Língua Portuguesa II: Morfologia I

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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-7638-799-2
Língua Portuguesa II:
Morfologia I
Língua Portuguesa II:
Morfologia I
Autor
Denilson Matos
1.ª edição
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor
dos direitos autorais.
M433
Matos, Denilson
Língua Portuguesa II: Morfologia I./Denilson Matos. —
Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2008.
168 p.
ISBN: 978-85-7638-799-2
1. Língua Portuguesa – Morfologia 2. Língua Portuguesa –
Formação de palavras 3. Língua Portuguesa – Gramática I. Título.
CDD 469.5
Todos os direitos reservados
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Sumário
morfologia | 7
Conceito de morfologia | 8
Estudos lingüísticos | 9
Significação lexical e gramatical | 10
Formas livres, presas e dependentes | 11
Etimologia | 12
Dupla articulação da linguagem | 13
Morfema | 19
Conceito de morfema | 19
Análise mórfica | 22
Tipos de morfema | 25
Estrutura das palavras I | 33
Estrutura das palavras | 34
Estrutura das palavras II | 45
Conceituação | 45
Modo | 45
Pessoa | 47
Número | 47
Estruturas do verbo | 48
O acento tônico nos verbos | 55
Processo de formação de palavras I | 59
Afixos | 60
Derivação | 63
Processo de formação de palavras II | 71
Composição | 71
Outros tipos de processos | 73
Criatividade lexical | 79
O que é? | 79
Neologismo | 81
Considerações finais | 88
Classes de palavras I | 93
Algumas informações essenciais | 93
Classes de palavras II | 107
Artigo | 107
O adjetivo | 110
Numeral | 114
Pronomes | 121
Pronome | 121
O pronome pode ser de seis espécies | 123
Colocação pronominal | 129
Locuções e interjeições | 133
Locuções | 133
Interjeição | 136
Narração | 141
Texto | 141
Gabarito | 155
Referências | 165
Apresentação
Nesta etapa de nosso estudo, abordam-se as diversas partes que constituem
o léxico de nossa língua preferencialmente aquelas que determinam a formação e construção dos termos que a caracterizam e a identificam. Aqui,
conheceremos os mecanismos de formação previstos no sistema da Língua
Portuguesa, bem como aqueles que transcendem às expectativas do registro padrão.
Na mesma direção, iniciaremos o estudo das classes de palavras que representa, indubitavelmente, conteúdo capaz de determinar o sucesso do
estudante diante da constituição e análise da frase e da oração em Língua
Portuguesa, a saber: a sintaxe.
Desta feita, pretende-se apresentar, sob o amparo da gramática normativa,
a língua enquanto sua formação, estrutura e classe de palavras.
Mais especificamente, enquanto estudiosos da linguagem, devemos entender que todo indivíduo que pretenda estudar uma língua, seja ela qual
for, deve atentar para certas considerações que determinam e auxiliam o
reconhecimento dessa língua. Assim, o estudo da forma é uma das possibilidades de análise que traz à tona o entendimento de que as palavras se
organizam não apenas numa frase, mas, também, internamente. Se por um
lado, palavras quando combinadas podem constituir frases, textos, por outro, letras, morfemas, sílabas também podem formar palavras.
Portanto, é neste espírito que se busca entender os procedimentos lingüísticos que participam e atuam efetivamente na morfologia das palavras.
Classes de palavras II
Artigo
O artigo, na gramática da língua portuguesa, precede o substantivo, acompanhando-o em gênero
e número e determinando-o de forma particular ou de modo genérico. Produz um fenômeno chamado
substantivação, que é transformar qualquer classe gramatical em substantivo. São os vocábulos o, a,
os, as, um, uns, uma, umas. Eles também funcionam no texto como um elemento de coesão textual.
Classificação dos artigos
Os artigos podem ser definidos e indefinidos.
O artigo definido determina claramente um nome. Enquanto o artigo indefinido transmite um aspecto vago.
