Tromboembolismo Pulmonar (TEP) e Mutação da Protrombina: Tratamento com Novos Anticoagulantes Brisolla, HRG; Iwamoto, J; Vieira da Costa, FMV; Uehara, KM; e Silva, MV Introdução O TEP é uma condição potencialmente grave de etiologia por vezes não reconhecida, dentre elas as trombofilias. A mutação da protrombina é o 2º fator de risco hereditário mais comum para trombose, sendo o uso dos novos anticoagulantes ainda incerto nesses casos. Métodos Relata-se caso de paciente atendida no ProntoSocorro no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina em meados de 2014, destacandose a opção terapêutica adotada. Relato de Caso Mulher de 18 anos, admitida proveniente do Pronto Atendimento Municipal por quadro de dor torácica ventilatório-dependente e dispnéia súbita durante atividade física. Paciente previamente hígida em uso contínuo de anticoncepcional oral, sem história de tabagismo, cirurgia prévia ou evento trombótico familiar, Naquele serviço, apresentava exames sem alterações exceto por dosagem de troponina positiva. Realizado ecocardiograma evidenciando aumento de câmaras cardíacas direitas, sugerindo TEP, confirmado por angiotomografia que mostrava falhas de enchimento nas artérias pulmonares, ramos lobar médio e inferior direito e ramos lobares esquerdo. Iniciada prontamente anticoagulação com heparina de baixo peso molecular. Mantida estabilidade clínica e hemodinâmica, a paciente recebeu alta com rivaroxabana no quarto dia de internação. Em retorno posterior no ambulatório de pneumologia, foi diagnosticada heterozigotia para mutação G20210A do gene da protrombina, sendo mantida anticoagulação oral. Tromboembolismo Pulmonar e Mutação da Protrombina: Tratamento com Novos Anticoagulantes Brisolla, HRG; Iwamoto, J; Vieira da Costa, FMV; Uehara, KM; e Silva, MV Discussão O TEP, espectro agudo potencialmente fatal do tromboembolismo venoso (TEV), é 3ª maior causa de mortalidade cardiovascular, com prevalência de até 16,6% no Brasil e predomínio na meia-idade, com um aumento quase linear na prevalência com a idade. Descrita pela primeira vez por Poort em 1996, a mutação G20210A do gene da protrombina é o 2º fator de risco hereditário mais comum para tromboses patológicas, levando a superprodução de protrombina e risco para TEV de 2-5 vezes maior no heterozigoto. No evento agudo do TEP indica-se anticoagulação por no mínimo 3 meses, inicialmente parenteral seguida por oral, classicamente com antagonistas da vitamina K. Os chamados novos anticoagulantes orais (ou anticoagulantes orais diretos) agem por inibição do fator Xa ou do fator IIA/trombina. A rivaroxabana foi o primeiro aprovado pelo FDA para o tratamento do TEP, em 2012. Nenhum estudo específico abordou a eficácia dessas drogas em relação às trombofilias, porém não há evidência de não poderem ser usadas nesses casos. Novos Anticoagulantes Aprovados para o Tratamento do Tromboembolismo Pulmonar Rivaroxabana Dabigatrana Apoxabana Edoxabana Portadores de trombofilias de alto risco de recorrência são candidatos à anticoagulação por tempo indefinido. O risco de evento de TEV é maior em portadores da mutação da protrombina, porém é controverso se heterozigotos possuem maior recorrência após o primeiro evento trombótico. Não há evidências atuais de benefício no tratamento prolongado para esses pacientes, devendose avaliar os casos de forma individualizada. Este caso discute o TEP em jovem com trombofilia, o uso dos novos anticoagulantes e a duração do tratamento. Tromboembolismo Pulmonar e Mutação da Protrombina: Tratamento com Novos Anticoagulantes Brisolla, HRG; Iwamoto, J; Vieira da Costa, FMV; Uehara, KM; e Silva, MV Referências 1 – Terra-Filho M et al. Recomendações para o manejo da tromboembolia pulmonar, 2010. J Bras Pneumol 2010;36(supl 1):s1-s68. 2 – Francesco Pelliccia, Michele Schiariti, Claudio Terzano, et al., “Treatment of Acute Pulmonary Embolism: Update on Newer Pharmacologic and Interventional Strategies,” BioMed Research International, vol. 2014, Article ID 410341, 6 pages, 2014. doi:10.1155/2014/410341 3 – Sinescu C, Hostiuc M, Bartos D. Idiopathic venous thromboembolism and thrombophilia . Journal of Medicine and Life. 2011;4(1):57-62. 4 – Recommendations from the EGAPP Working Group: Routine testing for Factor V Leiden (R506Q) and prothrombin (20210G>A) mutations in adults with a history of idiopathic venous thromboembolism and their adult family members. 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