UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AQUICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA Weissella cibaria e sua ação probiótica no trato intestinal de surubins híbridos Dissertação apresentada como requisito a obtenção do título de mestre em Aquicultura, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: José Luiz Pedreira Mourino Gabriel Fernandes Alves Jesus Florianópolis 2014 Weissella cibaria e sua ação probiótica no trato intestinal de surubins híbridos Por GABRIEL FERNANDES ALVES JESUS Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM AQUICULTURA e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura. _____________________________________ Prof. Alex Pires de Oliveira Nuñer, Dr. Coordenador do Programa Banca Examinadora: __________________________________________ Dr. José Luiz Pedreira Mourino – Orientador __________________________________________ Dra. Cleide Rosana Werneck Vieira __________________________________________ Dra. Débora Machado Fracalossi __________________________________________ Dr. Evoy Zaniboni Filho “... isso é só o fim...”. Marcelo Nova AGRADECIMENTOS À minha família, meus pais e meu irmão, por todo apoio, investimento, educação e carinho ao longo desses anos, À minha namorada e amada Sthefanie Caroline Medeiros, por toda paciência, apoio, carinho, alegrias e momentos perfeitos. Ao sempre presente orientador e amigo Prof. José Luiz P. Mouriño, por todo o apoio, ensinamentos, bagunças, confiança, esforços, conselhos e ajudas ao longo desses 6 anos de amizade e convívio. Ao coorientador e amigo de braçadas e travessias, Prof. Mauricio Laterça Martins, por todos os momentos ao longo do curso. Ao Prof. Felipe do Nascimento Vieira por toda a amizade, brincadeiras, conselhos, ensinamentos e puxões de orelha ao longo dessa formação. Aos amigos Bruno Correa da Silva e Adolfo Jatoba pela amizade, ensinamentos, paciência, brincadeiras e confiança desde os primeiros dias de LCM. Ao Prof. Walter Quadros Seiffert, por todo o apoio, a confiança, amizade e conselhos. Aos amigos do setor de microbiologia, Gabriella P, Gabriela S., Norha, Mariana, Jessica, Karine, Scheila, Esmeralda, Juliana, Marysol, Josy, Marcela, Marco, Marcola, pelos inúmeros momentos de risadas, de trabalho em grupo, e experimentos. Aos amigos Marcello e Efrayn por todo apoio, confiança, conselhos, roubadas, parcerias, bagunças, e pelos, sempre, bons momentos. Aos amigos de graduação e principalmente Robert Santos, Lucas W. Miranda e Japaaaa, por todos os momentos que tornam a vida acadêmica uma das melhores, e com certeza a amizade continuará ao longo da vida. A empresa Mar e terra, por todo suporte técnico e financeiro concedido; Ao LAMAR e principalmente aos Profs. Zenilda Laurita Bouzon e Éder Carlos Schimdt, pela parceria e por todo o suporte, estrutura e apoio para realização das análises de microscopia. Ao LCME por todo o suporte e apoio dos técnicos para realização das análises de microscopia eletrônica. Ao LAPAD pela parceria dos técnicos e alunos, além do fornecimento da ração para o experimento. Ao NEPAQ pela estrutura e apoio para realização do experimento. Ao LCM por ter sido minha “casa” ao longo desses anos. Aos funcionários e amigos do LCM, em especial David, Ilson, Carlos, “o gaudério” Carlos Biólogo, Rafael biólogo, Seu Xico e Dimas, por toda a convivência e trabalho duro nesses anos de LCM. Enfim a todos que de alguma forma contribuíram para que eu chegasse aqui. RESUMO O presente trabalho objetivou avaliar os efeitos da suplementação da bactéria probiótica Weissella cibaria no trato intestinal e na saúde de surubins híbridos (Pseudoplatystoma corruscans ♂ e P. reticulatum♀). Os 96 peixes foram distribuídos em 12 tanques circulares de 100 L, em sistema de recirculação de água. Os peixes foram alimentados com 3% da biomassa total durante 45 dias, sendo os peixes do tratamento alimentados com ração comercial suplementada com probiótico, e os peixes do grupo controle com ração comercial sem suplementação. O número de eritrócitos totais, trombócitos e linfócitos se apresentaram maiores nos peixes alimentados com a suplementação probiótica (p<0,05). A porcentagem de fagocitose, o título aglutinante e a concentração total de imunoglobulinas foram maiores nos peixes alimentados com a suplementação probiótica (p<0,05). Através de técnicas de microscopia de luz e eletrônica, foi possível verificar a alteração na microbiota autóctone dos peixes, além do incremento, daqueles que receberam suplementação probiótica, no comprimento e largura das vilosidades intestinais, do número de células caliceformes por vilo, além do perímetro dessas vilosidades. A bactéria W. cibaria foi capaz de colonizar e alterar a microbiota intestinal, assim como sua ultraestrura, além de modular os parâmetros hemato-imunológicos. Palavras-chave: Trato intestinal, Pseudoplatystoma, bactéria ácidolática, ração, colonização, probiótico. ABSTRACT This study aimed to evaluate the effects of supplementation of probiotic bacteria in the intestinal tract Weissella cibaria and health hybrid surubins (Pseudoplatystoma corruscans ♂ e P. reticulatum♀ ). The 96 fish were distributed into 12 circular tanks of 100 L in water recirculation system. The fish were fed 3% of the total biomass for 45 days, the fish treatment fed commercial feed supplemented with probiotics, and fish from the control group with commercial feed without supplementation. The total number of erythrocytes, thrombocytes and lymphocytes presented higher in fish fed the probiotic supplementation (p<0.05). The percentage of phagocytosis, the agglutination title and the total concentration of immunoglobulins were higher in the fish fed the probiotic supplementation (p <0.05). Through techniques of light and electron microscopy, we observed the change in the indigenous microbiota of fish, plus the increment, by supplemented animals with probiotics, the length and width of the villi, the number goblet cells per villus, beyond perimeter of these villis. It was possible to verify the ability of the bacteria to colonize and W. cibaria alter the intestinal microbiota, as well as its ultrastructure, and modulate the hemato-immunological parameters. Key words: Gut alterations, health status, probiotic, Pseudoplatystoma, ration. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Esquema de seleção de bactérias probióticas (Adaptado de Ray et al. (2012). ................................................................................... 26 Figura 2: Complexo responsável por inativar ou ativar a transcrição de genes alvo, como exemplo a produção de toxinas. Adaptado de Defoirdt et al. (2004) ............................................................................. 45 Figura 3: Alterações na ultraestrutura intestinal de surubins híbridos alimentados ou não com suplementação probiótica, durante 45 dias. Em (A,B,C) Grupo controle em Microscopia de Luz (ML), Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Microscopia eletrônica de transmissão (MET) respectivamente; (D,E,F) Grupo probiótico em ML, MEV, MET, respectivamente. cc células caliceforme, li linfócitos infiltrados, l lúmen, m mucosa, be borda em escova, b bacilos, bc bacilococcos, e enterócitos, mv microvilosidades, cd células de defesa......................... ........................................................... 71 Figura 4: Alterações na microbiota intestinal de surubins híbridos alimentados (Probiótico) ou não (Controle) com suplementação probiótica, durante 45 dias, utilizando microscopia eletrônica de varredura (MEV). Verifica-se (aumento 1.500 x) bactérias com morfologia de bacilos no Controle e bactérias do gênero bacilococos no tratamento probiótico. Nota-se também uma maior concentração de bactérias no tratamento probiótico quando comparado ao Controle..... ............................................................................................ 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Parâmetros hematológicos de surubins híbridos (Pseudoplatystoma corruscans x P. reticulatum) alimentados durante 45 dias com ração comercial suplementada com probiótico ou sem suplementação (Controle)...................................................................... 69 Tabela 2: Título aglutinante e atividade antimicrobiana do plasma de surubins híbridos (Pseudoplatystoma corruscans x P. reticulatum) alimentados durante 45 dias com ração comercial suplementada com probiótico ou sem suplementação. ........................................................ 69 Tabela 3: Comprimento e largura das vilosidades, do número de vilos e de células caliceformes, e do perímetro e área, de surubins híbridos alimentados ou não com suplementação probiótica durante 45 dias. .................................................................................................. 70 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 ................................................................................ 19 Revisão: Probióticos na aquicultura ................................................. 19 1. Introdução .............................................................................. 21 2. Critérios de Seleção de microorganismo probióticos para aquicultura ............................................................................. 24 3. Testes in vitro ......................................................................... 27 3.1. Isolamento das cepas ............................................................. 27 3.2. Espécies de microorganismos utilizados como probióticos .. 28 3.3. Antagonismo entre cepas probióticas .................................... 28 3.4. Formação de esporos ............................................................. 30 3.5. Crescimento em diferentes concentrações de pH e resistência à sais biliares ....................................................... 30 3.6. Resistência a diferentes temperaturas.................................... 31 4. Testes in vivo ......................................................................... 31 5. Modo de ação ......................................................................... 33 6. 7. 5.1. Colonização da microbiota intestinal .................................... 33 5.2. Inibição competitiva .............................................................. 34 5.3. Fonte de nutrientes e enzimas digestivas .............................. 34 5.4. Produção de compostos inibitórios........................................ 38 Imunomodulação .................................................................... 40 6.1. Efeito nas células imunológicas da mucosa intestinal ........... 40 6.2. Interação com células imunes ............................................... 41 6.3. Interferência do quorum sensing ........................................... 44 Biorremediação de água e solo ................................................. 46 JUSTIFICATIVA .......................................................................... 48 OBJETIVOS.................................................................................. 49 HIPÓTESE .................................................................................... 49 CAPÍTULO 2 .................................................................................50 Weissella cibaria e sua ação probiótica no trato intestinal de surubins híbridos ..................................................................................50 1. Introdução...............................................................................52 2. Material e Métodos ..................................................................53 3. 2.1. Material biológico e manutenção .......................................... 53 2.2. Preparo do inóculo de probiótico e dietas experimentais ...... 54 2.3. Delineamento experimental .................................................. 54 2.4. Análises hemato-imunológicas ............................................. 55 2.5. Histologia .............................................................................. 57 2.6. Microscopia eletrônica de transmissão (MET) ..................... 57 2.7. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................ 58 2.8. Ganho de peso e sobrevivência ............................................. 58 2.9. Análises estatísticas .............................................................. 58 Resultados ..............................................................................58 3.1. Parâmetros hematológicos .................................................... 58 3.2. Parâmetros imunológicos ...................................................... 58 3.3. Colonização do trato intestinal .............................................. 59 3.4. Histomorfometria intestinal .................................................. 59 3.5. Ganho em peso e sobrevivência ............................................ 60 4. Discussão................................................................................60 5. Conclusão ...............................................................................62 6. Agradecimentos ......................................................................62 7. Referências .............................................................................62 8. Referências da introdução geral ................................................73 CAPÍTULO 1 Revisão: Probióticos na aquicultura 21 1. Introdução A Aquicultura mundial se destaca como umas das principais atividades na produção de alimentos. A produção aquícola mundial alcançou o valor recorde em 2010, em 60 milhões de toneladas (excluindo plantas aquáticas e produtos não alimentares), com um valor estimado total de $ 119.000.000.000. Em 2010, a produção mundial de peixes cultivados foi de 59,9 milhões de toneladas, um aumento de 7,5%, quando comparado com 55,7 milhões de toneladas em 2009 (FAO, 2012). Neste cenário, destaca-se a piscicultura continental que apresentou em 2011 uma produção de 35.596.862 t, 33,7% superior do que em 2007 onde produziu 26.621.449 t (Fao, 2013). No Brasil a piscicultura continental apresentou em 2011, cerca de 541.151 t de pescado, 160% superior a produção de 2007. A produção aquícola mundial está em constante expansão. Entre os peixes mais cultivados no país em águas continentais, a tilápia e as carpas são as de maior importância, juntas somaram 63,4% da produção nacional de pescado em 2010, seguidas dos peixes redondos nativos tambaqui (Colossoma macropomum), pacu (Piaractus mesopotamicus), pirapitinga (Piaractus brachypomus) e seus híbridos, os quais representaram juntos 24,6% da produção (Brasil, 2010). À medida que se pretende aumentar a produção seja em pequena ou larga escala, um quesito importante a ser observado é biossegurança. Grandes mortalidades de peixes são observadas quando há a intensificação da produção. A ocorrência de enfermidades tem como principal fator o desequilíbrio do triângulo epidemiológica patógenohospedeiro-meio ambiente, que consequentemente diminui a capacidade imunológica dos animais, além de deteriorar a qualidade da água do cultivo, favorecendo assim o desenvolvimento de doenças (Lizama et al., 2007). Durante estes surtos, diversos agentes químicos podem ser utilizados como tratamentos profiláticos e remediadores às enfermidades, tais como ácido acético, amônia quaternária, cal, cloreto de sódio, formol, iodo, metrifonato, sulfato de cobre, verde malaquita, ácido oxolínico, sulfamerazina, sulfato de magnésio e especialmente os antibióticos. Estes últimos, diversas vezes, são utilizados indiscriminadamente e de maneira errônea (Eler e Millani, 2007). O uso inadequado destes agentes normalmente ocorre quando não se conhece o agente causador do surto de enfermidade e/ou mortalidade, obrigando produtores a utilizar antibióticos com grande espectro de 22 atuação. Os agentes podem ser tanto bactérias Gram-positivas, quanto as Gram-negativas, além de alguns protozoários. Medidas inadequadas podem provocar a seleção e a resistência dos patógenos (Klaenhammer e Kullen, 1999), além de serem uma fonte de poluição ambiental (Boyd e Massaut, 1999) e prejudicarem a comercialização e saúde humana (Sapkota et al., 2008). Aliando este problema aos resíduos deixados na carne dos animais, diversos países baniram o uso de antibióticos em cultivos. A União Europeia proibiu, a partir de janeiro de 2006, o uso de antibióticos na produção animal (Luckstadts, 2006). No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2013) já proibiu o uso de diversos antibióticos; clorafenicol e nitrofuranos (IN nº 09, 27/06/2003), quilononas e sufonamidas (IN nº 26, 9/07/2009), espiramicina e eritromicina (IN nº 14, 17/05/2012); como aditivo alimentar na produção animal. Dessa forma, cada vez mais a profilaxia se torna um item essencial nas pisciculturas e boas práticas sanitárias devem ser incorporadas pelos produtores para possibilitar o equilíbrio do cultivo. Dentre as práticas sanitárias alternativas, destaca-se a utilização de aditivos alimentares, como os probióticos, que auxiliam no aumento da capacidade imunológica dos peixes. Probiótico é uma palavra derivada do grego que significa a favor da vida, porém desde de 1965 o uso de seu termo vem sendo continuamente revisto. A definição mais aceita em estudos animais aquáticos é que probióticos são microorganimos vivos que quando ministrados, colonizam o trato intestinal, regularizando a flora, competindo com agentes patogênicos e estimulando o sistema imunológico (Gatesoupe, 1999). Atualmente no mercado encontramos diferentes fórmulas comerciais de probióticos testadas e utilizadas em peixes. Porém observa-se que probióticos isolados de outros animais ou em espécies de peixes que não sejam o alvo, podem apresentar resultados controversos, sendo necessário o isolamento e desenvolvimento de probióticos espécie-específicos, ou seja, probióticos autóctones (Mourino, 2010). O sucesso da utilização dos probióticos se dá pelo seu potencial de competição e colonização do intestino, assim a influência de fatores bióticos e abióticos sobre o microambiente do trato grastrointestinal resulta na alteração de crescimento dos microorganismos (Gatesoupe, 1999b). Diferentes microorganismos são usados como probiótico em piscicultura: bactérias ácido-láticas como Lactobacillus sp., bactérias esporuladas como Bacillus sp., bactérias gram negativas como Pseudomonas sp., Vibrio sp. e Aeromonas sp. e leveduras. Contudo, 23 bactérias como Pseudomonas sp. e Vibrios sp. podem ser potencialmente patogênicas para alguns peixes. Adicionalmente, bactérias do Gênero Bacillus são utilizadas em formulações comerciais já que além de produzirem compostos inibitórios durante a esporulação podem ser facilmente incorporadas nas dietas por possuirem maior resistência devido aos esporos. Contudo, algumas cepas podem se tornar patogênicas, causando mortalidades no cultivo (George et al., 2005). Portanto, é necessário realizar a caracterização fenotípica e, se possível, molecular a fim de se determinar a existência de patogenicidade do microorganismos para a espécie cultivada. A utilização de bactérias ácido-láticas apresenta efeito positivo registrado em diversas espécies, como robalos, Centropomus spp. (Barbosa et al., 2011), tilápias, Oreochromis spp, (Jatoba et al., 2011) e camarões, Litopenaeus vannamei, (Vieira et al., 2007), devido à sua capacidade de colonizar o trato digestório, alterando a dominância natural da microbiota intestinal e promovendo melhoria no sistema imune dos animais (Carnevali et al., 2006; Jatoba et al., 2008; Vieira et al., 2008). Estes resultados estão relacionados com a alta especificidade entre o microorganismo probiótico e o hospedeiro, pois todas as cepas utilizadas nestes trabalhos foram isoladas dos próprios animais em estudo. Por outro lado, estudos demonstram que a utilização de bactérias alóctones também podem apresentar bons resultados e um papel positivo no bem estar dos peixes (Ridha e Azad, 2012; Standen et al., 2013), porém há um consenso de que cepas de bactérias ácido-láticas autóctones possuem maior chance de colonizar o intestino e trazer benefício à saúde do hospedeiro (Sun et al., 2013). A utilização de cepas alóctones apresentam uma série de desvantagens como a inserção de microorganismos exógenos ao ambiente de cultivo, o desconhecimento dos possíveis efeitos no trato intestinal e sua interação com os demais microorganismos no ambiente, além da capacidade dessas cepas sobreviverem ou se manterem em condições viáveis e em concentrações ótimas no trato intestinal dos animais (Nayak, 2010b), Em peixes (trutas, Oncorhynchus mykiss, e tilápias do Nilo) as bactérias ácido-láticas já demonstraram a capacidade de melhorar o crescimento, o sistema imunológico e a sobrevivência após desafios experimentais (Nikoskelainen et al., 2003; Panigrahi et al., 2007; Aly, Mohamed, et al., 2008; Merrifield et al., 2013). 