Princípios Ativos

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Princípios Ativos
Fitoterápicos
Aspectos Clínicos
Farm. Elisabeth Prado
abril 2010
O efeito farmacológico das plantas se dá através dos
princípios ativos.
Por isso é essencial conhecer um pouco mais sobre eles.
Muitas vezes, a ação farmacológica da planta resulta da
ação de um conjunto de princípios ativos, chamados de
fitocomplexo.
Princípios Ativos:
compostos químicos presentes nas drogas vegetais,
responsáveis por seus efeitos terapêuticos.
A concentração dos princípios ativos depende:
- da parte utilizada da planta
- da época da colheita
- do local de cultivo
- das condições de secagem
Os princípios ativos geralmente são frutos do metabolismo
secundário das plantas.
Metabólitos primários:
Ligados diretamente á subsistência da planta: carboidratos,
aminoácidos e lipídeos
Metabólitos secundários:
Não são vitais para a sobrevivência da planta.
Variam de espécie para espécie.
Muitas vezes estão vinculados com a relação da planta com o
meio ambiente (situações de stress, meio de defesa contra
predadores).
São expressão da individualidade química e genética, tanto
qualitativamente como quantitativamente.
Geralmente são produzidos em pequenas quantidades.
Podemos classificar os princípios ativos em função
de seus grupamentos químicos.
Alguns grupos de princípios ativos:
Antraquinonas
Flavonóides
Taninos
Alcalóides
Mucilagens
Cumarinas
Óleos essenciais (composição múltipla)
Glicosídeos cardiotônicos
Saponinas
Cada grupo possui características em comum:
- na estrutura química
- nas propriedades físico-químicas
- nas ações terapêuticas
Heterosídeos
São formados por duas partes:
Genina ou aglicona
+
Açúcar ou glicona
Geralmente:
Genina: atividade farmacológica
Aglicona: solubilidade, absorção
Antraquinonas (derivados antracênicos)
Derivados fenólicos do antraceno, em diferentes estados de
oxidação
Formas mais reduzidas (antranol)=> ação mais drástica: diarréia,
hipocalemia
Formas mais oxidadas (antraquinona) => ação laxante
Durante o processo de secagem, as formas reduzidas passam a
oxidadas.
Existem nas plantas sob a forma livre (genina) ou mais
freqüentemente na forma combinada de heterosídeos (mais
solúveis)
Propriedades laxantes:
irritam a mucosa intestinal por ação direta => aumento do
peristaltismo
bloqueiam a bomba de sódio no epitélio intestinal => diminuição da
absorção de água e eletrólitos.
Causam cólicas abdominais.
Contra-indicados para gestantes, portadores de colites crônicas,
crianças abaixo de 10 anos, utilização com medicamentos que
provoquem ou sejam afetados por hipocalemia.
Uso prolongado pode favorecer o aparecimento de câncer de cólon.
Não utilizar por mais de 15 dias seguidos. Alternar com outros tipos
de laxantes não irritativos (mecânicos, osmóticos).
Presentes em altas concentrações nas plantas.
Heterosídeos: solúveis, facilmente absorvidos.
Podem ser usados sob a forma de pós da planta.
Exemplos:
Aloe ferox , Aloe barbadensis – babosa - aloína, barbaloína
Rheum palmatum – ruibarbo – reina, emodol, reinina, senidina
Rhamnus frangula – frangula - emodol, crisofanol, glicofrangulosídeos
Rhamnus purshiana – cáscara sagrada – emodol, crisofanol, barbaloía,
cascarosídeos
Cassia senna, Cassia angustifolia – sene - reina, aloe-emodol,
senosídeos)
Alcalóides
Possuem um nitrogênio amínico, com propriedades alcalinas. Daí
vem o nome alcalóide.
Nas plantas vivas, aparecem na forma de sais solúveis, dissolvidos
nos vacúolos celulares. Na plantas secas, se encontram na forma
básica (insolúvel) e ficam impregnados nas paredes celulares.
