Revisão sobre o pensamento de Auguste Comte, Émile Durkheim e Max

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SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA:
Ocorreu após as grandes transformações iniciadas no séc. XVII com o declínio do conhecimento religioso e a
constituição de uma nova forma de conhecimento – o conhecimento científico. No séc. XVIII duas grandes revoluções
(a Revolução Francesa e a Revolução Industrial) consolidam estas mudanças (que caracterizam a passagem da sociedade
feudal para a sociedade capitalista) iniciando um novo período marcado pelo cientificismo e pela racionalidade. No séc.
XIX com a eclosão de graves problemas sociais e uma maior visibilidade das desigualdades sociais surge o “social”
enquanto um problema a ser investigado e analisado, buscando a reorganização da vida social.
Isto se constituiu num grande desafio para os cientistas da época:
“Os primeiros sociólogos construíram conceitos voltados para a tentativa de interpretar por
critérios científicos a realidade social. Esse foi o primeiro embate vivido por tal ciência, que é uma
das marcas centrais do mundo ocidental moderno, uma vez que o passo a ser dado implicava
superar, por meio da razão, os ditames colocados pelos ensinamentos do senso comum, que até
então dominavam a maior parte das interpretações e explicações sobre o sentido da ação coletiva
humana”. (FERREIRA, 2001,pág. 32)
Os estudos clássicos de Sociologia enfatizavam ou a ação individual ou a ação coletiva. Weber prilegia o papel ativo do
indivíduo na escolha das ações sociais, enquanto Durkheim enfatiza o papel da sociedade e de suas instituições e outros
autores ressaltam a importância ao conjunto das práticas que definem as próprias relações sociais entre indivíduo e
sociedade (Karl Marx). É o que veremos mais detalhadamente a seguir.
A Sociologia constitui-se numa forma de conhecimento, uma ciência. Mas afinal o que é a Sociologia?
“é o estudo científico das interações de indivíduos e grupos, orientadas por significados
intermentais, principalmente aqueles significados derivados da cultura, em função de objetivos e
interesses específicos para cada situação social” (Villa Nova, 2000, pág. 195).
REVISÃO SOBRE O PENSAMENTO DE AUGUSTE COMTE, ÉMILE DURKHEIM E MAX WEBER
A SOCIEDADE E A SOCIOLOGIA
AUGUSTE COMTE
Para Comte a sociedade européia estaria
passando por uma crise moral, resultante do
confronto entre a antiga ordem feudal e a
nova ordem capitalista. Para ele, o consenso
social, que configurado através dos modos de
pensar, das representações de mundo e das
crenças estava sendo desagregado. Sendo
necessária a criação de uma nova ciência
“positiva” (a Física Social) que deveria
estudar e compreender as relações sociais
para intervir diretamente na ordem social, no
sentido de acelerar e otimizar o seu
desenvolvimento (progresso).
A sociologia deveria inspirar-se nos
paradigmas das ciências naturais para
explicar a sociedade. Suas principais
influências foram Herbert Spencer (18201903), Saint Simon (1760-1825) - do qual foi
discípulo - e a teoria da evolução das espécies
e da seleção natural de Charles Darwin.
ÉMILE DURKHEIM
Ainda nos moldes do positivismo,
influenciado pelas teorias de Herbert Spencer
(1820-1903) e Alfred Espinas (1844-1922),
Durkheim acreditava que a função da
sociologia seria garantir a ordem social,
através do estabelecimento de uma nova
moral (a moral científica).
A sociedade seria constituída pela
consciência coletiva que seria coercitiva,
exterior e estaria acima das consciências
individuais. Portanto, o indivíduo social seria
produto da sociedade. Ela é descrita, assim
como em Comte, como um organismo em
adaptação, seguindo estágios diferenciados
em busca da evolução. Possuindo fenômenos
normais e patológicos. Nota-se ainda uma
forte influência das ciências naturais, em
especial a Biologia, na explicação dos fatos
sociais.
A sociologia deveria explicar os códigos de
funcionamento da sociedade, intervindo em
seu funcionamento aplicando “antídotos” que
diminuíssem os males da vida social
(medicina social).
MAX WEBER
Max Weber, através de sua metodologia
inovadora, diferencia-se bastante dos
positivistas - cuja inspiração foi buscar em
Wilhelm Dilthey (1833-1911). Para ele, a
Sociologia não deveria explicar os fenômenos
e sim compreendê-los, visto que a sociedade
não estaria submetida a leis imutáveis mas
seria constituída pela contínua ação social dos
indivíduos.
A sociedade seria então um “eterno fluir”, um
eterno movimento propiciado pela ação social
dos indivíduos. A sociedade não paira sobre
os indivíduos e nem lhes é superior. As regras
e normas são resultados de um complexo de
ações individuais, nas quais os indivíduos
escolheriam diferentes formas de conduta.
As grandes idéias coletivas que norteiam a
sociedade, como o Estado, o mercado e as
religiões, só existiriam porque muitos
indivíduos orientariam reciprocamente suas
ações em determinado sentido comum.
