A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL DE GIRO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO CATEGORIA: ( X ) Graduação ( ) Pós-Graduação RESUMO O artigo evidencia a importância da gestão do capital de giro nas organizações, bem como a abordagem conceitual e apresentação dos elementos relacionados à temática de maneira a facilitar o entendimento do conteúdo proposto. A metodologia utilizada na pesquisa foi por meio de um estudo exploratório, através de pesquisas bibliográficas. O objetivo da pesquisa é demonstrar aos gestores, acadêmicos e pesquisadores a importância e a eficiência de uma boa gestão do capital de giro nas empresas. Por ser uma ferramenta complexa e dinâmica, influenciada por fatores internos e externos, muitos administradores possuem certa dificuldade no controle e utilização desse instrumento. Fundamentado nisso o artigo demonstra alguns pontos positivos e negativos que as empresas podem ter relacionados ao gerenciamento do capital de giro, pois como foi retratada na pesquisa uma boa administração do capital giro produz uma base de crescimento sólida para as organizações, visto que qualquer que seja a operação realizada na empresa de alguma maneira estará associada a essa ferramenta. Palavras-chave: Capital de Giro. Ciclo Operacional. Fluxo de Caixa. 2 1 INTRODUÇÃO Em um mercado altamente competitivo no qual as organizações estão inseridas, desde a concorrência de um mercado sem fronteiras, até a qualidade e gestão de seus produtos para satisfação de seus clientes, é necessário dentre outros fatores, uma excelente gestão do capital de giro das empresas. Cabe ressaltar que há diversos elementos envolvidos no contexto de capital de giro, o tornando um tanto complexo, no entanto extraordinariamente eficiente. Fatores vivenciados pela empresa como alta carga tributária, instabilidade econômica, e principalmente o custo exorbitante para financiamento do capital de giro, motivam a preocupação dos gestores e o sofrimento das empresas. Contudo uma boa gestão do capital de giro, podem não evitar a preocupação dos gestores no sentido de aprimorar o gerenciamento dessa ferramenta, entretanto pode conter o sofrimento da empresa frente suas obrigações cotidianas. Segundo pesquisas do SEBRAE (2014) realizadas com o propósito de desvendar a causa da mortalidade das empresas, contatou-se que 39% dos empreendedores não sabiam qual era o capital de giro necessário para abrir o negócio, ainda 55% dos pesquisados não elaboraram um plano de negócios. Nesse sentido Biagio (2005, p. 9) comenta que: Não existe um tamanho ou uma composição ideal de um plano de negócios. Cada empresa deve procurar o que melhor lhe convém, de acordo com seus objetivos e a utilização do plano de negócios. É importante manter uma seqüencia lógica que permita a qualquer leitor entender a organização da empresa, seus objetivos, seus produtos e serviços, seu mercado, sua estratégia de marketing e sua situação financeira. (BIAGIO, 2005, P. 9). É importante ressaltar que esses fatores evidenciados por Biajo, são fundamentais para uma boa gestão das empresas, e principalmente do seu capital de giro, pois nesse contexto de competitividade, todo conhecimento sobre os elementos envolvidos na rotina da empresa podem ser considerado como diferencial nas tomadas de decisões. Fundamentado nisso temse a dimensão da ferramenta capital de giro e sua importância nas organizações. Justifica o presente artigo a necessidade dos gestores compreenderem melhor as variáveis envolvidas na administração do capital de giro das empresas, como também os indicadores disponíveis para obterem informações na tomada de decisão. Além disso, evidenciar os elementos importantes e necessários na utilização dessa ferramenta para obtenção de melhores resultados. Aos acadêmicos a pesquisa servirá como base para futuras pesquisas relacionadas ao tema, bem como orientar e aprimorar o conhecimento na temática e nas ferramentas apresentadas. Dispõe, além disso, aos acadêmicos o estimulo a pesquisa e o interesse no relacionamento junto ao conteúdo proposto. Para o pesquisador, o estudo proporcionará a oportunidade de aprofundamento na temática proposta, tendo