os ovos foram alojados em posição horizontal sobre os roletes rotativos.
O delineamento experimental foi em esquema fatorial 3 x 4, sendo três
temperaturas de incubação (36,5; 37,5 e 38,5°C) e quatro idades de matrizes (8, 14,
21 e 30 semanas), com o peso dos ovos classificados por peso (6 blocos – Tabela
2), conforme esquema estatístico apresentado na Tabela 1. A viragem dos ovos foi
realizada a cada hora, sendo a umidade relativa mantida em 60%.
Tabela 1. Esquema estatístico do experimento.
Fontes de variação
Temperatura
Idade
Bloco
Temperatura x Idade
Resíduo
Total
Graus de Liberdade
2
3
5
6
3223
3239
Todos os ovos foram identificados, individualmente, em três regiões e
pesados para formação dos blocos de acordo com a Tabela 2.
As matrizes durante o período de postura foram alimentadas diariamente com
ração com 2744kcal/kg de energia metabolizável, 21,42% de proteína bruta, 3,56%
de cálcio disponível e 0,679% de fósforo total.
ϱϯ
Tabela 2. Números de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos
experimentais em função da idade das matrizes.
Temperatura
36,5°C
37,5°C
38,5°C
8,29-10,00
35
50
47
10,01-10,45
49
41
52
36,5°C
37,5°C
38,5°C
8,34-10,46
45
22
24
10,47-10,97
42
35
34
36,5°C
37,5°C
38,5°C
8,87-10,57
51
48
48
10,58-11,00
44
37
45
36,5°C
37,5°C
38,5°C
9,29-10,43
47
57
55
10,44-10,88
52
49
42
Número de Ovos
8 semanas
Faixa de Peso (g)
10,46-10,85 10,86-11,22
62
49
45
45
40
48
14 semanas
Faixa de Peso (g)
10,98-11,33 11,34-11,80
35
64
43
67
36
59
21 semanas
Faixa de Peso (g)
11,01-11,34 11,35-11,80
40
51
33
59
31
60
31 semanas
Faixa de Peso (g)
10,89-11,22 11,23-11,55
38
39
40
43
53
30
11,23-11,66
41
33
36
11,67-14,21
34
56
47
11,81-12,23
39
50
51
12,24-12,23
45
53
66
11,81-12,23
37
39
42
12,24-13,54
47
54
44
11,56-12,04
44
49
45
12,05-14,11
50
32
45
2.3. Peso inicial dos ovos
Na Tabela 3 estão apresentados o peso médio inicial dos ovos por
temperatura de incubação e pela idade da matriz.
Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos por temperatura de incubação e diferentes
idades da matriz.
Peso inicial dos ovos
Fatores
---------------g-------------Temperatura (T)
36,5ºC
11,18
37,5ºC
11,24
38,5ºC
11,25
Idade (I)
8 semanas
10,83
14 semanas
11,54
21 semanas
11,39
31 semanas
11,17
ϱϰ
Na Tabela 4 estão apresentados o peso médio dos ovos alojados no início de
cada incubação, por temperatura de incubação nas idades de 8, 14, 21 e 31
semanas.
Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados
por temperatura de incubação.
Temperatura
Idade
36,5ºC
37,5ºC
38,5ºC
8 semanas
10,82
10,85
10,83
14 semanas
11,36
11,58
11,65
21 semanas
11,34
11,46
11,40
31 semanas
11,23
11,11
11,19
2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas
No
14° dia
de
incubação
(336
horas),
os
ovos
foram
pesados,
individualmente, para determinação da porcentagem de perda de peso (perda de
peso = peso inicial dos ovos – peso dos ovos na transferência).
Com o auxílio de um ovoscópio de lâmpada fria (fluorescente), os ovos claros
foram descartados e os férteis foram pesados, embalados em saquinhos de tule (10
x 20 cm) e transferidos para nascedouros com a mesma temperatura e umidade em
que foram incubados.
Entre o 15° dia (360 horas) e o final da eclosão, os ovos foram observados,
individualmente, a cada três horas, sendo registrados o número de aves nascidas e
o seu respectivo peso. Para cada ovo, o período de incubação foi definido como o
tempo decorrido, em horas, entre o início da incubação e a eclosão. A curva de
eclosão foi definida como a dispersão entre a porcentagem de eclosão e a duração
da incubação. Para o cálculo da eclodibilidade utilizou-se a seguinte equação:
Eclodibilidade = 100 x (número de pintos nascidos /número de ovos férteis
incubados).
O rendimento da incubação foi avaliado através da eclodibilidade dos ovos
férteis, duração do período de incubação, perda de peso dos ovos, peso e qualidade
da codorna ao nascer.
ϱϱ
2.5. Qualidade das codornas
Após o término da incubação, todas as codornas foram examinadas,
macroscopicamente, com a finalidade de classificar a qualidade das aves nascidas.
Essa classificação foi realizada de acordo com a metodologia de TONA et al. (2003)
modificada. Da metodologia original, não foram analisados os parâmetros retração
da gema, membrana remanescente e gema remanescente. Os valores dos escores
analisados foram mantidos, portanto, a escala máxima foi de 60 e a mínima 0. Os
seguintes parâmetros foram analisados:
Atividade da codorninha: Para avaliar-se a atividade colocou-se a ave em
decúbito dorsal, determinando quão rápido ela retornou a posição de pé. Um rápido
retorno à posição de pé foi considerado como bom, mas se arrastar de costa com os
pés ou não levantar foi considerado como fraco.
Penas e aparência: O corpo da ave foi examinado quanto a sua secura e
limpeza. Foi considerado normal quando estava seco e limpo, se estivesse molhado,
sujo ou ambos então foi classificado como ruim.
Olhos: A ave foi colocada de pé e seus olhos foram observados. Foi
estimado o brilho dos olhos e a amplitude de abertura das pálpebras.
Pernas: A ave foi colocada sobre suas pernas para se determinar se esta
permaneceu bem na vertical. Os dedos foram examinados quanto à presença de
deformidades. Se a ave permanecesse de pé com dificuldade, as articulações dos
joelhos foram analisadas para a detecção de sinais de inflamação, vermelhidão ou
ambos.
Área do umbigo: O umbigo e as áreas a sua volta foram examinados quanto
ao fechamento e coloração. Se a cor fosse diferente da cor da pele da ave, então foi
classificado como ruim.
A Tabela 5 apresenta as pontuações para cada característica utilizada na
qualidade das codornas.
ϱϲ
Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas.
Escore (pontuação)
Características
Máxima
Intermediária
Atividade
6
Aparência e penas
10
8
Olhos
16
8
Pernas
16
8
Umbigo
12
6
Adaptado de TONA et al. (2003)
Mínimo
0
0
0
0
0
2.6. Embriodiagnóstico
Após o término da incubação, os ovos não eclodidos foram abertos e o
período da mortalidade embrionária foi diagnosticado e classificado em: precoce (1-4
dias), intermediário (5-15 dias) ou tardio (16-18 dias), conforme apresentado em
PEDROSO et al. (2006), para a análise da frequência do período de mortalidade.
2.7. Análise estatística
Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Foi
utilizado o procedimento PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias
foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).
ϱϳ
3. Resultados e Discussão
A eclodibilidade (%) dos ovos férteis em diferentes temperaturas de
incubação e idade de matriz está apresentada na Tabela 6.
A temperatura de
incubação de 38,5°C resultou em maior taxa de eclosão nas idades de 8 e 21
semanas, e a temperatura de 37,5°C nas idades de 14 e 31 semanas. Levando-se
em conta todas as idades, as temperaturas de 38,5°C e 36,5°C apresentaram,
respectivamente, a maior e a menor média de eclosão. Com relação ao fator idade,
a maior média de eclosão ocorreu entre o pico e o início da queda de postura da
matriz (82,26 e 82,10%, respectivamente), sendo a menor taxa observada para
codornas com 8ª semana (69,0%).
Tabela 6. Eclodibilidade dos ovos de matrizes com 8, 14, 21 e
incubados em temperaturas de 36,5, 37,5 e 38,5ºC.
Eclodibilidade (%)
Temperatura (°C) /
Idade da matriz (sem)
8
14
21
36,5
62,68
77,87
78,49
37,5
69,33
85,50
81,70
38,5
75,00
83,40
86,10
Média
69,00
82,26
82,10
31 semanas de idade
31
73,79
81,93
78,37
78,03
Média
73,21
79,62
80,72
PEDROSO et al. (2006) ao incubar ovos de codornas japonesas em
temperaturas de 36,5 e 37,5°C, obtiveram, respectivamente, eclodibildades de
75,57% e 76,55%. ROMÃO et al. (2009) trabalhando com temperaturas entre 34 a
41°C notaram que, a maior eclodibilidade ocorreu nas temperaturas de 37 e 38°C
(76,7% e 80,8%, respectivamente), sendo que em temperaturas fora dessa faixa
resultaram em prejuízo para a eclosão dos ovos.
Segundo FRENCH (1997), a temperatura de incubação é o fator ambiental
mais importante que determina ou influência a eclodibilidade. Portanto, com base
nos resultados obtidos no presente experimento e os disponíveis na literatura, foi
verificado que ovos de codornas necessitam de uma maior temperatura de
incubação quando comparados com as praticadas nos ovos de matrizes de frangos.
Se for considerado que, a melhor temperatura de incubação é a que promove
melhor eclodibilidade e que desvios pequenos (0,2ºC) são suficientes para alterar a
ϱϴ
eclosão (CHRISTENSEN et al., 2001), pode-se presumir que a melhor temperatura
de incubação para codornas japonesa esteja entre 38,0 a 38,7°C.
Uma possível explicação para essa temperatura de incubação mais elevada
pode estar relacionada à relação área superficial x volume dos ovos dessa espécie.
Ovos de codornas tem volume pequeno quando comparado com ovos de outras
espécies. Entretanto, sua relação área/volume é alta. Ao se fazer uma comparação
entre espécies, ovos maiores produzem embriões que, quantitativamente, geram
mais calor quando comparados com ovos pequenos, porém, sua relação
área/volume é baixa, isto faz com que a área superficial do ovo (neste caso, a área
da casca), não seja suficientemente extensa para dissipar o calor produzido por
esses embriões maiores. Como consequência, ovos maiores tem maior dificuldade
em perder calor do que ovos menores. Portanto, em codornas, uma temperatura de
incubação mais alta dificulta a troca de calor do ovo com o ambiente da incubadora,
evitando que o ovo e, consequentemente, o embrião, perca calor de forma
excessiva, prejudicando o seu desenvolvimento.
Os valores médios de eclosão para o fator idade da matriz estão de acordo
com a afirmação de PEEBLES & BRAKE (1987), no qual a maior taxa de eclosão
ocorre na metade da vida produtiva da ave.
Na Tabela 7 estão apresentados os resultados para duração de incubação,
em horas. Houve efeito significativo das diferentes temperaturas estudadas e para
idade da matriz. Para os ovos que foram incubados a 38,5°C os embriões
precisaram de um menor tempo para eclodirem quando comparados as demais
temperaturas.
Os
ovos
incubados
com
temperatura
mais
baixa
(36,5ºC)
apresentaram o maior tempo de incubação. Os ovos incubados a 36,5ºC
necessitaram de 21 e 44 horas a mais para eclodirem, quando comparados,
respectivamente, com os incubados à temperatura de 37,5ºC e 38,5ºC.
