6. DOENÇAS INFECCIOSAS 6.1. Introdução As doenças infecciosas têm vindo a reassumir relevância crescente a nível europeu e mundial. O aparecimento de novas doenças transmissíveis e a re-emergência de outras que se supunham controladas representa um desafio para a saúde pública. Um dos principais sistemas de vigilância epidemiológica de doenças infecciosas é o sistema de Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória. É um instrumento usado pelos serviços de saúde pública para monitorizar tendências, dimensionar problemas e tomar decisões sobre estratégias de intervenção. No contexto nacional e regional a Tuberculose e a infecção pelo VIH são programas prioritários pelo que recorrendo aos sistemas de informação disponíveis, se apresenta a análise da situação epidemiológica dessas doenças de modo a tornar a intervenção mais efectiva. 6.2. DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS DE DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA 6.2.1. Introdução O Sistema de Declaração Obrigatória de Doenças Transmissíveis (DDO) é um sistema de informação para a vigilância de um conjunto de doenças infecciosas que teve o seu início em 1949 e cuja listagem tem sofrido alterações ao longo do tempo. A última alteração foi feita em Janeiro de 1999 (Portaria n.º 1072 de 31 de Dezembro de 1998), sendo a listagem actualmente em vigor composta por 45 doenças. Como todos os sistemas de registo de morbilidade, o sistema DDO tem problemas de sub-notificação, variável de doença para doença, no entanto, a sua implantação no terreno desde há longos anos garante a possibilidade de proceder a uma análise da distribuição temporal das doenças. Para elaborar o diagnóstico da situação das DDO na região Norte (RN) analisou-se a informação estatística da Direcção-Geral da Saúde relativa ao quinquénio 2000-2004, período durante o qual não ocorreram alterações na lista das doenças sob notificação. Para além de uma análise geral das doenças, comparando a região Norte com o resto do País, procurou-se analisar com mais detalhe algumas outras doenças. Dentro destas, realçaramse as zoonoses com especificidades de distribuição no espaço geográfico da região e algumas doenças evitáveis pela vacinação, ou porque traduzem a intervenção dos serviços de saúde na sua prevenção ou porque a sua ocorrência apresenta particularidades que merecem uma reflexão mais aturada. 6.2.2. Casos declarados no quinquénio 2000-2004 Durante o quinquénio 2000-2004 foram declarados na região Norte um valor mínimo de 1786 casos de DDO em 2003 e um valor máximo de 3929 casos no ano 2000 (Quadro 31). Como se pode constatar pela observação dos dados do Quadro 31, a tuberculose é a doença mais expressiva, dada a importância que assume como problema de saúde pública é tratada em capítulo próprio. A diminuição do total de notificações que se observa durante o último quinquénio é essencialmente explicada pela descida no número de casos declarados de parotidite e de brucelose. Relativamente à tosse convulsa observa-se um aumento no número de casos declarados em 2004. As notificações de doenças virais exantemáticas, sarampo e rubéola, sofreram um decréscimo ao longo dos últimos cinco anos. De realçar ainda que nos últimos dois anos se observa uma diminuição acentuada no número de casos declarados de doença meningocócica (meningite e infecção meningocócica). As infecções de transmissão sexual também têm vindo a diminuir nos últimos anos. O mesmo padrão se observa na evolução do número de notificações de hepatites víricas transmitidas por via parentérica (hepatite aguda por vírus B e C), sendo mais consistente no caso da hepatite B. Quadro 31 – Casos de doenças transmissíveis de declaração obrigatória notificados na região Norte de Portugal por ano (2000 – 2004) e taxa de incidência (/100000 pessoas ano) para o quinquénio 2000-2004 CID-10 A00 - A09 A00 A01 A02 A03 A051 A15 - A19 A15, A16 A17 A19 A20 - A28 A20 A22 A23 A27 A30 - A49 A30 A33 A35 A36 A37 A39 A390 A481 A492 A50 - A64 A50 A51 A54 A65 - A69 A692 A75 - A79 A771 A78 A80 - A89 A80 A810 A82 A90 - A99 A95 B00 - B09 B05 B06 B15 - B19 B15 B16 B171 B17 B19 B25 - B34 B26 B50 - B64 B50 a B54 B55 B65 - B83 B67 B75 G00.0 P35.0 Designação 2000 Doenças infecciosas intestinais Cólera Febres tifóide e paratifoide Outras Salmoneloses Shigelose Botulismo Tuberculose Tuberculose Respiratória Tuberculose do SNC Tuberculose miliar (disseminada) Doenças bacterianas zoonóticas Peste Carbúnculo Brucelose Leptospirose Outras doenças bacterianas Doença de Hansen (lepra) Tétano neonatal Tétano (exclui tétano neonatal, A33) Difteria Tosse Convulsa Infecção meningocócica (exclui meningite meningocócica, A39.0) Meningite Meningocócica Doença dos Legionários Infecção por Haemophilus influenza (exclui meningite por Haemophilus influenza, G00.0) Infecções de transmissão sexual Sífilis Congénita* Sífilis Precoce Infecções Gonocócicas Outras doenças por espiroquetas Doença de Lyme Rickettsioses Febre Escaro-Nodular Febre Q Infecções virais do SNC Poliomielite aguda Doença de Creutzfeldt-Jakob (encefalopatia espongiforme subaguda) Raiva Febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais Febre-amarela Infecções virais com lesões da pele e mucosas Sarampo Rubéola Hepatite viral Hepatite Aguda por vírus A Hepatite Aguda por vírus B Hepatite Aguda por vírus C Hepatite por outros vírus especificados (exclui hepatite C, B17.1) Hepatite por vírus não especificados Outras doenças por vírus Parotidite Epidémica Doenças devidas a protozoários Malária** Leishmaníase Visceral Helmintíases Equinococose Triquiníase Meningites bacterianas não classificadas em outra parte Meningite por Haemophilus influenzae Infecções especificadas do período perinatal Rubéola congénita Total DDO * por 1000 nados vivos ano ** casos importados 0 32 87 1 15 1246 24 45 2003 2004 Taxa de incidência 0 16 114 0 4 0 25 196 1 6 0 18 216 1 8 0,00 0,72 5,35 0,02 0,21 1164 1154 23 22 43 34 1064 16 37 1042 11 38 35,32 0,60 1,23 2001 2002 0 25 246 1 0 0 0 188 5 0 0 136 3 0 0 55 6 0 0 31 6 0 0 20 7 0,00 0,00 2,68 0,17 2 0 8 0 4 40 75 21 0 2 0 3 0 1 41 54 6 0 0 0 6 0 1 52 75 9 2 1 0 1 0 0 18 38 34 1 0 0 3 0 26 13 36 17 3 0,03 0,00 0,13 0,00 0,20 1,02 1,73 0,54 0,04 14 49 7 23 50 5 12 43 6 6 24 4 6 33 1 0,33 1,24 0,14 12 2 1 0 1 0,10 104 0 102 1 113 0 104 0 92 1 3,21 0,01 0 4 0 0 5 0 0 1 0 0 2 0 0 6 0 0,00 0,11 0,00 0 0 0 0 0 0,00 12 18 7 10 1 10 4 3 1 6 0,16 0,29 22 96 85 1 0 8 62 72 3 0 23 51 56 0 0 13 35 17 1 1 12 27 41 1 1 0,49 1,69 1,69 0,04 0,01 1699 336 109 81 83 14,38 10 1 8 2 18 2 11 2 12 2 0,37 0,06 2 0 0 0 1 0 0 0 3 0 0,04 0,00 0 4 3 3 0 0,06 0 0 0 0 0,00 2448 2000 1786 1788 0 3929 Fonte: DGS 6.2.3. Comparação entre a região Norte e o resto do País De forma a comparar a situação epidemiológica das DDO entre a região Norte e o resto do País, calcularam-se razões entre taxas de incidência durante o quinquénio 20002004, por doença, cujos valores se podem observar na Figura 56. Se apenas valorizarmos as doenças em que o risco relativo foi igual ou superior a 2, será de realçar a doença de Creutzfeldt-Jakob, a doença de Lyme, a doença dos Legionários e o botulismo. As diferenças entre a região Norte e o resto do País em relação àquelas doenças, cuja característica comum poderá ser a sua potencial gravidade, podem traduzir diferenças na sua incidência. No entanto, no caso da doença de Creutzfeldt-Jakob estamos a falar de um risco relativo de cerca de 2 e num número de casos muito pequeno. Para a doença de Lyme, o valor elevado pode ser explicado pelo facto de no ano 2000 no distrito de Braga terem sido declarados 11 casos cujo ano de diagnóstico não foi apenas em 2000, mas sim no período entre 1995 e 2000, pelo que este valor não corresponde aos casos diagnosticados no período em estudo. Em relação à doença dos Legionários o valor encontrado reflecte a ocorrência de um surto no ano 2000 no concelho de Vizela, e um aumento no número de casos esporádicos declarados no distrito do Porto em 2003. Os dados referentes ao botulismo reflectem a ocorrência de surtos no ano 2000, no concelho de Paredes e Ponte de Lima, e de um surto que ocorreu em 2004 no concelho de Paços de Ferreira. Os dados relativos ao botulismo e outras salmoneloses poderão reflectir os resultados do Programa de Vigilância das Toxinfecções Alimentares