24 2. Critérios de Seleção de microorganismo probióticos para aquicultura Ao longo dos anos várias estratégias para modular a composição da microbiota intestinal a fim de se obter melhores taxas de crescimento, digestão, imunidade, e resistência a doenças foram estudadas nos mais diversos ramos da produção animal (Mare et al., 2006; Aly, Mohamed, et al., 2008; Abd El-Rhman et al., 2009). Os microorganismos usados como probióticos na aquicultura devem exercer boa atividade microbiana e sererm seguros, não apenas para o animal cultivado e o meio em que vivem, mas também para os humanos. Porém, para ser considerado um probiótico o microorganismo precisa, de maneira geral, colonizar o trato intestinal possuindo característica de organismo probionte e ter efeito benéfico para o hospedeiro, seja ele em resistência a doenças, em crescimento, ou em qualquer outro fator desejado (Gatesoupe, 1999). Outras características também devem ser observadas para a seleção mais detalhada do microorganismo como, por exemplo: deve ser inócuo, deve resistir ao tempo de armazenamento e transporte, resistir às enzimas do trato digestório e a bile, não possuir genes de resistência a antibióticos e possuir propriedades antimutagênicas e anticancerígenas (Coppola, 2004; Munoz-Atienza et al., 2013). Muitos dos probióticos empregados na aquicultura são desenvolvidos para uso humano ou para o uso na produção de animais terrestres. No entanto, a adapataçao do uso desses probióticos em meio aquático é mais complexo quando comparado ao ambiente terrestre, podendo esse ser o motivo de muitas vezes não atingir os efeitos esperados. Dessa forma, o isolamento, caracterização e comercialização de bactérias probióticas autóctones, adaptadas ao meio, precisam ser estudadas (Azad e Ai-Marzouk, 2008). Assim, se torna conveniente seguir alguns critérios de seleção para garantir a chegada íntegra de bactérias probióticas no trato intestinal dos animais, e o consequente aumento da efetividade do probiótico na saúde do peixe cultivado. Após o isolamento, pode ser avaliada a diversidade de critérios de seleção para pressupor a eficiência do microorganismo probiótico. A seleção primária mais comum utilizada são os testes de antagonismo in vitro frente a um conjunto de cepas patogênicas, pois a produção de compostos inibitórios constitui um fator importante para a seleção. Além disso, o probiótico deve ter a capacidade de colonizar o intestino, e para isto, o microorganismo precisa resistir ao trânsito gastrointestinal. Portanto, é importante que a cepa probiótica seja submetida a testes em diferentes concentrações de pH, de sais biliares e proteases (Balcazar et 25 al., 2008), a fim de garantir que o microorganismo sobreviva e colonize o trato intestinal, evitando a colonização de patógenos. Da mesma forma, são recomendados testes em diferentes temperaturas e salinidades (para peixes marinhos e estuarinos) com o intuito de obter as condições ótimas de crescimento e maior produção de compostos inibitórios (ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, bacteriocinas) (Ringo e Gatesoupe, 1998). Fjellheim et al. (2010) usaram dois critérios de seleção primária para escolher um conjunto de 500 bactérias candidatas a probióticas de larvas de bacalhau do Atlântico Gadus morhua. As bactérias dominantes da flora intestinal foram isoladas utilizando como critério a atividade antagônica contra Vibrio anguillarum, patogênica para esta espécie. Com base em critérios como domínio e capacidade fermentativa, o número total de bactérias foi reduzido a 55 cepas, submetidas a análises in vitro, verificando-se crescimento e aderência ao muco, produção de enzimas extracelulares e resistência à bile, assim reduzidas a sete bactérias potencialmente probióticas para o bacalhau. Testes adicionais também podem ser realizados como, por exemplo, testes de inibição entre duas ou mais cepas probióticas. Isto para verificar se existe antagonismo entre as cepas, em caso de utilizálas em conjunto a fim de se verificar a existência de um efeito sinérgico entre elas. Por último, testes in vivo devem ser realizados para verificar a colonização do probiótico no intestino e posteriormente avaliar os benefícios do seu uso no hospedeiro, analisando índices hematoimunológicos, índices zootécnicos e a resistência do peixe frente a infecções experimentais com patógenos. 26 Figura 1: Esquema de seleção de bactérias probióticas (Adaptado de Ray et al., (2012). A suplementação com probióticos pode ser realizada diretamente na água (Li et al., 2006), na dieta artificial (Vieira et al., 2007; Jatoba et al., 2008) ou no alimento vivo (Arndt e Wagner, 2007). As concentrações dos microorganismos probióticos podem variar, sendo recomendável concentrações maiores de 105 unidades formadoras de colônia (UFC) g-1(Lang et al. 1997). Jatoba et al. (2008) e Vieira et al. (2007) testaram concentrações de 1 x 108 UFC g-1 de bactérias láticas suplementadas na ração e obtiveram bons resultados em tilápia-do-Nilo e camarão marinho, respectivamente, conseguindo alterar a microbiota 27 intestinal e obter efeito probiótico. Contudo, estas concentrações de bactérias não conseguem se manter estáveis no trato intestinal do animal sem um fornecimento constante do probiótico, onde as concentrações de bactérias probióticas no intestino tendem a diminuir, como verificado por Vieira et al. (2008), onde a ação do probiótico (Lactobacillus plantarum) no camarão foi apenas de 4 dias. Portanto, a metodologia proposta para seleção de microorganismos probióticos para a aquicultura deve incluir: 1) isolamento a partir do animal a ser estudado, 2) testes de seleção in vitro, 3) testes in vivo e 4) avaliação dos efeitos no animal. 3. Testes in vitro 3.1. Isolamento das cepas Embora as bactérias com este potencial sejam isoladas de várias fontes, na grande maioria das vezes, elas são extraídas do trato gastrointestinal dos hospedeiros nos quais atuarão. Este é um critério relevante para a seleção de linhagens de cepas probióticas, pois se espera que tenham melhor desempenho em ambiente semelhante àquele do qual ela foi isolada (Morelli, 2000). A origem gastrointestinal das bactérias probióticas é constatada em diversos trabalhos (Bjornsdottir et al., 2010; De Souza et al., 2010). Vale ressaltar a existência de cepas probióticas que não atuam diretamento no hospedeiro, como as biocontroladoras e biorremediadoras, que atuam no ambiente de cultivo. Ambas são microorganismos vivos, porém as biocontroladoras são antagônicas à patógenos e não colonizam o trato gastrointestinal (GI), diminuem a carga de bactérias patogênicas somente na água do ambiente de cultivo. Já as cepas biorremediadoras, melhoram a qualidade da água ou auxiliam na decomposição da matéria orgânica do cultivo, porém sem ter relação com bactérias patogênicas (Gatesoupe, 1999). Dessa forma, uma cepa pode apresentar mais de uma ação, atender a critérios simultaneamente. Por exemplo, uma bactéria bioremediadora pode decompor a matéria orgânica do ambiente e produzir compostos que diminuam a carga de bactérias patogênicas na água. É de extrema importância definir precocemente qual será o efeito probiótico que se espera obter nos animais, para que a seleção do microorganismo seja realizada baseada no caráter desejado. Por exemplo, para uma seleção que visa à melhora do sistema imune do hospedeiro, deve-se isolar microorganismos capazes de produzir compostos antimicrobianos, estimular a formação de imunoglobulinas; 28 para uma seleção que visa o aumento da capacidade digestória, deve-se selecionar cepas que produzam mais enzimas e ácidos orgânicos; dessa forma a seleção será direcionada e eficiente, diminuindo custos e mão de obra (Mourino, 2010). 3.2. Espécies de microorganismos utilizados como probióticos Como fontes de bactérias com potencial probiótico, podem ser utilizadas bactérias dominantes no trato gastrointestinal de animais saudáveis. Mas há também possíveis patógenos com potencial probiótico que já foram utilizados com este propósito: as vibrionáceas e Pseudomonas sp. (Gatesoupe, 1999) são um exemplo. O fator que torna uma cepa, patogênica ou probiótica, é uma pequena variação genética entre elas ou mesmo o despertar de sua virulência. Para facilitar o estudo sobre os tipos de cepas probióticas, os microorganismos utilizados serão divididos em dois grupos: as bactérias Gram-negativas e as Gram-positivas. Dentre as Gram negativas, que já tiveram seu efeito probiótico comprovado, estão os gêneros: Pseudomonas sp., Aeromonas sp (A. hydrophila., A. sobria), Vibrio sp. (V. fluvialis), dentre outros (Nayak, 2010). No segundo grupo de microorganismos, os Grampositivos, estão a maioria dos probióticos utilizados em aquicultura, destacam-se os gêneros: Lactobacillus, Lactococcus, Bacillus, Enterococcus, Carnobacterium, Micrococcus, Streptococcus, Vagococcus, Aerococcus, Pediococcus e Leuconostoc. Atualmente, muitas tentativas vêm sendo realizadas com o objetivo de induzir dominância artificial destas bactérias no trato intestinal de peixes (Gatesoupe, 1999). Entre os gêneros citados, devemos destacar as bactérias ácidoláticas e os bacilos (B. subtilis, B. licheniformes, B. circulans) devido a sua capacidade de produção de compostos antimicrobianos, estimulação do sistema imune, além de secretarem enzimas digestivas, favorecendo uma maior digestão e absorção de nutrientes (Ringo e Gatesoupe, 1998; Ninawe e Selvin, 2009; Nayak, 2010; Ringo et al., 2010). 3.3. Antagonismo entre cepas probióticas Probióticos podem ser administrados na forma monoespécie ou multiespécies. Para alcançar resultados ótimos utilizando diferentes gêneros e espécies, deve-se dar ênfase ao antagonismo entre as cepas, pois uma bactéria não deve inibir a outra. Assim, evita-se a seleção de 29 cepas resistentes a compostos produzidos por uma única cepa bacteriana. Avella et al. (2010) testaram os efeitos de uma mistura de três gêneros de Bacillus, no crescimento e sobrevivência em larvicultura e engorda de Dourada, Sparus aurata, 45 e 75 dias após a larvicultura, constatando um aumento significativo no peso e comprimento das larvas e juvenis. Segundo Nayak (2010), os estudos mais recentes têm confirmado os efeitos benéficos, tanto da forma monoespécie como da multiespécie (mistura) de cepas probióticas, em condições in vitro e in vivo. Repetidas vezes, a indução do sistema imune inato em peixes, tem sido registrada com probióticos multiespécies. Aly, Ahmed, et al. (2008) demonstraram, por testes in vitro, que Bacillus subtilis e Lactobacillus acidophilus usados conjuntamente aumentaram o efeito probiótico no animal, inibindo o crescimento de A. hydrophila e melhorando os índices de sobrevivência, de ganho de peso, valores do hematócrito, ensaio de teste do nitroazul de tetrazólio (NBT), e atividade da lisozima sérica, além de registrarem alta atividade bactericida do soro. Apesar dos compostos antibacterianos produzidos pelas candidatas probióticas e de suas propriedades inibitórias in vitro, outros critérios como: resistência ou não a antibióticos, sua natureza não hemolítica e seu potencial não patogênico precisam ser levados em consideração na seleção de uma cepa para esta finalidade (MunozAtienza et al., 2013). Nos últimos estudos percebeu-se que estas bactérias ácido-láticas tinham potencial para transferir resistências a antibióticos (Ammor et al., 2007). Atualmente é descrita em praticamente todas as espécies bacterianas a existência de resistência a antibióticos possibilitando à bactéria vantagem de sobrevivência na presença de um determinado antibiótico (Hayes e Wolf, 1990). Da mesma forma, Patel et al. (2010) isolaram uma cepa de bactéria a partir de resíduos do leite. A cepa selecionada demonstrou susceptibilidade aos antibióticos, reduzindo a possibilidade de doar genes que determinam resistência às bactérias indesejadas, se administrados sob a forma de probiótico. Nayak e Mukherjee (2011) isolaram e selecionaram bactérias do trato gastrointestinal de três espécies de carpa indiana: Labeo rohita, Catla catla e Cirrhinus mrigala para a seleção de um probiótico adequado, encontrando bactérias do gênero Aeromonas, Micrococcus, Corynebacterium, Plesiomonas, Bacillus e Pseudomonas que demonstraram atividades antibacteriana contra patógenos. Dentre eles, o 30 B. subtilis resistiu a grandes variações de temperature, pH, concentrações salinas e demonstrou ser não patogênico, não resistente à antibióticos e não hemolítico. O estudo de Munoz-Atienza et al. (2013), investigou a atividade antimicrobiana de 99 bactérias lácticas, isoladas de animais aquáticos utilizados como alimento humano, contra patógenos de peixes e a sua susceptibilidade à antibióticos, revelando atividade antimicrobiana ampla contra os principais patógenos de peixes Gram-positivos e Gramnegativos, além da resistência à antibióticos em Weissella sp., Pediococcus sp., Lactobacillus sp. e Enterococcus sp. Alguns probióticos comerciais já atentam para o uso de cepas probióticas não resistentes a antibióticos, porém muitos não possuem comprovação científica. 3.4. Formação de esporos Tanto as cepas esporuladas como as não esporuladas, podem ser utilizadas como probióticos (Nayak, 2010). Contudo a vantagem de bactérias esporuladas é sua resistência a amplas faixas de temperatura e pH, características não atribuídas à outros probióticos. Isto se torna vantajoso na fabricação de rações suplementadas com tais microorganismos. Dentre as formas esporuladas, B. subtilis e B. licheniformes são as cepas probióticas mais comuns utilizadas em aquicultura. A maior vantagem na utilização deste grupo de bactérias como probióticos está relacionada com a facilidade de ser produzida em massa e incorporada em produtos comerciais, pois possuem a capacidade de esporulação, facilitando sua inclusão em dietas e produtos comerciais (Ochoa-Solano e Olmos-Soto, 2006). Os benefícios a longo prazo do uso de bactérias formadoras de esporos como probióticos é o fato de além de possuírem estabilidade ao calor, também podem sobreviver ao trânsito através da barreira do estômago, propriedades essas que não podem ser assegurados com probióticos fornecidos na forma vegetativa. No entanto, a maioria dos probióticos disponíveis atualmente são bactérias que não são formadores de esporos, ou seja, são fornecidas como células vegetativas (geralmente preparadas liofilizadas), apresentando bons efeitos probiótico (Huang et al., 2008). 3.5. Crescimento em diferentes concentrações de pH e resistência à sais biliares Burbank et al. (2012), isolaram 318 bactérias do trato intestinal de trutas e, usaram além de outros testes, o de resistência à sais biliares 31 como indicador para a seleção de 24 cepas candidatas à probiótico. Neste mesmo contexto, Cai et al. (1998) utilizaram diversos critérios de seleção, dentre eles o de resistência a 10% de sais biliares, para selecionar uma cepa com potencial probiótico dos 199 microorganismos isolados do trato GI do peixe linguado (Paralichthys orbignyanus). A baixa resistência de bactérias probióticas, frequentemente constatada em ensaio de resistência a sais biliares, é consequência das condições extremas utilizadas in vitro para simular o ambiente gástrico, sendo muitas vezes usados valores de pH inferiores e tempo de exposição superiores aos encontrados in vivo. Por outro lado, outros experimentos têm demonstrado que linhagens de bactérias ácido-láticas geralmente são tolerantes às condições ácidas em estudos in vitro (De Angelis et al., 2006; Lin et al., 2007). 3.6. Resistência a diferentes temperaturas Dentre os testes realizados in vitro durante a seleção de uma bactéria candidata a probiótica está a curva de crescimento ideal em diferentes temperaturas (Vijayan et al., 2006). Dessa forma, busca-se a faixa na qual a bactéria sobrevive e a temperatura ideal onde atuará no máximo de sua eficiência. Poffo e Da Silva (2011) caracterizaram fisiologicamente algumas bactérias ácido-láticas com potencial probiótico, isolado de sardinhas, Sardinella brasiliensis, a fim de definir a temperatura ideal para o seu crescimento. 