UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso De Fisioterapia BRUNA PERES CANDIDO DA CRUZ MARIANA AVINO BARBOZA LEITE ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA DO PRONTO SOCORRO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SÃO FRANCISCO Bragança Paulista 2011 BRUNA PERES CANDIDO DA CRUZ - 001200700391 MARIANA AVINO BARBOZA LEITE - 001200700660 ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA DO PRONTO SOCORRO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SÃO FRANCISCO Monografia apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco sob orientação da Profa Aline Maria Heidemann Santos como exigência para obtenção da conclusão do curso de Graduação. Bragança Paulista 2011 BRUNA PERES CANDIDO DA CRUZ - 001200700391 MARIANA AVINO BARBOZA LEITE - 001200700660 ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA DO PRONTO SOCORRO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SÃO FRANCISCO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado pela Unidade Acadêmica da Área do Curso de Fisioterapia em cumprimento às exigências parciais para obtenção do título de Fisioterapeuta da Universidade São Francisco Data da aprovação: ___/___/___ ________________________________________ Prof.ª Aline Maria Heidemann Santos (Orientadora Temática) Universidade São Francisco ______________________________________________________ Prof.ª Dra. Rosimeire Simprini Padula (Orientadora Metodológica) Universidade São Francisco ______________________________________________________ Ftª Gabriela Dominicci de Melo Casacio (Examinadora) Especialista em Fisioterapia Respiratória pela UNIFESP Fisioterapeuta do HUSF Aos nossos pais Maria Antonia Peres da Cruz, Juracy Candido da Cruz, Cleide Angélica Avino Barboza Leite e Nelson Barboza Leite, incentivadores do desenvolvimento da nossa vida acadêmica, que despertaram em nós o desejo e a necessidade de se buscar cada vez mais conhecimento, aos quais nunca conseguiremos retribuir o apoio concreto e afetivo para a realização de nosso futuro. AGRADECIMENTOS Aos meus queridos pais que me deram força, me apoiaram nas horas mais difíceis e me ensinaram e ensinam a dar grande valor ao estudo. Principalmente a minha mãe que sempre foi companheira e amiga cobrando muito estudo de mim, sendo isso, para o meu próprio bem, que nunca permitiu que desistisse e a cada decepção me dava uma palavra de apoio. Só queria dizer que minha admiração e amor serão eternos por vocês. Muito obrigada por tudo e por sempre estarem ao meu lado. À uma pessoa muito especial, Thiago, que sempre me apoiou e acreditou que eu seria capaz e que iria dar tudo certo. Muito obrigada por tudo e por estar sempre ao meu lado me dando força. Ao meu irmão que de alguma forma me apoiou mesmo aparentando ser um tanto distante, muito obrigada. E a minha cunhada Alyne uma grande amiga e companheira que sempre me deu força. A todos os meus colegas de faculdade e amigos em especial Silvia, Samira, Andressa, Leonardo, que me deram força, palavras de apoio me incentivando nas horas boas e ruins, estando sempre presentes. Muito obrigada. À minha dupla de TCC, Mariana que me ajudou e sempre me deu força e apoio muito obrigada por tudo. Às minhas companheiras de república e amigas Élida grande companheira e amiga de quarto se não a melhor, Fabiana, Érica e Maria Antonia mãe e coleguinha de quarto também. Muito obrigada por cada momento cada ajuda prestada e palavras verdadeiras. À minha orientadora temática, Profª Dra Aline Maria Heidemann Santos, gostaria de dizer que foi muito bom ser sua orientanda e só tenho a agradecer pela paciência e compreensão, demonstrados nos momentos difíceis que passei e até mesmo pelas soluções para cada problema que levava até você. Obrigada por tudo, sempre me lembrarei de você e terei imenso orgulho de dizer sobre minha orientadora. Serei eternamente grata a cada palavra de incentivo e nunca vou esquecer “o TCC é um casamento com a sua dupla”. Muito obrigada por tudo. À minha orientadora metodológica Profª Dra Rosimeire Simprini Padula que sempre me ajudou com palavras amigas e incentivadoras