capítulo 5

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CAPÍTULO 5
MATAS CILIARES E ÁREAS DE RECARGA HÍDRICA
Renato Marques
Lígia Carla de Souza
5.1. INTRODUÇÃO
A água é um recurso único cuja importância transcende os demais recursos naturais, sendo a
“fonte da vida” e o vetor dos processos na natureza. Possui, ainda, a propriedade de atuar como
substância indicadora dos resultados do manejo da terra pelo homem.
A qualidade de um corpo d’água está ligada à geologia, tipo de solo, clima, tipo e quantidade de
cobertura vegetal e ao grau e modalidade de atividade humana dentro de uma bacia hidrográfica.
Existem duas zonas dentro de uma bacia hidrográfica que possuem particular importância para a
manutenção da quantidade e da qualidade da água na mesma. São as áreas de recarga hídrica e as zonas
ripárias, onde estão normalmente localizadas as matas ciliares. As áreas de recarga hídrica são
responsáveis pela recepção da água que cai por precipitação e penetra no solo, chegando aos cursos
d´água. Nas zonas ripárias, às margens dos cursos d´água, as matas ciliares se desenvolvem e têm um
importante papel como barreira física (entre outros), regulando os processos de troca entre o ambiente
terrestre e o aquático. Ambas estas zonas precisam ser protegidas para garantir água de boa qualidade nas
bacias hidrográficas.
Com o advento do crescimento populacional e com expansão agrícola, muitas destas áreas, antes
cobertas por florestas, foram transformadas em áreas urbanizadas, de cultivo ou para criação pecuária.
Estas mudanças, em muitos casos, foram responsáveis por processos de erosão e aporte de poluentes,
comprometendo seriamente a qualidade dos cursos e mananciais d´água. Este fato, adicionalmente, tem
contribuído para a exaustão de muitos recursos hídricos importantes.
Uma das ações mais eficazes para reverter este processo, sobretudo nas áreas não urbanizadas,
passa pela revegetação das áreas de recarga hídrica e das zonas ripárias, sobretudo quando se adotam
técnicas de revegetação que levem em consideração a flora anteriormente existente no local.
5.2. SITUAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
Segundo dados recentemente levantados pela Embrapa (2004), através da interpretação de fotos
áreas e sensoriamento remoto, no Brasil, as florestas atualmente correspondem à 54,55% da área total do
nosso território (Tabela 1). Os 45,45% restantes correspondem a práticas agropastoris (34,84%), campos
e savanas (8,6%), corpos d’água naturais e artificiais (1,35%), rochas e solo nu ou com vegetação
dispersa (0,41%) e áreas urbanizadas (0,24%).
Esta cobertura florestal, em termos percentuais poderia ser considerada adequada se não fosse
concentrada em sua maior parte na Amazônia. Nas demais regiões do Brasil e, sobretudo, nos estados do
sudeste e sul do Brasil, de uma maneira geral, este percentual é bem menor.
Tabela 1. Situação atual da cobertura florestal no território brasileiro
CLASSES
Florestas úmidas
Florestas secas
Florestas inundáveis
Florestas arbustivas
TOTAL
Fonte: Embrapa (2004)
ÁREA (km2)
% DE COBERTURA
3.677.074
544.299
142.149
282.403
4.645.925
43,2
6,4
1,7
3,3
54,5
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No estado do Paraná, observa-se atualmente uma forte valorização das terras no tocante à
sua função ambiental. Com o surgimento dessa necessidade de valores quantitativos e qualitativos sobre a
cobertura florestal do estado, a Secretaria de Estadual de Meio Ambiente (SEMA), juntamente com o
Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF),
realizaram três projetos de mapeamento da vegetação. O primeiro corresponde ao mapeamento da
Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), o segundo refere-se ao sub-projeto “Conservação do Bioma
Floresta com Araucária” do Projeto “Probio” e o terceiro trata-se do “Mapeamento e quantificação dos
remanescentes de Floresta Estacional Semidecídual”. Os dados obtidos nestes projetos, gerou o “Atlas da
Vegetação”, disponível em SEMA (2004).
Segundo os dados levantados por SEMA (2004), a vegetação arbórea primitiva era de 181.644,13
km2 ou 90,9% da área total do estado, sendo que os 9,1% restantes referem-se a outros tipos de
formações vegetais, como por exemplo os campos naturais. Na Tabela 2 tem-se, de forma resumida, o
quadro da cobertura natural arbórea, atual, no Paraná.
Tabela 2. Quadro atual da cobertura florestal primitiva do estado do Paraná
Vegetação Arbórea
Situação atual (km2)
Estágio inicial
18.589,0
Estágio médio
20.419,6
Estágio avançado
6.170,2
Total
45.178,9
% vegetação primitiva
10,2
11,2
3,4
24,9
Adaptado de SEMA (2004)
Os números acima indicam que os remanescente florestais somam 45.178,9 km2, o que
corresponde a 24,9% das florestas que em outros tempos existiram no Paraná. Isto indica que a perda
florestal foi de 75,3%, tornando a situação ainda mais crítica quando contabilizamos apenas os estágios
mais desenvolvidos (médio e avançado), com 14,6% ou apenas o estágio avançado, com apenas 3,4%. As
perdas, nestas situações, foram, respetivamente, de 85,4% e de 96,6%. Mais crítica ainda é a situação,
pois grande parte do que restou das coberturas florestais primitivas encontra-se concentrado em apenas
uma região, ou seja, trata-se de remanescentes florestais da Mata Atlântica na Serra do Mar.
A distribuição quantitativa da vegetação nas principais mesorregiões do Paraná pode ser vista na
Tabela 3. É possível observar que as florestas e reflorestamentos paranaenses cobrem atualmente uma
área de cerca de 50.900 km2, ou seja, aproximadamente 25% do território do estado. Conforme
comentado anteriormente, a maior preocupação resulta da pequena cobertura florestal existente na maior
parte das mesorregiões e do pequeno percentual de áreas com vegetação em estágio avançado da
sucessão ecológica. O que sobrou da cobertura florestal primitiva vem sofrendo processo de degradação
contínuo ainda nos dias de hoje, o que tem contribuído também para a diminuição da qualidade das águas
nestas regiões.
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Figura 1. Mapa da situação atual das principais formações vegetais no estado do Paraná.
(observação: vamos ter que melhorar este mapa) – Fonte: EMBRAPA????
Tabela 3. Cobertura atual (km2) da vegetação arbórea e reflorestamentos por mesorregião do estado do Paraná
Mesorregião
Área (km2)
Estágio inicial
Estágio médio Estágio avançado Reflorestamento
Noroeste
24.816,0
1.255,6
994,6
24,1
45,9
Centro Ocidental
11.919,8
688,1
624,7
9,6
69,7
Norte Central
24.532,2
1.236,3
1.321,0
22,9
129,8
Norte Pioneiro
15.727,1
1.197,3
810,2
17,6
126,9
Centro Oriental
21.782,5
2.389,7
2.544,4
100,9
2.381,7
Oeste
22.908,6
1.680,3
2.565,4
928,5
145,1
Sudoeste
11.638,4
670,4
628,0
61,6
72,9
Centro Sul
26.381,1
2.612,2
3.901,3
320,7
845,2
Sudeste
17.006,5
2.756,6
3.041,5
79,0
600,6
Metropolitana
23.015,12
4.102,2
3.988,1
4.604,8
1.286,0
Curitiba
Total
199.727,3
18.589,0
20.419,6
6.170,1
5.703,7
Adaptado de SEMA (2004)
Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), onde insere-se a Bacia do Iraí, a situação é
aparentemente boa, se for levado em consideração que aproximadamente 60,75% da área encontra-se
com cobertura florestal, sendo que o estágio avançado representa 20% do total. Mas estas áreas estão mal
distribuídas na RMC, sendo que os remanescentes da floresta primitiva encontram-se concentrados nas
encostas da Serra do Mar, área protegida por lei. Os 40% restantes vêm sofrendo processo contínuo de
degradação, principalmente relacionado à urbanização desenfreada. Na figura 2, pode ser vista a
distribuição espacial atual da cobertura florestal na Região Metropolitana de Curitiba.