4. Testes in vivo Na seleção de cepas com potencial probiótico é comum procederse aos testes in vitro para avaliar a viabilidade dos micro-organimos como probióticos e, a partir daí, realizar os testes in vivo. Quando são realizados testes in vivo, é comum identificar a microbiota endógena, nativa do trato gastrointestinal do hospedeiro, e compará-la com a microbiota que se estabeleceu no trato após a administração de uma dieta enriquecida com probiótico. Isto leva à constatação da alteração e da colonização de tais cepas no trato do hospedeiro. Divya et al. (2012) conduziram um estudo para avaliar o estabelecimento de Bacillus coagulans, Bacillus mesentericus, e Bifidobacterium infantis no intestino de pós-larvas do peixe ornamental Puntius conchonius, alimentadas com copépodos enriquecidos com tais microorganismos, demonstrando uma colonização significativa no 32 intestino dos peixes, bem como efeitos significativos na diminuição de patógenos do intestino. Outros fatores também devem ser levados em consideração quando procede-se aos testes in vivo de cepas probióticas, como o modo de suplementação, a concentração oferecida e o período de oferta. Estimar a dose ou a concentração ideal de probiótico é necessário não só para a proliferação adequada das bactérias no intestino, mas também para obter os efeitos benéficos causados pelas mesmas, incluindo sua atividade imunoestimulante. Vários estudos têm demonstrado que as respostas imunes dos peixes variam em função da concentração de probióticos. Normalmente a dose ideal é definida por meio de regressão baseando-se na melhora do crescimento e da proteção do hospedeiro. Brunt et al. (2007) administraram em truta arco-íris, Bacillus sp isoladas do trato gastrointestinal de tilápias, definindo a dose ideal de 2 x 10 8 cél/g e constatando redução nos índices de mortalidade causada por bactérias patogênicas. Em aquicultura costuma-se usar doses que variam de 106 à 1010 CFU/g ração (Nayak, 2010b). Song et al. (2006) registraram aumento da atividade da lisozima no soro sanguíneo e na pele de M. miiuy nas doses 107 e 109 CFU/ de C. butyricum/g ração, respectivamente. Doses altas também podem causar mortalidade nos hospedeiros, como registrado por (Nikoskelainen et al., 2001). Portanto, é necessário se estabelecer a dose ideal para cada cepa probiótica em cada hospedeiro. O período de administração do probiótico também é um fator importante. Na maioria dos peixes, entre 1 à 10 semanas de tratamento, percebe-se um ganho de peso, e a melhora dos parâmetros imunes e resistência à doenças (Nayak, 2010). O tempo de fornecimento varia conforme o tipo de cepa e com o parâmetro imune em questão que se deseja modular. Analisando um mesmo parâmetro, constata-se diferenças nas respostas imunológicas, causadas pelo período de oferta. Incremento da atividade de “burst” respiratório foi detectado em peixes alimentados durante 60 dias com suplementação probiótica (DiazRosales et al., 2009). Porém, em ensaio anterior, foi verificado efeito antagônico quando o probiótico foi ofertado por um período mais curto, de 4 semanas. Além disso, nem sempre maiores períodos de oferta do probiótico garantirão melhores efeitos estimulantes no animal. Enquanto alguns pesquisadores acreditam que um regime de alimentação longo não é necessário, o regime mais curto de alimentação pode causar diminuição acentuada na resposta imune nos peixes (Panigrahi et al., 2005). Esse tipo de declínio pode acontecer devido à 33 dificuldade das bactérias de probióticos para se estabelecerem e se multiplicar no intestino. Embora se saiba que o modo de administração dos probióticos mais eficaz seja pela alimentação, devido a maiores índices de colonização do trato GI, esta não é sua única forma de uso. Probióticos também são utilizados diretamente na água de cultivo, causando efeitos benéficos ao ambiente e ao hospedeiro (Zhou et al., 2010) ou podem ser incorporadas em rotíferos e artêmias em larviculturas de peixes (Picchietti et al., 2007; Picchietti et al., 2009a). 5. Modo de ação Benefícios ligados à administração de probióticos são: exclusão competitiva de bactérias patogênicas (Vine et al., 2004), fonte de nutrientes e enzimas digestivas (Mehrabi et al., 2012), modulação do sistema imunológico (Panigrahi et al., 2004), produção de compostos antimicrobianos como bacteriocinas e ácidos orgânicos (Balcazar, Vendrell, et al., 2007; Mandiki et al., 2011). 5.1. Colonização da microbiota intestinal Segundo Furlan (2004), as bactérias no trato gastrointestinal podem ser encontradas associadas ao epitélio ou livres na luz intestinal. As livres devem-se multiplicar rapidamente a fim de compensar a eliminação pelo movimento peristáltico intestinal, ou mesmo aglutinarem-se às demais bactérias aderidas na mucosa intestinal. Existe ainda um prolongamento polissacarídeo do enterócito em direção à luz intestinal denominado glicocálix ou fímbria. O processo de aderência das bactérias é feito por meio de polissacarídeos, moléculas de açúcares ramificados, que se estendem da parede externa da bactéria formando uma estrutura (glicocálix), que envolve a célula ou mesmo uma colônia de bactérias. Essa estrutura apresenta outras funções importantes, como a manutenção da camada aquosa próxima a mucosa intestinal, em pH neutro, que permite a ação de enzimas de membrana. Dessa forma, o mecanismo regulador da colonização das bactérias no epitélio intestinal parece estar baseado na dependência da aderência do glicocálix de uma bactéria com o glicocálix do enterócito. Essa ligação entre glicocálix, estudos apontam em muitos casos, pode ser mediada por uma lectina, que se liga especificamente a um polissacarídeo. Vale a pena ressaltar, também, que estudos verificaram que os microorganismos quando em meio de cultura não produzem o glicocalix, aparentemente utilizando as reservas para multiplicação, e não aderência, a qual não é necessária nestas circunstâncias. 34 5.2. Inibição competitiva O antagonismo é um fenômeno comum na natureza, onde interações bacterianas desempenham papel importante no equilíbrio da microbiota intestinal entre as bactérias benéficas e as potencialmente patogênicas. A quebra desse equilíbrio é resultante de más práticas de manejo, ração de baixa qualidade, qualidade de água precária, além de estresse e fatores ambientais, podem estimular a proliferação de bactérias patogênicas no hospedeiro (Ringo e Gatesoupe, 1998). A colonização do trato gastrointestinal dos animais por probióticos se torna possível após o surgimento e antes da instalação definitiva de uma microbiota endógena competitiva. Após essa instalação, somente a adição de doses elevadas de probiótico provocará a alteração na microbiota natural presente e sua posterior manutenção (Nikoskelainen et al., 2003; Vieira et al., 2008; Mourino et al., 2012). Dessa forma, probióticos comerciais muitas vezes são relativamente ineficazes, por não serem específicos da espécie de peixe trabalhada são incapazes de sobreviver ou permanecerem viáveis em uma concentração ideal e efetiva no intestino, uma vez que a flora intestinal endógena dos animais já se encontra formada (Ghosh et al., 2007) A colonização é caracterizada pela adesão das bactérias à superfície da mucosa, ou por associação ao muco ou por aderência as células epiteliais. A adesão aos sítios e colonização da mucosa são mecanismos de defesa contra patógenos através da competição por ligações locais e nutrientes (Westerdahl et al., 1991; Korkea-Aho et al., 2011). O processo se inicia com a entrada da bactéria por meio de partículas de alimentos ou água, seguindo até o trato digestivo onde podem ser mantidas como parte residente da microflora. Outras são destruídas por processos digestivos ou eliminadas nas fezes. No trato, o crescimento bacteriano pode ser inibido por um conjunto de compostos antimicrobianos produzidos pelo hospedeiro, como: proteases, bacteriocinas (principalmente bactérias ácido lácticas), lisozimas, peróxido de hidrogênio, além de diminuir o pH pela produção de ácidos orgânicos (Gram et al., 1999; Gatesoupe, 2008; Ferguson et al., 2010; Korkea-Aho et al., 2011; Boutin et al., 2012; Del'duca et al., 2013). 5.3. Fonte de nutrientes e enzimas digestivas De acordo com Ray et al. (2012), a digestão dos alimentos depende de três fatores principais: (i) a ingestão de alimentos e a medida em que o alimento é susceptível aos efeitos de enzimas digestivas, (ii) a atividade das enzimas e o tempo que o alimento está exposta à ação das 35 enzimas digestivas. Cada um desses fatores é afetado por uma série de fatores secundários como, por exemplo, pela contribuição da microbiota do intestino dos peixes. Devido à complexidade e a ecologia variável do trato digestivo de diferentes espécies de peixes, a presença do estômago, dos cecos pilóricos e o comprimento do intestino é difícil avaliar a contribuição exata da microbiota gastrointestinal. A microflora probiótica é capaz de aumentar a digestibilidade com a produção de enzimas digestivas, produção de vitaminas do complexo B (ácido fólico), redução do pH do trato através da produção de ácidos graxos de cadeia curta, regulação dos movimentos peristálticos, absorção de minerais como o cálcio e síntese de colesterol (Vine et al., 2006; Dimitroglou et al., 2011; Parfenov e Bondarenko, 2012; Cornélio et al., 2013). A hidrólise enzimática bacteriana pode aumentar a biodisponibilidade de proteínas e de gordura e aumentar a liberação de aminoácidos livres. Além de ácido lático, ácidos graxos de cadeia curta, como propiônico e butírico, também são produzidos pelas bactérias láticas. Quando absorvidos, esses ácidos graxos contribuem para o pool de energia disponível do hospedeiro e podem proteger contra mudanças patológicas na mucosa do cólon. Além disso, uma concentração mais elevada de ácidos graxos de cadeia curta auxilia na manutenção de um pH apropriado no lúmen do cólon, crucial para a expressão de muitas enzimas bacterianas sobre compostos estranhos e sobre o metabolismo de carcinógenos no intestino (Kopp-Hoolihan, 2001). Adicionalmente, o butirato, além de fornecer energia para as células epiteliais, proteção contra enterites, aumenta a proliferação e diferenciação destas células, aumentando a altura das vilosidades intestinais e o consequente aumento da absorção de nutrientes (Galfi e Bokori, 1990). Estudos demonstram que a microbiota intestinal é influenciada pela composição da dieta. Pedrotti et al. (2013) descreveram que para peixes onívoros (tilápias e jundiás) alimentados com diferentes fontes de carboidratos na dieta, houve alteração na microbiota intestinal, influenciando níveis de bactérias amilolíticas, celulolíticas, lipolíticas, proteolíticas e bactérias totais cultiváveis nos tratos dos peixes amostrados. Os primeiros estudos com produção de enzimas de bactérias intestinais de peixes são datados da década de 70 (Hamid et al., 1979). A seguir é apresentada uma tabela com dados recentes de produção de enzimas por bactérias isoladas do trato intestinal de peixes relacionadas à nutrição de peixes. Carpas Labeo bata Labeo rohita Bacillus licheniformis; B. subtilis Bacillus cereus; B. circulans; B. pumilus Piaractus mesopotamicus Bacillus subtilis, B. velesensis Citrobacter sp.;Enterobacter sp.;Bacillus coagulans , Bacillus cereus, Bacillus sp. Cyprinus carpio Aeromonas sp. *Quadro continua na página seguinte. Protease Carpas Labeo bata Bacillus licheniformis; Bacillus subtilis Citrobactersp.;Enterobactersp.;Bacillus coagulans, Bacillus cereus , Bacillus sp. Citrobacter freundii Gadus morhua Brochothrix sp. e Brochothrix thermosphacta Celulase Salmo salar Bacillus thuringiensis, B. cereus, Bacillus sp, Bacillus subtilis e Acinetobacter sp. Amilase Fonte de isolamento Microorganismo Enzima produzida Quadro 1: Microorganismos produtores de enzimas isolados do trato intestinal de peixes. 36 Ghosh et al., 2002 Mondal et al., 2010) Ray et al., 2010 Peixoto et al., 2011 Jiang et al., 2011 Ray et al., 2012 Mondal et al., 2010 Askarian et al., 2012 Askarian et al., 2012 Referência 36 Quitinase Fitase Lipase Bacillus subtilis; B. atrophaeus Marinobacter lutaoensis, Ferrimonas balearica, Pseudoalteromonas piscicida, Enterovibrio norvegicus, Grimontia hollisae, Photobacterium damselae spp. damselae, P. leiognathi, P. lipolyticum, P. phosphoreum, P. rosenbergii, Vibrio campbelli, V. chagasii, V. fischeri, V. fortis, V. gallicus, V. harveyi, V. natrigenes, V. nigripulchritudo, V. ordalii, V. parahaemolyticus, V. pomeroyi, V. ponticus, V. proteolyticus. Agrobacterium; Pseudomonas; Brevibacterium; Microbacterium; Staphylococcus Vibriospp.,Acinetobacterspp. Enterobacteriaceae, Pseodomonasspp. Bacillus licheniformis Teleosteos Peixes da japonesa costa Khan et al., 2011 Itoi et al., 2006 Roy et al., 2009 Gatesoupe, 1997 Dicentrarchus labrax Peixes teleosteos Ringo et al., 1995 Salvelinus alpinus 37 37 38 O estudo dos probióticos aponta para vários mecanismos de ação conjunta da adição de bactérias probióticas e os efeitos benéficos de sua utilização em seu hospedeiro e entre estes efeitos é comum a melhora do desempenho relacionado à nutrição do animal, seja pela produção suplementar de enzimas e vitaminas, pelo aumento do crescimento, pelo aumento da eficiência alimentar ou mesmo na prevenção de desordens nutricionais incluindo a pré-digestão de fatores anti-nutricionais presentes em alguns ingredientes (Thompson et al., 1999; Verschuere et al., 2000). Após a passagem pelo estômago, na colonização ou mesmo durante a passagem pelo trato intestinal, as bactérias usam diversas fontes de açúcares (carboidratos) para seu crescimento e chegam a produzir uma gama de enzimas digestivas durante este processo, o que auxilia na digestão do alimento (El-Haroun et al., 2006). Efeitos significativos na melhora do crescimento e digestibilidade, também foram observados por De Rodriganez et al. (2009), quando ofereceram dieta enriquecida com duas cepas probióticas da família Alteromonadaceae, para juvenis de Linguado, Senegalese sole. A ação de microorganismos durante a fabricação de produtos contendo culturas ou no trato digestivo influencia favoravelmente a quantidade, a biodisponibilidade e a digestibilidade de alguns nutrientes da dieta. A fermentação de produtos lácteos por bactérias láticas pode aumentar a concentração de determinados nutrientes, como vitaminas do complexo B. As bactérias láticas caracterizam-se pela liberação de diversas enzimas no lúmen intestinal. Essas enzimas exercem efeitos sinérgicos sobre a digestão, aliviando sintomas de deficiência na absorção de nutrientes (Kopp-Hoolihan, 2001). 5.4. Produção de compostos inibitórios Diversos trabalhos na literatura confrontam bactérias probióticas com microorganismos patogênicos, a fim de verificar o potencial de inibição das bactérias probióticas frente as patogênicas. Burbank et al. (2012) isolaram e testaram, in vitro, bactérias do trato gastrointestinal de trutas quanto à sua capacidade para inibir o crescimento de Flavobacterium psychrophilum, o agente causador da doença de água fria, descobrindo assim, algumas cepas com o potencial de reduzir ou controlar tal doença. De maneira semelhante Brunt et al., (2007) isolaram cepas probióticas de truta arco-íris e carpa (Ciprinus sp.) que demonstraram bons resultados na redução da mortalidade 39 quando os hospedeiros foram infectados com Bacillus sp. e A. sobria, respectivamente. A eficácia probiótica de uma bactéria de origem humana, Lactobacillus rhamnosus também foi constatada na inibição do crescimento de bactérias patogênicas de peixes e rãs (Pirarat et al., 2009). As bactérias ácido-láticas são capazes de secretar peptídeos antimicrobianos e são utilizadas na conservação de alimentos, assim como promotor de saúde em humanos e animais. Bacteriocinas produzidas por bactérias ácido-láticas são classificados em três grupos principais, sendo os lantibióticos o grupo mais documentado e explorado industrialmente. Lantibióticos (Classe I), não-lantibióticos, pequenos peptídeos termoestáveis (Classe II), e grande proteína lábil ao calor (Classe III) (O'sullivan et al., 2002). Estudos indicam que estas substâncias probióticas antibacterianas exercem seus efeitos inibitórios de patógenos, sozinhas ou sinergicamente. Os componentes lantibióticos, produzidos por bactérias Gram positivas, como Lactococcus lactis, são pequenos peptídeos antimicrobianos. Estes peptídeos foram encontrados ativos em concentrações de nanomolares para inibir patógenos, atingindo os componentes lipídicos da parede celular bacteriana (Vanderpool et al., 2008). Cepas de Lactobacillus produzem amplo grupo de bacteriocinas com sequências divergentes. Estes peptídeos apresentam um espectro relativamente estreito de atividade e na sua maior parte, são tóxicos para bactérias Gram-positivas, como Lactococcus, Streptococcus, Staphylococcus, Listeria e micobactérias. O principal mecanismo de ação é por meio da formação de poros na membrana citoplasmática de bactérias sensíveis, podendo também interferir nas atividades essenciais de enzimas em espécies mais sensíveis (Vanderpool et al., 2008). Ainda no conceito de produção de compostos antimicrobianos pelas bactérias probióticas, Vazquez et al. (2005) selecionaram microorganismos, confrontando bactérias ácido-láticas com bactérias patogênicas de Scophthalmus maximus e constataram que os responsáveis pelos efeitos inibitórios das bactérias patogênicas não eram as bacteriocinas das bactérias ácido-láticas, e sim, os ácidos acético e lático produzidos pelas mesmas. Bactérias ácido-láticas isoladas de rãtouro (Rana catesbeiana) de cultivo, também inibiram o crescimento de uma cepa patogênica pela produção de ácidos orgânicos (Pasteris et al., 2009). Na dieta, os ácidos orgânicos funcionam como agentes de conservação, reduzindo o pH do alimento, inibindo o crescimento 40 microbiano e diminuindo a absorção de organismos patogênicos. No trato intestinal dos animais, os ácidos orgânicos inibem o crescimento de bactérias, principalmente as Gram-negativas. Os ácidos na sua forma não ionizada entram pela parede das bactérias e realizam a liberação de prótons no citoplasma, onde estas consomem uma grande quantidade de ATP para exportar os prótons do interior da célula para fora, tentando manter o equilíbrio do pH intracelular. Esse gasto de ATP resulta em uma depleção de energia celular e posteriormente a morte (Luckstadts, 2008). 6. Imunomodulação Ao encontro da imunomodulação, as cepas de bactérias ácidoláticas e/ou probióticas protegem os peixes de possíveis infecções por bactérias patogênicas, pois diminuem a mortalidade significativamente após infecções experimentais relatadas por Balcazar et al. (2007) e comprovadas por Balcazar et al. (2010). O efeito do uso de probiótico na defesa de peixes contra microorganismos patogênicos analisando diferentes respostas imunológicas tais como: interações com células do intestino; efeitos em células hematológicas relacionadas com defesa inata e aumento na concentração de compostos sanguíneos de respostas imunes inatas e adaptativas, será abordado a seguir. 