Ocorrem nos órgãos vegetativos das plantas: sementes, folhas ,
cascas (órgãos mais externos=> defesa)
Sua funções para a planta seriam proteção contra insetos,
estimulantes ou reguladores do crescimento, reserva para síntese
de proteínas, agentes finais de desintoxicação.
Algumas famílias botânicas apresentam alcalóides em quase
todas as espécies, como as papaveráceas.
Em geral são muito potentes, necessitando de pequenas
doses para fazer efeito.
Devem ser usados com muito cuidado.
Melhor usá-los como fitofármacos (PA isolado) a fim de
controlar melhor a dose.
Muitos deles possuem ação sobre SNC.
Alguns são tóxicos para o fígado.
Alguns também atuam no SNA.
São divididos em
grupos de acordo
com a semelhança
estrutural e a
origem bioquímica.
Alcalóides verdadeiros: sistema heterocíclico
nitrogenado proveniente de um aminoácido
Derivados da Fenilalanina
Isoquinoleínicos
- boldina (coléretico, colagogo) Peumus boldus – boldo do Chile
- morfina (hipnoanalgésico, depressor respiratório), codeína
(antitussígeno, analgésico), papaverina (antiespasmódica) –
Papaver somniferum - ópio, papoula
-
- emetina (emética, expectorante, amebicida) – Cephaelis
ipecacuanha – ipeca
- tubocurarina (componente do curare, paralisia muscular e
respiratória) – Chondodendron tomentosum
Derivados do Triptofano
Quinoleínicos
- quinina (anti-malárico, tônico geral amargo) Cinchona
sp. – quina
Indólicos
- harmina (sedativo) – Passiflora incarnata L. – maracujá
- ergotamina (anti-hemorrágico uterino, antienxaquecoso,
antagonista serotonina) – Claviceps purpurea – esporão de centeio
- derivados do ácido lisérgico – LSD (excitação, alucinações,
convulsões, vasoconstritor periférico, contração de músculo liso) –
Claviceps purpurea
- reserpina (neuroléptico e hipotensor) - Rauwolfia serpentina
- estricnina (neurotóxico, bloqueia impulsos inibidores espinhais,
excitante medular, convulsivante, tetanizante) Strychnos nuxvomica – noz vômica
- vimblastina, vincristina (antitumorais) – Cantharanthus roseus vinca
Derivados da Ornitina
Tropânicos
(anestésicos, ação no SNC, espasmolíticos, simpatomiméticos, ação
depende da posição do OH em equatorial ou em axial)
- escopolamina (depressor SNC, antiespasmódico) Hyoscyamus
niger – meimemdro
- atropina (anticolinesterásico, antiespasmódico) Atropa belladona beladona
- cocaína (anestésico e simpaticomimético) Erythroxylon coca -coca
Pirrolizidínicos
- sinfitina, equimidina ( hepatotóxicos, lesão no parênquima
hepático) – Symphytum officinalis - confrei
Derivados da Lisina
Quinolizidínicos
- lupinina – Lupinus sp – tremoceiro (hepatotóxico)
- esparteina (contração uterina) – Cytisus scoparius –
giesta
Piperidínicos e piridinicos
- peletierina (anti-helmíntico, neurotóxico) - Punica
granatum – romã
- nicotina (ganglioplégico) - Nicotiana tabacum – tabaco
- cicutina (neurotóxico) - Conium maculatum - cicuta
Derivados da Histidina
Imidazólicos
- pilocarpina (tratamento do glaucoma, aumenta
salivação) Pilocarpus microphylus - jaborandi
Compostos tipo alcalóides (protoalcalóides):
são derivados de aminoácidos, mas não contém anel
heterocíclico (N está fora do anel)
Fenilalanina
- efedrina (simpaticomimética) Ephedra sinica – efedra
- mescalina (alucinatório) – Lophophara williamsii – peyote
- colchicina (diminui depósitos de ácido úrico, inibe migração
leucocitária) – Colchicum autumnale
Pseudo-alcalóides:
não são derivados de aminoácidos
Possuem nitrogênio, que pode ser heterocíclico ou não.
