PREVALÊNCIA DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO (ITU) ENTRE PACIENTES ATENDIDOS EM UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DE GUANAMBI – BA Ana Paula Pereira Gomes Moreira1, Dennys Hans da Mata Lima1, Edna de Souza Fagundes1, Larissa Cardoso Santos1, Mirelle Anne Silva Pimenta1, Rafael Arruda dos Santos1, Kamila Tuany Lacerda Leão Lima2 1 Graduando (a) do curso de Biomedicina. Faculdade Guanambi – FG/CESG. Biomedica (a) Especialista em análises clínicas – UNIUBE. Docente Faculdade Guanambi – FG/CESG. E-mail: [email protected]. 2 RESUMO: A infecção do trato urinário (ITU) acomete tanto a bexiga como outros órgãos do sistema urinário e estão suscetíveis à patologia pessoas de ambos os sexos e todas as faixas etárias. Muitas vezes o tratamento da ITU é feito de forma incorreta ou empírica, não sendo o resultado satisfatório, o que pode provocar uma resistência dos microrganismos infectantes aos antibióticos. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a prevalência de ITU entre pacientes atendidos em um Laboratório de Análises Clínicas de Guanambi – BA, no período de janeiro de 2011 a dezembro 2012. É um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa que avaliou os usuários que fizeram exames de urocultura, sumário de urina e antibiograma no local de pesquisa. Foram analisadas 1434 sumários de urina, 78 uroculturas e 11 antibiogramas. Observou-se uma maior incidência das bactérias Escherichia coli, Enterobacter spp e Klebsiella ozaenae. Na realização desta pesquisa foi possível abordar conceitos sobre infecção urinária e microorganismos mais prevalentes, além de relevar a necessidade da urocultura, sumário de urina e antibiograma para diagnóstico de infecção do trato urinário. Palavras-chave: Antibiograma. Bactérias. Infecção do trato urinário (ITU). Urina. PREVALENCE OF URINARY TRACT INFECTION (UTI) AMONG PATIENTS TREATED IN A CLINICAL LABORATORY ANALYSIS OF GUANAMBI – BA ABSTRACT: The urinary tract infection (UTI) affects both the bladder and other organs of the urinary system, and susceptible at pathology people of both sexes and all age groups. Sometimes the treatment of UTI is done of incorrectly or empirically form, the result is not satisfactory, which can cause an infectious microorganism resistance to antibiotics. The present study had for objective to evaluate the prevalence of UTI among patients treated at a Clinical Laboratory Guanambi - BA, between January of 2011 and December of 2012. It is a descriptive, retrospective study with a quantitative approach that evaluated users who are testing a urocultures, urinalysis and antibiograms in the place of the research. It was analyzed, 1434 summary of urine, 78 urocultures and 11 antibiograms. We found a higher incidence of bacteria Escherichia coli, Enterobacter spp and Klebsiella ozaenae. In this research was possible to tackle concepts of urinary tract infection and most prevalent microorganisms, and cut off the need for urine culture, urine analysis and sensitivity for diagnosis of urinary tract infection. Keywords: Antibiogram. Bacteria. Urinary tract infection (UTI). Urine. 2 INTRODUÇÃO A infecção do trato urinário (ITU) caracteriza-se por invasão e multiplicação bacteriana, acometendo os rins e as vias urinárias. Destaca-se como uma das patologias infecciosas mais frequentes. Incide preferencialmente no sexo feminino, devido a uretra ser curta e mais próxima da região anal. Afeta também homens, mas em frequências menores (GUIDONI & TOPOROVSKI, 2001; SOARES et al., 2006; HEILBERG & SCHOR, 2003). Já nos homossexuais masculinos, observa-se uma taxa mais elevada devido à prática de sexo anal desprotegido (SILVA, 2008). Os microrganismos uropatogênicos como a Escherichia coli (bacilos Gram negativos da microbiota intestinal pertencente à família Enterobacteriaceae) colonizam em geral o cólon, a região perianal e o introito vaginal nas mulheres. Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva devido ao inicio da vida sexual, a gestação, período climatérico e higiene inadequada. (HEILBERG & SCHOR, 2003; MULLER et al., 2008; MENIN & GRAZZIOTIN, 2010). As ITU’s acometem as vias urinárias baixas, como bexiga, uretra, epidídimo, testículo e próstata. Quando atingem as vias altas são denominadas infecções renais (pielonefrites) (BLATT & MIRANDA, 2005). A avaliação da ITU deve ser realizada através da análise da urina (sumário de urina). Como métodos de diagnóstico mais eficiente tem-se a urocultura (análise das bactérias que os acometem) e o antibiograma (método capaz de medir a resistência de uma bactéria aos antibióticos). Em relação ao tratamento, este visa principalmente, a eliminação das bactérias do trato urinário, com consequente regressão dos sintomas (FIOL et al., 2008; MENIN & GRAZZIOTIN, 2010). O interesse em estudar esse tema parte do pressuposto de que a ITU é muito comum na população e abrange todas as idades, podendo ser assintomática, e de tal modo trazer sérias complicações ao paciente, visto que o acesso dos microrganismos ao trato urinário se dá por via ascendente, ou seja, pela uretra, com a capacidade de se instalar neste órgão ou avançar para a bexiga e rim. Trabalhos como este podem ajudar no conhecimento da frequência e prevalência dos agentes microbianos. Assim julga-se necessário apontar quais os principais agentes causadores da ITU e seus respectivos perfis de sensibilidade, viabilizando a otimização do tratamento e a redução da resistência dos microrganismos. De acordo com relatos de nossas bibliografias, surgiu o questionamento que norteou a realização deste estudo, quanto à prevalência de infecção do trato urinário entre pacientes atendidos em um laboratório de análises clínicas do município de Guanambi – BA. Neste 3 contexto objetivou-se com a realização do presente estudo avaliar a prevalência de infecção do trato urinário (ITU) entre pacientes atendidos em um Laboratório de Análises Clínicas de Guanambi – BA, entre Janeiro de 2011 e Dezembro 2012. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado na cidade de Guanambi, localizada no sudoeste baiano a 796 km da capital Salvador, com população de 78.801 habitantes (IBGE, 2010). Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa que focalizou os usuários que fizeram exames de urocultura, sumário de urina e antibiograma em um Laboratório de Análises Clínicas deste município. Foram incluídos neste estudo dados dos usuários (relacionados à análises) atendidos no laboratório no período de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2012, com idade entre 10 e 60 anos e ambos os sexos. Este critério de inclusão gerou uma amostra de 1523 laudos que tiveram seus dados registrados no setor de arquivamento do local em estudo. O período de estudo foi selecionado por conveniência tanto para local de da pesquisa quanto para os pesquisadores. Para a coleta de dados nos laudos disponíveis no laboratório em pesquisa, dentro do período determinado para o estudo, foi utilizado um formulário estruturado elaborado pelos pesquisadores, baseado em variantes de destaque observadas por Blatt & Miranda (2005) e por Brandino et al. (2007), com a finalidade de sistematizar e facilitar a descoberta das seguintes variáveis: sexo, faixa etária, ano de atendimento, bactérias mais encontradas, correlação dos resultados do sumário de urina com os da urocultura e avaliação da resistência e sensibilidade dos antibióticos analisados. Os aspectos éticos regulamentados para pesquisas que envolvem seres humanos dispostos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) foram considerados e garantidos (BRASIL, 1996). Não havendo a possibilidade de danos a qualquer dimensão do ser humano, em qualquer fase desta pesquisa, o projeto foi submetido à avaliação e aprovação tanto do coordenador do local de pesquisa, quanto do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Educação Superior de Guanambi – CESG, designado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que conferiu parecer favorável à realização da mesma, protocolo 165.081 e CAAE 08173912.2.0000.0057. 