Princípios Ativos Fitoterápicos Aspectos Clínicos Farm. Elisabeth Prado abril 2010 O efeito farmacológico das plantas se dá através dos princípios ativos. Por isso é essencial conhecer um pouco mais sobre eles. Muitas vezes, a ação farmacológica da planta resulta da ação de um conjunto de princípios ativos, chamados de fitocomplexo. Princípios Ativos: compostos químicos presentes nas drogas vegetais, responsáveis por seus efeitos terapêuticos. A concentração dos princípios ativos depende: - da parte utilizada da planta - da época da colheita - do local de cultivo - das condições de secagem Os princípios ativos geralmente são frutos do metabolismo secundário das plantas. Metabólitos primários: Ligados diretamente á subsistência da planta: carboidratos, aminoácidos e lipídeos Metabólitos secundários: Não são vitais para a sobrevivência da planta. Variam de espécie para espécie. Muitas vezes estão vinculados com a relação da planta com o meio ambiente (situações de stress, meio de defesa contra predadores). São expressão da individualidade química e genética, tanto qualitativamente como quantitativamente. Geralmente são produzidos em pequenas quantidades. Podemos classificar os princípios ativos em função de seus grupamentos químicos. Alguns grupos de princípios ativos: Antraquinonas Flavonóides Taninos Alcalóides Mucilagens Cumarinas Óleos essenciais (composição múltipla) Glicosídeos cardiotônicos Saponinas Cada grupo possui características em comum: - na estrutura química - nas propriedades físico-químicas - nas ações terapêuticas Heterosídeos São formados por duas partes: Genina ou aglicona + Açúcar ou glicona Geralmente: Genina: atividade farmacológica Aglicona: solubilidade, absorção Antraquinonas (derivados antracênicos) Derivados fenólicos do antraceno, em diferentes estados de oxidação Formas mais reduzidas (antranol)=> ação mais drástica: diarréia, hipocalemia Formas mais oxidadas (antraquinona) => ação laxante Durante o processo de secagem, as formas reduzidas passam a oxidadas. Existem nas plantas sob a forma livre (genina) ou mais freqüentemente na forma combinada de heterosídeos (mais solúveis) Propriedades laxantes: irritam a mucosa intestinal por ação direta => aumento do peristaltismo bloqueiam a bomba de sódio no epitélio intestinal => diminuição da absorção de água e eletrólitos. Causam cólicas abdominais. Contra-indicados para gestantes, portadores de colites crônicas, crianças abaixo de 10 anos, utilização com medicamentos que provoquem ou sejam afetados por hipocalemia. Uso prolongado pode favorecer o aparecimento de câncer de cólon. Não utilizar por mais de 15 dias seguidos. Alternar com outros tipos de laxantes não irritativos (mecânicos, osmóticos). Presentes em altas concentrações nas plantas. Heterosídeos: solúveis, facilmente absorvidos. Podem ser usados sob a forma de pós da planta. Exemplos: Aloe ferox , Aloe barbadensis – babosa - aloína, barbaloína Rheum palmatum – ruibarbo – reina, emodol, reinina, senidina Rhamnus frangula – frangula - emodol, crisofanol, glicofrangulosídeos Rhamnus purshiana – cáscara sagrada – emodol, crisofanol, barbaloía, cascarosídeos Cassia senna, Cassia angustifolia – sene - reina, aloe-emodol, senosídeos) Alcalóides Possuem um nitrogênio amínico, com propriedades alcalinas. Daí vem o nome alcalóide. Nas plantas vivas, aparecem na forma de sais solúveis, dissolvidos nos vacúolos celulares. Na plantas secas, se encontram na forma básica (insolúvel) e ficam impregnados nas paredes celulares. Ocorrem nos órgãos vegetativos das plantas: sementes, folhas , cascas (órgãos mais externos=> defesa) Sua funções para a planta seriam proteção contra insetos, estimulantes ou reguladores do crescimento, reserva para síntese de proteínas, agentes finais de desintoxicação. Algumas famílias botânicas apresentam alcalóides em quase todas as espécies, como as papaveráceas. Em geral são muito potentes, necessitando