6.1. Efeito nas células imunológicas da mucosa intestinal A proteção contra patógenos dos probióticos causada pela competição pela adesão da parede do intestino é bem estudada em peixes e comprovada anteriormente por alguns autores (Rombout et al., 2011) O aumento da concentração de linfócitos T no intestino de larvas de robalo (Dicentrarchus labrax) alimentadas com bactéria probiótica foi relatado recentemente por Picchietti et al. (2009), comprovando o que já era esperado, que os linfócitos estão presentes em abundância no muco da parede intestinal de peixes. Em teleósteos, o nível de organização do sistema linfóide associado ao intestino é inferior ao de mamíferos, porém é mais difundido, contendo uma grande quantidade de células linfóides, macrófagos, eosinófilos e neutrófilos granulares. Por outro lado, ainda não existe consenso sobre a presença de células dendríticas em peixes. Dentre essas células destacam-se os macrófagos encontrados em carpas, os quais possuem grande capacidade ligante. Essas células podem carregar antígenos do lúmen para posterior degradação na 41 superfície do intestino. Os granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) em geral possuem capacidade de produzir e liberar triptase, peptídeos antimicrobianos como lisozima, piscidina, entre outros; os quais são altamente relacionados com respostas inflamatórias no intestino. 6.2. Interação com células imunes As concentrações de células sanguíneas em geral, assim como os parâmetros hematológicos sofrem alterações positivas em peixes alimentados com cepas de bactérias probióticas. Essas alterações podem ser tanto em quantidade como qualidade. Por exemplo, o valor do hematócrito (quantidade de células vermelhas em circulação) aumenta significativamente em tilápias-do-nilo alimentadas com uma mistura de probiótico (Bacillus subtilis e Lactobacillus acidophilus), como comprovado pelo estudo de Aly et al. (2008). Os leucócitos são células de defesa dos peixes que desempenham um papel importante durante uma infecção. Acredita-se que essas células comportam-se da mesma maneira que em outros vertebrados, no qual os probióticos interagem com as células do sistema imune através de células especializadas do epitélio do intestino, induzindo assim a sua multiplicação. Essa ativação e multiplicação de leucócitos totais foram observadas em tilápias alimentadas com L. plantarum (Jatoba et al., 2011); em trutas alimentadas com Bacillus e E. faecium (Merrifield, Dimitroglou, Bradley, 2010) e em juvenis de robalo (Centropomus parallelus) alimentados com L. plantarum (Barbosa et al., 2011). Nos trabalhos citados anteriormente de Jatoba et al. (2011) e Barbosa et al. (2011) também foi relatado um aumento na concentração de linfócitos em peixes alimentados com cepas probióticas. A abundância de linfócitos no sangue pode ser considerada um indicador de saúde de peixes, uma vez que essas células desempenham uma ação importante no sistema inato e adaptativo na defesa de peixes teleósteos. Outros trabalhos também relatam o aumento de linfócitos sanguíneos em robalo (Picchietti et al., 2009b), em tilápias (Aly, Ahmed, et al., 2008) e em trutas arco-íris Newaj-Fyzul et al. (2007), após alimentações com dietas contendo probióticos. Os linfócitos-B constituem a defesa inata dos peixes enquanto os linfócitos-T são responsáveis por respostas mediadas por outras células, ou seja, precisam de um estímulo prévio (Magnadottir, 2010). Porém poucos estudos demonstram a relação de aumento ou redução dessas células em relação à alimentação de peixes com bactérias probióticas presentes na dieta (Rombout et al., 2011). 42 As imunoglobulinas são produzidas e secretadas pelos linfócitosB como anticorpos e desempenham um papel imunológico importante em peixes teleósteos (Choi e Kim, 2011). O nível de imunoglobulina em trutas arco-íris aumentou significativamente após alimentação com probiótico após apenas uma semana (Nikoskelainen et al., 2003). Esse resultado foi confirmado por Panagrahi et al. (2005), onde suplementações de bactérias acido-láticas na dieta, tanto na forma viva como na forma morta, induziu aumento na concentração de imunoglobulina no plasma de trutas arco-íris. Esse aumento na concentração de imunoglobulinas totais no sangue dos peixes ocorreu também em tilápias-do-nilo alimentadas com Bacillus sp. e Lactobacillus sp. (Ridha e Azad, 2012); em surubins híbridos, Pseudoplatystoma sp., alimentados com dietas contendo Weissella cibaria (Mouriño et al., 2012); e em bagres africanos, Clarias gariepinus, após alimentação de dietas suplementadas com Lactobacillus acidophilus. Assim como descrito acima, Panigrahi et al. (2009) também relataram aumento da atividade fagocítica em peixes após alimentação com cepas probióticas. Este aumento de atividade fagocítica da parte anterior do rim pode ser visto em trutas arco-íris, alimentadas com diferentes cepas probióticas (Lactococcus lactis ssp, Leuconostoc mesenteroides, and Lactobacillus sakei) (Balcazar et al., 2007). Porém, deve-se tomar cuidado com a forma de administração dos mesmos, pois trabalhos comprovam que a forma de administração das cepas na dieta probióticas influencia ou não na melhor atividade de fagocitose (Panigrahi et al., 2005). As células fagocitárias, tais como os neutrófilos e macrófagos, desempenham papel importante na defesa antibacteriana, pois combatem bactérias pela produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), entre elas os ânions superóxidos (O 2-); peróxido de hidrogênio (H2O2) e radicais livres hidroxilas (OH-) durante a atividade respiratória (Ellis, 1999). A produção de ânions superóxidos foi observada por Panigrahi et al. (2005) em trutas arco-íris alimentadas com probióticos e outros estudos demonstram que a administração de probióticos Lactobacillus rhamnosus em dietas de peixes estimulam a atividade respiratória (Nikoskelainen et al., 2003). Os estudos de potencial de atividade respiratória utilizam metodologias específicas (Puangkaew et al., 2004) as quais induzem essa atividade, não querendo dizer que os peixes estavam com essa concentração de atividade respiratória alta continuamente. Todavia, 43 resultados desta atividade são controversos, pois em linguado (Paralichthys olivaceus) não foram observadas diferenças na atividade respiratória quando alimentados com Lactococcus lactis subsp. Lactis (Heo et al., 2013), assim como em “seabream” (Sparus aurata) alimentados com dietas contendo Lactobacillus delbrüeckii ssp. Lactis (Salinas et al., 2005). As citocinas são moléculas sinalizadoras intracelulares que desempenham papel central na modulação de eventos imunológicos e fisiológicos em animais. Elas são secretadas pelos leucócitos presentes na parte anterior do rim, os quais são um importante veículo para a resposta imune de peixes. O aumento da regulação de citocinas tipo, interleucina (IL1), fator de necrose tumoral (TNF), fator de transformação de crescimento (TGF) isoladas dos leucócitos da parte anterior do rim foram observadas em peixes alimentados com probiótico por Panigrahi et al. (2009). Esse aumento também pode ser observado em carpas comuns, Cyprinus carpio, alimentadas com extratos de levedura, também apresentaram um aumento na expressão gênica de citocinas secretadas pelos leucócitos (Biswas et al., 2012). A lisozima que está presente no soro dos peixes é importante enzima bactericida do sistema imune, porém ela tem especificidade para bactérias Gram positivas (Giron-Perez et al., 2009). Por isso, estudos enfatizando a resposta humoral em peixes apresentam resultados controversos. O aumento da atividade sérica da lisozima foi observado por Merrifield et al. (2010) em trutas arco-íris alimentadas com dietas contendo Bacillus probionts e confirmada anteriormente por Panigrahi et al. (2009). Por outro lado, Mouriño et al. (2012) não detectou diferenças na concentração de lisozima sérica em pintado hibrido alimentados com W. cibaria quando comparados com peixes que não receberam probiótico na dieta, assim como Wang, Tian, et al. (2008) não encontraram diferenças na concentração de lisozima em tilápias alimentadas com probiótico E. faecium. Peixes teleósteos possuem as duas vias de sistema complemento, a via alternativa complementar (ACP) e a via clássica complementar (CCP). A atividade da ACP é importante nos peixes e é ativada pela detecção dos lipopolissacarídeos da parede de células Gram negativas e resulta na quebra da célula bacteriana. No entanto, anticorpos ligados à parede das bactérias ativam a CCP, assim uma maior quantidade do sistema complemento podem ser ativada em comparação ao ACP; ou ainda os anticorpos podem direcionar o CCP para locais na parede bacteriana onde o sistema complemento pode causar maiores danos às bactérias (Ellis, 1999). Portanto, peixes suplementados com probiótico 44 apresentariam melhores respostas imunológicas, como aumento na formação de imunoglobulinas e maior eficiência do sistema complemento alternativo complementar. Foi relatado que em trutas marrom (Salmo trutta) (Balcazar et al., 2007) e em trutas arco-íris (Oncorhynchus mykiss) (Balcazar, et al., 2007b) alimentadas com bactérias ácido láticas, houve aumento da atividade sérica do sistema complemento ACP após duas semanas de suplementação de probiótico. Esse aumento do ACP também ocorreu em garoupa (Epinephelus coioides) que receberam dieta contendo B. subtilis na concentração de 10 6 e 108 UFC/mL por 14 dias e em peixes alimentados com essa mesma bactéria o aumento do ACP ocorreu também na concentração de 104 UFC/ml após 28 dias. Esses resultados confirmam que a concentração de bactérias probióticas influencia na resposta do sistema complemento, assim como o tempo de suplementação das mesmas (Liu et al., 2012). 6.3. Interferência do quorum sensing Outro método alternativo de combate às enfermidades bacterianas é o antagonismo ao quorum sensing, mecanismo pelo qual as bactérias coordenam a expressão de genes em resposta à densidade populacional bacteriana, produzindo e detectando pequenas moléculas sinais. Estas moléculas de comunicação bacteriana que são produzidas por muitas bactérias. Em geral, as bactérias Gram positivas usam oligopeptídeos para se comunicar e, as Gram negativas, usam como autoindutores as moléculas de acil-homoserina-lactona (AHL), podedo estar envolvidas na regulação de fatores de virulência que somente são expressos em altas concentrações de células (Fuqua et al., 2001; Hentzer et al., 2003; Smith et al., 2004; Camilli e Bassler, 2006; Keller e Surette, 2006; Pinto et al., 2007). O quorum sensing também pode regular nas bactérias funções como conjugação, secreção de fatores de virulência, produção de antibióticos, formação de biofilmes e bioluminescência (Defoirdt et al., 2004). É por este motivo que diversos trabalhos tem relatado a relação entre luminescência e toxicidade em vibrios patogênicos para o camarão (Manefield et al., 2000; Defoirdt et al., 2008; Pande et al., 2013) Com a interrupção da comunicação entre bactérias patogênicas, aumenta as chances do hospedeiro em resistir à infecção bacteriana, que não terá aumento de fatores de virulência, não podendo debilitar assim o sistema de defesa animal (Rasch et al., 2004) Compostos que inibem o quorum sensing podem constituir a nova geração de agentes antimicrobianos com aplicações em diversos 45 campos, incluindo medicina humana e veterinária, agricultura e aquicultura e podem ser associados a interesses comerciais. Diversas estratégias para este combate são possíveis. A inibição da geração das AHL, da sua disseminação e sua recepção (Hentzer et al., 2002). A maioria das bactérias que produzem as AHL codificam um ou mais genes homólogos ao luxI do Vibrio fischeri (Figura 1). A expressão destes genes tem demonstrado que o LuxI- tipo proteína é suficientemente necessário para produção dos sinais de AHL (Parsek et al., 1999). O conhecimento sobre a geração dos sinais pode ser explorado para o desenvolvimento de inibidores na formação de moléculas como as AHL envolvidas no quorum sensing. Vários análogos como os Sadenosylhomocysteina, S-adenosylcysteina, e sinefungin tem demonstrado ser potentes inibidores da síntese de AHL catalisados pela proteína RhlI da bactéria de P. aeruginosa (Parsek et al., 1999), enfatizando que estes análogos podem ser utilizados como inibidores dos sinais de geração do quorum sensing sem afetar enzimas de eucariotos. Figura 2: Complexo responsável por inativar ou ativar a transcrição de genes alvo, como exemplo a produção de toxinas. Adaptado de Defoirdt et al. (2004) Os sistemas de comunicação de dois componentes dividem mecanismos comuns regulatórios, onde as moléculas sinais AHL são sintetizadas pelos precursores de síntese de proteínas I que, através da interação transcricional, ativam as proteínas R para regular a expressão dos genes alvo (Figura 1) Uma das espécies bacterianas mais estudadas quanto ao mecanismo do quorum sensing é o V. harveyi, o qual possui dois mecanismos de comunicação reconhecidos como AI-1 usado para comunicações intra-espécies e um sistema conhecido como AI-2, 46 empregado para comunicações inter espécies (Defoirdt et al., 2004; Zhao et al., 2006). Muitos trabalhos vêm sendo realizados na aquicultura com o isolamento de bactérias probióticas, do trato intestinal de organismos aquáticos, capazes de degradar AHL´s e apresentarem boas características para o uso na aquicultura (Tinh et al., 2007; Chu et al., 2011). O uso de um probiótico, que degrade os AHLs poderia diminuir a virulência da população bacteriana, aumentando a sobrevivência dos animais de cultivo (Defoirdt et al., 2008). Como exemplo, culturas bacterianas com a capacidade de degradar AHLs, isoladas do trato intestinal de L. vannamei, aumentaram a sobrevivência da larvicultura de linguado europeu ao serem adicionadas a água de cultivo Dong et al. (2002) e Lee et al. (2002), demonstraram que um gene (AiiA), isolado de Bacillus sp. codificava para uma enzima AHL Lactonase com capacidade de degradar e inativar enzimaticamente as AHLs. Adicionalmente, demonstraram que este gene se encontrava amplamente distribuído em diversas subespécies de Bacillus thuringiensis. Outros trabalhos como o de Ulrich (2004), demonstraram que se podia interferir no mecanismo de comunicação celular da espécie Burkholderia thailandensis com a introdução de um cultivo de Bacillus anthracis (que expresava o gene AiiA) afetando a capacidade de crescimento e motilidade, prevenindo assim a beta-hemolisis de eritrocitos de carneiro por parte do B. thailandensis. 7. Biorremediação de água e solo Os produtos biorremediadores atuam de várias formas nos ambientes aquáticos, seja reduzindo substâncias inorgânicas e orgânicas para uso como energia, ou mesmo utilizando o acúmulo de matéria orgânica no fundo dos viveiros como fonte de carbono para a produção de biomassa bacteriana. Em ambientes aquáticos, basicamente a única forma de oxigênio disponível é o dissolvido, que acaba sendo consumido rapidamente na interface solo/água, tornando o solo um ambiente anóxico nos viveiros. Devido à presença desta condição, é importante entender e interpretar o potencial redox do solo, o qual indica a condição reduzida ou oxidada dos sedimentos depositados. Resumindo de maneira simples, redox positivo está associado com suficiente oxigênio para a decomposição e oxidação da matéria orgânica por vias aeróbicas. Redox negativo está associado à falta de oxigênio, que favorece a formação e acúmulo de compostos reduzidos e altamente tóxicos aos animais de cultivo, como o gás sulfídrico (H 2S), o nitrito 47 (NO2-) e o gás metano (CH4). Estes compostos, em geral, não estão presentes em grandes concentrações na coluna d’água, mas podem estar potencialmente armazenados no lodo e vir a causar problemas quando os sedimentos são revolvidos, por exemplo, com o arraste das redes, gerando estresse dos animais e facilitando os surtos de enfermidades (Moriarty, 1997; Zhou, Li, et al., 2009). Diversos gêneros de bactérias são utilizados para melhoria dos parâmetros de qualidade de água bem como remediação de sólidos e do nitrogênio amoniacal. O processo de inclusão de microorganismos autóctones em ambientes aquáticos pode ser chamado de biorremediação ou mais especificamente de bioaumentação, sendo considerado uma técnica de biorremediação para acelerar a remoção e a biodegradação de um contaminante indesejável (Jiao et al., 2011). Estas técnicas se tornaram cada vez mais procuradas na aquicultura devido sua intensificação de produção. Dentre as diversas fontes de isolamento destes microorganismos, estes podem ser classificados como autóctones, alóctones, geneticamente modificadas (Jiao et al., 2011). Outro ponto importante para o entendimento da atuação desta infinidade de microorganismos é a íntima relação destes com o substrato necessário para seu crescimento e a possibilidade de degradação e oxidação do mesmo. Dentro dos tanques de cultivo, por exemplo, temos microorganismos autotróficos, capazes de utilizar moléculas inorgânicas como fonte de energia, seja via fotossíntese (envolvendo a luz como fonte de energia, como as cianobactérias e o fitoplâncton) ou quimiossíntese (envolvendo os compostos químicos como a amônia e nitrito como fonte de energia). Um exemplo de bactérias quimioautotróficas são as bactérias nitrificantes que utilizam a amônia e o nitrito como fontes de energia e o dióxido de carbono (CO 2) como fonte de carbono inorgânico. Dessa forma, essas bactérias podem utilizar a energia liberada no processo de oxidação dos compostos minerais que contêm o nitrogênio orgânico, para reduzir o carbono orgânico em dióxido de carbono. Já os microorganismos heterotróficos como os Bacillus spp. utilizam compostos orgânicos para obter o carbono, que é essencial para o seu crescimento e desenvolvimento. O sucesso da inclusão destes microorganismos bioremediadores no ambiente de cultivo se dá através de certas especificidades como nitrificação, decomposição da matéria orgânica, absorção de um contaminante específico. Tais bactérias possuem a capacidade de imobilizar nitrogênio inorgânico durante as suas atividades metabólicas. (Moriarty, 1998; Decamp et al., 2008; Jiao et al., 2011). 