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Figura 2. Estado atual da conservação das florestas na RMC. (Fonte: EMBRAPA?????) Também vamos
ter que melhorar este mapa.
5.4. BACIAS HIDROGRÁFICAS
O termo bacias hidrográficas refere-se a uma compartimentação geográfica natural delimitada
por divisores de água (Souza & Fernandes, 2000), drenado superficialmente por um curso d’água
principal e seus afluentes (Silva, 1995). Cada bacia hidrográfica interliga-se com outra de ordem
hierárquica superior, constituindo, em relação à última, uma sub-bacia.
Considerando-se a definição acima, para o caso específico da Bacia do Iraí, a preservação de seus
recursos hídricos e a manutenção da qualidade da mesma é de suma importância, pois além de abastecer
a Região Metropolitana de Curitiba, integra a bacia do Iguaçú, que abastece um número ainda maior de
municípios. Esta, por sua vez, faz parte da Bacia do Paraná, que compõe a Bacia do Prata. Esta interdependência entre as diferentes bacias hidrográficas deveria ser levada em consideração pelos dirigentes
em seus projetos de desenvolvimento, de forma a garantir um meio ambiente mais equilibrado.
A subdivisão de uma bacia em sub-bacias permite a pontualização de problemas difusos,
tornando mais fácil a identificação de problemas de degradação de recursos naturais, dos processos de
degradação ambiental instalados e o grau de comprometimento da produção sustentada existente
(Fernandes e Silva, 1994).
A área da bacia tem influência sobre a quantidade de água produzida (deflúvio). A forma e o
relevo, por outro lado, tem influência sobre a taxa, ou sobre o regime de produção da água, como
também, sobre a taxa de sedimentação, sendo que, muitas das características físicas da bacia são, em
grande parte, controladas ou influenciadas pela estrutura geológica da mesma (Zakia, 1998).
Segundo Souza & Fernandes (2000), fazem parte da paisagem de uma bacia hidrográfica as
zonas de erosão e zonas de sedimentação. As zonas de erosão são vertentes em declives e comprimentos
de rampas favoráveis a processos erosivos, podendo ser acelerado pelo indevido uso. Estas áreas são as
principais contribuintes para o carreamento de sedimentos para os cursos de água e reservatórios,
podendo causar assoreamento e turbidez das águas superficiais. Nestas áreas torna-se necessário a
manutenção da vegetação, como também, quando necessário, a revegetação da mesma. O segmento mais
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baixo da bacia hidrográfica são as planícies fluviais, as várzeas, que constituem as zonas de
sedimentação. É neste segmento de paisagem que deve permanecer a vegetação ciliar cuja largura será de
acordo com a largura do curso d’água.
Na Bacia do Iraí observa-se que as áreas com vegetação florestal nativa correspondem a cerca de
40% da área da bacia. Destes, entretanto, apenas 16,8% correspondem à vegetação em estágio avançado
da sucessão secundária (Tabela 4). Vegetação primária já não existe mais e um grande percentual da
vegetação arbórea encontra-se em estágio inicial de regeneração. Ou seja, representam, em grande parte,
áreas com potencial de exploração (leia-se risco de degradação), pois são vegetadas com bracatinga
(Mimosa scabrella) cuja exploração é autorizada pelos orgão ambientais.
Tabela 4. Distribuição territorial do uso das terras na Bacia do Iraí
Uso atual
Veg.secundária avançada
Veg. secundária Inicial
Campo
Reflorestamento
Pastagem
Agricultura
Clube de golfe
Urbanização
Mineração
Água
TOTAL
Área (ha)
1622,54
2374,38
1308,51
218,97
268,76
1721,17
46,3
1993,92
85,59
23,32
9663,46
Área (%)
16,8
24,6
13,5
2,3
2,8
17,8
0,5
20,6
0,9
0,2
100
Fonte: Capítulo 4?? Souza et al????
5.4.1 Áreas de recarga hídrica
No ciclo hidrológico, a água da atmosfera se precipita, sendo, primeiramente, interceptada pela
copas das árvores, sendo subseqüentemente redistribuída: uma parte chega ao solo através da
precipitação interna, outra através do escoamento pelo tronco e uma parte volta à atmosfera por
evaporação. Da água que chega ao solo, uma porção dela escoa superficialmente e outra se infiltra no
solo, por percolação até o lençol freático. Em um determinado ponto adiante este lençol irá aflorar, dando
origem a um riacho. A partir daí, este curso irá se encontrar com outro e mais outro, formando a malha
hídrica da bacia.
As áreas onde ocorrem o processo de infiltração e percolação da água, são conhecidas como
áreas de recarga hídrica. Portanto, dentro de uma bacia, a manutenção destas áreas é de suma
importância, pois é através delas que ocorre o abastecimento dos aquíferos.
As zonas de recarga são normalmente áreas com solos profundos e permeáveis, com relevo suave
sendo que qualquer modificação da cobertura florestal, resultante da intervenção do homem ou
conseqüência de seu desenvolvimento natural, afeta a quantidade e qualidade da água que chega ao solo e
ao lençol freático. Quando tais áreas são utilizadas para atividades agropecuárias, a função de recarga
pode ser prejudicada pela impermeabilização resultante da compactação dos solos. Além disso, a
utilização de agroquímicos de baixa retenção no solo pode contaminar o lençol através das águas de
percolação.
A vegetação tem um papel fundamental para a manutenção das áreas de recarga. Segundo
Brandão, Pruski & Silva (2003), a cobertura vegetal é responsável pelo aumento da macroporosidade da
camada superficial do solo e protege os agregados do impacto direto das gotas de chuva e,
consequentemente, é capaz de manter altas as taxas de infiltração e diminuir consideravelmente as perdas
de água e solo. Ainda, durante o crescimento das raízes, criam-se canais que favorecem o movimento da
água no perfil (Oliveira, 2000). A presença da vegetação nestas áreas, além de proteger o solo e melhorar
a infiltração, também desempenha uma função de “filtro”, pois boa parte de resíduos trazidos pelas águas
são retidos pelas plantas aí presentes.
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Infelizmente nada existe na legislação ambiental no tocante à proteção destas áreas; por
encontraram-se em relevo suave ondulado, são normalmente utilizadas para fins agro-pecuários ou
urbanização.
