UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL FATORES FÍSICOS E IDADE DA MATRIZ NA INCUBAÇÃO DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) Fabricio Hirota Hada Zootecnista 2013 ŝŝ UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL FATORES FÍSICOS E IDADE DA MATRIZ NA INCUBAÇÃO DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) Fabricio Hirota Hada Orientador: Prof. Dr. Marcos Macari Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do titulo de Doutor em Zootecnia. 2013 H125f Hada, Fabricio Hirota Fatores físicos e idade da matriz na incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix coturnix japônica) / Fabricio Hirota Hada. – – Jaboticabal, 2013 x, 120 p. ; 28 cm Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2013 Orientador: Marcos Macari Banca examinadora: Marcos Macari, Isabel Cristina Boleli, Douglas Emygdio de Faria, Tatiana Carlesso dos Santos, Jose Fernando Machado Menten Bibliografia 1. Frequência de viragem. 2. Qualidade do ovo. 3. Temperatura. 4. Umidade relativa. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 636.6:636.082.47 ŝǀ DADOS CURRICULARES DO AUTOR FABRICIO HIROTA HADA – nascido em 11 de novembro de 1982, na cidade de São Paulo - SP, filho de Takeshi Hada e Maria Yasuko Hirota Hada. É zootecnista formado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Campus de Jaboticabal, em 31 de julho de 2006. Em agosto de 2006, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, na mesma universidade, obtendo o título de mestre em 15 de agosto de 2008. Em março de 2009, iniciou o curso de Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de Jaboticabal, obtendo o título de doutor em 5 de fevereiro de 2013. ǀŝ DEDICO A Deus, pela minha vida, por permitir que eu terminasse mais essa fase, por sempre me guiar e iluminar todos os meus passos, protegendo-me, dando-me forças para seguir em frente. OFEREÇO Aos meus pais Takeshi Hada e Maria Yasuko Hirota Hada e, ao meu irmão Felix Hirota Hada, pelo apoio, amor incondicional, carinho e por compreenderem a minha ausência em momentos importantes de suas vidas. A minha querida namorada Joseli Alves Ferreira Zanato, por todo o carinho, amor, paciência e companheirismo desses anos juntos. AGRADECIMENTOS Ao professor Marcos Macari, pelos valiosos ensinamentos, oportunidades proporcionadas, pelo exemplo de dedicação e conduta profissional. A professora Vera Maria Barbosa de Moraes pela oportunidade de entrar para o programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UNESP de Jaboticabal. Aos membros da banca de exame de qualificação, professoras Kênia Cardoso Bícego, Isabel Cristina Boleli, Sandra Aidar de Queiroz e Silvana Martinez Baraldi Artoni, pelas inúmeras sugestões. Aos professores Jose Fernando Machado Menten, Tatiana Carlesso dos Santos, Isabel Cristina Boleli e Douglas Emygdio de Faria, pela participação na banca examinadora, e pelos valiosos conselhos e sugestões. À Coodernação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, pela concessão da bolsa de estudo. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP pelo auxílio à pesquisa concedido (processo 2010/00003-1). À empresa Vicami Codornas, em especial ao Sr. Osvaldo Esperança, visionário, que gentilmente fez a doação dos ovos, conhecimentos em incubação e ao tempo despedido. Aos amigos de pós-graduação, Miryelle Freire Sarcinelli, Katiani Silva Venturini, Joseli Alves Ferreira Zanato, Ana Carolina Tozzo Guimarães, Lilian Francisco Arantes de Souza, Daniel Mendes Borges Campos, Paulo Roberto Oliveira Carneiro, Wedson Carlos Lima Nogueira, Fernando Augusto de Souza, Rafael Henrique Marques, Rodrigo Antonio Gravena, Eduardo Alves, Iris Mayumi Kawauchi, Elaine Talita Santos, Allan Reis Troni, Joyce Sato, Karoll Andréas, Raquel Lunedo, Miguel Frederico Alarcon, Lívia Pegoraro Espinha, Paula Andréa Toro Velásques, Daniela Carolina Zanardo Donato, pelo convívio e aprendizado. À tia Luiza Hiroko Kuroiwa e tia Sadako Hada pelo amor e apoio em todos os momentos de minha vida. Ao Osvaldo Luiz Zanato e Antônia Alves Ferreira Zanato pela paciência, apoio e carinho. ǀŝŝŝ A todas as pessoas que ajudaram diretamente e indiretamente na realização desse longo projeto de dois anos. Como são tantas as pessoas que passaram pelas minhas incubações não citarei nomes, pois temo deixar de mencionar alguém e ser injusto. Agradeço muito a todos os que passaram pela UNESP – Jaboticabal e disponibilizaram uma parte do tempo de seus estágios curriculares, graduação, mestrado, doutorado para me ajudarem. Aos funcionários do aviário experimental, Robson, Izildo, Vicente, pelo auxílio durante o trabalho de campo. Aos funcionários da fábrica de ração Sandra, Elinho, Osvaldo e Batista. A Lilian Francisco Arantes de Souza, Daniel Mendes Borges Campos e Joseli Alves Ferreira Zanato, por cuidarem do experimento no final do ano de 2011, permitindo que eu pudesse desfrutar da companhia da minha família. E um agradecimento muito especial para minhas amigas Miryelle Freire Sarcinelli e Katiani Silva Venturini, por sempre estarem presentes desde o início das incubações e, principalmente, por todos os momentos compartilhados. ŝ SUMÁRIO Página RESUMO.................................................................................................................... ix ABSTRACT................................................................................................................. x CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................... 1 1.Introdução ............................................................................................................. 1 2.Fatores físicos da incubação sobre as necessidades fisiológicas do embrião ...... 3 2.1. Temperatura ................................................................................................. 3 2.2. Umidade Relativa ......................................................................................... 5 2.3. Viragem do ovo ............................................................................................ 8 3. Idade da matriz ..................................................................................................... 9 4. Qualidade dos ovos férteis ................................................................................. 13 5. Condutância ....................................................................................................... 14 6. Objetivos ............................................................................................................ 16 6.1. Objetivo geral ............................................................................................. 16 6.2. Objetivos específicos.................................................................................. 16 7. Referências ........................................................................................................ 17 CAPÍTULO 2 – INFLUÊNCIA DA IDADE DA MATRIZ DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) SOBRE A QUALIDADE DOS OVOS E CONDUTÂNCIA DA CASCA. ................................................................................... 26 RESUMO................................................................................................................ 26 ABSTRACT ............................................................................................................ 27 1. Introdução ......................................................................................................... 28 2. Material e Métodos ............................................................................................ 30 2.1. Animais e delineamento experimental .................................................... 30 2.2. Qualidade dos Ovos ............................................................................... 31 2.3. Condutância da casca ............................................................................ 32 2.4. Relações alométricas e correlação dos constituintes do ovo ................. 32 2.5. Análise estatística ................................................................................... 33 3. Resultados e Discussão .................................................................................... 34 4. Conclusões ....................................................................................................... 42 ŝŝ 5. Referências ....................................................................................................... 43 CAPÍTULO 3 – EFEITO DA TEMPERATURA DE INCUBAÇÃO E DA IDADE DAS MATRIZES SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E A QUALIDADE PÓS-ECLOSÃO DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) .... 47 RESUMO................................................................................................................ 47 ABSTRACT ............................................................................................................ 48 1. Introdução .................................................................................................... 49 2. Material e Métodos ....................................................................................... 51 2.1. Caracterização do local experimental................................................ 51 2.2. Animais e delineamento experimental ............................................... 51 2.3. Peso inicial dos ovos ......................................................................... 53 2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas......................... 54 2.5. Qualidade das codornas.................................................................... 55 2.6. Embriodiagnóstico ............................................................................. 56 2.7. Análise estatística.............................................................................. 56 3. Resultados e Discussão ............................................................................... 57 4. Conclusões .................................................................................................. 66 5. Referências .................................................................................................. 67 CAPÍTULO 4 – EFEITO DA UMIDADE RELATIVA DE INCUBAÇÃO E DA IDADE DA MATRIZ SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E QUALIDADE DO NEONATO DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) ............. 73 RESUMO................................................................................................................ 73 ABSTRACT ............................................................................................................ 74 1. Introdução ......................................................................................................... 75 2. Material e Métodos ............................................................................................ 77 2.1. Caracterização do local experimental ..................................................... 77 2.2. Animais e delineamento experimental .................................................... 77 2.3. Peso inicial dos ovos .............................................................................. 79 2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas .............................. 80 2.5. Qualidade das codornas ......................................................................... 80 2.6. Embriodiagnóstico .................................................................................. 81 2.7. Análise estatística ................................................................................... 82 ŝŝŝ 3. Resultados e Discussão .................................................................................... 83 4. Conclusões ....................................................................................................... 93 5. Referências ....................................................................................................... 94 CAPÍTULO 5 – EFEITO DA FREQUÊNCIA DE VIRAGEM E DA IDADE DA MATRIZ SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E QUALIDADE PÓS-ECLOSÃO DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) ................................ 97 RESUMO................................................................................................................ 97 ABSTRACT ............................................................................................................ 98 1. Introdução ......................................................................................................... 99 2. Material e Métodos .......................................................................................... 101 2.1. Caracterização do local experimental ................................................... 101 2.2. Animais e delineamento experimental .................................................. 101 2.3. Peso inicial dos ovos ............................................................................ 103 2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas ............................ 104 2.5. Qualidade das codornas ....................................................................... 105 2.6. Embriodiagnóstico ................................................................................ 106 2.7. Análise estatística ................................................................................. 106 3. Resultados e Discussão .................................................................................. 107 4. Conclusões ..................................................................................................... 114 5. Referências ..................................................................................................... 115 CAPITULO 6 – IMPLICAÇÕES .............................................................................. 119 ŝǀ LISTA DE TABELAS Página CAPÍTULO 2 Tabela 1. Esquema da análise de variância para análise de qualidade dos ovos. ... 30 Tabela 2. Esquema da análise de variância para análise de condutância de casca. 31 Tabela 3. Valores médios e erro padrão da média para peso de ovo (PO), comprimento do ovo (CO) e largura do ovo (LO), unidade Haugh (UH) e peso específico (PE) em diferentes idades da matriz de codornas (n=50). ...................................................................................................... 34 Tabela 4. Valores médios e erro padrão da média para porcentagens de gema (PG), albúmen (PA), casca (PC), espessura de casca (EC) e relação gema/albúmen (G/A) em diferentes idades da matriz de codornas (n=50). ...................................................................................................... 36 Tabela 5. Condutância da casca de ovos de matrizes de codornas japonesas em função da idade. ....................................................................................... 39 Tabela 6. Matriz de correlação de características e componentes do ovo de matrizes de codornas japonesas. ........................................................................... 39 Tabela 7. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de determinação (r²) para os componentes: peso de gema sobre peso do ovo em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. ...................... 40 Tabela 8. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de determinação (r²) para os componentes: peso de albúmen sobre peso do ovo em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. ............... 40 Tabela 9. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de determinação (r²) para componentes: peso de casca sobre peso do ovo em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. ...................... 41 CAPÍTULO 3 Tabela 1. Esquema estatístico do experimento ........................................................ 52 Tabela 2. Número de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos experimentais em função da idade das matrizes. ............................................................ 53 ǀ Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos por temperatura de incubação e diferentes idades da matriz. ...................................................................................... 53 Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados por temperatura de incubação .................................................................. 54 Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas ................................. 56 Tabela 6. Eclodibilidade dos ovos de matrizes com 8, 14, 21 e 31 semanas de idade incubados em temperaturas de 36,5, 37,5 e 38,5ºC ................................ 57 Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e diferentes idades da matriz ...................................................................... 59 Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em diferentes temperaturas e de diferentes idades de matrizes. ................... 64 Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões incubados sob diferentes temperaturas de incubação e idades de matrizes. .................. 65 CAPÍTULO 4 Tabela 1. Esquema estatístico do experimento. ....................................................... 78 Tabela 2. Números de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos experimentais em função da idade das matrizes...................................... 79 Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por umidade relativa e idade da matriz. ....................................................................................................... 79 Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados por umidade relativa de incubação. .......................................................... 80 Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas ................................. 81 Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de idade, incubados em umidades relativas de 60 e 70%............................. 83 Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e diferentes idades da matriz.. .................................................................... 84 Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em diferentes umidades relativas e idades de matriz ..................................... 89 ǀŝ Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões para ovos incubados sob diferentes umidades relativas e oriundos de diferentes idades de matrizes .................................................................................................... 90 CAPÍTULO 5 Tabela 1. Esquema estatístico do experimento. ..................................................... 102 Tabela 2. Peso médio inicial dos ovos (gramas), por bloco e por frequência de viragem em função da idade da matriz. .................................................. 103 Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por frequência de viragem e idade da matriz. ................................................................................................ 103 Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados por frequência de viragem. ..................................................................... 104 Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas ............................... 106 Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de idade, incubados em diferentes frequências de viragem. ....................... 108 Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao nascer (PN) em função de diferentes frequências de viragem e diferentes idades da matriz.. ................................................................................... 109 Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados com diferentes frequências de viragem e diferentes idades de matrizes. ...... 112 Tabela 9. Embriodiagnóstico dos ovos não eclodidos (8, 14, 21 e 31 semanas).... 113 ǀŝŝ ÍNDICE DE FIGURAS Página CAPÍTULO 3 Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a temperatura da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. .................................................... 61 CAPÍTULO 4 Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a umidade relativa da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. .............................................. 85 CAPÍTULO 5 Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a frequência de viragem dos ovos e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. ............................................ 