Geralmente são derivados de terpenóides.
Ex. aconitina, veratramina
Metilxantinas
São derivadas da purina.
Atuam sobre SNC, sistema cardiovascular e aparelho renal.
- cafeína – estimulante SNC, levemente diurética – Coffea arabica –
café, Camellia sinensis – chá, Cola nitida – noz de cola, Ilex
paraguariensis - mate
- teofilina– estimulante SNC , efeito acentuado sobre sistema
cardiovascular: relaxamento da musculatura lisa de brônquios e
ureteres
- teobromina – fraca ação excitante sobre SNC, diurética –
Theobroma cacao - cacau
Taninos
São amplamente distribuídos no reino vegetal. Ocorrem em
praticamente todos os órgãos das plantas: folhas, flores,
frutos, cascas e nas galhas.
Função para a planta: proteção contra microorganismos e
herbívoros, inibição de germinação de sementes alheias,
reação contra injúria (galhas), produção de fitoalexinas
São compostos polifenólicos
- Taninos hidrolisáveis (pois são ésteres) - Gálicos
Galotaninos – derivados do ácido gálico (ésteres do ácido
gálico e tânico)
Elagitaninos – derivados do ácido elágico (ésteres do ácido
elágico)
- Taninos condensados não hidrolisáveis (não são
ésteres) - Catéquicos
Na verdade são proantocianidinas => formarão cianidinas.
São polímeros de natureza flavônica. Mas são classificados
como taninos, pois precipitam proteínas. São constituídos de
catequinas e leucoantocianidinas (derivados flavônicos)
Propriedades:
Formam precipitados com proteínas e macromoléculas =>
ação adstringente:
- Cicatrizantes: formam película protetora sobre as lesões,
facilitando a cicatrização e protegendo pele e mucosas
- Anti-sépticos: bactericidas e fungicidas => lesam a parede
celular destes microorganismos
- Anti-diarréicos: diminuem movimentos peristálticos por
ação antiinflamatória da mucosa
- Anti-hemorrágicos: precipitam proteínas plasmáticas e
ativam fatores de coagulação
- Ação constritora de pequenos vasos, hemostáticos
- Ação anti-oxidante
Usos:
Inflamações no trato digestivo, queimaduras, faringites,
hemorróidas, varizes
Antídoto para intoxicação de alcalóides (precipita os
alcalóides)
Contra-indicações: obstipação, anemias e deficiências de
ferro, desnutrição
Cuidado: efeito antinutricional: precipitação de
proteínas, se utilizado em doses excessivas
Exemplos:
Taninos Hidrolisáveis:
Goiabeira – Psidium guajava – antidiarreico
Hamamélis – Hamamelis virginiana – vasoconstritor,
hemostático, úlceras varicosas, hemorróidas
Romã – Punica granatum – adstringente
Barbatimão – Stryphnodendron barbatiman – cicatrizante,
anti-séptico, adstringente
Taninos Não Hidrolisáveis (Condensados ou Catéquicos):
Rosa – Rosa sp – antocianidinas, anti-séptico, cicatrizante
Espinheira santa – Maytenus ilicifolia – cicatrizante, úlcera
gástrica
A espinheira santa contém um fitocomplexo, formado por taninos
(cicatrizantes, protetores), mucilagens (película protetora) e
flavonóides (redução da produção de ácido)
Chá verde - Camellia sinensis - antioxidante
Pinheiro – Pinus pinaster - antioxidante
Videira – Vitis vinifera - antioxidante
Flavonóides
São heterosídeos com 15 carbonos, derivados dos
fenilpropanóides (também são compostos fenólicos).
