prevalência de infecções do trato urinário em pacientes atendidos

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PREVALÊNCIA DE INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO EM PACIENTES
ATENDIDOS EM UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DA CIDADE DE
CAETITÉ-BA
Danielle de Oliveira Donato1
Danyane Viana Prado1
Fabiana Porto Silva1
Giane Karla Souza Oliveira1
Raiomara de Souza Lima1
Vera Ribeiro Dias de França1
Tarcísio Viana Cardoso2
Lílian Kirdeika Martins3
RESUMO: Entende-se por infecção do trato urinário (ITU) a invasão e multiplicação
de microrganismos nos rins e nas vias urinárias, levando a uma bacteriúria
sintomática ou assintomática. Segundo Heilberg et al. (2003) concordante com
Amorim et al. (2009) e Koch et al. (2003) a ITU é uma patologia extremamente
frequente, que ocorre em todas as idades, do neonato ao idoso. Na vida adulta, a
incidência de ITU se eleva predominantemente no sexo feminino, relacionado à
atividade sexual, durante a gestação ou menopausa. O objetivo desse trabalho se
fundamentou na investigação da prevalência de ITU em pacientes atendidos no
referido laboratório, verificando a positividade das uroculturas, sexo e idade dos
pacientes atendidos assim como os principais microorganismos causadores de ITU.
Esse estudo é descritivo, documental e retrospectivo de abordagem quantitativa. Os
dados foram coletados de prontuários de pacientes atendidos entre agosto de 2011
e agosto de 2012 em um determinado laboratório de análises clínicas da cidade de
Caetité - Bahia. Dentre os 205 prontuários selecionados, 25% (51) apresentaram
crescimento bacteriano na urocultura. A maior incidência de positividade das
culturas ocorreu em pacientes do sexo feminino correspondendo a 85% (43) dos
casos, e 15% (8) das uroculturas positivas acometeram pacientes do sexo
masculino. Maiores percentuais de positividade ocorreram em pacientes com idades
entre 21 e 40 anos, seguidos de 61 a 80 anos. A pesquisa apontou como principal
causador de ITU a Escherichia coli, responsável por 62,70% dos casos de ITU
1
Graduandas do Curso de Bacharelado em Biomedicina da Faculdade Guanambi.
Fisioterapeuta, Especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Tecnologia e Ciências de Vitória
da Conquista. Graduando do Curso de Especialização em Docência do Ensino Superior do Programa
de Pós-graduação e Extensão da Faculdade Guanambi. Docente da Faculdade Guanambi.
3
Bióloga e Biomédica. Pós-Graduada em Latu Senso em Análises Clínicas pela Faculdade de Saúde
Ibituruna - FASI; Docente da Faculdade Guanambi.
2
estudadas, seguido da Klebsiella pneumoniae e Staphylococcus saprophyticus,
confirmando assim outros artigos já publicados.
Palavras-chave: Diagnóstico. Infecção Urinária. Microorganismos.
PREVALENCE OF URINARY TRACT INFECTION IN PATIENTS SERVED IN
A LABORATORY OF CLINICAL ANALYSIS FROM CAETITÉ-BAHIA
ABSTRACT: Means for urinary tract infection (UTI) the invasion and
multiplication of microorganisms in the kidneys and the urinary, leading to
symptomatic or asymptomatic bacteriuria. According to Heilberg et al. (2003),
consistent with Amorim et al. (2009) and Koch et al. (2003) The ITU is an extremely
common condition that occurs in all ages, from newborns to the elderly. In adulthood,
the incidence of UTI rises predominantly in females, with peaks greater involvement
in early sexual activity or related to, during pregnancy or menopause. The aim of this
work was based on research on the prevalence of UTI in patients treated in the
laboratory by checking the positivity of urine cultures, sex and age of patients seen
as the major causative organisms of UTI. This study is descriptive, retrospective
documentary and quantitative approach. Data were collected from medical records of
patients treated between August 2011 and August 2012 in a laboratory of clinical
analyzes from Caetité-Bahia. Among the 205 selected medical records, 25% (51)
had bacterial growth in urine culture. The highest incidence of positive cultures
occurred in female patients accounting for 85% (43) of the cases, and 15% (8) of
positive urine cultures affected patients were male. Highest positivity occurred in
patients aged between 21 and 40 years, followed by 61 to 80 years. The research
pointed as the main cause of UTI the Escherichia coli, responsible for 62,70% of
cases of UTI studied, followed by Klebsiella pneumoniae and Staphylococcus
saprophyticus, thus confirming other articles previously published.