48 A ação microbiana no sistema aquático aumenta a velocidade da degradação/decomposição da matéria orgânica e promove à supressão de crescimento de patógenos na água de cultivo (Zhou, et al., 2009; Zhou, Wang, et al., 2009; Zhou et al., 2010). Dessa forma, com a intensificação dos cultivos, a maior produção de resíduos com a menor troca de água possível, se torna uma necessidade a utilização de biorremediadores na aquicultura moderna, onde o aumenta da produtividade pode ser associado a bons parâmentro de qualidade de água no ambiente de cultivo (Wang et al., 2008). JUSTIFICATIVA Para a continuidade no crescimento e desenvolvimento da atividade aquícola, existe a necessidade de se criar estratégias para a minimização dos efeitos das doenças nos cultivos. A ferramenta mais difundida hoje em dia para o controle de bacterioses é o uso de antibióticos. Porém, estes produtos têm conduzido à seleção de bactérias resistentes e ao acúmulo destes produtos tanto na carne dos peixes, como no ambiente. Devido à necessidade de se reduzir os efeitos do uso de antibióticos na piscicultura e melhorar o controle e a prevenção de enfermidades em peixes cultivados, técnicas e produtos alternativos para prevenir enfermidades, como o uso de probióticos que podem auxiliar na diminuição do impacto ambiental da atividade além de trazer benefícios aos cultivos incrementando a renda das pequenas e grandes propriedades rurais . Ainda são poucos os estudos capazes de confirmar a existência de colonização das bactérias probióticas em surubins e suas reais alterações no trato intestinal dos peixes. Estudos com probiótico, comunidade microbiana, hematologia, imunologia, morfologia do trato intestinal em peixes nativos são, ainda hoje, muito limitados. Dessa forma, o ineditismo desse projeto está em através de técnicas clássicas e moleculares visualizar a adesão das bactérias probióticas a mucosa intestinal e suas consequentes alterações estruturais, além de relacionálas com as alterações nos parâmetros hemato-imunológicos. Somente dessa forma estaremos confirmando a existência de colonização e os reais benefícios do probiótico ao peixes. 49 OBJETIVOS Objetivo Geral Avaliar as alterações na saúde do trato gastrointestinal de surubins híbridos (Pseudoplatystoma sp.) alimentados com dietas suplementas com o probiótico Weissella cibaria. Objetivo Específico: Avaliar através de histologia a densidade de vilosidades, alterações nos perímetros das vilosidades, integridade do trato intestinal, número de células caliciformes no trato gastrointestinal dos surubins alimentados com dietas suplementadas com probiótico, Avaliar através de microscopia eletrônica bactérias probióticas aderidas ao trato gastrointestinal, além de sua ultra-estrutura. Avaliar as alterações nos parâmetros hemato-imunológicos em surubins alimentados, durante 45 dias, com dietas suplementadas com probiótico. HIPÓTESE Surubins alimentados, durante 45 dias, com dietas suplementadas com a bactéria probiótica Weissella cibaria apresentará uma melhora nos parâmetros hemato-imunológicos, aumento no comprimento e largura das vilosidades, alterações positivas no trato intestinal além da presença da bactéria probiótica testada. FORMATAÇÃO O capítulo 1 está formatado nas normas da ABNT e será um capítulo de livro em parceria com a EMBRAPA. O capítulo 2 esta formatado segundo as normas da revista Aquaculture Nutrition, a qual o artigo será submetido. 50 CAPÍTULO 2 Weissella cibaria e sua ação probiótica no trato intestinal de surubins híbridos Weisella cibaria and its probiotic action on the intestinal tract of the Brazilian hybrid surubim Gabriel Fernandes Alves Jesus 1, 2, Felipe do Nascimento Vieira1, Bruno Correa da Silva3, Marcello Mendes do Santos Junior 1, Thiago Tetsuo Ushizima4, Eder Carlos Schmidt 5, Zenilda Laurita Bouzon5, Gabriella do Vale Pereira6, Daniel Merrifield6, Maurício Laterça Martins2 & José Luiz Pedreira Mouriño 2 1 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Departamento de Aquicultura, Laboratório de Camarões Marinhos, Rod. Admar Gonzada 1346, 88040-900, Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. 2 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Departamento de Aquicultura, AQUOS – Aquatic Organisms Health Laboratory, Rod. Admar Gonzaga 1346, 88040-900 Florianópolis, Santa Catarina, Brazil; 3 EPAGRI – Pesquisador - Rodovia Admar Gonzaga, 1347, Itacorubi, Florianópolis - SC, 88034-000 4 Empresa Mar & Terra – P&D - Pimenta Bueno –Rondônia, 76970-000. 5 Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética. Laboratório Central de Microscopia Eletrônica, UFSC, Brazil – BEG – Campus Universitário – Trindade – Florianópolis, 88040-900. 6 School of Biological Sciences, Faculty of Science and Environment, Plymouth University, Drake Circus, Plymouth, PL4 8AA I Portland Square A410. 51 RESUMO O cultivo de surubins híbridos (Pseudoplatystoma corruscans ♂ e P. reticulatum♀ ) no Brasil tem sido afetado por doenças bacterianas. A fim de evitar esse problema, o desenvolvimento de métodos profiláticos, como os probióticos, tem se mostrado ferramenta promissora para combater surtos bacterianos. Este estudo avaliou a suplementação dietética da bactéria ácido lática, Weissela cibaria, e sua ação probiótica no trato intestinal de surubins híbrido e suas alterações nos parâmetros hemato-imunológicos. Um total de 96 peixes foram divididos em 12 tanques acoplados ao sistema de recirculação. Os peixes do tratamento foram alimentados com ração comercial suplementada com a bactéria probiótica W. cibaria, por um período de 45 dias, e o grupo controle alimentado com ração comercial sem suplementação. O número de eritrócitos, trombócitos e linfócitos foram maiores nos peixes suplementados, após 45 dias (p <0,05). A porcentagem de fagocitose, o título aglutinante e a concentração total de imunoglobulinas foram maiores nos peixes alimentados com a suplementação de probiótico. A microbiota intestinal alterada foi observada nos peixes suplementados, onde houve aumento na concentração de bactérias com morfologia de baciloccus . Na ultraestrutura intestinal houve aumento no comprimento e na largura das vilosidades intestinais, o número de células caliceformes por vilo e do perímetro das vilosidades. A bactéria probiótica W. cibaria foi capaz de colonizar e beneficiar o trato gastrointestinal dos surubins, melhorando os parâmetros hematoimunológicos dos peixes. Palavras-chave: Probiótico, Pseudoplatystoma, imunologia, bactéria ácido-lática. ração, hematologia, ABSTRACT The hybrid surubim (Pseudoplatystoma corruscans ♂ e P. reticulatum♀ ) farming in Brazil has been affected by bacterial diseases althought probiotics are one of the promising prophylactic methods used. This study evaluated the dietary supplementation of a acid-lactic bacteria, Weissela cibaria, and its probiotic action on the intestinal tract 52 of the hybrid surubim and on some hemato-immunological parameters. A total of 96 fish were divided into 12 tanks provided by a recirculation system, the fish were fed with commercial diet supplemented with the probiotic bacteria W. cibaria and the others treatments received no supplementation for a period of 45 days. The number of red blood cells, thrombocytes and lymphocytes were higher in the supplemented fish after 45 days (p<0.05). The percentage of phagocytosis, specific agglutination title and total immunoglobulin concentrations were higher in fish fed with probiotic supplementation. The altered intestinal microbiota was observed in the supplemented fish where there was an increase in the concentration of bacteria in morphology baciloccus. The intestinal ultrastructure was increase in length and width of intestinal villi, the number of caliceformes cells, and the perimeter of the villis in the supplemented fish. The probiotic W. cibaria colonized and benefited the gastrointestinal tract of the hybrid surubim by improving intestinal health and hemato-immunological parameters. Key-words: gut development, probiotic, ration, Pseudoplatystoma, hematology, immunolog, acid lactic bacteria. 1. Introdução O surubim híbrido (cruzamento entre Pseudoplatystoma corruscans macho x P. reticulatum fêmea), importante e valioso para a aquicultura brasileira, é uma das espécies mais apreciadas na água doce para consumo humano e comércio de ornamentais na América do Sul (Roubach et al., 2003). Fatores como bom crescimento, alto rendimento de carcaça, excelente qualidade de carne, sabor suave, cor clara, ausência de espinhos intramusculares e alto preço de mercado, fazem com que esse peixe seja bastante procurado pelos exportadores de pescado (Campos, 2004, Godinho et al., 2007, Nunez et al., 2011). Com a intensificação do cultivo de surubins, aliado a más práticas de manejo, altas densidades, rações de má qualidade e baixa qualidade de água, o aparecimento de doenças foi inevitável (Moraes and Martins, 2004, Silva et al., 2012). A utilização de probióticos é alternativa preventiva na manutenção da sáude de peixes cultivados, principalmente por atuar no sistema imunológico competente e na capacidade de resistir a doenças e ao estresse (Ringo and Gatesoupe, 1998, Merrifield et al., 2010a, Ringo et al., 2010, Mouriño et al., 2012). Benefícios ligados à aplicação dos probióticos já foram comprovados em diversos estudos, tais como exclusão competitiva de 53 bactérias patogênicas (Vine et al., 2004), fontes de nutrientes e enzimas digestivas (Lazado et al., 2012, Mehrabi et al., 2012, Sun et al., 2012), modulação do sistema imunológico (Panigrahi et al., 2004), produção de bacteriocinas e ácidos orgânicos (Balcazar et al., 2007c, Mahdhi et al., 2011, Mandiki et al., 2011, Silva et al., 2013). Balcazar et al. (2007a) observaram correlação entre colonização das bactérias probióticas no trato intestinal com as respostas não específicas do sistema imunológico humoral, como a ativação do sistema complemento e da atividade da lisozima em trutas (Salmo trutta). Ferguson et al. (2010), alimentando tilápia vermelha (Oreochromis niloticus) com a bactéria probiótica Pediococcus acidilactici, durante 32 dias, observaram diminuição de riqueza e diversidade da comunidade microbiana intestinal, enquanto que a integridade do trato intestinal e a concentração de leucócitos teciduais apresentaram-se em níveis normais. Merrifield et al. (2010b) observaram que as bactérias probióticas se aderiram ao epitélio gastrointestinal de trutas arco íris, e proporcionaram o aumento no comprimento das microvilosidades intestinais e da atividade endocítica, após serem suplementadas durante cinco semanas. Devido à ausência de trabalhos com probióticos para surubins e pela sua grande produtividade no centro oeste do Brasil, estudos que descrevam os efeitos da suplementação com probiótico na dieta por meio de análise hemato-imunológica, ultraestrutura do trato gastrointestinal e da comunidade microbiana são importantes na formação de estratégias preventivas de enfermidades. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da suplementação dietética com a bactéria W. cibaria, por meio de análise dos parâmetros hematoimunológicos, histomorfometria e ultraestrutura do trato intestinal. 2. Material e Métodos 2.1. Material biológico e manutenção A bactéria Weissella cibaria (CPQBA 001-10 DRM 02), utilizada como cepa probiótica, foi isolada por Mourino et al., (2012) do trato gastrointestinal de surubins híbridos sadios e assintomáticos oriundos de fazendas de cultivo do Mato Grosso do Sul – Brasil. A cepa foi identificada pela Universidade de Campinas (UNICAMP) pela amplificação do gene 16S do RNA. Sua manutenção foi realizada em tubos de ensaio contendo caldo MRS (do inglês “Man-Rogosa-Sharpe broth”) e ativada em meio MRS ágar, incubada a 35°C por 48 h. 54 Para o ensaio de suplementação foram utilizados 96 surubins híbridos, com peso médio de 44,3 ± 3,0 g e comprimento de 18,2 ± 2,7 cm, oriundos da Piscicultura Piraí, Mato Grosso do Sul, Brasil. 2.2. Preparo do inóculo de probiótico e dietas experimentais Os peixes foram alimentados com dieta comercial Supra 42% juvenil gaiola carnívoro (Acqua line extrusada) com a seguinte composição, segundo dados do fabricante: umidade (máx.) 12%, energia digestível 3.800 kcal kg-1, proteína bruta (Mín.) 42%, extrato etéreo (Mín.) 9%, cálcio (Máx.) 3%, fósforo (min.) 1,5% e vitamina C 500 mg kg-1. Para o preparo do inóculo probiótico, a cepa bacteriana W. cibaria foi repicada em meio de cultura caldo MRS (Difco®) e incubada a 35°C por 48 h. A ração foi aspergida com inóculo de W. cibaria na concentração de 10 9 CFU.mL-1 na proporção de 100 mL.kg-1 de ração.. Após isso, a ração foi homogeneizada por 15 min e seca em estufa com circulação de ar a 35°C por 24 h, para retirada do excesso de umidade. Para verificar a concentração do probiótico na dieta, três amostras da ração (um grama cada) foram maceradas com 1 mL de solução salina estéril 0,65% e posteriormente diluída serialmente nove vezes em tubos de ensaio em fator 1:10. As diluições de 10 -5 a 10-9 foram semeadas em placas de Petri contendo os meios de cultura MRS e TSA. As placas de MRS foram incubadas a 35ºC por 48 h e as de TSA incubadas a 28 ºC por 24 h. Esse processo foi repetido a cada 15 dias durante o preparo das dietas, para garantir alta concentração de bactérias probióticas na dieta. A concentração do probiótico presente na ração, durante o todo experimento, foi de 1,18 x 107 ± 0,47 UFC.g-1. 2.3. Delineamento experimental Os 96 surubins híbridos foram aleatoriamente distribuídos em 12 caixas circulares de 100 L, com sistema de aeração e aquecimento constantes (27,5 ± 2,46 °C), totalizando oito peixes por unidade experimental. As unidades estavam acopladas ao sistema de recirculação de água do laboratório experimental, o qual contém filtros aeróbicos e anaeróbicos com filtração de material particulado, o qual manteve a qualidade da água, durante o período experimental, em condições adequadas de cultivo da espécie. Os parâmetros se mantiveram em: oxigênio dissolvido 8,06 ± 0,56 mg.L-1 e temperatura 27,5 ± 2,46 °C medidos com oxímetro YSI- 550A; amônia total 1,5 ± 0,5 mg.L-1; nitrito 0,67 ± 0,65 mg.L-1 e nitrato 1,96 ± 1,44 mg.L-1 e pH 7,83 ± 0,39, medidos com kit colorimétrico Labcon Test. 55 A dieta foi fornecida três vezes ao dia na taxa de 3% da biomassa total, apenas para a manutenção do peso dos peixes. Os peixes foram alimentados durante 45 dias, onde seis caixas receberam ração comercial suplementada com probiótico (100 mL.kg-1 de ração) e as outras seis caixas apenas ração comercial (Supra 42% juvenil gaiola, 2-4 mm) sem suplementação. Após 45 dias, os peixes permaneceram em jejum por 24 h para posterior anestesia e coleta de amostras. 2.4. Análises hemato-imunológicas Para as análises hemato-imunológicas, três peixes por tanque foram anestesiados com benzocaína (1g:10 L), o sangue coletado por punção do vaso caudal com seringas de 3 mL (21 G) com anticoagulante, e realizada a biometria. Alíquotas de sangue foram coletadas e utilizadas para realização do ensaio de fagocitose. Do restante foi feito um pool do sangue dos peixes coletados da mesma caixa. O sangue então foi centrifugado a 1400 g durante 10 min para retirada do plasma e armazenamento a -20°C para posterioses analises imunológicas. A atividade de lisozima foi determinada pelo método de (Sankaran and Gurnani, 1972) com pequenas modificações, onde uma suspensão de Micrococcus lysodeikticus liofilizado (Sigma-Aldrich) foi diluída em tampão fosfato salina (PBS 2, 0.04 M fosfato monobásico, pH 6.2) na concentração de 0,5 mg.mL-1, imediatamente antes de sua utilização. Vinte microlitros do plasma, em quintuplicata, foram semeados em microplaca de fundo chato e adicionados 200 µL da suspensão de células de M. lysodeikticus em cada poço. Logo após, foi feita a leitura da absorbância inicial em 492 nm, posteriormente incubou-se as microplacas por 10 min a 35ºC, e realizou-se a leitura das absorbâncias finais. A redução na absorbância das amostras foi convertida em concentração de lisozima (µg.mL -1), determinada pela curva padrão realizada anteriormente com lisozima de clara de ovos de galinha (HEWL, Sigma-Aldrich). A proteína total do plasma sanguíneo foi mensurada com o kit Proteína Total (Lab Test®). A concentração de imunoglobulina total foi mensurada de acordo com o método descrito por Amar (2000), onde misturou-se 50 µL do plasma com 50 µL de solução de polietileno glicol PEG) (Sigma-Aldrich) 12% e a mistura incubada á temperatura ambiente por duas horas, a fim de precipitar as moléculas de imunoglobulina. O precipitado de imunoglobulina foi removido por centrifugação (5000 g a 4ºC por 10 min) e o sobrenadante retirado e mensurado a quantidade de proteína total também pelo kit, utilizando-se 56 albumina bovina para confecção da curva padrão. A concentração de imunoglobulina total está expressa em mg.mL-1, sendo calculada pela fórmula: Total Ig (mg/mL) = proteína total do soro - proteína tratada com PEG O título da atividade aglutinante do plasma foi realizado em microplacas de fundo “U” diluído na proporção de 1:1 em PBS do primeiro ao 12° poço. Após esse procedimento, 50 µL da bactéria inativada (Aeromanas hydrophila – ATCC 228-08 CPQBA DRM) foi adicionada em todos os poços na densidade óptica de aproximadamente 0,4 na escala de Macfarland em 550 nm. A microplaca foi incubada a 25°C por 18 h em câmara úmida. A aglutinação foi confirmada visualmente observando um bottom na superfície do poço. O título de aglutinação foi considerado recíproco ao ultimo poço que apresentou aglutinação (Silva et al., 2009). A atividade antimicrobiana do plasma foi realizada contra duas bactérias: A. hydrophila e Enterococcus durans (ATCC 19492), em microplaca de 96 poços com fundo chato, de acordo com Silva et al. (2009). O inóculo da A. hydrophila foi crescido em BHI a 30°C por 12 h e o E. durans em TSB preparados na concentração de 0,5 na escala de Macfarland e diluído em meio de cultura pobre (PB, do inglês Poor Broth) 100.000 vezes. Posteriormente, foi realizada diluição seriada do plasma em meio PB no fator 1:2 até o 12° poço. Para controle positivo e branco, solução salina foi diluída em PB, da mesma forma que o plasma. Finalmente, 20 µL das bactérias foram adicionados em cada poço da amostra diluída do plasma e do controle positivo. A microplaca contendo E. durans foi incubada a 28°C por 24 h e a microplaca contendo A. hydrophila foi incubada a 28°C por 12 h. O crescimento dos microorganismos foi determinado em leitora de microplaca (Expert Plus Asys®) para leitura a 550 nm. A atividade antimicrobiana do plasma é recíproca à última diluição que apresentou atividade bactericida. O sangue foi utilizado para a confecção de extensões sanguíneas em duplicata e coradas com Giemsa/MayGrunwald (Rosenfeld, 1947) para a contagem diferencial de leucócitos, bem como contagem total de leucócitos (WBC) e trombócitos pelo método indireto, segundo Ishikawa et al., (2008). Uma alíquota foi usada para a determinação do hematócrito (Ranzani-Paiva et al., 2013) e o restante para posterior quantificação do número total de eritrócitos (RBC) em câmara de Neubauer. 57 Para a determinação da porcentagem de leucócitos fagocitários, 0,5 mL do sangue e 0,25 mL de uma suspensão de 1x106 UFC.mL-1 de A. hydrophila inativada com 10% de formalina tamponada 10% foram adicionados em tubos de ensaio em que foram mantidos em 28°C por 30 min e homogeneizados a cada 10 min. Após isso, o sangue foi utilizado para a confecção de extensões sanguíneas em duplicata e as lâminas coradas com Giemsa/MayGrunwald (Ranzani-Paiva et al., 2013). O número de leucócitos fagocitários foi contado pela porcentagem do número total de leucócitos da extensão (Martins et al., 2009). 