ϱϵ
Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao
nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e diferentes idades
da matriz.
Parâmetros Analisados
Fatores
DI (h)
PP (%)
PN (g)
Temperatura (T)
36,5ºC
440,93 a
7,75 c
8,14 b
37,5ºC
420,03 b
8,07 b
8,24 a
38,5ºC
397,10 c
8,46 a
8,25 a
Idade (I)
8 semanas
433,69 a
7,34 d
7,97 d
14 semanas
419,44 b
7,77 c
8,43 a
21 semanas
415,56 c
8,20 b
8,29 b
31 semanas
409,62 d
9,38 a
8,08 c
CV (%)
3,08
8,61
4,96
Probabilidades
Bloco
0,6196
<0,0001
<0,0001
T
<0,0001
<0,0001
0,0029
I
<0,0001
<0,0001
<0,0001
TxI
<0,0001
<0,0001
0,9494
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
Pelos resultados é de se presumir que um aumento constante na temperatura
de
incubação
não
diminua
constantemente
a
duração
de
incubação.
Temperaturas altas, inicialmente, aceleram o crescimento do embrião e a
utilização dos nutrientes da gema e do albúmen, porém, depois limitam o seu
desenvolvimento devido a uma insuficiente oferta de oxigênio para os processos
metabólicos (RAHN et al., 1974; LOURENS et al., 2005).
Tanto temperaturas muito elevadas como muito baixas são prejudiciais ao
desempenho da incubação, sendo que para ovos de galinhas, temperaturas abaixo
de 35,6°C e acima de 39,4°C, por algumas horas, são suficientes para aumentar a
mortalidade embrionária (KING ORI, 2011). ROMÃO et al. (2009) testando
temperaturas acima de 39ºC na incubação de ovos de codornas japonesas não
encontraram redução estatisticamente significativa no tempo para a eclosão (quando
comparados com 40 e 41°C), e na temperatura de 34,0°C não houve eclosão.
Com resultados semelhantes aos obtidos ao presente experimento,
PEDROSO et al. (2006) observaram redução no tempo de eclosão de ovos de
codornas ao elevar a temperatura de incubação, com médias de duração de 442,5 e
413,6 horas para as temperaturas de 36,5ºC e 37,5ºC, respectivamente.
ϲϬ
Pelos resultados expostos na Tabela 7, nota-se uma redução no tempo de
incubação com o passar da idade da matriz. No trabalho realizado por BRUZUAL et
al. (2000) não houve efeito de idade da matriz para o tempo de incubação de ovos
de matrizes pesadas de frangos, divergindo com os achados no
presente
experimento. Porém, é importante constatar que talvez essa falta de diferença nos
resultados dos autores citados, deva-se a pouca diferença entre as idades
estudadas (26, 28 e 30 semanas de idade). CHRISTENSEN et al. (2001) ao incubar
ovos de matrizes de perus com 33, 43 e 54 semanas de idade notaram redução
gradual, e significativa, no tempo de incubação com o envelhecimento da ave. É
conveniente citar que esses trabalhos utilizaram ovos com a relação área/volume
diferentes do ovo da codorna, sendo essa uma característica que pode ter influência
sobre os efeitos observados no tempo de incubação desses ovos, portanto, tornando
forçada a comparação entre os trabalhos. Porém, pelo que é de nosso
conhecimento, não existem trabalhos na literatura que testem o efeito de diferentes
idades de matrizes, sobre a duração da incubação de ovos de codornas.
Na Figura 1 estão apresentados os gráficos com a distribuição dos
nascimentos das codornas (porcentagem), nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas
em função da temperatura de incubação. Observa-se que, com o envelhecer da
matriz há uma redução no tempo de incubação, independente da temperatura
estudada. Em todas as idades observa-se que na temperatura de 38,5°C o
nascimento se inicia com menos horas de incubação, e atinge o pico de nascimento
mais cedo, quando comparado com as demais temperaturas. Já, na temperatura de
36,5°C, os ovos iniciaram a eclosão mais tarde, e esses necessitaram de mais
tempo para atingir o pico de nascimento.
ϲϭ
Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a
temperatura da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2),
21(3), 31 (4) semanas de idade.
Os valores médios para perda de peso (PP) estão apresentados na Tabela 7.
Nota-se que, com o aumento da temperatura de incubação houve, também,
aumento na perda de peso dos ovos, sendo que ovos incubados nas temperaturas
de 38,5°C e 36,5°C perderam, respectivamente, mais e menos peso.
Essa perda de peso dos ovos ocorre pela saída de moléculas de água na
forma de vapor através dos poros da casca, sendo influenciado por fatores como
temperatura e umidade da incubadora, espessura da casca e número de poros. É
também atribuído a esse parâmetro, o desenvolvimento do embrião e a sua taxa
metabólica (PAGANELLI et al., 1978; RAHN et al., 1979; RAHN & AR, 1980;
BURTON & TULLET, 1983). PEDROSO et al. (2006) ao testarem temperaturas de
36,5°C e 37,5°C, na incubação de ovos de codornas, não observaram influência da
temperatura na perda de peso dos ovos.
ϲϮ
Com relação ao fator idade, à medida que as matrizes envelheceram os ovos
produzidos por essas apresentaram maior perda de peso na incubação (Tabela 6).
Resultados semelhantes foram obtidos por BARBOSA et al. (2008), onde
trabalhando com matrizes de galinhas poedeiras com 26, 41 e 56 semanas de idade,
observaram aumento significativo na perda de peso do ovo com o decorrer do
tempo. TANURE et al. (2009), ao incubarem ovos de matrizes leves de galinhas com
32 e 57 semanas de idade, demonstraram que há maior perda de peso dos ovos nas
matrizes velhas, independente do período de armazenamento.
Pelos resultados expostos na Tabela 7 para o fator temperatura, observa-se
que as codornas oriundas de ovos incubados nas temperaturas de 38,5ºC e 37,5ºC
nasceram mais pesadas, quando comparados com os incubados a 36,5ºC. Para o
fator idade, as aves originadas de matrizes novas (8 semanas de idade) apresentam
o menor peso da codorna ao nascer entre todas as idades estudadas. Matrizes que
estavam no pico de postura produziram a progênie mais pesada de toda a sua vida
produtiva, e a partir do pico houve redução no peso dos neonatos.
HASSAN et al. (2004) não encontraram diferença no peso ao nascer de
avestruzes, ao testarem temperaturas de incubação de 36,5, 37,0 e 37,5ºC.
NAKAGE et al. (2003), estudando o efeito da temperatura de incubação em ovos de
perdizes (35,5; 35,5; 36,5; 37,5 e 38,5°C), também não obtiveram diferença no peso
dos neonatos. GUALHANONE et al. (2012), trabalhando com matrizes pesadas de
frangos de 30 semanas, obtiveram maior peso do neonato em ovos incubados com
temperatura de 37,8°C, em comparação com temperaturas de 36,8 e 38,8°C.
Entretanto, esse efeito não foi observado em matrizes de 60 semanas.
Pelos resultados do presente experimento pode-se notar que a resposta do
peso ao nascer das codornas para a idade, seguem o mesmo padrão observado no
peso dos ovos produzidos pelas matrizes (Tabela 3, Capítulo 2). ULMER-FRANCO
et al. (2010) ao estudarem o efeito da idade da matriz e do peso do ovo sobre a
incubação de ovos de galinhas observaram maior peso do neonato em ovos
maiores. Portanto, em galinhas, é de se esperar que com o decorrer do
envelhecimento
das
aves
os
ovos
produzidos
sejam
mais
pesados,
e
consequentemente, gerando pintinhos mais pesados. Segundo MAIORKA et al.
(2003), esse efeito ocorre porque ovos pequenos têm menor espaço interno para o
ϲϯ
embrião se desenvolver quando comparados com ovos maiores. Entretanto, existem
outras possibilidades, onde, de acordo com MCLOUGHLIN et al. (2000), o
desenvolvimento do embrião estaria mais relacionado ao conteúdo dos nutrientes do
ovo do que à restrição de espaço, pois matrizes mais velhas são mais eficientes em
depositar substratos importantes para o desenvolvimento do embrião do que
matrizes novas.
Porém, o que se observa no presente experimento é um comportamento
diferente do que ocorre com galinhas na relação entre os fatores idade da matriz e
peso do ovo. Fica evidente que o peso das codornas ao nascer acompanha o
aumento no peso do ovo e, posteriormente, acompanha a diminuição no pós-pico de
produção, sendo um indicativo, mas não conclusivo, que o espaço interno do ovo é
determinante no peso do neonato.
Foram
observadas
diferenças
significativas
(P<0,05)
no
escore
de
classificação das codornas, conforme demonstrado na Tabela 8.
Pelos escores apresentados, temperatura de incubação de 38,5°C resultou
em codornas de melhor qualidade quando comparada com as demais, e aves
originadas de temperaturas de incubação de 36,5°C apresentaram a pior
classificação. Matrizes com 31 semanas de idade geraram codornas de pior
qualidade quando comparada com as matrizes de oito e 14 semanas.
A qualidade da codorna é um parâmetro importante para avaliar a eficiência
da incubação, pois alta taxa de eclosão deve estar acompanhada de neonatos de
boa qualidade. Portanto, ao se analisar os resultados obtidos para duração da
incubação, eclodibilidade e peso ao nascer, e os mesmos serem confrontados com a
qualidade dos neonatos, conclui-se que a temperatura de 38,5°C é a melhor entre as
temperaturas estudadas.
A piora na qualidade das codornas oriundas de ovos de matrizes com 31
semanas pode estar relacionada à piora na qualidade do ovo, principalmente aos
parâmetros relacionados à qualidade da casca. Portanto, a redução no peso
específico e da espessura da casca dos ovos (Tabela 3 – Capítulo 2) pode levar a
perda excessiva de água durante a incubação, prejudicando o desenvolvimento do
embrião.
ϲϰ
Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em
diferentes temperaturas e de diferentes idades de matrizes.
Fatores
Qualidade da Codorna
Temperatura (T)
36,5ºC
56,74 c
37,5ºC
57,90 b
38,5ºC
58,62 a
Idade (I)
8 semanas
58,00 a
14 semanas
58,07 a
21 semanas
57,80 ab
31 semanas
57,33 b
CV (%)
6,66
Probabilidades
T
<0,0001
I
0,0074
TxI
0,2035
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
Na Tabela 9 estão apresentados os resultados para a mortalidade
embrionária nos ovos férteis das codornas.
A maior ocorrência, em porcentagem, da mortalidade precoce foi verificada
nos ovos de matrizes de oito semanas e incubados às temperaturas de 36,5 e
38,5ºC, e ovos de 14 semanas incubados à 38,5ºC. A maior taxa de mortalidade
tardia ocorreu com maior frequência nas temperaturas de 36,5 e 37,5°C em ovos de
matrizes de oito semanas, e em ovos incubados com 36,5°C e 37,5°C para as
matrizes de 14 e 30 semanas, respectivamente. A mortalidade embrionária na fase
de pós-bicado ocorreu, mais frequentemente, nas temperaturas de 36,5 e 37,5°C
nas idades de 14 e 30 semanas, respectivamente.
ϲϱ
Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões incubados sob
diferentes temperaturas de incubação e idades de matrizes.
