As concepções de amor no discurso sobre a

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As concepções de amor no discurso sobre a desigualdade de
Rousseau
Paulo Ferreira Junior1
PROEX
Resumo:
A questão acerca do amor não cessa no mundo: O que é o Amor? Como se manifesta? Qual sua
força sobre o homem ante a sociedade e a cultura? Bem como sua recíproca: Como o homem
sócio-cultural elabora e modifica o amor? O hipotético estado natural do homem, pressuposto
por Rousseau no Discurso sobre a desigualdade - além de revelar a difícil tarefa de conhecer-se
a si mesmo - estabelece dois princípios para o direito natural: “amor de si” e “piedade natural”.
Desdobra-se daí que homem natural é solitário, feliz e bom, no sentido que é adequado ao seu
estado circunstancial, e indiferente ao bem e ao mal, pois estes são valores construídos num
contexto social. Unido à natureza, o selvagem conhece não pela vã intelecção, mas pela
sensibilidade; o pilar da piedade. Além de si mesmo, por ventura, conhecerá outro sexo pelo
“amor físico”, mas unicamente como uma necessidade natural e nada mais. Todavia, pelo
“progresso das coisas”, “a sociedade e seus males”, o “amor de si” se transforma depois que o
homem se sociabiliza, em “amor-próprio”. Assim, atormentado pelas vaidades cultivadas na
sociedade e o “engenho feminino”, cria-se o “amor moral”. Em suma, o Discurso sugere a este
trabalho uma reflexão mais acurada sobre a força que se impõe e retira o selvagem da solidão. A
extrema fecundidade das concepções de amor e suas implicações éticas nesse contexto revelam
um possível caminho para a antropologia de Rousseau.
Palavras-chave: Ética. Rousseau. Concepção de amor.
Às ordens da conservação
É sabido que o objetivo do Discurso de Rousseau é:
[...] de assinalar, no progresso das coisas, o momento em que,
sucedendo o direito à violência, submeteu-se a natureza à lei; de
explicar por que encadeamento de prodígios o forte pôde resolver-se a
servir ao fraco, e o povo a comprar uma tranqüilidade imaginária pelo
preço de uma felicidade real. (ROUSSEAU, 1973, p. 241).
Nesse sentido, entendemos que, para Rousseau, a investigação acerca das
desigualdades morais e políticas, contêm subjacente outras reflexões que revelam o
caráter negativo das sociedades civis, bem como a desventurada condição humana.
1
Graduando em Filosofia da Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Marília.
[email protected]. Orientador: Profº. Dr. Ricardo Monteagudo.
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Condição essa, a princípio, realmente feliz, mas, doravante, falseada por uma
tranqüilidade imaginária; a tranqüilidade das leis que contrariam a natureza.
No Discurso de Rousseau o selvagem é bom porque está adequado ao seu estado
circunstancial, ou seja, é bom ser fiel aos princípios da natureza; os sentimentos que o
dirigem à conservação seja ela individual ou de espécie.
O amor de si & a piedade natural
O primeiro sentimento é o amor. E o primeiro amor do homem foi ele mesmo; o
”amar a si mesmo”. O amor de si é um sentimento natural que dirige o homem a
autoconservação. Faz o homem se sentir vivo; existente e a se preocupar; a lutar por si
em obediência a “doce voz” da natureza; a lei natural.
Um amante simples, o selvagem parece precisar apenas de duas coisas: do
amado, ou seja, precisa de si mesmo; e da natureza, que torna possível ele lutar para si
mesmo; a conservação; o amor de si. Nesse sentido é fácil imaginá-lo solitário e
independente, justamente porque aquilo que lhe falta é ele mesmo.
Falar do amor de si, o sentimento proveniente de sensações puras do desejo de
viver, implica em sensibilidade. Ora, o selvagem sente o mundo; o conhece tão somente
pelo corpo; pela sensibilidade. Então, quando se depara com outro ser sensível em
estado de sofrimento, pelo amor à vida que tem, transporta-se à condição do outro que
sofre e se sensibiliza. Logo, é pela sensibilidade que a comiseração - um sentimento
também natural – combina-se ao amor de si e faz o selvagem obedecer a natureza; é
pela piedade natural, que tempera o amor de si e apóia a razão, produzindo, assim, a
humanidade e a virtude. Em outras palavras, a piedade natural que naturalmente modera
o amor de si para a conservação mútua de toda espécie. Ou ainda, é o equilíbrio exigido
pela natureza: viver, procriar, morrer e matar quando assim lhe cabe, sem excessos e
sem vaidades.