De um modo geral, o artigo definido funciona como anafórico, ou seja, faz remissão a informação
que precede no texto, desempenhando papel textual, que vai além de sua função gramatical. Por outro
lado, o artigo indefinido funciona como catafórico, isto é, remete a informação que vem depois. Koch
(2003) dá um exemplo bem claro do que foi dito. Em ambos os casos ele atua como termo participante
da tessitura do texto: “Depois de algum tempo, aproximou-se de nós um desconhecido trajado de modo
estranho. O desconhecido tirou do bolso do paletó um pequeno embrulho.”
Uma vez um referente introduzido por um artigo indefinido só pode ser retomado por um
artigo definido.
Aqui, outro exemplo para que fique mais clara a explicação.
Havia uma casa muito linda no meio da montanha. A casa estava fechada.
Tome cuidado ao escrever um texto, pois muitas pessoas não se dão conta dessa regra.
No tópico seguinte, veremos como os artigos classificam-se.
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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Classificação dos artigos
A classe dos artigos é a menos numerosa de todas as classes gramaticais. Podem ser, como vimos
anteriormente, definidos e indefinidos, pois estabelece a determinação ou indeterminação dos substantivos. Caracteriza o gênero e o número, além de distinguir homônimos e definir o seu significado.
::: Definidos (o, a, os, as) – especificam, determinam o nome.
ex. O livro é grosso.
::: Indefinidos (um, uma, uns, umas) – indeciso, impreciso no nome, deixam uma noção vaga a
respeito do termo com o qual se relaciona (substantivo).
ex. Sou uma mulher atraente.
Agora observem os artigos citados identificáveis em alguns textos. Vale acrescentar a relação estreita entre tais artigos e o termo com qual se relacionam (substantivo):
Cidadezinha qualquer
Carlos Drummond de Andrade.
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
As palavras em destaque são artigos: “um” (indefinido) e “as” (definido). Pode-se dizer que na segunda estrofe a presença dos três artigos acompanhando os substantivos “homem”, “cachorro” e “burro”
dão a cada substantivo uma impressão vaga e indefinida. Não importa muito quem seriam o “homem” o
“cachorro” ou “burro”. Entretanto, observe que no caso do artigo “as”, que acompanha a palavra “janelas”,
temos definida que janelas representam, de fato, as pessoas que espiam e olham: “as janelas olham”.
Assim, podemos afirmar que essa função do artigo é extremamaente importante para melhor
entendermos o texto em que tais elementos aparecem.
Seguindo o mesmo reciocínio, verifique a presenca e a atuação dos artigos nos textos a seguir:
Santuário de papagaios
Conhecido popularmente como chauá e pelo cientistas como Amazona brasiliensis. Um mimoso,
colorido papagaio brasileiro é cada vez mais raro nas matas e mais frequente nas listas dos animais em
extinção. Foi por isso que o biólogo Eládio del Rosal, 47 anos, do Instintuto de Terras e Cartiografia do
Paraná, alegrou-se quando avistou um exemplar de chauá numa gaiola na ilha do Mel – paradisíaco
recanto do literal paranaense, com 2 420 hectares de matas e aves.
Classes de palavras II
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Percebemos que as palavras um e o em destaque, pertencem a classe dos artigos. Já vimos que
artigo é uma classe de palavras que se antepõe ao substantivo. O artigo um, que se refere aos substantivo papagaio é indefinido, pois é impreciso, vago. Caso a palavra papagaio fosse repetida, o artigo seria
definido, pois já teria sido mencionado. No caso do biólogo, o artigo o que precede está fazendo referência a uma pessoa conhecida pelo leitor ou que merece ser colocado em destaque.
“O terremoto de 8,2 graus na escala Richter no Oceano Índico, que atingiu nesta quarta-feira a Indonésia, danificou casas, mesquitas e outras construções no país, principalmente na ilha de Sumatra.”