5.4.2 Matas ciliares
A mata ou floresta ciliar é um componente de fundamental importância para a manutenção da
integridade de uma sub-bacia hidrográfica, devido às diversas funções (item 5.4.2.5) e por sua ação direta
em uma série de processos importantes para a estabilidade da sub-bacia (Lima & Zakia, 2001). Estas
florestas ocupam as áreas mais dinâmicas da paisagem, tanto em termos hidrológicos, como ecológicos e
geomorfológicos, sendo que tais áreas tem sido chamadas de zona ripária.
A zona ripária está intimamente ligada ao curso d’água, entretanto seus limites não são
facilmente demarcados. Seu limite lateral se estenderia até as planícies de inundação. O limite a
montante, por exemplo, seria a nascente, mas durante uma parte do ano a zona saturada se expande
consideravelmente, o que implica na necessidade de se considerar também as áreas côncavas da cabeceira
como parte integrante da zona ripária.
(Olhar dados do Luis Claudio; ver se é possivel quantificar em termos territoriais o percentual de
zonas ripárias na Bacia do Iraí e a situação das mesmas quanto à cobertura florestal).
5.4.2.1. Aspectos legais
De acordo como o Novo Código Florestal (Lei Federal 4.771 de 15 de setembro de 1965), as áreas de
florestas ciliares passam a ser consideradas áreas de preservação permanente e definidas no Artigo 2o
como as florestas e demais formas de vegetação natural estarão situadas:
a) ao longo dos rios ou qualquer curso d’água desde seu nível mais alto em faixa marginal, cuja largura
mínima seja:
 de 30m para os cursos d’água com menos de 10m de largura;
 de 50m para os cursos d’água que tenham de 10 a 50m de largura;
 de 100m para os cursos d’água que tenham de 50 a 200m de largura;
 de 200m para os cursos d’água que tenham de 200 a 600m de largura;
 de 500m para os cursos d’água que tenham mais de 600m de largura.
b) Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais.
c) nas nascentes, mesmo os chamados olhos-d’água, seja qual for a sua situação topográfica, num raio
mínimo de 50m de largura.
Para lagoas e reservatórios, naturais ou artificiais, situados em áreas rurais, a largura mínima
deverá ser de 50m, para aqueles com área de inundação de até 20 ha e de 100m para os demais.
5.4.2.2. Fatores determinantes para a ocorrência de matas ciliares
Matas ciliares são formações florestais que se encontram ao longo dos cursos d’água e no entorno
de nascentes. Apresentam características vegetacionais definidas por uma complexa interação de fatores
dependentes das condições ambientais ciliares (Rodrigues, 2001).
Os principais fatores condicionantes para ocorrência das florestas ciliares, segundo Mantovani
(1982) opud Oliveira-Filho (1994), são hidrológicos, geológicos e topográficos, o que as diferencia das
florestas não ciliares. Tais diferenças se expressam, muitas vezes, nos parâmetros quantitativos das
populações e outras vezes alterando até a fisionomia da vegetação (Ribeiro & Walter, 1998). A
intensidade destas diferenças será determinada pelas características do ambiente, como o nível do lençol
freático, sendo que este é determinado pelas condições de relevo e topografia. O lençol irá determinar ou
interagir com as características edáficas, como a composição química e física do solo, profundidade,
ciclagem de nutrientes, entre outros, através do encharcamento ou da atuação diferencial da umidade no
solo. Outro fator que poderá condicionar a ocorrência de florestas ciliares, é o transbordamento do leito
do rio, através principalmente da remoção de sedimentos e remoção ou soterramento da serapilheira. A
correnteza e transbordamento do leito do rio, também atuam na seletividade de espécies e na definição da
mortalidade e estabelecimento de indivíduos na faixa ciliar, pois dependendo do período de
encharcamento do solo, somente as espécies tolerantes ao encharcamento conseguirão sobreviver.
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Portanto, a elevação do nível d’água resulta na heterogeneidade espacial e temporal das populações
ripárias, diferenciando a composição do mosaico sucessional dessas formações.
Portanto, a dinâmica da paisagem determina que as florestas ciliares ocupem as condições mais
favoráveis do ambiente, principalmente no que diz respeito à disponibilidade hídrica e de nutrientes,
favorecendo algumas características, entre elas a elevada diversidade, o mosaico vegetacional pouco
definido e muito dinâmico e a pronunciada seletividade de espécies aos microhabitats (Rodrigues, 1992;
Walter, 1995).
5.4.2.3 Solos sob florestas ciliares
Os solos de uma mata ciliar podem ser rasos, como os Cambissolos, Plintossolos e Litólicos ou
profundos, como os Latossolos e Podzólicos ou, ainda, Aluviais (Reatto et al., 1998, citados por Ribeiro
et al., 1999).
Sob as florestas ciliares são encontrados diversos tipos de solos, que variam em função da
presença (maior ou menor grau) ou ausência do hidromorfismo. Para distinção das classes de solos, é
importante o conhecimento da natureza do material originário. Segue abaixo a classificação dos
principais tipos de solos sob florestas ciliares, segundo Embrapa (1999), in Jacomine (2001).
ORGANOSSOLO
Nas áreas que se encontram permanentemente encharcadas, desenvolvem-se principalmente os
organossolos e em menor proporção os gleissolos e os neossolos quartzarênicos hidromórficos (areias
quartzosas hidromórficas).
Os organossolos são os mais freqüentes sob as matas de brejo ou florestas paludosas. São
essencialmente constituídos de matéria orgânica (em camadas com maior ou menor produção de material
mineral), proveniente de depósito de restos vegetais em grau variado de decomposição, acumulados em
terrenos palustres. Trata-se de solos muito mal drenados, com lençol freático à superfície na maior parte
do ano e próximo dela no período seco, permanecendo úmido o ano todo, em todo seu perfil.
Quanto às propriedades químicas, os solos orgânicos apresentam-se fortemente ácidos, com baixa
saturação por bases e elevada saturação em alumínio extraível (valores > 50%), sendo freqüentemente
deficientes em alguns micronutrientes.
Apesar da carência de trabalhos específicos sobre solos orgânicos nas condições tropicais, sabese que fazem parte de um ecossistema frágil que se mantem sob tênue equilíbrio. Portanto, quando
desmatados ou drenados, a matéria orgânica vai sendo oxidada gradativamente diminuindo sua espessura.
GLEISSOLO
Os gleissolos compreendem solos minerais hidromórficos mal a muito mal drenados, com
horizonte glei dentro de 50cm da superfície ou imediatamente abaixo do horizonte A ou H (horizonte
orgânico). São solos ácidos a fortemente ácidos, com argila de baixa atividade, baixa saturação por bases
a alta saturação com alumínio extraível, cujos valores na maioria dos solos são iguais ou maiores que
60%. Portanto, são solos pobres, normalmente com baixos teores de micronutrientes. Tratam-se de solos
que também pertencem a um ecossistema frágil, que quando incorporados ao processo produtivo
degradam-se rapidamente.
A vegetação que ocorre sobre estes solos é representada pela floresta paludosa (mata de brejo),
com árvores mais grossas e de porte mais elevado quando comparados com as matas sobre solos
orgânicos.