não permitindo que eu desistisse ou desanimasse e principalmente me ajudando a caminhar nessa longa estrada que não foi fácil. Muito obrigada por toda ajuda e compreensão. Obrigada mesmo. Bruna Peres Candido da Cruz A elaboração de um trabalho acadêmico é longa e exige reflexão, introspecção, formulação, construção e correção. Mas a concretização do trabalho só se deu pois houve parceria e o companheirismo que se somam e se expressam através de uma palavra amiga, de um sorriso na hora certa, na crítica, na discussão dos conceitos, nas contribuições e ao estímulo dos que estão próximos. Quero expressar minha grande gratidão a todas as pessoas que me apoiaram e me estimularam durante toda esta longa caminhada. Ao meu Pai Oxalá, Orixá irradiador da fé, o qual enviou o tempo todo suas vibrações estimuladoras da fé e suas irradiações geradoras de sentimentos de religiosidade. À minha Mãe Oxum, Orixá irradiadora do amor, atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união. À minha Mãe Yemanjá, Orixá da geração, dona dos mares que vivificam nosso ser. Ao Pai Oxóssi, Orixá do conhecimento, que nos trouxe o saber e nos doutrinou. E a todos os Orixás que com certeza de algum modo nos ajudou. E ao meu Pai de Santo, Luciano, e minha Mãe de Santo, Karla, que me deram a oportunidade de eu fazer parte dessa religião maravilhosa que é a umbanda e que está mudando minha vida. Aos meus pais e meus irmãos, obrigada por todos os momentos que dividiram comigo, por suportarem as ausências, se alegrarem com as conquistas e oferecerem conforto e segurança. Este é o ano de concluir a universidade, de cair de vez no mercado de uma maneira profissional e ética. É hora de dar o chute pra valer e iniciar uma carreira, construir e conquistar coisas boas. Estou disposta a ir lutar com os leões. Pois é assim que se cresce. Pai obrigada pelas correções e críticas, aprimorando nosso trabalho. A melhor coisa que aconteceu na minha vida foi você, Mãe, por me querer tanto e me amar incondicionalmente. À amiga e dupla mais do que especial, Bruna, obrigada pela amizade verdadeira e pelo companheirismo e carinho. Você é e sempre será muito importante para mim. Obrigada por agüentar minha tranqüilidade e desculpe se fiz alguma coisa que te deixou tensa durante nossa peleja neste trabalho. Amo você. Ao casal e companheiros de todas as horas, Viviane e Pedro, obrigada pela amizade incomparável e única. À Prof. e orientadora metodológica Rosimeire Simprini Padula, obrigada pela ajuda que nos deu e sempre auxiliando na correção do trabalho quando necessário. À Prof. e orientadora temática Aline Maria Heidemann Santos, por ter aceito a orientação deste trabalho, acreditando em nós e apoiando para a construção deste estudo, obrigada pela amizade, a competência e a forma extraordinária com que nos conduziu nesta trajetória. Mariana Avino Barboza Leite “Chame o sucesso para fazer parte de sua vida. Acredite no seu potencial criador, seja inovador, treine sua mente para vencer, estipule metas e, principalmente, lute por seus ideais”. Flávio Souza CRUZ, B.P.C; LEITE, M.A.B. Análise do Perfil Epidemiológico dos Pacientes com Insuficiência Respiratória do Pronto Socorro do Hospital Universitário São Francisco. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2011. RESUMO INTRODUÇÃO: Analisar a evolução do quadro dos pacientes com Insuficiência Respiratória Aguda que dão entrada ao pronto socorro do HUSF, bem como a atuação da fisioterapia nesses pacientes. MÉTODO: Análise de 15 prontuários de pacientes com casos de Insuficiência Respiratória Aguda, que dão entrada no pronto socorro do Hospital Universitário São Francisco, incluindo homens e mulheres de 18 a 70 anos. As informações colhidas no prontuário desses pacientes foram de acordo com a ficha de coleta de dados (Apêndice II). ANÁLISE DE DADOS: Para a análise dos dados de variáveis contínuas foi utilizado o Teste t Student ou Análise de Variância (ANOVA). As variáveis com outro tipo de distribuição foram analisadas através do teste de comparação não-paramétrico, utilizandose os de Mann- Whitney U e Kruskal-Wallis. O nível