A teoria weberiana privilegia a ação social do
indivíduo dotada de sentido e a toma como
base para a compreensão da vida social.
METODOLOGIA UTILIZADA E A FUNÇÃO DO CIENTISTA SOCIAL
AUGUSTE COMTE
A sociologia deveria adotar os paradigmas do
método positivo das ciências naturais:
observação dos fenômenos, descrição das
regularidades e estabelecimento de leis
gerais, desenvolvendo leis úteis para o
desenvolvimento social.
A função dos cientistas sociais seria a de
estabelecer uma nova moral para substituir a
antiga moral religiosa. A moral científica
seria a responsável pela garantia da ordem
social que levaria ao progresso da sociedade
(estado positivo)
ÉMILE DURKHEIM
A Sociologia deveria ter princípios claros e
precisos para constituir-se enquanto ciência.
Para isso, em seu livro As Regras do Método
Sociológico (1897) ele estabelece o objeto de
estuda da sociologia (o fato social), suas
características e as regras para que fossem
analisados.
O interesse era a compreensão do
funcionamento das formas padronizadas de
conduta (consciência coletiva) por esta razão
a teoria durkheimiana também pode ser
chamada de funcionalista
O comportamento do cientista social deveria
ser de distanciamento e sua posição, de
neutralidade em frente aos fatos sociais. Esta
atitude garantiria a objetividade da sua
análise. Cabe ao cientista social a observação,
medição e a comparação dos fenômenos
sociais.
MAX WEBER
A Sociologia deveria buscar a compreensão
do sentido dada pelos indivíduos às ações
sociais, por esta razão a sociologia weberiana
ficou
conhecida
como
Sociologia
Compreensiva ou Sociologia da Ação Social.
Seu método baseava-se na pesquisa histórica
(do ponto de vista comparativo) e na
construção de tipos ideais.
Os tipos ideais seriam construções teóricas
(não existindo em forma pura na sociedade)
que auxiliariam o cientista social no processo
de compreensão dos sentidos da ação social.
Para Weber não é possível uma total
neutralidade do cientista social, pois todo
cientista age guiado por seus motivos, sua
cultura e sua tradição. Os fatos sociais, por
sua vez, não podem ser encarados como
coisas e sim como acontecimentos que o
cientista percebe e tenta desvendar.
Entretanto, ele também considera necessária
uma postura que distancie o pesquisador do
seu objeto de estudo, o que é alcançado
através da escolha de um quadro teórico
(metodológico) que ditará as regras que o
cientista deve seguir garantindo a
objetividade do conhecimento científico.
PRINCIPAIS CONCEITOS E CONTRIBUIÇÕES
AUGUSTE COMTE
Lei dos três estados: teológico, metafísico e
positivo.
Sociologia Estática e Sociologia Dinâmica
Elaboração dos principais conceitos do
positivismo: evolucionismo, organicismo e
darwinismo social.
Religião positivista
Contribuiu na constituição de uma ciência
voltada para o social enquanto problema,
embora não tenha desenvolvido pesquisas
empíricas e tenha se concentrado numa
reflexão filosófica sobre a questão.
ÉMILE DURKHEIM
Definição de fato social (objeto da
sociologia) e suas características: coerção
social, exterioridade e generalidade.
A divisão dos fatos sociais em normais e
patológicos, buscando o ordenamento social,
a coesão social (visão organicista da
sociedade).
Conceito de consciência coletiva e
consciência individual.
Morfologia social: solidariedade mecânica e
solidariedade orgânica.
A sociedade moderna como resultado de
sociedades mais simples, sem divisão do
trabalho sócias, como a horda
(evolucionismo)
Definição dos limites e das diferenças entre a
particularidade a natureza dos acontecimentos
filosóficos, históricos, psicológicos e
sociológicos.
Criação da sociologia enquanto ciência com
procedimentos metodológicos claros e
inovadores
Uso da matemática estatística e da integração
entre as análises qualitativa e quantitativa
MAX WEBER
Definição da ação social (objeto da
sociologia)
Tipos de ação social: ação racional com
relação a objetivo, ação racional com relação
a valor, ação afetiva e ação tradicional.
Definição de poder e classificação dos tipos
de dominação legítimas: dominação
tradicional, dominação carismática e
dominação racional.
A constatação da crescente racionalização da
sociedade moderna leva-o a desenvolver a
relação entre a ética protestante e o espírito
do capitalismo (título de uma de suas obras) e
a definição da dominação burocrática e da
burocracia.
Busca da análise histórica e da compreensão
qualitativa para a compreensão dos processos
históricos e sociais.
Descoberta da subjetividade na ação e na
pesquisa social
Desenvolveu uma forma de análise específica
para as ciências sociais, difereciando-a das
formas utilizadas nas ciências exatas e da
natureza.
Desenvolveu trabalhos na área de história
econômica, buscando as leis de
desenvolvimento das sociedades.
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