110 ǀŝŝŝ ŝdž FATORES FÍSICOS E IDADE DA MATRIZ NA INCUBAÇÃO DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica) RESUMO – O processo de incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix coturnix japônica) atualmente passa por um processo de padronização, ao contrário de espécies como galinhas e perus, os quais têm sua incubação bastante estudada e padronizada. Os objetivos do presente trabalho foram: avaliar a qualidade dos ovos durante a vida produtiva da matriz e determinar a temperatura, a umidade relativa, a frequência de viragem e idade da matriz que resultem em melhores índices na incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica). No primeiro experimento, avaliou-se a qualidade de ovos e a condutância da casca nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. No segundo ensaio, testou-se as temperaturas de incubação de 36,5, 37,5 e 38,5°C durante a vida produtiva da matriz (8, 14, 21 e 31 semanas). O terceiro experimento avaliou duas umidades relativas (60 e 70%) nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. No quarto ensaio testouse frequências de viragem (0,5, 1 e 2h), quando as matrizes tinham idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. Concluiu-se que matrizes com 14 semanas produzem ovos de melhor qualidade, ao passo que, matrizes com 31 semanas produzem ovos de pior qualidade. Matrizes de 8 semanas produzem ovos com menor condutância da casca. Sugere-se o uso de 38,5°C de temperatura durante a incubação, uma vez que houve redução na duração de incubação, melhora da eclodibilidade e qualidade das codornas. Recomenda-se o uso de 60% de umidade relativa na incubadora e virar os ovos a cada 2 horas, pois proporcionaram melhores resultados na incubação. A idade da matriz influenciou o processo de incubação dos ovos, sendo que os melhores resultados foram obtidos de ovos de matrizes com 14 e 21 semanas de idade. Palavras-Chave: frequência de viragem, idade da matriz, qualidade do ovo, temperatura, umidade relativa dž PHYSICAL FACTORS AND BREEDER AGE IN INCUBATION OF JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica) EGGS ABSTRACT - The process of incubation of Japanese quail (Coturnix coturnix japonica) eggs is currently undergoing a process of standardization, unlike species such as chickens and turkeys, which have their incubation well studied and standardized. The objectives of this study were to evaluate the quality of the eggs during the breeder productive life and determine the temperature, relative humidity, turning frequency and breeder age that result in better Japanese quail’s (Coturnix coturnix japonica) eggs incubation rates. In the first experiment, it was evaluated the eggs' quality and shell conductance at ages 8, 14, 21 and 31 weeks. In the second assay, it was tested the incubation temperatures of 36.5, 37.5 and 38.5 ° C during the breeder productive life (8, 14, 21 and 31 weeks). The third experiment evaluated two relative humidities (60 and 70%) at ages 8, 14, 21 and 31 weeks. In the fourth trial it was tested turning frequencies (0.5, 1 and 2h), when the breeders were 8, 14, 21 and 31 weeks old. It was concluded that breeders with 14 weeks produce better quality eggs, in contrast to breeders with 31 weeks that produce eggs of poorer quality. Breeders of 8 weeks produce eggs with lower shell conductance. It is suggested the use of 38.5 ° C temperature during incubation once it reduced the incubation time, improved hatchability and quail's quality. It is recommend the use of 60% of humidity in the incubator and turn the eggs on every 2 hours, because they provided better results in incubation. The breeder age influenced the eggs' incubation process, being the best results obtained from eggs of birds with 14 and 21 weeks of age. Keywords: egg quality, frequency of turning, relative humidity, temperature, breeder age ϭ CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS 1. Introdução A expansão da coturnicultura no Brasil, atualmente estabelecida em nível industrial, destaca-se pela geração de empregos, uso de pequenas áreas, necessidade de baixos investimentos e retorno rápido destes investimentos (PIZZOLANTE et al., 2007). O papel da coturnicultura no Brasil é indiscutível, como demonstrado pelo seu acelerado crescimento nos últimos tempos. Isto pode ser sentido pelo aumento da produção por empresas de expressão nacional, bem como pelo aumento significativo no consumo de ovos. Segundo estatísticas publicadas pelo IBGE (2010), o efetivo de codornas alojadas no período de 2005 a 2010 saltou de, aproximadamente, 6,8 milhões para 13 milhões de cabeças no Brasil, o que corresponde a um aumento em torno de 90%. Esse aumento no número de aves alojadas demonstra uma clara expansão da coturnicultura nos últimos anos, pois quando comparada com culturas mais tradicionais, como, por exemplo, a criação de galinhas de postura, houve um crescimento sensivelmente menor no mesmo período (12,96%, aproximadamente). Já, a produção de ovos aumentou de 117.638 mil para 232.398 mil dúzias, correspondendo a um crescimento de 97,55%. O estado de São Paulo, com 49,0% do efetivo nacional, e 59,3% da produção nacional de ovos, destaca-se como o maior plantel e produtor de ovos do país, seguido pelo estado do Espírito Santo com 10,9%. Na atual situação da coturnicultura nacional existem três espécies disponíveis para exploração comercial, são elas: a codorna japonesa (Coturnix coturnix japonica) destinada à produção de ovos, a codorna americana (“Bobwhite quail” - Colinus virginianus) e a européia (Coturnix coturnix coturnix) ambas voltadas para produção de carne (GOMES, 2008). Apesar do crescimento acelerado da coturnicultura nos últimos anos, a produtividade desse importante ramo da avicultura enfrenta o problema de desenvolvimento de linhagens mais produtivas. Ao contrário do que ocorre em galinhas e frangos de corte, onde empresas são detentoras das linhagens e marcas, na coturnicultura, o melhoramento genético em algumas regiões do Brasil é feito de Ϯ maneira pouco criteriosa, onde o próprio criador produz suas matrizes e cria a progênie (GOMES, 2008). Outros problemas que os criadores de codornas enfrentam se refere ao manejo, sanidade e nutrição, o que torna baixos os índices de produtividade do plantel. Um ponto adverso na coturnicultura está relacionado à falta de padronização das práticas de incubação fundamentada por trabalhos científicos. Parâmetros importantes como temperatura, umidade relativa e frequência de viragem ainda carecem de informações, para a obtenção de maior eficiência produtiva nos incubatórios comerciais. O principal objetivo do incubatório é obter alta eclodibilidade, enquanto que produtores necessitam de aves de boa qualidade, portanto, a melhor eclodibilidade não é sempre sinônimo da mais alta qualidade da ave de um dia (DECUYPERE & MICHELS, 1992). As condições de incubação e o material biológico influenciam a eclodibilidade e a qualidade da ave pós-eclosão, consequentemente, é necessário adaptar as condições de incubação às variações do material biológico, com o propósito de se obter boa eclodibilidade e boa qualidade da ave. A temperatura é um dos principais fatores que interferem na eclodibilidade. Muitos pesquisadores concluíram que a temperatura ótima para o desenvolvimento embrionário das aves está entre 37,5 e 38,0 °C, onde se obtém a melhor eclosão, bem como a mais alta qualidade da ave de um dia de idade. Já, a umidade relativa na incubadora influencia diretamente a perda de água do ovo (BARBOSA et al., 2008; ROMÃO et al., 2009), sendo que há uma relação direta entre esta perda sobre a eclodibilidade (SWANN & BRAKE, 1990) e a duração da incubação (REINHART & HURNIK, 1984; PEDROSO et al., 2006). Segundo DECUYPERE & BRUGGEMAN (2007), devido as grandes variações na condutância da casca nos ovos incubáveis, a faixa ótima de umidade relativa na incubadora está situada entre 40 e 60%. Além dos fatores temperatura e umidade relativa, os ovos durante a incubação necessitam ser virados, periodicamente, com o propósito de evitar o posicionamento errado do embrião e sua aderência à casca (ROBERTSON, 1961b) A idade da matriz exerce grande influência sobre os constituintes e qualidade dos ovos incubáveis. Matrizes jovens produzem ovos menores, com menor porosidade na casca, maior densidade de albúmen e maior espessura de casca, ϯ características que juntas resultam em menor eclodibilidade e menor taxa de sobrevivência dos neonatos (MAIORKA et al., 2003). Na literatura, existem poucos trabalhos relacionados às condições físicas de incubação, bem como são escassos os estudos sobre avaliação da qualidade do ovo incubável da codorna. Muitas das práticas de incubação de ovos de codornas realizadas atualmente são quase totalmente baseadas na incubação de ovos de matrizes de frangos que se sabe, produzem ovos de tamanho e estrutura muito diferente quando comparados aos ovos de codornas. Em vista disso, objetivou-se estudar o efeito da idade da matriz na qualidade dos ovos incubáveis e determinar a temperatura, a umidade, a frequência de viragem e a idade da matriz que resultem em melhores índices de incubação, ao longo do ciclo produtivo de codornas japonesas. 2. Fatores físicos da incubação sobre as necessidades fisiológicas do embrião Relações entre os fatores temperatura e umidade já foram amplamente estudadas e padronizadas na incubação de ovos de matrizes de frangos, galinhas e de perus (APPLEGATE et al., 1999; VAN BRECHT et al., 2003), porém, estudos destes fatores em incubação de ovos de codornas são escassos na literatura. Segundo BOLELI (2003), a temperatura e a umidade são os principais fatores envolvidos na viabilidade embrionária durante a incubação. As condições normalmente usadas para incubação de ovos de galinhas são: temperatura entre 37,2ºC a 38,2ºC durante os primeiros 18 dias, 37ºC a 37,5ºC durante os três últimos dias e umidade relativa entre 55 e 60% (MAULDIN, 2001). 2.1. Temperatura No processo de incubação de ovos, há uma temperatura limiar chamada de “ponto zero fisiológico” ou “zero biológico”, acima da qual ocorre desenvolvimento embrionário, e abaixo dessa não há desenvolvimento do embrião (BARBOSA, 2011). Para ovos de galinhas, essa temperatura varia entre 21 e 23ºC (ROMIJIN & LOKHORST, 1955), já para codornas, o zero biológico foi determinado por MILLER & WILSON (1975) que, ao testarem diferentes temperaturas de incubação (24,4; ϰ 25,6; 26,7; 27,8 e 28,9ºC), observaram que o desenvolvimento embrionário tem inicio entre 24,4 e 25,6ºC. A temperatura ótima de incubação é definida como aquela requerida para se atingir a máxima eclodibilidade (FRENCH, 1997). Segundo WILSON (1991), os ovos de muitas espécies de aves necessitam de temperatura ótima de incubação entre 37 a 38°C. Desvio de 0,2ºC na temperatura ótima já é o suficiente para causar grande impacto sobre o processo de incubação, diminuindo a duração de incubação e alterando a viabilidade do embrião (CHRISTENSEN et al., 2001). KING’ORI (2011), afirmou que a temperatura ótima de incubação para ovos de galinha deve ser mantida entre 37,2ºC e 37,7ºC, com faixa de tolerância entre 36,0 a 38,9ºC. Durante a incubação, a mortalidade embrionária pode ocorrer quando a temperatura cai abaixo de 35,6ºC e sobe acima de 39,4ºC por algumas horas e, se essas temperaturas permanecerem por dias, os ovos não eclodem. Quando a temperatura de incubação se desvia do ótimo, há decréscimo na incubabilidade e aumento na incidência de aves com má formação. A temperatura de incubação afeta o período de desenvolvimento embrionário, ou seja, quando se aumenta a temperatura acima do ponto ótimo, o tempo de incubação é menor, e com redução da temperatura, a incubação se prolonga. Temperaturas muito altas na incubadora resultam em aumento expressivo na mortalidade embrionária tardia, contudo, temperaturas muito baixas retardam o desenvolvimento do embrião, atrasam o nascimento e aumentam o número de ovos não eclodidos e bicados (MAULDIN, 2001). A temperatura dentro da máquina de incubação não é a mesma para todos os ovos. A temperatura de incubação está na dependência de determinados fatores tais como: tamanho do ovo, qualidade de casca, genética, tempo de armazenamento e umidade relativa do ar durante a incubação (NORTH & BELL, 1990). MURAKAMI & ARIKI (1998) relataram que, a duração de incubação do ovo de codorna é de 16,5 dias em temperatura de 37,5°C, com redução na temperatura para 37,2°C nos dois dias antes da eclosão. No entanto, BARRAL (2002) observou que a temperatura de incubação do ovo de codorna é de 37,5 a 38,0°C para todo o período de desenvolvimento embrionário. ϱ PEDROSO et al. (2006), ao testarem temperaturas de incubação de 36,5ºC e 37,5ºC para ovos de codornas, notaram que o aumento deste fator antecipou a eclosão dos ovos, com aumento da relação peso da codorna/peso do ovo (em porcentagem) porém, não influenciaram a mortalidade embrionária e sua faixa de ocorrência. ROMÃO et al. (2009) testaram temperaturas de incubação crescentes (34, 35, 36, 37, 38, 39, 40 e 41ºC) para ovos de codornas japonesas, sendo que a maior eclodibilidade foi observada nas temperaturas de 37 e 38ºC e, ovos incubados a 34ºC não eclodiram. Houve redução gradativa e significativa no tempo de incubação dos ovos quando se aumentou a temperatura de 34 até 39°C. Entretanto, as temperaturas de 39, 40 e 41°C não diferiram entre si. As codornas nascidas de ovos incubados em temperatura de 35ºC apresentaram a menor relação peso da codorna/peso do ovo, enquanto que a maior relação foi obtida em temperaturas de incubação de 38ºC. SARCINELLI (2012) observou maior eclodibilidade em ovos de codornas incubados em temperatura de 38,5ºC, quando comparado com ovos incubados à temperatura de 36,5ºC e 37,5ºC. Em relação ao parâmetro qualidade dos neonatos foi pior quando os ovos foram incubados em temperatura de 36,5ºC, em comparação com as demais temperaturas de incubação. 2.2. Umidade Relativa A medição da umidade relativa da incubadora é feita através da diferença psicrométrica entre as temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido. Para tal mensuração é necessário o uso de dois termômetros idênticos, onde um exercerá o papel do bulbo seco e registrará a temperatura da incubadora, e o outro será o bulbo úmido. Este último nada mais é do que um termômetro comum, que tem seu bulbo coberto por um pavio umedecido, portanto, este faz a medição da temperatura do ar saturado (100% de umidade relativa). Quando uma corrente de ar passa por este bulbo, ocorre uma redução na sua temperatura causada pela evaporação da água contida no pavio (MAULDIN, 2001). A pressão de vapor de água no interior do ovo é maior do que a encontrada na atmosfera que o envolve, sendo assim, os poros possibilitam que as moléculas ϲ de água do interior do ovo atravessem a casca pelo processo passivo de difusão, resultando em um fluxo de água para fora do ovo (LA SCALA, 2003). Por esse motivo a umidade em volta dos ovos férteis deve ser controlada para se assegurar um ótimo desenvolvimento dos embriões (TULLETT, 1990; DEEMING, 1995; DECUYPERE et al., 2001), tendo em vista a desidratação do embrião. A umidade relativa na incubadora é um fator determinante na perda de peso dos ovos, sendo esta associada à passagem de moléculas de água pelos poros da casca. Este parâmetro está relacionado aos resultados da incubação e é utilizado como ferramenta eficaz para avaliar o rendimento do processo (TULLET & BURTON, 1982; DEEMING, 2000). Portanto, quando a perda de umidade dos ovos é muito acentuada, há diminuição na porcentagem de eclosão e os embriões tendem a ser menores do que o normal, com desempenho pós-eclosão prejudicado (MAULDIN, 2001). Por outro lado, uma alta umidade relativa na incubadora faz com que a água metabólica produzida pelo embrião não seja eliminada na mesma proporção que é produzida (NORTH & BELL, 1990). Isso leva a redução na perda de umidade do ovo e, por consequência, resulta em aves de pior qualidade, com aspecto pegajoso e molhado, edema, além de eclosão precoce, com a possibilidade de má formação devido ao fato de não terem atingido o desenvolvimento total (DEEMING, 2000; PIAIA, 2005). Quando ovos de matrizes de frangos são incubados em umidade relativa de 50 a 60%, perdem aproximadamente 12% de seu peso inicial em 19 dias de incubação, representando 0,632% por dia (COLLINS, 2000). Partindo-se do princípio que o oxigênio entra no ovo pelos poros da casca em uma taxa proporcional à eliminação de água, quando ocorre uma menor taxa de eliminação de água, a entrada de oxigênio também é menor, causando um déficit de oxigênio no embrião. Portanto, com muita água e pouco oxigênio, aumenta a porcentagem de morte embrionária, ou as aves demoram a eclodir. Quando a umidade relativa da incubadora é muito baixa, a água metabólica é perdida de forma mais acelerada, acarretando em morte do embrião por desidratação. Os estudos têm evidenciado uma faixa ampla na umidade relativa ideal na incubação de matrizes pesadas. LUNDY (1969) relatou que a umidade relativa ótima para incubação deve estar entre 40 a 70% e, segundo ROBERTSON (1961a), a umidade ideal estaria em torno de 50%. Entretanto, de acordo com MAULDIN ϳ (2001), a maioria dos fabricantes de incubadoras recomendam umidade relativa variando entre 55 a 60%. BUHR (1995), ao testar umidades relativas de 40, 55 e 70% na incubação de ovos de matrizes de galinhas com 34 e 49 semanas de idade, observou que a perda de peso dos ovos foi maior quanto menor a umidade na incubadora. Os melhores resultados de eclodibilidade ocorreram em ovos de matrizes com 34 semanas e incubados com 55% de umidade relativa. Entretanto, não foi observado efeito significativo da umidade na eclodibilidade em ovos de galinhas com 49 semanas de idade. Ao avaliar os efeitos do uso de diferentes umidades relativas (43, 53, 63%) na incubação de ovos de matrizes pesadas, BRUZUAL et al. (2000) observaram que o peso dos pintos ao nascer foi, significativamente, maior com o aumento da umidade na incubadora. Também foi verificado que as umidades relativas de 53 e 63% aumentaram a ocorrência de mortalidade tardia. ROSA et al. (2002), ao trabalharem com diferentes umidades relativas (51, 56 e 61%), idades da matriz (34, 39, 53 e 63 semanas) e categorias de peso dos ovos (60,0; 65,1; 66,6; 69,0 e 73,2g) na incubação de ovos de matrizes pesadas, observaram que o uso de umidade relativa de 51% resultou em melhor eclodibilidade, menor mortalidade embrionária e pintinhos mais pesados, quando comparados com as demais umidades. BARBOSA et al. (2008), ao incubarem ovos de matrizes leves com umidades relativas de 48%, 56% e 64%, observaram maior taxa de eclosão para 56% de umidade e perda de peso do ovo intermediária aos demais tratamentos. A maioria dos trabalhos que tem como foco o estudo da umidade relativa estão voltados para a incubação de ovos de galinha. Observa-se que na literatura faltam trabalhos direcionados ao estudo desse assunto em ovos de codorna, o que torna difícil determinar a umidade relativa ideal a ser utilizada no processo de incubação. ROMÃO et al. (2009), ao testaram três umidades relativas na incubação de ovos de codornas japonesas (36,05%; 52,25% e 76,50%) observaram que com o aumento da mesma houve redução significativa na perda de peso e aumento na porcentagem de codorna (peso da codorna ao nascer/peso do ovo * 100). Os ϴ autores também observaram maior eclodibilidade de ovos férteis quando incubados na umidade de 36,05%, quando comparados aos incubados na umidade de 76,50%. PEDROSO et al. (2006), testando umidades relativas de 55% e 65% na incubação de ovos de codornas japonesas, observaram maior tempo para eclosão e perda de peso no tratamento com menor umidade, porém, não houve influência da umidade na eclodibilidade. MURAKAMI & ARIKI (1998) indicaram que a umidade relativa ótima para a incubação de ovos de codornas japonesas é de 60% e, nos últimos dois dias, após transferência para o nascedouro, deve-se aumentar para 70%. BARRAL (2002) observou que, a umidade ótima para todo o período de incubação é de 55 a 58%. 2.3 Viragem do ovo A viragem do ovo durante a incubação artificial tem como objetivo reduzir a ocorrência de mau-posicionamento dos embriões, prevenir a aderência anormal do embrião ou membranas embrionárias à membrana da casca e favorecer o completo e oportuno fechamento do córion-alantóide, na ponta fina do ovo (DEEMING, 2002; TONA et al., 2005). Falhas na viragem podem resultar em redução da utilização do albúmen pelo embrião, retardo e redução da quantidade de fluido sub-embrionário, redução da troca de oxigênio no córion-alantóide, retardo na angiogênese e redução da taxa de retenção protéica no fluido aminiótico (WILSON, 1991; DEEMING, 1989a, b; ROBERTSON, 1961b; TONA et al., 2005). Segundo WILSON (1991), a viragem envolve muitos parâmetros como: frequência de viragem, posição do eixo de viragem, ângulo do eixo, plano de rotação e necessidade de viragem de acordo com o estágio de incubação. LANDEUER (1967) observou que na incubação natural, a galinha move os ovos muitas vezes, mais de 96 vezes em 24 horas, sendo que em condições experimentais foi demonstrado que a viragem diária de 96 vezes produziu melhores resultados (ELIBOL & BRAKE, 2003). Diversos autores (KUIPER & UBBELS, 1951; KALTOFEN & UBBELS, 1954) observaram que a eclodibilidade foi prejudicada quando os ovos foram virados menos do que 24 vezes por dia. Porém, segundo ROBERTSON (1961c), viragens excessivas (480 vezes por dia) também causam diminuição na eclodibilidade. Portanto, de modo geral, para ovos de galinhas, a viragem diária de ϵ 24 vezes é mais aceita em condições comerciais, pois o uso de maior frequência de viragem não é vantajosa devido ao seu baixo benefício sobre a eclodibilidade. Normalmente, na incubação de ovos de matrizes de frangos realiza-se a viragem desde o primeiro até o 18° dia, porém, trabalhos na literatura que investigam este período de viragem são conflitantes. Segundo alguns autores (PROUDFOOT et al., 1981; WILSON & WILMERING, 1988; WILSON, 1991; DEEMING, 2002) a viragem após o 13° dia de incubação tem pouco efeito benéfico. LOURENS & DEEMING (1999) descreveram que a realização de viragem após o 15° dia de incubação não acarreta em efeitos adversos sobre a eclodibilidade dos ovos e, segundo DEEMING (2002) não há evidência científica sugerindo que a realização de viragem após o 15° dia tenha algum papel crítico no desenvolvimento do embrião ou na eclodibilidade. Contrastando com estes resultados, TONA et al. (2001) obtiveram piores resultados de eclodibilidade em ovos virados até o 15°, 16° ou 17° dia de incubação, quando comparados com aqueles virados até 18 dias. TONA et al. (2005), incubando ovos de matrizes de frangos de corte, observaram que a ausência de viragem, ou a sua realização até o 9° dia, resultou em ovos com uma grande quantidade de albúmen remanescente, assim como baixo peso dos embriões, quando comparados com ovos virados até o 12°, 15° e 18° dia de incubação. 