Temperatura (°C)
Fase
Semanas
36,5
37,5
38,5
8
10,95
2,92
12,41
14
6,25
5,00
16,25
Precoce
21
5,43
6,20
9,30
31
2,67
3,11
3,56
8
4,38
2,92
2,19
14
7,50
5,00
8,75
Intermediária
21
5,43
3,88
2,33
31
7,11
5,33
3,56
8
15,33
10,22
2,19
14
23,75
15,00
12,50
Tardia
21
14,73
7,75
4,65
31
8,44
20,44
6,22
8
13,87
13,87
8,76
14
28,75
20,00
16,25
Pós-Bicado
21
16,28
12,40
11,63
31
8,89
20,89
9,78
ϲϲ
4. Conclusões
Os resultados do presente trabalho permitem concluir que, a temperatura
incubação tem forte influência sobre os parâmetros de incubação, bem como a
qualidade das codornas nascidas. A idade da matriz influência a duração de
incubação, perda de peso dos ovos, peso ao nascer e a qualidade dos neonatos.
A partir desse trabalho sugere-se o uso da temperatura de 38,5°C, devido aos
melhores resultados obtidos na duração de incubação, eclodibilidade e qualidade
das codornas.
O uso de ovos de matrizes de codornas com 14 e 21 semanas de idade
proporciona melhor desempenho no processo de incubação, devido ao maior peso
da codorna ao nascimento e a melhora dos índices de eclodibilidade.
ϲϳ
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ϳϯ
CAPÍTULO 4 – EFEITO DA UMIDADE RELATIVA DE INCUBAÇÃO E DA IDADE
DA MATRIZ SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E QUALIDADE DO
NEONATO DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica)
RESUMO – O presente experimento teve como objetivo avaliar o efeito de duas
umidades relativas de incubação (60 e 70%) sobre o desenvolvimento embrionário e
qualidade do neonato oriundos de ovos férteis de matrizes com diferentes idades. O
mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas coletas
de dados no início da vida reprodutiva, no pico de postura e duas ao longo do
período de decréscimo do ciclo reprodutivo da ave. Foram utilizados 2160 ovos
férteis distribuídos em delineamento em blocos casualizados, em um esquema
fatorial 2x4, com duas umidades relativas de incubação (60 e 70%) e quatro idades
de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas), e seis blocos (peso dos ovos). Os parâmetros
analisados foram: peso inicial dos ovos, perda de peso dos ovos, duração da
incubação, eclodibilidade, peso das codornas ao nascer, qualidade das codornas e
período de mortalidade embrionária. O uso de umidade relativa de 60% resultou em
melhor eclodibilidade na 8ª, 21ª e 31ª semanas e na média conjunta das idades.
Matrizes em pico e pós-pico de produção (14 e 21 semanas) apresentam maior
média de eclodibilidade em ambas as umidades relativas. Umidade relativa de 60%
reduziu o tempo de incubação e o peso da codorna ao nascer, aumentou a perda de
peso dos ovos e resultou em melhor qualidade dos neonatos quando comparados
com os nascidos em 70%. Os resultados permitem concluir que, utilizar umidade
relativa de 60% na incubação de codornas japonesas resulta em melhores índices
de incubação.
Palavras-Chave: bulbo seco, bulbo úmido, eclodibilidade, idade da matriz, pressão
de saturação de vapor, umidade.
ϳϰ
CHAPTER 4 - EFFECT OF INCUBATION RELATIVE HUMIDITY AND BREEDER
AGE ON THE EMBRYONIC DEVELOPMENT AND QUALITY OF NEONATE OF
JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica)
ABSTRACT - The present study aimed to evaluate the effect of two relative
humidities of incubation (60 and 70%) on embryonic development and neonates'
quality from fertile eggs of quail breeders of different ages. The same herd of quail
breeders was accompanied, and data were collected at the beginning of reproductive
life, the peak of egg production and over the period of decline in the reproductive
cycle of the bird. It was used 2160 fertile eggs distributed in a randomized block
design in a 2x4 factorial scheme, with two relative humidities of incubation (60 and
70%) and four breeder ages (8, 14, 21 and 31 weeks) and six blocks (eggs’ weight).
The parameters analyzed were: initial eggs’ weight, egg weight loss, duration of
incubation, hatchability, quail birth weight, quail quality and embryo mortality period.
The use of relative humidity of 60% resulted in improved hatchability in 8th, 21th,
31th weeks and in the total average age. Breeders in peak and post-peak production
(14 and 21 weeks) presented higher average hatchability in both humidities. Relative
humidity of 60% reduced the incubation time and the quail weight at birth, increased
eggs' weight loss and resulted in a better neonate quality when compared to the ones
born by 70%.The results show that, using relative humidity of 60% in the incubation
of Japanese quail results in better incubation indexes.
Key-words: breeder age, dry bulb, hatchability, humidity, saturation vapor pressure,
wet bulb.
ϳϱ
1. Introdução
A umidade relativa é definida pela relação entre a pressão parcial de vapor da
água pela pressão de saturação de vapor em determinada temperatura. Seu
controle é realizado pela diferença psicrométrica entre temperaturas de bulbo seco e
bulbo úmido (ROSA et al., 2002). Em matrizes pesadas de frangos recomenda-se
que a umidade relativa de incubação esteja entre 55 e 60% (MAULDIN, 2001),
porém em codornas existem poucos trabalhos que forneçam bases para uma
padronização da umidade de incubação. Segundo PEDROSO et al. (2006), o uso de
umidades relativas de 55 e 65% (36,5 e 37,5°C) na incubação de ovos de codornas
apresentaram resultados semelhantes.
A umidade relativa é um fator físico que influencia a perda de peso dos ovos,
ou seja, controla a evaporação da água presente no ovo (DECUYPERE &
BRUGGEMAN 2007). A perda de peso (em porcentagem) é utilizada como
ferramenta para avaliação do processo de incubação (TULLETT & BURTON, 1982).
Segundo DECUYPERE & BRUGGEMAN (2007) a perda de peso em ovos de
galinhas é considerada ótima quando os valores se situam entre 11 e 13%, podendo
haver variações de 5 a 20% devido a diferenças na condutância da casca.
A idade da matriz tem forte influência sobre o rendimento da incubação.
Matrizes jovens estão associadas a ovos com baixo potencial de eclosão, maiores
períodos de incubação, além de produzirem ovos menores, com maior densidade de
albúmen e maior espessura de casca e membrana, características que reunidas
resultam em menor eclodibilidade e menor taxa de sobrevivência dos neonatos
(BRUZUAL et al., 2000; MAIORKA et al., 2003).
A disponibilidade de estudos que relacionem a umidade relativa na incubação
de ovos de codornas é limitada, e os existentes, trabalham com temperaturas
diferentes, o que inevitavelmente influencia a carga de vapor de água nas
incubadoras. Portanto, há dificuldade em se estabelecer qual a umidade ideal para a
incubação de ovos de codornas. Esse cenário evidencia uma falta de padronização
de parâmetros básicos como a temperatura e umidade relativa, que são essenciais
no sucesso do processo de incubação de ovos.
Portanto, o presente trabalho teve como objetivo, testar o efeito de duas
umidades relativas durante todo o período produtivo da matriz de codornas
ϳϲ
japonesas, para se determinar a umidade e a idade que resulte em melhores índices
no processo de incubação.
ϳϳ
2. Material e Métodos
2.1. Caracterização do local experimental
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de
Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de
Jaboticabal, no período constituído entre 28 de junho de 2011 a 24 de dezembro de
2011.
As incubadoras foram instaladas em uma sala de 3,5 m x 2,5 m (8,75 m²),
com pé direito de 3 m construída em alvenaria, piso frio, coberta com telhas de barro
e forro plástico para isolamento. A sala possuía duas portas e uma janela, sendo
que esta última foi bloqueada com placas de isopor cobertas com folhas “off-set”
pretas para isolamento térmico e luminoso. O controle da temperatura interna foi
regulado através de um ar-condicionado tipo “split” ciclo frio e quente de 10.000
BTU.
2.2. Animais e delineamento experimental
Foram utilizados no presente experimento 2160 ovos obtidos do incubatório
comercial “VICAMI Codornas” localizado em Assis-SP.
O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas
coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14
semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31
semanas).
Em cada idade, os ovos foram apanhados no período da manhã e
acondicionados em caixas plásticas de 30 ovos, sendo que, durante o transporte até
a faculdade, os ovos foram mantidos à temperatura de 25ºC. No setor de avicultura,
os ovos foram armazenados na sala de incubação em temperatura de 25ºC até o dia
seguinte, quando se iniciou o processo de incubação.
Foram utilizadas duas incubadoras Premium Ecológica, modelo IP-130 com
capacidade para 270 ovos de codornas. As incubadoras possuíam dimensões de 26
cm de altura, 67 cm de largura e 90 cm de comprimento, sendo constituída de uma
base e uma tampa. O material utilizado na construção da base foi o plástico PS
(poliestireno) e servia como suporte para os roletes rotativos, a tampa, e a garrafa
reguladora de umidade. A tampa era feita em plástico do tipo PETG (Polyethylene
ϳϴ
Terephtalate Glycol-modified), o qual possuía uma resistência do tipo mola com 200
W de potência utilizada para o aquecimento da incubadora e, um ventilador com 120
mm de diâmetro para indução da circulação de ar. A temperatura e a viragem eram
controladas automaticamente por um termostato digital TDD FULLGAUGE modelo
MT520. Os ovos foram alojados em posição horizontal sobre os roletes rotativos.
O delineamento experimental foi em esquema fatorial 2 x 4, sendo duas
umidades relativas (60% e 70%) e quatro idades de matrizes (8, 14, 21 e 31
semanas), com os ovos classificados por peso (6 blocos – Tabela 2), conforme
esquema estatístico apresentado na Tabela 1. Os ovos foram incubados a uma
temperatura de 38,5°C, determinada como ideal no Capítulo 2, e virados a cada
hora.
Tabela 1. Esquema estatístico do experimento.
Fontes de variação
Umidade
Idade
Bloco
Umidade x Idade
Resíduo
Total
Graus de Liberdade
1
3
5
3
2147
2159
Todos os ovos foram identificados, individualmente, em três regiões e
pesados para formação dos blocos de acordo com a Tabela 2.
As matrizes durante o período de postura foram alimentadas diariamente com
ração com 2744kcal/kg de energia metabolizável, 21,42% de proteína bruta, 3,56%
de cálcio disponível e 0,679% de fósforo total.
ϳϵ
Tabela 2. Números de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos
experimentais em função da idade das matrizes.
Umidade
60%
70%
7,94-10,00
48
52
10,01-10,45
51
42
60%
70%
7,93-10,46
24
32
10,47-10,97
34
41
60%
70%
8,50-10,57
48
50
10,58-11,00
45
37
60%
70%
8,94-10,43
55
54
10,44-10,88
42
50
Número de Ovos
8 semanas
Faixa de Peso (g)
10,46-10,85 10,86-11,22
40
45
43
38
14 semanas
Faixa de Peso (g)
10,98-11,33 11,34-11,80
36
59
38
62
21 semanas
Faixa de Peso (g)
11,01-11,34 11,35-11,80
31
60
51
52
31 semanas
Faixa de Peso (g)
10,89-11,22 11,23-11,55
53
30
38
37
11,23-11,66
38
39
11,67-14,21
48
56
11,81-12,23
51
40
12,24-12,23
66
57
11,81-12,23
42
33
12,24-13,54
44
47
11,56-12,04
45
56
12,05-14,11
45
35
2.3. Peso inicial dos ovos
Na Tabela 3 estão apresentados os pesos iniciais dos ovos por umidade
relativa na incubadora e pela idade da matriz.
Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por umidade relativa e idade da
matriz.
Peso inicial dos ovos
Fatores
---------------g-------------Umidade (U)
60%
11,24
70%
11,21
Idade (I)
8 semanas
10,84
14 semanas
11,58
21 semanas
11,36
31 semanas
11,17
Na Tabela 4 estão apresentados os pesos médios dos ovos alojados no início
de cada incubação, por umidade relativa na incubadora nas idades de 8, 14, 21 e 31
semanas.
ϴϬ
Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados
por umidade relativa de incubação.
Umidade
Idade
60%
70%
8 semanas
10,84
10,88
14 semanas
11,37
11,39
21 semanas
11,42
11,34
31 semanas
11,24
11,23
2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas
No
14° dia
de
incubação
(336
horas),
os
ovos
foram
pesados,
individualmente, para determinação da porcentagem de perda de peso (perda de
peso = peso inicial dos ovos – peso dos ovos na transferência).
Com o auxílio de um ovoscópio de lâmpada fria (fluorescente), os ovos claros
foram descartados e os férteis foram pesados, embalados em saquinhos de tule (10
x 20 cm) e transferidos para nascedouros com a mesma temperatura e umidade em
que foram incubados.
Entre o 15° dia (360 horas) e o final da eclosão, os ovos foram observados,
individualmente, a cada três horas, sendo registrados o número de aves nascidas e
o seu respectivo peso. Para cada ovo, o período de incubação foi definido como o
tempo decorrido, em horas, entre o início da incubação e a eclosão. A curva de
eclosão foi definida como a dispersão entre a porcentagem de eclosão e a duração
da incubação. Para o cálculo da eclodibilidade utilizou-se a seguinte equação:
Eclodibilidade = 100 x (número de pintos nascidos /número de ovos férteis
incubados).
O rendimento da incubação foi avaliado através da eclodibilidade dos ovos
férteis, duração do período de incubação, perda de peso dos ovos, peso e qualidade
da codorna ao nascer.
2.5. Qualidade das codornas
Após o término da incubação, todas as codornas foram examinadas,
macroscopicamente, com a finalidade de classificar a qualidade das aves nascidas.
Essa classificação foi realizada de acordo com a metodologia de TONA et al. (2003)
modificada. Da metodologia original, não foram analisados os parâmetros retração
da gema, membrana remanescente e gema remanescente. Os valores dos escores
ϴϭ
analisados foram mantidos, portanto, a escala máxima foi de 60 e a mínima 0. Os
seguintes parâmetros foram analisados:
Atividade da codorninha: Para avaliar-se a atividade colocou-se a ave em
decúbito dorsal, determinando quão rápido ela retornou a posição de pé. Um rápido
retorno à posição de pé foi considerado como bom, mas se arrastar de costa com os
pés ou não levantar foi considerado como fraco.
Penas e aparência: O corpo da ave foi examinado quanto a sua secura e
limpeza. Foi considerado normal quando estava seco e limpo, se estivesse molhado,
sujo ou ambos então foi classificado como ruim.
Olhos: A ave foi colocada de pé e seus olhos foram observados. Foi
estimado o brilho dos olhos e a amplitude de abertura das pálpebras.
Pernas: A ave foi colocada sobre suas pernas para se determinar se esta
permaneceu bem na vertical. Os dedos foram examinados quanto à presença de
deformidades. Se a ave permanecesse de pé com dificuldade, as articulações dos
joelhos foram analisadas para a detecção de sinais de inflamação, vermelhidão ou
ambos.
Área do umbigo: O umbigo e as áreas a sua volta foram examinados quanto
ao fechamento e coloração. Se a cor fosse diferente da cor da pele da ave, então foi
classificado como ruim.
A Tabela 5 apresenta as pontuações para cada característica utilizada na
qualidade das codornas.
Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas.
Escore (pontuação)
Características
Máxima
Intermediária
Atividade
6
Aparência e penas
10
8
Olhos
16
8
Pernas
16
8
Umbigo
12
6
Adaptado de TONA et al. (2003)
Mínimo
0
0
0
0
0
2.6. Embriodiagnóstico
Após o término da incubação, os ovos não eclodidos foram abertos e o
período da mortalidade embrionária foi diagnosticado e classificado em: precoce (1-4
ϴϮ
dias), intermediário (5-15 dias) ou tardio (16-18 dias), conforme apresentado em
PEDROSO et al. (2006), para a análise da frequência do período de mortalidade.
2.7. Análise estatística
Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Foi
utilizado o procedimento PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias
foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).
ϴϯ
3. Resultados e Discussão
Na Tabela 6 estão apresentados os resultados para a eclodibilidade dos ovos
férteis incubados em duas umidades relativas distintas. O uso de umidade relativa
de 60% durante o processo de incubação (temperatura de incubação de 38,5 oC)
resultou em melhor eclodibilidade nas idades de 8, 21 e 31 semanas. Para o fator
idade, as melhores taxas de eclosão foram observadas na 14ª e 21ª semanas com
médias de 84,56 e 84,92%, respectivamente. Na 8ª semana, a eclosão de 68,20%
foi a menor observada em todas as idades estudadas.
No estudo de PEDROSO et al. (2006) foi observado melhora da
eclodibilidade em ovos de codornas japonesas com 19 semanas de idade quando a
umidade relativa da incubadora foi reduzida de 65% para 55% (75,28% e 77,85%,
respectivamente). ROMÃO et al. (2010) ao testarem umidades relativas de
incubação de 36,05%, 52,25% e 76,50% em ovos de codornas japonesas com 22
semanas de idade obtiveram, respectivamente, eclodibilidade dos ovos férteis de
91,83%, 86,12% e 77,82%.
Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de
idade, incubados em umidades relativas de 60 e 70%.
Idade (semanas)
Umidade (%)
Média
8
14
21
31
60
75,00
83,40
86,10
78,37
80,72
70
61,39
85,71
83,73
76,71
76,89
Média
68,20
84,56
84,92
77,54
Pela Tabela 7 observa-se que houve efeito da umidade e da idade da matriz
sobre a duração de incubação, em horas. Ovos incubados com umidade relativa de
60% necessitaram de menos tempo para eclodirem, quando comparados com os
incubados em 70% de umidade.
PEDROSO et al. (2006) observaram que ovos de codornas, incubados com
umidade relativa de 65% necessitaram de menor tempo para eclodirem em
comparação com ovos incubados a 55% de umidade, resultados que contrastam
com os obtidos no presente experimento. BRUZUAL et al. (2000), trabalhando com
ϴϰ
ovos de galinhas, observaram que umidades de incubação de 43, 53, e 63% não
influenciaram o tempo de incubação dos ovos.
Com relação ao fator idade, ovos oriundos de matrizes jovens (8 semanas)
demoraram mais para eclodirem quando comparados com as demais idades. Já, os
provenientes de matrizes velhas (31 semanas), necessitaram de menor tempo de
incubação para eclodirem. Esses resultados são similares aos de ULMER-FRANCO
et al. (2010), que testaram duas idades de matrizes pesadas (29 e 59 semanas), e
observaram que os neonatos oriundos de matrizes jovens demoraram mais para
eclodir em comparação com os de matrizes velhas.
Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao
nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e diferentes idades
da matriz.
Parâmetros Analisados
Fatores
DI (h)
PP (%)
PN (g)
Umidade (U)
60%
397,1 b
8,46 a
8,24 b
70%
399,1 a
6,82 b
8,38 a
Idade (I)
8 semanas
405,5 a
7,46 b
8,06 d
14 semanas
399,3 b
7,15 c
8,54 a
21 semanas
398,3 b
7,55 b
8,34 b
31 semanas
391,3 c
8,86 a
8,18 c
CV (%)
2,91
9,45
4,70
Probabilidades
Bloco
0,4775
0,0002
<0,0001
U
0,0476
<0,0001
<0,0001
I
<0,0001
<0,0001
<0,0001
UxI
0,3018
0,0020
0,6948
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
Na Figura 1 estão apresentados os gráficos com a distribuição dos
nascimentos das codornas (porcentagem), nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas
em função da umidade relativa utilizada na incubadora. Observa-se pelos gráficos
que, com o envelhecer da matriz, os picos de nascimentos dos ovos ocorrem mais
cedo durante a incubação. Tendo como causa provável, o aumento das trocas
gasosas do embrião com o ambiente da incubadora, devido à diminuição na
espessura de casca do ovo. Ambas as umidades relativas possuem distribuição
ϴϱ
relativamente semelhante, exceto em ovos de matrizes com 14 semanas, onde o
pico de nascimento ocorreu mais cedo para ovos incubados com umidade de 60%.
Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a
umidade relativa da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2),
21(3), 31 (4) semanas de idade.
Os resultados para a perda de peso dos ovos estão apresentados na Tabela
7. Observa-se que, ovos incubados em umidade relativa de 60% perderam mais
peso (em porcentagem) durante a incubação, quando comparados com aqueles
incubados em umidade de 70%.
A umidade relativa na incubadora determina a taxa de perda de peso dos
ovos durante o processo de incubação, portanto, quando a umidade é muito baixa,
os ovos perdem água rapidamente, com desidratação embrionária, podendo alguns
embriões não eclodirem, enquanto que outros nascem menores e não tem
desempenho satisfatório no campo. Quando a umidade é muito elevada, resulta em
prejuízo à eclodibilidade e qualidade do neonato (MAULDIN, 2001), pois há menor
perda de calor dos ovos através do processo evaporativo, o que dificulta a
ϴϲ
manutenção da adequada da temperatura embrionária (CALIL, 2011). Assim, a
perda de peso tem sido utilizada como uma ferramenta eficaz para se avaliar o
rendimento do processo de incubação (TULLET & BURTON, 1982). Em ovos de
galinhas, a perda de peso pode ser considerada como ótima, quando estiver entre
0,60% e 0,65% do peso total do ovo por dia, ou perder aproximadamente 12% do
peso inicial do ovo durante os primeiros 19 dias de incubação (MAULDIN, 2001).
Essa perda de peso dos ovos ocorre como resultado da saída de moléculas
de água do interior do ovo para o ambiente da incubadora. As moléculas de água na
forma de vapor, atravessam a casca pelos poros existentes em toda a superfície do
ovo, por meio de um processo denominado difusão. Esse processo ocorre a favor de
um gradiente de concentração, ou seja, de uma área com maior concentração de
moléculas para uma região menos concentrada. Quando ocorre a perda de água
através da casca dos ovos não há gasto energético por parte do embrião, pois está,
simplesmente, relacionada à energia cinética que as moléculas possuem entre o
ambiente externo e interno. Portanto, como a pressão de vapor de água dentro do
ovo é maior do que a do ambiente da incubadora, o processo de difusão se
encarrega de movimentar as moléculas de água do interior do ovo para o exterior
através dos poros da casca (LA SCALA, 2003).