O amor físico
A doce voz da natureza, no que compete à conservação da espécie, excita no
coração selvagem um outro sentimento. Trata-se de uma paixão ardente que faz o outro
sexo imperativo. Esse impulso natural, assim como o amor de si e a piedade natural,
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também concorre para o bem-estar do homem. Então o homem, dirigido por esse
sentimento; tragado por essa afecção, se entrega, portanto, é uma entrega sincera,
também não há vaidades nem excessos. Como concorre ao bem-estar, é mais um prazer
sensual, com a sensibilidade como receptáculo, do que um furor funesto, “histérico” e
abstrato (próprio do homem civil).
E, embora uma vez satisfeita a necessidade e extinto o desejo, o amor físico, no
homem, nunca é periódico. É uma paixão constante na espécie humana que em seu
estado natural é uma firmeza de ânimo; um fator invariável; que insinua na alma um
sentimento sincero, terno e doce. Já no estado civil é mais problemático, pois pode ser
modificado; (re) elaborado pelo homem.
Esse, paradoxal, amante e independente é, embora selvagem, um homem
distinto; pois goza de algumas particularidades que corroboram para sua condição
singular na natureza. Por isso, não obstante feliz, bom e independente, esse selvagem é
livre e perfectível; ou seja, se aperfeiçoa a todo o momento, observando, aprendendo,
imitando, em suma, “um homem inventivo”. Ora, se tivéssemos de fazer um juízo
estético2, seria, com certeza, a manifestação do Belo; um belo selvagem: caminhante
ereto, solitário e sutil; legitimamente distinto dos demais animais, mas, ao mesmo
tempo, em equilíbrio com todos; ereto, forte, robusto, ágil e de índole pacífica;
assemelhar-se-ia a um herói; a um deus; uma divindade.
A desventurada estátua de Glauco
Todavia, malgrado seu, constata-se ulteriormente que essas duas últimas
características: ser livre e perfectível; “essa dádiva; o ‘presente de grego’ (a arte de
Hefesto e ‘mecenismo’ de Palas Atena)”: “fez com que de nossa felicidade nascessem
os meios que pareciam dever cumular nossas miséria” (ROUSSEAU, 1973, p. 238).
Trata-se dos “encadeamentos de prodígios”. Esse animal “eclético”, que aprende
a indústria da natureza e dos outros animais, ironicamente, condenou-se a trocar uma
verdadeira felicidade por uma paz imaginária; a sociedade:
Como a estátua de Glauco, que o tempo, o mar e as intempéries
tinham desfigurado de tal modo que se assemelhava mais a um animal
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Evidentemente, se é um juízo estético também está, em parte, comprometido, pois parte da perspectiva
civilizada.
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feroz do que a um deus, a alma humana, alterada no seio da sociedade
por milhares de causas sempre renovadas, pela aquisição de uma
multidão de conhecimentos e de erros, pelas mudanças que se dão na
constituição dos corpos e pelo choque contínuo das paixões, por assim
dizer mudou de aparência a ponto de tornar-se quase irreconhecível e,
em lugar de um ser agindo sempre por princípios certos e invariáveis,
em lugar dessa simplicidade celeste e majestosa com a qual seu autor
tinha marcado, não se encontra senão o contraste disforme entre a
paixão que crê raciocinar e o entendimento delirante. (ROUSSEAU,
1973, p. 233).
A metáfora, ciosamente utilizada por Rousseau, aponta, como já disse outrora, a
difícil tarefa de conhecer a si mesmo; de ter o homem, singularidade inexorável, como
objeto. A contestação da sociedade civil é feita, com maior ímpeto, na segunda parte do
Discurso. É aí que o pensador genebrino explora ao máximo as condições que permitem
a desigualdade moral e política e argumentará no sentido de que tal desigualdade é uma
combinação; uma convenção; um acordo, que só existe; só se fundamenta e se autoriza
através do consentimento entre os homens.
Aquela divindade: o selvagem, feliz, bom e independente; assim como a estátua
de Glauco, também se modificará. A diferença entre Glauco da Mitologia e o homem
natural de Rousseau é que o primeiro ascendeu à condição de divindade, já o segundo,
que se assemelhava a uma divindade, decai na condição de homem civil; mas,
sobretudo, ambos se modificaram drasticamente. Por essa ótica, a liberdade e o
aperfeiçoamento da razão, com a sociabilidade como plano de fundo, fará do homem
natural menos passivo aos princípios do direito natural, mas, pior que isso, é o homem
poder fazer um “joguete” com a lei natural e também causar em si mesmo as mudanças
sem precedentes (a liberdade perigosa e avassaladora), perdendo assim, pelo menos em
parte, a natureza como parâmetro, podendo (re)elaborar os princípios de sua vida. Nesse
sentido, é com a liberdade, a perfectibilidade e a sociabilidade que o homem modifica o
amor, conseqüentemente, aquele sentimento que o dirigia, é agora direcionado; dirigido;
modificado por ele.