3. Idade da matriz A qualidade do ovo, assim como a taxa de eclosão, variam em função da idade da reprodutora (NOWACZEWSKI et al., 2010, TANURE, 2008). De fato, THORSTEINSON et al. (1997) concluíram que a qualidade do ovo fértil é influenciada pela idade da ave, pelo tempo de armazenamento dos ovos e por alguns fatores de manejo das reprodutoras como: nutrição, programa de luz e idade do macho. ULMER-FRANCO et al. (2010) demonstraram que, o peso do ovo e da gema aumenta e há diminuição da porcentagem do albúmen com o envelhecimento da ave. Resultados semelhantes foram encontrados por FERREIRA et al. (2005) que, ao trabalharem com matrizes de galinhas com 28 e 57 semanas de idade, observaram que matrizes jovens produziram ovos com menor peso e porcentagem de gema, assim como, maior porcentagem de casca e albúmen. Em ovos de galinhas, esse aumento na porcentagem de gema se deve ao fato de que com o ϭϬ envelhecimento da matriz há um aumento no intervalo entre as ovulações (redução da taxa de postura), consequentemente, uma mesma quantidade de gema proveniente da síntese hepática é depositada em uma menor quantidade de folículos (ZAKARIA et al., 1983; MAIORKA et al., 2003). O aumento na porcentagem de gema com o passar da idade da matriz está associado também ao aumento na concentração de proteínas e fosfolipídios no ovo (CARDOSO et al., 2002). Tais substâncias são importantes no terço final da incubação, que se caracteriza pela transferência de nutrientes do saco vitelínico para o embrião, determinando assim um melhor desenvolvimento embrionário das aves (APPLEGATE & LILBURN, 1996). MAIORKA et al. (2003) observaram que matrizes velhas de 60 semanas de idade geraram pintinhos com maior porcentagem de saco vitelínico, em comparação com matrizes jovens de 30 semanas. A característica mais evidente de ovos produzidos por matrizes jovens é seu baixo peso, portanto, como o peso do pintainho é proporcional ao peso do ovo, é de se esperar pintainhos pequenos (BRUZUAL et al., 2000). Aves pequenas no nascimento originam aves em idade de abate com peso menor em comparação com as nascidas mais pesadas (MAIORKA et al., 2003). BRUZUAL et al. (2000) incubaram ovos de matrizes pesadas com 26, 28 e 30 semanas de idade e observaram que o peso ao nascer e o peso das aves na retirada do nascedouro aumentou significativamente com o aumento da idade da matriz. A eclodibilidade de ovos férteis foi menor para as aves de 26 semanas, em comparação com as demais idades. ROSA et al. (2002) ao incubarem ovos de matrizes pesadas de 34, 39, 53 e 63 semanas de idade notaram que, com o envelhecimento do lote, houve aumento significativo no peso do ovo, no peso do pintainho e na mortalidade embrionária. Foi observada, também, redução na porcentagem da perda de peso dos ovos aos 18 dias de incubação e diminuição na eclodibilidade total dos ovos. ELIBOL & BRAKE (2003) investigaram o efeito da idade do lote (37, 41, 59 e 63 semanas) e notaram maior eclodibilidade dos ovos férteis nos lotes com 37 e 41 semanas, quando comparados com os de 59 e 63. Os autores relataram que esta ϭϭ diferença deve ter sido devida à maior ocorrência de mortalidade embrionária no início e no final do processo de incubação. Como dito anteriormente, com o avanço da idade da matriz o tamanho e o peso do ovo aumentam, entretanto, o peso da casca não aumenta na mesma proporção. Em consequência, ocorre redução na espessura e na porcentagem da casca em relação ao peso do ovo (MAIORKA et al., 2003). Segundo BRAKE (1996), essa redução se deve à maior extensão da superfície desses ovos, juntamente com menor deposição de cálcio por unidade de área. Em galinhas, a maior taxa de eclosão ocorre por volta da metade da vida produtiva da ave, quando a espessura da casca é menor e a porosidade é maior (PEEBLES & BRAKE, 1987). Segundo BRAKE et al. (1997), a baixa eclosão de ovos produzidos por matrizes em início de produção se explica pela maior espessura da casca e maior densidade de albúmen, reduzindo à perda de umidade e prejudicando as trocas gasosas. De acordo com VIEIRA (2001), isto pode ser atribuído à menor capacidade das aves muito jovens de mobilizar gordura para a formação da gema, comprometendo a viabilidade embrionária e, consequentemente, reduzindo a eclosão. A quantidade e qualidade do albúmen variam conforme a idade da ave (FARIA, et al., 1999; ULMER-FRANCO et al., 2010), sendo que ovos provenientes de lotes jovens apresentam altos valores de unidade Haugh, o que indica uma alta qualidade de albúmen (FARIA et al., 1999). Segundo AMBROSEN & ROTENBERG (1981), em ovos de matrizes mais velhas ocorre aumento no conteúdo de proteínas da gema, mas a proteína do albúmen é reduzida. Alterações na quantidade do albúmen causam grandes efeitos sobre o desenvolvimento do embrião. A retirada de 20% do albúmen dos ovos férteis antes da incubação acarreta em redução no peso do corpo do embrião e de seu saco vitelínico, pois se sabe que este supre uma grande quantidade de água e proteínas ao embrião. A retirada da gema parece não interferir sobre o peso corporal, mas a diminuição do peso do saco vitelínico pode comprometer o desenvolvimento do pintainho após a eclosão (MAIORKA et al., 2003). A idade do lote tem o maior impacto sobre a qualidade interna e externa do ovo. De fato, de acordo com BAINS (1994), matrizes pesadas iniciam a postura de ϭϮ ovos de melhor qualidade na 35ª semanas de idade, porém, a partir da 50ª semana a qualidade dos ovos piora progressivamente com o decorrer da idade. A diminuição da espessura da casca do ovo, com o envelhecer da galinha, faz com que haja um aumento da capacidade da casca em permitir as trocas de gases e vapor de água entre o embrião e o meio ambiente, pois essa troca é influenciada diretamente pela espessura da casca e a dimensão e número de poros (LA SCALA., 2003) ABANIKANDA & LEIGH (2007) realizaram um experimento onde galinhas foram separadas em cinco grupos distintos de idade (A - 22 até 32 semanas; B - 33 até 43 semanas; C - 44 até 54 semanas; D - 55 até 65 semanas; E - 66 até 76 semanas), e observaram aumento do peso dos ovos com o passar da idade até um valor máximo obtido no grupo D (55 até 65 semanas), sendo que este parâmetro estava altamente e positivamente correlacionado com o comprimento e largura do ovo, peso do albúmen e da casca. Com relação ao peso do albúmen foi observado um leve, mas progressivo aumento com o decorrer da idade, além de uma alta correlação (0,82) entre este parâmetro e o peso do ovo, sugerindo que a variação no peso do albúmen estaria mais em função do peso do ovo do que da idade da ave. Houve aumento do peso da gema até o grupo D, e leve declínio após essa idade. Segundo os autores, a idade da ave, juntamente com fatores genéticos, teve maior influência sobre o peso da gema do que o peso do ovo, o que explica as grandes diferenças no peso da gema com o passar da idade da ave. Os mesmos autores concluíram que, há uma alta relação alométrica (P<0,01) entre o peso do ovo e de seus componentes (albúmen, gema e casca), sendo que o peso do albúmen apresenta uma alometria positiva, enquanto que os pesos da gema e da casca, uma alometria negativa. ABANIKANDA et al. (2007), investigando as relações entre o peso e as dimensões de ovos de galinhas em diferentes idades, observaram que com o avançar da idade da ave o peso, o comprimento e a largura dos ovos aumentavam, enquanto que o índice de forma do ovo diminuía (“Shape Index” = largura do ovo / comprimento do ovo x 100). Os autores observaram que os parâmetros comprimento e a largura do ovo apresentaram correlação positiva e alta com o peso do ovo. A ϭϯ idade, o comprimento e largura do ovo e a interação comprimento x largura influenciaram significativamente (P<0,001) o peso dos ovos. 4. Qualidade dos ovos férteis Tanto a qualidade interna quanto a externa do ovo têm efeito sobre o processo de incubação dos ovos férteis e no desenvolvimento do neonato (NARAHARI et al., 1988; PEEBLES & MARKS, 1991). Esta qualidade é quantificada pelas proporções entre os componentes do ovo e, principalmente, pelas características do albúmen (AHN et al., 1997; SILVERSIDES & SCOTT, 2001) Dentre as características externas (forma e qualidade de casca) e internas (albúmen e gema) que determinam a qualidade do ovo, pode-se citar: Forma: Ovos grandes, mais compridos e largos do que a média, geram embriões maiores que produzem mais calor ao final de incubação (DEEMING, 1996) e restringem o espaço por onde o ar pode circular (DEEMING, 1998). Esses embriões oriundos de ovos grandes apresentam maior dificuldade de perda de calor metabólico (HAMIDU et al., 2011). Qualidade de casca: A espessura da casca e a sua porosidade são importantes para a troca gasosa e a perda de umidade (LA SCALA, 2003). Portanto, a qualidade da casca está relacionada com a eclodibilidade, em que ovos com casca menos espessa apresentam maiores taxas de eclosão do que aqueles com casca grossa (PEDROSO et al., 2006). Essa eclodibilidade maior pode estar relacionada à maior perda de água desses ovos. Pelo fato de a casca ser porosa, todos os ovos perde água desde o momento que é posto pela ave, portanto, a única maneira de evitar a perda de peso do ovo é mantê-lo em um ambiente saturado com umidade relativa elevada. Albúmen: O albúmen exerce a função de proteção e fornecer nutrientes ao embrião (BOLELI, 2003). A qualidade interna do ovo depende, em parte, da presença e da estabilidade da camada densa do albúmen (ovomucina), podendo ser influenciada pelas condições de armazenamento dos ovos e, pelo tempo de armazenamento (STEVENS, 1996). No momento da postura a função do albúmen é antimicrobiana, e sua viscosidade juntamente com a chalaza posiciona a gema no centro do ovo, ϭϰ impedindo o contato com a casca e diminui os riscos de contaminação (BOARD & FULLER, 1974). A viscosidade do albúmen é máxima no momento da postura, entretanto, quanto mais viscoso o albúmen, maior será a barreira que dificulta a difusão dos gases para o embrião (SCHIMIDT et al., 2002). Na oviposição o albúmen possui pH em torno de 7,6. Entretanto, em alguns dias de estocagem a viscosidade diminui, devido à perda de gás carbônico, levando o albúmen à alcalinidade, consequentemente, afetando o início do desenvolvimento embrionário. Essa liquefação do albúmen é importante, pois a ativação do desenvolvimento precoce do embrião é controlada por enzimas pH dependentes (SCHIMIDT et al., 2002). Gema: Em galinhas a gema do ovo é formada aproximadamente por 47,5% de água, 33% de lipídios, 17,4% de proteínas, 0,2% de carboidratos, 1,1% de íons inorgânicos e 0,8% são outros elementos (NASCIMENTO & SALLE, 2003). Durante a incubação, os lipídios são a principal fonte de energia para o embrião, sendo aproximadamente 80% deste mobilizado e absorvido durante os sete últimos dias de incubação, portanto, especula-se que este seja o motivo do melhor desempenho de pintos originados de ovos grandes (MAIORKA et al., 2003). Mais de 90% da energia utilizada pelos embriões em desenvolvimento durante a incubação provém da oxidação dos ácidos graxos da gema. As matrizes jovens caracterizam-se por baixa capacidade de transferência de lipídios para as gemas, e matrizes mais velhas produzem gemas com maior concentração de ácido palmítico e ácido esteárico. Embriões oriundos de ovos de matrizes mais jovens apresentam menor absorção de lipídios da gema, portanto, esta absorção reduzida pode influenciar a quantidade e o tipo de substrato disponível para o embrião (ROQUE & SOARES, 1994; LATOUR et al., 1998; PEEBLES et al., 2000). 5. Condutância O desenvolvimento adequado do embrião durante a incubação é dependente do fornecimento de oxigênio em quantidade suficiente para suportar o crescimento do embrião. Pelo processo de difusão, os ovos trocam gases com o meio ambiente, devido à diferença de concentração das moléculas através dos poros, presentes em toda a superfície da casca, onde há a captura de O2 e a liberação de CO2. Esse ϭϱ processo é influenciado pelo comprimento, área e número dos poros (LA SCALA, 2003). Portanto, essa capacidade da casca em realizar trocas de gases (vapor de água, oxigênio e gás carbônico), com o ambiente é chamada de condutância da casca. Segundo LA SCALA (2003), como os embriões não podem controlar voluntariamente as trocas gasosas que ocorrem por difusão na casca do ovo, a condutância da casca e das membranas necessitam estar perfeitamente ajustadas à demanda metabólica da ave em desenvolvimento. Quando a área de poros for muito grande a condutância será alta, e o suprimento de oxigênio para o embrião será adequado, porém, ocorrerá desidratação do ovo pelo excesso de perda de água. Mas se a casca for espessa, a condutância será baixa e o embrião poderá morrer devido à falta de oxigênio, ou pela sufocação pelo excesso de CO2. A taxa de perda de água é controlada da seguinte maneira (RAHN et al. 1979): Perda de água = condutância da casca x (pressão de vapor de água dentro do ovo – pressão de vapor de água fora do ovo) A condutância da casca é calculada usando-se a equação descrita pelo suíço Adolph Fick, que explica o transporte de gases através de uma membrana semipermeável (RAHN et al. 1979). O conceito de condutância da casca tem sido muito estudado para descrever como as medidas físicas do período de incubação ou peso do ovo, podem se relacionar com a qualidade funcional da casca e com o desenvolvimento embrionário (RAHN & PAGANELLI, 1991). A relação entre estes fatores tem sido utilizada para definir uma constante de condutância, que é expressa pela equação: GH2O = k*W / I, onde GH2O é a condutância da casca em mg de H2O/dia/torr; I é o período de incubação em dias; W é o peso do ovo em g e k = 5,13 ± 0,86. Quando as constantes de condutância são avaliadas entre espécies observase que, quando W aumenta, tanto a GH2O como I aumentam para manter k constante. Para comparar as constantes entre espécies devem-se examinar todas as possibilidades que podem ocorrer com cada alteração das variáveis em relação às outras. ϭϲ O estudo realizado por AR et al. (1974) foi pioneiro ao determinar a condutância de diversas espécies. Os autores observaram que a condutância média para ovos de codornas é de 3,09 mg*dia-1*torr-1, para galinhas 14,36 mg*dia-1*torr-1 e para perus 14,49 mg*dia-1*torr-1. O’DEA et al. (2004), ao mensurarem a condutância da casca de ovos originados de matrizes pesadas, com diferentes idades (37, 45 e 53 semanas), observaram redução significativa neste parâmetro quando a idade aumentou de 37 para 45 semanas, porém, não houve diferença entre a 45ª e a 53ª semana. Entretanto, HAMIDU et al. (2007) não observaram efeito da idade do lote na condutância da casca de ovos de galinhas (29, 34 ou 36, 40, 45, 55, 59 semanas de idade). 6. Objetivos 6.1. Objetivo geral Determinar a temperatura, a umidade relativa, a frequência de viragem e a idade da matriz que resulte em melhores índices na incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix Coturnix japonica). 6.2. Objetivos específicos Avaliar o efeito de diferentes idades da matriz de codornas japonesas (Coturnix Coturnix japonica), na qualidade de ovos e na condutância da casca. Determinar a temperatura e a idade da matriz que resulte em melhores índices no processo de incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix Coturnix japonica). Definir a umidade relativa e a idade que resulte em melhores índices no processo de incubação, de ovos de codornas japonesas (Coturnix Coturnix japonica). Determinar a frequência de viragem e a idade que resulte em melhores índices na incubação de ovos de codornas japonesas (Coturnix Coturnix japonica). ϭϳ 7. Referências ABANIKANNDA, O.T.F.; LEIGH, A.O. Allometric relationship between composition and size of chicken table eggs. International Journal of Poultry Science, Champaign, v.6, p.211-217, 2007. ABANIKANNDA, O.T.F.; OLUTOGUN, O.; LEIGH, A.O.; AJAYI, L.A. Statistical modeling of egg weight and egg dimensions in commercial layers. International Journal of Poultry Science, Champaign, v.6, p.59-63, 2007. AHN, D. U.; KIM, S. K.; SHU, H. Effect of egg size and strain and age of hen on the solids content of chicken eggs. 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Matrizes velhas produzem ovos mais pesados, com menor espessura e porcentagem de casca e maior condutância. Porém, estudos semelhantes para codornas são escassos. O objetivo foi estudar o efeito da idade da matriz sobre a qualidade dos ovos férteis e na condutância da casca. Foram utilizados 320 ovos, férteis distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, 50 repetições para análise de qualidade de casca e 30 ovos para condutância da casca, com quatro idades de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas). Matrizes de 8 semanas produziram ovos mais leves em comparação com matrizes de 14 e 21 semanas. Matrizes com 8 e 14 semanas produziram ovos com menor comprimento quando comparados com ovos de aves com 21 semanas. Menor unidade Haugh foi obtida em matrizes com 31 semanas. O peso específico aumentou entre a 8ª e 14ª semanas de idade, com posterior decréscimo até a 31ª semana. A porcentagem de gema aumentou entre 14ª e 21ª semana, ocorrendo efeito semelhante para a relação gema/albúmen e efeito inverso para a porcentagem de albúmen. Matrizes com 31 semanas produziram ovos com menor porcentagem de casca em comparação com os produzidos na 14ª e 21ª semana. A maior espessura de casca foi obtida em aves em pico de produção, ocorrendo decréscimo com a idade. A condutância foi menor em ovos de matrizes de oito semanas. O peso do albúmen teve correlação positiva e maior com o peso do ovo, quando comparado com os demais componentes. Conclui-se que, ovos produzidos por matrizes com 8 semanas de idade apresentam melhor qualidade, ao passo que, ovos de pior qualidade são produzidos por matrizes com 31 semanas. Palavras-Chave: codornas, condutância da casca, idade da matriz, unidade Haugh Ϯϳ CHAPTER 2 - INFLUENCE OF BREEDER AGE OF JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica) ON THE EGGS QUALITY AND SHELL CONDUCTANCE ABSTRACT - Hens' egg quality varies with the breeder age. Old breeders produce heavier eggs, with less thickness and shell percentage and higher conductance. However, similar studies are scarce for quail. The objective was to study the effect of breeder age on quality of fertile eggs and on the shell conductance. It was used 320 fertile eggs distributed in a completely randomized design with 50 replicates for analysis of shell quality, 30 eggs for shell conductance and four breeder ages (8, 14, 21 and 31 weeks). Eight (8) weeks old breeders produced lighter eggs in comparison to those of 14 and 21 weeks of age. Breeders with 8 and 14 weeks produced eggs with shorter length when compared to those at 21 weeks. Minor Haugh unit was obtained to breeders at 31 weeks. The specific weight increased between the 8th and 14th weeks of age, with subsequent decrease up to 31 weeks. The yolk percentage increased between 14th and 21th weeks, occurring similar effect to the relationship yolk / albumen and inverse effect for the percentage of albumen. The eggs produced on the 31 weeks of breeder age had lower shell percentages compared to those produced in the 14th and 21th weeks. The higher shell thickness was obtained for birds on peak production, occurring decrease with aging. The conductance was lower on eggs from breeders of eight weeks. The albumen weight had a positive and higher correlation with the egg weight, as compared to the other components. It is concluded that eggs produced by breeders with 8 weeks of age have better quality; on the other hand, eggs of poorer quality are produced by breeders with 31 weeks. Key-words: breeder age, Haugh unit, quail, shell conductance, Ϯϴ 1. Introdução A exploração comercial de codornas, também chamado de coturnicultura, tem-se inserido na avicultura industrial a passos largos, com o desenvolvimento de novas tecnologias de produção. Essa atividade que até pouco tempo era considerada como de subsistência, passou a ocupar um cenário de atividade tecnificada e com retorno financeiro promissor aos seus investidores, o que despertou grande interesse por parte de produtores, empresas e pesquisadores (MURAKAMI & GARCIA, 2007). Apesar do franco crescimento da coturnicultura observa-se que, na literatura científica existem poucos trabalhos relacionados à incubação e qualidade dos ovos férteis de codornas. Sabe-se que o processo de incubação de ovos é fortemente influenciado por fatores físicos como a temperatura de incubação, a umidade relativa, a frequência de viragem dos ovos, bem como, o manejo durante a incubação. Além desses fatores, a qualidade dos ovos exerce um importante papel na incubação, pois os ovos fornecem tanto proteção física, quanto nutrientes para o embrião em crescimento (ULMER-FRANCO et al., 2010). O albúmen fornece a proteína para o desenvolvimento embrionário, e durante a incubação se liquefaz fornecendo água. A gema fornece a energia para o metabolismo de mantença, para a produção dos tecidos e, quando os lipídios são oxidados, forma-se água (TAZAWA & WHITTOW, 2000). A qualidade da casca, mais especificamente a espessura da casca e o número de poros, são determinantes na maneira como a casca permite a troca de gases com o ambiente, além de influenciar a perda de peso dos ovos (BAINS, 1994; LA SCALA, 2003). Ovos com casca de baixa qualidade estão associados à alta perda de peso dos ovos durante a incubação, além de prejudicar a eclodibilidade (PEEBLES et al. 2001; NARUSHIN & ROMANOV, 2002). Com o envelhecer da galinha, o tamanho e o peso dos ovos aumentam (FERREIRA et al., 2005; ULMER-FRANCO et al., 2010), porém, o peso da casca não aumenta na mesma proporção, tendo como consequência, redução em sua espessura e porcentagem em relação ao peso do ovo (MAIORKA et al., 2003). Outros componentes do ovo, como a proporção de gema, aumenta com o passar da idade da ave, assim como, há redução na porcentagem de albúmen (FERREIRA et Ϯϵ al., 2005). Como 90% da energia utilizada pelo embrião durante seu desenvolvimento provêm da gema, uma redução em sua proporção pode ser uma desvantagem para os embriões que se desenvolvem em ovos com gema menor (ULMER-FRANCO et al., 2010). Como trabalhos que relacionem a qualidade dos ovos férteis com a idade da matriz em codornas são escassos, e que essa qualidade afeta diretamente o sucesso do processo de incubação, objetivou-se estudar o efeito da idade da matriz de codorna japonesa na qualidade dos ovos incubáveis e na condutância da casca. ϯϬ 2. Material e Métodos O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Jaboticabal, no período constituído entre 13 de agosto de 2010 a 21 de janeiro de 2011. 2.1. Animais e delineamento experimental Foi utilizado um total de 320 ovos férteis, obtidos do incubatório comercial “VICAMI Codornas”, localizado em Assis-SP, sendo que, 200 ovos foram utilizados para a análise de qualidade interna e externa e 120 ovos foram destinados à análise de condutância da casca. O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e foram realizadas coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14 semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31 semanas). Durante o período de postura, as matrizes foram alimentadas diariamente com ração com 2744kcal/kg de energia metabolizável, 21,42% de proteína bruta, 3,56% de cálcio disponível e 0,679% de fósforo total. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 4 idades de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas), 50 repetições para a análise de qualidade e 30 repetições para análise de condutância da casca, sendo considerado cada ovo uma repetição. O esquema de análise de variância para qualidade e condutância dos ovos estão apresentados nas Tabelas 1 e 2 respectivamente. Tabela 1. Esquema da análise de variância para análise de qualidade dos ovos. Fontes de variação Graus de Liberdade Idade 3 Resíduo 196 Total 199 ϯϭ Tabela 2. Esquema da análise de variância para análise de condutância de casca. Fontes de variação Graus de Liberdade Idade 3 Resíduo 116 Total 119 2.2. Qualidade dos Ovos A qualidade interna e externa de 50 ovos foi avaliada, estes foram identificados individualmente e analisou-se os seguintes parâmetros: Peso dos ovos: Os ovos foram pesados individualmente em balança digital com 0,01g de precisão. Comprimento e largura dos ovos: Registrou-se o comprimento e a largura dos ovos, com o auxílio de um paquímetro digital Digimess de 200 mm com precisão de 0,01mm. Unidade Haugh: Foi obtida pela relação entre o peso do ovo (g) e a altura do albúmen (mm), utilizando-se a fórmula descrita por CARD & NESHEIM (1966): UH = 100*log (H + 7,57 – 1,7 W 0, 37), em que: H = altura do albúmen, em milímetros, obtida com auxílio de um micrômetro de mesa da marca AMES – S6428, e W = peso do ovo, em gramas. Gravidade específica: Seguindo os procedimentos descritos por FREITAS et al. (2004), todos os ovos foram imersos em soluções de NaCl cuja densidade variou de 1,060 a 1,090 g/cm³ com gradientes de 0,005 g/cm³, sendo que o peso específico foi determinado pelo valor da concentração salina onde cada ovo flutuou. Porcentagem de casca, gema e albúmen: Após a quebra do ovo, a gema foi separada e pesada, a casca foi lavada suavemente em água corrente e seca em temperatura ambiente por 48 horas e, posteriormente, pesada. O peso do albúmen foi calculado pela diferença entre o peso do ovo e o peso da gema mais o peso da casca. A porcentagem dos componentes (casca, gema e albúmen) foi calculada em relação ao peso do ovo. Espessura da casca: Foi mensurada na região equatorial do ovo, com o auxílio de um micrômetro digital da marca Mitutoyo, de 0,001 mm de precisão. Foram feitas três medidas em cada casca de ovo, sendo a espessura expressa pela média das leituras. ϯϮ Relação gema/albúmen: Obtida através da relação entre o peso da gema pelo peso do albúmen. 2.3. Condutância da casca Em cada coleta foi determinada a condutância da casca utilizando-se a metodologia descrita por AR et al. (1974). Foram utilizados 30 ovos em cada coleta de dados, os quais foram alojados em um dessecador por cinco dias em temperatura constante de 25ºC e, diariamente, os ovos foram pesados em balança de precisão para se obter a perda de massa dos ovos deste período. A condutância foi calculada utilizando a seguinte fórmula descrita no trabalho de CHRISTENSEN & NESTOR (1994): C = PMD/PSV, onde C é a condutância, PMD é a perda de massa diária, e PSV é a pressão de saturação de vapor igual a 23,86 mm/Hg a 25ºC. 2.4. Relações alométricas e correlação dos constituintes do ovo Com os dados obtidos nas análises de qualidade do ovo foi realizado o estudo da relação entre os seguintes parâmetros: peso da gema, peso do albúmen, peso da casca, comprimento e largura do ovo. As análises foram realizadas através do procedimento de correlação como descrito em ABANIKANNDA & LEIGH (2007) e ABANIKANDA et al. (2007). A alometria é o estudo do crescimento relativo de uma parte do organismo em relação ao crescimento do todo. Portanto, o estudo alométrico dos constituintes do ovo consistiu em estimar a regressão da variável dependente (peso da gema, albúmen e casca) sobre a variável independente (peso do ovo), assim como descrito em ABANIKANNDA & LEIGH (2007). Para se obter a equação alométrica, os dados obtidos foram previamente transformados em escala logarítmica. A forma geral da equação alométrica é descrita como: Y = aXb ϯϯ Onde, “Y” representa o componente do ovo, “X” representa o tamanho do ovo, “b” representa o expoente alométrico (“slope” da relação entre os componentes do ovo e o tamanho do ovo) e “a” é uma constante (coeficiente alométrico). 2.5. Análise estatística Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Nas análises de qualidade dos ovos e condutância de casca, foi utilizado o procedimento PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). Para as análises de correlação entre os componentes dos ovos, utilizou-se o procedimento PROC CORR. Para a análise alométrica utilizou-se o procedimento PROC NLIN. ϯϰ 3. Resultados e Discussão Os resultados sobre a qualidade dos ovos férteis obtidos durante a vida produtiva da matriz de codornas estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. A idade da matriz influenciou, significativamente, os parâmetros estudados (P<0,05), exceto a largura do ovo (P=0,3985). O peso do ovo aumentou, significativamente, da 8ª para a 14ª semana, apresentando uma estabilização na 21ª e uma tendência de queda na 30ª semana de idade. Esses achados diferem dos de THORSTEINSON et al. (1997), os quais relataram um aumento crescente do peso dos ovos de galinhas em função da idade da matriz. Assim, esses dados contrapõem o que ocorre com matrizes de frangos de corte, tendo em vista que para essas o peso do ovo sempre aumenta com a idade da matriz. Tabela 3. Valores médios e erro padrão da média para peso de ovo (PO), comprimento do ovo (CO) e largura do ovo (LO), unidade Haugh (UH) e peso específico (PE) em diferentes idades da matriz de codornas (n=50). Idade 8 14 21 31 P CV PO (g) 10,77 ± 0,13 b 11,36 ± 0,13 a 11,31 ± 0,14 a 11,03 ± 0,13 ab 0,0060 8,39 Parâmetros Analisados CO LO UH (mm) (mm) 31,61 ± 0,18b 25,25 ± 0,11 91,27 ± 0,41ab 31,89 ± 0,20b 25,25 ± 0,12 91,29 ± 0,56 ab 32,61 ± 0,16a 25,47 ± 0,11 91,99 ± 0,50a 32,17 ± 0,17ab 25,25 ± 0,10 89,48 ± 0,58b 0,0010 3,92 0,3985 3,04 0,0083 3,71 PE (g/cm³) 1,070 ± 0,0006b 1,074 ± 0,0006 a 1,067 ± 0,0007 c 1,064 ± 0,0005d <0,0001 0,40 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Para o comprimento e largura dos ovos (CO e LO), nota-se que a idade da matriz não teve influência significativa na largura do ovo, contrastando com o efeito que ocorre com o comprimento. Houve aumento significativo no comprimento do ovo entre a 14ª e 21ª semanas de idade. O comprimento dos ovos oriundos de matrizes de 31 semanas não diferiram das demais idades. ϯϱ Os ovos de matrizes com 21 semanas de idade apresentaram índices médios de unidade Haugh significativamente maiores, quando comparados com os da 31ª semana, sendo que ambas as idades não diferiram das demais (8 e 14 semanas). Esses resultados corroboram, parcialmente, os de NOWACZEWSKI et al. (2010) que, ao estudarem o efeito da idades da matriz (9, 25 e 31 semanas) sobre a unidade Haugh, em codornas japonesas, observaram que ovos produzidos por aves com 9 semanas resultaram em maior índice, quando comparados com os de codornas mais velhas, de 25 e 31 semanas, sendo que estes últimos não diferiram entre si. As médias de unidade Haugh se situaram entre 82,36 e 86,15, cujos valores estão abaixo dos encontrados no presente trabalho (89,48 a 91,99). TANURE (2008), trabalhando com matrizes de poedeiras com 32 e 57 semanas, também notaram redução na unidade Haugh com o envelhecimento da matriz. OLSSON (1934) foi o primeiro autor a relatar que o peso específico, ou também chamado de gravidade específica, constitui-se em um método indireto para a determinação de qualidade da casca, havendo uma relação direta desse parâmetro com a porcentagem de casca. MCDANIEL et al. (1979) concluíram que ovos de matrizes pesadas com peso especifico baixo têm maior perda de peso, mortalidade embrionária precoce e piora na eclodibilidade. Os autores também se atentaram a uma piora na qualidade da casca com o avanço da idade da matriz, prejudicando, consequentemente, o desempenho da incubação. De acordo com a Tabela 3, pode-se observar que o maior peso específico dos ovos foi obtido quando as matrizes estavam com 14 semanas de idade, portanto, pode-se considerar que nessa idade os ovos possuem melhor qualidade de casca. A partir do início da queda de postura (21 semanas) há redução acentuada na qualidade, apresentando valores ainda menores do que aqueles dos ovos produzidos em matrizes no início da vida produtiva (8 semanas). ϯϲ Tabela 4. Valores médios e erro padrão da média para porcentagens de gema (PG), albúmen (PA), casca (PC), espessura de casca (EC) e relação gema/albúmen (G/A) em diferentes idades da matriz de codornas (n=50). Idade 8 14 21 31 P CV (%) PG (%) 29,70 ± 0,28b 30,27 ± 0,25b 31,30 ± 0,26a 31,62 ± 0,28a <0,0001 11,59 Parâmetros Analisados PA PC EC (%) (%) (mm) 62,38 ± 0,27a 7,93 ± 0,07ab 0,291 ± 0,003bc 62,44 ± 0,43a 8,19 ± 0,09a 0,305 ± 0,003a 60,63 ± 0,27b 8,12 ± 0,08a 0,294 ± 0,003b 60,64 ± 0,28b 7,78 ± 0,08b 0,282 ± 0,003 c <0,0001 0,0012 <0,0001 0,83 6,94 7,29 G/A 0,477 ± 0,006b 0,485 ± 0,006b 0,516 ± 0,006a 0,523 ± 0,007a <0,0001 8,77 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Os parâmetros porcentagens de gema e de albúmen apresentaram comportamento inverso com o decorrer da idade, pois o primeiro aumentou, enquanto que o segundo diminuiu com o decorrer do tempo, corroborando assim com os achados de THORSTEINSON et al. (1997) e de ULMER-FRANCO et al. (2010). Para galinhas o aumento no peso da gema se deve ao fato de que, com o passar da idade, as matrizes produzem folículos maiores, pois como há aumento no intervalo entre as ovulações, uma mesma quantidade de gema proveniente da síntese hepática é depositada em uma menor quantidade de folículos (ZAKARIA et al., 1983; MAIORKA et al., 2003). Os constituintes dos ovos são de suma importância para o desenvolvimento do embrião. O albúmen é responsável por fornecer a proteína, e se liquefaz durante a incubação formando água e eletrólitos. Já a gema fornece energia para o metabolismo de mantença, síntese de tecidos para o crescimento embrionário e, quando os lipídios são oxidados, forma-se água (TAZAWA & WHITTOW, 2000). Com o envelhecer das matrizes de frango o aumento no conteúdo protéico da gema e redução de proteínas no albúmen (AMBROSEN & ROTENBERG, 1981). Como o albúmen supre o embrião com uma grande quantidade de água e proteínas, a sua retirada antes da incubação (20%) resulta em menor peso ao nascer. Porém, segundo MAIORKA et al. (2003), a retirada parcial da gema não altera o peso do neonato, mas compromete o desenvolvimento pós-nascimento devido ao menor peso de saco vitelínico. ϯϳ Na Tabela 4 é possível verificar que a porcentagem de casca foi, estatisticamente, maior na 14ª e 21ª semanas em comparação com a 31ª semana de idade. Observa-se que a porcentagem de casca com o envelhecer da matriz apresenta uma resposta semelhante à obtida para o peso do ovo. Quando o ovo apresentou seu maior peso (14 semanas), a porcentagem de casca também apresentou a maior proporção. Assim, esses resultados conflitam com as afirmações de MAIORKA et al. (2003) para o efeito idade da matriz x peso do ovo x porcentagem de casca em galinhas. Segundo os autores, o peso da casca não aumenta na mesma proporção do que o peso dos ovos quando a ave envelhece, portanto, há redução na porcentagem de casca. FARIA et al. (1999), trabalhando com três conjuntos de idades de poedeiras (20-36; 37-53 e 54-70 semanas), concluíram que, a medida que o peso dos ovos aumentou, com o passar do tempo, a porcentagem de casca apresentou redução significativa, demonstrando assim relação inversa. A espessura de casca aumentou da 8ª para 14ª semana e, posteriormente, houve uma diminuição significativa até a 31ª semana, sendo que a espessura da casca dos ovos das matrizes em final de ciclo não diferiram das encontradas no início da postura. Resultados semelhantes foram obtidos por GONZALEZ (1995) que, trabalhando com codornas japonesas, observou que a espessura aumentou da 8ª para a 17ª semana, com posterior diminuição na espessura com o passar da idade. Ainda, na Tabela 4 é possível verificar que a relação gema/albúmen aumentou significativamente a partir da 14ª semana, permanecendo constante até o final do ciclo produtivo da matriz. PEEBLES et al. (2000), trabalhando com matrizes pesadas, notaram aumento significativo na relação gema/albúmen entre 26 e 35 semanas de idade, permanecendo constante até a 47ª semana. O’SULIVAN et al. (1991) constataram aumento nessa relação entre a 26 e 62 semana de idade, sendo que esse aumento está mais na dependência do peso da gema do que no albúmen. A condutância da casca dos ovos foi, significativamente, menor na 8ª semana, em comparação com as demais idades (Tabela 5), sendo que a partir da 14ª semana, não houve alteração significativa nesse parâmetro. ϯϴ Os resultados encontrados na literatura para condutância da casca, associada à idade de matriz, apresentam resultados contraditórios. YILDIRIM (2005) não observou diferença significativa na condutância da casca em ovos de matrizes de codornas japonesas, com 10 e 40 semanas de idade. HAMIDU et al. (2007) também não observaram diferença na condutância da casca de ovos de matrizes pesadas durante o período de postura da ave (29-59 semanas). O’DEA et al. (2004), trabalhando com matrizes pesadas de 37, 45 e 53 semanas de idade, obtiveram redução na condutância com o envelhecer de matrizes. Em HAMIDU et al. (2011), os autores estudaram diferentes idades de matrizes de perus (30, 34, 55 e 60 semanas de idade) e observaram que as menores condutâncias foram obtidas em aves novas e em pico de produção (30 e 34 semanas) e, posteriormente, houve aumento dessa variável nas idades seguintes, com maior condutância verificada na 60ª semana. AR et al. (1974) realizaram as primeiras mensurações de condutância da casca dos ovos de 29 espécies e estabeleceram que, a resposta desse parâmetro é determinado pela área de poro funcional e pela espessura de casca. Considerandose que o processo de difusão dos gases na casca é dependente do comprimento dos poros, e que a espessura da casca é um índice conveniente para representar esse comprimento (LA SCALA et al., 2003), seria esperado que nos trabalhos de HAMIDU et al. (2007) e de O’DEA et al. (2004), os ovos oriundos de matrizes velhas apresentassem maior média de condutância de casca. Essa suposição do aumento da condutância com a idade da ave, está baseada no fato, de que, em galinhas, o envelhecer da matriz está associado à redução na espessura da casca (RAYAN et al., 2010). Essa redução ocorre, porque o tamanho do ovo aumenta mais rapidamente do que o peso da casca, diminuindo sua espessura e porcentagem (MAIORKA et al., 2003). Com essa diminuição, em teoria, haveria uma maior facilidade de troca de gases através da casca. Entretanto, os resultados do presente experimento, evidenciam que há redução na espessura da casca no período constituído entre 14 e 31 semanas, mas não se observa aumento significativo na condutância. ϯϵ Tabela 5. Condutância da casca de ovos de matrizes de codornas japonesas em função da idade. Condutância Fatores ---------------mg H2O/d/Torr-------------Idade (I) 8 semanas 1,45 b 14 semanas 2,48 a 21 semanas 2,52 a 31 semanas 2,50 a CV (%) 20,30 Probabilidades I <0,0001 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). A matriz de correlação das características e componentes do ovo estão apresentadas na Tabela 6. Há uma relação direta e positiva entre todas as variáveis estudadas. A correlação de menor valor (r = 0,460) foi obtida entre as características: comprimento e largura dos ovos, enquanto que a correlação mais alta ocorre entre o peso do albúmen e peso do ovo (r = 0,913). Esses coeficientes demonstram que o peso do albúmen é o componente que melhor se correlaciona com o peso dos ovos. Com coeficientes de correlação acima de 0,90, SCOTT & SILVERSIDES (2000) e SILVERSIDES & SCOTT (2001), também notaram que em galinhas, o albúmen é o componente que mais está associado ao peso do ovo. Tabela 6. Matriz de correlação de características e componentes do ovo de matrizes de codornas japonesas. Peso da Peso do Peso da Comprimento Largura Gema Albúmen Casca Peso do Ovo 0,715 0,850 0,806 0,913 0,676 Comprimento 0,460 0,705 0,606 0,481 Largura 0,685 0,777 0,478 Peso da Gema 0,553 0,472 Peso do Albúmen 0,632 Peso da Casca Todos os coeficientes de correlação são significativos (P<0,0001) Os coeficientes e expoentes alométricos, e seus respectivos coeficientes de determinação, dos parâmetros peso de casa, da gema e do albúmen estão apresentados nas Tabelas 7, 8 e 9, respectivamente. ϰϬ Assim como em ABANIKANDA & LEIGH (2007), os valores do coeficiente de determinação (r²) foram maiores para a peso do albúmen, o que segundo os autores, faz com que o peso do ovo seja um bom estimador do peso do albúmen. Pode-se notar que ao contrário do que ocorreu com o albúmen, o coeficiente de determinação da casca foi moderado, isto indica que apesar dos expoentes alométricos terem sido significativos em todas as idades, as variações observadas para peso da casca, em sua maior parte, provavelmente, foram originadas a partir da influência da idade da matriz e não do peso dos ovos. De forma semelhante ao peso da casca, a gema apresentou coeficientes de determinação moderado, exceto na idade de 31 semanas onde o r² foi de 0,798. Tabela 7. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de determinação (r²) para os parâmetros: peso de gema sobre peso do ovo, em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. Peso de Gema Idade N a b r² ** ** 8 50 -1,485 1,113 0,685 * ** 14 50 -1,302 1,041 0,576 21 50 -1,050** 0,953** 0,685 31 50 -1,818** 1,278** 0,798 * P<0,01 **P<0,0001 Tabela 8. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de determinação (r²) para os parâmetros: peso de albúmen sobre peso do ovo, em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. Peso de Albumen Idade N a b r² * ** 8 50 -0,471 0,999 0,886 14 50 -0,433ns 0,985** 0,726 21 50 -0,600** 1,041** 0,914 ns ** 0,834 0,881 31 50 -0,101 ns = não significativo * P<0,01 **P<0,0001 ϰϭ Tabela 9. Coeficientes alométricos (a), expoente alométrico (b) e coeficiente de determinação (r²) para parâmetros: peso de casca sobre peso do ovo, em diferentes idades de matrizes de codornas japonesas. Peso de casca Idade N a b r² 8 50 -1,690** 0,643** 0,467 14 50 -1,924** 0,761** 0,446 21 50 -2,224** 0,881** 0,567 31 50 -2,215** 0,858** 0,486 * P<0,01 **P<0,0001 ϰϮ 4. Conclusões Os resultados do presente trabalho permitem concluir que: a qualidade dos ovos e a condutância da casca são influenciadas pela idade da matriz. Ovos de melhor qualidade foram produzidos quando as matrizes estavam com 14 semanas. Por outro lado, ovos de matrizes velhas com 31 semanas, produziram ovos de qualidade inferior. Matrizes com 8 semanas de idade produzem ovos com menor condutância de casca. ϰϯ 5. Referências ABANIKANNDA, O.T.F.; LEIGH, A.O. Allometric relationship between composition and size of chicken table eggs. International Journal of Poultry Science, Champaign, v.6, p.211-217, 2007. ABANIKANNDA, O.T.F.; OLUTOGUN, O.; LEIGH, A.O.; AJAYI, L.A. Statistical modeling of egg weight and egg dimensions in commercial layers. International Journal of Poultry Science, Champaign, v.6, p.59-63, 2007. AMBROSEN, T.; ROTENBERG, S. External and internal quality and chemical composition of hen eggs as related to age and selection for production traits. Acta Agriculture Scandinavica, v.37, p.139-152, 1981. AR, A.; PAGANELLI, C.V.; REEVES, R.B.; GREENE, D.G.; RAHN, H. 