Disponível em: (www.1.folha.uol.com.br /folha/mundo /ult94u327965.shtml)> Acesso em 12.set.07
“A descoberta de um fóssil de réptil na Rússia confirmou que o ouvido anatomicamente moderno
já existia há 260 milhões de anos, revela um estudo publicado nesta terça-feira pela revista ‘Plos One”.
Disponível em: (www.1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u327780.shtml). Acesso em 10.set.07
Podemos classificar também o artigo como:
::: Masculino – o, um, os, uns.
Quero uns relógios.
::: Feminino – a, uma, as, umas
A casa é amarela.
::: Singular – o, a, um uma
Um homem muito gentil.
::: Plural – os, as, uns, umas
Quero as laranjas mais doces.
Outra análise interessante que se pode fazer a respeito dos artigos é fato de os mesmos poderem
atuar na configuração do sentido de certos substantivos, por exemplo:
O praça
A praça
Poderíamos completar a primeira expressão com a frase a seguir:
_________ chegou atrasado ao quartel.
O praça chegou atrasado ao quartel.
Porém, essa mesma frase não serviria para a segunda expressão, pois a mera troca do artigo O
para o artigo a modifica o sentido da expressão.
Assim, “A praça chegou atrasada ao quartel”, não seria uma frase possível em língua portuguesa.
O sentido para cada combinação (artigo + substantivo) seria:
O praça (soldado)
A praça (logradouro público)
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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Outros exemplos:
O águia (esperto)
A águia (ave)
O cabeça (principal, aquele que decide)
A cabeça (parte superior do corpo humano)
Destafeita, podemos dizer que o conhecimento dessas pequenas palavras pode ajudar bastante na
compreenção do texto. Confirmando que saber osá-lo é tarefa útil para uma comunicação eficiente.
Como devemos usar os artigos?
::: É obrigatório o emprego do artigo definido entre o numeral “ambos” e o substantivo a que
esse numeral se refere.
Ambos os meninos saíram cedo.
::: Nunca deve ser usado depois de pronome relativo “cujo”.
Esta é a autora cuja obra desconheço.
::: Não se emprega artigo antes de pronome de tratamento, com exceção de “senhor (a), senhorita e dona”.
Vossas Senhorias resolveram os problemas.
::: Alguns nomes de lugar admitem a anteposição do artigo, outros não.
Florianópolis é uma cidade perfeita.
Porém, se o nome de lugar que não admite artigo vier qualificado, o uso será obrigatório.
A bela Florianópolis é perfeita.
::: Emprega-se o artigo definido com adjetivo no grau superlativo.
Não resolvi as questões mais complicadas.
::: Depois do pronome indefinido “todo”, emprega-se o artigo quando se quer dar idéia de totalidade.
Ela leu o livro. (todo o livro)
No tópico a seguir veremos o que é um adjetivo.
O adjetivo
Adjetivos são as palavras que caracterizam um substantivo, atribuindo-lhe qualidade, estado ou
modo de ser. Flexionam-se em gênero, número e grau, portanto são variáveis.
A árvore é grande.
Os adjetivos podem ser classificados de quatro formas.
Classes de palavras II
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Classificação dos adjetivos
Quanto à classificação, os adjetivos podem ser:
::: primitivo – não deriva de outra palavra.
triste é primitivo de tristonho.
::: Derivado – deriva de outra palavra , apresentando elementos destacáveis. (prefixo, sufixo).
fragílimo é derivado de frágil.
::: Simples – é constituído de um só radical.
surdo, louco
::: Composto – é aquele que é constituído de mais de um elemento.
Garoto surdo-mudo.
Vimos que os adjetivos são variáveis. Vamos entender melhor essa variação no tópico seguinte.
Flexão dos adjetivos
O adjetivo concorda com o substantivo a que se refere em gênero (masculino e feminino) e
número (singular e plural).