2.5. Histologia Amostras da região anterior do intestino médio dos surubins, região de maior absorção de nutrientes, foram extirpadas a partir de três peixes por unidade experimental (da Silva et al., 2010) e fragmentos dos tratos foram fixados em solução de paraformaldeído 2.5 % em tampão fosfato 0.1 M, pH 7.2, overnight (Schmidt et al., 2009). Após a fixação, as amostras foram lavadas e desidratadas em séries crescentes de etanol. Após a desidratação, as amostras foram infiltradas em historesina (Leica Historesin, Heidelberg, Alemanha). Secções com 5 µm de espessura foram corados com hematoxilina e eosina e fotografados com o microscópio Epifluorescent (Olympus BX 41), equipado com o sistema de captura Image Q Capture Pro 5.1 Software (Qimaging Corporation, Austin, TX, Estados Unidos da América). Utilizando as imagens, foram mensurados: comprimento, largura e perímetro das vilosidades (µ); número de vilos e número de células caliceforme por vilosidade. 2.6. Microscopia eletrônica de transmissão (MET) A fim de verificar a integridade das células intestinais, das microvilosidades e presença de bactérias probióticas, amostras dos tratos intestinais foram fixadas em solução de glutaraldeído 2.5 %, sacarose 2.0%, tamponadas com cacodilato 0.1 M (pH 7.2) (Schmidt et al., 2010), pós-fixadas em 1 % tetróxido de ósmio por 4 h, desidratadas em série de soluções aquosas de concentrações crescentes de acetona. Após a desidratação, o material foi infiltrado com resina Spurr. As secções ultrafinas foram feitas em ultramicrótomo e contrastadas em acetato de uranila e citrato de chumbo. As amostras foram observadas e fotografadas em microscópio eletrônico de transmissão (JEOL Ltd., Tokyo, Japão, a 80 kV). 58 2.7. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) A fim de se verificar a integridade, a concentração e a morfologia das bactérias aderidas no epitélio intestinal, amostras do trato intestinal foram fixadas e processadas com a mesma metodologia utilizada para MET até a etapa de desidratação. As amostras foram então desidratadas em séries etanólicas e secas em ponto crítico EM-CPD-030 (Leica, Heidelberg, Alemanha). Subsequentemente, as amostras foram aderidas a suportes metálicos e metalizadas (Metalizador Blatec, CED 030) com ouro. A análise e fotomicrografias foram feitas em MEV Jeol 6390 LV (JEOL Ltd., Tokyo, Japão, a 20 kV). 2.8. Ganho de peso e sobrevivência As pesagens iniciais e finais foram feitas individualmente para todos os peixes. Os cálculos de desempenho foram feitos para cada unidade experimental, somente com os dados da primeira e última pesagem dos peixes. Foram determinados: peso inicial (g); peso final (g); ganho de peso (g) e sobrevivência (%). 2.9. Análises estatísticas Para comparação das médias entre os tratamentos foi realizado o teste de Levene para verificação de homocedasticidade, em seguida o teste de Shapiro-Wilks, para normalidade dos dados. Os dados que não apresentaram homogeneidade de variâncias foram transformados em log10 (x+1) e posteriormente, foi realizado Teste t de student, com nível de significância de 5%. 3. Resultados 3.1. Parâmetros hematológicos Houve aumento significativo no número de eritrócitos, trombócitos e linfócitos no sangue dos animais alimentados com ração suplementada com probiótico (Tabela 1). O número total de leucócitos, monócitos, eosinófilos, basófilos, neutrófilos, assim como na porcentagem de hematócrito não apresentaram diferença significativa entre os animais alimentado com dieta suplementada ou não com probiótico. 3.2. Parâmetros imunológicos O título aglutinante do plasma contra A. hydrophila, a porcentagem de fagocitose e a concentração de imunoglobulina total, 59 foram maiores nos peixes que receberam alimentação suplementada com a bactéria probiótica W. cibaria (Tabela 2). Apesar disso, não houve influência da suplementação com probiótico na ração sobre a atividade de lisozima, porcentagem de fagocitose e proteína plasmática total dos peixes (Tabela. 2). Desde então, a atividade antimicrobiana do plasma contra A. hydrophila e E. durans também não apresentou diferença significativa entre os animais suplementados ou não. 3.3. Colonização do trato intestinal A capacidade de colonização do trato gastrointestinal da bactéria probiótica Weissella cibaria foi confirmada em experimentos anteriores, utilizando técnicas dependentes de meio de cultura, onde a concentração de bactérias ácido-lácticas se mantiveram viáveis na concentração de 4,87 ± 0,30 Log CFU g-1 (Mourino et al., 2012). No presente trabalho, a MEV do trato intestinal mostrou maior concentração de bactérias colonizando o tecido dos peixes alimentados com probiótico caracterizadas em sua maioria bacilococcus e bacilos. Por outro lado, os peixes não suplementados com probiótico apresentaram menor concentração de bactérias aderidas ao epitélio intestinal, em sua maioria bactérias com morfologia de bastonetes e coccus (Figura 3B e E). 3.4. Histomorfometria intestinal Os peixes alimentados com dieta suplementada com probiótico apresentaram aumento significativo no comprimento e largura das vilosidades intestinais, número de vilos, número de células caliceformes por vilosidade, maior perímetro do vilo caracterizando maior absorção intestinal e área superficial devido ao maior número de dobras e ramificações da mucosa (Tabela 3). A MET confirmou que os animais alimentados com as duas rações apresentaram total integridade da mucosa intestinal. O epitélio intestinal apresentou células intactas e bem definidas, ausência de vacúolos e espaços intercelulares, com bordas de escova organizadas e bem desenvolvidas (Figura 3C e F). Os peixes alimentados com probiótico apresentaram maior densidade de microvilosidades. Também foi observado, no lúmen intestinal, a presença de células de defesa (trombócitos e eosinófilos), assim como a presença de bactérias morfologicamente parecidas com a probiótica testada W. cibaria (Figura C e F). 60 3.5. Ganho em peso e sobrevivência No presente estudo, não houve diferença significativa no ganho de peso dos animais, onde o grupo controle obteve um ganho de 19,44 ± 3,08g e o os animais suplementados de 18,92 ± 2,25g (p=0,64). Os animais mantiveram-se saudáveis, aceitando bem a dieta e o manejo. A sobrevivência dos animais apresentou média de 97,6 ± 1,1% no grupo controle e 98,8 ± 1,8% no tratamento, não apresentando diferença significativa (p=0,79). 4. Discussão O aumento no número de eritrócitos pode estar associado com o aumento da absorção de ferro, que pode ser aumentada pela ação dos probióticos (Silva et al. 2008). Esse ferro uma vez absorvido será transformado, na medula óssea, em células vermelhas jovens que, irão maturar e migrar para o sistema circulatório. Dessa forma, quanto maior for a absorção de ferro, maior poderá ser o número de eritrócitos e a concentração de hemoglobina no plasma (Bell, 1999). O probiótico pode ter induzido um aumento da produção ou liberação de linfócitos e trombócitos nos animais suplementados, o que pode ser interessante, como estas células têm funções importantes no sistema imunológico dos peixes (Tavares-Dias, 2003). O aumento do número de trombócitos e linfócitos sugere uma melhora no sistema imunológico nos peixes alimentado com probióticos. Corroborando o presente resultado, outros autores relataram aumento no número de linfócitos e trombócitos no sangue de tilápia do Nilo (O. niloticus) (Jatoba et al., 2011) e robalo (Centropomus parallelus) (Barbosa et al., 2011) após suplementação dietética com probiótico. A suplementação da bactéria probiótica Weissella cibaria incrementou o sistema imunológico dos animais, verificado pelo aumento de imunoglobulina total no plasma sanguíneo. O mesmo foi verificado em trabalhos anteriores com trutas arco-íris suplementadas com bactéria probiótica Lactobacillus rhamnosus (Panigrahi et al., 2005) e surubins híbridos suplementados com bactéria W. cibaria (Mouriño et al., 2012). No presente trabalho, o aumento da concentração de imunoglobulina e da aglutinação nos animais alimentados com suplementação probiótica pode estar associado ao aumento do número de linfócitos, também incrementado pelo probiótico. Corroborando com esse estudo, Panigrahi et al. (2009) observou o aumento de imunoglobulina total em animais suplementados com bactéria probiótica L. rhamnosus, além do incremento na porcentagem de 61 fagocitose e atividade de lisozima. O incremento imunológico em animais alimentados com probiótico já foi verificado em trabalhos anteriores (Balcazar et al., 2007b, Demeterova et al., 2009, Son et al., 2009, Chiu et al., 2010, Merrifield et al., 2010a). Os processos de aglutinação e inibição dos agentes patogênicos consistem em dois mecanismos de resposta imunológica. São constituídos por moléculas presentes no plasma sanguíneo chamadas lectinas e imunoglobulinas. As lectinas são proteínas capazes de se ligar a açúcares presentes na parede celular de bactérias, porém apresenta menor especificidade quando comparadas às imunoglobulinas, produzidas pelos linfócitos B, as quais apresentam grande ação ligante contra antígenos. Histologicamente, a parede intestinal de surubins híbridos consiste em quatro camadas a partir do lúmen, que são: mucosa, submucosa, muscular interna e externa, e serosa. A mucosa intestinal consiste em um epitélio simples, a lâmina própria com a presença, principalmente, de enterócitos, células caliceformes e leucócitos infiltrados. O aumento na morfometria intestinal pode estar relacionado à capacidade das bactérias probióticas inibirem a adesão de bactérias patogênicas no epitélio intestinal. Resultados semelhantes utilizando-se peixes alimentados com ração suplementada com bactéria probiótica foram verificados em estudos anteriores em Sparus aurata (Cerezuela et al., 2012) e utilizando a bactéria Lactobacillus rhamnosus em tilápiasdo-nilo (Pirarat et al., 2011). Os peixes do tratamento probiótico apresentaram maior número de células caliceformes quando comparados ao controle. Dessa forma, um maior número de células caliceformes aliadas ao muco e a presença de leucócitos infiltrados, implicam em elevada resistência a patógenos intestinais (Deplancke and Gaskins, 2001). Através da MET foi possível verificar que tanto os tratos intestinais dos peixes suplementados com probiótico, como os do grupo controle se mostraram intactos na barreira epitelial, com junções intercelulares e desmossomos, enterócitos organizados, ausência de translocações, dano celular, edemas e inflamações. O mesmo efeito foi verificado em trabalhos anteriores com Salmão do Atlântico (Ringo et al., 2007), testando a bactéria Pedicoccus acidilactici em Tilápiasvermelhas ( Ferguson et al., 2010) e o efeito de bactérias probióticas na colonização e alterações das microvilosidades em truta arco-íris (Merrifield et al., 2010b) Através de MEV foi possível verificar maior concentração de bactérias colonizando a mucosa intestinal, nos animais que receberam 62 suplementação probiótica, sendo elas na grande maioria bacilococos, morfologia semelhante a bactéria W. cibaria. Já nos peixes que não receberam a suplementação probiótica verifica-se uma menor colonização, baseada em uma flora endógena de bacilos (figura 4). Nas amostras de MET, é possível verificar a presença de células bacterianas com morfologia similar ao da bactéria probiótica testada W. cibaria associadas ao muco, além de grande número de células sanguíneas de defesa, apenas nos animais suplementados. A colonização do trato intestinal e a associação de células bacterianas ao muco intestinal encontrado neste estudo, corroboram as observações de Merrifield et al., (2010b). 5. Conclusão A bactéria probiótica Weissella cibaria foi capaz de colonizar o trato gastrointestinal dos surubins híbridos, alterar a ultraestrutura e a microbiota intestinal presente, imunomodular parâmetros hematoimunológicos. 6. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo suporte financeiro, pela bolsa de PDI à J.L.P. Mouriño, pela bolsa de produtividade em pesquisa à M.L. Martins (CNPq 302493/2010-7), bolsa de mestrado à Capes e a empresa Mar e Terra pelo fornecimento dos peixes, Ao Laboratório Central de Microscopia Eletrônica pelo apoio e estrutura para realização das análises de microscopia eletrônica. 7. Referências AMAR, E. C. K., V.; SATOH, S.; OKAMOTO, N.; WATANABE, T. 2000. Effect of dietary β-carotene on the immune response of rainbow trout Oncorhynchus mykiss. Fisheries Science, 66, 1068-1075 BALCAZAR, J., DE BLAS, I., RUIZ-ZARZUELA, I., VENDRELL, D., CALVO, A., MARQUEZ, I., GIRONES, O. & MUZQUIZ, J. 2007a. Changes in intestinal microbiota and humoral immune response following probiotic administration in brown trout (Salmo trutta). British Journal of Nutrition, 97, 522-527. BALCAZAR, J. L., DE BLAS, I., RUIZ-ZARZUELA, I., VENDRELL, D., GIRONES, O. & MUZQUIZ, J. L. 2007b. Enhancement of the immune response and protection induced by probiotic lactic acid bacteria against furunculosis in rainbow trout 63 (Oncorhynchus mykiss). Fems Immunology and Medical Microbiology, 51, 185-193. BALCAZAR, J. L., VENDRELL, D., DE BLAS, I., RUIZZARZUELA, I., GIRONES, O. & MUZQUIZ, J. L. 2007c. In vitro competitive adhesion and production of antagonistic compounds by lactic acid bacteria against fish pathogens. Veterinary Microbiology, 122, 373-380. BARBOSA, M. C., JATOBA, A., VIEIRA, F. D., SILVA, B. C., MOURINO, J. L. P., ANDREATTA, E. R., SEIFFERT, W. Q. & CERQUEIRA, V. R. 2011. Cultivation of Juvenile Fat Snook (Centropomus parallelus Poey, 1860) Fed Probiotic in Laboratory Conditions. Brazilian Archives of Biology and Technology, 54, 795-801. BELL, S. G. 1999. “An introduction to hemoglobin physiology,”. Neonatal Network, 18, 9–15. CAMPOS, J. L. 2004. Pintado culture in Brazil. Global Aquaculture Advocate, 42, 42-43. CEREZUELA, R., FUMANAL, M., TAPIA-PANIAGUA, S. T., MESEGUER, J., MORINIGO, M. A. & ESTEBAN, M. A. 2012. Histological alterations and microbial ecology of the intestine in gilthead seabream (Sparus aurata L.) fed dietary probiotics and microalgae. Cell and Tissue Research, 350, 477489. CHIU, C. H., CHENG, C. H., GUA, W. R., GUU, Y. K. & CHENG, W. 2010. Dietary administration of the probiotic, Saccharomyces cerevisiae P13, enhanced the growth, innate immune responses, and disease resistance of the grouper, Epinephelus coioides. Fish & Shellfish Immunology, 29, 1053-1059. DA SILVA, L. C. R., FURUYA, W. M., NATALI, M. R. M., SCHAMBER, C. R., DOS SANTOS, L. D. & VIDAL, L. V. O. 2010. Productive performance and intestinal morphology of Nile tilapia juvenile fed diets with L-glutamine and Lglutamate. Revista Brasileira De Zootecnia-Brazilian Journal of Animal Science, 39, 1175-1179. DEMETEROVA, M., MARISCAKOVA, R., PISTL, J., NAD, P. & SAMUDOVSKA, A. 2009. The effect of the probiotic strain Enterococcus faecium DSM 7134 in combination with natural humic substances on performance and health of broiler chickens. Berliner Und Munchener Tierarztliche Wochenschrift, 122, 370-377. 64 DEPLANCKE, B. & GASKINS, H. R. 2001. Microbial modulation of innate defense: goblet cells and the intestinal mucus layer. American Journal of Clinical Nutrition, 73, 1131s-1141s. FERGUSON, R. M. W., MERRIFIELD, D. L., HARPER, G. M., RAWLING, M. D., MUSTAFA, S., PICCHIETTI, S., BALCAZAR, L. & DAVIES, S. J. 2010. The effect of Pediococcus acidilactici on the gut microbiota and immune status of on-growing red tilapia (Oreochromis niloticus). Journal of Applied Microbiology, 109, 851-862. GODINHO, A. L., KYNARD, B. & GODINHO, H. P. 2007. Migration and spawning of female surubim (Pseudoplatystoma corruscans, Pimelodidae) in the Sao Francisco river, Brazil. Environmental Biology of Fishes, 80, 421-433. ISHIKAWA, N. M., RANZANI-PAIVA, M. J. & LOMBARDI, J. V. 2008. Total leukocyte counts methods in fish, Oreochromis niloticus. Archives of Veterinary Sciences, 13, 54-63. JATOBA, A., VIEIRA, F. D., BUGLIONE-NETO, C. C., MOURINO, J. L. P., SILVA, B. C., SEIFTTER, W. Q. & ANDREATTA, E. R. 2011. Diet supplemented with probiotic for Nile tilapia in polyculture system with marine shrimp. Fish Physiology and Biochemistry, 37, 725-732. LAZADO, C. C., CAIPANG, C. M. A. & KIRON, V. 2012. Enzymes from the gut bacteria of Atlantic cod, Gadus morhua and their influence on intestinal enzyme activity. Aquaculture Nutrition, 18, 423-431. MAHDHI, A., KAMOUN, F. & BAKHROUF, A. 2011. Inhibitory activity and adhesive ability of potential probiotic Bacillus species to confer protection for Artemia gnotobiotic culture against pathogenic Vibrio spp. Turkish Journal of Veterinary & Animal Sciences, 35, 227-233. MANDIKI, S., MILLA, S., WANG, N., BLANCHARD, G., DJONKACK, T., TANASCAUX, S. & KESTEMONT, P. 2011. Effects of probiotic bacteria on growth parameters and immune defence in Eurasian perch Perca fluviatilis L. larvae under intensive culture conditions. Aquaculture Research, 42, 693-703. MARTINS, M. L., VIEIRA, F. N., JERONIMO, G. T., MOURINO, J. L. P., DOTTA, G., SPECK, G. M., BEZERRA, A. J. M., PEDROTTI, F. S., BUGLIONE-NETO, C. C. & PEREIRA, G. 2009. Leukocyte response and phagocytic activity in Nile 65 tilapia experimentally infected with Enterococcus sp. Fish Physiology and Biochemistry, 35, 219-222. MEHRABI, Z., FIROUZBAKHSH, F. & JAFARPOUR, A. 2012. Effects of dietary supplementation of synbiotic on growth performance, serum biochemical parameters and carcass composition in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) fingerlings. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, 96, 474-481. MERRIFIELD, D. L., DIMITROGLOU, A., FOEY, A., DAVIES, S. J., BAKER, R. T. M., BOGWALD, J., CASTEX, M. & RINGO, E. 2010a. The current status and future focus of probiotic and prebiotic applications for salmonids. Aquaculture, 302, 1-18. MERRIFIELD, D. L., HARPER, G. M., DIMITROGLOU, A., RINGO, E. & DAVIES, S. J. 2010b. Possible influence of probiotic adhesion to intestinal mucosa on the activity and morphology of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) enterocytes. Aquaculture Research, 41, 1268-1272. MORAES, F. R. & MARTINS, M. L. 2004. Condições predisponentes e principais enfermidades de teleósteos em piscicultura intensiva. In: CYRINO, J. E. P., URBINATI, E. C., FRACALOSSI, D. M. & CASTAGNOLLI, N. (eds.) Tópicos especiais em piscicultura de água doce tropical intensiva. São Paulo: TecArt. MOURINO, J. L. P., VIEIRA, F. D., JATOBA, A. B., DA SILVA, B. C., JESUS, G. F. A., SEIFFERT, W. Q. & MARTINS, M. L. 2012. Effect of dietary supplementation of inulin and W. cibaria on haemato-immunological parameters of hybrid surubim (Pseudoplatystoma sp). Aquaculture Nutrition, 18, 7380. NUNEZ, J., CASTRO, D., FERNANDEZ, C., DUGUE, R., CHU-KOO, F., DUPONCHELLE, F., GARCIA, C. & RENNO, J. F. 2011. Hatching rate and larval growth variations in Pseudoplatystoma punctifer: maternal and paternal effects. Aquaculture Research, 42, 764-775. PANIGRAHI, A., AZAD, I., DAS, B., DANDPAT, J., DAS, G., BEHERA, S. & MISHRA, S. 2009. Probiotic Induced Immunomodulation: Investigation into the Cellular and Molecular Mechanism Involved. Research Journal of Biotechnology, 4, 7-13. PANIGRAHI, A., KIRON, V., KOBAYASHI, T., PUANGKAEW, J., SATOH, S. & SUGITA, H. 2004. Immune responses in rainbow trout Oncorhynchus mykiss induced by a potential 66 probiotic bacteria Lactobacillus rhamnosus JCM 1136. Veterinary Immunology and Immunopathology, 102, 379-388. PANIGRAHI, A., KIRON, V., PUANGKAEW, J., KOBAYASHI, T., SATOH, S. & SUGITA, H. 2005. The viability of probiotic bacteria as a factor influencing the immune response in rainbow trout Oncorhynchus mykiss. Aquaculture, 243, 241-254. PIRARAT, N., PINPIMAI, K., ENDO, M., KATAGIRI, T., PONPORNPISIT, A., CHANSUE, N. & MAITA, M. 2011. Modulation of intestinal morphology and immunity in nile tilapia (Oreochromis niloticus) by Lactobacillus rhamnosus GG. Research in Veterinary Science, 91, e92-7. RANZANI-PAIVA, S.B., P., M, T.