GEOMETRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO

Propaganda
GEOMETRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO DE UMA
EXPERÊNCIA SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DE FIGURAS GEOMÉTRICAS
Everton Tafarel Galvão [email protected]
Izabel Passos Bonete [email protected]
Joyce Jaquelinne Caetano [email protected]
Resumo:
O presente estudo apresenta o relato de uma experiência realizada junto a alunos do sexto ano
do ensino fundamental de uma escola pública do município de Imbituva-PR, na abordagem da
geometria. O ensino da geometria é um tema que vem sendo discutido há décadas por
pesquisadores, educadores e professores, revelando uma situação de abandono desse conteúdo
no ensino fundamental e médio. Entretanto, tais professores reconhecem que a geometria e seu
ensino são imprescindíveis para preparar cidadãos críticos, reflexivos, independentes e capazes
para atuarem no espaço em que vivem. Nesse sentido, pretende-se discutir uma proposta para a
abordagem da geometria que desperte o interesse dos alunos pela aprendizagem da matemática
e que possibilite melhorar a qualidade do seu ensino. Para tanto, buscou-se articular o lúdico
com o uso de material concreto na abordagem de figuras planas e não-planas, permitindo a
caracterização de cada categoria, bem como uma melhor visualização dos elementos e das
relações entre os elementos que compõem tais figuras.
Introdução
A geometria embora imprescindível na formação dos indivíduos, há décadas seu
ensino vem sofrendo uma aparente situação de abandono. Estudos sobre o uso de
diferentes metodologias no ensino da geometria vêm sendo, constantemente divulgados,
entretanto, cabe a cada professor tomar ciência de que a melhoria desse ensino, só
ocorre a partir da mudança de posturas do professor, no interior da sala de aula.
Sendo assim, o presente relato de experiência, realizado na disciplina de
Matemática junto aos alunos de sexto ano do ensino fundamental de uma escola pública
do interior do Paraná, apresenta uma reflexão sobre o desenvolvimento de uma proposta
para o ensino da geometria, especificamente, no estudo de figuras geométricas planas e
não planas.
A geometria e seu ensino
A geometria, provavelmente, teve sua origem em tempos remotos da
antiguidade, com o objetivo de solucionar problemas de caráter prático. No antigo Egito
IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas:
demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400
e na Babilônia, usavam-se conhecimentos geométricos em atividades de remarcação de
terras e construção de pirâmides, os quais, foram formalizados em períodos seguintes da
história da humanidade. O caráter lógico-dedutivo da geometria teve início na Antiga
Grécia, aproximadamente em 600 a.C., com dois matemáticos gregos, Tales de Mileto e
Pitágoras de Samos. Atingiu grande desenvolvimento com o matemático grego Euclides
de Alexandria, no século 300 a.C., por meio da publicação da obra “os Elementos”.
Segundo Lorenzato e Vila (1993) a Geometria é um tema presente nos currículos
do mundo inteiro. É fundamental para a formação matemática dos indivíduos, pois, sem
a compreensão dos conceitos geométricos básicos, torna-se impossível atuar
efetivamente num espaço tridimensional, como se supõe ser o nosso.
Todavia, o ensino da geometria vem sofrendo uma situação de abandono nas
últimas décadas, levando educadores matemáticos do mundo todo a uma preocupação
quanto aos rumos desse ensino. Pavanello (2004) constatou que professores de
matemática da rede oficial de ensino, não abordavam a geometria por não se sentirem
seguros quanto ao domínio do conteúdo e a forma de desenvolvê-lo com seus alunos.
Neste sentido, as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Paraná –
DCE-PR (2008), área Matemática, sugerem como encaminhamento metodológico para a
abordagem dos conteúdos curriculares, as tendências metodológicas da Educação Matemática,
das quais se destacam a resolução de problemas, a modelagem matemática, as mídias
tecnológicas, a etnomatemática, a história da matemática e as investigações matemáticas, as
quais articuladas entre si, ou ainda, com o uso de material concreto e/ou o lúdico, garantem
maior eficácia no processo de ensinar e aprender Matemática.
Material e Métodos
A experiência ocorreu no 6º ano do ensino fundamental de uma escola pública
do município de Imbituva-PR., na disciplina de Matemática. A turma era composta por
31 alunos, sendo 18 meninos e 13 meninas. A aplicação da proposta ocorreu no mês de
maio de 2014, no período da tarde, por meio de 04 horas/aula.
A proposta idealizada para ser desenvolvida por meio de uma oficina teve por
objetivo construir poliedros e figuras geométricas com o uso de jujubas e palitos roliços
de madeira do tipo palitos para dentes.
IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas:
demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400
Antes de iniciar a oficina foi aplicado um questionário aos alunos, a fim de
colher informações sobre o conhecimento geométrico dos alunos, por meio de duas
questões: ‘O que você entende por geometria’ e ‘Qual a diferença entre figura plana e
figura não plana?’. Após a aplicação da proposta coletou-se as opiniões dos alunos, com
relação à oficina realizada e a metodologia utilizada.
Resultados e discussão
Com relação à concepção de geometria, 07 alunos responderam não saber, 01
respondeu “arte da matemática” e, 14 disseram que “é a matemática que estuda as
figuras geométricas”. Os demais disseram nunca terem estudado e nem imaginavam do
que se tratava a palavra geometria.
Assim, para conduzir os alunos à compreensão do conceito de geometria, deu-se
inicio a oficina, com a discussão de fatos históricos que provocaram o surgimento e as
mudanças ocorridas no decorrer do tempo, no sentido de permitir aos alunos,
perceberem que, tal conhecimento, existe como resposta a necessidades práticas do
homem. O próprio termo Geometria (do grego geo =terra + metria= medida, ou seja,
"medir terra") demonstra sua origem pela necessidade dos antigos egípcios em medir
terras.
Hoje, a Geometria é a ciência do espaço e, portanto, seu significado vai muito
além da simples medição de terras. Porém, para contextualizar e promover a
compreensão da importância de tal conhecimento propôs-se uma atividade em que, cada
um deveria realizar as medidas do terreno de seu endereço residencial, a partir do qual
se deu uma discussão sobre a construção das casas, do colégio, das ruas, enfim espaços
que os cercam e são formados por figuras geométricas.
Quanto à diferença entre figura plana e não plana, as respostas foram as mais
imprevisíveis possíveis, do tipo: “figuras planas são figuras retas e fáceis de desenhar” e
“figuras não planas são aquelas não retas e difíceis de desenhar, são onduladas”; “planas
ficam sempre na horizontal” ou ainda que as figuras planas são retas, direitas, certas e as
não-planas não é que sejam erradas, mas são tortas.” Assim, para uma adequada
compreensão do conceito de plano, considerando que se trata de um ente primitivo,
aceito sem definição, foi necessário buscar na representação gráfica uma figura
IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas:
demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400
bidimensional, que possui largura, comprimento infinito e não possui espessura,
visualizada na superfície de uma mesa, ou na superfície de cima ou de baixo de uma
folha de papel. Na sequencia, introduziu-se o conceito da terceira dimensão para à
construção de figuras e sólidos geométricos.
Na construção de figuras geométricas em duas dimensões (triângulos,
quadriláteros, pentágonos, etc..) com as jujubas e os palitos, utilizou-se a associação do
vértice com a jujuba e do lado da figura com o palito. Na sequência, deu-se a
identificação das figuras, bem como as relações entre os seus elementos.
Na construção das figuras geométricas em três dimensões (tetraedro, cubo,
pirâmides, etc), os palitos foram associados a arestas e as jujubas a vértices. Para
Lorenzato (2008) ensinar é oportunizar o aluno para que construa seu próprio
conhecimento. Assim, os alunos tiveram a oportunidade de caracterizar figuras planas e
não planas, bem como fazer a contagem do número de arestas, vértices, faces e
estabelecer propriedades desses elementos.
Conclusões
Foi perceptível o interesse e a participação dos alunos na oficina, bem como a
apropriação dos conceitos pelos mesmos, podendo-se considerar como uma proposta
motivadora e eficaz. As figuras foram construídas nos cadernos e os conceitos de figuras
planas, não planas, vértices, lados, arestas e faces foram discutidos em grupo.
Os alunos avaliaram a oficina como uma prática interessante e divertida de
aprender Matemática, em especial, a Geometria. Consequentemente, tal experiência
contribui para melhorar a qualidade do ensino dessa disciplina e para o desenvolvimento
profissional do professor, tornando-o reflexivo e investigativo.
Referencias Bibliográficas
LORENZATO, S. Para aprender Matemática. Campinas-SP: Autores associados, 2008.
LORENZATO, S.; VILA, M. do C. Século XXI: qual Matemática é recomendável?
Revista Zetetiké: março de 1993. No 01. p. 41 à 49.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares para a Educação Básica. Matemática. Secretaria
de Estado da Educação. Curitiba. 2008.
PAVANELLO, R. M. Por que ensinar /aprender geometria? In: VII Encontro Paulista
de Educação Matemática, 2004, São Paulo. Anais.... Disponível em:
IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas:
demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400
<http://www.sbempaulista.org.br/epem/anais/mesas_redondas/mr21-Regina.doc>
Acesso em: 22 ago. 2014.
IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas:
demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400
Download