4 De posse dos dados coletados, estes foram tabulados, apresentados em tabelas e figuras e analisadas por meio de frequências e percentuais utilizando o programa Microsoft Office Excel e Word®, versão 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2012, foram realizados 1434 sumários de urina em um Laboratório de Análises Clínicas de Guanambi - BA. Utilizou-se como critérios para a triagem de laudos entre “positivos” e “negativos” o número de piócitos (leucócitos) igual ou acima de 6 por campo aliado à bacteriúria maior ou igual a moderadamente aumentada, avaliados por microscopia óptica, valor utilizado como referência pelo local de estudo ABNT NBR 15268, (2005). Dentre estes sumários de urina observou-se que 212 (14,8%) resultados foram positivos e 817 (57%) negativos para mulheres (Figura 1). Entre as mulheres, a faixa etária mais acometida foi entre 21 e 30 anos, dados similares aos encontrados no estudo de Duarte & Araújo (2012), notando que em sua análise, a faixa mais acometida foi entre 21 e 40 anos. Segundo Costa et al. (2010), a maior ocorrência de ITU em pacientes do sexo feminino devese a fatores anatômicos, tais como a maior proximidade entre o vestíbulo vaginal e a região perianal, bem como o fato de a uretra feminina ser mais curta, que favorece o acesso dos microorganismos de origem entérica (como Escherichia coli, por exemplo) geniturinário. Figura 1 - Análise dos sumários de urina para o sexo feminino Fonte: Dados da pesquisa ao trato 5 Para os homens foi possível observar que 39 (2,7%) sumários de urina foram positivos e 366 (25,5%) negativos (Figura 2). A prevalência de amostras positivas em pacientes do sexo masculino foi menor, sendo encontrados 39 casos para 405 amostras. Nesses casos positivos o maior número está na faixa etária compreendida entre 51 e 60 anos (13 casos – 33,3%). O número relativamente menor de casos, se comparado aos resultados encontrados para o sexo feminino, deve-se a fatores protetores, tais como: maior comprimento uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático (BORGES & ABREU, 2012). Figura 2 - Análise dos sumários de urina para o sexo masculino Fonte: Dados da pesquisa No período em estudo foram realizadas 78 uroculturas. Utilizou-se como critérios de inclusão para “positivos” o crescimento bacteriano em meio de cultura ágar CLED (Cistina, Lactose, Deficiência em Eletrólitos) e/ou ágar MacConkey igual ou superior a 100.000 Unidades Formadoras de Colônia (UFC’s por mililitro) de forma homogênea (com as mesmas características macroscópicas, como tamanho, cor e aspecto). A inclusão de resultados no grupo “negativos” procedeu conforme os seguintes critérios: crescimento inferior a 100.000 UFC’s /mL, crescimento de forma heterogênea nos meios de cultura (observação de vários padrões de tamanho, cores e aspectos) indicando contaminação exógena da amostra conforme o Manual Clinical and Laboratory Standards Institute - CLSI (antigo NCCLS), utilizado como referência pelo laboratório em estudo (ANVISA, 2005). Contabilizou-se um total de 10 (12,8%) amostras positivas e 42 (53,8%) negativas para uroculturas no sexo feminino, que em geral representa 66,6% dos exames realizados pelo laboratório (Figura 3). Observa-se dessa forma uma maior ocorrência da realização deste 6 exame por este sexo, fato também constatado por Correia et al. (2007) & Brandino et al. (2007) que em seus estudos observaram taxas de 65,1% e 82,5%, respectivamente. É importante ressaltar que todas as uroculturas analisadas foram monomicrobianas, uma vez que a infecção polimicrobiana verdadeira é rara, exceto em pacientes com bexiga neurogênica, abscessos crônicos ou cateteres de demora (MENIN & GRAZZIOTIN, 2010). Os resultados positivos prevaleceram na faixa etária de 31 a 40 anos (Figura 3), variável esta divergente do estudo realizado por Leite et al. (2009), no qual o autor relata prevalência na faixa situada entre 15 e 34 anos de idade. Figura 3 - Análise das uroculturas para o sexo feminino Fonte: Dados da pesquisa Observa-se uma discrepância entre a faixa etária de maior prevalência nas análises do sumário de urina do sexo feminino (21~30 anos) e a faixa etária de destaque nas avaliações das uroculturas para o sexo feminino (31~40 anos), justificada pelo pressuposto de que nem todos os indivíduos que foram identificados como positivos para ITU no sumário de urina deram continuidade à pesquisa diagnóstica. Tortora et al. (2005) afirmam que a ITU está dentro das infecções bacterianas mais frequentes. Epidemiologicamente, estima-se que existam 150 milhões de casos anuais em todo o mundo. A maioria destes casos é observada em mulheres, e estes não resultam em sequelas duradouras ou danos renais, mas é responsável por uma alta morbidade (GUIMARÃES, 2002). Notou-se que 3 (3,8%) resultados de uroculturas provenientes de indivíduos do sexo masculino foram positivos e 23 (29,6%) apresentaram-se negativos (Figura 4). Correia et al. 7 (2007) observaram em seu estudo o mesmo padrão, no qual a quantidade de resultados positivos para homens foi inferior aos resultados para mulheres. A causa mais frequente de infecções nos homens é bacteriana persistente na próstata. Apesar de os antibióticos eliminarem rapidamente as bactérias da urina na bexiga, a maioria dos medicamentos não pode adentrar suficientemente dentro da próstata para curar uma infecção. Assim, quando se interrompe uma terapia medicamentosa, as bactérias que ficaram na próstata voltam a infectar a bexiga (MOURA et al., 2010). Na faixa etária entre 31e 40 anos observou-se maior número de uroculturas positivas (Figura 4) o que diverge do estudo de Martini (2011) que encontrou uma maior prevalência na faixa etária entre 41 e 64 anos de idade. Figura 4 - Análise das uroculturas para o sexo masculino Fonte: Dados da pesquisa Observou-se uma divergência entre a faixa etária de maior prevalência nas análises do sumário de urina do sexo masculino (51~60 anos) e a faixa etária de destaque nas avaliações das uroculturas para o sexo masculino (31~40 anos). Divergência esta justificada pelo pressuposto de que alguns indivíduos identificados como positivos para ITU não realizaram a urocultura para dar continuidade ao diagnóstico causal. Dentre 78 uroculturas realizadas, 13 apresentaram crescimento bacteriano, sendo assim consideradas positivas. Nestas, 84,6% dos casos isolaram a bactéria Escherichia coli (E. coli), seguidas de 7,7% de Klebsiella ozaenae e 7,7% de Enterobacter spp (Figura 5). Dachi et al. (2003) & Leite et al. (2009) encontraram em seus estudos padrão similar, no qual 8 há predomínio da E. coli sobre as demais bactérias encontradas. Em contrapartida, Menezes et al. (2005) relataram em suas análises predomínio de bactérias do gênero Klebsiella. Grande parte das ITU’s é causada por bactérias Gram-negativas comuns na flora normal do intestino, dentre elas, a mais encontrada é a Escherichia coli, a qual é responsável por 85-90% dos casos de infecção, seguida de infecções por Enterobacter, Klebsiella, Proteus, Pseudomonas e outras bactérias. A frequência destas últimas aumenta nos casos de reinfecção e nas infecções mais complexas (FILHO et al., 2006). Neste estudo não foram encontradas bactérias Gram-positivas nas amostras analisadas. A Escherichia coli é um microorganismo envolto em uma membrana lipopolissacarídica, anaeróbio facultativo, fermentadora de glicose, oxidase negativa, redutora de nitrato a nitrito, não apresentam termorresistência e se multiplica em pH próximo de 7,0 (MURRAY et al., 2004). As bactérias do gênero Klebsiella tpossuem uma cápsula mucóide responsável pelo