O termo flavonóide deriva do latim flavus, que significa amarelo,
em virtude da cor que conferem às flores. Podem ser coloridos
ou incolores, dependendo da estrutura química. Concentram-se
principalmente nas flores e partes aéreas das plantas e mais
raramente nas raízes.
Sua função biológica para a planta está relacionada com a
atração de insetos polinizadores, participação em processos
antioxidantes, reação contra infecções virais e fúngicas, relação
com hormônios do processo de crescimento.
Amplamente distribuídos no reino vegetal, principalmente nas
compostas e leguminosas.
Possuem baixa toxidade e são bem tolerados pelo homem.
- Ampla variedade de efeitos terapêuticos, mas sua atividade antioxidante é bastante presente.
- Diminuem permeabilidade capilar e aumentam a resistência
dos vasos. Tônicos venosos e protetores capilares. Fortalecem
vasos capilares e estabilizam o endotélio vascular.
- Anti-inflamatórios
- Diuréticos
- Antiespasmódicos
- Melhoram o fluxo coronariano
- Anti-hepatotóxicos
Flavona (esqueleto básico: 2-fenilcromona , benzopirona)
Flavona com OH na posição 3 => flavonol
Flavona sem ligação dupla entre 2 e 3 => flavanona
Flavanona com OH na posição 3 => flavanonol
Sem carbonila: catequinas
Isoflavonóides: anel fenílico na posição 3
Isoflavonóides
Exemplos:
- Artemetina: antiinflamatória - Erva baleeira – Cordia
verbenacea
- Rutina: protetor capilar, estabiliza o endotélio vascular,
diminui permeabilidade e aumenta a resistência, antiedematoso - arruda, limão e laranja, castanha da índia ,
fava d’anta (Dimorphandra gardneriana)
- Apigenina: antiinflamatória: Camomila - Matricaria
recutita
- Vitexina, crisina: sedativas – Maracujá - Passiflora sp
- Hesperidina: protetor capilar - Laranja comum - Citrus sinensis
-Gingketina: anti-oxidante– Gingko biloba
-Silimarina: hepatoprotetora – Cardo mariano Sylabum
marianum
-Antocianidina: afecções oftálmicas, protetor capilar – Mirtilo –
Vaccinium myrtillus
-Isoflavonas (daidzeina, genisteina): efeito estrogênico – Soja –
Glycine max
- Liquiritosídeo: antiespasmódico – Alcaçuz – Glychirriza glabra
Mucilagens
Quimicamente são polímeros de polissacarídeos , com elevado
peso molecular. Todas as plantas produzem mucilagens em
maior ou menor grau, que são utilizadas para funções de
crescimento ou reprodução ou armazenadas como reserva.
Além disso, podem ter a função de reter água, adesão para
dispersar alguns tipos de sementes, captura de insetos.
Participam do processo germinativo das sementes e
possivelmente funcionam como proteção contra herbívoros.
São encontradas em todas as partes das plantas, exceto nas
flores.
Propriedades:
Em soluções aquosas, absorvem água, formando uma massa
viscosa, gelatinosa.
-retém água no intestino, evitam o ressecamento das fezes e
aumentam o volume do bolo fecal, estimulando os movimentos
peristálticos => efeito laxativo
-agem como lubrificantes e protetoras. Formam um filme
viscoso que cobre mucosas, conferindo ação protetora,
minimizando a ação irritante de ácidos e bactérias. Protetoras
das mucosas gástrica, respiratória (aumentam secreção de
muco)
Indicações:
Dispepsia, doenças inflamatórias do TGI, uso tópico em
lesões inflamadas, usadas como emolientes e hidratantes
Contra indicações: condições catarrais congestivas dos
brônquios, pois podem diminuir o reflexo da tosse,
dificultando a drenagem
Se submetidas á fervura prolongada podem sofrer
degradação e perder suas propriedades.