em visa a possibilidade da analise e exploração sistemática dos elementos envolvidos ao tema. Ainda, destaca-se a chance de aprimoramento nas ferramentas de gestão das empresas. O objetivo da pesquisa é demonstrar aos gestores, acadêmicos e pesquisadores a importância e a eficiência de uma boa gestão do capital de giro nas empresas, de maneira a facilitar o entendimento dos elementos envolvidos no gerenciamento dessa ferramenta de gestão. São também objetivos da pesquisa, abordar o conceito de capital de giro; apresentar os elementos compreendidos na gestão do capital de giro; e evidenciar as decisões financeiras associadas ao capital de giro. 3 2 METODOLOGIA Sobre a metodologia da pesquisa, Gil (2002, p. 162) comenta que “nesta parte, descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa.” Neste sentido afirma ainda que “Sua organização varia de acordo com as peculiaridades de cada pesquisa”. Partindo desse pressuposto Marconi e Lakatos (2003, p. 83) evidenciam sobre a dimensão e a importância da utilização dos métodos científicos em uma pesquisa: O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 83). Diante dessas atividades sistemáticas e racionais proposta por Marconi e Lakatos, bem como o resultado desses métodos, Gil (2002) sugere informações sobre os aspectos, do tipo da pesquisa, da população e amostra, da coleta de dados e da análise dos dados. Quanto à tipologia da pesquisa, consiste em um estudo exploratório, que é exemplificado pela perspectiva de Cervo, Bervian, Silva (2007, p. 62) com a seguinte característica: A pesquisa exploratória realiza as descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre seus elementos componentes. Esse tipo de pesquisa requer um planejamento bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um problema ou de uma situação. (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 62). Em se tratando do ambiente da pesquisa, onde estabelece o local de desenvolvimento do estudo, considera-se uma pesquisa bibliográfica, que na interpretação de Severino (2000, p. 39) essa natureza de pesquisa: Constitui um acervo de informações sobre livros, artigos e demais trabalhos que existem sobre determinados assuntos, dentro de uma área do saber. Sistematicamente feito, proporciona ao estudante rica informação para seus estudos. (SEVERINO, 2000, p. 39). Em relação à abordagem, a pesquisa é considerada qualitativa, pois segundo Raupp e Beuren (2008, p. 92) “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”. Ainda, os autores consideram que a abordagem quantitativa “torna-se relevante à medida que etiliza de instrumentos estatísticos desde a coleta, até a análise e o tratamento dos dados”. 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 CAPITAL DE GIRO O Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL) segundo Neto e Martins (2010, p. 10) “se refere aos recursos de uma empresa necessários para financiar suas necessidades operacionais, fechando o seu ciclo de produção (compra de matéria-prima – vendas)”. Nesse sentido Assaf Neto e Lima (2014, p. 646) colaboram que: 4 O capital de giro corresponde aos ativos circulantes mantidos por uma empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, o qual engloba necessidades circulantes identificadas desde a aquisição de matérias-primas até a venda e o recebimento dos produtos elaborados. (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 646). Para facilitar o entendimento da colocação dos autores, segue o quadro abaixo demonstrado o fluxo do capital de giro nas organizações. Quadro 1: Fluxo do Capital de Giro Recursos aplicados no ativo circulante Estoque de Materiais Disponível Realizável Venda a vista Venda a prazo Estoque de produtos acabados Produção Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Lima (2014, p. 647). Fundamentado no quadro acima, é possível verificar que os recursos contidos no disponível da empresa são aplicados na produção da empresa, divididos em compra de materiais e demais custos da produção. Na produção inicia-se um ciclo de retorno desses investimentos, onde os recursos seguem para o estoque de produtos acabados. No momento em que são vendidos esses produtos, uma parte