de significância adotado será de 5%. RESULTADO: Quinze prontuários foram incluídos no estudo. A pneumonia foi à causa mais comum de insuficiência respiratória (IRpA). Não houve diferença estatisticamente significativa do atendimento fisioterapêutico, conforme aplicação do protocolo de fisioterapia respiratória, no PS no Hospital Universitário São Francisco. CONCLUSÃO: A atuação da fisioterapia imediata foi maior na enfermaria com relação ao PS, o que pode justificar maior índice de internação desses pacientes com diagnóstico clínico de Insuficiência Respiratória Aguda. Palavras-Chave: Insuficiência Respiratória Aguda; Pronto Socorro; Fisioterapia. CRUZ, B.P.C; MILK, M.A.B. Analysis of the epidemiological profile of patients with respiratory failure the emergency room of University Hospital in San Francisco. Completion of course work. School of Physical Therapy University of San Francisco, Bragança Paulista, 2011. ABSTRACT INTRODUCTION: analyze the evolution of patients with acute respiratory failure who are admitted to the emergency room of HUSF as well as the role of physiotherapy in these patients. METHOD: Analysis of medical records of 15 patients with cases of acute respiratory failure which arrive at the emergency room of University Hospital São Francisco and inclusion criteria for men and women aged 18 to 70 years, where the information collected in the medical records of these patients were in accordance with plug data collection (Appendix II). ANALYSIS: For the analysis of the informations was used for continuous variables Student's t test or analysis of variance (ANOVA). The variables with other distribution were analyzed through the comparison test non-parametric, using the Mann-Whitney U and Kruskal-Wallis test. The significance level is 5%. RESULTS: Fifteen records were included in the study. Pneumonia was the most common cause of acute respiratory insufficiency. There was no statistically significant difference in physiotherapy, as application of the protocol of respiratory physiotherapy, in emergency room at the University Hospital São Francisco. CONCLUSION: The immediate role of physiotherapy in the ward was higher with respect to PS, which can justify a higher rate of hospitalization of patients with clinical diagnosis of acute respiratory failure. Key-words: Acute Respiratory Failure, Emergency room; physiotherapy LISTA DE GRÁFICOS . Gráfico 1 – Tipos de tratamento utilizados....................................................... 25 Gráfico 2 – Condutas fisioterapêuticas mais prevalentes.................................. 26 Gráfico 3 – Percentual de medicamentos utilizados……………….….……………. 27 Gráfico 4 – Relação entre o tempo de internação, número de pacientes e a adesão ou não do tratamento fisioterapêutico.................................................. 27 Gráfico 5 – Percentual de recursos mais incidentes......................................... 28 Gráfico 6 – Porcentagem da atuação da fisioterapia imediata (pronto-socorro) ou tardia (enfermaria).......................................................................................... 32 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Causas da IRpA............................................................................... 24 Quadro 2 – Antecedentes Pessoais mais incidentes.................................... 25 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Anatomia da troca gasosa........................................................................... 14 LISTA DE ABREVIATURAS BCP – Broncopneumonia FiO2 – Fração Inspiratória de Oxigênio CO2 – Gás Carbônico ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva IOT – Intubação Orotraqueal IRA – Insuficiência Renal Aguda IRpA – Insuficiência Respiratória Aguda PaCO2 – Pressão Arterial de Gás Carbônico PaO2 – Pressão Arterial de Oxigênio CPAP – Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas PS – Pronto Socorro SARA – Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto SNC – Sistema Nervoso Central TQT – Traqueostomia V/Q – Relação Ventilação e Perfusão VM – Ventilação Mecânica VMNI – Ventilação Mecânica Não Invasiva SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................ 