-D. & M.I., E. Métodos para análise hematológica em peixes. 2013. RINGO, E. & GATESOUPE, F. J. 1998. Lactic acid bacteria in fish: a review. Aquaculture, 160, 177-203. RINGO, E., LOVMO, L., KRISTIANSEN, M., BAKKEN, Y., SALINAS, I., MYKLEBUST, R., OLSEN, R. E. & MAYHEW, T. M. 2010. Lactic acid bacteria vs. pathogens in the gastrointestinal tract of fish: a review. Aquaculture Research, 41, 451-467. RINGO, E., SALINAS, I., OLSEN, R. E., NYHAUG, A., MYKLEBUST, R. & MAYHEW, T. M. 2007. Histological changes in intestine of Atlantic salmon (Salmo salar L.) following in vitro exposure to pathogenic and probiotic bacterial strains. Cell and Tissue Research, 328, 109-116. ROSENFELD, G. 1947. Pancromic stain for haematology and clinical cytology. A new combination of the components MayGrünwald and Giemsa in just one formula for rapid staining. Memorias Instituto do Butantan, 20, 329-334. ROUBACH, R., CORREIA, E. S., ZAIDEN, S. F., MARTINO, R. C. & CAVALLI, R. O. 2003. Aquaculture in Brazil. World Aquaculture, 34, 28-34. SANKARAN, K. & GURNANI, S. 1972. Variation in Catalytic Activity of Lysozyme in Fishes. Indian Journal of Biochemistry & Biophysics, 9, 162-&. SCHMIDT, E. C., DOS SANTOS, R., HORTA, P. A., MARASCHIN, M. & BOUZON, Z. L. 2010. Effects of UVB radiation on the agarophyte Gracilaria domingensis (Rhodophyta, Gracilariales): Changes in cell organization, growth and photosynthetic performance. Micron, 41, 919-930. 67 SCHMIDT, E. C., SCARIOT, L. A., ROVER, T. & BOUZON, Z. L. 2009. Changes in ultrastructure and histochemistry of two red macroalgae strains of Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Gigartinales), as a consequence of ultraviolet B radiation exposure. Micron, 40, 860-869. SILVA, B. C., MARTINS, M. L., JATOBA, A., NETO, C. C. B., VIEIRA, F. N., PEREIRA, G. V., JERONIMO, G. T., SEIFFERT, W. Q. & MOURINO, J. L. P. 2009. Hematological and immunological responses of Nile tilapia after polyvalent vaccine administration by different routes. Pesquisa Veterinaria Brasileira, 29, 874-880. SILVA, B. C., MOURINO, J. L. P., VIEIRA, F. N., JATOBA, A., SEIFFERT, W. Q. & MARTINS, M. L. 2012. Haemorrhagic septicaemia in the hybrid surubim (Pseudoplatystoma corruscans x Pseudoplatystoma fasciatum) caused by Aeromonas hydrophila. Aquaculture Research, 43, 908-916. SILVA, B. C., VIEIRA, F. D., MOURINO, J. L. P., FERREIRA, G. S. & SEIFFERT, W. Q. 2013. Salts of organic acids selection by multiple characteristics for marine shrimp nutrition. Aquaculture, 384, 104-110. SILVA, M. R., DIAS, G., FERREIRA, C. L. L. F., FRANCESCHINI, S. C. C. & COSTA, N. M. B. 2008. Growth of preschool children was improved when fed an iron-fortified fermented milk beverage supplemented with Lactobacillus acidophilus. Nutrition Research, 28, 226-232. SON, V. M., CHANG, C. C., WU, M. C., GUU, Y. K., CHIU, C. H. & CHENG, W. T. 2009. Dietary administration of the probiotic, Lactobacillus plantarum, enhanced the growth, innate immune responses, and disease resistance of the grouper Epinephelus coioides. Fish & Shellfish Immunology, 26, 691-698. SUN, Y. Z., YANG, H. L., MA, R. L., SONG, K. & LI, J. S. 2012. Effect of Lactococcus lactis and Enterococcus faecium on growth performance, digestive enzymes and immune response of grouper Epinephelus coioides. Aquaculture Nutrition, 18, 281-289. TAVARES-DIAS, M. 2003. Variáveis hematológicas de teleósteos brasileiros de importância zootécnica. Dissertação. Universidade Estadual Paulista – Jaboticabal. VINE, N. G., LEUKES, W. D., KAISER, H., DAYA, S., BAXTER, J. & HECHT, T. 2004. Competition for attachment of aquaculture 68 candidate probiotic and pathogenic bacteria on fish intestinal mucus. Journal of Fish Diseases, 27, 319-326. 69 Tabelas Tabela 1: Parâmetros hematológicos de surubins híbridos (Pseudoplatystoma corruscans x P. reticulatum) alimentados durante 45 dias com ração comercial suplementada com probiótico ou sem suplementação (Controle) Controle Probiótico Valor-p 1,65 ± 0,15 1,90 ± 0,05* 0,0073 Trombócitos (x103.µL-1) 36,90 ±2,96 48,9 ±1,04* 0,0431 Leucócitos (x10 . µL 82,40 ±1,43 89,1 ±1,41 0,4777 64,00 ±1,43 84,0 ±1,25* 0,0382 2,08± 0,97 1,38 ± 0,35 0,1213 Eosinófilos (x103. µL-1) 3,08 ± 2,23 2,98 ± 1,51 0,6233 Basófilos (x10 . µL 19,20 ± 0,63 17,7 ± 0,61 0,1688 2,16 ± 0,98 2,55 ± 1,35 0,5909 Hematócrito (%) 24,91± 2,96 26,08± 1,89 *Diferença significativa de acordo com teste t (p<0,05). Dados apresentados em média ± desvio padrão. 0,4912 Eritrócitos (x10 .µL 6 -1 3 ) -1 Linfócitos (x10 . µL 3 -1 ) Monócitos (x10 . µL 3 -1 3 -1 ) ) ) Neutrófilos (x10 . µL 3 -1 ) Tabela 2: Título aglutinante e atividade antimicrobiana do plasma de surubins híbridos (Pseudoplatystoma corruscans x P. reticulatum), alimentados durante 45 dias com ração comercial suplementada com probiótico ou sem suplementação. Controle Probiótico Valor-p 10,46± 1,12 10,75±1,30 0,7113 23,63± 1,15 24,42±1,43 0,4235 Imunoglobulina Total (mg.ml ) 0,93 ± 0,73 2,11±0,15* 0,0426 Fagocitose (%) 7,00 ± 1,94 9,75±2,98* 0,0172 Título aglutinante 7,40 ± 0,54 8,40±0,54* *Diferença significativa de acordo com teste t (p<5%). Dados apresentados em média ± desvio padrão 0,0203 -1 Lisozima (µg.ml ) -1 Proteína total (mg.ml ) -1 70 Tabela 3: Comprimento e largura das vilosidades, do número de vilos e de células caliceformes, e do perímetro dos vilos, de surubins híbridos alimentados ou não com suplementação probiótica durante 45 dias. Histomorfometria Controle Probiótico Valor- p Comprimento (µm) 670 ±60,59 917,8 ±110,3* 0,0006 Largura (µm) 114,4±10,66 197,2±28,77* 0,0023 29±1,64 32,5±0,35* 0,0061 4,00±2,55 6,00±2,7* 0,0075 1406,82±411,3 1994,3 ± 663,3* 0,0003 Número de vilos Células Caliceformes Perimetro (µm) *Diferença significativa de acordo com teste t (p<5%). Dados apresentados em média ± desvio padrão 71 Figuras Figura 3: Alterações na ultraestrutura intestinal de surubins híbridos alimentados ou não com suplementação probiótica, durante 45 dias. Em (A,B,C) Grupo controle em Microscopia de Luz (ML), Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Microscopia eletrônica de transmissão (MET) respectivamente; (D,E,F) Grupo probiótico em ML, MEV, MET, respectivamente. cc células caliceforme, li linfócitos infiltrados, l lúmen, m mucosa, be borda em escova, b bacilos, bc bacilococcos, e enterócitos, mv microvilosidades, cd células de defesa. 72 Figura 4: Alterações na microbiota intestinal de surubins híbridos alimentados (Probiótico) ou não (Controle) com suplementação probiótica, durante 45 dias, utilizando microscopia eletrônica de varredura (MEV). Verifica-se (aumento 1.500 x) bactérias com morfologia de bacilos no Controle e bactérias do gênero bacilococos no tratamento probiótico. Nota-se também uma maior concentração de bactérias no tratamento probiótico quando comparado ao Controle. Controle Probiótico 73 8. Referências da introdução geral ABD EL-RHMAN, A.; KHATTAB, Y.; SHALABY, A. Micrococcus luteus and Pseudomonas species as probiotics for promoting the growth performance and health of Nile tilapia, Oreochromis niloticus. Fish & Shellfish Immunology, v. 27, n. 2, p. 175-180, AUG 2009 2009. ALY, S. M. et al. Studies on Bacillus subtilis and Lactobacillus acidophilus, as potential probiotics, on the immune response and resistance of Tilapia nilotica (Oreochromis niloticus) to challenge infections. Fish & Shellfish Immunology, v. 25, n. 1-2, p. 128-136, Jul 2008. ALY, S. M.; MOHAMED, M. F.; JOHN, G. Effect of probiotics on the survival, growth and challenge infection in Tilapia nilotica (Oreochromis niloticus). Aquaculture Research, v. 39, n. 6, p. 647656, Apr 21 2008. AMMOR, M. S.; FLÓREZ, A. B.; MAYO, B. Antibiotic resistence in non-enterococcal lactic acid bacteria and bifidobacteria. Food Microbiol, v. 24, p. 559-570, 2007. ARNDT, R. E.; WAGNER, E. J. Enriched artemia and probiotic diets improve survival of Colorado River cutthroat trout larvae and fry. North American Journal of Aquaculture, v. 69, n. 2, p. 190-196, Apr 2007. ASKARIAN, F. et al. Culturable autochthonous gut bacteria in Atlantic salmon (Salmo salar L.) fed diets with or without chitin. Characterization by 16S rRNA gene sequencing, ability to produce enzymes and in vitro growth inhibition of four fish pathogens. Aquaculture, v. 326, p. 1-8, Jan 25 2012. AVELLA, M. A. et al. Application of multi-species of Bacillus in sea bream larviculture. Aquaculture, v. 305, n. 1-4, p. 12-19, Jul 1 2010. AZAD, I.; AI-MARZOUK, A. Autochthonous Aquaculture Probiotics A critical Analysis. Research Journal of Biotechnology, p. 171-177, 2008 2008. 74 BALCAZAR, J. L. et al. Changes in intestinal microbiota and humoral immune response following probiotic administration in brown trout (Salmo trutta). British Journal of Nutrition, v. 97, n. 3, p. 522-527, Mar 2007. BALCAZAR, J. L. et al. Enhancement of the immune response and protection induced by probiotic lactic acid bacteria against furunculosis in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Fems Immunology and Medical Microbiology, v. 51, n. 1, p. 185-193, Oct 2007b. BALCAZAR, J. L. et al. In vitro competitive adhesion and production of antagonistic compounds by lactic acid bacteria against fish pathogens. Veterinary Microbiology, v. 122, n. 3-4, p. 373-380, Jun 21 2007c. BALCAZAR, J. L. et al. Characterization of probiotic properties of lactic acid bacteria isolated from intestinal microbiota of fish. Aquaculture, v. 278, n. 1-4, p. 188-191, Jun 10 2008. BARBOSA, M. C. et al. Cultivation of Juvenile Fat Snook (Centropomus parallelus Poey, 1860) Fed Probiotic in Laboratory Conditions. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 54, n. 4, p. 795-801, Jul-Aug 2011. BISWAS, G. et al. Cytokine responses in the common carp, Cyprinus carpio L. treated with baker's yeast extract. Aquaculture, v. 356, p. 169-175, Aug 1 2012. BJORNSDOTTIR, R. et al. Selection of bacteria and the effects of bacterial treatment of Atlantic halibut (Hippoglossus hippoglossus L.) eggs and larvae. Aquaculture, v. 302, n. 3-4, p. 219-227, Apr 23 2010. BOUTIN, S. et al. Antagonistic effect of indigenous skin bacteria of brook charr (Salvelinus fontinalis) against Flavobacterium columnare and F. psychrophilum. Veterinary Microbiology, v. 155, n. 2-4, p. 355361, Mar 23 2012. BOYD, C. E.; MASSAUT, L. Risks associated with the use of chemicals in pond aquaculture. Aquacultural Engineering, v. 20, n. 2, p. 113-132, Jun 1999. 75 BRASIL. Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA). Boletim estatístico de pesca e aquicultura, Brasil 2010. BRUNT, J.; NEWAJ-FYZUL, A.; AUSTIN, B. The development of probiotics for the control of multiple bacterial diseases of rainbow trout, Oncorhynchus mykiss (Walbaum). Journal of Fish Diseases, v. 30, n. 10, p. 573-579, Oct 2007. BURBANK, D. R. et al. Isolation of bacterial probiotic candidates from the gastrointestinal tract of rainbow trout, Oncorhynchus mykiss (Walbaum), and screening for inhibitory activity against Flavobacterium psychrophilum. Journal of Fish Diseases, v. 35, n. 11, p. 809-816, Nov 2012. CAI, Y. M. et al. Specific probiotic characterization of Weissella hellenica DS-12 isolated from flounder intestine. Journal of General and Applied Microbiology, v. 44, n. 5, p. 311-316, Oct 1998. CAMILLI, A.; BASSLER, B. L. Bacterial small-molecule signaling pathways. Science, v. 311, n. 5764, p. 1113-1116, Feb 24 2006. CARNEVALI, O. et al. Growth improvement by probiotic in European sea bass juveniles (Dicentrarchus labrax, L.), with particular attention to IGF-1, myostatin and cortisol gene expression. Aquaculture, v. 258, n. 1-4, p. 430-438, Aug 31 2006. CHOI, S. H.; KIM, K. H. Generation of two auxotrophic genes knockout Edwardsiella tarda and assessment of its potential as a combined vaccine in olive flounder (Paralichthys olivaceus). Fish Shellfish Immunol, v. 31, n. 1, p. 58-65, Jul 2011. CHU, W. et al. Isolation and characterization of new potential probiotic bacteria based on quorum-sensing system. Journal of Applied Microbiology, v. 110, n. 1, p. 202-208, Jan 2011. COPPOLA, M. M. G.-T., C. Efeito de probiótico na resposta imune Ciência Rural, v. 34, n. 4, p. 1297-1303, 2004. CORNÉLIO, F. Crescimento, digestibilidade e resistência à infecção por patógenos em tilápia-do-nilo alimentada com probióticos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 48 (8): 863-870, 2013. 76 DE ANGELIS, M. et al. Selection of potential probiotic lactobacilli from pig feces to be used as additives in pelleted feeding. Research in Microbiology, v. 157, n. 8, p. 792-801, Oct 2006. DE RODRIGANEZ, M. S. et al. Effect of dietary administration of probiotics on growth and intestine functionality of juvenile Senegalese sole (Solea senegalensis, Kaup 1858). Aquaculture Nutrition, v. 15, n. 2, p. 177-185, Apr 2009. DE SOUZA, R. M. et al. Selection of Potential Probiotic Bacteria to Use in Fat Snook (Centropomus Parallelus Poey, 1860) Culture. Boletim Do Instituto De Pesca, v. 36, n. 1, p. 17-24, 2010. DECAMP, O.; MORIARTY, D. J. W.; LAVENS, P. Probiotics for shrimp larviculture: review of field data from Asia and Latin America. Aquaculture Research, v. 39, n. 4, p. 334-338, Mar 7 2008. DEFOIRDT, T. et al. Disruption of bacterial quorum sensing: an unexplored strategy to fight infections in aquaculture. Aquaculture, v. 240, n. 1-4, p. 69-88, Oct 27 2004. DEFOIRDT, T. et al. Quorum sensing and quorum quenching in Viabrio harveyi: lessons learned from in vivo work. Isme Journal, v. 2, n. 1, p. 19-26, Jan 2008. DEFOIRDT, T.; VERSTRAETE, W.; BOSSIER, P. Luminescence, virulence and quorum sensing signal production by pathogenic Vibrio campbellii and Vibrio harveyi isolates. Journal of Applied Microbiology, v. 104, n. 5, p. 1480-1487, May 2008. DEL'DUCA, A. et al. Evaluation of the presence and efficiency of potential probiotic bacteria in the gut of tilapia (Oreochromis niloticus) using the fluorescent in situ hybridization technique. Aquaculture, v. 388, p. 115-121, Apr 15 2013. DIAZ-ROSALES, P. et al. Effects of two closely related probiotics on respiratory burst activity of Senegalese sole (Solea senegalensis, Kaup) phagocytes, and protection against Photobacterium damselae subsp piscicida. Aquaculture, v. 293, n. 1-2, p. 16-21, Aug 1 2009. 77 DIMITROGLOU, A. et al. Microbial manipulations to improve fish health and production - A Mediterranean perspective. Fish & Shellfish Immunology, v. 30, n. 1, p. 1-16, Jan 2011. DIVYA, K. R. et al. Colonization of probiotic bacteria and its impact on ornamental fish Puntius conchonius. Journal of Environmental Biology, v. 33, n. 3, p. 551-555, May 2012. DONG, Y. H. et al. Identification of quorum-quenching N-acyl homoserine lactonases from Bacillus species. Applied and Environmental Microbiology, v. 68, n. 4, p. 1754-1759, Apr 2002. EL-HAROUN, E. R.; GODA, A. M. A. S.; CHOWDHURY, M. A. K. Effect of dietary probiotic Biogen((R)) supplementation as a growth promoter on growth performance and feed utilization of Nile tilapia Oreochromis niloticus (L.). Aquaculture Research, v. 37, n. 14, p. 1473-1480, Oct 20 2006. ELER, M., N.; MILLANI, T., J. Métodos de estudos de sustentabilidade aplicados a aquicultura. R. Bras. Zootec, v. 36, p. 33-44, 2007. ELLIS, A. E. Immunity to bacteria in fish. Fish & Shellfish Immunology, v. 9, n. 4, p. 291-308, May 1999. FAO. The state of world fisheries and aquaculture 2012. 2012 ______. FIGIS - Fisheries and Aquaculture Information and Statistics Service., 10 july 2013 2013. Disponível em: < http://www.fao.org/fishery/statistics/en >. FERGUSON, R. M. W. et al. The effect of Pediococcus acidilactici on the gut microbiota and immune status of on-growing red tilapia (Oreochromis niloticus). Journal of Applied Microbiology, v. 109, n. 3, p. 851-862, Sep 2010. FJELLHEIM, A. J. et al. Selection of candidate probionts by two different screening strategies from Atlantic cod (Gadus morhua L.) larvae. Veterinary Microbiology, v. 144, n. 1-2, p. 153-159, Jul 29 2010. 78 FUQUA, C.; PARSEK, M. R.; GREENBERG, E. P. Regulation of gene expression by cell-to-cell communication: Acyl-homoserine lactone quorum sensing. Annual Review of Genetics, v. 35, p. 439-468, 2001. FURLAN, R. L., MACARI, M. & LUQUETTI, B.C. . Como avaliar os efeitos do uso de prebióticos, probióticos e flora de exclusão competitiva. . 5° Simpósio Técnico de Incubação, Matrizes de Corte e Nutrição, Balneário Camboriú 2004. GALFI, P.; BOKORI, J. Feeding Trial in Pigs with a Diet Containing Sodium Normal-Butyrate. Acta Veterinaria Hungarica, v. 38, n. 1-2, p. 3-17, 1990. GATESOUPE, F. J. The use of probiotics in aquaculture. Aquaculture, v. 180, n. 1-2, p. 147-165, OCT 1, 1999 . GATESOUPE, F. J. Siderophore production and probiotic effect of Vibrio sp. associated with turbot larvae, Scophthalmus maximus. Aquatic Living Resources, v. 10, n. 4, p. 239-246, 1997. GATESOUPE, F. J. Updating the importance of lactic acid bacteria in fish farming: Natural occurrence and probiotic treatments. Journal of Molecular Microbiology and Biotechnology, v. 14, n. 1-3, p. 107-114, 2008. GEORGE, M. R. et al. Genetic heterogeneity among Vibrio alginolyticus isolated from shrimp farms by PCR fingerprinting. Letters in Applied Microbiology, v. 40, n. 5, p. 369-372, 2005. GHOSH, K.; SEN, S. K.; RAY, A. K. Characterization of Bacilli Isolated from the Gut of Rohu, Labeo rohita, Fingerlings and Its Significance in Digestion. Journal of Applied Aquaculture, v. 12, n. 3, p. 33-42, 2002/06/01 2002. GHOSH, S.; SINHA, A.; SAHU, C. Isolation of putative probionts from the intestines of Indian major carps. Israeli Journal of AquacultureBamidgeh, v. 59, n. 3, p. 127-132, Sep 2007. GIRON-PEREZ, M. I. et al. Immunologic parameters evaluations in Nile tilapia (Oreochromis niloticus) exposed to sublethal concentrations 79 of diazinon. Fish & Shellfish Immunology, v. 27, n. 2, p. 383-385, Aug 2009. GRAM, L. et al. Inhibition of Vibrio anguillarum by Pseudomonas fluorescens AH2, a possible probiotic treatment of fish. Applied and Environmental Microbiology, v. 65, n. 3, p. 969-973, Mar 1999. HAMID, A.; SAKATA, T.; KAKIMOTO, D. Microflora in the Alimentary-Tract of Gray Mullet .4. Estimation of Enzymic Activities of the Intestinal Bacteria. Bulletin of the Japanese Society of Scientific Fisheries, v. 45, n. 1, p. 99-106, 1979. HAYES, J. D.; WOLF, C. R. Molecular Mechanisms of DrugResistance. Biochemical Journal, v. 272, n. 2, p. 281-295, Dec 1 1990. HENTZER, M.; GIVSKOV, M.; PARSEK, M. R. Targeting quorum sensing for treatment of chronic bacterial biofilm infections. Laboratory Medicine, v. 33, n. 4, p. 295-306, Apr 2002. HENTZER, M. et al. Attenuation of Pseudomonas aeruginosa virulence by quorum sensing inhibitors. Embo Journal, v. 22, n. 15, p. 3803-3815, Aug 1 2003. HEO, W.