de pequenas doses para fazer efeito. Devem ser usados com muito cuidado. Melhor usá-los como fitofármacos (PA isolado) a fim de controlar melhor a dose. Muitos deles possuem ação sobre SNC. Alguns são tóxicos para o fígado. Alguns também atuam no SNA. São divididos em grupos de acordo com a semelhança estrutural e a origem bioquímica. Alcalóides verdadeiros: sistema heterocíclico nitrogenado proveniente de um aminoácido Derivados da Fenilalanina Isoquinoleínicos - boldina (coléretico, colagogo) Peumus boldus – boldo do Chile - morfina (hipnoanalgésico, depressor respiratório), codeína (antitussígeno, analgésico), papaverina (antiespasmódica) – Papaver somniferum - ópio, papoula - - emetina (emética, expectorante, amebicida) – Cephaelis ipecacuanha – ipeca - tubocurarina (componente do curare, paralisia muscular e respiratória) – Chondodendron tomentosum Derivados do Triptofano Quinoleínicos - quinina (anti-malárico, tônico geral amargo) Cinchona sp. – quina Indólicos - harmina (sedativo) – Passiflora incarnata L. – maracujá - ergotamina (anti-hemorrágico uterino, antienxaquecoso, antagonista serotonina) – Claviceps purpurea – esporão de centeio - derivados do ácido lisérgico – LSD (excitação, alucinações, convulsões, vasoconstritor periférico, contração de músculo liso) – Claviceps purpurea - reserpina (neuroléptico e hipotensor) - Rauwolfia serpentina - estricnina (neurotóxico, bloqueia impulsos inibidores espinhais, excitante medular, convulsivante, tetanizante) Strychnos nuxvomica – noz vômica - vimblastina, vincristina (antitumorais) – Cantharanthus roseus vinca Derivados da Ornitina Tropânicos (anestésicos, ação no SNC, espasmolíticos, simpatomiméticos, ação depende da posição do OH em equatorial ou em axial) - escopolamina (depressor SNC, antiespasmódico) Hyoscyamus niger – meimemdro - atropina (anticolinesterásico, antiespasmódico) Atropa belladona beladona - cocaína (anestésico e simpaticomimético) Erythroxylon coca -coca Pirrolizidínicos - sinfitina, equimidina ( hepatotóxicos, lesão no parênquima hepático) – Symphytum officinalis - confrei Derivados da Lisina Quinolizidínicos - lupinina – Lupinus sp – tremoceiro (hepatotóxico) - esparteina (contração uterina) – Cytisus scoparius – giesta Piperidínicos e piridinicos - peletierina (anti-helmíntico, neurotóxico) - Punica granatum – romã - nicotina (ganglioplégico) - Nicotiana tabacum – tabaco - cicutina (neurotóxico) - Conium maculatum - cicuta Derivados da Histidina Imidazólicos - pilocarpina (tratamento do glaucoma, aumenta salivação) Pilocarpus microphylus - jaborandi Compostos tipo alcalóides (protoalcalóides): são derivados de aminoácidos, mas não contém anel heterocíclico (N está fora do anel) Fenilalanina - efedrina (simpaticomimética) Ephedra sinica – efedra - mescalina (alucinatório) – Lophophara williamsii – peyote - colchicina (diminui depósitos de ácido úrico, inibe migração leucocitária) – Colchicum autumnale Pseudo-alcalóides: não são derivados de aminoácidos Possuem nitrogênio, que pode ser heterocíclico ou não. Geralmente são derivados de terpenóides. Ex. aconitina, veratramina Metilxantinas São derivadas da purina. Atuam sobre SNC, sistema cardiovascular e aparelho renal. - cafeína – estimulante SNC, levemente diurética – Coffea arabica – café, Camellia sinensis – chá, Cola nitida – noz de cola, Ilex paraguariensis - mate - teofilina– estimulante SNC , efeito acentuado sobre sistema cardiovascular: relaxamento da musculatura lisa de brônquios e ureteres - teobromina – fraca ação excitante sobre SNC, diurética – Theobroma cacao - cacau Taninos São amplamente distribuídos no reino vegetal. Ocorrem em praticamente todos os órgãos das plantas: folhas, flores, frutos, cascas e nas galhas. Função para a planta: proteção contra microorganismos e herbívoros, inibição de germinação de sementes alheias, reação contra injúria (galhas), produção de fitoalexinas São compostos polifenólicos - Taninos hidrolisáveis (pois são ésteres) - Gálicos Galotaninos – derivados do ácido gálico (ésteres do ácido gálico e tânico) Elagitaninos – derivados do ácido elágico (ésteres do ácido elágico) - Taninos condensados não hidrolisáveis (não são ésteres) - Catéquicos Na verdade são proantocianidinas => formarão cianidinas. São polímeros de natureza flavônica. Mas são classificados como taninos, pois precipitam proteínas. São constituídos de catequinas e leucoantocianidinas (derivados flavônicos) Propriedades: Formam precipitados com proteínas e macromoléculas => ação adstringente: - Cicatrizantes: formam película protetora sobre as lesões, facilitando a cicatrização e protegendo pele e mucosas - Anti-sépticos: bactericidas e fungicidas => lesam a parede celular destes microorganismos - Anti-diarréicos: diminuem movimentos peristálticos por ação antiinflamatória da mucosa - Anti-hemorrágicos: precipitam proteínas plasmáticas e ativam fatores de coagulação - Ação constritora de pequenos vasos, hemostáticos - Ação anti-oxidante Usos: Inflamações no trato digestivo, queimaduras, faringites, hemorróidas, varizes Antídoto para intoxicação de alcalóides (precipita os alcalóides) Contra-indicações: obstipação, anemias e deficiências de ferro, desnutrição Cuidado: efeito antinutricional: precipitação de proteínas, se utilizado em doses excessivas Exemplos: Taninos Hidrolisáveis: Goiabeira – Psidium guajava – antidiarreico Hamamélis – Hamamelis virginiana – vasoconstritor, hemostático, úlceras varicosas, hemorróidas Romã – Punica granatum – adstringente Barbatimão – Stryphnodendron barbatiman – cicatrizante, anti-séptico, adstringente Taninos Não Hidrolisáveis (Condensados ou Catéquicos): Rosa – Rosa sp – antocianidinas, anti-séptico, cicatrizante Espinheira santa – Maytenus ilicifolia – cicatrizante, úlcera gástrica A espinheira santa contém um fitocomplexo, formado por taninos (cicatrizantes, protetores), mucilagens (película protetora) e flavonóides (redução da produção de ácido) Chá verde - Camellia sinensis - antioxidante Pinheiro – Pinus pinaster - antioxidante Videira – Vitis vinifera - antioxidante Flavonóides São heterosídeos com 15 carbonos, derivados dos fenilpropanóides (também são compostos fenólicos). O termo flavonóide deriva do latim flavus, que significa amarelo, em virtude da cor que conferem às flores. Podem ser coloridos ou incolores, dependendo da estrutura química. Concentram-se principalmente nas flores e partes aéreas das plantas e mais raramente nas raízes. Sua função biológica para a planta está relacionada com a atração de insetos polinizadores, participação em processos antioxidantes, reação contra infecções virais e fúngicas, relação com hormônios do processo de crescimento. Amplamente distribuídos no reino vegetal, principalmente nas compostas e leguminosas. Possuem baixa toxidade e são bem tolerados pelo homem. - Ampla variedade de efeitos terapêuticos, mas sua atividade antioxidante é bastante presente. - Diminuem permeabilidade capilar e aumentam a resistência dos vasos. Tônicos venosos e protetores capilares. Fortalecem vasos capilares e estabilizam o endotélio vascular. - Anti-inflamatórios - Diuréticos - Antiespasmódicos - Melhoram o fluxo coronariano - Anti-hepatotóxicos Flavona (esqueleto básico: 2-fenilcromona , benzopirona) Flavona com OH na posição 3 => flavonol Flavona sem ligação dupla entre 2 e 3 => flavanona Flavanona com OH na posição 3 => flavanonol Sem carbonila: catequinas Isoflavonóides: anel fenílico na posição 3 Isoflavonóides Exemplos: - Artemetina: antiinflamatória - Erva baleeira – Cordia verbenacea - Rutina: protetor capilar, estabiliza o endotélio vascular, diminui permeabilidade e aumenta a resistência, antiedematoso - arruda, limão e laranja, castanha da índia , fava d’anta (Dimorphandra gardneriana) - Apigenina: antiinflamatória: Camomila - Matricaria recutita - Vitexina, crisina: sedativas – Maracujá - Passiflora sp - Hesperidina: protetor capilar - Laranja comum - Citrus sinensis -Gingketina: anti-oxidante– Gingko biloba -Silimarina: hepatoprotetora – Cardo mariano Sylabum marianum -Antocianidina: afecções oftálmicas, protetor capilar – Mirtilo – Vaccinium myrtillus -Isoflavonas (daidzeina, genisteina): efeito estrogênico – Soja – Glycine max - Liquiritosídeo: antiespasmódico – Alcaçuz – Glychirriza glabra Mucilagens Quimicamente são polímeros de polissacarídeos , com elevado peso molecular. Todas as plantas produzem mucilagens em maior ou menor grau, que são utilizadas para funções de crescimento ou reprodução ou armazenadas como reserva. Além disso, podem ter a função de reter água, adesão para dispersar alguns tipos de sementes, captura de insetos. Participam do processo germinativo das sementes e possivelmente funcionam como proteção contra herbívoros. São encontradas em todas as partes das plantas, exceto nas flores. Propriedades: Em soluções aquosas, absorvem água, formando uma massa viscosa, gelatinosa. -retém água no intestino, evitam o ressecamento das fezes e aumentam o volume do bolo fecal, estimulando os movimentos peristálticos => efeito laxativo -agem como lubrificantes e protetoras. Formam um filme viscoso que cobre mucosas, conferindo ação protetora, minimizando a ação irritante de ácidos e bactérias. Protetoras das mucosas gástrica, respiratória (aumentam secreção de muco) Indicações: Dispepsia, doenças inflamatórias do TGI, uso tópico em lesões inflamadas, usadas como emolientes e hidratantes Contra indicações: condições catarrais congestivas dos brônquios, pois podem diminuir o reflexo da tosse, dificultando a drenagem Se submetidas á fervura prolongada podem sofrer degradação e perder suas propriedades. Exemplos: Tanchagem – Plantago major Babosa – Aloe vera Confrei – Symphytum officinalis Alteia – Althae sp Malva – Malva officinalis Cumarinas O nome cumarina se originou do nome da planta cumarú (fava tonka), da qual foram isoladas pela primeira vez. Formadas nas folhas e acumuladas sobretudo nas raízes, cascas, sementes e tecidos velhos e/ou lesados. Famílias mais comuns: gramíneas, rutáceas , umbelíferas, leguminosas, oleáceas, solanáceas e compostas. Podem apresentar odor característico, como o das folhas secas de guaco - Mikania glomerata Ações encontradas: espasmolítica, dilatadora dos vasos, sedativa central e bactericida São lactonas do ácido orto-hidroxicinâmico Alfa-benzopironas (contém lactona na forma cíclica) Podem ser simples, condensadas ou complexas Simples: protetoras vasculares Esculina e fraxina – castanha da Índia: - Aesculus hippocastanum – vasoprotetora, diminui permeabilidade capilar, aumenta resistência dos vasos, antioxidante Herniarina – mesmos efeitos – Arruda – Ruta graveolens Condensadas: anel cumarínico ligado a outros anéis: anticoagulantes Dicumarol – anticoagulante (impede a síntese da vitamina K) – Trevo doce - Melilotus officinalis A varfarina é uma cumarina sintética Complexas: Furanocumarinas: possuem um anel furano: são fotosenssibilizantes, usadas no tratamento de vitiligo, agem nos melanócitos estimulando a síntese de melanina e a repigmentação da pele. Bergamota – Citrus bergamia – bergapteno Mamacadela - Brosimum gaudichaudii – bergapteno e psoraleno Arruda – Ruta graveolens – bergapteno, psoraleno, xantotoxina Piranocumarinas: possuem anel pirano: antiespasmódicas Bisnaga - Amni visnaga –visnadina: ação dilatadora das coronárias, antiespasmódica Outras estruturas: aflatoxinas – fungo Aspergillus niger - carcinogênicas Derivados Terpênicos Unidade básica: isopreno: 5 carbonos A junção dos isoprenos forma os terpenóides -2 isoprenos – 10 C – monoterpenos – componentes de vários óleos essenciais -3 isoprenos – 15 C – sesquiterpenos – componentes de vários óleos essenciais -4 isoprenos – 20 C – diterpenos – componentes de bálsamos e resinas -6 isoprenos – 30 C – triterpenos – saponinas triterpênicas, cardiotônicos - 8 ou mais isoprenos – 40 C ou mais – carotenóides Óleos essenciais Compostos por substâncias voláteis (baixo PM), oleosas, aromáticas. Sua composição química é muito variada (aldeídos, alcoóis, cetonas, fenóis), mas em geral são derivados terpenóides ou derivados fenilpropânicos. O óleo essencial de uma planta é composto por centenas de substâncias, sendo que 1 a 3 dessas substâncias representam a maior porcentagem da as composição, sendo as responsáveis pelo efeito terapêutico. Muito comuns nas labiatas (atualmente: Lamiaceae). Geralmente presentes nas folhas e flores (em pêlos glandulares). Também podem ocorrer em cascas e raízes (em células secretoras). Funções para a planta: Atração de agentes polinizadores, elementos de defesa contra ataque de parasitas e herbívoros, substâncias reserva doadoras de hidrogênio em processos de oxiredução. Empregos: fitoterápicos, perfumaria, aromatoterapia Efeitos diversos: antiespasmódicos, carminativos, expectorantes, antiinflamatórios, bactericidas, cicatrizantes, relaxantes, sedativos, vermífugos. Em geral tem baixa toxicidade, pois são eliminados rapidamente do organismo. Exceções - em doses altas: - tuia (Thuya occidentalis): neurotóxica - arruda (Ruta graveolens) e sálvia (Salvia officinalis): convulsivantes Alguns podem causar sensibilização cutânea e fotossensibilização por uso tópico (ideal: usar diluído) Exemplos: Alecrim – Rosmarinus officinalis – cineol, borneol: anti-séptico Alfazema – Lavandula angustifolia – linalol: perfumaria Sálvia – Salvia officinalis – tuiona: fungicida, anti placa bacteriana Camomila – Matricaria recutita - alfa bisabolol e azuleno: antiinflamatórios Hortelã – Mentha piperita – mentol: carminativo, expectorante Melissa – Melissa officinalis – geraniol, citral, citronelal: carminativo, antiespasmódico Cravo da índia – Eugenia caryophyllata – eugenol: anestésico, anti-séptico Gengibre – Zingiber officinalis - enjôo de movimento Canela – Cinnamomum – aldeído cinâmico: carminativo, digestivo Eucalipto – Eucalyptus globulus – cineol: carminativo, expectorante, anti-séptico, rubefaciente Valeriana – Valeriana officinalis – ésteres do ácido isovalérico e valepotriatos: deprimem SNC – tranqüilizantes Funcho - Foeniculum vulgaris – anetol: carminativo e antiespasmódico Tomilho – Thymus vulgaris – timol: anti-séptico Glicosídeos Cardiotônicos Estrutura esteroidica. Genina + açúcar Alta especificidade pelo músculo cardíaco. Podem causar intoxicações graves. Uso restrito, o acompanhamento médico é indispensável. Somente devem ser usados como fitofármacos, pois são muito tóxicos. A margem entre dose terapêutica e dose tóxica é estreita. Intoxicação: náuseas, vômitos, visão borrada, arritmias graves, fibrilação ventricular e parada cardíaca. Poucas famílias vegetais: Liliaceas: cila, Ranuculáceas: adônis. Apocináceas: strofantus, chapéu de Napoleão, espirradeira. Scrofulariaceas : digitalis Usados para insuficiência cardíaca e arritmias. Reforçam e regularizam os movimentos cardíacos. Efeito inotrópico positivo: aumentam a força de contração do miocárdio. Provocam modificação na permeabilidade iônica na bomba de sódio e potássio, inibem a bomba de sódio, assim aumenta a concentração de sódio e diminui concentração de potássio. Acréscimo de sódio aumenta cálcio ionizado reforço da contração do miocárdio. Aumento do débito cardíaco. Melhora do retorno venoso. Efeito cronotrópico negativo: diminuem a freqüência cardíaca por ação direta vagotônica depressiva sobre o nodo sinusal e por ação indireta antiadrenérgica. Ação sobre SNC (indesejável) estimulação dos centros do vômito e dos centros visuais Ação renal: ação diurética indireta devido ao aumento do débito sanguíneo e conseqüente aumento da filtração glomerular e eliminação urinária. Aumento do tônus simpático nos músculos em geral Quimicamente, apresentam uma genina esteróide, com um anel