13 1.1 Definição................................................................................................ 13 1.2 Epidemiologia e Etiologia.................................................................... 16 1.3 Atuações da Fisioterapia..................................................................... 17 2 JUSTIFICATIVA......................................................................... 19 3 OBJETIVOS............................................................................... 20 3.1 Objetivo Geral....................................................................................... 20 3.2 Objetivos Específicos.......................................................................... 20 4 HIPÓTESE................................................................................. 21 5 METODOLOGIA........................................................................ 22 5.1 Desenho................................................................................................ 22 5.2 Local...................................................................................................... 22 5.3 Voluntários........................................................................................... 22 5.4 Critérios de Inclusão........................................................................... 22 5.5 Materiais............................................................................................... 23 5.6 Procedimento...................................................................................... 23 5.7 Análise de dados................................................................................ 23 6 RESULTADOS......................................................................... 24 7 DISCUSSÃO............................................................................. 29 CONCLUSÃO.............................................................................. 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................ 34 APÊNDICES – APÊNDICE I: FICHA PARA COLETA DE DADOS.............. 39 ANEXOS – ANEXO I: TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PESQUIZA...... 41 ANEXO II: AUTORIZAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUIZA 42 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 Definição A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é definida como incapacidade do sistema respiratório de realizar suas funções básicas de eliminar dióxido de carbono do organismo e assimilar oxigênio. Em condições normais, a ventilação alveolar esta ajustada de maneira que a tensão do dióxido de carbono no sangue arterial e o pH são mantidos quase que constantes mesmo quando o índice de produção de CO2 varia. A falha dos delicados mecanismos de ajuste pode levar à insuficiência da excreção do dióxido de carbono, com consequente aumento da PaCO2. A IRpA ocorre quando a PaO2 fica abaixo de 50 mmHg (tor) a nível do mar e a PaCO2 fica acima de 50 mmHg (SCALAN et al, 2000). A insuficiência respiratória é a falha dos pulmões em promover uma adequada oxigenação ou ventilação para o sangue. De acordo com Azeredo (2002), a falha da oxigenação se refere mais especificamente a uma pressão de PaO2 no sangue arterial de menos de 60 mmHg, mesmo com uma boa concentração de O2; já a falha da ventilação consiste de uma ventilação inadequada entre os pulmões e a atmosfera, resultando em uma inapropriada elevação da pressão de CO2 no sangue arterial num nível maior que 50 mmHg (AZEREDO, 2002). A principal função do sistema respiratório é a troca de gases de modo que o oxigênio sangüíneo arterial, o gás carbônico e os níveis de pH permaneçam dentro de limites preestabelecidos em diferentes condições fisiológicas. O conhecimento da fisiologia respiratória é fundamental para o diagnóstico apropriado e tratamento eficaz da doença pulmonar (SHAFFER et al, 1994). 