No trabalho realizado por PEDROSO et al. (2006), a perda de peso foi maior
em ovos de matrizes de codornas incubados em umidade relativa de 55%, quando
comparados com ovos incubados em 65% de umidade. Também trabalhando com
ovos de matrizes de codornas, ROMÃO et al. (2010) testaram três valores de
umidades relativas na incubação (36,05%, 52,25% e 76,50%), e em seus resultados,
observaram que quanto menor a umidade da incubadora, maior a perda de peso do
ovo (11,96%, 8,94% e 4,89%, respectivamente). BARBOSA et al. (2008), testando
umidades relativas de 48, 56 e 64% na incubação de ovos de matrizes leves de
galinhas, observaram que, com o aumento da umidade relativa da incubadora,
houve decréscimo na perda de peso dos ovos.
Nos trabalhos de PEDROSO et al. (2006), ROMÃO et al. (2009) e BARBOSA
et al. (2008), os autores trabalharam com temperaturas de incubação mais baixas do
que as utilizadas no presente experimento, (36,5, 37,5ºC; 37,5°C e 37,2°C
respectivamente). Portanto, é importante salientar que, para umidades relativas
ϴϳ
semelhantes, uma comparação numérica das médias de perda de peso entre os
trabalhos citados e o presente experimento pode levar a conclusões precipitadas,
pois a umidade relativa do ar é influenciada pela temperatura do ambiente na
incubadora. Partindo-se da definição de que a umidade relativa é a razão entre a
umidade absoluta do ar (pressão de vapor de água, ou a quantidade de água em
suspensão no ar) pelo ponto de saturação (pressão de saturação de vapor de água,
ou máxima quantidade de vapor de água em suspensão comportada no ar), e que
esse último parâmetro é altamente dependente da temperatura do ar, pode-se
concluir que, em cada um dos trabalhos citados, as incubadoras possuíam
quantidades diferentes de moléculas de água em suspensão no ar.
A pressão de saturação de vapor aumenta quando a temperatura do ar se
eleva, em outras palavras, há um aumento na capacidade do ar de reter vapor
d’água. Portanto, no presente trabalho, o ar contido no interior das incubadoras
possuía carga de vapor de água em suspensão maior do que os trabalhos citados
anteriormente.
Entretanto, o aumento da perda de peso com a redução da umidade relativa é
um efeito importante a ser considerado. O trabalho de ROMÃO et al. (2010) fornece
evidências de que a incubação de ovos de codornas necessita de umidade relativa
mais baixa quando comparada com a utilizada em ovos de galinhas, pois uma alta
eclodibilidade (91,83%) foi obtida em umidade de 36,05% em temperatura de
37,5°C, quando comparado com os demais tratamentos (52,25% e 76,50%). Porém,
outros trabalhos que testem baixas umidades são necessários para se comprovar tal
efeito, pois um parâmetro importante que é a qualidade das aves não foi analisada
no trabalho de ROMÃO et al. (2010), e sabe-se que maior eclodibilidade nem
sempre é sinônimo de alta qualidade de aves de um dia (DECUYPERE & MICHELS,
1992).
Pela Tabela 7 observa-se que os ovos de matrizes com 31 semanas
perderam mais peso durante a incubação quando comparados com os ovos
produzidos nas demais idades. No pico de postura da matriz, os ovos produzidos
apresentaram a menor perda de peso dentre todas as idades estudadas, enquanto
que a perda ocorrida nas idades de 8 e 21 semanas não diferiram entre si.
ϴϴ
A menor e a maior perda de peso dos ovos originados de matrizes com 14 e
31 semanas, respectivamente, podem ser explicadas pela espessura da casca
nessas idades (Tabela 4 – Capítulo 2). Quando a perda de peso foi baixa (14
semanas), observou-se maior espessura da casca, ocorrendo efeito contrário na 31ª
semana de idade onde a perda de peso foi maior e a casca era menos espessa.
A casca do ovo funciona como uma barreira, dificultando a perda de umidade
do ovo (MAULDIN, 2001), portanto quanto mais espessa a casca, maior será o
caminho que as moléculas de água necessitam atravessar pelos poros, dificultando
a perda de peso. A casca é considerada uma câmara embrionária que deve atender
as demandas do embrião e, para isso, ela tem que lidar com funções antagônicas
como, facilitar a troca de gases e controlar a perda de água (SOLOMON, 2010).
Ovos incubados com umidade relativa de 70% resultaram em codornas mais
pesadas, quando comparados com os incubados a 60% de umidade. Com relação
ao fator idade da matriz, houve aumento no peso da codorna ao nascer entre as
idades de oito e 14 semanas. O maior peso do neonato foi observado no pico de
postura da matriz (14º semanas), sendo que após esse período o peso do neonato
decresceu até a 31ª semana de idade.
BARBOSA et al. (2008) testando três umidades relativas (48, 56 e 64%) na
incubação de ovos de matrizes leves de galinhas observaram que, 64% de umidade
resultou em pintinhos mais pesados quando comparados com umidades de 48 e
56%.
Trabalhando com codornas japonesas ROMÃO et al. (2010) observaram que,
quando os ovos de matrizes foram incubados em umidade relativa de 76,50% (alta
umidade), as codornas nasceram mais pesadas quando comparadas com as dos
ovos incubados em umidade de 52,25% (umidade intermediária) e 36,05% (umidade
baixa). Entretanto, os neonatos eclodiram mais pesados na umidade relativa baixa,
quando comparados com os incubados em umidade intermediária. Segundo os
autores, esse efeito foi devido ao maior peso inicial dos ovos do grupo incubado em
baixa umidade relativa (12,70 ± 0,88g), em comparação com o grupo de umidade
intermediária (12,20 ± 0,90g).
BRUZUAL et al. (2000) testaram umidades relativas na incubação de 43, 53 e
63% em ovos de matrizes pesadas de frangos e observaram que as aves nasceram
ϴϵ
mais pesadas quando se aumentou a umidade. Entretanto, esta diferença não se
manteve no momento da retirada dos pintinhos das incubadoras. Para os autores,
essa diferença de peso ocorreu devido a maior quantidade de água nas aves no
nascimento, que mesmo em condições de alta umidade relativa foi rapidamente
perdida no período entre o nascimento e a retirada das aves dos nascedouros.
Segundo DAVIS et al. (1988) embriões originados de ovos com baixa perda de
umidade armazenam água sob a pele e entre os músculos.
Com relação à idade da matriz, o peso das codornas no nascimento (Tabela
7) apresentou resposta semelhante ao que ocorreu para o peso do ovo (Tabela 3).
Observou-se que, a resposta do peso das codornas durante o envelhecer da matriz,
acompanhou as alterações que ocorreram no peso dos ovos. Portanto, quando os
ovos eram mais pesados (14ª semanas), as aves nasceram mais pesadas. Por outro
lado, ovos mais leves (8ª semanas) originaram aves leves. A partir da 14ª semana
de idade da matriz, houve decréscimo no peso dos ovos, igualmente, houve redução
no peso dos neonatos.
Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em
diferentes umidades relativas e idades de matriz
Fatores
Qualidade da Codorna
Umidade (U)
60%
58,62 a
70%
58,15 b
Idade (I)
8 semanas
58,42 ab
14 semanas
58,78 a
21 semanas
58,43 ab
31 semanas
57,91 b
CV (%)
5,46
Probabilidades
U
0,0153
I
0,0028
UxI
0,522
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
Na Tabela 8 estão apresentados os resultados para qualidade das codornas
ao nascer, quando os ovos foram incubados em duas umidades relativas (60 e 70%)
com diferentes idades da matriz. Pode-se observar que a qualidade da codorna foi
melhor quando os ovos foram incubados em máquinas com umidade relativa de 60%
ϵϬ
em comparação com os ovos incubados a 70%. Pela análise dos dados observou-se
que, o pior escore para neonatos foi obtido para os oriundos de incubação com 70%
de umidade relativa (problemas de umbigo).
Em relação ao fator idade, a melhor qualidade do neonato foi observada nas
matrizes com 14 semanas de idade quando comparados com os de matrizes de 31
semanas. As idades de 8 e 21 semanas não diferiram entre si, e não diferiram das
demais idades.
A frequência do período de mortalidade dos embriões incubados sob
umidades relativa de 60 e 70%, durante a vida produtiva da matriz (8, 14, 21 e 31
semanas) está apresentada na Tabela 9.
Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões para ovos incubados
sob diferentes umidades relativas e oriundos de diferentes idades de matrizes.
Umidade
Fase
Semanas
60%
70%
8
18,89
13,33
14
18,06
0,00
Precoce
21
15,79
13,16
31
7,55
9,43
8
3,33
4,44
14
9,72
4,17
Intermediária
21
3,95
9,21
31
7,55
8,49
8
3,33
21,11
14
13,89
16,67
Tardia
21
7,89
11,84
31
13,21
16,04
8
13,33
22,22
14
18,06
19,44
Pós-Bicado
21
19,74
18,42
31
20,75
16,98
Pela Tabela 9 observa-se que os ovos incubados em umidade relativa de
70% apresentaram maior frequência de mortalidade embrionária na fase tardia,
sendo esse efeito mais evidente quando as matrizes tinham 8 e 21 semanas.
Assim, como observado no presente experimento, os trabalhos de BRUZUAL
et al. (2000) e ROMÃO et al. (2010) demonstraram aumento na mortalidade
ϵϭ
embrionária tardia quando os ovos foram incubados em umidades relativas
elevadas.
Esse aumento na mortalidade tardia dos embriões pode estar relacionado à
menor perda de calor por evaporação dos ovos em incubadoras com alta umidade
relativa. Com eliminação deficiente de calor, a temperatura corporal do embrião
tende a se elevar, sendo que esta influencia fortemente o crescimento do embrião
(TAZAWA & WHITTOW, 2000). Portanto, quanto mais alta a temperatura do
embrião, mais rápido é o seu desenvolvimento, consequentemente, há um aumento
exponencial na demanda de oxigênio e na eliminação de CO2 (CALIL, 2011).
Possivelmente, devido à limitação da casca em lidar com esse aumento na demanda
de oxigênio por parte do embrião, este entra em quadro crítico de hipóxia ou até
mesmo anaerobiose (CALIL, 2011), consequentemente, aumentando a frequência
de mortalidade tardia nos embriões.
Conforme demonstrado por HAMIDU et al. (2007), o consumo de O2 pelos
embriões contidos em ovos de galinhas com 40 semanas (pico de produção),
apresenta aumento consideravelmente grande durante a incubação, partindo de
5mL no primeiro dia para 1155,2 mL no 21º dia de incubação. Portanto, em
situações de alta umidade, a quantidade de oxigênio que atravessa a casca pode
ser insuficiente para o metabolismo do embrião, e esse utilizará menos lipídios da
gema como fonte de energia, e passará a utilizar o glicogênio dos tecidos, pois se
sabe que é necessária uma menor quantidade de O2 para metabolizar carboidratos
do que lipídios (CHRISTENSEN et al., 1995).
O “internal pipping” ou também chamado de bicagem interna, consiste na fase
em que o embrião perfura a câmara de ar do ovo e inicia sua respiração pulmonar.
Essa fase se inicia quando a demanda de oxigênio do embrião é maior do que a
casca é capaz de fornecer através do processo de difusão. Nesse período, devido
ao menor aporte de oxigênio, o embrião necessita metabolizar os carboidratos
armazenados na forma de glicogênio, fornecendo assim uma fonte anaeróbica de
energia (PEARCE & BROWN, 1971).