-S. et al. Effects of dietary probiotic, Lactococcus lactis subsp. lactis I2, supplementation on the growth and immune response of olive flounder (Paralichthys olivaceus). Aquaculture, v. 376–379, n. 0, p. 20-24, 2013. HUANG, J. M. et al. Immunostimulatory activity of Bacillus spores. Fems Immunology and Medical Microbiology, v. 53, n. 2, p. 195-203, Jul 2008. ITOI, S. et al. Chitinolytic bacteria in the intestinal tract of Japanese coastal fishes. Canadian Journal of Microbiology, v. 52, n. 12, p. 1158-1163, Dec 2006. JATOBA, A. et al. Diet supplemented with probiotic for Nile tilapia in polyculture system with marine shrimp. Fish Physiology and Biochemistry, Feb 24 2011. 80 JATOBA, A. et al. Lactic-acid bacteria isolated from the intestinal tract of Nile tilapia utilized as probiotic. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v. 43, n. 9, p. 1201-1207, Sep 2008. JIANG, Y. et al. Cellulase-producing bacteria of Aeromonas are dominant and indigenous in the gut of Ctenopharyngodon idellus (Valenciennes). Aquaculture Research, v. 42, n. 4, p. 499-505, Mar 2011. JIAO, Y. et al. Bioaugmentation of a biological contact oxidation ditch with indigenous nitrifying bacteria for in situ remediation of nitrogenrich stream water. Bioresource Technology, v. 102, n. 2, p. 990-995, Jan 2011. KELLER, L.; SURETTE, M. G. Communication in bacteria: an ecological and evolutionary perspective. Nature Reviews Microbiology, v. 4, n. 4, p. 249-258, Apr 2006. KHAN, A. et al. Phytase-Producing Rhodococcus sp. (MTCC 9508) from Fish Gut: A Preliminary Study. Proceedings of the Zoological Society, v. 64, n. 1, p. 29-34, 2011/06/01 2011. KLAENHAMMER, T. R.; KULLEN, M. J. Selection and design of probiotics. International Journal of Food Microbiology, v. 50, n. 1-2, p. 45-57, Sep 15 1999. KOPP-HOOLIHAN, L. Prophylactic and therapeutic uses of probiotics: A review. Journal of the American Dietetic Association, v. 101, n. 2, p. 229-241, Feb 2001. KORKEA-AHO, T. L. et al. Pseudomonas sp M174 inhibits the fish pathogen Flavobacterium psychrophilum. Journal of Applied Microbiology, v. 111, n. 2, p. 266-277, Aug 2011. LANG, G. et al. Quantitative distributions of different cholinesterases and inhibition of acetylcholinesterase by metidathion and paraquat in alimentary canal of common carp. General Pharmacology, v. 29, n. 1, p. 55-59, Jul 1997. LEE, S. J. et al. Genes encoding the N-acyl homoserine lactonedegrading enzyme are widespread in many subspecies of Bacillus 81 thuringiensis. Applied and Environmental Microbiology, v. 68, n. 8, p. 3919-3924, Aug 2002. LI, J. Q. et al. Comparative study between probiotic bacterium Arthrobacter XE-7 and chloramphenicol on protection of Penaeus chinensis post-larvae from pathogenic vibrios. Aquaculture, v. 253, n. 1-4, p. 140-147, Mar 31 2006. LIN, W. H. et al. Different probiotic properties for Lactobacillus fermentum strains isolated from swine and poultry. Anaerobe, v. 13, n. 3-4, p. 107-113, Jun-Aug 2007. LIU, C.-H. et al. Dietary administration of the probiotic, Bacillus subtilis E20, enhances the growth, innate immune responses, and disease resistance of the grouper, Epinephelus coioides. Fish & Shellfish Immunology, v. 33, n. 4, p. 699-706, 2012. LIZAMA, M. A. P. et al. Relação parasito -hospedeiro em peixes de pisciculturas da região de hospedeiro em peixes de pisciculturas da região de Assis, Estado de São Paulo, Brasil. 2. Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887) (Holmberg, 1887) Acta Sci. Biol. Sci. , v. 29, n. 4, p. 437-445, 2007. LUCKSTADTS, C. Acidifiers in aquaculture prove beneficial. Feed Mix, v. 14, n. 3, p. 11-12, 2006. LUCKSTADTS, C. The use of acidifiers in fish nutrition. Perspectives in Agriculture, Veterinary Science, Nutrition and Natural Resources, v. 44, n. 3, p. 1-8, 2008. MAGNADOTTIR, B. Immunological Control of Fish Diseases. Marine Biotechnology, v. 12, n. 4, p. 361-379, Aug 2010. MANDIKI, S. N. M. et al. Effects of probiotic bacteria on growth parameters and immune defence in Eurasian perch Perca fluviatilis L. larvae under intensive culture conditions. Aquaculture Research, v. 42, n. 5, p. 693-703, Apr 2011. MANEFIELD, M. et al. Inhibition of luminescence and virulence in the black tiger prawn (Penaeus monodon) pathogen Vibrio harveyi by 82 intercellular signal antagonists. Applied and Microbiology, v. 66, n. 5, p. 2079-2084, May 2000. Environmental MARE, L.; WOLFAARDT, G. M.; DICKS, L. M. T. Adhesion of Lactobacillus plantarum 423 and Lactobacillus salivarius 241 to the intestinal tract of piglets, as recorded with fluorescent in situ hybridization (FISH), and production of plantaricin 423 by cells colonized to the ileum. Journal of Applied Microbiology, v. 100, n. 4, p. 838-845, Apr 2006. MEHRABI, Z.; FIROUZBAKHSH, F.; JAFARPOUR, A. Effects of dietary supplementation of synbiotic on growth performance, serum biochemical parameters and carcass composition in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) fingerlings. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, v. 96, n. 3, p. 474-481, Jun 2012. MERRIFIELD, D. L. et al. Probiotic applications for rainbow trout (Oncorhynchus mykiss Walbaum) I. Effects on growth performance, feed utilization, intestinal microbiota and related health criteria. Aquaculture Nutrition, v. 16, n. 5, p. 504-510, Oct 2010. MERRIFIELD, D. L. et al. The current status and future focus of probiotic and prebiotic applications for salmonids. Aquaculture, v. 302, n. 1-2, p. 1-18, Apr 1 2010. MONDAL, S.; ROY, T.; RAY, A. K. Characterization and Identification of Enzyme-producing Bacteria Isolated from the Digestive Tract of Bata, Labeo bata. Journal of the World Aquaculture Society, v. 41, n. 3, p. 369-377, Jul 2010. MORELLI, L. In vitro selection of probiotic lactobacilli: a critical appraisal. Curr Issues Intest Microbiol, v. 1, n. 2, p. 59-67, Sep 2000. MORIARTY, D. J. W. The role of microorganisms in aquaculture ponds. Aquaculture, v. 151, n. 1-4, p. 333-349, May 15 1997. MORIARTY, D. J. W. Control of luminous Vibrio species in penaeid aquaculture ponds. Aquaculture, v. 164, n. 1-4, p. 351-358, May 1 1998. 83 MOURINO, J. L. P. Suplementação dietética com simbiótico para o híbrido de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e cachara (P. fasciatum). 2010. 124 Aquicultura, UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina MOURINO, J. L. P. et al. Effect of dietary supplementation of inulin and W. cibaria on haemato-immunological parameters of hybrid surubim (Pseudoplatystoma sp). Aquaculture Nutrition, v. 18, n. 1, p. 73-80, Feb 2012. MUNOZ-ATIENZA, E. et al. Antimicrobial activity, antibiotic susceptibility and virulence factors of Lactic Acid Bacteria of aquatic origin intended for use as probiotics in aquaculture. BMC Microbiol, v. 13, p. 15, 2013. NAYAK, S. Probiotics and immunity: A fish perspective. Fish & Shellfish Immunology, v. 29, n. 1, p. 2-14, JUL 2010 2010a. NAYAK, S. K. Role of gastrointestinal microbiota in fish. Aquaculture Research, v. 41, n. 11, p. 1553-1573, Oct 2010b. NAYAK, S. K.; MUKHERJEE, S. C. Screening of gastrointestinal bacteria of Indian major carps for a candidate probiotic species for aquaculture practices. Aquaculture Research, v. 42, n. 7, p. 1034-1041, Jun 2011. NEWAJ-FYZUL, A. et al. Bacillus subtilis AB1 controls Aeromonas infection in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss, Walbaum). Journal of Applied Microbiology, v. 103, n. 5, p. 1699-1706, Nov 2007. NIKOSKELAINEN, S. et al. Protection of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) from furunculosis by Lactobacillus rhamnosus. Aquaculture, v. 198, n. 3-4, p. 229-236, Jul 2 2001. NIKOSKELAINEN, S. et al. Immune enhancement in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) by potential probiotic bacteria (Lactobacillus rhamnosus). Fish & Shellfish Immunology, v. 15, n. 5, p. 443-452, Nov 2003. 84 NINAWE, A. S.; SELVIN, J. Probiotics in shrimp aquaculture: Avenues and challenges. Critical Reviews in Microbiology, v. 35, n. 1, p. 43-66, Feb 2009. O'SULLIVAN, L.; ROSS, R. P.; HILL, C. Potential of bacteriocinproducing lactic acid bacteria for improvements in food safety and quality. Biochimie, v. 84, n. 5-6, p. 593-604, May-Jun 2002. OCHOA-SOLANO, J. L.; OLMOS-SOTO, J. The functional property of Bacillus for shrimp feeds. Food Microbiology, v. 23, n. 6, p. 519-525, Sep 2006. PANDE, G. S. J. et al. The Vibrio campbellii quorum sensing signals have a different impact on virulence of the bacterium towards different crustacean hosts. Veterinary Microbiology, v. 167, n. 3–4, p. 540-545, 12/27/ 2013. PANIGRAHI, A. et al. Probiotic Induced Immunomodulation: Investigation into the Cellular and Molecular Mechanism Involved. Research Journal of Biotechnology, v. 4, n. 3, p. 7-13, Aug 2009. PANIGRAHI, A. et al. Immune responses in rainbow trout Oncorhynchus mykiss induced by a potential probiotic bacteria Lactobacillus rhamnosus JCM 1136. Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 102, n. 4, p. 379-388, Dec 28 2004. PANIGRAHI, A. et al. The viability of probiotic bacteria as a factor influencing the immune response in rainbow trout Oncorhynchus mykiss. Aquaculture, v. 243, n. 1-4, p. 241-254, Jan 3 2005. PANIGRAHI, A. et al. Immune modulation and expression of cytokine genes in rainbow trout Oncorhynchus mykiss upon probiotic feeding. Dev Comp Immunol, v. 31, n. 4, p. 372-82, 2007. PARFENOV, A. I.; BONDARENKO, V. M. What We Gained from a Century of Investigations of Symbiontic Intestinal Microflora. Terapevticheskii Arkhiv, v. 84, n. 2, p. 5-10, 2012. PARSEK, M. R. et al. Acyl homoserine-lactone quorum-sensing signal generation. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 96, n. 8, p. 4360-4365, Apr 13 1999. 85 PASTERIS, S. E. et al. Beneficial properties of lactic acid bacteria isolated from a Rana catesbeiana hatchery. Aquaculture Research, v. 40, n. 14, p. 1605-1615, Sep 30 2009. PATEL, A. K. et al. Evaluation of probiotic characteristics of siderophoregenic Bacillus spp. isolated from dairy waste. Appl Biochem Biotechnol, v. 160, n. 1, p. 140-55, Jan 2010. PEDROTTI, F. S. et al. The autochthonous microbiota of the freshwater omnivores jundiá (Rhamdia quelen) and tilapia (Oreochromis niloticus) and the effect of dietary carbohydrates. Aquaculture Research, p. n/an/a, 2013. PEIXOTO, S. B. et al. Cellulase-producing Bacillus strains isolated from the intestine of Amazon basin fish. Aquaculture Research, v. 42, n. 6, p. 887-891, May 2011. PICCHIETTI, S. et al. Early treatment with Lactobacillus delbrueckii strain induces an increase in intestinal T-cells and granulocytes and modulates immune-related genes of larval Dicentrarchus labrax (L.). Fish Shellfish Immunol, v. 26, n. 3, p. 368-76, Mar 2009. PICCHIETTI, S. et al. Effects of administration of probiotic strains on GALT of larval gilthead seabream: Immunohistochemical and ultrastructural studies. Fish Shellfish Immunol, v. 22, n. 1-2, p. 57-67, Jan-Feb 2007. PINTO, U. M. et al. Detection of acylated homoserine lactones in gram-negative proteolytic psychrotrophic bacteria isolated from cooled raw milk. Food Control, v. 18, n. 10, p. 1322-1327, Oct 2007. PIRARAT, N. et al. In Vitro Efficacy of Human-Derived Probiotic, Lactobacillus rhamnosus Against Pathogenic Bacteria in Fish and Frogs. Thai Journal of Veterinary Medicine, v. 39, n. 4, p. 305-310, Dec 2009. POFFO, F.; DA SILVA, M. A. C. Taxonomic and physiological characterization of lactic acid bacteria isolated from seafood. Ciencia E Tecnologia De Alimentos, v. 31, n. 2, p. 303-307, Apr-Jun 2011. 86 PUANGKAEW, J. et al. Nonspecific immune response of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss Walbaum) in relation to different status of vitamin E and highly unsaturated fatty acids. Fish & Shellfish Immunology, v. 16, n. 1, p. 25-39, Jan 2004. RAMOS, M. A. et al. Dietary probiotic supplementation modulated gut microbiota and improved growth of juvenile rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Comparative Biochemistry and Physiology a-Molecular & Integrative Physiology, v. 166, n. 2, p. 302-307, Oct 2013. RASCH, M. et al. An inhibitor of bacterial quorum sensing reduces mortalities caused by vibriosis in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss, Walbaum). Systematic and Applied Microbiology, v. 27, n. 3, p. 350359, May 2004. RAY, A. K.; GHOSH, K.; RINGO, E. Enzyme-producing bacteria isolated from fish gut: a review. Aquaculture Nutrition, v. 18, n. 5, p. 465-492, Oct 2012. RAY, A. K. et al. Identification of gut-associated amylase, cellulase and protease-producing bacteria in three species of Indian major carps. Aquaculture Research, v. 41, n. 10, p. 1462-1469, Sep 16 2010. RIDHA, M. T.; AZAD, I. S. Preliminary evaluation of growth performance and immune response of Nile tilapia Oreochromis niloticus supplemented with two putative probiotic bacteria. Aquaculture Research, v. 43, n. 6, p. 843-852, 2012. RINGO, E. Effects of Dietary Lactate and Propionate on Growth and Digesta in Arctic Charr, Salvelinus-Alpinus (L). Aquaculture, v. 96, n. 3-4, p. 321-333, Aug 15 1991. RINGO, E.; GATESOUPE, F. Lactic acid bacteria in fish: a review. Aquaculture, v. 160, n. 3-4, p. 177-203, JAN 30 1998 1998. RINGO, E. et al. Lactic acid bacteria vs. pathogens in the gastrointestinal tract of fish: a review. Aquaculture Research, v. 41, n. 4, p. 451-467, Mar 17 2010. 87 RINGØ, E.; STRØM, E.; TABACHEK, J. A. Intestinal microflora of salmonids: a review. Aquaculture Research, v. 26, n. 10, p. 773-789, 1995. ROMBOUT, J. H. W. M. et al. Teleost intestinal immunology. Fish & Shellfish Immunology, v. 31, n. 5, p. 616-626, 2011. ROY, T.; MONDAL, S.; RAY, A. K. Phytase-producing bacteria in the digestive tracts of some freshwater fish. Aquaculture Research, v. 40, n. 3, p. 344-353, Feb 2009. SALINAS, I. et al. Dietary administration of Lactobacillus delbrüeckii and Bacillus subtilis, single or combined, on gilthead seabream cellular innate immune responses. Fish & Shellfish Immunology, v. 19, n. 1, p. 67-77, 2005. SAPKOTA, A. et al. Aquaculture practices and potential human health risks: Current knowledge and future priorities. Environment International, v. 34, n. 8, p. 1215-1226, Nov 2008. SMITH, J. L.; FRATAMICO, P. M.; NOVAK, J. S. Quorum sensing: A primer for food microbiologists. Journal of Food Protection, v. 67, n. 5, p. 1053-1070, May 2004. STANDEN, B. T. et al. Probiotic Pediococcus acidilactici modulates both localised intestinal- and peripheral-immunity in tilapia (Oreochromis niloticus). Fish & Shellfish Immunology, v. 35, n. 4, p. 1097-1104, Oct 2013. SUN, Y. Z. et al. Application of autochthonous Bacillus bioencapsulated in copepod to grouper Epinephelus coioides larvae. Aquaculture, v. 392, p. 44-50, May 10 2013. THOMPSON, F. L.; ABREU, P. C.; CAVALLI, R. The use of microorganisms as food source for Penaeus paulensis larvae. Aquaculture, v. 174, n. 1-2, p. 139-153, Apr 15 1999. TINH, N. T. N. et al. N-acyl homoserine lactone-degrading microbial enrichment cultures isolated from Penaeus vannamei shrimp gut and their probiotic properties in Brachionus plicatilis cultures. Fems Microbiology Ecology, v. 62, n. 1, p. 45-53, Oct 2007. 88 VANDERPOOL, C.; YAN, F.; POLK, D. B. Mechanisms of Probiotic Action: Implications for Therapeutic Applications in Inflammatory Bowel Diseases. Inflammatory Bowel Diseases, v. 14, n. 11, p. 15851596, Nov 2008. VAZQUEZ, J. A.; GONZALEZ, M. P.; MURADO, M. A. Effects of lactic acid bacteria cultures on pathogenic microbiota from fish. Aquaculture, v. 245, n. 1-4, p. 149-161, Mar 4 2005. VERSCHUERE, L. et al. Probiotic bacteria as biological control agents in aquaculture. Microbiology and Molecular Biology Reviews, v. 64, n. 4, p. 655-+, Dec 2000. VIEIRA, F. D. et al. Time-related action of Lactobacillus plantarum in the bacterial microbiota of shrimp digestive tract and its action as immunostimulant. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v. 43, n. 6, p. 763-769, Jun 2008. VIEIRA, F. D. et al. Lactic-acid bacteria increase the survival of marine shrimp, Litopenaeus vannamei, after infection with Vibrio harveyi. Brazilian Journal of Oceanography, v. 55, n. 4, p. 251-255, Oct-Dec 2007. VIJAYAN, K. K. et al. A brackishwater isolate of Pseudomonas PS102, a potential antagonistic bacterium against pathogenic vibrios in penaeid and non-penaeid rearing systems. Aquaculture, v. 251, n. 2-4, p. 192-200, Feb 28 2006. VINE, N. G.; LEUKES, W. D.; KAISER, H. Probiotics in marine larviculture. Fems Microbiology Reviews, v. 30, n. 3, p. 404-427, May 2006. VINE, N. G. et al. Competition for attachment of aquaculture candidate probiotic and pathogenic bacteria on fish intestinal mucus. Journal of Fish Diseases, v. 27, n. 6, p. 319-326, Jun 2004. WANG, Y. et al. Advance in the mechanisms and application of microecologics in aquaculture. Prog. Vet. Med., v. 29, p. 72-75, // 2008. 89 WANG, Y. B. et al. Effect of probiotics, Enteroccus faecium, on tilapia (Oreochromis niloticus) growth performance and immune response. Aquaculture, v. 277, n. 3-4, p. 203-207, Jun 3 2008. WESTERDAHL, A. et al. Isolation and Characterization of Turbot (Scophthalmus-Maximus)-Associated Bacteria with Inhibitory Effects against Vibrio anguillarum. Applied and Environmental Microbiology, v. 57, n. 8, p. 2223-2228, Aug 1991. ZHAO, L.; MONTVILLE, T. J.; SCHAFFNER, D. W. Evidence for quorum sensing in Clostridium botulinum 56A. Letters in Applied Microbiology, v. 42, n. 1, p. 54-58, Jan 2006. ZHOU, Q. L. et al. Role and functions of beneficial microorganisms in sustainable aquaculture. Bioresource Technology, v. 100, n. 16, p. 3780-3786, Aug 2009. ZHOU, X.-X.; WANG, Y.-B.; LI, W.-F. Effect of probiotic on larvae shrimp (Penaeus vannamei) based on water quality, survival rate and digestive enzyme activities. Aquaculture, v. 287, n. 3–4, p. 349-353, 2/18/ 2009. ZHOU, X. X. et al. Effect of treatment with probiotics as water additives on tilapia (Oreochromis niloticus) growth performance and immune response. Fish Physiology and Biochemistry, v. 36, n. 3, p. 501-509, Sep 2010.