14 Fonte: Shaffer et al, 1994 Figura 1 – Anatomia da troca gasosa Rozov (1999), descreve os diferentes sinais e sintomas e as diversas causas, não há uma definição fisiologicamente precisa para caracterizar a insuficiência respiratória. Porém, a autora classifica a insuficiência respiratória como uma inabilidade do sistema respiratório em satisfazer as demandas metabólicas teciduais, no que se refere à oxigenação e eliminação de dióxido de carbon. Summer (2001), salienta que a insuficiência respiratória é um problema clínico bastante freqüente, com uma taxa de mortalidade bastante grande. O autor define como um distúrbio funcional provocado por qualquer condição que possa afetar seriamente a capacidade dos pulmões de manter a oxigenação arterial ou a eliminação do gás carbônico. A insuficiência respiratória pode ser dividida em duas categorias: falência da troca gasosa, que se manifesta predominantemente ou totalmente por hipóxia, e falência da ventilação, que se manifesta por hipercapnia ou incapacidade de exalar quantidades adequadas de gás carbônico (SUMMER, 2001). A IRpA classicamente, é classificada em tipo I (hipoxêmica) e tipo II (hipercápnica). Na IRpA tipo I, também chamada de alvéolo capilar, os distúrbios fisiopatológicos levam à instalação de hipoxemia, mas a ventilação está mantida. Caracteriza-se, portanto, pela presença de quedas da PaO2 com valores normais ou reduzidos da PaCO2. Nesses casos observa-se elevação do gradiente alvéolo arterial de oxigênio devido a distúrbios da relação V/Q. Compreende doenças que afetam, primariamente, vasos, alvéolos e interstício pulmonar. Exemplo dessas condições seriam casos de pneumonias extensas ou da síndrome da angústia respiratória em adulto (SARA). O cálculo do gradiente alvéolo arterial de oxigênio permite diferenciar os tipos de IRpA (TECKLIN; IRWIN, 1994). O gradiente alvéolo arterial, por sua vez, é calculado pela 15 seguinte equação: P(A-a)O2 = [FiO2 (PB-47) – (PaCO2/R) – PaO2] Onde: FiO2 = fração inspirada de oxigênio. PB = pressão barométrica local. 47 = pressão de vapor de água nas vias aéreas. R = quociente respiratório, habitualmente estimado em 0,8; quando respirando FiO2 superiores a 0,6; a correção pelo R pode ser eliminada. PaCO2 e PaCO2 = gases arteriais. Dessa forma, o cálculo da P(A-a)O2 é um método mais preciso para a caracterização da presença de IR. Além disso, a diferenciação entre a presença de alterações da relação V/Q ou shunt pode ser feita pela administração de oxigênio a 100% ao paciente. Uma boa resposta ao oxigênio indica desproporção V/Q como causa da hipoxemia, enquanto que, na presença de shunt verdadeiro, a hipoxemia se mantém. (ALVARES; MARTINEZ, 2003). Nos casos de IRpA tipo II, ocorre elevação dos níveis de gás carbônico por falência ventilatória. Além disso, também é comum hipoxemia em pacientes, respirando ar ambiente. Esse tipo de IRpA também é chamado de insuficiência ventilatória. Pode estar presente em pacientes com pulmão normal como, por exemplo, na presença de depressão do SNC e nas doenças neuro-musculares. A hipoxemia com gradiente normal é compatível com hipoventilação alveolar (IRpA tipo II) devido a hipoventilação alveolar levar a redução da V/Q e a hipoxemia, estando essa associada à hipercapnia e acidose respiratória (TECKLIN; IRWIN, 1994). A IRpA podem ainda ser classificadas quanto à velocidade de instalação, em aguda e crônica. Na IRpA, a rápida deterioração da função respiratória leva ao surgimento de manifestações clínicas mais intensas, e as alterações gasométricas do equilíbrio ácido-base, alcalose ou acidose respiratória, são comuns (PÁDUA, 2003). Na insuficiência respiratória crônica os surgimentos dos principais sintomas aos pacientes são limitação do fluxo aéreo (em relação à entrada e saída do ar), na fase expiratória, dispnéia, hiperinsuflação podendo levar a encurtamento de fibras musculares do diafragma e fadiga muscular. (MATHERS, 2006). Existem três funções básicas no sistema pulmonar: a ventilação pulmonar consiste numa renovação contínua do ar presente no interior dos alvéolos, a difusão é um processo que tende a igualar a diferença de concentração de uma substância, pela migração de moléculas da área de maior concentração para a área de menor concentração e a perfusão é para manter as trocas gasosas ao nível da membrana alveólo-capilar. O desempenho da função pulmonar, sob o ponto de vista mecânico, depende dos movimentos da caixa torácica, que por sua vez, dependem da inter-relação entre as forças elásticas do conjunto pulmão - caixa torácica e as forças musculares aplicadas (SILVA; PORTO, 2001). 