Keywords: Diagnosis. Microorganisms. Urinary tract infection.
INTRODUÇÃO
A infecção do trato urinário (ITU) é uma das principais infecções bacterianas
que acomete o ser humano e ocorre em todas as idades, do neonato ao idoso.
Durante o primeiro ano de vida, devido ao maior número de malformações
congênitas, especialmente válvula de uretra posterior, acomete preferencialmente o
sexo masculino. A partir desse período, durante toda a infância e principalmente na
fase pré-escolar, as meninas são mais acometidas por ITU que os meninos.
Segundo Bona et al. (2010) as infecções que acometem o trato urinário (ITU)
pertencem ao grupo dos quatro tipos mais freqüentes de infecções, sendo
caracterizadas pela invasão de microrganismos em qualquer tecido da via urinária.
Essas podem ser divididas em inferior, onde a presença de bactérias se limita à
bexiga (cistite), e do trato superior (pielonefrite), que se define como aquela que
afeta a pélvis e o parênquima renal.
Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva e o predomínio no sexo feminino
se mantém, com picos de maior acometimento no inicio da menarca ou relacionado
à atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa. Heilberg et al. (2003) e
Brandino et al. (2007). Em contrapartida, Hedman e Ringertz, mostram que não há
correlação significativa de ITU com a frequência de atividade sexual nem com uso
de anticoncepcional.
De acordo com Coelho et al. (2008) a colonização da vagina é facilitada,
principalmente pelo indevido uso de antibióticos e pela má higiene perianal. A
migração para a uretra e bexiga é desencadeada, principalmente pela atividade
sexual, pelo uso de contraceptivos com espermicida, e pela alteração do pH vaginal,
que pode ocorrer com a alteração da flora pelo uso de antibióticos e pelo
hipoestrogenismo que, habitualmente, ocorre na menopausa.
Para Lopez et al. (2005) e Duarte et al. (2002) a Infecção do Trato Urinário
(ITU) ocorre devido à presença e multiplicação de microrganismos na urina, com
possível invasão e reação das estruturas do aparelho urinário ou órgãos anexos. A
colonização dessas bactérias pode ser assintomática sem agressão tecidual, ou
sintomática, onde há invasão bacteriana dos tecidos.
As infecções urinárias são normalmente causadas por bactérias da microbiota
intestinal que contaminam o trato urinário. Essas bactérias são encontradas na urina
quando se rompe o equilíbrio entre a sua virulência e a defesa do organismo.
Strasinger et al. (2009) corroborando com Rosa et al. (1998) diz que estas
infecções podem ser identificadas no exame do sedimento urinário, pela microscopia
direta, pelo método de Gram e pela urocultura, sendo esta a melhor forma de
diagnóstico, que não só permite a quantificação dos germes existentes na urina,
como define o agente etiológico da infecção.
Duarte (2008), afirma que dentro do espectro bacteriano que pode causar
ITU, a Escherichia coli é o uropatógeno mais comum, responsável por
aproximadamente 80% dos casos. Outras bactérias aeróbias Gram-negativas
contribuem para a maioria dos casos restantes, tais como Klebsiella pneumoniae,
Proteus mirabilis e bactérias do gênero Enterobacter. Bactérias Gram-positivas
também causam ITU (prevalência baixa), destacando-se o Staphylococcus
saprophyticus, Streptococcus agalactiae e outros estafilococos coagulase negativos,
principalmente em casos de infecções complicadas com litíase.
Conforme Morais et al. (2008) as ITUs assintomáticas são caracterizadas pela
presença de bactérias na urina, acompanhadas ou não de resposta imune e
inflamatória, com ausência de sinais e sintomas sistêmicos. As ITUs sintomáticas
são caracterizadas por uma resposta inflamatória à invasão microbiana. Estas
apresentam sintomatologia característica de cistite. Pode ainda fazer parte do
quadro clínico o mal-estar e a indisposição. O diagnóstico de ITU se torna de suma
importância por conta do mau prognóstico das infecções não diagnosticadas, da
insuficiência renal crônica resultante, que podem induzir à necessidade de
hemodiálise ou transplante de órgão.