Colectivas, em vigor na região Norte desde o ano de 2000, e incluídos em relatórios específicos (13, 14, 15). M eningite po r Haemo philus influenzae Equino co co se Leishmaníase Visceral M alária** P aro tidite Epidémica Hepatite po r vírus não especificado s Hepatite po r o utro s vírus especificado s Hepatite A guda po r vírus C Hepatite A guda po r vírus B Hepatite A guda po r vírus A Rubéo la Sarampo Do ença de Creutzfeldt-Jako b Febre Q Febre Escaro -No dular Do ença de Lyme Doença Infecçõ es Go no có cicas Sífilis P reco ce Sífilis Co ngénita* Infecção po r Haemo philus influenza Do ença do s Legio nário s M eningite M eningo có cica Infecção meningo có cica To sse Co nvulsa Tétano (exclui tétano neo natal, A 33) Do ença de Hansen (lepra) Lepto spiro se B rucelo se Carbúnculo Tuberculo se miliar (disseminada) Tuberculo se do SNC Tuberculo se Respirató ria B o tulismo Shigelo se Outras Salmo nelo ses Febres tifo ide e paratifo ide -1,00 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 Razão de taxas de incidência * por 1000 nados vivos ano ** casos importados Fonte: DGS Figura 56 – Razão entre as taxas de incidência (quinquénio 2000-2004) de algumas Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória da região Norte de Portugal e do resto do País Calcularam-se também as diferenças entre a taxa de incidência na região Norte e no resto do País, cujos valores podem observar-se na Figura 56. As duas doenças em relação às quais a diferença entre a região Norte e o resto do País foi maior, foram a tuberculose respiratória (analisada em capítulo próprio) e outras salmoneloses. M eningite po r Haemo philus influenzae Equino co co se Leishmaníase Visceral M alária** P aro tidite Epidémica Hepatite po r vírus não especificado s Hepatite po r o utro s vírus especificado s Hepatite A guda po r vírus C Hepatite A guda po r vírus B Hepatite A guda po r vírus A Rubéo la Sarampo Do ença de Creutzfeldt-Jako b Febre Q Febre Escaro -No dular Do ença de Lyme Doença Infecçõ es Go no có cicas Sífilis P reco ce Sífilis Co ngénita* Infecção po r Haemo philus influenza Do ença do s Legio nário s M eningite M eningo có cica Infecção meningo có cica To sse Co nvulsa Tétano (exclui tétano neo natal, A 33) Do ença de Hansen (lepra) Lepto spiro se B rucelo se Carbúnculo Tuberculo se miliar (disseminada) Tuberculo se do SNC Tuberculo se Respirató ria B o tulismo Shigelo se Outras Salmo nelo ses Febres tifo ide e paratifo ide -4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 Diferença entre taxas de incidência * por 1000 nados vivos ano; ** casos importados Fonte: DGS Figura 57 – Diferença entre as taxas de incidência (quinquénio 2000-2004) de algumas Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória da região Norte de Portugal e do resto do País 6.2.4. Zoonoses 6.2.4.1. Brucelose A incidência de brucelose foi particularmente elevada em concelhos dos distritos de Bragança e Vila Real (Figura 58). Fonte: DGS Figura 58 – Taxa de incidência (/100000 pessoas ano) de casos de brucelose (CID10 A23) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por concelho A distribuição por sexo e grupo etário evidencia que em cada três casos, dois são do sexo masculino, e que dois terços dos casos têm idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos (Figura 59). 50 M N.º de casos 40 H 30 20 10 70-74 75 ou + 65-69 55-59 60-64 45-49 50-54 40-44 30-34 35-39 20-24 25-29 15-19 05-09 10-14 00-04 0 Grupo etário Fonte: DGS Figura 59 – Distribuição do número de casos de brucelose (CID10 A23) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por grupo etário e sexo 6.2.4.2. Febre escaro-nodular A distribuição geográfica da incidência da febre escaro-nodular apresenta um padrão mais disperso do que a da brucelose. No entanto, observam-se também valores mais altos de incidência em grande parte dos concelhos do distrito de Bragança e nos concelhos do sul do distrito de Vila real (Figura 60). Fonte: DGS Figura 60 – Taxa de incidência (/100000 pessoas ano) de casos de febre escaronodular (CID10 A77.1) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por concelho de residência Não se observou um predomínio de género na incidência de febre escaro-nodular. A maioria dos casos declarados (55%) tinha menos de 15 anos de idade. 