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Hidromórfico (Areias quartzosas hidromórficas)
Os neossolos quartzarênicos hidromórficos são solos minerais, arenosos, essencialmente
quartzosos, de textura areia ou areia franca, encontrados também sob florestas paludosas, onde o material
de origem é proveniente principalmente de arenitos e quartzitos sob excesso de água. São solos muito
pobres e normalmente com alta saturação por alumínio trocável, com deficiência de macro e
micronutrientes.
Como os demais solos descritos, os neossolos também fazem parte de um ecossistema muito
frágil e delicado, que certamente se degradará se incorporado ao processo produtivo. São áreas com
grande vocação para formação de vossorocas, com consequente assoreamento dos cursos d’água a
jusante e morte da vegetação original.
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Sobre estes solos, a vegetação apresenta uma fisionomia distinta com predomínio de árvores
finas e de porte mais reduzido, quando comparada às florestas que ocorrem nos demais solos.
PLINTOSSOLO
Outro tipo de solo sob florestas ciliares é o plintossolo, caracterizado por apresentar um horizonte
plíntico (presença de plintita em quantidade igual ou inferior a 15% e espessura de pelo menos 15cm)
imediatamente abaixo do horizonte E ou do A. Quanto às propriedades químicas, trata-se de solo ácido a
fortemente ácido, com saturação por bases baixa (V<50%) ou com saturação por alumínio elevada (m%
> 50%).
Para serem incorporados ao processo produtivo, os plintossolos requerem drenagem, que se
executada de maneira inadequada provoca o endurecimento irreversível do horizonte plíntico
subsuperficial, quando submetido à desidratação prolongada, tornando-o consolidado e impermeável.
Os plintossolos são encontrados em florestas que não se enquadram como florestas paludosas,
tendo em vista que os solos são semi-hidromórficos, com acentuada flutuação do lençol freático, sem que
atinjam a superfície. Nestes solos, as florestas ciliares são bem desenvolvidas, com árvores de grande
porte e diâmetros elevados. Sob estas florestas, os plintossolos são profundos, imperfeitamente drenados,
tendo normalmente coloração variegada (no horizonte plíntico), com predomínio de cores cinzentabrunado-claras, sendo também observadas cores vermelho, vermelho-amareladas e bruno forte nos
horizontes plinticos. A consistência deste horizonte é firme quando úmido e duro quando seco.
NEOSSOLO FLÚVICO (Solos aluviais)
Nos terrenos de várzea mais altas, com drenagem boa a moderada e não sujeitas ao
encharcamento, predominam os neossolos flúvicos (aluviais), também relacionados com florestas de
galeria muito úmidas, muitas delas estacionais. São profundos, com drenagem moderada e imperfeita,
textura muito variável, em função da natureza dos sedimentos fluviais depositados. Em função da sua
origem, são muito heterogêneos quanto à granulometria, estrutura, consistência e propriedades químicas.
Tem-se encontrado solos ácidos, com pH muito baixo, com baixa saturação por bases e, por
vezes, com alta saturação por alumínio. Entretanto, também são encontrados solos com pH alto (em torno
de 8,0), com alta saturação por bases.
Os neossolos flúvicos distribuem-se ao longo dos cursos d’água, principalmente nos de maior
volume. Nas formações ciliares com estes solos, existe naturalmente um processo de erosão por
desmoronamento das margens dos rios, que se acentua com a retirada da vegetação e com erosão dos
solos agrícola adjacentes, o que provoca o assoreamento que reduz a calha do curso d’água.
CAMBISSOLO
Os cambissolos usualmente são classificados como neossolos flúvicos, entretanto os
conhecimentos atuais de solos no Brasil permitem mostrar que grande parte desses solos se enquadra
como cambissolos, tendo em vista a presença de horizontes subsuperficiais que devem ser identificados
como horizonte B incipiente. São desenvolvidos a partir de sedimentos aluviais mais antigos, em
condição de boa drenagem até drenagem imperfeita, o que permite o desenvolvimento de B incipiente.
As propriedades químicas são muito variáveis, em função principalmente da natureza do material
de origem e do clima regional, com maior ou menor estação seca, podendo desta forma, serem
encontrados solos ácidos (pH em torno de 3,8-5,2), com baixa saturação por bases e, algumas vezes, com
alta saturação por alumínio, como também solos ácidos a alcalinos (pH em água 5,5 a 8,5) e com alta
saturação por bases.
Com isso, as características florísticas e estruturais das florestas ciliares sobre os cambissolos
apresentam uma grande diversidade. Esses solos ocorrem principalmente em áreas que bordejam os
cursos d’água cuja margens estão sujeitas à erosão por desmoronamento.
5.4.2.4 Florística de florestas ciliares
Segundo Rodrigues & Shepherd (2001), as florestas ciliares geralmente apresentam um conjunto
de espécies típicas da unidade fitogeográfica ocorrente nas florestas não ciliares, além de um conjunto de
espécies ocorrentes em várias unidades fitogeográficas, inclusive em áreas ciliares. Apresentam ainda,
um conjunto de espécies caracterizadoras dos vários ambientes ciliares, adaptadas ou favorecidas pelo
ambiente ciliar, podendo também ocorrer em áreas não ciliares, mas geralmente com baixa expressão
9
numérica. Por fim, um conjunto de espécies caracterizadoras daquela condição ecológica específica, em
função da atuação de fatores seletivos, não necessariamente exclusivos dessas condições, mas com
características populacionais que permitem classificá-las como caracterizadoras daquele ambiente ciliar.
Ao comparar remanescentes de florestas ciliares, Durigan & Leitão Filho (1995) puderam
observar que as mesmas são muito diferentes, com valores de similaridade muito baixos, mesmo entre
áreas muito próximas. Esta heterogeneidade florística pode ocorrer devido à diversos fatores, como a
largura da faixa ciliar florestada; estado de conservação ou degradação dos remanescentes; o tipo
vegetacional de origem dessa formação florestal ciliar; a matriz vegetacional onde essa formação florestal
ciliar está inserida e, principalmente, a heterogeneidade vegetacional como resultado das características
físicas do ambiente ciliar e de outros fatores atuantes na seletividade de espécies (Rodrigues, 1992).
Portanto, além das espécies tipicamente ripárias, nelas ocorrem espécies típicas de terra firme e
as zonas ripárias, dessa forma, são também consideradas como fontes importantes para o processo de
regeneração natural (Gregory et al., 1992 & Triquet et al., 1990, citados por Lima, 2001).
Ao realizar um inventário em uma floresta ripária do alto Rio Grande, no município Madre de
Deus de Minas, MG, Vilela et al (2000) a classificaram como Floresta Estacional Semidecidual Aluvial
(FESA) nos leitos aluviais sujeitos a inundação e Floresta Estacional Semidecidual Montana (FESM), nas
encostas adjacentes ao leito do rio.
Oliveira (2000), realizando um inventário em um remanesceste de vegetação ripária nos campos
gerais, em Ponta Grossa (PR), classificou a floresta como Floresta Ombrófila Mista Montana (FOMM) e
Floresta Ombrófila Mista Aluvial (FOMA), para as mesmas situações dos autores citados anteriormente.