Gênero
No que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é semelhante dos substantivos. A classificação dos adjetivos quanto ao gênero compreende dois grandes grupos:
::: Adjetivos uniformes;
::: Adjetivos biformes.
Qual seria a grande diferença entre esses grupos?
::: adjetivos uniformes – apresentam só uma forma para o masculino e o feminino. jovem, grande,
simples, feliz etc.
::: adjetivos biformes apresentam duas formas, uma para o masculino e uma para o feminino.
Veja o quadro a seguir:
Maduro
Madura
Pequeno
Pequena
Honesto
Honesta
Amarelo
Amarela
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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Número
Quanto à quantidade de seres que se refere, o adjetivo classifica-se em:
::: Singular – refere-se a um ser de determinada espécie.
::: Plural – refere-se a mais de um ser de determinada espécie.
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os substantivos simples, ou seja, a
terminação do plural varia conforme a terminação do singular.
pessoa honesta – pessoas honestas.
Os adjetivos compostos flexionam-se no plural de forma variada. Observe o quadro a seguir:
Analisando o último termo, isoladamente: se for adjetivo, vai para o plural. Se ele, sozinho, não
for adjetivo, permanece no singular; o primeiro elemento permanece sempre no singular.
Exemplos:
Lutas greco-romanas;
Turistas luso-brasileiros;
Entidades sócio-econômicas;
Olhos verde-claros;
Observação 1: existem algumas exceções no plural dos adjetivos compostos, por exemplo
Azul-marinho/azul celeste – permanecem sempre invariáveis;
Surdo-mudo – flexiona-se os dois elementos.
Adjetivos que se referem a cor e o segundo elemento for um substantivo, permanecem invariáveis, por exemplo:
Crianças surdas-mudas
Calças azul-marinho
Cortinas azul-celeste
Tintas branco-gelo
Camisas verde-limão
Permanecem, também, invariáveis adjetivos com a composição COR + DE + SUBSTANTIVO.
Blusa cor-de-rosa – Blusas cor-de-rosa.
(Disponível em: <www.juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/adjetivo001.asp>. Acesso em: 11.set.07)
Os adjetivos compostos formados de adjetivo + adjetivo, flexionam somente o último elemento.
Por exemplo, luso-brasileiro e luso-brasileiros. Exceções: surdo-mudo e surdos-mudos. E ficam invariáveis
os seguintes adjetivos compostos: azul-celeste e azul-marinho.
Assim, com os adjetivos compostos formados de palavra invariável + adjetivo, flexionam também
só o último elemento. Por exemplo: mal-educado e mal-educados.
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Já os adjetivos compostos formados de adjetivo + substantivo ficam invariáveis. Por exemplo,
carro(s) verde-canário.
E as expressões formadas de cor + de + substantivo também ficam invariáveis. Por exemplo,
cabelo(s) cor-de-ouro.
Graus dos adjetivos
O adjetivo flexiona-se em grau para indicar a intensidade da qualidade do ser. Existem, para o
adjetivo, dois graus: o comparativo e o superlativo.
O comparativo pode ser:
::: de igualdade – a qualidade expressa pelo adjetivo aparece com a mesma intensidade nos
elementos que são comparados.(tão (tanto, tal) bom como (quão, quanto)).
Nosso professor é tão exigente quanto justo.
::: de superioridade – a qualidade expressa pelo adjetivo aparece mais intensificada no primeiro
elemento da relação de comparação. (analítico (mais belo do que) e sintético (melhor que)).
Temos mais esperança em vencer do que eles.
::: de inferioridade – a qualidade expressa pelo adjetivo aparece menos intensificada no primeiro
elemento da relação de comparação (menos bom que (do que)).
Infelizmete, sou menos paciente (do) que minha esposa.
O superlativo pode ser:
::: Absoluto – analítico (muito belo) e sintético (ótimo, erudito; ou belíssimo, popular).
Este exercício é muito fácil. (superlativo absoluto analítico)
Este exercício é facílimo. (superlativo absoluto sintético)
::: Relativo – de superioridade (o mais belo de) e de inferioridade (o menos belo).