6.2.5. Doenças evitáveis pela vacinação Dentro do grupo das doenças evitáveis pela vacinação, decidiu-se destacar o tétano pela eficácia da vacina na sua prevenção e a tosse convulsa pela sua reemergência no ano de 2004. 6.2.5.1. Tétano (CID 10 – A35) Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados vinte e um casos de tétano na região Norte. Neste período não ocorreram casos de tétano neonatal. O que corresponde a uma redução de casos relativamente aos dois quinquénios anteriores, 65 no quinquénio 1990-1994 e 51 no quinquénio 1995-1999. A distribuição geográfica dos 21 casos notificados no quinquénio 2000-2004 pode ser observada na Figura 61. Um estudo relativo aos casos de tétano notificados na região Norte entre 1993 e 2002 (16), revelou que 88% dos 91 casos pertenciam ao grupo etário entre 50 e 84 anos, e que 73,7% dos casos de idade igual ou superior a 65 anos eram do sexo feminino. Nesta série de casos, a letalidade foi de 11,8%. O mesmo estudo revelou que nenhum doente estava adequadamente vacinado e que quase todos tinham recorrido a serviços de saúde (por motivos vários) nos 10 anos anteriores à ocorrência da doença, traduzindo repetidas oportunidades perdidas de vacinação. Fonte: DGS Figura 61 – Número acumulado de casos de Tétano (CID10 A35) declarados na região Norte de Portugal, por concelho de residência. 2000 – 2004 A população portuguesa apresenta um elevado grau de imunização contra o tétano, conforme dados da Avaliação do Programa Nacional de Vacinação – 2º Inquérito Serológico Nacional – Portugal Continental 2001-2002 (Figura 62). No entanto, só se elimina esta doença garantindo uma cobertura vacinal de 100% da população. Fonte: DGS Figura 62 – Distribuição dos indivíduos com resultado positivo (concentração de anticorpos IgG 0,1 UI/mL) para a toxina do tétano, por grupo etário (fonte: Avaliação do PNV - 2º Inquérito Serológico Nacional - Portugal Continental 2001-2002) 6.2.5.2. Tosse convulsa (CID10 – A37) Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados trinta e dois casos de tosse convulsa (Quadro I). Contrariando a tendência descendente que vinha sendo observada nos anos anteriores, em 2004 foram notificados vinte e seis casos. O maior número de casos declarados observou-se em residentes nos concelhos limítrofes do concelho do Porto (Vila Nova de Gaia – 9 casos, Maia – 5 casos, Gondomar – 3 casos) e nos concelhos de Póvoa de Varzim, Vila Nova de Famalicão e Guimarães (3 casos em cada concelho) (Figura 63). Fonte: DGS Figura 63 – Número acumulado de casos de tosse convulsa (CID10 - A37) declarados na região Norte de Portugal, por concelho de residência. 2000 – 2004 A grande maioria dos casos notificados, isto é 29 em 32 (90,6%) ocorreu em crianças de idade inferior a seis meses, não tendo portanto idade para terem completado a primovacinação com DTP. Destes, 18 tinham idade inferior a dois meses e não podiam ter sido vacinados. Todos os casos notificados em crianças com menos de dois meses de idade ocorreram em 2004. Dos três casos com mais de seis meses de idade, dois estavam vacinados (um com quatro doses e outro com cinco doses). 20 2004 2003 2002 N.º de casos 15 2001 2000 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 >12 Mês de idade Fonte: DGS Figura 64 – Casos de tosse convulsa (CID10 - A37) declarados na região Norte de Portugal de 2000 a 2004, por mês de idade e ano de notificação 6.2.6. Hepatites víricas transmitidas por via parentérica 6.2.6.1. Hepatite Aguda por vírus B (CID10 - B16) O número de casos declarados de hepatite aguda por vírus B apresentou um acentuado decréscimo na última década em todo o país (Figura 65). Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados 271 casos de hepatite aguda por vírus B na região Norte. A taxa bruta de incidência foi idêntica na região Norte e no resto do País (Figuras 56 e 57). No entanto a taxa de incidência específica no grupo etário de idade inferior a 15 anos foi menor na região Norte do que no resto do País (respectivamente, 0,72 e 0,86 casos novos por 100.000 pessoas ano; p <0,001). A distribuição dos casos notificados por idade e sexo revela que 66,4 % estavam incluídos no grupo etário dos 15 aos 44 anos de idade e que 68,6 % dos casos eram indivíduos do sexo masculino. No entanto, a razão da masculinidade aumentou com a idade, sendo no grupo etário menor do que 15 anos de 1,0, no grupo etário 15 a 44 anos de 2,2 e no grupo etário igual ou superior a 45 anos de 2,7. 1400 Vacinação (adolescentes) 1200 Portugal Resto do País N.º de casos 1000 R. Norte 800 600 Vacinação (Recém-nascidos) 400 200 0 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 Fonte: DGS Serviço de Epidemiologia CRSPN Fonte: DGS Figura 65 – Número anual de casos de hepatite aguda por vírus B (CID10 – B16) declarados em Portugal, no resto do País e na região Norte, 1993–2004 com indicação do ano de introdução no PNV da vacina da hepatite B Em 161 dos 271 casos notificados, foi referida a não existência de actividade de risco para a doença. Em 68 casos, essa informação era omissa. Em apenas 42 casos foi referida existência de actividade de risco, tendo sido identificada a toxicodependência em 78,6% destes casos. A distribuição proporcional da origem provável da infecção, dos 98 casos em que essa informação estava disponível, foi a seguinte: a via parentérica e a via sexual, cada uma com 35,7% dos casos, foram as mais frequentes; as vias de transmissão horizontal e vertical foram responsabilizadas por 4,1% dos casos, cada; nos restantes 20,4%, foram referidas outras origens. 6.2.6.2. Hepatite Aguda por vírus C (CID10 - B17.1) Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados 271 casos de hepatite aguda por vírus C. A taxa bruta de incidência foi idêntica na região Norte e no resto do País (Figuras 56 e 57. Da distribuição por grupo etário e sexo (Figura 66), realçam-se os factos de 84,5% dos casos declarados na região Norte terem correspondido a indivíduos do sexo masculino e de 87,5% dos casos estarem incluídos no grupo etário dos 20 aos 44 anos de idade. 100 M H N.º de casos 80 60 40 20 75 ou + 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 05-09 01-04 <1 0 Grupo Etário (anos) Fonte: DGS Figura 66 – Distribuição do número de casos de hepatite aguda por vírus C (CID10 B17.1) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por grupo etário e sexo Em 94,4% dos 213 casos em que foi referida existência de actividade de risco, a actividade descrita foi a toxicodependência; a reclusão e toxicodependência associadas e a reclusão isolada foram responsáveis por 1,4 % dos casos, cada; a prostituição foi referida em 1,9% dos casos. A origem provável da infecção, descrita em 228 casos, distribuiu-se da seguinte forma: via parentérica, em 92,5% dos casos; via sexual, em 3,9% dos casos, outras origens, em 3,5% dos casos. 6.2.7. Conclusões A distribuição preferencial das zoonoses (brucelose e febre escaro-nodular) nos distritos do interior (Bragança e Vila Real) justifica o planeamento de acções integradas específicas desses distritos e envolvendo os Serviços de Veterinária. Dada a gravidade clínica do tétano, os elevados custos associados ao tratamento e a elevada eficácia da vacina anti tetânica, deverá ser consolidado o aumento da cobertura vacinal em adultos, especialmente nos de idade superior a 50 anos, aproveitando todas as oportunidades de vacinação. O aumento do número de casos de tosse convulsa declarados em 2004, relativamente aos anos anteriores, bem como a sua distribuição etária, leva-nos a admitir a hipótese da diminuição dos níveis de anticorpos maternos protectores, como explicação dos casos notificados com idades inferiores à do início da vacinação com a DTP. Dadas as elevadas coberturas vacinais da vacina contra a hepatite B é de esperar que a curva epidémica continue a apresentar uma tendência descendente. A situação epidemiológica da hepatite C, expressa pelas DDO, não parece ser diferente da observada no resto do País. Esta doença tem impacto sobretudo na população activa do sexo masculino. Os custos associados ao tratamento são elevados e constituem mais uma razão para se investir em programas de prevenção primária.