Ainda, seccionou a floresta em três partes: planície aluvionar, encostas florestadas e bordadura. Na
planície aluvionar, o autor pode observar que as espécies com maiores VI foram branquilho (Sebastiana
commersoniana), guamirim-de-facho (Calyptranthes concinna), falso bugreiro (Lithraea molleoides) e
guamirim-chorão (Myrcia rostrata), sendo que o branquilho juntamente com o guamirim-de-facho
representaram 66,5% do VI total da comunidade. Para as encostas florestadas, as espécies com maior VI
foram guamirim-chorão, pinheiro do paraná (Araucaria angustifolia), imbuía (Ocotea porosa), cambuí
(Myrcia multiflora), canela-raposa (Cinna momum sellowianum) e Caussarea contacta, sendo as mesmas
responsáveis por 32,8% do VI total. Por fim, na bordadura, as espécies com maior VI foram guamirim
(Myrcia breviramis), Myrceugenia sp, pinheiro do paraná, cambuí e canela-raposa, responsáveis por
52,6% do VI total.
Dias et al (1998), realizaram um levantamento florístico e fitossociológico do componente
arbóreo das florestas ciliares do Rio Iapó, na bacia do rio Tibagi , e observaram para este local, que as
espécies com maior IVI foram Eugenia blastantha (21,54), Faramea porophylla (16,59), Casearia
obliqua (15,78), Nectandra grandiflora (15,39), Sebastiana commersoniana (15,81), Casearia sylvestris
(13,76) e Actonostemon concolor (13,31).
Na Bacia do Iraí, em levantamento realizado por Ziller (1993), antes da construção da barragem,
foram identificados dois tipos principais de formação florestal: Floresta Ombrófila Mista Aluvial, nas
regiões ribeirinhas, e Floresta Ombrófila Mista Montana, entre altitudes de 500 e 1000 metros, além da
Estepe Gramineo-Lenhosa, que hoje encontra-se sob as águas da represa.
Nas áreas ribeirinhas dois tipos de floresta de galeria foram identificados: uma que sofre
influência das inundações mais frequentemente, composta principalmente por branquilho (Sebastiana
commersoniana), aroeira (Schinus terebinthifolius), maria-mole (Symplocos uniflora), guamirim-cascudo
(Myrcia sp.) e caúna (Ilex theezans) e outra que cresce sobre solo menos frequentemente inundado,
composta pelas mesmas espécies acima citadas, porém em quantidade e porte diferenciados. “A
diversidade aumenta, havendo um número total de espécies, quase três vezes superior, e destacam-se, por
ordem de importância, o branquilho, o guamirim-cascudo, a caúna, a maria-mole, o guamirim (Myrcia
selloi), a aroeira, a capororoca (Rapanea parviflora), a imbira (Daphnopsis racemosa), o vacum
(Allophylus edulis), o açoita-cavalo (Luehea divaricata), o branquilho-leiteiro (Sebastiana brasiliensis), o
veludo (Guettarda uruguensis) e o tarumã (Vitex megapotamica)” (Ziller, 1993).
5.4.2.5 Funções das florestas ciliares
-
Funções hidrológicas
10
A função hidrológica das florestas ciliares está ligada à sua influência sobre uma série de fatores
importantes para a manutenção da microbacia, sendo que seus efeitos não são apenas locais, mas refletem
na qualidade de vida de toda a população que se encontra sob influência de uma bacia hidrográfica.
Um dos inúmeros benefícios da presença da mata ciliar está relacionado à qualidade da água,
pois as mesmas possuem uma função tampão, filtrando toda a água proveniente das áreas adjacentes que
escoam para dentro dos cursos d’água. Neste “filtro” ficam retidos uma grande quantidade de
sedimentos, produtos tóxicos e nutrientes, principalmente fósforo (P) e nitrogênio (N) que em excesso na
água provocam o crescimento exagerado de algas e plantas aquáticas. Segundo Davide et al. (2000), estas
matas conseguem reter cerca de 80% do fósforo e 89% do nitrogênio provenientes do escoamento
superficial das áreas adjacentes.
A função tampão da mata ciliar é abordada por vários autores. Segundo Delitti (1989), citado por
Durigan & Silveira (1999), os resultados conhecidos de estudos sobre o papel das florestas ciliares
confirmam a hipótese de que elas atuam como filtro de toda a água que atravessa o conjunto de sistemas
componentes da bacia de drenagem sendo, portanto, determinantes das características físicas, químicas e
biológicas dos corpos d’água.
Hemmett et al. (1994) verificaram que a vegetação ciliar em uma microbacia reduziu em 38% a
concentração de N que chega ao curso d’água, em 94% o fosfato e em 42% o fósforo dissolvido. Os
autores ainda ressaltam que a redução do N foi um pouco abaixo do esperado, alertando para um limite
na capacidade de imobilização deste elemento pela zona ripária.
As matas ciliares também permitem a estabilidade das margens dos cursos d’água, pois as raízes
da vegetação formam uma malha que dá resistência aos barrancos. A água do escoamento superficial é
retida e absorvida pela serapilheira (formada pelo acúmulo de material vegetal depositado sobre o solo),
que exerce uma função de esponja, auxiliando, desta maneira, a infiltração da água e a sua retenção no
solo, reduzindo as enxurradas. A taxa de infiltração de água em solos florestais pode ser de 10 a 15 vezes
maior do que em uma pastagem e 40 vezes mais que em um solo desprovido de vegetação (Davide et al
2000).
- Função fonte de nutrientes
Esta função não tem sido muito considerada na literatura sobre matas ciliares, mas é de vital
importância para o funcionamento do ecossistema como um todo. Os nutrientes estão presentes em toda a
cadeia alimentar, sendo que os seres vivos dependem deles completarem seus ciclos de vida.
As florestas ciliares, por estarem próximas à água e por possuirem uma diversidade grande de
espécies de plantas e animais, são ambientes geralmente ricos em nutrientes. Se por um lado recebem
nutrientes das águas nas situações de inundação, por outro lado capturam estes das áreas terrestres
adjacentes através de sua função “filtro”. E através da dinâmica da vegetação e dos animais terminam por
ciclar os mesmos nutrientes de forma muito eficiente.
Para Poggiani & Schumacher (2000), a ciclagem de nutrientes refere-se às trocas químicas entre
solo e as plantas, em um primeiro estágio através da absorção pelo sistema radicular seguida por sua
distribuição entre os diversos componentes da planta. Em um segundo estágio, transfere os nutrientes
absorvidos ao solo, através da deposição da serapilheira, lixiviação das folhas, dos ramos e troncos e pela
ação das chuvas, além da herbivoria e disseminação de frutos e sementes.
Não existem muitas informações sobre a ciclagem de nutrientes em florestas tropicais e, muito menos
ainda, em florestas ciliares. Como regra geral, as florestas tropicais são caracterizadas como ecossistemas
com grande produção de biomassa, um grande reservatório de nutrientes minerais e que apresentam
rápida ciclagem entre os componentes orgânicos e os substratos (Golley et al, 1978).
Em se tratando de florestas tropicais, tem-se estabelecido que as mesmas desenvolvem
mecanismos para conservar minerais essenciais devido às altas velocidades de decomposição e dos fluxos
de água através do sistema. Assim, uma ciclagem para ser considerada eficiente deverá equilibrar as
quantidades de nutrientes que entram no sistema e a quantidade destes nutrientes que saem do mesmo. As
florestas ciliares apresentam um padrão onde a produção de serapilheira apresenta os maiores picos no
inverno, que é caracterizado pela ocorrência de dias mais curtos e baixa precipitação (Pagano & Durigan,
2001). Mas como estão, freqüentemente, restritas a uma pequena faixa ao longos dos cursos d’água, estas
relações de adição e perda de nutrientes do sistema além de complexas, são de difícil quantificação
(Delitti, 1989).