Este exercício é o mais fácil do capítulo. ( superlativo absoluto de superioridade)
Este exercício é o menos fácil do capítulo. (superlativo absoluto de inferioridade).
O superlativo absoluto sintético é feito pelo acréscimo dos sufixos superlativos -íssimo, -ílimo ou
-érrimo.
Alguns superlativos absolutos sintéticos apresentam mais de uma forma: uma erudita, mantendo
íntima relação com a origem da palavra, e outra mais popular, consagrada pelo uso.
Vejamos alguns exemplos:
Agudo – acutíssimo ou agudíssimo.
Cruel – crudelíssimo ou cruelíssimo.
Livre – libérrimo ou livríssimo.
Magro – macérrimo, magérrimo ou magríssimo.
Pobre – paupérrimo ou pobríssimo.
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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Numeral
Como é bom contar vantagens, casos e dinheiro!! Não é verdade??
Chegou o momento de definir o que é o numeral. Todos já sabem, como é sugerido pelo próprio
nome, que numeral é a palavra que designa um número, é claro. Vale acrescentar que sua relação é
bastante estreita com o substantivo.
Tipos de numeral
::: cardinal – aquele que designa quantidade determinada e que usamos mais freqüentemente.
um, dois, três...
::: ordinal – indica ordem ou posição ocupada por um ser numa determinada série.
primeiro segundo, terceiro...
O primeiro morador chegou cedo à festa.
::: fracionário – indica fração ou divisão.
meio, terço, quarta parte...
Meio bolo foi dado a cada grupo.
::: multiplicativos – indica uma multiplicação.
duplo, triplo, quádruplo...
Em relação a semana passada, comprei o triplo de frutas.
Empregos e flexões
Agora pense rápido e responda: onde encontramos numerais? A resposta é imediata. Encontramos numerais nos muros das casas, nas horas, na nossa sala de aula, enfim, em vários lugares.
Também usamos os numerais para designar séculos, reis, papas, capítulos etc.
Hora da dica
::: Os multiplicativos são, em geral, substituídos pelos cardinais correspondentes, seguidos
pela palavra “vezes”:
Quatro vezes, por quádruplo.
::: Em hipérboles (exageros):
Já te disse um milhão de vezes: acabou!
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::: Ambos/ambas também são numerais:
Agarrou com ambas as mãos.
::: Alguns numerais designam um conjunto numericamente exato e, por se aproximarem dos
substantivos coletivos, são chamados numerais coletivos.
Década.
::: Zero é um numeral cardinal, embora não conste das listas de numerais. A palavra tem origem do árabe sifr e chegou até nós pelo latim medieval zephirum. Sifr, em árabe, significa
vazio, daí zero ser o cardinal dos conjuntos vazios.
::: O fracionário “meio” concorda em gênero com o substantivo a que se refere.
Comprou meio quilo de arroz.
Leia o texto e observe as palavras em destaque.
Era apenas um minúsculo pedaço de papel, com a efígie da Rainha Vitória impressa em preto
sobre fundo branco. Seu aparecimento, em 6 de maio de 1840, em Londres, entretanto, desencadeou uma autêntica revolução postal. Até então, em todo o mundo, a correspondência era paga
pelo destinatário, que, se quisesse, podia recusar-se a recebê-la. Com o pagamento prévio do porte,
através do selo, a confiança dos usuários aumentou a tal ponto que o número de cartas em circulação
na Inglaterra saltou, em um ano, de cinco milhões para imponentes 170 milhões. Três anos depois, a
novidade era adotada pelo Brasil, que, em 1843, se tornava o segundo país do mundo a emitir selo.
São numerais. Foi visto que numeral é a palavra que indica quantidade exata de seres ou o
lugar que os mesmos ocupam numa série.