lactônico não saturado, que pode ser: -pentaciclico (cardenolídeos) - hexaciclico (bufadienolídeos) Exemplos: Cardenolídeos: Digitalis purpurea – dedaleira - – digitoxina (10 mg podem ser letais para uma pessoa adulta com 70 Kg) Digitalis lanata - dedaleira - – digoxina, lanatosídeos Estrofanto – Strophanthus gratus – ouabaína e estrofantina Espirradeira – Nerium oleander – oleandrina Chapéu de Napoleão – Thevetia neriifolia – tevetina Bufadienolídeos: Cila – cebola do mar - Urginea scilla – scilarenina, scilarenos Eleboro negro - Heleborus niger Saponinas Podem ser: Triterpênicas (30C) e esteroidais (27C) Sempre na forma de heterosídeos Propriedades: Por serem moléculas grandes, com uma parte polar e uma parte apolar: -Diminuem a tensão superficial entre dois líquidos imiscíveis: ação emulsionante -Diminuem tensão superficial entre líquido e ar: formação de espuma - Ação expectorante (emulsifica e fluidifica o muco) e diurética (carrega água e íons) -Ação hemolítica, mas só por via endovenosa, pois tem absorção reduzida no TGI - Podem complexar esteróides => ação hipocolesterolemiante e antifúngica - Aumentam a absorção de muitas substâncias químicas e alimentares Contra-indicações: processos de má absorção, doença celíaca, deficiência de vitaminas liposolúveis, irritações do TGI Saponinas triterpênicas - Castanha da índia – Aesculus hipocastanum (ação sinérgica devido a saponinas, cumarinas e flavonóides) Saponina: betaescina: ação vasoprotetora e anti-edematosa -Alcaçuz – Glicyrhiza glabra – ácido glicirrízico – antiinflamatório e expectorante Beta-escina -Poligala – Polygala senega – senegosídeo – expectorante - Hera – Hedera helix – expectorante - Centelha - Centella asiatica – asiaticosídeo – antiinflamatório -Ginseng siberiano – Eleutherococcus senticosus – eleuterosídeos – adaptogênicos - Ginseng coreano - Panax ginseng – várias saponinas damaranicas – adaptogênico, tônico, vitalizante Saponinas esteroidais: estrutura: ciclopentanoperidrofenatreno- núcleo esteroidal (relacionada a corticóides e hormônios sexuais) - Yam mexicano – Dioscorea sp – diosgenina – ação hormonal - Salsaparilha - Smilax sp – sarsapogenina – diurética diosgenina Ácidos Orgânicos Fazem parte do metabolismo primário, muitas vezes dos processos de fotossíntese e respiração. -Ácido tartárico (videira): ação laxativa suave, estimula a salivação -Ácido cítrico (frutas cítricas): aumenta a salivação, usado como acidulante na indústria alimentícia -Ácido oxálico (azedinha, espinafre) pode estimular o surgimento de cálculos renais, devido aos seus sais de cálcio e potássio -Ácido salicílico (salgueiro): analgésico, antiinflamatório -Ácidos graxos (nozes, girassol, amêndoas, abacate, oliva) Substâncias Amargas Grupo de substâncias sem semelhanças químicas entre si, tendo em comum o sabor amargo e a atividade terapêutica. Estimulam o funcionamento das glândulas digestivas e aumentam os sucos gástricos. Podem ter ação colerética e colagoga. Doses => pequenas: aumentam o apetite; altas: diminuem o apetite. Contra-indicações: obstrução das vias biliares Losna – Artemisia absinthum - artemisina Bardana – Arctium lappa – arctipicrina Alcachofra – Cynara scolimus – cinarina Composto sulfurados Metabólitos vegetais derivados de aminoácidos sulfurados Aliina e alicina alho – Allium sativum e cebola – Allium cepa Propriedades anti-hipertensivas, imunomoduladoras, antidislipêmicas, antitumorais in vitro, antiinflamatórias, desintoxicantes Bibliografia: CUNHA, A. P. Farmacognosia e Fitoquímica. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2005. 670 p. FERRERO, D. Fitoterapia – Conceitos clínicos. São Paulo: Atheneu, 2006. 502 p. SIMÕES, C. M. O. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 3 ed. Porto Alegre: UFRGS/EDUFSC, 2001. BLUMENTHAL, M. The Complete German Comission E Monographs: therapeutic guide to herbal medicines. 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