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Foram utilizados 3240 ovos distribuídos em delineamento em blocos casualizados, em esquema fatorial 3x4, sendo três temperaturas de incubação (36,5; 37,5 e 38,5°C), quatro idades de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas) e seis blocos (peso dos ovos). Os parâmetros analisados foram: tempo de incubação, perda de peso dos ovos, peso das codornas ao nascer, qualidade das codornas, período de mortalidade embrionária e eclodibilidade. Com relação ao fator temperatura, a maior média de eclodibilidade foi obtida em ovos incubados em temperatura de 38,5ºC. Já para o fator idade, maiores valores de eclodibilidade foram obtidos com aves em pico de postura e em decréscimo de produção (14 e 21 semanas). Com o aumento da temperatura houve decréscimo do tempo de eclosão dos ovos, aumento na perda de peso e melhora na qualidade da codorna. Neonatos mais leves foram obtidos de ovos incubados em temperatura de 36,5°C. Ovos de aves mais velhas necessitaram de menor tempo de incubação e perderam mais peso. Matrizes em pico de produção produziram codornas mais pesadas ao nascer. De acordo com resultados apresentados pode-se concluir que a temperatura de 38,5°C e ovos de matrizes com 14 e 21 semanas resultaram em melhores índices de incubação. Palavras-Chave: eclodibilidade, idade da matriz, incubação, qualidade da codorna, temperatura ϰϴ CHAPTER 3 - EFFECT OF INCUBATION TEMPERATURE AND THE BREEDERS AGE ON EMBRYONIC DEVELOPMENT AND POST-HATCHING QUALITY OF JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica) ABSTRACT - The incubation temperature is the most important environmental factor, because it determines or influences hatchability. However, in quail, there is no consensus on the optimum incubation temperature. Therefore, the experiment aimed to evaluate the effect of different incubation temperatures and breeder age on embryonic development and quality of Japanese quail. The same herd of quail breeders was accompanied, and data were collected at the beginning of reproductive life, the peak of egg production and over the period of decline in the reproductive cycle of the bird. It was used 3240 eggs distributed in a randomized block design in a 3x4 factorial schem with three incubation temperatures (36.5, 37.5 and 38.5 ° C), four breeder ages (8, 14, 21 and 31 weeks ) and six blocks (eggs’ weight). The parameters analyzed were: incubation time, egg weight loss, birth weight of quail, quail quality, period of embryonic mortality and hatchability. In relation to the temperature, the higher average hatchability was obtained in eggs incubated at 38.5°C. However, for the age factor, higher hatchability values were obtained for birds in the peak and in decrease of production (14 and 21 weeks) respectively. With increasing temperature there was a decrease on eggs' hatching time, an increase in eggs' weight loss and improvement in the quail quality. Lighter neonates were obtained from eggs incubated at a temperature of 36.5°C. Eggs of older birds required less incubation time and lost more weight. Breeders in peak production produced heavier quails at birth. According to the presented results it can be concluded that the temperature of 38.5°C and eggs from breeders 14 and 21 weeks old resulted in improved rates of incubation. Key-words: breeder age, hatchability, incubation, quail quality, temperature ϰϵ 1. Introdução A temperatura na incubadora se destaca como o fator ambiental mais importante e crítico durante a incubação, sendo importante não somente para um ótimo desenvolvimento embrionário e eclosão dos ovos, mas afetando também o desempenho pós-nascimento (DECUYPERE & BRUGGEMAN, 2007; WILSON, 1991). Desvios na temperatura de incubação, mesmo que pequenos (± 0,2ºC), já são suficientes para influenciar o processo de incubação (CHRISTENSEN et al., 2001). Quando a temperatura se desvia do considerado ótimo, há decréscimo na eclodibilidade e aumento da incidência de embriões com má formação. Altas temperaturas encurtam o período de incubação, porém, aumentam a frequência de mortalidade tardia. Baixas temperaturas atrasam o nascimento e aumenta o número de ovos não eclodidos e bicados (MAULDIN, 2001). No final da década de 30, BAROTT (1937) demonstrou que, para ovos de matrizes pesadas de frangos, a temperatura de 37,8°C era ideal para a obtenção de boa eclosão. O processo de incubação, juntamente com seus fatores físicos envolvidos, são amplamente estudados em espécies como frangos e perus, entretanto, em codornas não há uma padronização desse processo. Portanto, o que se observa é que a incubação de ovos de codornas baseia-se nos parâmetros utilizados na incubação de frangos de corte. PEDROSO et al. (2006) observaram que a temperatura ideal de incubação de ovos de codornas japonesas é de 37,5ºC. ROMÃO et al. (2009), também, trabalhando com codornas, observaram que, máquinas ajustadas com temperaturas de 37,0 e 38,0ºC resultaram em melhores resultados na incubação. A idade da matriz tem forte influência sobre a qualidade do ovo, influenciando diretamente o rendimento da incubação. ULMER-FRANCO et al. (2010) observaram que as matrizes de galinhas, ao envelhecer, produzem ovos com maior porcentagem de gema e menor de albúmen. O tamanho do ovo aumenta mais rapidamente do que o peso da casca, consequentemente, ocorre redução na sua espessura e na sua porcentagem em relação ao peso do ovo (MAIORKA et al., 2003). Matrizes jovens estão associadas a ovos com baixo potencial de eclosão, maior tempo de incubação e pintinhos de pior qualidade, além de produzirem ovos com menor peso. ϱϬ Portanto, como há uma correlação positiva, e alta, entre peso do ovo e peso do pintinho ao nascer, se esperam neonatos menores (BRUZUAL et al., 2000). Desta forma objetivou-se estudar o efeito de três temperaturas de incubação durante a vida produtiva de matrizes de codornas japonesas, com o propósito de se identificar a temperatura e a idade que resulte em melhores índices no processo de incubação. ϱϭ 2. Material e Métodos 2.1. Caracterização do local experimental O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal, no período constituído entre 13 de agosto de 2010 a 9 de fevereiro de 2011. As incubadoras foram instaladas em uma sala de 3,5 m x 2,5 m (8,75 m²), com pé direito de 3 m construída em alvenaria, piso frio, coberta com telhas de barro e forro plástico para isolamento. A sala possuía duas portas e uma janela, sendo que esta última foi bloqueada com placas de isopor cobertas com folhas “off-set” pretas para isolamento térmico e luminoso. O controle da temperatura interna foi regulado através de um ar-condicionado tipo “split”, ciclo frio e quente, de 10.000 BTU. 2.2. Animais e delineamento experimental Foram utilizados 3240 ovos obtidos do incubatório comercial “VICAMI Codornas”, localizado em Assis-SP. O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14 semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31 semanas). Em cada idade, os ovos foram apanhados no período da manhã e acondicionados em caixas plásticas de 30 ovos, sendo que, durante o transporte até a faculdade, os ovos foram mantidos à temperatura de 25ºC. No setor de avicultura, os ovos foram armazenados na sala de incubação em temperatura de 25ºC até o dia seguinte, quando se iniciou o processo de incubação. Foram utilizadas três incubadoras Premium Ecológica, modelo IP-130 com capacidade para 270 ovos de codornas. As incubadoras possuíam dimensões de 26 cm de altura, 67 cm de largura e 90 cm de comprimento, sendo constituída de uma base e uma tampa. O material utilizado na construção da base foi o plástico PS (poliestireno) e servia como suporte para os roletes rotativos, a tampa, e a garrafa ϱϮ reguladora de umidade. A tampa era feita em plástico do tipo PETG (Polyethylene Terephtalate Glycol-modified), o qual possuía uma resistência do tipo mola com 200 W de potência utilizada para o aquecimento da incubadora e, um ventilador com 120 mm de diâmetro para indução da circulação de ar. A temperatura e a viragem eram controladas automaticamente por um termostato digital TDD FULLGAUGE modelo MT520. Os ovos foram alojados em posição horizontal sobre os roletes rotativos. O delineamento experimental foi em esquema fatorial 3 x 4, sendo três temperaturas de incubação (36,5; 37,5 e 38,5°C) e quatro idades de matrizes (8, 14, 21 e 30 semanas), com o peso dos ovos classificados por peso (6 blocos – Tabela 2), conforme esquema estatístico apresentado na Tabela 1. A viragem dos ovos foi realizada a cada hora, sendo a umidade relativa mantida em 60%. Tabela 1. Esquema estatístico do experimento. Fontes de variação Temperatura Idade Bloco Temperatura x Idade Resíduo Total Graus de Liberdade 2 3 5 6 3223 3239 Todos os ovos foram identificados, individualmente, em três regiões e pesados para formação dos blocos de acordo com a Tabela 2. As matrizes durante o período de postura foram alimentadas diariamente com ração com 2744kcal/kg de energia metabolizável, 21,42% de proteína bruta, 3,56% de cálcio disponível e 0,679% de fósforo total. ϱϯ Tabela 2. Números de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos experimentais em função da idade das matrizes. Temperatura 36,5°C 37,5°C 38,5°C 8,29-10,00 35 50 47 10,01-10,45 49 41 52 36,5°C 37,5°C 38,5°C 8,34-10,46 45 22 24 10,47-10,97 42 35 34 36,5°C 37,5°C 38,5°C 8,87-10,57 51 48 48 10,58-11,00 44 37 45 36,5°C 37,5°C 38,5°C 9,29-10,43 47 57 55 10,44-10,88 52 49 42 Número de Ovos 8 semanas Faixa de Peso (g) 10,46-10,85 10,86-11,22 62 49 45 45 40 48 14 semanas Faixa de Peso (g) 10,98-11,33 11,34-11,80 35 64 43 67 36 59 21 semanas Faixa de Peso (g) 11,01-11,34 11,35-11,80 40 51 33 59 31 60 31 semanas Faixa de Peso (g) 10,89-11,22 11,23-11,55 38 39 40 43 53 30 11,23-11,66 41 33 36 11,67-14,21 34 56 47 11,81-12,23 39 50 51 12,24-12,23 45 53 66 11,81-12,23 37 39 42 12,24-13,54 47 54 44 11,56-12,04 44 49 45 12,05-14,11 50 32 45 2.3. Peso inicial dos ovos Na Tabela 3 estão apresentados o peso médio inicial dos ovos por temperatura de incubação e pela idade da matriz. Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos por temperatura de incubação e diferentes idades da matriz. Peso inicial dos ovos Fatores ---------------g-------------Temperatura (T) 36,5ºC 11,18 37,5ºC 11,24 38,5ºC 11,25 Idade (I) 8 semanas 10,83 14 semanas 11,54 21 semanas 11,39 31 semanas 11,17 ϱϰ Na Tabela 4 estão apresentados o peso médio dos ovos alojados no início de cada incubação, por temperatura de incubação nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados por temperatura de incubação. Temperatura Idade 36,5ºC 37,5ºC 38,5ºC 8 semanas 10,82 10,85 10,83 14 semanas 11,36 11,58 11,65 21 semanas 11,34 11,46 11,40 31 semanas 11,23 11,11 11,19 2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas No 14° dia de incubação (336 horas), os ovos foram pesados, individualmente, para determinação da porcentagem de perda de peso (perda de peso = peso inicial dos ovos – peso dos ovos na transferência). Com o auxílio de um ovoscópio de lâmpada fria (fluorescente), os ovos claros foram descartados e os férteis foram pesados, embalados em saquinhos de tule (10 x 20 cm) e transferidos para nascedouros com a mesma temperatura e umidade em que foram incubados. Entre o 15° dia (360 horas) e o final da eclosão, os ovos foram observados, individualmente, a cada três horas, sendo registrados o número de aves nascidas e o seu respectivo peso. Para cada ovo, o período de incubação foi definido como o tempo decorrido, em horas, entre o início da incubação e a eclosão. A curva de eclosão foi definida como a dispersão entre a porcentagem de eclosão e a duração da incubação. Para o cálculo da eclodibilidade utilizou-se a seguinte equação: Eclodibilidade = 100 x (número de pintos nascidos /número de ovos férteis incubados). O rendimento da incubação foi avaliado através da eclodibilidade dos ovos férteis, duração do período de incubação, perda de peso dos ovos, peso e qualidade da codorna ao nascer. ϱϱ 2.5. Qualidade das codornas Após o término da incubação, todas as codornas foram examinadas, macroscopicamente, com a finalidade de classificar a qualidade das aves nascidas. Essa classificação foi realizada de acordo com a metodologia de TONA et al. (2003) modificada. Da metodologia original, não foram analisados os parâmetros retração da gema, membrana remanescente e gema remanescente. Os valores dos escores analisados foram mantidos, portanto, a escala máxima foi de 60 e a mínima 0. Os seguintes parâmetros foram analisados: Atividade da codorninha: Para avaliar-se a atividade colocou-se a ave em decúbito dorsal, determinando quão rápido ela retornou a posição de pé. Um rápido retorno à posição de pé foi considerado como bom, mas se arrastar de costa com os pés ou não levantar foi considerado como fraco. Penas e aparência: O corpo da ave foi examinado quanto a sua secura e limpeza. Foi considerado normal quando estava seco e limpo, se estivesse molhado, sujo ou ambos então foi classificado como ruim. Olhos: A ave foi colocada de pé e seus olhos foram observados. Foi estimado o brilho dos olhos e a amplitude de abertura das pálpebras. Pernas: A ave foi colocada sobre suas pernas para se determinar se esta permaneceu bem na vertical. Os dedos foram examinados quanto à presença de deformidades. Se a ave permanecesse de pé com dificuldade, as articulações dos joelhos foram analisadas para a detecção de sinais de inflamação, vermelhidão ou ambos. Área do umbigo: O umbigo e as áreas a sua volta foram examinados quanto ao fechamento e coloração. Se a cor fosse diferente da cor da pele da ave, então foi classificado como ruim. A Tabela 5 apresenta as pontuações para cada característica utilizada na qualidade das codornas. ϱϲ Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas. Escore (pontuação) Características Máxima Intermediária Atividade 6 Aparência e penas 10 8 Olhos 16 8 Pernas 16 8 Umbigo 12 6 Adaptado de TONA et al. (2003) Mínimo 0 0 0 0 0 2.6. Embriodiagnóstico Após o término da incubação, os ovos não eclodidos foram abertos e o período da mortalidade embrionária foi diagnosticado e classificado em: precoce (1-4 dias), intermediário (5-15 dias) ou tardio (16-18 dias), conforme apresentado em PEDROSO et al. (2006), para a análise da frequência do período de mortalidade. 2.7. Análise estatística Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Foi utilizado o procedimento PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). ϱϳ 3. Resultados e Discussão A eclodibilidade (%) dos ovos férteis em diferentes temperaturas de incubação e idade de matriz está apresentada na Tabela 6. A temperatura de incubação de 38,5°C resultou em maior taxa de eclosão nas idades de 8 e 21 semanas, e a temperatura de 37,5°C nas idades de 14 e 31 semanas. Levando-se em conta todas as idades, as temperaturas de 38,5°C e 36,5°C apresentaram, respectivamente, a maior e a menor média de eclosão. Com relação ao fator idade, a maior média de eclosão ocorreu entre o pico e o início da queda de postura da matriz (82,26 e 82,10%, respectivamente), sendo a menor taxa observada para codornas com 8ª semana (69,0%). Tabela 6. Eclodibilidade dos ovos de matrizes com 8, 14, 21 e incubados em temperaturas de 36,5, 37,5 e 38,5ºC. Eclodibilidade (%) Temperatura (°C) / Idade da matriz (sem) 8 14 21 36,5 62,68 77,87 78,49 37,5 69,33 85,50 81,70 38,5 75,00 83,40 86,10 Média 69,00 82,26 82,10 31 semanas de idade 31 73,79 81,93 78,37 78,03 Média 73,21 79,62 80,72 PEDROSO et al. (2006) ao incubar ovos de codornas japonesas em temperaturas de 36,5 e 37,5°C, obtiveram, respectivamente, eclodibildades de 75,57% e 76,55%. ROMÃO et al. (2009) trabalhando com temperaturas entre 34 a 41°C notaram que, a maior eclodibilidade ocorreu nas temperaturas de 37 e 38°C (76,7% e 80,8%, respectivamente), sendo que em temperaturas fora dessa faixa resultaram em prejuízo para a eclosão dos ovos. Segundo FRENCH (1997), a temperatura de incubação é o fator ambiental mais importante que determina ou influência a eclodibilidade. Portanto, com base nos resultados obtidos no presente experimento e os disponíveis na literatura, foi verificado que ovos de codornas necessitam de uma maior temperatura de incubação quando comparados com as praticadas nos ovos de matrizes de frangos. Se for considerado que, a melhor temperatura de incubação é a que promove melhor eclodibilidade e que desvios pequenos (0,2ºC) são suficientes para alterar a ϱϴ eclosão (CHRISTENSEN et al., 2001), pode-se presumir que a melhor temperatura de incubação para codornas japonesa esteja entre 38,0 a 38,7°C. Uma possível explicação para essa temperatura de incubação mais elevada pode estar relacionada à relação área superficial x volume dos ovos dessa espécie. Ovos de codornas tem volume pequeno quando comparado com ovos de outras espécies. Entretanto, sua relação área/volume é alta. Ao se fazer uma comparação entre espécies, ovos maiores produzem embriões que, quantitativamente, geram mais calor quando comparados com ovos pequenos, porém, sua relação área/volume é baixa, isto faz com que a área superficial do ovo (neste caso, a área da casca), não seja suficientemente extensa para dissipar o calor produzido por esses embriões maiores. Como consequência, ovos maiores tem maior dificuldade em perder calor do que ovos menores. Portanto, em codornas, uma temperatura de incubação mais alta dificulta a troca de calor do ovo com o ambiente da incubadora, evitando que o ovo e, consequentemente, o embrião, perca calor de forma excessiva, prejudicando o seu desenvolvimento. Os valores médios de eclosão para o fator idade da matriz estão de acordo com a afirmação de PEEBLES & BRAKE (1987), no qual a maior taxa de eclosão ocorre na metade da vida produtiva da ave. Na Tabela 7 estão apresentados os resultados para duração de incubação, em horas. Houve efeito significativo das diferentes temperaturas estudadas e para idade da matriz. Para os ovos que foram incubados a 38,5°C os embriões precisaram de um menor tempo para eclodirem quando comparados as demais temperaturas. Os ovos incubados com temperatura mais baixa (36,5ºC) apresentaram o maior tempo de incubação. Os ovos incubados a 36,5ºC necessitaram de 21 e 44 horas a mais para eclodirem, quando comparados, respectivamente, com os incubados à temperatura de 37,5ºC e 38,5ºC. ϱϵ Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e diferentes idades da matriz. Parâmetros Analisados Fatores DI (h) PP (%) PN (g) Temperatura (T) 36,5ºC 440,93 a 7,75 c 8,14 b 37,5ºC 420,03 b 8,07 b 8,24 a 38,5ºC 397,10 c 8,46 a 8,25 a Idade (I) 8 semanas 433,69 a 7,34 d 7,97 d 14 semanas 419,44 b 7,77 c 8,43 a 21 semanas 415,56 c 8,20 b 8,29 b 31 semanas 409,62 d 9,38 a 8,08 c CV (%) 3,08 8,61 4,96 Probabilidades Bloco 0,6196 <0,0001 <0,0001 T <0,0001 <0,0001 0,0029 I <0,0001 <0,0001 <0,0001 TxI <0,0001 <0,0001 0,9494 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Pelos resultados é de se presumir que um aumento constante na temperatura de incubação não diminua constantemente a duração de incubação. Temperaturas altas, inicialmente, aceleram o crescimento do embrião e a utilização dos nutrientes da gema e do albúmen, porém, depois limitam o seu desenvolvimento devido a uma insuficiente oferta de oxigênio para os processos metabólicos (RAHN et al., 1974; LOURENS et al., 2005). Tanto temperaturas muito elevadas como muito baixas são prejudiciais ao desempenho da incubação, sendo que para ovos de galinhas, temperaturas abaixo de 35,6°C e acima de 39,4°C, por algumas horas, são suficientes para aumentar a mortalidade embrionária (KING ORI, 2011). ROMÃO et al. (2009) testando temperaturas acima de 39ºC na incubação de ovos de codornas japonesas não encontraram redução estatisticamente significativa no tempo para a eclosão (quando comparados com 40 e 41°C), e na temperatura de 34,0°C não houve eclosão. Com resultados semelhantes aos obtidos ao presente experimento, PEDROSO et al. (2006) observaram redução no tempo de eclosão de ovos de codornas ao elevar a temperatura de incubação, com médias de duração de 442,5 e 413,6 horas para as temperaturas de 36,5ºC e 37,5ºC, respectivamente. ϲϬ Pelos resultados expostos na Tabela 7, nota-se uma redução no tempo de incubação com o passar da idade da matriz. No trabalho realizado por BRUZUAL et al. (2000) não houve efeito de idade da matriz para o tempo de incubação de ovos de matrizes pesadas de frangos, divergindo com os achados no presente experimento. Porém, é importante constatar que talvez essa falta de diferença nos resultados dos autores citados, deva-se a pouca diferença entre as idades estudadas (26, 28 e 30 semanas de idade). CHRISTENSEN et al. (2001) ao incubar ovos de matrizes de perus com 33, 43 e 54 semanas de idade notaram redução gradual, e significativa, no tempo de incubação com o envelhecimento da ave. É conveniente citar que esses trabalhos utilizaram ovos com a relação área/volume diferentes do ovo da codorna, sendo essa uma característica que pode ter influência sobre os efeitos observados no tempo de incubação desses ovos, portanto, tornando forçada a comparação entre os trabalhos. Porém, pelo que é de nosso conhecimento, não existem trabalhos na literatura que testem o efeito de diferentes idades de matrizes, sobre a duração da incubação de ovos de codornas. Na Figura 1 estão apresentados os gráficos com a distribuição dos nascimentos das codornas (porcentagem), nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas em função da temperatura de incubação. Observa-se que, com o envelhecer da matriz há uma redução no tempo de incubação, independente da temperatura estudada. Em todas as idades observa-se que na temperatura de 38,5°C o nascimento se inicia com menos horas de incubação, e atinge o pico de nascimento mais cedo, quando comparado com as demais temperaturas. Já, na temperatura de 36,5°C, os ovos iniciaram a eclosão mais tarde, e esses necessitaram de mais tempo para atingir o pico de nascimento. ϲϭ Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a temperatura da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. Os valores médios para perda de peso (PP) estão apresentados na Tabela 7. Nota-se que, com o aumento da temperatura de incubação houve, também, aumento na perda de peso dos ovos, sendo que ovos incubados nas temperaturas de 38,5°C e 36,5°C perderam, respectivamente, mais e menos peso. Essa perda de peso dos ovos ocorre pela saída de moléculas de água na forma de vapor através dos poros da casca, sendo influenciado por fatores como temperatura e umidade da incubadora, espessura da casca e número de poros. É também atribuído a esse parâmetro, o desenvolvimento do embrião e a sua taxa metabólica (PAGANELLI et al., 1978; RAHN et al., 1979; RAHN & AR, 1980; BURTON & TULLET, 1983). PEDROSO et al. (2006) ao testarem temperaturas de 36,5°C e 37,5°C, na incubação de ovos de codornas, não observaram influência da temperatura na perda de peso dos ovos. ϲϮ Com relação ao fator idade, à medida que as matrizes envelheceram os ovos produzidos por essas apresentaram maior perda de peso na incubação (Tabela 6). Resultados semelhantes foram obtidos por BARBOSA et al. (2008), onde trabalhando com matrizes de galinhas poedeiras com 26, 41 e 56 semanas de idade, observaram aumento significativo na perda de peso do ovo com o decorrer do tempo. TANURE et al. (2009), ao incubarem ovos de matrizes leves de galinhas com 32 e 57 semanas de idade, demonstraram que há maior perda de peso dos ovos nas matrizes velhas, independente do período de armazenamento. Pelos resultados expostos na Tabela 7 para o fator temperatura, observa-se que as codornas oriundas de ovos incubados nas temperaturas de 38,5ºC e 37,5ºC nasceram mais pesadas, quando comparados com os incubados a 36,5ºC. Para o fator idade, as aves originadas de matrizes novas (8 semanas de idade) apresentam o menor peso da codorna ao nascer entre todas as idades estudadas. Matrizes que estavam no pico de postura produziram a progênie mais pesada de toda a sua vida produtiva, e a partir do pico houve redução no peso dos neonatos. HASSAN et al. (2004) não encontraram diferença no peso ao nascer de avestruzes, ao testarem temperaturas de incubação de 36,5, 37,0 e 37,5ºC. NAKAGE et al. (2003), estudando o efeito da temperatura de incubação em ovos de perdizes (35,5; 35,5; 36,5; 37,5 e 38,5°C), também não obtiveram diferença no peso dos neonatos. GUALHANONE et al. (2012), trabalhando com matrizes pesadas de frangos de 30 semanas, obtiveram maior peso do neonato em ovos incubados com temperatura de 37,8°C, em comparação com temperaturas de 36,8 e 38,8°C. Entretanto, esse efeito não foi observado em matrizes de 60 semanas. Pelos resultados do presente experimento pode-se notar que a resposta do peso ao nascer das codornas para a idade, seguem o mesmo padrão observado no peso dos ovos produzidos pelas matrizes (Tabela 3, Capítulo 2). ULMER-FRANCO et al. (2010) ao estudarem o efeito da idade da matriz e do peso do ovo sobre a incubação de ovos de galinhas observaram maior peso do neonato em ovos maiores. Portanto, em galinhas, é de se esperar que com o decorrer do envelhecimento das aves os ovos produzidos sejam mais pesados, e consequentemente, gerando pintinhos mais pesados. Segundo MAIORKA et al. (2003), esse efeito ocorre porque ovos pequenos têm menor espaço interno para o ϲϯ embrião se desenvolver quando comparados