desses recursos volta imediatamente ao caixa da empresa, através das vendas a vista, a outra parte desses recursos, as vendas a prazo ficam aguardando sua realização. Dessa maneira, o ciclo do fluxo de caixa se inicia novamente, em um processo contínuo. Nesse sentido Ching, Marques, Prado (2007, p. 165) colocam que o: Capital de Giro são os recursos para operacionalizar a empresa. Para realizar seus negócios, a empresa necessita comprar mercadorias e materiais, estocar e vender (à vista e a prazo) e receber o dinheiro das vendas. Nesse meiotempo, ela terá que pagar fornecedores, funcionários, aluguel, contas de luz e telefone do estabelecimento etc. Seus elementos incluem disponível, contas a receber, estoques, fornecedores e contas a pagar em geral. (CHING; MARQUES; PRADO; 2007, p. 165). 5 Em se tratando desses custos de produção e despesas, fatores que demandam os recursos disponíveis da empresa, segue o quadro abaixo evidenciando alguns dentre vários custos e as despesas gerais que ocorrem em uma empresa. Quadro 2: Custos de Produção e Despesas Gerais CUSTOS DE PRODUÇÃO Variáveis Pessoal e Encargos Matérias-primas e insumos Subcontratações Transportes de insumos Consumo de energia elétrica Combustíveis Peças de reposição Fixos por turno Pessoal e encargos Serviços terceirizados Fixos Pessoal e encargos Seguros Serviços terceirizados Demanda de energia elétrica Reinvestimento em tecnologia DESPESAS GERAIS Variáveis Comissões de vendas Impostos variáveis Transportes de entrega Fixas Pessoal e encargos Custos administrativos Impostos Fixos Serviços terceirizados Fonte: Adaptado de Filho e Kopittke (2010, p. 191). Diante dos custos e despesas demonstrados no quadro acima, tem-se a necessidade de uma boa gestão do capital de giro, pois as organizações dependem destes elementos para geração de receitas. Cabe ressaltar que quando a empresa não consegue liquidar esses compromissos, como por exemplo, o pagamento de um fornecedor de matéria-prima, começa a prejudicar o ciclo operacional da empresa. Groppelli e Nikbakh (2006) evidenciam três diferentes políticas de financiamento na administração do capital de giro, sendo a política muito conservadora, a política muito conservadora e a política agressiva. 6 Quadro 3: Abordagens de Financiamento Ativos Circulantes Política muito conservadora $ C B Ativos circulantes flutuantes Nível mínimo dos ativos circulantes Ativos fixos O Prazo OB = Exigível a longo prazo + Patrimônio Líquido BC = Passivo Circulante Ativos Circulantes Política conservadora $ C B Nível mínimo dos ativos circulantes Ativos fixos O Prazo OB = Exigível a longo prazo + Patrimônio Líquido BC = Passivo Circulante Ativos Circulantes Política agressiva $ C B Nível mínimo dos ativos circulantes Ativos fixos O Prazo OB = Exigível a longo prazo + Patrimônio Líquido BC = Passivo Circulante Fonte: Adaptado de Groppelli e Nikbakht (2006, p. 336). O quadro acima demonstra as características de cada uma das abordagens sugeridas por Groppelli e Nikbakh (2006), onde é possível verificar que na política muito conservadora a maior parte do capital de giro é financiado por meio dos empréstimos a longo prazo e patrimônio líquido. Na visão dos autores “o custo desse tipo de financiamento pode ser alto, porem o risco de ficar sem caixa é mínimo”. Na abordagem conservadora o financiamento do capital de giro ocorre também em sua maioria por empréstimos a longo prazo e patrimônio líquido, porem as necessidades sazonais são financiadas por meio de empréstimos a curto prazo. Na abordagem agressiva a maior parte do financiamento do capital de giro ocorre por meio de dívidas de curto prazo. As necessidades do financiamento de capital de giro de uma empresa na perspectiva Souza Neto e Martins (2010, p.14) se dividem em permanentes e sazonais. As “necessidades permanentes são aquelas que se constituem de ativos circulantes mantidos pelas organizações 7 em níveis mais baixos dos ciclos”, e as “necessidades sazonais ou temporárias são os ativos circulantes que variam sazonalmente em uma empresa”. Hoji (2009) separa as fontes de financiamentos do capital de giro por onerosas e não onerosas. Na visão do autor, as fontes onerosas são