Assim, a maior taxa de morte embrionária tardia nos ovos incubados em
umidade relativa mais alta pode estar relacionada à mudança da forma de obtenção
de energia para crescimento e manutenção do embrião. Pois, com disponibilidade
ϵϮ
de oxigênio abaixo do requerido, o embrião passa a utilizar mais glicogênio ao invés
dos lipídios contidos na gema, quando comparados com embriões incubados em
umidades mais baixas. Talvez essa mudança no metabolismo pode, ao longo da
incubação, diminuir a quantidade de carboidratos (glicogênio), que seriam
armazenados e utilizados no período em que a casca dos ovos não tem a
capacidade de permitir maiores aportes de oxigênio para o embrião, ou seja, o
período entre o “internal pipping” e a eclosão. Com menor reserva de glicogênio para
manter os músculos em um período de grande esforço, talvez alguns embriões
falhem em eclodir. Porém, não há artigos que relacionem diretamente diferentes
umidades relativas, metabolismo do embrião (consumo de O2 e CO2) e produção de
glicogênio hepático ou muscular nas aves.
O uso de 60% de umidade relativa na incubação aumentou a incidência de
mortalidade precoce nas idades de 8, 14 e 21 semanas. SOLIMAN et al. (1994), ao
medirem a perda de peso em diferentes intervalos da incubação de ovos de
codornas (0 a 5; 5 a 10; 10 a 15 dias), observaram que, ovos que continham
embriões com mortalidade inicial, apresentavam maior perda de peso em todas as
fases. Portanto, os autores sugeriram que esta mortalidade precoce do embrião
estaria relacionada a excessiva perda de água dos ovos. Pelos resultados citados e
os obtidos no presente experimento, o uso de baixa umidade relativa na incubadora
leva a aumento na taxa de mortalidade embrionária precoce em ovos de codornas,
tendo como possível explicação, a desidratação do embrião em desenvolvimento.
ϵϯ
4. Conclusões
Pelos resultados do presente trabalho recomenda-se o uso de 60% de
umidade relativa na incubação de ovos de codornas japonesas, por proporcionar
melhores resultados no processo de incubação e na qualidade da codorna.
Matrizes de codornas com 14 e 21 semanas de idade produzem ovos que
resultam em melhores índices na incubação, devido as maiores taxas de
eclodibilidade.
ϵϰ
5. Referências
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ϵϳ
CAPÍTULO 5 – EFEITO DA FREQUÊNCIA DE VIRAGEM E DA IDADE DA MATRIZ
SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E QUALIDADE PÓS-ECLOSÃO
DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica)
RESUMO - O experimento teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes
frequências de viragem dos ovos oriundos de matrizes de diferentes idades sobre o
desenvolvimento embrionário e qualidade das codornas japonesas. O mesmo lote
de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas coletas de dados no
início da vida reprodutiva, no pico de postura e duas ao longo do período de
decréscimo do ciclo reprodutivo da ave. Foram utilizados 3240 ovos os quais foram
distribuídos em delineamento em blocos casualizados, em um esquema fatorial 3x4,
sendo três frequências de viragem (2h, 1h e 0,5h), quatro idades de matriz (8, 14, 21
e 31 semanas) e seis blocos. Os parâmetros analisados foram: perda de peso dos
ovos, duração da incubação, eclodibilidade, peso das codornas ao nascer, qualidade
das codornas e período de mortalidade embrionária. A viragem dos ovos a cada
duas horas resultou em maior eclodibilidade na 8ª e 30ª semanas, assim como, na
média do fator idade. Matrizes em pico de produção (14 semanas) produziram ovos
com maior média de eclodibilidade. Ovos virados a cada 0,5 horas necessitaram de
mais tempo para eclodirem, perderam menos peso, resultaram em menor
mortalidade embrionária intermediária e maior mortalidade tardia. Matrizes mais
velhas produziram ovos que necessitaram de menos tempo para eclodirem e
perderam mais peso. Pode-se concluir que a viragem dos ovos a cada 2 horas é a
que proporciona melhores índices na incubação, assim como, o uso de ovos de
matrizes com 21 semanas de idade.
Palavras-Chave: codorna, eclodibilidade, idade da matriz, viragem do ovo
ϵϴ
CHAPTER 5 - EFFECT OF TURNING FREQUENCY AND THE BREEDER AGE ON
THE EMBRYONIC DEVELOPMENT AND POST-HATCHING QUALITY OF
JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica)
ABSTRACT - The study aimed to evaluate the effect of different turning frequencies
of eggs from breeders of different ages on embryonic development and quality of
Japanese quail. The same herd of quail breeders was accompanied, and data were
collected at the beginning of reproductive life, the peak of egg production and over
the period of decline in the reproductive cycle of the bird. It was used 3240 eggs
distributed in a randomized block design in a 3x4 factorial scheme, with three turning
frequencies (2h, 1h and 0.5 h), four breeder ages (8, 14, 21 and 31 weeks) and six
blocks. The parameters analyzed were eggs' weight loss, incubation duration,
hatchability, quail weight at birth, quail quality and embryo mortality period. The
turning of eggs every two hours resulted in higher hatchability in the 8th and 30th
weeks, as well as the average for the age factor. Quail breeders in peak production
(14 weeks) produced eggs with higher average hatchability. Eggs turned every 0.5
hours needed more time to hatch, lost less weight, resulted in less intermediate
embryonic mortality and higher late mortality. Older breeders produced eggs that
required less time to hatch and lost more weight. It can be concluded that the egg
turning every 2 hours is the one that provides the best incubation indexes, as well as
the use of eggs from breeders with 21 weeks of age.
Key-words: breeder age, hatchability, quail, egg turning
ϵϵ
1. Introdução
A viragem dos ovos tem como finalidade reduzir a frequência de malposicionamento do embrião, prevenir a adesão das membranas embrionárias, ou do
embrião na membrana da casca, permitir o fechamento completo da membrana
corionalantóide na região fina do ovo, além de permitir o uso ideal do albúmen pelo
embrião (DEEMING, 2002; TONA et al., 2005). A falta de viragem dos ovos, durante
a incubação, acarreta em atraso na eclosão e piora na qualidade do neonato (TONA
et al., 2003). Esse atraso é resultado da demora no desenvolvimento da membrana
do saco vitelínico e ao grau de absorção do albúmen que, em galinhas, se completa
entre o 12° e 13° dias de incubação (TULLET & DEEMING, 1987). EYCLESHYMER
(1907), um dos primeiros autores a estudar os efeitos negativos da falta de viragem
em ovos de galinhas, observou baixa eclodibilidade em ovos não virados (15%).
A maior parte dos trabalhos disponíveis, relacionados ao processo de
viragem, foi realizado com ovos de galinhas e poucos estudos foram realizados para
outras espécies.
OLSEN & BYERLEY (1936) observaram que, virar os ovos de matrizes de
frango 48 e 96 vezes ao dia, resultou em melhor eclodibilidade, quando comparado
com três vezes diárias. Na década de 1950, KUIPER & UBELS (1951) e KALTOFEN
(1955) demonstraram que virar os ovos 24 vezes por dia, resultou em melhor
eclodibilidade, do que frequências de viragens menores. ELIBOL & BRAKE (2003)
ao testarem frequências diárias de viragens de 24, 48 e 96 vezes, entre o 3º e o 11º
dia de incubação, observaram maior eclodibilidade em ovos de matrizes de frangos
virados 96 vezes, quando comparado com as demais frequências. ELIBOL & BRAKE
(2006) observaram aumento na eclodibilidade e menor mortalidade embrionária
tardia em ovos de matrizes de frangos virados 96 vezes ao dia, comparados com
ovos virados 24 vezes. Apesar da viragem diária de 96 vezes proporcionar melhores
resultados do que viragens menos frequentes, o que se observa, em condições de
campo, é a adoção de viragem a cada hora. Isso ocorre porque o ganho de
eclodibilidade entre as duas viragens é pequena, o que faz com que os gastos
extras com uma viragem de 96 vezes não seja vantajosa.
A idade da matriz tem forte influência sobre a qualidade do ovo
(NOWACZEWSKI et al., 2010), pois sabe-se que a proporção de seus constituintes
ϭϬϬ
variam com o avanço da idade da matriz. Aves velhas produzem ovos com maior
porcentagem de gema, menor porcentagem de albúmen e casca, além de baixo
valor de unidade Haugh, sendo que esse último, indica uma piora na qualidade do
albúmen (FARIA, et al., 1999; ULMER-FRANCO et al., 2010). Segundo WILSON
(1997), ovos incubáveis de qualidade superior (ovos de matrizes jovens), são menos
sensíveis a diminuição na viragem, quando comparados com ovos de qualidade
inferior (ovos de matrizes velhas). ELIBOL & BRAKE (2004; 2006) observaram
aumento na eclodibilidade, quando se aumenta a frequência de viragens em ovos de
matrizes velhas.
Diante da falta de trabalhos relacionados à frequência de viragem e a idade
da matriz para codornas japonesas, objetivou-se verificar o efeito de três frequências
de viragem de ovos e quatro idades da matriz, com o propósito de se identificar a
viragem e a idade que resulte em melhores índices na incubação.
ϭϬϭ
2. Material e Métodos
2.1. Caracterização do local experimental
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de
Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de
Jaboticabal, no período constituído entre 2 de março de 2012 a 28 de agosto de
2012.
As incubadoras foram instaladas em uma sala de 3,5 m x 2,5 m (8,75 m²),
com pé direito de 3m construída em alvenaria, piso frio, coberta com telhas de barro
e forro plástico para isolamento. A sala possuía duas portas e uma janela, sendo
que esta última foi bloqueada com placas de isopor cobertas com folhas “off-set”
pretas para isolamento térmico e luminoso. O controle da temperatura interna foi
regulado através de um ar-condicionado tipo “split” ciclo frio e quente de 10.000
BTU.
2.2. Animais e delineamento experimental
Foram utilizados no presente experimento um total de 3240 ovos obtidos do
incubatório comercial “VICAMI Codornas”, localizado em Assis-SP.
O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas
coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14
semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31
semanas).
Em cada idade, os ovos foram apanhados no período da manhã e
acondicionados em caixas plásticas de 30 ovos, sendo que, durante o transporte até
a faculdade, os ovos foram mantidos à temperatura de 25ºC. No setor de avicultura,
os ovos foram armazenados na sala de incubação em temperatura de 25ºC até o dia
seguinte, quando se iniciou o processo de incubação.
Foram utilizadas três incubadoras Premium Ecológica, modelo IP-130 com
capacidade para 270 ovos de codornas. As incubadoras possuíam dimensões de 26
cm de altura, 67 cm de largura e 90 cm de comprimento, sendo constituída de uma
base e uma tampa. O material utilizado na construção da base foi o plástico PS
(poliestireno) e servia como suporte para os roletes rotativos, a tampa, e a garrafa
reguladora de umidade. A tampa era feita em plástico do tipo PETG (Polyethylene
ϭϬϮ
Terephtalate Glycol-modified), o qual possuía uma resistência do tipo mola com 200
W de potência utilizada para o aquecimento da incubadora e, um ventilador com 120
mm de diâmetro para indução da circulação de ar. A temperatura e a viragem eram
controladas automaticamente por um termostato digital TDD FULLGAUGE modelo
MT520. Os ovos foram alojados em posição horizontal sobre os roletes rotativos.