com ovos maiores. Entretanto, existem outras possibilidades, onde, de acordo com MCLOUGHLIN et al. (2000), o desenvolvimento do embrião estaria mais relacionado ao conteúdo dos nutrientes do ovo do que à restrição de espaço, pois matrizes mais velhas são mais eficientes em depositar substratos importantes para o desenvolvimento do embrião do que matrizes novas. Porém, o que se observa no presente experimento é um comportamento diferente do que ocorre com galinhas na relação entre os fatores idade da matriz e peso do ovo. Fica evidente que o peso das codornas ao nascer acompanha o aumento no peso do ovo e, posteriormente, acompanha a diminuição no pós-pico de produção, sendo um indicativo, mas não conclusivo, que o espaço interno do ovo é determinante no peso do neonato. Foram observadas diferenças significativas (P<0,05) no escore de classificação das codornas, conforme demonstrado na Tabela 8. Pelos escores apresentados, temperatura de incubação de 38,5°C resultou em codornas de melhor qualidade quando comparada com as demais, e aves originadas de temperaturas de incubação de 36,5°C apresentaram a pior classificação. Matrizes com 31 semanas de idade geraram codornas de pior qualidade quando comparada com as matrizes de oito e 14 semanas. A qualidade da codorna é um parâmetro importante para avaliar a eficiência da incubação, pois alta taxa de eclosão deve estar acompanhada de neonatos de boa qualidade. Portanto, ao se analisar os resultados obtidos para duração da incubação, eclodibilidade e peso ao nascer, e os mesmos serem confrontados com a qualidade dos neonatos, conclui-se que a temperatura de 38,5°C é a melhor entre as temperaturas estudadas. A piora na qualidade das codornas oriundas de ovos de matrizes com 31 semanas pode estar relacionada à piora na qualidade do ovo, principalmente aos parâmetros relacionados à qualidade da casca. Portanto, a redução no peso específico e da espessura da casca dos ovos (Tabela 3 – Capítulo 2) pode levar a perda excessiva de água durante a incubação, prejudicando o desenvolvimento do embrião. ϲϰ Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em diferentes temperaturas e de diferentes idades de matrizes. Fatores Qualidade da Codorna Temperatura (T) 36,5ºC 56,74 c 37,5ºC 57,90 b 38,5ºC 58,62 a Idade (I) 8 semanas 58,00 a 14 semanas 58,07 a 21 semanas 57,80 ab 31 semanas 57,33 b CV (%) 6,66 Probabilidades T <0,0001 I 0,0074 TxI 0,2035 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Na Tabela 9 estão apresentados os resultados para a mortalidade embrionária nos ovos férteis das codornas. A maior ocorrência, em porcentagem, da mortalidade precoce foi verificada nos ovos de matrizes de oito semanas e incubados às temperaturas de 36,5 e 38,5ºC, e ovos de 14 semanas incubados à 38,5ºC. A maior taxa de mortalidade tardia ocorreu com maior frequência nas temperaturas de 36,5 e 37,5°C em ovos de matrizes de oito semanas, e em ovos incubados com 36,5°C e 37,5°C para as matrizes de 14 e 30 semanas, respectivamente. A mortalidade embrionária na fase de pós-bicado ocorreu, mais frequentemente, nas temperaturas de 36,5 e 37,5°C nas idades de 14 e 30 semanas, respectivamente. ϲϱ Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões incubados sob diferentes temperaturas de incubação e idades de matrizes. Temperatura (°C) Fase Semanas 36,5 37,5 38,5 8 10,95 2,92 12,41 14 6,25 5,00 16,25 Precoce 21 5,43 6,20 9,30 31 2,67 3,11 3,56 8 4,38 2,92 2,19 14 7,50 5,00 8,75 Intermediária 21 5,43 3,88 2,33 31 7,11 5,33 3,56 8 15,33 10,22 2,19 14 23,75 15,00 12,50 Tardia 21 14,73 7,75 4,65 31 8,44 20,44 6,22 8 13,87 13,87 8,76 14 28,75 20,00 16,25 Pós-Bicado 21 16,28 12,40 11,63 31 8,89 20,89 9,78 ϲϲ 4. Conclusões Os resultados do presente trabalho permitem concluir que, a temperatura incubação tem forte influência sobre os parâmetros de incubação, bem como a qualidade das codornas nascidas. A idade da matriz influência a duração de incubação, perda de peso dos ovos, peso ao nascer e a qualidade dos neonatos. A partir desse trabalho sugere-se o uso da temperatura de 38,5°C, devido aos melhores resultados obtidos na duração de incubação, eclodibilidade e qualidade das codornas. O uso de ovos de matrizes de codornas com 14 e 21 semanas de idade proporciona melhor desempenho no processo de incubação, devido ao maior peso da codorna ao nascimento e a melhora dos índices de eclodibilidade. ϲϳ 5. Referências ABANIKANNDA, O.T.F.; LEIGH, A.O. Allometric relationship between composition and size of chicken table eggs. International Journal of Poultry Science, Champaign, v.6, p.211-217, 2007. ABANIKANNDA, O.T.F.; OLUTOGUN, O.; LEIGH, A.O.; AJAYI, L.A. 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Foram utilizados 2160 ovos férteis distribuídos em delineamento em blocos casualizados, em um esquema fatorial 2x4, com duas umidades relativas de incubação (60 e 70%) e quatro idades de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas), e seis blocos (peso dos ovos). Os parâmetros analisados foram: peso inicial dos ovos, perda de peso dos ovos, duração da incubação, eclodibilidade, peso das codornas ao nascer, qualidade das codornas e período de mortalidade embrionária. O uso de umidade relativa de 60% resultou em melhor eclodibilidade na 8ª, 21ª e 31ª semanas e na média conjunta das idades. Matrizes em pico e pós-pico de produção (14 e 21 semanas) apresentam maior média de eclodibilidade em ambas as umidades relativas. Umidade relativa de 60% reduziu o tempo de incubação e o peso da codorna ao nascer, aumentou a perda de peso dos ovos e resultou em melhor qualidade dos neonatos quando comparados com os nascidos em 70%. Os resultados permitem concluir que, utilizar umidade relativa de 60% na incubação de codornas japonesas resulta em melhores índices de incubação. Palavras-Chave: bulbo seco, bulbo úmido, eclodibilidade, idade da matriz, pressão de saturação de vapor, umidade. ϳϰ CHAPTER 4 - EFFECT OF INCUBATION RELATIVE HUMIDITY AND BREEDER AGE ON THE EMBRYONIC DEVELOPMENT AND QUALITY OF NEONATE OF JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica) ABSTRACT - The present study aimed to evaluate the effect of two relative humidities of incubation (60 and 70%) on embryonic development and neonates' quality from fertile eggs of quail breeders of different ages. The same herd of quail breeders was accompanied, and data were collected at the beginning of reproductive life, the peak of egg production and over the period of decline in the reproductive cycle of the bird. It was used 2160 fertile eggs distributed in a randomized block design in a 2x4 factorial scheme, with two relative humidities of incubation (60 and 70%) and four breeder ages (8, 14, 21 and 31 weeks) and six blocks (eggs’ weight). The parameters analyzed were: initial eggs’ weight, egg weight loss, duration of incubation, hatchability, quail birth weight, quail quality and embryo mortality period. The use of relative humidity of 60% resulted in improved hatchability in 8th, 21th, 31th weeks and in the total average age. Breeders in peak and post-peak production (14 and 21 weeks) presented higher average hatchability in both humidities. Relative humidity of 60% reduced the incubation time and the quail weight at birth, increased eggs' weight loss and resulted in a better neonate quality when compared to the ones born by 70%.The results show that, using relative humidity of 60% in the incubation of Japanese quail results in better incubation indexes. Key-words: breeder age, dry bulb, hatchability, humidity, saturation vapor pressure, wet bulb. ϳϱ 1. Introdução A umidade relativa é definida pela relação entre a pressão parcial de vapor da água pela pressão de saturação de vapor em determinada temperatura. Seu controle é realizado pela diferença psicrométrica entre temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido (ROSA et al., 2002). Em matrizes pesadas de frangos recomenda-se que a umidade relativa de incubação esteja entre 55 e 60% (MAULDIN, 2001), porém em codornas existem poucos trabalhos que forneçam bases para uma padronização da umidade de incubação. Segundo PEDROSO et al. (2006), o uso de umidades relativas de 55 e 65% (36,5 e 37,5°C) na incubação de ovos de codornas apresentaram resultados semelhantes. A umidade relativa é um fator físico que influencia a perda de peso dos ovos, ou seja, controla a evaporação da água presente no ovo (DECUYPERE & BRUGGEMAN 2007). A perda de peso (em porcentagem) é utilizada como ferramenta para avaliação do processo de incubação (TULLETT & BURTON, 1982). Segundo DECUYPERE & BRUGGEMAN (2007) a perda de peso em ovos de galinhas é considerada ótima quando os valores se situam entre 11 e 13%, podendo haver variações de 5 a 20% devido a diferenças na condutância da casca. A idade da matriz tem forte influência sobre o rendimento da incubação. Matrizes jovens estão associadas a ovos com baixo potencial de eclosão, maiores períodos de incubação, além de produzirem ovos menores, com maior densidade de albúmen e maior espessura de casca e membrana, características que reunidas resultam em menor eclodibilidade e menor taxa de sobrevivência dos neonatos (BRUZUAL et al., 2000; MAIORKA et al., 2003). A disponibilidade de estudos que relacionem a umidade relativa na incubação de ovos de codornas é limitada, e os existentes, trabalham com temperaturas diferentes, o que inevitavelmente influencia a carga de vapor de água nas incubadoras. Portanto, há dificuldade em se estabelecer qual a umidade ideal para a incubação de ovos de codornas. Esse cenário evidencia uma falta de padronização de parâmetros básicos como a temperatura e umidade relativa, que são essenciais no sucesso do processo de incubação de ovos. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo, testar o efeito de duas umidades relativas durante todo o período produtivo da matriz de codornas ϳϲ japonesas, para se determinar a umidade e a idade que resulte em melhores índices no processo de incubação. ϳϳ 2. Material e Métodos 2.1. Caracterização do local experimental O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal, no período constituído entre 28 de junho de 2011 a 24 de dezembro de 2011. As incubadoras foram instaladas em uma sala de 3,5 m x 2,5 m (8,75 m²), com pé direito de 3 m construída em alvenaria, piso frio, coberta com telhas de barro e forro plástico para isolamento. A sala possuía duas portas e uma janela, sendo que esta última foi bloqueada com placas de isopor cobertas com folhas “off-set” pretas para isolamento térmico e luminoso. O controle da temperatura interna foi regulado através de um ar-condicionado tipo “split” ciclo frio e quente de 10.000 BTU. 2.2. Animais e delineamento experimental Foram utilizados no presente experimento 2160 ovos obtidos do incubatório comercial “VICAMI Codornas” localizado em Assis-SP. O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14 semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31 semanas). Em cada idade, os ovos foram apanhados no período da manhã e acondicionados em caixas plásticas de 30 ovos, sendo que, durante o transporte até a faculdade, os ovos foram mantidos à temperatura de 25ºC. No setor de avicultura, os ovos foram armazenados na sala de incubação em temperatura de 25ºC até o dia seguinte, quando se iniciou o processo de incubação. Foram utilizadas duas incubadoras Premium Ecológica, modelo IP-130 com capacidade para 270 ovos de codornas. As incubadoras possuíam dimensões de 26 cm de altura, 67 cm de largura e 90 cm de comprimento, sendo constituída de uma base e uma tampa. O material utilizado na construção da base foi o plástico PS (poliestireno) e servia como suporte para os roletes rotativos, a tampa, e a garrafa reguladora de umidade. A tampa era feita em plástico do tipo PETG (Polyethylene ϳϴ Terephtalate Glycol-modified), o qual possuía uma resistência do tipo mola com 200 W de potência utilizada para o aquecimento da incubadora e, um ventilador com 120 mm de diâmetro para indução da circulação de ar. A temperatura e a viragem eram controladas automaticamente por um termostato digital TDD FULLGAUGE modelo MT520. Os ovos foram alojados em posição horizontal sobre os roletes rotativos. O delineamento experimental foi em esquema fatorial 2 x 4, sendo duas umidades relativas (60% e 70%) e quatro idades de matrizes (8, 14, 21 e 31 semanas), com os ovos classificados por peso (6 blocos – Tabela 2), conforme esquema estatístico apresentado na Tabela 1. Os ovos foram incubados a uma temperatura de 38,5°C, determinada como ideal no Capítulo 2, e virados a cada hora. Tabela 1. Esquema estatístico do experimento. Fontes de variação Umidade Idade Bloco Umidade x Idade Resíduo Total Graus de Liberdade 1 3 5 3 2147 2159 Todos os ovos foram identificados, individualmente, em três regiões e pesados para formação dos blocos de acordo com a Tabela 2. As matrizes durante o período de postura foram alimentadas diariamente com ração com 2744kcal/kg de energia metabolizável, 21,42% de proteína bruta, 3,56% de cálcio disponível e 0,679% de fósforo total. ϳϵ Tabela 2. Números de ovos das respectivas faixas de peso dos blocos experimentais em função da idade das matrizes. Umidade 60% 70% 7,94-10,00 48 52 10,01-10,45 51 42 60% 70% 7,93-10,46 24 32 10,47-10,97 34 41 60% 70% 8,50-10,57 48 50 10,58-11,00 45 37 60% 70% 8,94-10,43 55 54 10,44-10,88 42 50 Número de Ovos 8 semanas Faixa de Peso (g) 10,46-10,85 10,86-11,22 40 45 43 38 14 semanas Faixa de Peso (g) 10,98-11,33 11,34-11,80 36 59 38 62 21 semanas Faixa de Peso (g) 11,01-11,34 11,35-11,80 31 60 51 52 31 semanas Faixa de Peso (g) 10,89-11,22 11,23-11,55 53 30 38 37 11,23-11,66 38 39 11,67-14,21 48 56 11,81-12,23 51 40 12,24-12,23 66 57 11,81-12,23 42 33 12,24-13,54 44 47 11,56-12,04 45 56 12,05-14,11 45 35 2.3. Peso inicial dos ovos Na Tabela 3 estão apresentados os pesos iniciais dos ovos por umidade relativa na incubadora e pela idade da matriz. Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por umidade relativa e idade da matriz. Peso inicial dos ovos Fatores ---------------g-------------Umidade (U) 60% 11,24 70% 11,21 Idade (I) 8 semanas 10,84 14 semanas 11,58 21 semanas 11,36 31 semanas 11,17 Na Tabela 4 estão apresentados os pesos médios dos ovos alojados no início de cada incubação, por umidade relativa na incubadora nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. ϴϬ Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados por umidade relativa de incubação. Umidade Idade 60% 70% 8 semanas 10,84 10,88 14 semanas 11,37 11,39 21 semanas 11,42 11,34 31 semanas 11,24 11,23 2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas No 14° dia de incubação (336 horas), os ovos foram pesados, individualmente, para determinação da porcentagem de perda de peso (perda de peso = peso inicial dos ovos – peso dos ovos na transferência). Com o auxílio de um ovoscópio de lâmpada fria (fluorescente), os ovos claros foram descartados e os férteis foram pesados, embalados em saquinhos de tule (10 x 20 cm) e transferidos para nascedouros com a mesma temperatura e umidade em que foram incubados. Entre o 15° dia (360 horas) e o final da eclosão, os ovos foram observados, individualmente, a cada três horas, sendo registrados o número de aves nascidas e o seu respectivo peso. Para cada ovo, o período de incubação foi definido como o tempo decorrido, em horas, entre o início da incubação e a eclosão. A curva de eclosão foi definida como a dispersão entre a porcentagem de eclosão e a duração da incubação. Para o cálculo da eclodibilidade utilizou-se a seguinte equação: Eclodibilidade = 100 x (número de pintos nascidos /número de ovos férteis incubados). O rendimento da incubação foi avaliado através da eclodibilidade dos ovos férteis, duração do período de incubação, perda de peso dos ovos, peso e qualidade da codorna ao nascer. 2.5. Qualidade das codornas Após o término da incubação, todas as codornas foram examinadas, macroscopicamente, com a finalidade de classificar a qualidade das aves nascidas. Essa classificação foi realizada de acordo com a metodologia de TONA et al. (2003) modificada. Da metodologia original, não foram analisados os parâmetros retração da gema, membrana remanescente e gema remanescente. Os valores dos escores ϴϭ analisados foram mantidos, portanto, a escala máxima foi de 60 e a mínima 0. Os seguintes parâmetros foram analisados: Atividade da codorninha: Para avaliar-se a atividade colocou-se a ave em decúbito dorsal, determinando quão rápido ela retornou a posição de pé. Um rápido retorno à posição de pé foi considerado como bom, mas se arrastar de costa com os pés ou não levantar foi considerado como fraco. Penas e aparência: O corpo da ave foi examinado quanto a sua secura e limpeza. Foi considerado normal quando estava seco e limpo, se estivesse molhado, sujo ou ambos então foi classificado como ruim. Olhos: A ave foi colocada de pé e seus olhos foram observados. Foi estimado o brilho dos olhos e a amplitude de abertura das pálpebras. Pernas: A ave foi colocada sobre suas pernas para se determinar se esta permaneceu bem na vertical. Os dedos foram examinados quanto à presença de deformidades. Se a ave permanecesse de pé com dificuldade, as articulações dos joelhos foram analisadas para a detecção de sinais de inflamação, vermelhidão ou ambos. Área do umbigo: O umbigo e as áreas a sua volta foram examinados quanto ao fechamento e coloração. Se a cor fosse diferente da cor da pele da ave, então foi classificado como ruim. A Tabela 5 apresenta as pontuações para cada característica utilizada na qualidade das codornas. Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas. Escore (pontuação) Características Máxima Intermediária Atividade 6 Aparência e penas 10 8 Olhos 16 8 Pernas 16 8 Umbigo 12 6 Adaptado de TONA et al. (2003) Mínimo 0 0 0 0 0 2.6. Embriodiagnóstico Após o término da incubação, os ovos não eclodidos foram abertos e o período da mortalidade embrionária foi diagnosticado e classificado em: precoce (1-4 ϴϮ dias), intermediário (5-15 dias) ou tardio (16-18 dias), conforme apresentado em PEDROSO et al. (2006), para a análise da frequência do período de mortalidade. 2.7. Análise estatística Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Foi utilizado o procedimento PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). ϴϯ 3. Resultados e Discussão Na Tabela 6 estão apresentados os resultados para a eclodibilidade dos ovos férteis incubados em duas umidades relativas distintas. O uso de umidade relativa de 60% durante o processo de incubação (temperatura de incubação de 38,5 oC) resultou em melhor eclodibilidade nas idades de 8, 21 e 31 semanas. Para o fator idade, as melhores taxas de eclosão foram observadas na 14ª e 21ª semanas com médias de 84,56 e 84,92%, respectivamente. Na 8ª semana, a eclosão de 68,20% foi a menor observada em todas as idades estudadas. No estudo de PEDROSO et al. (2006) foi observado melhora da eclodibilidade em ovos de codornas japonesas com 19 semanas de idade quando a umidade relativa da incubadora foi reduzida de 65% para 55% (75,28% e 77,85%, respectivamente). ROMÃO et al. (2010) ao testarem umidades relativas de incubação de 36,05%, 52,25% e 76,50% em ovos de codornas japonesas com 22 semanas de idade obtiveram, respectivamente, eclodibilidade dos ovos férteis de 91,83%, 86,12% e 77,82%. Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de idade, incubados em umidades relativas de 60 e 70%. Idade (semanas) Umidade (%) Média 8 14 21 31 60 75,00 83,40 86,10 78,37 80,72 70 61,39 85,71 83,73 76,71 76,89 Média 68,20 84,56 84,92 77,54 Pela Tabela 7 observa-se que houve efeito da umidade e da idade da matriz sobre a duração de incubação, em horas. Ovos incubados com umidade relativa de 60% necessitaram de menos tempo para eclodirem, quando comparados com os incubados em 70% de umidade. PEDROSO et al. (2006) observaram que ovos de codornas, incubados com umidade relativa de 65% necessitaram de menor tempo para eclodirem em comparação com ovos incubados a 55% de umidade, resultados que contrastam com os obtidos no presente experimento. BRUZUAL et al. (2000), trabalhando com ϴϰ ovos de galinhas, observaram que umidades de incubação de 43, 53, e 63% não influenciaram o tempo de incubação dos ovos. Com relação ao fator idade, ovos oriundos de matrizes jovens (8 semanas) demoraram mais para eclodirem quando comparados com as demais idades. Já, os provenientes de matrizes velhas (31 semanas), necessitaram de menor tempo de incubação para eclodirem. Esses resultados são similares aos de ULMER-FRANCO et al. (2010), que testaram duas idades de matrizes pesadas (29 e 59 semanas), e observaram que os neonatos oriundos de matrizes jovens demoraram mais para eclodir em comparação com os de matrizes velhas. Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao nascer (PN) em função de diferentes temperaturas de incubação e diferentes idades da matriz. Parâmetros Analisados Fatores DI (h) PP (%) PN (g) Umidade (U) 60% 397,1 b 8,46 a 8,24 b 70% 399,1 a 6,82 b 8,38 a Idade (I) 8 semanas 405,5 a 7,46 b 8,06 d 14 semanas 399,3 b 7,15 c 8,54 a 21 semanas 398,3 b 7,55 b 8,34 b 31 semanas 391,3 c 8,86 a 8,18 c CV (%) 2,91 9,45 4,70 Probabilidades Bloco 0,4775 0,0002 <0,0001 U 0,0476 <0,0001 <0,0001 I <0,0001 <0,0001 <0,0001 UxI 0,3018 0,0020 0,6948 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Na Figura 1 estão apresentados os gráficos com a distribuição dos nascimentos das codornas (porcentagem), nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas em função da umidade relativa utilizada na incubadora. Observa-se pelos gráficos que, com o envelhecer da matriz, os picos de nascimentos dos ovos ocorrem mais cedo durante a incubação. Tendo como causa provável, o aumento das trocas gasosas do embrião com o ambiente da incubadora, devido à diminuição na espessura de casca do ovo. Ambas as umidades relativas possuem distribuição ϴϱ relativamente semelhante, exceto em ovos de matrizes com 14 semanas, onde o pico de nascimento ocorreu mais cedo para ovos incubados com umidade de 60%. Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a umidade relativa da incubadora e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. Os resultados para a perda de peso dos ovos estão apresentados na Tabela 7. Observa-se que, ovos incubados em umidade relativa de 60% perderam mais peso (em porcentagem) durante a incubação, quando comparados com aqueles incubados em umidade de 70%. A umidade relativa na incubadora determina a taxa de perda de peso dos ovos durante o processo de incubação, portanto, quando a umidade é muito baixa, os ovos perdem água rapidamente, com desidratação embrionária, podendo alguns embriões não eclodirem, enquanto que outros nascem menores e não tem desempenho satisfatório no campo. Quando a umidade é muito elevada, resulta em prejuízo à eclodibilidade e qualidade do neonato (MAULDIN, 2001), pois há menor perda de calor dos ovos através do processo evaporativo, o que dificulta a ϴϲ manutenção da adequada da temperatura embrionária (CALIL, 2011). Assim, a perda de peso tem sido utilizada como uma ferramenta eficaz para se avaliar o rendimento do processo de incubação (TULLET & BURTON, 1982). Em ovos de galinhas, a perda de peso pode ser considerada como ótima, quando estiver entre 0,60% e 0,65% do peso total do ovo por dia, ou perder aproximadamente 12% do peso inicial do ovo durante os primeiros 19 dias de incubação (MAULDIN, 2001). Essa perda de peso dos ovos ocorre como resultado da saída de moléculas de água do interior do ovo para o ambiente da incubadora. As moléculas de água na forma de vapor, atravessam a casca pelos poros existentes em toda a superfície do ovo, por meio de um processo denominado difusão. Esse processo ocorre a favor de um gradiente de concentração, ou seja, de uma área com maior concentração de moléculas para uma região menos concentrada. Quando ocorre a perda de água através da casca dos ovos não há gasto energético por parte do embrião, pois está, simplesmente, relacionada à energia cinética que as moléculas possuem entre o ambiente externo e interno. Portanto, como a pressão de vapor de água dentro do ovo é maior do que a do ambiente da incubadora, o processo de difusão se encarrega de movimentar as moléculas de água do interior do ovo para o exterior através dos poros da casca (LA SCALA, 2003). No trabalho realizado por PEDROSO et al. (2006), a perda de peso foi maior em ovos de matrizes de codornas incubados em umidade relativa de 55%, quando comparados com ovos incubados em 65% de umidade. Também trabalhando com ovos de matrizes de codornas, ROMÃO et al. (2010) testaram três valores de umidades relativas na incubação (36,05%, 52,25% e 76,50%), e em seus resultados, observaram que quanto menor a umidade da incubadora, maior a perda de peso do ovo (11,96%, 8,94% e 4,89%, respectivamente). BARBOSA et al. (2008), testando umidades relativas de 48, 56 e 64% na incubação de ovos de matrizes leves de galinhas, observaram que, com o aumento da umidade relativa da incubadora, houve decréscimo na perda de peso dos ovos. Nos trabalhos de PEDROSO et al. (2006), ROMÃO et al. (2009) e BARBOSA et al. (2008), os autores trabalharam com temperaturas de incubação mais baixas do que as utilizadas no presente experimento, (36,5, 37,5ºC; 37,5°C e 37,2°C respectivamente). Portanto, é importante salientar que, para umidades relativas ϴϳ semelhantes, uma comparação numérica das médias de perda de peso entre os trabalhos citados e o presente experimento pode levar a conclusões precipitadas, pois a umidade relativa do ar é influenciada pela temperatura do ambiente na incubadora. Partindo-se da definição de que a umidade relativa é a razão entre a umidade absoluta do ar (pressão de vapor de água, ou a quantidade de água em suspensão no ar) pelo ponto de saturação (pressão de saturação de vapor de água, ou máxima quantidade de vapor de água em suspensão comportada no ar), e que esse último parâmetro é altamente dependente da temperatura do ar, pode-se concluir que, em cada um dos trabalhos citados, as incubadoras possuíam quantidades diferentes de moléculas de água em suspensão no ar. A pressão de saturação de vapor aumenta quando a temperatura do ar se eleva, em outras palavras, há um aumento na capacidade do ar de reter vapor d’água. Portanto, no presente trabalho, o ar contido no interior das incubadoras possuía carga de vapor de água em suspensão maior do que os trabalhos citados anteriormente. Entretanto, o aumento da perda de peso com a redução da umidade relativa é um efeito importante a ser considerado. O trabalho de ROMÃO et al. (2010) fornece evidências de que a incubação de ovos de codornas necessita de umidade relativa mais baixa quando comparada com a utilizada em ovos de galinhas, pois uma alta eclodibilidade (91,83%) foi obtida em umidade de 36,05% em temperatura de 37,5°C, quando comparado com os demais tratamentos (52,25% e 76,50%). Porém, outros trabalhos que testem baixas umidades são necessários para se comprovar tal efeito, pois um parâmetro importante que é a qualidade das aves não foi analisada no trabalho de ROMÃO et al. (2010), e sabe-se que maior eclodibilidade nem sempre é sinônimo de alta qualidade de aves de um dia (DECUYPERE & MICHELS, 1992). Pela Tabela 7 observa-se que os ovos de matrizes com 31 semanas perderam mais peso durante a incubação quando comparados com os ovos produzidos nas demais idades. No pico de postura da matriz, os ovos produzidos apresentaram a menor perda de peso dentre todas as idades estudadas, enquanto que a perda ocorrida nas idades de 8 e 21 semanas não diferiram entre si. ϴϴ A menor e a maior perda de peso dos ovos originados de matrizes com 14 e 31 semanas, respectivamente, podem ser explicadas pela espessura da casca nessas idades (Tabela 4 – Capítulo 2). Quando a perda de peso foi baixa (14 semanas), observou-se maior espessura da casca, ocorrendo efeito contrário na 31ª semana de idade onde a perda de peso foi maior e a casca era menos espessa. A casca do ovo funciona como uma barreira, dificultando a perda de umidade do ovo (MAULDIN, 2001), portanto quanto mais espessa a casca, maior será o caminho que as moléculas de água necessitam atravessar pelos poros, dificultando a perda de peso. A casca é considerada uma câmara embrionária que deve atender as demandas do embrião e, para isso, ela tem que lidar com funções antagônicas como, facilitar a troca de gases e controlar a perda de água (SOLOMON, 2010). Ovos incubados com umidade relativa de 70% resultaram em codornas mais pesadas, quando comparados com os incubados a 60% de umidade. Com relação ao fator idade da matriz, houve aumento no peso da codorna ao nascer entre as idades de oito e 14 semanas. O maior peso do neonato foi observado no pico de postura da matriz (14º semanas), sendo que após esse período o peso do neonato decresceu até a 31ª semana de idade. BARBOSA et al. (2008) testando três umidades relativas (48, 56 e 64%) na incubação de ovos de matrizes leves de galinhas observaram que, 64% de umidade resultou em pintinhos mais pesados quando comparados com umidades de 48 e 56%. Trabalhando com codornas japonesas ROMÃO et al. (2010) observaram que, quando os ovos de matrizes foram incubados em umidade relativa de 76,50% (alta umidade), as codornas nasceram mais pesadas quando comparadas com as dos ovos incubados em umidade de 52,25% (umidade intermediária) e 36,05% (umidade baixa). Entretanto, os neonatos eclodiram mais pesados na umidade relativa baixa, quando comparados com os incubados em umidade intermediária. Segundo os autores, esse efeito foi devido ao maior peso inicial dos ovos do grupo incubado em baixa umidade relativa (12,70 ± 0,88g), em comparação com o grupo de umidade intermediária (12,20 ± 0,90g). BRUZUAL et al. (2000) testaram umidades relativas na incubação de 43, 53 e 63% em ovos de matrizes pesadas de frangos e observaram que as aves nasceram ϴϵ mais pesadas quando se aumentou a umidade. Entretanto, esta diferença não se manteve no momento da retirada dos pintinhos das incubadoras. Para os autores, essa diferença de peso ocorreu devido a maior quantidade de água nas aves no nascimento, que mesmo em condições de alta umidade relativa foi rapidamente perdida no período entre o nascimento e a retirada das aves dos nascedouros. Segundo DAVIS et al. (1988) embriões originados de ovos com baixa perda de umidade armazenam água sob a pele e entre os músculos. Com relação à idade da matriz, o peso das codornas no nascimento (Tabela 7) apresentou resposta semelhante ao que ocorreu para o peso do ovo (Tabela 3). Observou-se que, a resposta do peso das codornas durante o envelhecer da matriz, acompanhou as alterações que ocorreram no peso dos ovos. Portanto, quando os ovos eram mais pesados (14ª semanas), as aves nasceram mais pesadas. Por outro lado, ovos mais leves (8ª semanas) originaram aves leves. A partir da 14ª semana de idade da matriz, houve decréscimo no peso dos ovos, igualmente, houve redução no peso dos neonatos. Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados em diferentes umidades relativas e idades de matriz Fatores Qualidade da Codorna Umidade (U) 60% 58,62 a 70% 58,15 b Idade (I) 8 semanas 58,42 ab 14 semanas 58,78 a 21 semanas 58,43 ab 31 semanas 57,91 b CV (%) 5,46 Probabilidades U 0,0153 I 0,0028 UxI 0,522 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Na Tabela 8 estão apresentados os resultados para qualidade das codornas ao nascer, quando os ovos foram incubados em duas umidades relativas (60 e 70%) com diferentes idades da matriz. Pode-se observar que a qualidade da codorna foi melhor quando os ovos foram incubados em máquinas com umidade relativa de 60% ϵϬ em comparação com os ovos incubados a 70%. Pela análise dos dados observou-se que, o pior escore para neonatos foi obtido para os oriundos de incubação com 70% de umidade relativa (problemas de umbigo). Em relação ao fator idade, a melhor qualidade do neonato foi observada nas matrizes com 14 semanas de idade quando comparados com os de matrizes de 31 semanas. As idades de 8 e 21 semanas não diferiram entre si, e não diferiram das demais idades. A frequência do período de mortalidade dos embriões incubados sob umidades relativa de 60 e 70%, durante a vida produtiva da matriz (8, 14, 21 e 31 semanas) está apresentada na Tabela 9. Tabela 9. Frequência do período de mortalidade de embriões para ovos incubados sob diferentes umidades relativas e oriundos de diferentes idades de matrizes. Umidade Fase Semanas 60% 70% 8 18,89 13,33 14 18,06 0,00 Precoce 21 15,79 13,16 31 7,55 9,43 8 3,33 4,44 14 9,72 4,17 Intermediária 21 3,95 9,21 31 7,55 8,49 8 3,33 21,11 14 13,89 16,67 Tardia 21 7,89 11,84 31 13,21 16,04 8 13,33 22,22 14 18,06 19,44 Pós-Bicado 21 19,74 18,42 31 20,75 16,98 Pela Tabela 9 observa-se que os ovos incubados em umidade relativa de 70% apresentaram maior frequência de mortalidade embrionária na fase tardia, sendo esse efeito mais evidente quando as matrizes tinham 8 e 21 semanas. Assim, como observado no presente experimento, os trabalhos de BRUZUAL et al. (2000) e ROMÃO et al. (2010) demonstraram aumento na mortalidade ϵϭ embrionária tardia quando os ovos foram incubados em umidades relativas elevadas. Esse aumento na mortalidade tardia dos embriões pode estar relacionado à menor perda de calor por evaporação dos ovos em incubadoras com alta umidade relativa. Com eliminação deficiente de calor, a temperatura corporal do embrião tende a se elevar, sendo que esta influencia fortemente o crescimento do embrião (TAZAWA & WHITTOW, 2000). Portanto, quanto mais alta a temperatura do embrião, mais rápido é o seu desenvolvimento, consequentemente, há um aumento exponencial na demanda de oxigênio e na eliminação de CO2 (CALIL, 2011). Possivelmente, devido à limitação da casca em lidar com esse aumento na demanda de oxigênio por parte do embrião, este entra em quadro crítico de hipóxia ou até mesmo anaerobiose (CALIL, 2011), consequentemente, aumentando a frequência de mortalidade tardia nos embriões. Conforme demonstrado por HAMIDU et al. (2007), o consumo de O2 pelos embriões contidos em ovos de galinhas com 40 semanas (pico de produção), apresenta aumento consideravelmente grande durante a incubação, partindo de 5mL no primeiro dia para 1155,2 mL no 21º dia de incubação. Portanto, em situações de alta umidade, a quantidade de oxigênio que atravessa a casca pode ser insuficiente para o metabolismo do embrião, e esse utilizará menos lipídios da gema como fonte de energia, e passará a utilizar o glicogênio dos tecidos, pois se sabe que é necessária uma menor quantidade de O2 para metabolizar carboidratos do que lipídios (CHRISTENSEN et al., 1995). O “internal pipping” ou também chamado de bicagem interna, consiste na fase em que o embrião perfura a câmara de ar do ovo e inicia sua respiração pulmonar. Essa fase se inicia quando a demanda de oxigênio do embrião é maior do que a casca é capaz de fornecer através do processo de difusão. Nesse período, devido ao menor aporte de oxigênio, o embrião necessita metabolizar os carboidratos armazenados na forma de glicogênio, fornecendo assim uma fonte anaeróbica de energia (PEARCE & BROWN, 1971). Assim, a maior taxa de morte embrionária tardia nos ovos incubados em umidade relativa mais alta pode estar relacionada à mudança da forma de obtenção de energia para crescimento e manutenção do embrião. Pois, com disponibilidade ϵϮ de oxigênio abaixo do requerido, o embrião passa a utilizar mais glicogênio ao invés dos lipídios contidos na gema, quando comparados com embriões incubados em umidades mais baixas. Talvez essa mudança no metabolismo pode, ao longo da incubação, diminuir a quantidade de carboidratos (glicogênio), que seriam armazenados e utilizados no período em que a casca dos ovos não tem a capacidade de permitir maiores aportes de oxigênio para o embrião, ou seja, o período entre o “internal pipping” e a eclosão. Com menor reserva de glicogênio para manter os músculos em um período de grande esforço, talvez alguns embriões falhem em eclodir. Porém, não há artigos que relacionem diretamente diferentes umidades relativas, metabolismo do embrião (consumo de O2 e CO2) e produção de glicogênio hepático ou muscular nas aves. O uso de 60% de umidade relativa na incubação aumentou a incidência de mortalidade precoce nas idades de 8, 14 e 21 semanas. SOLIMAN et al. (1994), ao medirem a perda de peso em diferentes intervalos da incubação de ovos de codornas (0 a 5; 5 a 10; 10 a 15 dias), observaram que, ovos que continham embriões com mortalidade inicial, apresentavam maior perda de peso em todas as fases. Portanto, os autores sugeriram que esta mortalidade precoce do embrião estaria relacionada a excessiva perda de água dos ovos. Pelos resultados citados e os obtidos no presente experimento, o uso de baixa umidade relativa na incubadora leva a aumento na taxa de mortalidade embrionária precoce em ovos de codornas, tendo como possível explicação, a desidratação do embrião em desenvolvimento. ϵϯ 4. Conclusões Pelos resultados do presente trabalho recomenda-se o uso de 60% de umidade relativa na incubação de ovos de codornas japonesas, por proporcionar melhores resultados no processo de incubação e na qualidade da codorna. Matrizes de codornas com 14 e 21 semanas de idade produzem ovos que resultam em melhores índices na incubação, devido as maiores taxas de eclodibilidade. ϵϰ 5. Referências BARBOSA, V.M.; CANÇADO, S.V.; BAIÃO, N.C.; LANA, A.M.Q.; LARA, L.J.C.; SOUZA, M.R. Efeitos da umidade relativa do ar na incubadora e da idade da matriz leve sobre o rendimento da incubação. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.60, n.3, p.741-748, 2008. BRUZUAL, J.J.; PEAK, S.D.; BRAKE, J.; PEEBLES, E.D. Effects of relative humidity during incubation on hatchability and body weight of broiler chicks from breeder young flocks. Poultry Science, Champaign, v.79, p.827-830, 2000. CALIL, T.A.C. (2007) Princípios básicos de incubação. 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O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas coletas de dados no início da vida reprodutiva, no pico de postura e duas ao longo do período de decréscimo do ciclo reprodutivo da ave. Foram utilizados 3240 ovos os quais foram distribuídos em delineamento em blocos casualizados, em um esquema fatorial 3x4, sendo três frequências de viragem (2h, 1h e 0,5h), quatro idades de matriz (8, 14, 21 e 31 semanas) e seis blocos. Os parâmetros analisados foram: perda de peso dos ovos, duração da incubação, eclodibilidade, peso das codornas ao nascer, qualidade das codornas e período de mortalidade embrionária. A viragem dos ovos a cada duas horas resultou em maior eclodibilidade na 8ª e 30ª semanas, assim como, na média do fator idade. Matrizes em pico de produção (14 semanas) produziram ovos com maior média de eclodibilidade. Ovos virados a cada 0,5 horas necessitaram de mais tempo para eclodirem, perderam menos peso, resultaram em menor mortalidade embrionária intermediária e maior mortalidade tardia. Matrizes mais velhas produziram ovos que necessitaram de menos tempo para eclodirem e perderam mais peso. Pode-se concluir que a viragem dos ovos a cada 2 horas é a que proporciona melhores índices na incubação, assim como, o uso de ovos de matrizes com 21 semanas de idade. Palavras-Chave: codorna, eclodibilidade, idade da matriz, viragem do ovo ϵϴ CHAPTER 5 - EFFECT OF TURNING FREQUENCY AND THE BREEDER AGE ON THE EMBRYONIC DEVELOPMENT AND POST-HATCHING QUALITY OF JAPANESE QUAIL (Coturnix coturnix japonica) ABSTRACT - The study aimed to evaluate the effect of different turning frequencies of eggs from breeders of different ages on embryonic development and quality of Japanese quail. The same herd of quail breeders was accompanied, and data were collected at the beginning of reproductive life, the peak of egg production and over the period of decline in the reproductive cycle of the bird. It was used 3240 eggs distributed in a randomized block design in a 3x4 factorial scheme, with three turning frequencies (2h, 1h and 0.5 h), four breeder ages (8, 14, 21 and 31 weeks) and six blocks. The parameters analyzed were eggs' weight loss, incubation duration, hatchability, quail weight at birth, quail quality and embryo mortality period. The turning of eggs every two hours resulted in higher hatchability in the 8th and 30th weeks, as well as the average for the age factor. Quail breeders in peak production (14 weeks) produced eggs with higher average hatchability. Eggs turned every 0.5 hours needed more time to hatch, lost less weight, resulted in less intermediate embryonic mortality and higher late mortality. Older breeders produced eggs that required less time to hatch and lost more weight. It can be concluded that the egg turning every 2 hours is the one that provides the best incubation indexes, as well as the use of eggs from breeders with 21 weeks of age. Key-words: breeder age, hatchability, quail, egg turning ϵϵ 1. Introdução A viragem dos ovos tem como finalidade reduzir a frequência de malposicionamento do embrião, prevenir a adesão das membranas embrionárias, ou do embrião na membrana da casca, permitir o fechamento completo da membrana corionalantóide na região fina do ovo, além de permitir o uso ideal do albúmen pelo embrião (DEEMING, 2002; TONA et al., 2005). A falta de viragem dos ovos, durante a incubação, acarreta em atraso na eclosão e piora na qualidade do neonato (TONA et al., 2003). Esse atraso é resultado da demora no desenvolvimento da membrana do saco vitelínico e ao grau de absorção do albúmen que, em galinhas, se completa entre o 12° e 13° dias de incubação (TULLET & DEEMING, 1987). EYCLESHYMER (1907), um dos primeiros autores a estudar os efeitos negativos da falta de viragem em ovos de galinhas, observou baixa eclodibilidade em ovos não virados (15%). A maior parte dos trabalhos disponíveis, relacionados ao processo de viragem, foi realizado com ovos de galinhas e poucos estudos foram realizados para outras espécies. OLSEN & BYERLEY (1936) observaram que, virar os ovos de matrizes de frango 48 e 96 vezes ao dia, resultou em melhor eclodibilidade, quando comparado com três vezes diárias. Na década de 1950, KUIPER & UBELS (1951) e KALTOFEN (1955) demonstraram que virar os ovos 24 vezes por dia, resultou em melhor eclodibilidade, do que frequências de viragens menores. ELIBOL & BRAKE (2003) ao testarem frequências diárias de viragens de 24, 48 e 96 vezes, entre o 3º e o 11º dia de incubação, observaram maior eclodibilidade em ovos de matrizes de frangos virados 96 vezes, quando comparado com as demais frequências. ELIBOL & BRAKE (2006) observaram aumento na eclodibilidade e menor mortalidade embrionária tardia em ovos de matrizes de frangos virados 96 vezes ao dia, comparados com ovos virados 24 vezes. Apesar da viragem diária de 96 vezes proporcionar melhores resultados do que viragens menos frequentes, o que se observa, em condições de campo, é a adoção de viragem a cada hora. Isso ocorre porque o ganho de eclodibilidade entre as duas viragens é pequena, o que faz com que os gastos extras com uma viragem de 96 vezes não seja vantajosa. A idade da matriz tem forte influência sobre a qualidade do ovo (NOWACZEWSKI et al., 2010), pois sabe-se que a proporção de seus constituintes ϭϬϬ variam com o avanço da idade da matriz. Aves velhas produzem ovos com maior porcentagem de gema, menor porcentagem de albúmen e casca, além de baixo valor de unidade Haugh, sendo que esse último, indica uma piora na qualidade do albúmen (FARIA, et al., 1999; ULMER-FRANCO et al., 2010). Segundo WILSON (1997), ovos incubáveis de qualidade superior (ovos de matrizes jovens), são menos sensíveis a diminuição na viragem, quando comparados com ovos de qualidade inferior (ovos de matrizes velhas). ELIBOL & BRAKE (2004; 2006) observaram aumento na eclodibilidade, quando se aumenta a frequência de viragens em ovos de matrizes velhas. Diante da falta de trabalhos relacionados à frequência de viragem e a idade da matriz para codornas japonesas, objetivou-se verificar o efeito de três frequências de viragem de ovos e quatro idades da matriz, com o propósito de se identificar a viragem e a idade que resulte em melhores índices na incubação. ϭϬϭ 2. Material e Métodos 2.1. Caracterização do local experimental O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal, no período constituído entre 2 de março de 2012 a 28 de agosto de 2012. As incubadoras foram instaladas em uma sala de 3,5 m x 2,5 m (8,75 m²), com pé direito de 3m construída em alvenaria, piso frio, coberta com telhas de barro e forro plástico para isolamento. A sala possuía duas portas e uma janela, sendo que esta última foi bloqueada com placas de isopor cobertas com folhas “off-set” pretas para isolamento térmico