seu aspecto gelatinoso in vitro e pela alta virulência observada in vivo. Comumente, são causadoras de pneumonia, atingindo pacientes etilistas ou com problemas respiratórios em maior frequência (MURRAY et al., 2004). O gênero Enterobacter é o principal responsável por infecção hospitalar em neonatos e pacientes imunocomprometidos, geralmente apresentam multirresistência a agentes antimicrobianos (MURRAY et al., 2004). Figura 5 - Bactérias mais incidentes nas uroculturas Fonte: Dados da pesquisa 9 Foram realizados 11 antibiogramas, dentre os quais 9 (81,8%) apresentaram-se positivos e em 2 (18,2%) não houve crescimento adequado à análise (Tabela 1). O critério de inclusão utilizado foi o crescimento bacteriano uniforme por todas as placas nas quais o exame foi realizado (Ágar Müeller Hinton) conforme o CLSI, utilizado como referência pelo local de estudo (ANVISA, 2005). Nos casos positivos, 6 representavam o grupo de mulheres entre 31 e 40 anos e 1 caso apresentou-se na faixa etária de 21 a 30 anos. Dois (2) casos positivos foram evidenciados no sexo masculino, 1 na faixa etária de 31 a 40 anos e outro com idade entre 51 e 60 anos. Apenas 2 antibiogramas não apresentaram crescimento bacteriano, impossibilitando a análise dos antibióticos, sendo assim considerados como “negativos”. Observa-se que a maioria dos antibiogramas foi realizada por indivíduos do sexo feminino. Evento este justificado por Travassos et al. (2002) devido ao fato de mulheres procurarem serviços de saúde com maior frequência. Segundo Sejas et al. (2003) o contínuo aparecimento de bactérias resistentes a antibacterianos tem gerado uma corrida das indústrias farmacêuticas para a produção e lançamento de um número crescente de novos compostos, tornando complexa a realização dos testes de suscetibilidade a antimicrobianos na rotina laboratorial. O antibiograma é tido como o teste mais importante à terapêutica do paciente, pois possibilita a escolha de um tratamento adequado ao caso. A utilização excessiva de antibióticos e seu uso inapropriado contribuíram para que patógenos se tornassem resistentes a múltiplos fármacos. Quando a multiplicação bacteriana não é afetada pelos antibacterianos, manifesta-se o fenômeno da resistência, que impõe limitações significativas sobre a ação dos medicamentos disponíveis para o tratamento das infecções (CECHINATTO & OLIVEIRA, 2012). Tabela 1 - Análise dos antibiogramas: relação entre faixa etária e sexo Idade 10~20 21~30 31~40 41~50 51~60 Total Fonte: Dados da pesquisa Homens + 0 0 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 Antibiograma Mulheres + 0 0 1 0 6 0 0 2 0 0 7 2 Total 0 1 7 2 1 11 10 Neste estudo foram utilizados 25 tipos de agentes antimicrobianos, os quais obtiveram comportamento variável entre sensível e resistente. Dentre estes, Amicacina, Gentamicina e Cefepime destacaram-se por apresentarem maior número de casos em que a bactéria foi sensível à sua ação. Alguns antimicrobianos não foram capazes de inibir o crescimento bacteriano, como a Ampicilina e o Ácido Nalidíxico, que apresentaram resistência em 50% ou mais dos casos em que foram usados (Tabela 2). Tabela 2 - Antibióticos mais sensíveis e resistentes no combate a uropatógenos Antibióticos Ác. Nalidíxico Amicacina Amoxilina/ Ác. Clavulânico Ampicilina Aztreonam Cefalotina Cefazolina Cefepime Ceftadizima Ceftriaxona Cifloxitina Ciprofloxacina Clindamicina Clorafenicol Eritromicina Gentamicina Nitrofurantoína Norfloxacina Ofloxacina Oxacilina Penicilina Piperacidina/tazobactam Rifampicina Sulfazotrim Tetraciclina Resistente 4 0 3 7 0 2 0 0 0 2 0 3 1 1 1 2 1 3 0 1 0 0 0 3 3 Sensível 2 7 4 2 1 5 2 8 1 6 2 6 0 1 0 7 5 4 2 0 1 1 1 5 5 Fonte: Dados da pesquisa A Amicacina é um antibiótico aminoglicosídeo que possui amplo espectro de ação (maior espectro dentre os antibióticos), pois este resiste a enzimas inativadoras de aminoglicosídeos. É o antibiótico de escolha em casos