O delineamento experimental foi em esquema fatorial 3 x 4, sendo três
frequências de viragem (a cada 0,5, 1 e 2 h) e quatro idades de matrizes (8, 14, 21 e
31 semanas) e 6 blocos, conforme esquema estatístico apresentado na Tabela 1.
Cada bloco foi considerado como o conjunto de 45 ovos em 3 roletes consecutivos,
dessa forma representando diferentes locais na incubadora. Os ovos foram
incubados a uma temperatura de 38,5°C e 60% de umidade relativa, determinados
como ideais nos capítulos 3 e 4, respectivamente. Todos os ovos foram
identificados, individualmente, em três regiões e pesados para formação dos blocos
de acordo com a Tabela 2.
Tabela 1. Esquema estatístico do experimento.
Fontes de variação
Viragem
Idade
Bloco
Viragem x Idade
Resíduo
Total
Graus de Liberdade
2
3
5
6
3223
3239
ϭϬϯ
Tabela 2. Peso médio inicial dos ovos (gramas), por bloco
viragem em função da idade da matriz.
Peso dos ovos
8 semanas
Viragem
(horas)
Blocos
1
2
3
4
2h
10,95
10,86
10,59
10,96
1h
10,82
10,92
10,92
10,88
0,5 h
10,84
11,07
10,97
10,79
14 semanas
Blocos
1
2
3
4
2h
11,28
11,07
11,69
11,48
1h
11,55
11,40
11,23
11,18
0,5 h
11,52
11,12
11,32
11,24
21 semanas
Blocos
1
2
3
4
2h
11,36
11,60
11,44
11,27
1h
11,42
11,29
11,20
11,34
0,5 h
11,20
11,40
11,47
11,44
31 semanas
Blocos
1
2
3
4
2h
11,31
11,68
11,58
11,66
1h
11,67
11,49
11,40
11,81
0,5 h
11,20
11,37
11,51
11,59
e por frequência de
5
10,94
10,76
10,94
6
10,84
11,07
10,94
5
11,60
11,53
11,18
6
11,40
11,49
11,18
5
11,23
11,27
11,48
6
11,72
11,53
11,40
5
11,86
11,54
11,62
6
11,37
11,36
11,39
2.3. Peso inicial dos ovos
Na Tabela 3 estão apresentados os pesos médios iniciais dos ovos alojados
no início da incubação, nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas.
Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por frequência de viragem e idade
da matriz.
Peso inicial dos ovos
Fatores
---------------g-------------Viragem (V)
2h
11,31
1h
11,29
0,5h
11,26
Idade (I)
8 semanas
10,89
14 semanas
11,36
21 semanas
11,39
31 semanas
11,51
ϭϬϰ
Os pesos médios iniciais dos ovos por frequência de viragem e idade da
matriz estão apresentados na Tabela 4.
Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados
por frequência de viragem.
Viragem
Idade
2h
1h
0,5h
8 semanas
10,85
10,89
10,92
14 semanas
11,42
11,40
11,26
21 semanas
11,44
11,34
11,40
31 semanas
11,54
11,55
11,45
2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas
No
14° dia
de
incubação
(336
horas),
os
ovos
foram
pesados,
individualmente, para determinação da porcentagem de perda de peso (perda de
peso = peso inicial dos ovos – peso dos ovos na transferência).
Com o auxílio de um ovoscópio de lâmpada fria (fluorescente), os ovos claros
foram descartados e os férteis foram pesados, embalados em saquinhos de tule (10
x 20 cm) e transferidos para nascedouros com a mesma temperatura e umidade em
que foram incubados.
Entre o 15° dia (360 horas) e o final da eclosão, os ovos foram observados,
individualmente, a cada três horas, sendo registrados o número de aves nascidas e
o seu respectivo peso. Para cada ovo, o período de incubação foi definido como o
tempo decorrido, em horas, entre o início da incubação e a eclosão. A curva de
eclosão foi definida como a dispersão entre a porcentagem de eclosão e a duração
da incubação. Para o cálculo da eclodibilidade utilizou-se a seguinte equação:
Eclodibilidade = 100 x (número de pintos nascidos /número de ovos férteis
incubados).
O rendimento da incubação foi avaliado através da eclodibilidade dos ovos
férteis, duração do período de incubação, perda de peso dos ovos, peso e qualidade
da codorna ao nascer.
ϭϬϱ
2.5. Qualidade das codornas
Após o término da incubação, todas as codornas foram examinadas,
macroscopicamente, com a finalidade de classificar a qualidade das aves nascidas.
Essa classificação foi realizada de acordo com a metodologia de TONA et al. (2003)
modificada. Da metodologia original, não foram analisados os parâmetros retração
da gema, membrana remanescente e gema remanescente. Os valores dos escores
analisados foram mantidos, portanto, a escala máxima foi de 60 e a mínima 0. Os
seguintes parâmetros foram analisados:
Atividade da codorninha: Para avaliar-se a atividade colocou-se a ave em
decúbito dorsal, determinando quão rápido ela retornou a posição de pé. Um rápido
retorno à posição de pé foi considerado como bom, mas se arrastar de costa com os
pés ou não levantar foi considerado como fraco.
Penas e aparência: O corpo da ave foi examinado quanto a sua secura e
limpeza. Foi considerado normal quando estava seco e limpo, se estivesse molhado,
sujo ou ambos então foi classificado como ruim.
Olhos: A ave foi colocada de pé e seus olhos foram observados. Foi
estimado o brilho dos olhos e a amplitude de abertura das pálpebras.
Pernas: A ave foi colocada sobre suas pernas para se determinar se esta
permaneceu bem na vertical. Os dedos foram examinados quanto à presença de
deformidades. Se a ave permanecesse de pé com dificuldade, as articulações dos
joelhos foram analisadas para a detecção de sinais de inflamação, vermelhidão ou
ambos.
Área do umbigo: O umbigo e as áreas a sua volta foram examinados quanto
ao fechamento e coloração. Se a cor fosse diferente da cor da pele da ave, então foi
classificado como ruim.
A Tabela 5 demonstra as pontuações para cada característica utilizada na
qualidade das codornas.
ϭϬϲ
Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas.
Escore (pontuação)
Características
Máxima
Intermediária
Atividade
6
Aparência e penas
10
8
Olhos
16
8
Pernas
16
8
Umbigo
12
6
Adaptado de TONA et al. (2003)
Mínimo
0
0
0
0
0
2.6. Embriodiagnóstico
Após o término da incubação, os ovos não eclodidos foram abertos e o
período da mortalidade embrionária foi diagnosticada e classificada em: precoce (1-4
dias), intermediário (5-15 dias) ou tardio (16-18 dias), conforme apresentado em
PEDROSO et al. (2006), para a análise da frequência do período de mortalidade.
2.7. Análise estatística
Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Foi
utilizado o procedimento PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias
foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).
ϭϬϳ
3. Resultados e Discussão
Na Tabela 6 estão apresentados os resultados para a eclodibilidade dos ovos
incubados em diferentes frequências de viragem e idades da matriz. Com relação à
média de eclodibilidade por frequência de viragem, observaram-se melhores
resultados quando os ovos foram virados a cada duas horas, seguido pelos
tratamentos com 30 minutos e 1 hora de intervalo entre as viragens.
ELIBOL et al. (2003, 2006), ao testarem diferentes frequências de viragens
em ovos de matrizes pesadas de frangos do 3º ao 11º dia de incubação observaram
que, virar os ovos 96 vezes por dia, resultou em melhor eclodibilidade quando
comparados com ovos virados 24 e 48 vezes.
Pelos resultados obtidos no presente experimento e os disponíveis na
literatura, pode-se afirmar que ovos de codornas necessitam de menor frequência de
viragem diária quando comparado com ovos de galinhas. Os trabalhos indicam que
a melhor frequência de viragem em ovos de galinhas é de 96 vezes ao dia (viragem
a cada 15 minutos), porém, como a diferença dos resultados (eclosão e
eclodibilidade) para a viragem diária de 24 vezes (viragem a cada 1 hora) é
pequena, essa última frequência é mais utilizada comercialmente. Mas, o que se
observa na incubação de ovos de codornas, é que, virar os ovos a cada 1 hora ou
30 minutos (24 e 48 vezes ao dia) resulta em efeito negativo sobre a eclodibilidade.
Em galinhas, ROBERTSON et al. (1961), testou altas frequências de viragem dos
ovos durante a incubação (2, 6, 12, 48, 96, 144, 192 e 480 vezes por dia). Esses
autores observaram que virar os ovos 480 vezes, diariamente, resultou em
diminuição na eclodibilidade quando comparado com viragem de 96 vezes ao dia.
Pela Tabela 6, pode-se observar ainda que, a menor taxa de eclosão ocorreu
para ovos oriundos de matrizes no início de postura (oito semanas). Nota-se que a
maior eclodibilidade ocorreu quando as matrizes estavam em pico de postura (14
semanas), sendo que, posteriormente, houve decréscimo na taxa de eclosão dos
ovos férteis com o envelhecer da ave. Esses resultados são semelhantes aos
encontrados nos capítulos 3 e 4 do presente trabalho. Ao se analisar as taxas
eclodibilidade desses experimentos, conclui-se que matrizes no início da postura,
produzem os ovos que resultam na menor taxa de eclosão da vida inteira da
ϭϬϴ
codorna. As maiores taxas de eclodibilidade, se situam no meio do ciclo produtivo
das matrizes, ou seja, entre o pico de produção e o período de decréscimo da
postura (14 e 21 semanas).
PETEK et al. (2004) trabalhando com matrizes de codornas japonesas com
20 e 37 semanas não observaram diferença significativa na eclodibilidade dos ovos
férteis entre as idades estudadas, entretanto, a eclosão total foi maior em ovos de
matrizes mais novas. ROMÃO et al. (2008) ao trabalharem com matrizes leves de
diferentes idades (48, 56 e 64 semanas) relataram maior eclosão total em ovos de
aves de 56 semanas, sendo que, as idades de 48 e 64 semanas não diferiram entre
si. Já, BRUZUAL et al. (2000) observaram que, matrizes de galinhas com 30 e 28
semanas, produziram ovos que resultaram em maior eclodibilidade dos ovos férteis,
quando comparados com aves de 26 semanas.
ELIBOL & BRAKE (2006) observaram que o uso de alta frequência de
viragem (96 vezes por dia) melhorou a eclodibilidade dos ovos oriundos de matrizes
de frangos velhas. No presente estudo esse efeito pode ser observado quando as
matrizes estavam com 21 semanas de idade, porém, não foi observado efeito similar
quando as aves estavam com 30 semanas.
Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de
idade, incubados em diferentes frequências de viragem.
Idade (Semanas)
Viragem
Média
8
14
21
31
2h
71,70
80,47
77,99
79,84
77,50
1h
65,13
82,49
72,09
73,09
73,20
0,5h
64,09
79,69
81,25
73,90
74,73
Média
66,97
80,88
77,11
75,61
Os resultados da duração da incubação dos ovos estão apresentados na
Tabela 7. Pode-se observar que os ovos virados a cada 1 hora necessitaram de
menor tempo para eclodirem, seguido pelas viragens de 2 h e 0,5 h.
