[Tradução livre] Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática em Paris – Mobilização do setor financeiro A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima em Paris constituirá um marco histórico para a limitação do aquecimento global a 1,5/2 graus. A necessidade de uma mobilização geral nunca foi tão urgente. A meta da presidência da COP21, exercida pela França, é de estabelecer em dezembro de 2015 uma “Aliança de Paris” capaz de enfrentar o desafio do clima e de nos permitir: conter o aquecimento global dentro do limite de 1,5/2°C, acima do qual os impactos seriam difíceis de serem controlados; adaptar a sociedade aos impactos que já estão sendo sentidos e fomentar um desenvolvimento com baixas emissões de carbono. A Aliança de Paris promoverá também uma “Agenda de Ação”, juntamente com o acordo que será estabelecido em Paris, em dezembro, e os compromissos nacionais, que deverão contribuir para sinalizar que partes interessadas não governamentais estão determinadas a realizar uma transição para uma economia de baixo carbono, através da promoção de soluções para a redução dos gases do efeito estufa. Um número cada vez maior de operadores financeiros privados ao redor do mundo está colaborando para que haja um redirecionamento do capital para uma economia de baixo carbono e um crescimento resiliente. A Cúpula das Nações Unidas sobre o Clima, realizada em Nova Iorque em 23 de setembro de 2014, nos mostrou o quão abrangentes são os compromissos estabelecidos. O Climate Finance Day, que aconteceu em 22 de maio em Paris, foi mais um evento chave para a realização de um apanhado dos compromissos que o setor financeiro assumiu para apoiar a transição necessária para uma economia de baixo carbono, além de ter sido uma oportunidade para que outros atores assumissem novos compromissos. Há uma série de soluções que podem ser adotadas para que os investimentos em economias de alta emissão de carbono sejam reduzidos e os investimentos verdes incentivados. Através de novos métodos que permitam desenvolver uma avaliação mais precisa dos riscos e oportunidades inerentes às escolhas a serem feitas, de novos instrumentos financeiros e de uma transformação da composição das carteiras de investimentos, o setor financeiro poderá fazer a diferença e tornar-se membro da coalizão global para a limitação do aquecimento global. A fim de facilitar ao máximo a divulgação dos compromissos feitos pelo setor financeiro, tanto durante o Climate Finance Day quanto posteriormente, e criar um panorama geral dos mesmos, duas plataformas específicas foram lançadas em maio de 2015, no intuito de registrar todos os compromissos individuais assumidos por atores do setor financeiro: uma dedicada aos investidores e outra às seguradoras. Através de um formulário padronizado que permite às empresas registrar os seus compromissos de forma simples, os investidores podem formular 4 tipos de compromissos: (i) maior transparência [Tradução livre] (através da medição da pegada de carbono dos seus investimentos, por exemplo); (ii) maior engajamento com as empresas no intuito de obter das mesmas um melhor desempenho de suas ações face à mudança climática; (iii) realocação dos seus investimentos em ativos de baixo carbono (descarbonização de suas carteiras de investimento); (iv) reforço das ações de luta contra a mudança climática (por exemplo, através de ferramentas de investimento específicas, como as obrigações verdes). Os investidores podem tanto participar de uma iniciativa de colaboração já existente (http://investorsonclimatechange.org/initiatives/): - Portfolio decarbonization coalition (Coalizão para a descarbonização das carteiras de investimento) Low-carbon Registry (Registro de baixo carbono) Collaborative commitment (Comprometimento colaborativo) Montreal Pledge (Compromisso de Montreal) CDSB Fiduciary Statement (Declaração dos Investidores do CDSB) Climate Bonds Initiative (Iniciativa das Obrigações Climáticas) quanto formular seus próprios compromissos (http://investorsonclimatechange.org/other-actions/). O setor de seguros também conta com uma plataforma específica (http://www.unepfi.org/psi/commitments/) que permite aos agentes desse setor registrar 4 tipos de compromissos: (i) incorporar as questões ambientais, sociais e governamentais no processo de tomada de decisão; (ii) trabalhar em conjunto com seus clientes e parceiros de negócios para promover a conscientização a respeito de questões ambientais, sociais e governamentais, gerir riscos e desenvolver soluções; (iii) trabalhar em conjunto com governos, organismos reguladores e outros agentes essenciais para a promoção de amplas ações de caráter social, ambiental e governamental na sociedade; (iv) demonstrar responsabilidade e transparência, divulgando regularmente os progressos realizados na implementação desses princípios. Atores de outros segmentos do setor financeiro podem registrar os seus próprios compromissos na plataforma NAZCA, que reúne os compromissos de todos os atores não governamentais. (http://climateaction.unfccc.int/register.aspx ). O Secretário-geral das Nações Unidas e a presidência da COP21 darão grande visibilidade às iniciativas tomadas pela comunidade financeira internacional em diversas ocasiões até a COP21, dentre as quais se destacam as reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI em outubro em Lima.