O homem, graças as suas particularidades e as dificuldades de sobrevivência,
desenvolve sistematicamente a razão, o entendimento e a linguagem. Rousseau é bem
incisivo e exaustivamente nos adverte que o processo pelo qual um selvagem passa para
o estado de sociedade leva a um conjunto de fatores, detalhes e milhares de anos, que
ultrapassa nosso objetivo nesse momento apontar minuciosamente cada movimento
desse processo; desse “encadeamento de prodígios”. Mas, grosso modo, há um
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momento em que o selvagem passa a se conservar não somente pelo instinto, mas
também por uma espécie de “prudência maquinal”, ou seja, pela aprendizagem o
homem adquiriu o habito de pensar; de ponderar; de refletir antes para reunir as
condições mais favoráveis à segurança; à autoconservação.
O amor-próprio
Dessa reflexão, até então uma vantagem sobre os demais animais; se fosse
escalonado; se fosse hierarquizado, a espécie humana adquire certa superioridade:
As novas luzes, que resultaram desse desenvolvimento, aumentaram
sua superioridade sobre os demais animais, dando-lhes consciência
dela [...] Assim, o primeiro olhar que lançou sobre si mesmo produziu
o primeiro movimento de orgulho; assim, apenas distinguindo as
categorias por considerar-se o primeiro por sua espécie, dispôs-se
desde logo a considerar-se o primeiro como indivíduo. (ROUSSEAU,
1973, p. 266-267).
Contudo, há um movimento errôneo da razão, fazendo a fonte do amor-próprio
ser a comparação; é a razão que falha ao confundir uma justa distinção enquanto espécie
com uma ilegítima distinção enquanto indivíduo. Portanto, é a partir de circunstâncias
criadas pelo homem; criadas por sua liberdade; sua perfectibilidade, e seguindo a razão
que o homem dirige um sentimento sobre si mesmo; um sentimento artificial: o orgulho;
ou seja, sente-se o mais digno de todos e, assim, passa a querer mais para si em
detrimento do outro:
O amor-próprio não passa de um sentimento relativo, fictício e
nascido na sociedade, que leva cada individuo a fazer mais caso
de si do que de qualquer outro, que inspira aos homens todos os
males que mutuamente se causam e que constitui a verdadeira
fonte da honra.
Uma vez isso entendido, afirmo que, no nosso estado primitivo,
no verdadeiro estado de natureza, o amor-próprio não existe,
pois cada homem em especial olhando-se a si mesmo como
único espectador que o observa, como único ser no universo que
toma interesse por si, como o juiz de seu próprio mérito, torna-se
impossível que um sentimento, que vai buscar sua fonte em
comparações que ele não tem capacidade para fazer, possa
germinar em sua alma. Pelo mesmo motivo, esse homem não
poderia ter nem ódio nem desejo de vingança, paixões que só
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podem nascer da opinião de alguma ofensa recebida e, como é o
desprezo ou a intenção de prejudicar e não o mal que constitui a
ofensa, homens que não sabem apreciar-se ou comparar-se
podem infligir-se muitas violências mútuas, quando disso lhe
advem alguma vantagem, sem jamais se ofenderem
reciprocamente. Em uma palavra, cada homem só vendo os seus
semelhantes como veria animais de outra espécie, pode tomar a
presa do mais fraco ou ceder a sua ao mais forte, considerando
suas rapinagens como acontecimentos naturais, sem o mínimo
movimento de insolência ou de despeito se sem outra paixão
além da dor ou da alegria de um bom ou mau êxito.
(ROUSSEAU, 1973, Nota (o), p. 313).
Ora, o amor-próprio implica na consciência de si e do outro; portanto, é pela
sociabilidade que o selvagem transforma o amor de si em amor-próprio; que se lhe
inspira a honra; o sentimento de dignidade que, ao seu turno, implica em consciência do
próprio valor; “a estima pública”; a consideração. A razão que, se apoiada na piedade
natural produziria a virtude, agora engendra o amor-próprio e a reflexão (o pensamento
que volta para si; a meditação, que, também apoiada num esforço racional, que cala a
natureza; cala a piedade), fortificará esse sentimento artificial: fortificará o amorpróprio.