Exemplos:
Tanchagem – Plantago major
Babosa – Aloe vera
Confrei – Symphytum officinalis
Alteia – Althae sp
Malva – Malva officinalis
Cumarinas
O nome cumarina se originou do nome da planta cumarú (fava
tonka), da qual foram isoladas pela primeira vez.
Formadas nas folhas e acumuladas sobretudo nas raízes, cascas,
sementes e tecidos velhos e/ou lesados.
Famílias mais comuns: gramíneas, rutáceas , umbelíferas,
leguminosas, oleáceas, solanáceas e compostas.
Podem apresentar odor característico, como o das folhas secas de
guaco - Mikania glomerata
Ações encontradas: espasmolítica, dilatadora dos vasos, sedativa
central e bactericida
São lactonas do ácido orto-hidroxicinâmico
Alfa-benzopironas (contém lactona na forma cíclica)
Podem ser simples, condensadas ou complexas
Simples: protetoras vasculares
Esculina e fraxina – castanha da Índia: - Aesculus
hippocastanum – vasoprotetora, diminui permeabilidade
capilar, aumenta resistência dos vasos, antioxidante
Herniarina – mesmos efeitos – Arruda – Ruta graveolens
Condensadas: anel cumarínico ligado a outros anéis:
anticoagulantes
Dicumarol – anticoagulante (impede a síntese da vitamina K)
– Trevo doce - Melilotus officinalis
A varfarina é uma cumarina sintética
Complexas:
Furanocumarinas: possuem um anel furano:
são fotosenssibilizantes, usadas no tratamento de vitiligo, agem
nos melanócitos estimulando a síntese de melanina e a
repigmentação da pele.
Bergamota – Citrus bergamia – bergapteno
Mamacadela - Brosimum gaudichaudii – bergapteno e psoraleno
Arruda – Ruta graveolens – bergapteno, psoraleno, xantotoxina
Piranocumarinas: possuem anel pirano: antiespasmódicas
Bisnaga - Amni visnaga –visnadina: ação dilatadora das
coronárias, antiespasmódica
Outras estruturas:
aflatoxinas – fungo Aspergillus niger - carcinogênicas
Derivados Terpênicos
Unidade básica: isopreno: 5 carbonos
A junção dos isoprenos forma os terpenóides
-2 isoprenos – 10 C – monoterpenos – componentes de vários
óleos essenciais
-3 isoprenos – 15 C – sesquiterpenos – componentes de vários
óleos essenciais
-4 isoprenos – 20 C – diterpenos – componentes de bálsamos
e resinas
-6 isoprenos – 30 C – triterpenos – saponinas triterpênicas,
cardiotônicos
- 8 ou mais isoprenos – 40 C ou mais – carotenóides
Óleos essenciais
Compostos por substâncias voláteis (baixo PM), oleosas,
aromáticas.
Sua composição química é muito variada (aldeídos, alcoóis,
cetonas, fenóis), mas em geral são derivados terpenóides ou
derivados fenilpropânicos.
O óleo essencial de uma planta é composto por centenas de
substâncias, sendo que 1 a 3 dessas substâncias representam a
maior porcentagem da as composição, sendo as responsáveis
pelo efeito terapêutico.
Muito comuns nas labiatas (atualmente: Lamiaceae).
Geralmente presentes nas folhas e flores (em pêlos
glandulares). Também podem ocorrer em cascas e raízes
(em células secretoras).
Funções para a planta:
Atração de agentes polinizadores, elementos de defesa
contra ataque de parasitas e herbívoros, substâncias
reserva doadoras de hidrogênio em processos de oxiredução.
Empregos: fitoterápicos, perfumaria, aromatoterapia
Efeitos diversos: antiespasmódicos, carminativos, expectorantes,
antiinflamatórios, bactericidas, cicatrizantes, relaxantes,
sedativos, vermífugos.
Em geral tem baixa toxicidade, pois são eliminados rapidamente do
organismo.