O diagnóstico precoce é importante pelo fato de que a atuação bacteriana no
trato urinário pode levar a lesões que em longo prazo vão possibilitar disfunções do
sistema renal devido às alterações anatômicas geradas pelas cicatrizes ou quadros
crônicos do processo infeccioso.
Diante do exposto, objetivou-se neste estudo avaliar a prevalência de ITU
assim como o sexo, faixa etária dos pacientes acometidos e as principais bactérias
causadoras dessa infecção.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, documental e retrospectivo de abordagem
quantitativa com dados coletados em 205 prontuários de pacientes avaliados entre
agosto de 2011 e agosto de 2012, em um laboratório da cidade de Caetité, interior
da Bahia.
Consideraram-se como infecção do trato urinário todos os pacientes que
apresentaram alterações no exame qualitativo de urina com urocultura positiva,
sendo aquelas que apresentaram crescimento bacteriano maior que 100.000
unidades formadoras de colônias por milímetro de urina colhida (UFC/ml).
A coleta de dados foi realizada no próprio laboratório, e o protocolo de
pesquisa foi preenchido com os dados obtidos dos prontuários. Foram utilizadas as
variáveis: idade do paciente, gênero, prevalência dos principais microorganismos
responsáveis pelas infecções.
Os dados obtidos foram expressos em percentual. Para a confecção das
figuras e tabelas utilizou-se o software EXCEL®, versão Office 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliou-se em um total de 205 uroculturas, onde 51 apresentaram-se
positivas representando 25% dos casos de ITU. Dentre as amostras estudadas, 154
não
apresentaram
crescimento
bacteriano,
sendo,
portanto,
negativas
correspondendo a 75% dos casos. (figura1)
Silveira et al. (2010) e Rosa et al. (1998) afirmam que a infecção do trato
urinário é uma das infecções bacterianas mais comuns na clínica médica na qual
seu tratamento, na maioria das vezes, é empírico, contribuindo para o aparecimento
de resistência, são causas importantes de morbimortalidade, destacando-se como a
responsável por cerca de 25 a 45% dos casos de infecção de origem hospitalar.
Figura 1 – Resultado das uroculturas estudadas.
As pacientes do sexo feminino foram as mais acometidas, o que
correspondeu a 85% dos casos de ITU, os pacientes do sexo masculino
apresentaram apenas 15% das culturas positivas, conforme é possível observar na
figura 2.
Os dados obtidos nesse trabalho corroboram com dados já publicados. Netto
(1999) e Vieira Netto (2003), concordante com Trabulsi (1991), afirmam que na
mulher a susceptibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e a maior proximidade
do ânus com a vagina e uretra, à higiene deficiente, à gestação, entre outras. Outros
fatores como menopausa, ambiente vaginal quente e úmido, infecções recorrentes
também acabam aumentando a incidência desse tipo de infecção. No homem, o
maior comprimento uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático são
protetores.
Para o sexo masculino obtivemos um resultado correspondente a 15% das
uroculturas positivas. Conforme Vieira Netto (2003), a menor incidência de ITU, no
sexo masculino, deve-se a fatores anatômicos como: uretra mais longa, atividade
bactericida do fluido prostático e ambiente periuretral mais úmido, dificultando assim
a incidência de ITU.
Figura 2 – Percentual de uroculturas por sexo.