aquelas que possuem encargos financeiros nas suas operações ou contratações, e as fontes não onerosas são aquelas decorrentes das operações normais da empresa. Segue abaixo o quadro demonstrando algumas das fontes de financiamento existentes para uma empresa. Quadro 4: Fontes de Financiamento Lucros Retidos Empréstimo Bancário Outras Emissão de Títulos Recursos de Terceiros Outras Internas Fontes Externas Recursos Próprios Capital Acionário Fonte: Adaptado de Neves Filho e Lucena (2009, p. 3). Embasado no quadro acima é possível verificar detalhadamente que as fontes de financiamentos do capital de giro de uma organização dividem-se em duas partes, as fontes internas e as fontes externas. No sentido de resumir as etapas das fontes de financiamento de uma empresa, Silva (2012) salienta que esses recursos provêm de três situações: Venda de participações; Lucros gerados pela empresa; e Dívidas com terceiros. 3.2 CICLO OPERACIONAL O Ciclo Operacional de uma organização é considerado na visão de Assaf Neto e Lima (2014, p. 646) como “o período identificado desde a compra de matéria-prima (ou mercadoria) até a venda de e o recebimento do produto vendido”. No intuito de facilitar o entendimento segue o quadro abaixo. 8 Quadro 5: Ciclo Operacional Compra Vende Paga Recebe Prazo médio de rotação dos estoques Prazo médio de recebimento das vendas Prazo médio de pagamento das compras Ciclo financeiro CICLO OPERACIONAL T1 T2 T3 T4 Fonte: Adaptado de Silva (2012, p. 255). É possível verificar no quadro acima que o ciclo operacional compreende quatro etapas, sendo a compra, a venda, o pagamento e o recebimento. Dentro dessas etapas contem o prazo médio de rotação dos estoques, o prazo médio de pagamento das compras, o prazo médio de recebimento das vendas e o ciclo financeiro, formando assim o ciclo operacional de uma organização. O Ciclo Operacional de uma empresa na visão de Gitman (2010, p. 549) “abrange duas principais categorias de ativo de curto prazo: estoques e contas a receber”. Certifica ainda que “é medido em tempo corrido por meio da soma da idade média do estoque (IME) e do prazo médio de recebimento (PMR)”. Santos (2009, p. 16) pontua que a “duração de cada fase integrante do ciclo operacional tem influência sobre o volume de recursos financeiros consumidos ou imobilizados na operação da empresa”. Partindo desse pressuposto é possível verificar que na visão do autor “uma empresa com ciclo operacional longo tem maior necessidade de capital de giro”. Segue o quadro abaixo demonstrando o modelo para cálculo do ciclo operacional de uma empresa. Quadro 6: Modelo de Cálculo do Ciclo Operacional Rotação (ou giro) dos estoques = Custo da mercadoria vendida Estoque médio Prazo médio de rotação do estoque = Período em análise Rotação dos estoques Prazo médio do recebimento das vendas = Período (dias) X Duplicatas a receber Vendas Prazo médio de pagamento das compras = Período (dias) X Fornecedores Compras Fonte: Adaptado de Rasoto, et al (2012, p.22). 9 Através dos cálculos apresentados no quadro acima é possível obter as informações necessárias para identificar o ciclo operacional de uma organização. O resultado é possível, pois Silva (2012) comenta que o ciclo operacional é o resultado da soma do período T1 ao período T4, ou seja, a soma da data da compra da mercadoria até o recebimento da venda dessa mercadoria conforme demonstrado no quadro n. 5. 3.3 FLUXO DE CAIXA O Fluxo de Caixa é uma ferramenta extraordinariamente importante nas organizações ao ponto que Gitman (2004, p. 84) estabelece que esse fluxo é como “o sangue da empresa, é o tema da preocupação básica do administrador financeiro, tanto na gestão das finanças no dia-a-dia quanto no planejamento e nas tomadas de decisões estratégicas voltadas para a criação de valor para o acionista”. Além de causar preocupações nos administradores financeiros, comentado por Gitman, o fluxo de caixa é um tema que segundo Figueiredo e Caggiano (2008) também interessam muito aos investidores, pois é uma ferramenta fundamental para mensuração do caixa gerado pelos ativos. Neste ponto é importante ressaltar que o autor aponta que o “objetivo de um negócio é também a maximização