16 1.2 Epidemiologia e Etiologia No Brasil, não há dados estatísticos oficiais disponíveis especificamente sobre IRpA. Com isso, uma análise de casos de internação hospitalar por pneumonia adquirida na comunidade demonstra que, entre os anos de 2008 e 2009, houve cerca de 730.000 internações por pneumonia em pacientes acima de 15 anos em todo o Brasil, com tempo de permanência médio de 6,1 dias e mortalidade média de 9% (DATASUS, 2010). Sabe-se por dados da literatura internacional que cerca de 30% dos pacientes internados por pneumonia necessitam de ventilação mecânica invasiva durante sua internação hospitalar, indicando assim insuficiência respiratória grave (RESTREPO et al., 2010). Tais dados demonstram claramente a dimensão do problema em nosso país. Um estudo epidemiológico realizado em 2006 em UTIs brasileiras apenas para pacientes em VM (invasiva e não invasiva) identificou a IRpA como a principal indicação de necessidade de VM. Contudo, tal estudo foi apenas uma análise de um dia e não identificou prospectivamente a evolução destes pacientes, de tal forma que não existem dados adicionais brasileiros sobre a epidemiologia e evolução em longo prazo de pacientes com IRpA. (DAMASCENO et al., 2006). Quanto à etiologia da insuficiência respiratória pode-se dizer que é bastante variada, havendo causas que produzem acometimento primário ou secundário da função pulmonar. De acordo com Zin et al. (2000), a insuficiência respiratória pode ser conseqüente a: lesões do sistema nervoso central, lesões raquimedulares, lesões neuromusculares, lesões da parede torácica, inalação de ar pobre em oxigênio e/ou rico em gás carbônico, obstrução das vias aéreas, lesões do parênquima pulmonar e lesões da musculatura pulmonar (ZIN et al., 2000). As causas da insuficiência respiratória envolvem a mecânica do pulmão e da parede torácica, sistemas neuromusculares e controle do Sistema Nervoso Central. Com o aumento da freqüência respiratória, sugere-se alterações da mecânica pulmonar e da parede torácica. Em doenças musculares, ocorre a fraqueza da musculatura respiratória, levando a fadiga. Quando há uma patologia do Sistema Nervoso Central pode apresentar padrões respiratórios como bradipnéia, apnéia e respiração Cheyne-Stokes (BERHMAN, 2000). 17 1.3 Atuações da Fisioterapia A insuficiência respiratória é um problema clínico que todos os fisioterapeutas devem ter destreza na avaliação, identificação e tratamento. David (2000), salienta que a insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada é responsável por grande índice de mortalidade. Os principais objetivos da atuação do fisioterapeuta em um hospital são os de minimizar os efeitos da imobilidade no leito, prevenir e/ou tratar as complicações respiratórias e motoras. Bem como promover integração sensória motora e cognitiva. O paciente seja ele clínico ou cirúrgico pode apresentar-se em diversas condições de saúde, com isso, conforme as necessidades apresentadas podem priorizar determinadas técnicas, visando maior efetividade nas condutas e na utilização dos recursos disponíveis. Dessa maneira participa-se ativamente na recuperação do paciente, e conseqüente redução no seu período de permanência de internação hospitalar (AZEREDO, 2002). A fisioterapia tem como objetivo promover a eliminação das secreções pulmonares no menor tempo possível, sempre cuidando também da fadiga. Os exercícios de expansão torácica permitem um aumento do fluxo de ar através das pequenas vias aéreas e a fluidificação da secreção, enquanto que técnicas de expiração forçada e tosse assistida auxiliam na remoção de secreções. Devido à atrofia do diafragma algumas posições podem ficar limitadas, como o decúbito dorsal ou a posição inclinada, por isso deve-se ter cautela