Com relação à idade da matriz, ovos oriundos de aves em pós-pico e final de
postura (21 e 31 semanas) eclodiram mais rapidamente, quando comparados com
os ovos de matrizes jovens e em pico de produção (8 e 14 semanas).
CHRISTENSEN et al. (2001), trabalhando com matrizes de peru com 33, 43 e 54
semanas de idade, observaram redução no tempo de incubação com o envelhecer
ϭϬϵ
da ave. ULMER-FRANCO et al. (2010) verificaram que, ovos de matrizes pesadas,
com 29 semanas de idade, demoraram mais para eclodir, quando comparados com
ovos de matrizes com 59 semanas.
Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao
nascer (PN) em função de diferentes frequências de viragem e diferentes idades da
matriz.
Parâmetros Analisados
Fatores
DI
PP
PN
Viragem (V)
---horas---------%-------------g------2h
399,04 b
7,81 a
8,33
1h
395,75 c
7,88 a
8,32
0,5h
406,12 a
7,48 b
8,30
Idade (I)
8 semanas
403,46 a
6,91 c
8,02 b
14 semanas
403,69 a
7,71 b
8,37 a
21 semanas
396,45 b
7,86 b
8,42 a
31 semanas
397,63 b
8,44 a
8,44 a
CV (%)
2,33
8,66
8,76
Probabilidades
Bloco
<0,0001
<0,0001
0,0961
V
<0,0001
<0,0001
0,6403
I
<0,0001
<0,0001
<0,0001
VxI
<0,0001
<0,0001
0,4058
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
Na Figura 1 estão apresentados os gráficos com a distribuição dos
nascimentos das codornas (porcentagem), nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas
em função da frequência de viragem dos ovos. Quando as matrizes estavam com 14
semanas, o pico de nascimentos dos ovos virados a cada hora ocorreu mais cedo do
que os demais tratamentos.
ϭϭϬ
Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a
frequência de viragem dos ovos e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2),
21(3), 31 (4) semanas de idade.
Em ovos de matrizes com 8 semanas observou-se que, antes da ocorrência
do pico de nascimento houve alta taxa de eclosão em torno de 388 horas de
incubação. Nas as demais idades, observa-se que após a ocorrência do pico de
eclosão, houve a ocorrência de picos menores de nascimentos. Segundo CAREGHI
et al. (2005), essa desunifomidade pode ter como causa a heterogeneidade na
qualidade
dos
ovos,
o
que
influenciaria
diretamente
a
velocidade
do
desenvolvimento embrionário. Esses autores também citaram como causa dessa
falta de uniformidade, o efeito do gradiente de temperatura existente no interior da
incubadora. Como visto no capítulo 3, a temperatura exerce forte influência na
velocidade do desenvolvimento do embrião, portanto, espera-se que as regiões mais
quentes da incubadora proporcionem um crescimento mais precoce do embrião, e
regiões mais frias atrasem esse crescimento.
ϭϭϭ
Na Tabela 7 estão apresentados os resultados para a perda de peso dos ovos
incubados sob diferentes frequências de viragens. Ovos que foram virados a cada
30 minutos perderam mais peso, quando comparados com os tratamentos de 2h e
1h, sendo que, esses últimos não diferenciaram entre si. WILSON et al., (2000) não
obtiveram diferença significativa na perda de peso de ovos de avestruzes virados 8 e
24 vezes por dia. Apesar da falta de diferença entre os tratamentos estudados, os
autores citaram ser possível que a perda de peso dos ovos possa ser influenciada
pela frequência de viragem, pois, ovos que são submetidos a frequências de
viragens inadequadas, apresentam redução no crescimento das membranas
embrionárias, na transferência e utilização dos componentes do ovo e menor
crescimento do embrião, consequentemente, diminuindo a perda de peso.
Com relação à idade da matriz, aves em início de produção produziram ovos
que perderam menos peso. Os ovos produzidos por matrizes com 14 e 21 semanas,
apresentaram perdas de pesos intermediárias entre as idades estudadas e, ovos
oriundos de aves velhas com 31 semanas foram os que mais perderam peso na
incubação. Resultados semelhantes foram obtidos por TANURE et al. (2008) que ao
trabalharem com ovos de matrizes leves de galinhas com 32 e 57 semanas de
idade, apresentaram maior perda de peso em ovos oriundos de matrizes velhas.
As diferentes frequências de viragem durante a incubação não influenciaram
o peso das codornas ao nascer. Entretanto, foi observado efeito da matriz. A
incubação de ovos de matrizes jovens (8 semanas) resultou em codornas com peso
estaticamente menor quando comparado com as demais idades. Como matrizes
jovens estão associadas à produção de ovos com baixo peso (Capítulo 2, Tabela 3),
espera-se que as codornas nascidas também tenham peso menor, provavelmente,
devido à limitação do espaço interno do ovo disponível para o desenvolvimento do
embrião, assim como discutido no Capítulo 3.
O parâmetro qualidade das codornas (Tabela 8) não foi influenciado pelas
diferentes frequências de viragem dos ovos durante a incubação. Ovos de matrizes
jovens (8 semanas) originaram neonatos de melhor qualidade, quando comparados
com os nascidos de ovos de matrizes com 14 e 31 semanas. A qualidade de
codornas nascidas de ovos de matrizes com 21 semanas, não diferiram das
nascidas nas demais idades.
ϭϭϮ
Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados com
diferentes frequências de viragem e diferentes idades de matrizes.
Parâmetros Analisados
Fatores
QC
Viragem (V)
--------------------------------2h
57,75
1h
57,53
0,5h
57,54
Idade (I)
8 semanas
58,20 a
14 semanas
57,28 b
21 semanas
57,69 ab
31 semanas
57,30 b
CV (%)
6,60
Probabilidades
V
0,4676
I
<0,0001
V*I
0,3054
Na Tabela 9, observa-se que houve redução da frequência mortalidade
embrionária precoce em ovos virados a cada duas horas (12 vezes ao dia). Quando
os ovos foram virados a cada 30 minutos, houve menor mortalidade embrionária
intermediária em ovos de matrizes com 8, 14 e 21 semanas de idade, entretanto,
resultou em maior mortalidade tardia em todas as idades estudas.
ELIBOL & BRAKE (2003) ao testarem diferentes frequências de viragem no
período de 3 a 11 dias da incubação de ovos de galinhas observaram que, ovos
virados 96 vezes ao dia resultaram em menor mortalidade tardia (18-21 dias), em
comparação com ovos virados 24 e 48 vezes diariamente. ELIBOL & BRAKE (2006),
também, observaram redução na frequência de mortalidade tardia em ovos de
galinhas virados 96 vezes ao dia quando comparados com ovos virados 24 vezes.
ϭϭϯ
Tabela 9. Embriodiagnóstico dos ovos não eclodidos (8, 14, 21 e 31 semanas).
Tratamentos
Fase
Semanas
2h
1h
0,5h
Precoce
Intermediária
Tardia
Pós-Bicado
8
14
21
31
8
14
21
31
8
14
21
31
8
14
21
31
5,38
8,15
5,81
3,57
0,90
6,67
5,16
2,98
6,28
6,67
5,81
3,57
17,49
11,11
16,13
16,07
6,28
11,11
11,61
6,55
0,90
2,96
6,45
2,38
6,73
5,93
5,81
5,95
18,83
10,37
17,42
22,62
7,17
8,15
7,74
8,33
0,45
0,74
1,94
4,17
8,52
8,89
7,10
7,74
21,08
19,26
9,03
16,07
ϭϭϰ
4. Conclusões
A melhor frequência de viragem dos ovos de codornas durante a incubação é
de 2h, pois apresentou melhor eclodibilidade com mesma qualidade e peso da
codorna ao nascer.
O uso de ovos de matrizes com 21 semanas de idade proporcionam melhor
desempenho no processo de incubação devido à maior eclodibilidade.
ϭϭϱ
5. Referências
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ϭϭϵ
CAPITULO 6 – IMPLICAÇÕES
A criação de codornas também chamada de coturnicultura é um dos ramos da
avicultura e, nos últimos anos tem apresentado um crescimento expressivo. Esse
crescimento é comprovado pelo aumento acentuado no número de aves alojadas,
produção e consumo de ovos, assim como, aumento no número de empresas em
atuação nesse ramo.
Entretanto, o processo de incubação de ovos da codorna japonesa (Coturnix
coturnix japonica) passa por um processo de padronização, ao contrário do ocorre
em galinhas e perus, os quais, tem sua incubação bastante estudada e já
padronizada, fatores físicos importantes como temperatura, umidade relativa e
frequência de viragem, ainda carecem de informações baseadas em trabalhos
científicos. Portanto, o que ocorre no campo, é que os parâmetros utilizados para
incubação de ovos de codornas são baseados nos padrões obtidos para galinhas.
Os efeitos da idade da matriz foram bastante investigados em matrizes
pesadas. Sabe-se que esse fator exerce forte influência na qualidade dos ovos, e
consequemente, afeta diretamente o processo de incubação dos ovos. Diante disso,
o presente trabalho investigou o efeito da temperatura, umidade relativa, frequência
de viragem e idade da matriz no processo de incubação de ovos de codornas
japonesas.
De acordo com os resultados, o uso de 38,5°C de temperatura durante a
incubação resultou em melhores índices, tanto nos parâmetros de incubação como
na qualidade da codorna. Os resultados sugerem que ovos férteis de codorna
necessitam de uma temperatura de incubação maior, quando comparados com os
ovos férteis de galinhas.
O uso de 60% de umidade relativa na incubadora e viragem dos ovos a cada
2 horas promoveram melhores resultados. Portanto, com relação à umidade, esses
resultados demonstram que quando comparado com ovos de matrizes pesadas, os
ovos de codorna tem respostas semelhantes sob umidade relativa de 60%. Na
incubação de ovos de galinhas é tido como padrão virar os ovos a cada 1 hora, em
comparação essas aves, os resultados do presente experimento demonstram que os
ovos de codornas necessitam de uma frequência de viragem menor.
ϭϮϬ
A qualidade dos ovos foi afetada pela idade da matriz assim como ocorre em
ovos de matrizes pesadas. Entretanto, deve-se ser feitas ressalvas importantes, pois
apesar de em ambos os casos a idade influenciar a qualidade dos ovos, alguns dos
parâmetros são afetados de modo diferente. O peso do ovo em matrizes de galinhas
tende aumentar constantemente durante o envelhecer da ave, mas o que se observa
em codornas é de que ovos mais pesados são obtidos de matrizes em pico de
produção. Efeito semelhante foi obtido para o peso específico dos ovos, onde ovos
de codornas em pico de postura possuem maior valor.
A idade da matriz influenciou o processo de incubação, sendo que, as
melhores taxas de eclosão ocorreram no período compreendido entre o pico e o
período de decréscimo da taxa de postura (14 e 21 semanas). Com o passar da
idade da matriz os ovos oriundos de matrizes mais velhas necessitam de menor
tempo de incubação e perdem mais peso.
Por fim, destaca-se que os fatores físicos da incubação de ovos de codornas,
em parte, diferem dos utilizados em matrizes pesadas. Com base nisso, os dados
obtidos no presente experimento poderão contribuir para a obtenção de melhores
índices nos incubatórios comerciais e incentivar a realização de mais trabalhos
relacionados à incubação de ovos e com o objetivo de estudar o efeito da idade da
matriz em ovos de codornas.
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