Texto complementar
Os segredos do adjetivo
O uso cotidiano desafia a idéia de que o adjetivo seja apenas uma
palavra que expressa uma qualidade do substantivo
Maria Helena de Moura Neves
Aprendemos durante a vida toda que adjetivo é a palavra que qualifica o substantivo. Como
ocorre com tudo o que se aprende de “gramática” na escola, ninguém nos desafiou a pôr essa definição à prova. Ninguém nunca nos pediu, por exemplo, que disséssemos qual é a qualidade que
está sendo atribuída ao substantivo hospital, quando a ele se junta a adjetivo infantil, ou ao substantivo perícia, quando a ele se junta o adjetivo médica.
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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Se tivessem feito isso enquanto éramos aluninhos, já naquela primeira vez em que a categoria
“adjetivo”nos foi apresentada, com certeza nos teriam posto em situação de dizer “não sei”, e de provocar alguma discussão. Como teria sido bom, já que discutir questões, afirmações, categorizações é
o que mais a escola tem de fazer! Saídos da escola, profissionais, já possivelmente até professores de
português, talvez ainda nos perturbemos um pouco se tivermos de pôr tal definição de adjetivo à
prova.
Como se percebe, a conceituação que nos dão é, no mínimo,inexata. O conceito de adjetivo teria de ser tratado de forma complementar ao de substantivo (comum). A característica do substantivo é constituir a descrição de uma classe de elementos, isto é, a expressão do feixe de propriedades
de uma classe. Com efeito, hospital é substantivo porque nomeia qualquer entidade que tenha as
propriedades que façam dela um “hospital”, e infantil é adjetivo porque vem trazer a esse feixe mais
uma propriedade (“que atende crianças”) , a qual restringe o conceito àqueles hospitais (observando-se que as propriedades de “hospital” se mantêm) que fazem atendimento a crianças. Com o
conjunto de substantivo e adjetivo, estaria referido um certo subtipo de hospital, uma subclasse.
A restrição do feixe de propriedades que conceituam “hospital” poderia ter sido de outra ordem, por exemplo, se se dissesse hospital conceituado. Do mesmo modo, a referência já não seria a
qualquer hospital, apenas a alguns, só que a restrição agora seria por qualificação, e aí sim poderíamos dizer que o adjetivo está qualificando o substantivo. Com o conjunto de substantivo e adjetivo,
estaria atribuída a um hospital uma qualidade (no caso, boa, positiva).
Rigor conceitual
A importância de saber isso está em ficar evidenciada uma preocupação com o rigor dos conceitos. É algo que afeta a formação geral de todos e de que, portanto, nunca se pode abrir mão.
Repetir definições errôneas é, afinal, bloquear progresso na construção do conhecimento.
Testar definições de qualquer ordem que nos dêem prontas não é o que teremos de fazer pela
vida afora. Mas o importante na questão é que ou conceituamos com consistência e com rigor as
entidades, quando nos detemos a fazer definições, ou descartamos a tarefa, o que será uma boa
opção, se, por exemplo, na escola, ela resultar de um bom planejamento que escalone os conceitos
que devem ser trabalhados, numa boa progressão.
Basta olhar para o famoso quadro da gramática tradicional denominado grau dos adjetivos para ver
que alguma coisa está errada no andamento das lições: qual é o comparativo de superioridade de infantil, na expressão hospital infantil? Mais infantil que? E qual o superlativo? Muito infantil? Infantilíssimo?
Rítmo da língua
Dizemos sim que “Fulano teve um comportamento muito infantil, infantilíssimo”. Aí é que vemos como funciona a língua. Ela combina léxico (o vocabulário) e gramática (a organização). Quanto ao léxico, busquemos os dicionários e veremos infantil com a acepção de “para crianças” (um
adjetivo classificador), mas também com a acepção de “próprio de criança”, “ingênuo, tolo” (um
adjetivo qualificador). Quanto à gramática, veremos que adjetivos que não indicam qualidade, mas
marcam subtipos (os classificadores), como em perícia médica, não podem ser intensificados (for-
Classes de palavras II
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mando superlativos) e só em casos especiais podem ser quantificados (formando comparativos),
porque essas operações gramaticais de intensificação e quantificação não incidem, em geral, sobre
a indicação de uma simples subtipologização de pessoas, objetos, entidades.