Exceções - em doses altas:
- tuia (Thuya occidentalis): neurotóxica
- arruda (Ruta graveolens) e sálvia (Salvia officinalis): convulsivantes
Alguns podem causar sensibilização cutânea e fotossensibilização por
uso tópico (ideal: usar diluído)
Exemplos:
Alecrim – Rosmarinus officinalis – cineol, borneol: anti-séptico
Alfazema – Lavandula angustifolia – linalol: perfumaria
Sálvia – Salvia officinalis – tuiona: fungicida, anti placa
bacteriana
Camomila – Matricaria recutita - alfa bisabolol e azuleno:
antiinflamatórios
Hortelã – Mentha piperita – mentol: carminativo, expectorante
Melissa – Melissa officinalis – geraniol, citral, citronelal:
carminativo, antiespasmódico
Cravo da índia – Eugenia caryophyllata – eugenol: anestésico,
anti-séptico
Gengibre – Zingiber officinalis - enjôo de movimento
Canela – Cinnamomum – aldeído cinâmico: carminativo,
digestivo
Eucalipto – Eucalyptus globulus – cineol: carminativo,
expectorante, anti-séptico, rubefaciente
Valeriana – Valeriana officinalis – ésteres do ácido isovalérico e
valepotriatos: deprimem SNC – tranqüilizantes
Funcho - Foeniculum vulgaris – anetol: carminativo e
antiespasmódico
Tomilho – Thymus vulgaris – timol: anti-séptico
Glicosídeos Cardiotônicos
Estrutura esteroidica. Genina + açúcar
Alta especificidade pelo músculo cardíaco. Podem causar
intoxicações graves. Uso restrito, o acompanhamento médico é
indispensável.
Somente devem ser usados como fitofármacos, pois são muito
tóxicos. A margem entre dose terapêutica e dose tóxica é
estreita. Intoxicação: náuseas, vômitos, visão borrada, arritmias
graves, fibrilação ventricular e parada cardíaca.
Poucas famílias vegetais:
Liliaceas: cila, Ranuculáceas: adônis. Apocináceas: strofantus,
chapéu de Napoleão, espirradeira. Scrofulariaceas : digitalis
Usados para insuficiência cardíaca e arritmias. Reforçam e
regularizam os movimentos cardíacos.
Efeito inotrópico positivo: aumentam a força de contração
do miocárdio. Provocam modificação na permeabilidade
iônica na bomba de sódio e potássio, inibem a bomba de
sódio, assim aumenta a concentração de sódio e diminui
concentração de potássio. Acréscimo de sódio aumenta
cálcio ionizado reforço da contração do miocárdio.
Aumento do débito cardíaco. Melhora do retorno venoso.
Efeito cronotrópico negativo: diminuem a freqüência
cardíaca por ação direta vagotônica depressiva sobre o
nodo sinusal e por ação indireta antiadrenérgica.
Ação sobre SNC (indesejável) estimulação dos centros do
vômito e dos centros visuais
Ação renal: ação diurética indireta devido ao aumento do
débito sanguíneo e conseqüente aumento da filtração
glomerular e eliminação urinária.
