Respiração espontânea - outro aspecto da ventilação protetora

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Ventilação protetora no centro cirúrgico
Respiração espontânea - outro
aspecto da ventilação
protetora intraoperatória?
Há suspeitas de que a anestesia geral com bloqueio neuromuscular e
subsequente ventilação controlada seja uma das principais causas de
comprometimento respiratório. Além dos parâmetros da ventilação controlada,
a respiração espontânea intraoperatória também pode ser uma opção para a
obtenção de melhora dos pacientes. O presente artigo apresenta informações
relevantes sobre os cenários baseados na literatura.
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RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA — OUTRO ASPECTO DA VENTILAÇÃO PROTETORA INTRAOPERATÓRIA?
Vários aspectos da proteção pulmonar durante a ventilação da
anestesia geral foram discutidos nos últimos anos. Nós reunimos
informações sobre evidências e recomendações da literatura para
você. A discussão concentrou-se principalmente na ventilação
mecânica controlada, que é razoavelmente clara, pois muitos
procedimentos cirúrgicos requerem relaxamento neuromuscular e
demandam, consequentemente, métodos protetores de ventilação
mecânica que precisam ser determinados.
Mas é preciso ter em mente que o relaxamento neuromuscular e a
subsequente ventilação com pressão positiva (mandatória) parecem
ser fatores significativos em si, levando ao comprometimento
respiratório e, potencialmente, às complicações pulmonares pósoperatórias acima mencionadas, as quais a ventilação protetora
destina-se neutralizar. Desse modo, não seria um exagero
perguntar se a respiração espontânea o mais cedo possível no
curso da anestesia geral ou logo após proteção das vias aéreas
poderia ser mais benéfica.
Dica: Para informações com fundamentação mais técnica,
consulte o e-book “informações tecnológicas”.
A distribuição desigual...
Estudos de imagens em animais demonstraram que a ventilação
não se distribui fisiologicamente durante a ventilação mandatória
contínua (VMC). Durante a VMC, a ventilação é deslocada para
as regiões pulmonares anteriores, não dependentes e menos
perfundidas, o que leva ao já bem descrito desequilíbrio da relação
ventilação/perfusão (V/Q).1
E isso ocorre tanto em pacientes anestesiados com pulmões
saudáveis como em pacientes com disfunção pulmonar significativa.
E o motivo é supostamente o papel do diafragma. Quando relaxado
farmacologicamente, a pressão hidrostática intra-abdominal
pressiona o diafragma e ele se move em direção ao crânio,
aumentando a pressão do sentido anterior ao posterior. Assim,
o movimento do diafragma é obstruído, ou até impedido, nas
regiões pulmonares dependentes, deslocando a ventilação para
as regiões pulmonares não dependentes e fazendo com que as
regiões dorsais dos pulmões próximas ao diafragma sejam menos
ventiladas, ou atelectásicas. No curso correto, o volume corrente
administrado mecanicamente chega primeiro às partes anteriores,
não dependentes e menos perfundidas dos pulmões, levando ao
desequilíbrio V/Q acima mencionado.5
...equilibrada
Durante a respiração espontânea, as partes posteriores do diafragma
movem-se mais que a lâmina tendinosa anterior, resultando em
melhor ventilação das regiões pulmonares dependentes, mesmo
em posição supina. O que resulta em um melhor equilíbrio da
relação V/Q, pois o diafragma consegue se opor à compressão
alveolar.1,5 A melhor aeração das regiões justadiafragmáticas dos
pulmões é o motivo para a melhor capacidade residual funcional
(CRF) associada à respiração espontânea.1
Fig. 1: TC (A) de um paciente com colapso pulmonar dorsal, representando a distri-
Fig. 2 TC (C) de um paciente com pulmões com aeração normal, representando a
representando a distribuição regional da ventilação.
ventilação.
buição regional do ar. TIE (B) de um paciente com condição pulmonar comparável,
A. Colapso pulmonar mostrado
por TC
distribuição regional do ar; TIE (D) representando a distribuição homogênea da
6%
10%
38%
40%
54%
41%
2%
9%
B. Colapso pulmonar mostrado por TIE
C. Pulmão com aeração normal
mostrado por TC
D. Pulmão com aeração normal mostrado
por TIE
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RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA — OUTRO ASPECTO DA VENTILAÇÃO PROTETORA INTRAOPERATÓRIA?
Excursão diafragmática
As conclusões acima também foram confirmadas em uma
pesquisa que estudou a excursão diafragmática por fluoroscopia
do diafragma durante a respiração espontânea e durante a
ventilação com pressão positiva. O diafragma foi dividido em três
segmentos, superior (ventral, não dependente), médio e inferior
(dorsal, dependente), para analisar as diferenças. Durante a
respiração espontânea normal, a excursão diafragmática total
foi significativamente maior que a das respirações com pressão
positiva. Os dados desse estudo mostram claramente que, durante
a respiração espontânea, a maior parte da excursão diafragmática
é observada na região inferior e dependente, sem importar se a
respiração é normal ou profunda.