Após o estudo, foi analisada a faixa etária dos 51 pacientes que tiveram
resultado positivo para urocultura. Verificou-se que 04 pacientes possuíam idade
inferior a 20 anos, correspondendo a 7,80% dos pacientes acometidos com ITU, 17
pacientes estavam na faixa etária de 21 a 40 anos o que equivale a 33,30%, 8
pacientes tinham entre 41 a 60 anos o que corresponde a 15,70% dos casos, 13
pacientes apresentavam-se com 61 a 80 anos, o que equivale a 25,50% dos casos e
pacientes com idade de 81 a 100 anos obtiveram 09 culturas positivas perfazendo
17,70% dos casos. Maiores percentuais de positividade ocorreram em pacientes
com idades entre 21 e 40 anos, seguidos de 61 a 80 anos. (figura 3)
Mazili et al. (2011) concordando com Pompeo et al. (2004) relata que nos
homens com mais de 50 anos de idade a hiperplasia prostática benigna pode
ocasionar obstrução infravesical e o crescimento da próstata, levando a uma
dificuldade de esvaziamento vesical. Esses indivíduos apresentam resíduo urinário
pós-miccional e diminuição do jato urinário, levando a um aumento na prevalência
de ITU. A proporção de pacientes idosos com mais de 60 anos é crescente e,
inúmeras doenças estão relacionadas a esta faixa etária, pois os processos
infecciosos, particularizando as ITUs, têm incidência progressiva devido ao fato dos
idosos apresentam mais fatores de risco, como imunodeficiência devido a idade,
alterações funcionais e orgânicas do trato geniturinário, imobilidade e a presença de
doenças sistêmicas.
Figura 3 - Distribuição de infecção do trato urinário em relação à faixa etária dos pacientes
estudados.
Dentre os agentes etiológicos isolados nas culturas de urina positivas dos
pacientes em estudo, a Escherichia coli esteve presente em 62,70% das amostras,
isoladas, sendo o principal causador de ITU. As demais bactérias isoladas
encontradas após realização das uroculturas foram a Klebsiella pneumoniae que
cresceu em 11,70% das amostras, seguido do Staphylococcus saprophyticus e
Enterococcus sp que esteve presente em 5,90% das amostras analisadas, seguido
de Pseudomonas sp, Citrobacter freundii e Proteus mirabilis responsável por 3,90%
dos casos, e por fim o Streptococcus beta hemolíticos presente em 2,00% das
amostras em estudo. (figura 4)
Durante o estudo notou-se uma maior prevalência de Escherichia coli nos
prontuários analisados. Para Pompeu et al. (2004) e Mazili et al. (2011) esta bactéria
gram-negativa é responsável por aproximadamente 90% das infecções adquiridas
na comunidade.
Figura 4 - Prevalência de microrganismos causadores de infecção do trato urinário nas amostras
analisadas.
Duarte et al. (2008) considera o conhecimento clínico e laboratorial de
fundamental importância para identificação de ITU. Após o resultado de urocultura, o
tratamento demanda urgência, para isso a escolha do antibiótico deve ser baseado
no grau da infecção, sensibilidade das bactérias causadoras de infecção e outros
fatores como: a condição do paciente para adquirir o medicamento, a sua tolerância,
a comodidade do esquema posológico e sua toxidade.
Dessa forma evita aumentos na resistência aos antimicrobianos entre
uropatógenos, que representa um desafio para a terapia e evita o agravamento de
um problema de saúde pública. Embora ocorra mudança de suscetibilidade dos
patógenos aos antibióticos e o padrão de resistência varia geograficamente
conforme dados literários.
CONCLUSÕES
Com a realização do presente trabalho foi possível verificar que os dados
obtidos, referentes à prevalência, gênero, idade e agente etiológico são
concordantes com dados já publicados. Nota-se que a prevalência de ITU foi de
apenas 25%, considerada baixa de acordo com alguns estudos já realizados.
Observou-se que a Escherichia coli, foi o microorganismo mais frequente em ambos
os sexos em todas as faixas etárias, concluindo que a ITU é uma patologia reiterada
em pacientes do sexo feminino e a faixa etária mais acometida é dos 20 aos 40
sendo recorrente dos 60 a 80 anos. Os casos de uroculturas negativas deverão ser
avaliados de acordo o diagnóstico clínico.
Torna-se importante apontar que avaliar a prevalência de ITU traz condições
de se discutir a necessidade de melhores dados e a continuação por estudos
complementares que consideram a análise clínica e a fatores associados (compra
de fármacos, alta taxa de resistência dos microrganismos frente a alguns
antibióticos, entre outros), permitindo que sejam discutidas algumas possibilidades
para melhor abordagem desses pacientes.
Não se pode caracterizar a prevenção como medida profilática, pois a compra
desses fármacos ainda acontece de forma ilegal. Portanto, há uma necessidade de
políticas públicas voltada para programas preventivos de ITU evitando complicações
futuras.
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