11
A perda de nutrientes com o arrastamento da serapilheira pelas águas dos rios em áreas
inundáveis, faz com que as florestas ciliares sujeitas a esse processo tenham suas comunidades vegetais
freqüentemente perturbadas, permanecendo indefinidamente em estágios sucessionais intermediários
(Pagano & Durigan, 2001). Mas ao mesmo tempo estes nutrientes levados com a serapilheira podem
servir de alimento aos organismos aquáticos.
- Função abrigo da fauna
A fauna também é beneficiada pela presença de florestas ciliares, pois as mesmas proporcionam
abrigo, alimento e água para diversas espécies de pássaros e pequenos animais, além de funcionar como
corredor ecológico.
Segundo Marinho-Filho & Gastal (2001), há algumas evidências que sugerem que as matas
ciliares possuem importância fundamental para os mamíferos do cerrado, servindo como abrigo para
animais, que habitualmente utilizam habitats adjacentes para buscar alimento, além de prover alimento
e/ou água, ao menos durante a seca, para espécies que em períodos mais favoráveis exploram as áreas
abertas. Uma outra função, seria de refúgio durante e logo após incêndios (Alho, 1991).
Outros à serem beneficiados pela ocorrência de matas ciliares são os animais aquáticos através,
principalmente, do sombreamento das águas pelas copas das árvores. Mudanças bruscas da temperatura
das águas, às vezes, afetam uma grande variedade de seres aquáticos, podendo até reduzir a reprodução e
sobrevivência dos peixes. A alimentação de várias espécies de peixes e de outros pequenos animais
aquáticos provem de material vegetal depositado sobre as águas como folhas, flores, frutos e ramos.
-
Função de corredor de biodiversidade
Além de funcionarem como abrigo, as florestas ciliares também funcionam como corredor de
biodiversidade.
Este fenômeno, segundo Brown Jr. (2001), é bem nítido tanto no Planalto Central como no oeste
desmatado do estado de São Paulo, e por todo o sul da Amazônia, com organismos migrando entre
regiões muito distantes. Em certas estações, épocas históricas ou episódios climáticos mais secos, uma
ampla fatia da vida local procura abrigo nas matas ciliares, principalmente pela escassez de água e
alimento em seus habitats usuais, mais distantes da água permanente. Assim, a fauna nestas formações
fica ainda mais densa e diversificada, encontrando-se pressionada atrás pela seca e adiante pela água,
fazendo com que migrem ao longo das matas ciliares. Isto faz com que estas florestas funcionem como
corredores de dispersão para os elementos mais móveis da fauna, promovendo fluxo genético com
mistura e aumento da diversidade nas populações, através de regiões muito amplas.
5.5. RECOMPOSIÇÃO FLORÍSTICA
5.5.1. Sucessão secundária
Quando uma comunidade florestal sofre algum tipo de impacto, seja ação natural ou antrópica,
normalmente ocorre um processo conhecido como sucessão ecológica. Ele tem início com a chegada, na
área, de espécies colonizadoras, promovendo modificações na diversidade de plantas, assim como na
fauna, aumento do acúmulo da matéria orgânica e nas variáveis ambientais e, com o aumento da
complexidade da comunidade, ocorre também um aumento da competição por recursos. Estabelecida esta
situação, as espécies com estratégia colonizadora vão dando espaço para aquelas com maior capacidade
competitiva (Van Den Berg, 2001).
Para Gomes-Pompa (1971), a sucessão é o mecanismo pelo qual as florestas tropicais se autorenovam, através da cicatrização de clareiras que ocorrem a cada momento na floresta. Essas clareiras são
ocupadas por diferentes grupos ecológicos de espécies arbóreas, adaptadas para regenerar em clareiras de
diferentes tamanhos (Whitmore, 1982).
Aber (1990) descreve sucessão como o processo de desenvolvimento ecológico de uma
comunidade florestal que, sob condições naturais, consiste no estabelecimento de indivíduos jovens das
espécies pioneiras, substituídas por outras espécies, por meio de complexos processos de interações.
Em 1965, Budowski classificou as espécies que participam da reconstituição das florestas
tropicais segundo as comunidades florísticas ou grupos ecológicos aos quais pertencem. Ele agrupou-as
12
em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímax, apresentando cerca de duas dezenas de
características dos componentes arbóreos que se modificam nos estágios serais da floresta úmida tropical
americana.
As espécies pioneiras possuem, como caracterísitcas ecológicas e estratégicas: rápido
crescimento, agressividade na ocupação de áreas livres, baixas exigências em termo de fertilidade do solo
e ciclo de vida curto (6 a 10 anos aproximadamente). Tais características permitem que a dinâmica das
populações se estabeleça (Jesus, 1992), além de investirem muito mais em reprodução e capacidade
dispersiva do que em capacidade competitiva (Van Den Berg, 2001).
A regeneração de espécies não pioneiras sob condições criadas por espécies com papel específico
de pioneiras pode ser possível, podendo as mesmas serem nativas ou exóticas. Isto porque, devido às
características das espécies na fase inicial de sucessão, poderão ser criadas condições de luz e umidade
para as espécies características dos estágios finais de sucessão (Kageyama, Castro & Carpanezzi, 1989).
5.5.2 Seleção de espécies
No que se refere à prática de revegetação com espécies arbóreas, é fundamental a seleção de
espécies adaptadas às condições de plantio para obtenção de resultados positivos. Se a cobertura original
era composta de essências florestais nativas, estas seriam ideais para a recuperação.
Primeiramente, a escolha das espécies adequadas deve ser baseada em levantamentos botânicos e
fitossociológicos da região onde se pretende fazer a recomposição. Feito o levantamento, a possível
utilização das espécies irá depender da disponibilidade de sementes e do conhecimento dos métodos de
produção de mudas. Espécies dos grupos secundários e clímax não produzem sementes todos os anos,
fato verificado também nos grupos dominados ou suprimidos na floresta. Algumas espécies dos grupos
ecológicos iniciais apresentam sementes dormentes, o que dificulta sua utilização (Davide, 1994).
A seleção mais adequada a cada local é fundamental para que o processo de regeneração se inicie
e a floresta possa se estabelecer rapidamente. Ainda, as espécies devem apresentar características de
resistência às adversidades do meio, proporcionar melhorias nas características do solo, como p.e.
elevação do teor de material orgânico e colonização de microrganismos benéficos, influenciar na
luminosidade e temperatura do solo, servir de alimento e abrigo para a fauna dispersora, acelerando,
desta forma, o processo de recuperação do local.
Para a definição das espécies, devem ser respondidas perguntas como:
Quantas e quais espécies devem ser utilizadas?
Quantos indivíduos de cada espécie e qual a melhor distribuição a ser implantada?
A escolha deve considerar ainda as condições locais, ou seja, a interação entre a espécie e o
ambiente e a urgência da implantação. Assim, nas margens de rios ou áreas mais sujeitas ao alagamento,
deve-se utilizar espécies mais adaptadas às condições de umidade da área que irá desenvolver e a função
que irá desempenhar no processo de reflorestamento (Barbosa, 1999).