da riqueza dos acionistas”. Brasil e Brasil (2002, p. 21) resume que o fluxo de caixa é “a diferença entre as entradas e as saídas de dinheiro provenientes das vendas e consumidas nas operações, respectivamente”. Diante disso é importante considerar a orientação de Santos e et al. (2008) de que não é suficiente a empresa obter lucro líquido, se não obtiver um fluxo de caixa adequado para atingir seus objetivos. Cabe ressaltar que o lucro ou prejuízo do exercício de uma organização são apresentados através da demonstração de resultado do exercício, relatório financeiro que segundo Blatt (2001) é elaborado por regime de competência e demonstra o resultado econômico da empresa. Desse modo o resultado produzido pela demonstração de resultado do exercício será diferente do resultado produzido pelo fluxo de caixa da empresa. Padoveze e Taranto (2009) separa o fluxo de caixa em três grandes eixos: o fluxo operacional; o fluxo de investimento; e o fluxo de financiamento. Neste sentido Jiambalvo (2009, p. 415) colabora que as atividades operacionais “se referem aos fluxos de caixa relacionados com a produção e a entrega de produtos e de serviços”, ou seja, as operações relacionadas à atividade da empresa. Em relação às atividades de investimentos Marion (2012) comenta que são operações de aquisições ou vendas de ativos permanentes, de participações societárias em outras organizações, e de ativos imobilizados empregados pela empresa em sua atividade produtiva, na prestação de serviços ou para manutenção do próprio negócio. Padoveze (2010) aponta que as atividades de financiamento estão relacionadas às fontes de recursos da organização, bem como empréstimos e financiamentos. Diante disso quando há entrada de recursos considera-se a captação de empréstimos, financiamentos ou a integralizações de capitais e na saída de recursos considera-se a amortização dos empréstimos, financiamentos ou a remuneração dos sócios e acionistas da empresa. Fundamentado no entendimento dos autores, segue abaixo o quadro n. 7 demonstrando o modelo das operações que podem ocorrem em um Fluxo de Caixa. 10 Quadro 7: Fluxo de Caixa (1) Fluxos Operacionais Mão-de-obra Matériasprimas Salários Contas a pagar (2) Fluxos de Investimento Pagamento provisionado Pagamento de compras a crédito Compras Ativo fixo Vendas Depreciação Produto em processo Despesas gerais Participação Produto acabado Compras Vendas Despesas operacionais (incluindo depreciação e juros) Caixa e títulos negociáveis (3) Fluxos de Financiamento Empréstimo Imposto de renda Pagamento Restituição Restituição Vendas Vendas à vista Exigível (curto e longos prazo) Venda de ações Recompra de ações Patrimônio Pagamento de dividendos em dinheiro Contas a receber Cobrança de vendas a crédito Fonte: Adaptado de Gitman e Madura (2003, p. 251). É possível verificar no quadro acima as três atividades comentada pelos autores bem como as operações que podem ocorrer em cada uma delas. Diante disso pode ser observado que, de certa forma seja qual for à operação realizada pelos gestores da empresa provocará um impacto no caixa. Para elaboração de uma Demonstração dos Fluxos de Caixa Ribeiro (2012) argumenta que há dois métodos que podem ser adotados: O método direto e o método indireto. Neste sentido Reis (2006) comenta que o método direto é fundamentado no regime de caixa, ou seja, evidencia todas as operações relacionadas aos pagamentos e recebimentos do período. Segue abaixo o quadro n. 8 evidenciando o modelo de fluxo de caixa pelo método direto. 11 Quadro 8: DFC Método Direto FLUXOS OPERACIONAIS Recebimento de Vendas (-) Pagamento das Compras (-) Pagamento de Despesas Caixa Líquido das Atividades Operacionais FLUXOS DE INVESTIMENTOS Compra de Terrenos Caixa Líquido das Atividades de Investimentos FLUXOS DE FINANCIAMENTO Pagamento de Dividendos Pagamento de Empréstimos a LP Caixa Líquido das Atividades de Financiamentos AUMENTO/REDUÇÃO DE CAIXA SALDO INICIAL DE CAIXA SALDO FINAL DE CAIXA Fonte: Adaptado de Iudícibus e Marion (2010, p. 269). R$ X X X XX X XX X X XX XX XX XX O método direto demonstra como pode ser visto no quadro n. 8, o fluxo do dinheiro no período, pois apresenta todo recurso obtido