e luminoso. O controle da temperatura interna foi regulado através de um ar-condicionado tipo “split” ciclo frio e quente de 10.000 BTU. 2.2. Animais e delineamento experimental Foram utilizados no presente experimento um total de 3240 ovos obtidos do incubatório comercial “VICAMI Codornas”, localizado em Assis-SP. O mesmo lote de matrizes de codornas foi acompanhado e, foram realizadas coletas de dados no início da vida reprodutiva (8 semanas), no pico de postura (14 semanas), no pós-pico de produção (21 semanas), e próximo ao descarte do lote (31 semanas). Em cada idade, os ovos foram apanhados no período da manhã e acondicionados em caixas plásticas de 30 ovos, sendo que, durante o transporte até a faculdade, os ovos foram mantidos à temperatura de 25ºC. No setor de avicultura, os ovos foram armazenados na sala de incubação em temperatura de 25ºC até o dia seguinte, quando se iniciou o processo de incubação. Foram utilizadas três incubadoras Premium Ecológica, modelo IP-130 com capacidade para 270 ovos de codornas. As incubadoras possuíam dimensões de 26 cm de altura, 67 cm de largura e 90 cm de comprimento, sendo constituída de uma base e uma tampa. O material utilizado na construção da base foi o plástico PS (poliestireno) e servia como suporte para os roletes rotativos, a tampa, e a garrafa reguladora de umidade. A tampa era feita em plástico do tipo PETG (Polyethylene ϭϬϮ Terephtalate Glycol-modified), o qual possuía uma resistência do tipo mola com 200 W de potência utilizada para o aquecimento da incubadora e, um ventilador com 120 mm de diâmetro para indução da circulação de ar. A temperatura e a viragem eram controladas automaticamente por um termostato digital TDD FULLGAUGE modelo MT520. Os ovos foram alojados em posição horizontal sobre os roletes rotativos. O delineamento experimental foi em esquema fatorial 3 x 4, sendo três frequências de viragem (a cada 0,5, 1 e 2 h) e quatro idades de matrizes (8, 14, 21 e 31 semanas) e 6 blocos, conforme esquema estatístico apresentado na Tabela 1. Cada bloco foi considerado como o conjunto de 45 ovos em 3 roletes consecutivos, dessa forma representando diferentes locais na incubadora. Os ovos foram incubados a uma temperatura de 38,5°C e 60% de umidade relativa, determinados como ideais nos capítulos 3 e 4, respectivamente. Todos os ovos foram identificados, individualmente, em três regiões e pesados para formação dos blocos de acordo com a Tabela 2. Tabela 1. Esquema estatístico do experimento. Fontes de variação Viragem Idade Bloco Viragem x Idade Resíduo Total Graus de Liberdade 2 3 5 6 3223 3239 ϭϬϯ Tabela 2. Peso médio inicial dos ovos (gramas), por bloco viragem em função da idade da matriz. Peso dos ovos 8 semanas Viragem (horas) Blocos 1 2 3 4 2h 10,95 10,86 10,59 10,96 1h 10,82 10,92 10,92 10,88 0,5 h 10,84 11,07 10,97 10,79 14 semanas Blocos 1 2 3 4 2h 11,28 11,07 11,69 11,48 1h 11,55 11,40 11,23 11,18 0,5 h 11,52 11,12 11,32 11,24 21 semanas Blocos 1 2 3 4 2h 11,36 11,60 11,44 11,27 1h 11,42 11,29 11,20 11,34 0,5 h 11,20 11,40 11,47 11,44 31 semanas Blocos 1 2 3 4 2h 11,31 11,68 11,58 11,66 1h 11,67 11,49 11,40 11,81 0,5 h 11,20 11,37 11,51 11,59 e por frequência de 5 10,94 10,76 10,94 6 10,84 11,07 10,94 5 11,60 11,53 11,18 6 11,40 11,49 11,18 5 11,23 11,27 11,48 6 11,72 11,53 11,40 5 11,86 11,54 11,62 6 11,37 11,36 11,39 2.3. Peso inicial dos ovos Na Tabela 3 estão apresentados os pesos médios iniciais dos ovos alojados no início da incubação, nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas. Tabela 3. Peso médio inicial dos ovos incubados por frequência de viragem e idade da matriz. Peso inicial dos ovos Fatores ---------------g-------------Viragem (V) 2h 11,31 1h 11,29 0,5h 11,26 Idade (I) 8 semanas 10,89 14 semanas 11,36 21 semanas 11,39 31 semanas 11,51 ϭϬϰ Os pesos médios iniciais dos ovos por frequência de viragem e idade da matriz estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4. Peso médio inicial dos ovos de matrizes de diferentes idades, separados por frequência de viragem. Viragem Idade 2h 1h 0,5h 8 semanas 10,85 10,89 10,92 14 semanas 11,42 11,40 11,26 21 semanas 11,44 11,34 11,40 31 semanas 11,54 11,55 11,45 2.4. Transferência dos ovos e nascimento das codornas No 14° dia de incubação (336 horas), os ovos foram pesados, individualmente, para determinação da porcentagem de perda de peso (perda de peso = peso inicial dos ovos – peso dos ovos na transferência). Com o auxílio de um ovoscópio de lâmpada fria (fluorescente), os ovos claros foram descartados e os férteis foram pesados, embalados em saquinhos de tule (10 x 20 cm) e transferidos para nascedouros com a mesma temperatura e umidade em que foram incubados. Entre o 15° dia (360 horas) e o final da eclosão, os ovos foram observados, individualmente, a cada três horas, sendo registrados o número de aves nascidas e o seu respectivo peso. Para cada ovo, o período de incubação foi definido como o tempo decorrido, em horas, entre o início da incubação e a eclosão. A curva de eclosão foi definida como a dispersão entre a porcentagem de eclosão e a duração da incubação. Para o cálculo da eclodibilidade utilizou-se a seguinte equação: Eclodibilidade = 100 x (número de pintos nascidos /número de ovos férteis incubados). O rendimento da incubação foi avaliado através da eclodibilidade dos ovos férteis, duração do período de incubação, perda de peso dos ovos, peso e qualidade da codorna ao nascer. ϭϬϱ 2.5. Qualidade das codornas Após o término da incubação, todas as codornas foram examinadas, macroscopicamente, com a finalidade de classificar a qualidade das aves nascidas. Essa classificação foi realizada de acordo com a metodologia de TONA et al. (2003) modificada. Da metodologia original, não foram analisados os parâmetros retração da gema, membrana remanescente e gema remanescente. Os valores dos escores analisados foram mantidos, portanto, a escala máxima foi de 60 e a mínima 0. Os seguintes parâmetros foram analisados: Atividade da codorninha: Para avaliar-se a atividade colocou-se a ave em decúbito dorsal, determinando quão rápido ela retornou a posição de pé. Um rápido retorno à posição de pé foi considerado como bom, mas se arrastar de costa com os pés ou não levantar foi considerado como fraco. Penas e aparência: O corpo da ave foi examinado quanto a sua secura e limpeza. Foi considerado normal quando estava seco e limpo, se estivesse molhado, sujo ou ambos então foi classificado como ruim. Olhos: A ave foi colocada de pé e seus olhos foram observados. Foi estimado o brilho dos olhos e a amplitude de abertura das pálpebras. Pernas: A ave foi colocada sobre suas pernas para se determinar se esta permaneceu bem na vertical. Os dedos foram examinados quanto à presença de deformidades. Se a ave permanecesse de pé com dificuldade, as articulações dos joelhos foram analisadas para a detecção de sinais de inflamação, vermelhidão ou ambos. Área do umbigo: O umbigo e as áreas a sua volta foram examinados quanto ao fechamento e coloração. Se a cor fosse diferente da cor da pele da ave, então foi classificado como ruim. A Tabela 5 demonstra as pontuações para cada característica utilizada na qualidade das codornas. ϭϬϲ Tabela 5. Escores utilizados para classificação das codornas. Escore (pontuação) Características Máxima Intermediária Atividade 6 Aparência e penas 10 8 Olhos 16 8 Pernas 16 8 Umbigo 12 6 Adaptado de TONA et al. (2003) Mínimo 0 0 0 0 0 2.6. Embriodiagnóstico Após o término da incubação, os ovos não eclodidos foram abertos e o período da mortalidade embrionária foi diagnosticada e classificada em: precoce (1-4 dias), intermediário (5-15 dias) ou tardio (16-18 dias), conforme apresentado em PEDROSO et al. (2006), para a análise da frequência do período de mortalidade. 2.7. Análise estatística Os dados foram analisados utilizando-se o programa SAS 9.2 (2008). Foi utilizado o procedimento PROC GLM e em caso de diferença significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). ϭϬϳ 3. Resultados e Discussão Na Tabela 6 estão apresentados os resultados para a eclodibilidade dos ovos incubados em diferentes frequências de viragem e idades da matriz. Com relação à média de eclodibilidade por frequência de viragem, observaram-se melhores resultados quando os ovos foram virados a cada duas horas, seguido pelos tratamentos com 30 minutos e 1 hora de intervalo entre as viragens. ELIBOL et al. (2003, 2006), ao testarem diferentes frequências de viragens em ovos de matrizes pesadas de frangos do 3º ao 11º dia de incubação observaram que, virar os ovos 96 vezes por dia, resultou em melhor eclodibilidade quando comparados com ovos virados 24 e 48 vezes. Pelos resultados obtidos no presente experimento e os disponíveis na literatura, pode-se afirmar que ovos de codornas necessitam de menor frequência de viragem diária quando comparado com ovos de galinhas. Os trabalhos indicam que a melhor frequência de viragem em ovos de galinhas é de 96 vezes ao dia (viragem a cada 15 minutos), porém, como a diferença dos resultados (eclosão e eclodibilidade) para a viragem diária de 24 vezes (viragem a cada 1 hora) é pequena, essa última frequência é mais utilizada comercialmente. Mas, o que se observa na incubação de ovos de codornas, é que, virar os ovos a cada 1 hora ou 30 minutos (24 e 48 vezes ao dia) resulta em efeito negativo sobre a eclodibilidade. Em galinhas, ROBERTSON et al. (1961), testou altas frequências de viragem dos ovos durante a incubação (2, 6, 12, 48, 96, 144, 192 e 480 vezes por dia). Esses autores observaram que virar os ovos 480 vezes, diariamente, resultou em diminuição na eclodibilidade quando comparado com viragem de 96 vezes ao dia. Pela Tabela 6, pode-se observar ainda que, a menor taxa de eclosão ocorreu para ovos oriundos de matrizes no início de postura (oito semanas). Nota-se que a maior eclodibilidade ocorreu quando as matrizes estavam em pico de postura (14 semanas), sendo que, posteriormente, houve decréscimo na taxa de eclosão dos ovos férteis com o envelhecer da ave. Esses resultados são semelhantes aos encontrados nos capítulos 3 e 4 do presente trabalho. Ao se analisar as taxas eclodibilidade desses experimentos, conclui-se que matrizes no início da postura, produzem os ovos que resultam na menor taxa de eclosão da vida inteira da ϭϬϴ codorna. As maiores taxas de eclodibilidade, se situam no meio do ciclo produtivo das matrizes, ou seja, entre o pico de produção e o período de decréscimo da postura (14 e 21 semanas). PETEK et al. (2004) trabalhando com matrizes de codornas japonesas com 20 e 37 semanas não observaram diferença significativa na eclodibilidade dos ovos férteis entre as idades estudadas, entretanto, a eclosão total foi maior em ovos de matrizes mais novas. ROMÃO et al. (2008) ao trabalharem com matrizes leves de diferentes idades (48, 56 e 64 semanas) relataram maior eclosão total em ovos de aves de 56 semanas, sendo que, as idades de 48 e 64 semanas não diferiram entre si. Já, BRUZUAL et al. (2000) observaram que, matrizes de galinhas com 30 e 28 semanas, produziram ovos que resultaram em maior eclodibilidade dos ovos férteis, quando comparados com aves de 26 semanas. ELIBOL & BRAKE (2006) observaram que o uso de alta frequência de viragem (96 vezes por dia) melhorou a eclodibilidade dos ovos oriundos de matrizes de frangos velhas. No presente estudo esse efeito pode ser observado quando as matrizes estavam com 21 semanas de idade, porém, não foi observado efeito similar quando as aves estavam com 30 semanas. Tabela 6. Eclodibilidade (%) dos ovos de matrizes de 8, 14, 21 e 31 semanas de idade, incubados em diferentes frequências de viragem. Idade (Semanas) Viragem Média 8 14 21 31 2h 71,70 80,47 77,99 79,84 77,50 1h 65,13 82,49 72,09 73,09 73,20 0,5h 64,09 79,69 81,25 73,90 74,73 Média 66,97 80,88 77,11 75,61 Os resultados da duração da incubação dos ovos estão apresentados na Tabela 7. Pode-se observar que os ovos virados a cada 1 hora necessitaram de menor tempo para eclodirem, seguido pelas viragens de 2 h e 0,5 h. Com relação à idade da matriz, ovos oriundos de aves em pós-pico e final de postura (21 e 31 semanas) eclodiram mais rapidamente, quando comparados com os ovos de matrizes jovens e em pico de produção (8 e 14 semanas). CHRISTENSEN et al. (2001), trabalhando com matrizes de peru com 33, 43 e 54 semanas de idade, observaram redução no tempo de incubação com o envelhecer ϭϬϵ da ave. ULMER-FRANCO et al. (2010) verificaram que, ovos de matrizes pesadas, com 29 semanas de idade, demoraram mais para eclodir, quando comparados com ovos de matrizes com 59 semanas. Tabela 7. Duração da incubação (DI), perda de peso (PP), peso da codorna ao nascer (PN) em função de diferentes frequências de viragem e diferentes idades da matriz. Parâmetros Analisados Fatores DI PP PN Viragem (V) ---horas---------%-------------g------2h 399,04 b 7,81 a 8,33 1h 395,75 c 7,88 a 8,32 0,5h 406,12 a 7,48 b 8,30 Idade (I) 8 semanas 403,46 a 6,91 c 8,02 b 14 semanas 403,69 a 7,71 b 8,37 a 21 semanas 396,45 b 7,86 b 8,42 a 31 semanas 397,63 b 8,44 a 8,44 a CV (%) 2,33 8,66 8,76 Probabilidades Bloco <0,0001 <0,0001 0,0961 V <0,0001 <0,0001 0,6403 I <0,0001 <0,0001 <0,0001 VxI <0,0001 <0,0001 0,4058 Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Na Figura 1 estão apresentados os gráficos com a distribuição dos nascimentos das codornas (porcentagem), nas idades de 8, 14, 21 e 31 semanas em função da frequência de viragem dos ovos. Quando as matrizes estavam com 14 semanas, o pico de nascimentos dos ovos virados a cada hora ocorreu mais cedo do que os demais tratamentos. ϭϭϬ Figura 1. Distribuição percentual dos nascimentos das codornas de acordo com a frequência de viragem dos ovos e tempo de incubação, em matrizes de 8 (1), 14(2), 21(3), 31 (4) semanas de idade. Em ovos de matrizes com 8 semanas observou-se que, antes da ocorrência do pico de nascimento houve alta taxa de eclosão em torno de 388 horas de incubação. Nas as demais idades, observa-se que após a ocorrência do pico de eclosão, houve a ocorrência de picos menores de nascimentos. Segundo CAREGHI et al. (2005), essa desunifomidade pode ter como causa a heterogeneidade na qualidade dos ovos, o que influenciaria diretamente a velocidade do desenvolvimento embrionário. Esses autores também citaram como causa dessa falta de uniformidade, o efeito do gradiente de temperatura existente no interior da incubadora. Como visto no capítulo 3, a temperatura exerce forte influência na velocidade do desenvolvimento do embrião, portanto, espera-se que as regiões mais quentes da incubadora proporcionem um crescimento mais precoce do embrião, e regiões mais frias atrasem esse crescimento. ϭϭϭ Na Tabela 7 estão apresentados os resultados para a perda de peso dos ovos incubados sob diferentes frequências de viragens. Ovos que foram virados a cada 30 minutos perderam mais peso, quando comparados com os tratamentos de 2h e 1h, sendo que, esses últimos não diferenciaram entre si. WILSON et al., (2000) não obtiveram diferença significativa na perda de peso de ovos de avestruzes virados 8 e 24 vezes por dia. Apesar da falta de diferença entre os tratamentos estudados, os autores citaram ser possível que a perda de peso dos ovos possa ser influenciada pela frequência de viragem, pois, ovos que são submetidos a frequências de viragens inadequadas, apresentam redução no crescimento das membranas embrionárias, na transferência e utilização dos componentes do ovo e menor crescimento do embrião, consequentemente, diminuindo a perda de peso. Com relação à idade da matriz, aves em início de produção produziram ovos que perderam menos peso. Os ovos produzidos por matrizes com 14 e 21 semanas, apresentaram perdas de pesos intermediárias entre as idades estudadas e, ovos oriundos de aves velhas com 31 semanas foram os que mais perderam peso na incubação. Resultados semelhantes foram obtidos por TANURE et al. (2008) que ao trabalharem com ovos de matrizes leves de galinhas com 32 e 57 semanas de idade, apresentaram maior perda de peso em ovos oriundos de matrizes velhas. As diferentes frequências de viragem durante a incubação não influenciaram o peso das codornas ao nascer. Entretanto, foi observado efeito da matriz. A incubação de ovos de matrizes jovens (8 semanas) resultou em codornas com peso estaticamente menor quando comparado com as demais idades. Como matrizes jovens estão associadas à produção de ovos com baixo peso (Capítulo 2, Tabela 3), espera-se que as codornas nascidas também tenham peso menor, provavelmente, devido à limitação do espaço interno do ovo disponível para o desenvolvimento do embrião, assim como discutido no Capítulo 3. O parâmetro qualidade das codornas (Tabela 8) não foi influenciado pelas diferentes frequências de viragem dos ovos durante a incubação. Ovos de matrizes jovens (8 semanas) originaram neonatos de melhor qualidade, quando comparados com os nascidos de ovos de matrizes com 14 e 31 semanas. A qualidade de codornas nascidas de ovos de matrizes com 21 semanas, não diferiram das nascidas nas demais idades. ϭϭϮ Tabela 8. Escore de qualidade das codornas oriundas de ovos incubados com diferentes frequências de viragem e diferentes idades de matrizes. Parâmetros Analisados Fatores QC Viragem (V) --------------------------------2h 57,75 1h 57,53 0,5h 57,54 Idade (I) 8 semanas 58,20 a 14 semanas 57,28 b 21 semanas 57,69 ab 31 semanas 57,30 b CV (%) 6,60 Probabilidades V 0,4676 I <0,0001 V*I 0,3054 Na Tabela 9, observa-se que houve redução da frequência mortalidade embrionária precoce em ovos virados a cada duas horas (12 vezes ao dia). Quando os ovos foram virados a cada 30 minutos, houve menor mortalidade embrionária intermediária em ovos de matrizes com 8, 14 e 21 semanas de idade, entretanto, resultou em maior mortalidade tardia em todas as idades estudas. ELIBOL & BRAKE (2003) ao testarem diferentes frequências de viragem no período de 3 a 11 dias da incubação de ovos de galinhas observaram que, ovos virados 96 vezes ao dia resultaram em menor mortalidade tardia (18-21 dias), em comparação com ovos virados 24 e 48 vezes diariamente. ELIBOL & BRAKE (2006), também, observaram redução na frequência de mortalidade tardia em ovos de galinhas virados 96 vezes ao dia quando comparados com ovos virados 24 vezes. ϭϭϯ Tabela 9. Embriodiagnóstico dos ovos não eclodidos (8, 14, 21 e 31 semanas). Tratamentos Fase Semanas 2h 1h 0,5h Precoce Intermediária Tardia Pós-Bicado 8 14 21 31 8 14 21 31 8 14 21 31 8 14 21 31 5,38 8,15 5,81 3,57 0,90 6,67 5,16 2,98 6,28 6,67 5,81 3,57 17,49 11,11 16,13 16,07 6,28 11,11 11,61 6,55 0,90 2,96 6,45 2,38 6,73 5,93 5,81 5,95 18,83 10,37 17,42 22,62 7,17 8,15 7,74 8,33 0,45 0,74 1,94 4,17 8,52 8,89 7,10 7,74 21,08 19,26 9,03 16,07 ϭϭϰ 4. Conclusões A melhor frequência de viragem dos ovos de codornas durante a incubação é de 2h, pois apresentou melhor eclodibilidade com mesma qualidade e peso da codorna ao nascer. O uso de ovos de matrizes com 21 semanas de idade proporcionam melhor desempenho no processo de incubação devido à maior eclodibilidade. ϭϭϱ 5. Referências AR, A.; PAGANELLI, C.V.; REEVES, R.B.; GREENE, D.G.; RAHN, H. The avian egg: Water vapor conductance, shell thickness, and functional pore area. The Condor, v.76, p.153-158, 1974. BRAKE, J.; WALSH, T.J.; BENTON Jr., C.E.; PETITTE, G.N.; MEIJERHOF, R.; PEÑALVA, G. Egg handling and storage. Poultry Science, Champaign, v.76, p.144-151, 1997. BRUZUAL, J.J.; PEAK, S.D.; BRAKE, J.; PEEBLES, E.D. Effects of relative humidity during the last five days of incubation and brooding temperature on performance of broiler chicks from young broiler breeders. Poultry Science, Champaign, v.79, p.1385-1391, 2000. CARD, L.E.; NESHEIM, M.C. Poultry production. 10.ed. 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Os efeitos da idade da matriz foram bastante investigados em matrizes pesadas. Sabe-se que esse fator exerce forte influência na qualidade dos ovos, e consequemente, afeta diretamente o processo de incubação dos ovos. Diante disso, o presente trabalho investigou o efeito da temperatura, umidade relativa, frequência de viragem e idade da matriz no processo de incubação de ovos de codornas japonesas. De acordo com os resultados, o uso de 38,5°C de temperatura durante a incubação resultou em melhores índices, tanto nos parâmetros de incubação como na qualidade da codorna. Os resultados sugerem que ovos férteis de codorna necessitam de uma temperatura de incubação maior, quando comparados com os ovos férteis de galinhas. O uso de 60% de umidade relativa na incubadora e viragem dos ovos a cada 2 horas promoveram melhores resultados. Portanto, com relação à umidade, esses resultados demonstram que quando comparado com ovos de matrizes pesadas, os ovos de codorna tem respostas semelhantes sob umidade relativa de 60%. Na incubação de ovos de galinhas é tido como padrão virar os ovos a cada 1 hora, em comparação essas aves, os resultados do presente experimento demonstram que os ovos de codornas necessitam de uma frequência de viragem menor. ϭϮϬ A qualidade dos ovos foi afetada pela idade da matriz assim como ocorre em ovos de matrizes pesadas. Entretanto, deve-se ser feitas ressalvas importantes, pois apesar de em ambos os casos a idade influenciar a qualidade dos ovos, alguns dos parâmetros são afetados de modo diferente. O peso do ovo em matrizes de galinhas tende aumentar constantemente durante o envelhecer da ave, mas o que se observa em codornas é de que ovos mais pesados são obtidos de matrizes em pico de produção. Efeito semelhante foi obtido para o peso específico dos ovos, onde ovos de codornas em pico de postura possuem maior valor. A idade da matriz influenciou o processo de incubação, sendo que, as melhores taxas de eclosão ocorreram no período compreendido entre o pico e o período de decréscimo da taxa de postura (14 e 21 semanas). Com o passar da idade da matriz os ovos oriundos de matrizes mais velhas necessitam de menor tempo de incubação e perdem mais peso. Por fim, destaca-se que os fatores físicos da incubação de ovos de codornas, em parte, diferem dos utilizados em matrizes pesadas. Com base nisso, os dados obtidos no presente experimento poderão contribuir para a obtenção de melhores índices nos incubatórios comerciais e incentivar a realização de mais trabalhos relacionados à incubação de ovos e com o objetivo de estudar o efeito da idade da matriz em ovos de codornas.