Portanto, deve-se considerar que as espécies selecionadas para plantios mistos serão diferentes
para cada local e dependentes da disponibilidade de mudas e conhecimento silvicultural das mesmas.
5.5.3. Espaçamento e tamanho das mudas (incluir texto)
Dentre as principais práticas silviculturais, a escolha do espaçamento de plantio merece grande
atenção, por apresentar uma série de implicações, tanto do ponto de vista tecnológico quanto econômico
e silvicultural.
A escolha do espaçamento adequado tem como objetivo proporcionar para cada indivíduo o
espaço suficiente para se obter o crescimento máximo com melhor qualidade e menor custo. Entretanto,
outro aspecto a ser considerado é com relação à proteção do solo que depende do tempo necessário para o
fechamento do dossel. Com o fechamento mais rápido do dossel, a proteção do solo é obtida mais cedo,
diminuindo os riscos de degradação, principalmente naqueles locais onde a declividade, o tipo de solo e o
clima favorecem a erosão (Botelho, 1997).
A recomendação dos espaçamentos não deve ser generalizada e rígida para cada espécie e local.
Considerações especiais devem ser feitas quanto ao hábito de crescimento da espécie, à qualidade do
sítio, aos tratos silviculturais, à sobrevivência esperada e aos aspectos econômicos, dentre outros
13
(Bernardo, 1995), além da forma de crescimento do sistema radicular, da parte aérea e da fertilidade do
solo (Botelho, 1997).
De modo geral, recomenda-se plantar de 1.110 a 2.700 mudas por hectare, utilizando-se
espaçamentos como 3x3m, 3x2,5m, 3x2m, 2,5x2m, 1,5x3m, 2x2m e 1,5x2,5m. Souza (2002), ao
comparar espaçamentos variando entre 3x2 e 3x5m, demonstrou que os menores espaçamentos
promoveram um fechamento mais rápido do dossel e, consequentemente, uma menor necessidade de
tratos de manutenção devido à menor invasão de gramíneas competidoras. O autor não recomenda o uso
de espaçamentos 3x4 ou 3x5m no modelo de plantio com 50% de espécies clímax e 50% de espécies
pioneiras, com grupos ecológicos em linhas intercaladas. Neste estudo foram analisados o efeito dos
espaçamentos sobre o crescimento de 14 espécies florestais, 5 pioneiras e 11 clímax exigentes de luz e
tolerantes à sombra.
5.5.4 Métodos e modelos de implantação
Entende-se por modelos de implantação o tipo de vegetação, sua composição e seu arranjo no
campo, sendo incluído desde a definição de uso exclusivo de espécies arbóreas ou a combinação de
espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas até a composição, o arranjo e o espaçamento para a distribuição
das plantas no campo. Diversos são os modelos sugeridos e utilizados, devendo ser escolhidos em função
da situação de cada sítio e do custo da implantação (Botelho et al, 2001).
A disposição de plantio das mudas pode ser de forma aleatória ou em arranjos de agrupamentos.
Os arranjos de distribuição baseados em estudos fitossociológicos ou estruturais tentam reproduzir
quantitativamente e qualitativamente a vegetação local, devendo-se observar o estágio de
desenvolvimento das florestas estudadas. Esses estudos são uma ferramenta muito útil, devendo ser
utilizados criteriosamente, respeitando a dinâmica de sucessão florestal, favorecendo o rápido
recobrimento do solo e garantindo a auto renovação da floresta.
No planejamento de um plantio, a decisão sobre a composição do plantio é muito importante,
pois diz respeito ao número de espécies a serem plantadas e às proporções de cada grupo ecológico.
Segundo Botelho et al (2001), alguns pesquisadores se mostram favoráveis ao plantio de um número
elevado de espécies arbóreas, algo em torno de 70-100 espécies/ha. Isso proporciona à área um alta
diversidade desde o início, entretanto poderá tornar-se difícil em função do custo de coleta de sementes e
até mesmo disponibilidade das mudas das espécies escolhidas.
Portanto, a implantação com um número menor de plantas reduz os custos de implantação da
floresta e, mesmo não proporcionando uma alta diversidade inicial, trata-se de um ponto de partida para
que esta diversidade aumente com o passar do tempo, através da regeneração natural. Entretanto, para
que isso aconteça, é necessário a presença de remanescentes nas proximidades, que servirão como fonte
de sementes para a área reflorestada.
Existem diversas composições de espécies com relação às proporções entre os grupos ecológicos.
Moreira (2002) testou diversos modelos, com proporção variando de 50 a 100% de pioneiras, em
diferentes arranjos (quincôncio e regular) e espaçamentos (3x2 e 3x3m) para plantios de florestas ciliares.
A autora concluiu que o arranjo que proporcionou o fechamento mais rápido do dossel (aos 12 meses)
foi o de 100% de pioneiras, no espaçamento 3x3m, podendo ser utilizado em caso de necessidade de uma
rápida cobertura do solo. O arranjo com 75% de pioneiras, com o mesmo espaçamento e mesma idade,
também já dispensava tratos culturais. Nas condições deste estudo, a autora concluiu que poder-se-ia
recomendar o uso de modelos com 100% de pioneiras, espaçamento 3x3m com arranjo regular, em
locais onde existissem alto potencial de regeneração natural, e com 75% de pioneiras / 25% de clímax ou
50% pioneiras / 50% clímax (clímax intercaladas nas linhas), em arranjo regular, onde houvesse falta de
propágulos para regeneração natural de espécies clímax.
5.5.5. Cuidados no plantio e na fase inicial de crescimento das plantas
Para dar início ao plantio, é necessário preparar o solo, com o objetivo de melhorar as condições
físicas do mesmo, reduzir as plantas daninhas e facilitar o plantio, podendo ainda melhorar a fertilidade
do solo, melhorar a capacidade de retenção de água, romper camadas impermeáveis, reduzir a densidade
e resistência à penetração das raízes, dentre outras coisas.
14
A adubação de plantios mistos é muito complexa, devido à diferente demanda em nutrientes
pelas espécies, o que pode ser agravado em situações de grande variedade de solos. Normalmente, usa-se
uma recomendação para adubação única que possa satisfazer, em média, a necessidade de todas as
espécies, isto sobretudo devido ao custo operacional.
Após o plantio, cuidados devem serem tomados sempre que for necessário, como o tutoramento
das mudas, combate às formigas cortadeiras, irrigação das mudas quando as condições climáticas forem
desfavoráveis, capina ou roçada nas linhas e entrelinhas de plantio e, ainda, coroamento individual ao
redor das mudas, se necessário.
De maneira geral, tem-se que tomar muito cuidado, pois um plantio mal executado pode resultar
em alta mortalidade das mudas, colocando o plantio em risco. Deve-se também atentar para a qualidade
das mudas que serão utilizadas no plantio, sendo avaliadas suas qualidades morfológica e fisiológica,
para que se tenha uma alta sobrevivência no campo.
5.6. ESTUDO DE CASO: RECOMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE ÁREA DE RECARGA
HÍDRICA NA BACIA DO RIO IRAÍ.