Aumento do tônus simpático nos músculos em geral
Quimicamente, apresentam uma genina esteróide, com
um anel lactônico não saturado, que pode ser:
-pentaciclico (cardenolídeos)
- hexaciclico (bufadienolídeos)
Exemplos:
Cardenolídeos:
Digitalis purpurea – dedaleira - – digitoxina (10 mg podem ser
letais para uma pessoa adulta com 70 Kg)
Digitalis lanata - dedaleira - – digoxina, lanatosídeos
Estrofanto – Strophanthus gratus – ouabaína e estrofantina
Espirradeira – Nerium oleander – oleandrina
Chapéu de Napoleão – Thevetia neriifolia – tevetina
Bufadienolídeos:
Cila – cebola do mar - Urginea scilla – scilarenina,
scilarenos
Eleboro negro - Heleborus niger
Saponinas
Podem ser:
Triterpênicas (30C) e esteroidais (27C)
Sempre na forma de heterosídeos
Propriedades:
Por serem moléculas grandes, com uma parte polar
e uma parte apolar:
-Diminuem a tensão superficial entre dois líquidos imiscíveis:
ação emulsionante
-Diminuem tensão superficial entre líquido e ar: formação de
espuma
- Ação expectorante (emulsifica e fluidifica o muco) e
diurética (carrega água e íons)
-Ação hemolítica, mas só por via endovenosa, pois tem
absorção reduzida no TGI
- Podem complexar esteróides => ação hipocolesterolemiante e
antifúngica
- Aumentam a absorção de muitas substâncias químicas e
alimentares
Contra-indicações: processos de má absorção, doença celíaca,
deficiência de vitaminas liposolúveis, irritações do TGI
Saponinas triterpênicas
- Castanha da índia – Aesculus hipocastanum (ação sinérgica
devido a saponinas, cumarinas e flavonóides) Saponina: betaescina: ação vasoprotetora e anti-edematosa
-Alcaçuz – Glicyrhiza glabra – ácido glicirrízico –
antiinflamatório e expectorante
Beta-escina
-Poligala – Polygala senega – senegosídeo – expectorante
- Hera – Hedera helix – expectorante
- Centelha - Centella asiatica – asiaticosídeo –
antiinflamatório
-Ginseng siberiano – Eleutherococcus senticosus –
eleuterosídeos – adaptogênicos
- Ginseng coreano - Panax ginseng – várias saponinas
damaranicas – adaptogênico, tônico, vitalizante
Saponinas esteroidais:
estrutura: ciclopentanoperidrofenatreno- núcleo esteroidal
(relacionada a corticóides e hormônios sexuais)
- Yam mexicano – Dioscorea sp – diosgenina – ação
hormonal
- Salsaparilha - Smilax sp – sarsapogenina – diurética
diosgenina
Ácidos Orgânicos
Fazem parte do metabolismo primário, muitas vezes dos
processos de fotossíntese e respiração.
-Ácido tartárico (videira): ação laxativa suave, estimula a salivação
-Ácido cítrico (frutas cítricas): aumenta a salivação, usado como
acidulante na indústria alimentícia
-Ácido oxálico (azedinha, espinafre) pode estimular o surgimento
de cálculos renais, devido aos seus sais de cálcio e potássio
-Ácido salicílico (salgueiro): analgésico, antiinflamatório
-Ácidos graxos (nozes, girassol, amêndoas, abacate, oliva)
Substâncias Amargas
Grupo de substâncias sem semelhanças químicas entre si, tendo em
comum o sabor amargo e a atividade terapêutica.
Estimulam o funcionamento das glândulas digestivas e aumentam os
sucos gástricos. Podem ter ação colerética e colagoga.
Doses => pequenas: aumentam o apetite; altas: diminuem o apetite.
Contra-indicações: obstrução das vias biliares
Losna – Artemisia absinthum - artemisina
Bardana – Arctium lappa – arctipicrina
Alcachofra – Cynara scolimus – cinarina
Composto sulfurados
Metabólitos vegetais derivados de aminoácidos sulfurados
Aliina e alicina
alho – Allium sativum e cebola – Allium cepa
Propriedades anti-hipertensivas, imunomoduladoras,
antidislipêmicas, antitumorais in vitro, antiinflamatórias,
desintoxicantes
Bibliografia:
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FERRERO, D. Fitoterapia – Conceitos clínicos. São Paulo: Atheneu, 2006. 502 p.
SIMÕES, C. M. O. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 3 ed. Porto Alegre:
UFRGS/EDUFSC, 2001.
BLUMENTHAL, M. The Complete German Comission E Monographs: therapeutic
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ALONSO, J. Tratado de fitofármacos y nutraceuticos. Rosario: Corpus Editorial,
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