Por causa das mudanças aqui apresentadas por Rousseau, o homem já não é
capaz de uma interatividade fiel com a natureza. Dada a evolução do entendimento; da
razão, sobretudo, em sua falibilidade; dado esse descompasso entre o homem e a
natureza, é ele forçado pelas circunstâncias que ele mesmo criou a viver com o outro.
O amor-próprio, a consideração, a honra imiscui-se ao homem e ele já não pode
mais viver sem tais sentimentos. Acrescentar-se-á ao “encadeamento de prodígios”; ao
processo de sociabilidade esse novo fator e se terá uma nova mudança; uma nova
revolução:
O amor moral
Tudo começa a mudar de aspecto. Até então errando nos bosques, os
homens, ao adquirirem situação mais fixa, aproximam-se lentamente e
por fim formam, em cada região, uma nação particular, una de
costumes e caracteres, não por regulamentos e leis, mas, sim, pelo
mesmo gênero de vida e de alimentos e pela influencia comum do
clima. Uma vizinhança permanente não pode deixar de, afinal,
engendrar algumas ligações entre as famílias. Jovens de sexo diferente
habitam cabanas vizinhas; o comercio passageiro, exigido pela
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natureza [o constante amor físico], logo induz a outro, não menos
agradável e mais permanente, pela freqüentação mútua. Acostuma-se a
considerar vários objetos e a fazer comparações; insensivelmente,
adquirem-se idéias de mérito e beleza, que produzem sentimentos de
preferência. À força de se verem, não podem mais deixar de se verem.
Insinua-se na alma um sentimento terno e doce, e, à menor oposição,
nasce um furor impetuoso; com o amor surge o ciúme, a discórdia
triunfa e a mais doce das paixões recebe sacrifícios de sangue humano.
(ROUSSEAU, 1973, p. 269).
O que é colocado aqui é a maneira que o amor físico, aquela sensação pura e
prazerosa de outrora, fica “à mercê” das transformações culturais. Em outras palavras,
enquanto o selvagem era conduzido pela doce voz da natureza no amor físico, a partir
do amor-próprio e da sociabilidade, o homem dirige um sentimento; determina um
desejo e o fixa exclusivamente num objeto. Portanto, o amor moral, assim como o
amor-próprio, também é um sentimento artificial que implica noções de mérito; implica
comparações. Rousseau acrescenta:
[...] é fácil de compreender que o moral, no amor, é um sentimento
artificial, nascido do costume da sociedade e celebrado com muita
habilidade e cuidado pelas mulheres, que visam estabelecer seu
império e tornar dominante o sexo que deveria obedecer.
(ROUSSEAU, 1973, p. 261).
Interessante movimento esse no Discurso de Rousseau que revela muito mais
que o pensamento; a filosofia do amor, mas que também localiza precisamente o próprio
autor e a cultura de sua época pré-romântica. Mas retomemos a passagem anterior: “À
força de se verem, não podem mais deixar de novamente se verem”. Portanto, o amor
moral não é um sentimento natural, mas sim um efeito da força das circunstâncias
criadas pelos próprios homens. Do descompasso entre o homem perfectível e natureza, a
razão falível e a sociabilidade, transforma o amor de si em amor-próprio; transforma
num sentimento de dignidade; um sentimento interesseiro; um sentimento de
preferências. O amor físico, simples e majestoso, sincero e prazeroso, transforma-se em
amor moral, passível a um amor histérico; o das sociedades civis; o furor impetuoso que
causa o ciúme e a discórdia, que faz da ofensa; da intenção de agressão à dignidade
abstrata um mal maior que a própria agressão; em suma, há uma interessante relação
entre o amor-próprio e o amor moral, considerando a sociabilidade como mediadora de
tal relação.
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Considerações Conclusivas
Se Rousseau disse: “o que há de natural é o amor de si e a piedade”. Ou ainda:
“a auto-conservação e preservação da espécie”. Então, presumo que o solitário bom
selvagem antes de tudo ama a si mesmo e “alcança seu bem com o menor mal possível
para outrem”. Ademais somente o amor físico que incita a aproximação, depois disso a
sociedade e tudo o que há de artificial (em termos mais contemporâneos: o que há de
histórico-cultural) é o que compromete a unidade do homem com a natureza. Com
relação ao conceito de Piedade o que dá ânimo é o gérmen das implicações
antropológicas; em outros termos, a piedade pelo outro, ver o outro, senti-lo. Mas,
permanecem as perguntas: O que o forçou a sair do seu estado de natureza? Foi o amor
físico? O amor próprio? O amor moral? Em suma, as concepções de amor e suas
implicações éticas, nesse contexto, revelam um instigante caminho para a antropologia
de Rousseau.
Referências
ROUSSEAU, J-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Coleção Os Pensadores).
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