de microorganismos resistentes à gentamicina (HARDMAN & LIMBIRD, 2003). O Cefepime é um antibiótico do grupo das cefalosporinas, que inibem a síntese da parede celular (mecanismo similar ao da penicilina), 11 são resistentes a ação das β-lactamases e geralmente são administrados por via intravenosa ou oral, pois estas causam dor se administradas via intramuscular. A Gentamicina é um antibiótico aminoglicosídeos produzido pela bactéria filamentosa do gênero Micromonospora e são utilizados geralmente no combate à Pseudomonas (TORTORA et al., 2005). A Ampicilina é um antimicrobiano de uso comum, tanto no tratamento de infecções por bactérias Gram-positivas quanto Gram-negativas. Geralmente microorganismos resistentes à penicilina apresentam resistência à ampicilina. O Ácido Nalidíxico pertence ao grupo das quinolonas. São pouco utilizados, pois os microorganismos desenvolvem resistência rapidiamente. São utilizados geralmente contra Salmonellla, Shigella e Enscherichia coli (HARDMAN & LIMBIRD, 2003). A microbiologia é uma ciência que desempenha importante papel na orientação do tratamento mais adequado nos casos de ITU, pois sem os recursos analíticos proporcionados pela mesma, não seria possível isolar o agente causador da infecção, bem como avaliar a sensibilidade e/ou resistência deste aos agentes que podem ser empregados no tratamento sem danificar a microbiota normal. Avaliar a prevalência e o perfil de susceptibilidade de agentes bacterianos locais tornase essencial à manutenção da saúde e à orientação terapêutica. É relevante incentivar a prática do uso racional de medicamentos antimicrobianos, bem como a educação sanitária, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida, pois a resistência bacteriana a agentes medicamentosos é um fator determinante das opções de tratamento. CONCLUSÕES Com esse estudo pode-se concluir que a maior ocorrência de ITU se deu em pacientes do sexo feminino, na faixa etária de 21 a 30 anos. Observou-se uma baixa prevalência de ITU no local estudado, com alta incidência da bactéria Escherichia coli. Os resultados dos antibiogramas apontaram uma maior sensibilidade das bactérias aos agentes antimicrobianos Amicacina, Gentamicina e Cefepime e maior resistência à Ampicilina e ao Ácido Nalidíxico. Na realização desta pesquisa foi possível abordar conceitos sobre infecção urinária e microorganismos mais prevalentes, além de relevar a necessidade da urocultura, sumário de urina e antibiograma para diagnóstico de infecção do trato urinário. É importante investigar a ligação da ITU aos fatores de risco a ela associados, conhecer a prevalência de patógenos locais e também o perfil de suscetibilidade para instituição do tratamento mais adequado. Este estudo poderá contribuir com a projeção de 12 novas pesquisas, ampliando a compreensão do processo evolutivo da infecção do trato urinário de forma a fornecer uma visão diferenciada para esse paradigma. AGRADECIMENTOS À equipe do Laboratório de Análises Clínicas de Guanambi - BA pelo acesso aos documentos essenciais para a realização desta pesquisa. A Professora, Kamila, pelas críticas e sugestões. 13 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Padronização dos Testes de Sensibilidade a Antimicrobianos por Disco-difusão. 8. ed. 2005. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/3fe8c8804745871a90e9d43fbc4c6735/Norma+ Aprovada+Oitava+Edi%C3%A7%C3%A3o.pdf?MOD=AJPERES> Acesso em: 27 Abr. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 15268. Laboratório clínico – Requisitos e recomendações para exame de urina, 2005. Disponível em: <http://www.fcfar.unesp.br/arquivos/nbr15268.PDF> Acesso em: 15 Mar. 2013. BLATT, J. M.; MIRANDA, M. do C. Perfil dos microrganismos causadores de infecções do trato urinário em pacientes internados. Revista panamericana de infectologia, vol.7, n.4, outubro e dezembro de 2005. 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