De forma a fornecer subsídios para a revegetação de matas ciliares e em áreas do entorno da
Represa do Iraí, um experimento a campo foi instalado em 2003, na Fazenda Experimental do Canguiri,
pertencente à UFPR e localizada dentro da Bacia do Iraí. Os objetivos principais deste experimento são:
•
•
•
•
•
Selecionar espécies arbóreas promissoras para recomposição florística de áreas de recarga hídrica e
revegetação de áreas degradadas;
Avaliar o crescimento e o estado nutricional de espécies arbóreas implantadas sobre situações
hidrogeomorfológicas distintas;
Avaliar possíveis modificações físicas e químicas na camada superficial do solo, decorrentes da
implantação das espécies arbóreas;
Estimar a absorção e imobilização de nutrientes do solo pelas plantas;
Criar subsídios para a revegetação de outras áreas do entorno da Represa do Iraí.
Para implementação do experimento adotou-se a seguinte metodologia descrita a seguir:
As espécies selecionadas para este estudo encontram-se na tabela 5. A escolha das espécies foi
realizada através de levantamento bibliográfico sobre as formações vegetais que se encontram sobre
influência do reservatório do Iraí (Ziller, 1993) e com base nas características ecológicas destas espécies
(Lorenzi, 1992; Carvalho, 1994). Outro aspecto que contribuiu para a seleção das espécies foi a
disponibilidade de mudas de qualidade que pudessem ser usadas no ensaio.
Tabela 5. Espécies selecionadas que serem implantadas no experimento de recomposição florística.
Nome comum
Nome científico
Classificação ecológica
Schinus terebinthifolius
P
Branquilho
Sebastiana commersoniana
S
Canjerana
Cabralea canjerana
S
Capororoca
Rapanea guianensis
P
Pimenta pseudocaryophyllus
P
Ocotea porosa
S
Podocarpus lamberti
S
Allophylus edulis
P
Aroeira
Craveiro
Imbuia
Podocarpus
Vacum
P- pioneira; S- secundária
15
O arranjo utilizado foi o modelo de plantio com alternância de espécies pioneiras e secundárias
na linha, no espaçamento 2,5 x 1m, totalizando seis linhas. O experimento foi instalado em quatro blocos,
com quatro parcelas compostas por 60 plantas, totalizando dezesseis parcelas mistas, nas duas situações:
área úmida e área seca. No total são 3 tratamentos para cada uma das áreas, sendo os dois primeiros
compostos por combinação de espécies arbóreas e um terceiro que consiste em área de revegetação
expontânea (Figuras 3 e 4)
A C A I A C A
I A C A
1m
I A C A
I A C
A I A C
A C A I A C A
I A C A
Cr
C Cr I Cr C Cr I Cr C Cr
1m
I Cr C Cr I Cr C Cr I Cr C
2,5m
Cr
T1. Aroeira + Canjerana + Imbuía
C Cr I Cr
C Cr
I Cr
C Cr
T2. Craveiro + Canjerana + Imbuía
Figura 3. Esquema do arranjo experimental no campo, na área seca.
V
Br V
Br V
V
P V
P V
Br V
Br V
1m
P V Br V
Br V P V
P V
Br V
Br V
P
P V Br V
T1.Vacum + Branquilho + Podocarpus
1m
C Br C P C Br C P C Br
C
2,5m
Br
C P C Br
C Br
C P C Br
C P
C P C Br C P C Br
C
T2. Capororoca + Branquilho + Podocarpus
Figura 4. Esquema do arranjo experimental no campo, na área úmida
Como forma de avaliação do experimento vários parâmetros serão analisados, como por
exemplo, a altura e diâmetro do caule das espécies, além do composição química foliar das mesmas (N,
P, K,Ca, Mg, Al, Cu, Fe, Mn e Zn). Para tanto, serão coletadas folhas maduras das espécies estudadas, no
período outonal, quando as folhas recém maduras se encontram no auge da maturidade fisiológica. Será
também avaliada a produção de fitomassa de serapilheira com o intuito de estimar o retorno de nutrientes
ao solo e também o incremento de biomassa foliar.
A estimativa da mobilização de nutrientes das folhas senescentes para as folhas em crescimento,
será baseada no estudo realizado por Ranger, Marques & Colin-Bergrand (1997), que utilizaram o
seguinte cálculo:
M = (CNFM) – (CNS) – (QNSIFV)
Onde:
M = mobilidade; CNFM = concentração de nutrientes em folhas maduras; CNS = concentração de
nutrientes na serrapilheira e QNSIFV = quantidade de nutrientes na solução de imersão das folhas verdes.
Até o presente momento, devido à diversos imprevistos que contribuiram para o atraso na
implementação do experimento, poucos resultados foram obtidos.
Com relação às características do solo, foram feitas amostragens preliminares para caracterização
da fertilidade e da granulometria do solo nas áreas de plantio. Os resultados analíticos (Tabela 6)
mostram que, tanto na área seca (LATOSSOLO) como na área úmida (ORGANOSSOLO), os solos
apresentam boa disponibilidade de nutrientes, relacionada à aplicação de fertilizantes quando da
utilização agrícola. Estes resultados sugerem que estes solos devem permanecer protegidos contra a
erosão, a qual poderia carrear nutrientes para os cursos d’água e contribuir para a eutrofização das águas
da represa.
As futuras avaliações para caracterizar os solos serão feitas de maneira mais detalhada nas
diferentes parcelas de estudo, o que permitirá o monitoramento das mudanças promovidas pela
16
implantação da vegetação. O monitoramento da composição química da solução do solo sob as áreas do
experimento também está prevista, o que permitirá uma avaliação mais precisa da qualidade da água de
infiltração no solo.
Tabela 6. Resultados médios da análise de solo para as duas situações estudadas.
pH
Al+3
H+Al Ca+2+Mg+2
CaCl2
Ca+2
K+
T
cmolc/dm3
P
C
pH
V
mg/dm3
g/dm3
SMP
%
Área seca
4,95
0,15
4,80
7,70
4,55
0,09
12,59
3,2
35,0
6,05
61,61
Área úmida
4,70
0,60
6,20
7,40
4,80
0,06
13,66
3,7
36,5
5,70
54,61
Após o plantio, as mudas têm apresentado um bom desenvolvimento. Aroeira (Schinus
terebinthifolius) e vacum (Allophylus edulis) já estavam florindo e frutificando 3 meses após plantio. Este
fato deve-se em parte à utilização de mudas de grande porte (cerca de 1,2 m de altura) e já lignificadas no
caule. As mudas de podocarpus (Podocarpus lambertii) e imbuia (Ocotea porosa), que apresentavam
menor tamanho (cerca de 50 cm de altura) e estavam em sacos plásticos de menor dimensão, sofreram
um pouco mais no campo, sendo que algumas delas tiveram que ser replantadas.
Devido ao local ser anteriormente usado como área agrícola e devido à elevada disponibilidade
de nutrientes no solo, o mato também cresceu bastante, precisando ser controlado com roçadas e capinas.
A escolha do espaçamento de 2,5x1,0m foi feita para permitir um rápido fechamento da copa das árvores
na linha e permitir a entrada com a roçadeira nas entre-linhas nos primeiros anos após o plantio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOTELHO, S. A.; FARIA, J. M. R.; FURTINE NETO, A. E.; RESENDE, A. V. Implantação de
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