Durante a ventilação com pressão positiva, a excursão do diafragma
foi menos evidente na parte inferior e dependente, e mais evidente
na parte superior e não dependente, quando volumes correntes
menores foram aplicados. Somente com a aplicação de maiores
volumes correntes a excursão diafragmática foi mais ou menos
igual nas partes superior e inferior do diafragma.2 O que pode
ser importante ao se ter a discussão sobre ventilação protetora
pulmonar em mente, pois ela demanda menores volumes correntes.
Posição do diafragma depois
da expiração
Posição do diafragma depois
da inspiração
Suporte necessário
Aparentemente a respiração espontânea pode levar a melhores
condições de ventilação que a VMC. Mas, durante a cirurgia, os
anestésicos, especialmente os opiáceos, comprometem a respiração
espontânea causando depressão respiratória.7 Na comparação
envolvendo anestesia geral com isoflurano ou sevoflurano e
ventilação com pressão positiva (VPP) ou respiração espontânea,
foi observado que a VPP produziu resultados respiratórios melhores
que a respiração espontânea, especificamente com respeito
à oxigenação e a etCO2. Não foram observadas diferenças nos
parâmetros hemodinâmicos. Contudo, nesse estudo, as tentativas
de respiração espontânea não tiveram nenhum meio de suporte ativo.8
Brimacombe et al testaram se a ventilação com pressão de
suporte (PSV) com PEEP alcançaria resultados melhores que a
aplicação exclusiva de CPAP, sem suporte corrente. Os resultados
mostram claramente que a PSV resulta em saturação mais alta
da oxigenação, menores valores de etCO2 e maiores volumes
correntes expirados em comparação com a CPAP sem suporte
corrente, proporcionando assim trocas gasosas mais efetivas.3 Em
outro estudo, Bosek et al descobriram que a PSV com pressão
titulada para produzir um Vc próximo ao normal (fisiológico) melhora
a eficiência da respiração espontânea durante a anestesia inalatória
mediante a redução da frequência respiratória (FR) e da PaCO2 e a
preservação simultânea da homeostasia hemodinâmica.4
Mas há outro aspecto da respiração espontânea intraoperatória que
se estende ao período pós-operatório. O estudo de Keller et al
mencionado acima também descobriu que o tempo para emergir
da anestesia geral com sevoflurano diminuiu de 12 para 6 minutos
quando os pacientes respiraram espontaneamente durante a
anestesia geral.8 Essa descoberta acaba de ser confirmada por
um RCT de Capdevilla et al, que sugere que a PSV intraoperatória
em pacientes com máscara laríngea (LMA) reduz o tempo de
emergência da anestesia e o consumo de Propofol em comparação
com a ventilação mandatória contínua. Foi ainda descoberto que a
PSV melhorou a função respiratória e não causou efeitos adversos.6
Fig. 3: Atividade diafragmática durante respiração espontânea favorece
redistribuição de gases para áreas dependentes e bem perfundidas
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CONCLUSÃO
As constatações acima têm o intuito de levantar a respiração espontânea como um componente possivelmente
interessante da ventilação protetora pulmonar no centro cirúrgico, resultando em uma melhor distribuição da
ventilação. Entretanto, embora também haja bons motivos e necessidades absolutas de ventilação mecânica
para vários pacientes e procedimentos cirúrgicos, a respiração espontânea poderia ser uma boa opção no
futuro até para outras indicações além das previstas hoje. São necessárias mais pesquisas para determinar
essas indicações e reunir evidências da efetividade da respiração espontânea na ventilação intraoperatória.
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REFERÊNCIAS :
1. Neumann P, Wrigge H, Zinserling J, et al. Spontaneous breathing affects the spatial ventilation and perfusion distribution during mechanical ventilatory support.
Crit Care Med. 2005 May;33(5):1090-5. Link
2. Kleinman BS, Frey K, VanDrunen M, et al. Motion of the diaphragm in patients with chronic obstructive pulmonary disease while spontaneously breathing versus during
positive pressure breathing after anesthesia and neuromuscular blockade. Anesthesiology. 2002 Aug;97(2):298-305. Link
3. Brimacombe J, Keller C, Hörmann C. Pressure support ventilation versus continuous positive airway pressure with the laryngeal mask airway: a randomized crossover
study of anesthetized adult patients. Anesthesiology. 2000 Jun;92(6):1621-3. Link
4. BosekV1,RoyL,SmithRA.Pressuresupportimprovesefficiencyofspontaneousbreathingduringinhalationanesthesia.JClinAnesth.1996Feb;8(1):9-12.Link
5. Putensen C, Muders T, Varelmann D, Wrigge H. The impact of spontaneous breathing during mechanical ventilation. Curr Opin Crit Care. 2006 Feb;12(1):13-8. Link
6. Capdevila X, Jung B, Bernard N, et al. Effects of pressure support ventilation mode on emergence time and intra-operative ventilatory function: a randomized controlled
trial. PLoS One. 2014 Dec 23;9(12):e115139. Link
7. Dahan A, Aarts L, Smith TW. Incidence, Reversal, and Prevention of Opioid-induced Respiratory Depression. Anesthesiology. 2010 Jan;112(1):226-38. Link
8. Keller C, Sparr HJ, Luger TJ, Brimacombe J. Patient outcomes with positive pressure versus spontaneous ventilation in non-paralysed adults with the laryngeal mask.
Can J Anaesth. 1998 Jun;45(6):564-7. Link
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