pela empresa no recebimento dos clientes. A partir desses recebimentos são apresentadas as deduções das despesas nas atividades operacionais, dos investimentos nas atividades de investimentos e da amortização dos empréstimos e financiamentos nas atividades de financiamentos. Iudícibus e Marion (2010) comentam que o método indireto o lucro líquido ou prejuízo da empresa é ajustado pelas operações que não envolvem caixa, e as receitas ou despesas relacionadas às atividades de investimento ou atividades de financiamento. Segue abaixo o quadro n. 9 demonstrando o modelo de fluxo de caixa elaborado pelo método indireto. Quadro 9: DFC Método Indireto FLUXOS OPERACIONAIS Resultado Líquido (+) Depreciação Aumento/Redução de Duplicatas a Receber Aumento em Duplicatas Descontadas Aumento em Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa Aumento/Redução em Estoques Aumento/Redução com Fornecedores Redução de Salários a Pagar Outros Caixa Líquido das Atividades FLUXOS DE INVESTIMENTOS Pagamento na Compra de Imobilizado Recebimento pela Venda de Imobilizado Outros Caixa Líquido de Investimentos FLUXOS DE FINANCIAMENTO Integralização de Aumento de Capital Amortização de Empréstimos e Financiamentos Recebimento/Pagamento de Dividendos Novas Captações de Empréstimos e Financiamentos Outros Caixa Líquido de Financiamentos AUMENTO/REDUÇÃO DE CAIXA SALDO INICIAL DE CAIXA SALDO FINAL DE CAIXA Fonte: Adaptado de ASSAF NETO (2012, p. 98). R$ X X X X X X X X X XX X X X XX X X X X X XX XX XX XX 12 No método indireto como é possível verificar no quadro n. 9, leva ao resultado líquido do período, porem segundo Silva (2012, p. 478) “com menos riqueza de informação”. Essa afirmação se deve ao fato de que não há informações sobre as receitas obtidas e as despesas pagas no período. Com base nos métodos apresentados para elaboração do fluxo de caixa, é possível verificar o potencial dessa ferramenta no controle dos recursos de uma empresa. Diante disso é importante que os gestores tenham domínio dessa ferramenta para uma boa gestão do capital de giro. Desse modo a gestão do capital de giro é extremamente importante, uma vez que trabalha com os recursos financeiros das empresas, recursos imprescindíveis na sustentação dessas organizações, e que são limitados. Sendo assim compreender essa ferramenta de gestão é fundamental, portanto deve ser considerada pelos gestores. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista a importância do capital de giro nas organizações, bem como sua complexidade, pois como colabora Assaf Neto (2012) o comportamento do capital de giro é extremamente dinâmico, fator que exige das organizações modelos ágeis e eficientes de controle, para evitar recursos mal direcionados podendo comprometer a rentabilidade ou até mesmo a solvência da empresa. Fundamento nesse pensamento, os gestores além de ter a necessidade de uma excelente gestão do capital de giro, devem estar atentos às mudanças que ocorram no mercado, no sentido de aprimorar essa ferramenta de gestão. Cabe ressaltar que como foi apresentado, há diversos fatores envolvidos no gerenciamento do capital de giro, estimulando os gestores a entenderem cada um deles para melhor aproveitamento desse instrumento. As organizações sofrem muito quando se trata dessa ferramenta, pois como afirma Matarazzo (2003, p. 363) “muitas empresas vão à falência por não saberem administrar seu fluxo de caixa”. A partir disso o fluxo de caixa da empresa pode ser considerado uma ferramenta de controle extremamente importante. Conclui-se, diante disso, que a empresa que consegue compreender o gerenciamento do capital de giro consegue manter suas atividades de uma forma saudável, pois com certeza terá o cumprimento de suas obrigações com fornecedores, funcionários, tributos e outras obrigações em dia. É importante que com essa ferramenta também seja possível identificar situações de necessidade de tomada de empréstimo, apontando as melhores formas de contratá-los. 13 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômicofinanceiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de administração financeira. 3. ed. 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