Assim, combinando léxico e gramática no exame do real funcionamento da categoria a que
chamamos adjetivo, chegaremos a verificar que adjetivos do tipo de estudioso e bochechudo (que
têm sufixos que indicam abundância, como -oso e -udo) e do tipo de hipervazio, supersimplificado
(que têm prefixos que intensificam, como hiper e super) sempre exprimem qualificação, mas que adjetivos do tipo de monocromático e ambivalente (que têm prefixos de valor numérico, como mono- e
ambi-) são sempre adjetivos de (sub)classificação.
Não é dar denominações a subclasses da categoria adjetivo que interessa propriamente (embora, em qualquer ramo de conhecimento, tenhamos sempre de ter nomes para falar das coisas),
mas é importante falar de gramática tendo em mente que ela é a própria organização dos enunciados, e falar dela é falar do uso lingüístico. É dar conta da língua em função.
Matéria editada na Revista Língua. Ano 1 – Número 3 – Dezembro de 2005. São Paulo: Ed. Segmento.
Análise lingüística
1.
Observe o trecho:
Ao longe, percebia-se a sombra de uma mulher. A mulher parecia trêmula.
O substantivo mulher aparece duas vezes no trecho, modificado por diferentes artigos. Justifique
os empregos desses artigos.
2.
Por que na frase a seguir não foi usado artigo diante de “vossa majestade”?
Engana-se Vossa majestade, disse o barbeiro.
3.
Ele obteve o 123.º... lugar
a) centésimo vigésimo terceiro.
b) centésimo trigésimo terceiro.
c) cento e vinte trigésimo.
d) cento e vigésimo terceiro.
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4.
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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Triplo e quíntuplo são numerais:
a) ordinal e multiplicativo, respectivamente.
b) ambos ordinais.
c) ambos cardinais.
d) ambos multiplicativos.
5.
Corrija a frase, se necessário.
Haverá hoje uma reunião com a Sua Majestade.
6.
Na frase: Comprou meio quilo de peixe. Podemos classificar esse numeral como:
a) fracionário.
b) multiplicativo.
c) ordinal.
d) cardinal.
7.
Indique o item em que os ordinais estão corretamente empregados:
a) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo Primeiro.
b) Após o parágrafo nono, virá o parágrafo décimo.
c) Depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo primeiro.
d) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
8.
Na frase: Pedro é, na verdade, educadíssimo. O grau do adjetivo destacado é:
a) superlativo absoluto sintético.
b) superlativo absoluto analítico.
c) superlativo relativo de inferioridade.
d) superlativo absoluto de inferioridade.
9.
O período de quinze dias chama-se:
a) dístico.
b) decúria.
c) quinzena.
d) centúria.
Classes de palavras II
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Leia o poema de Cecília Meireles:
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas frias e mortas,
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança
Tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
10.
Quais os adjetivos que podemos classificar como uniformes presentes no texto?
a) triste, simples, fácil.
b) calmo, magro, perdida.
c) paradas, frias, certa.
d) mortas, perdida, vazio.
11.
Leia o trecho a seguir e responda:
Um, dois, três, agora é de vez!
Costumo dizer aos meus alunos que o primeiro passo para ter bons resultados em História é
estar atento e colaborar nas tarefas das aulas. Mas isso não chega para a maioria dos alunos. Depois,
é preciso estudar...
(Disponível em: <www.members.tripod.com /catrineta2/um-dois-tres.htm>
Acesso em 06 set. 2007).
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Língua Portuguesa II: Morfologia I
Que classe de numeral está sendo representada no titulo do texto?
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