ao realizar a drenagem postural (AZEREDO, 2002). A atuação da fisioterapia na área respiratória é bastante ampla da prática profissional que lida com a avaliação, acompanhamento e tratamento de pacientes com diversas alterações pulmonares. Os objetivos do tratamento fisioterapêutico na insuficiência respiratória vão depender do quadro que o paciente vai apresentar, mas de acordo com Birnkant os principais objetivos são prevenir acúmulo e/ou retirar secreções nas vias aéreas, melhorar a ventilação das vias aéreas, resistência à fadiga, reduzir gastos energéticos durante a respiração, restabelecer condições de expansão pulmonar, favorecer o trabalho diafragmático e manter e/ou promover a mobilidade torácica (BIRNKANT, 2002). Concordando com outros autores, David et al. (2000), colocam que o tratamento do paciente em insuficiência respiratória visará à correção da doença de base, ou seja, daquela que está ocasionando graves alterações fisiopatológicas pulmonares e também da 18 manutenção da oxigenação tissular e eliminação de gás carbônico necessário para que a doença regrida (DAVID, 2000). O fisioterapeuta, no pronto socorro, é responsável por desenvolver um tratamento eficiente que possibilite a menor dependência do paciente com ventilador mecânico, bem como melhorar a qualidade de vida durante a sua hospitalização. Além disso, a terapia eficiente aprimora a capacidade funcional do paciente e restaura a sua independência física e respiratória, diminuindo o risco de complicações ligadas à imobilidade no leito (TEIXEIRA, 2006). A IRpA grave refere-se à deterioração das trocas gasosas que, na falha do tratamento conservador, através de medidas de correção da etiologia e da oferta de oxigênio por cateter ou máscara, requer a instituição da ventilação mecânica para seu manejo. No entanto, apesar de sua evidente necessidade, a ventilação mecânica e a intubação traqueal estão associadas às complicações (PINHEIRO, 1998). A Fisioterapia atua nesses tipos de pacientes de modo conservador, essa atuação é mais efetiva quando iniciada no pronto socorro com o uso da pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP), através de máscaras nasais, nasofaciais ou facial total. Essa conduta tem-se mostrado eficaz no trabalho respiratório diminuindo assim o esforço inspiratório quanto o expiratório, proporcionando uma melhora diafragmática e evitando um maior esforço muscular o que pode evitar a intubação orotraqueal (ALVARES; MARTINEZ, 2003). A ventilação mecânica não invasiva tem uma série de vantagens em relação à ventilação invasiva: é de fácil aplicação e remoção, preservam as vias aéreas superiores garantem maior conforto ao paciente, evita o trabalho resistido do tubo traqueal e as complicações da própria intubação, como traumatismos de vias aéreas superiores ou pneumonia nosocomias (MEDURI, 2000). A ventilação mecânica invasiva é um método de suporte para o paciente durante uma enfermidade aguda, não constituindo, nunca, uma terapia curativa. O emprego da ventilação mecânica implica riscos próprios, devendo sua indicação ser prudente e criteriosa e sua aplicação cercada por cuidados específicos. Portanto está indicada a ventilação mecânica invasiva para reverter hipoxemia, aumentando a ventilação alveolar, aumentando o volume pulmonar, diminuindo o consumo de oxigênio e aumentando a oferta de oxigênio, reverter a acidose respiratória aguda, reduzir o desconforto respiratório, prevenir ou reverter atelectasias, reverter fadiga dos músculos respiratórios, permitir sedação, anestesia ou uso de bloqueadores neuromusculares, reduzir o consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico, reduzir a pressão intracraniana, estabilizar a parede torácica (CARVALHO; FRANÇA; OKAMOTO, 2007). 19 2 JUSTIFICATIVA Diante disso, faz necessário um estudo retrospectivo que identifique o perfil epidemiológico dos pacientes que dão entrada no PS com IRpA, além da intervenção do tratamento fisioterapêutico tanto no PS como na enfermaria e sua evolução diante o tratamento. 20 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes que internaram com IRpA no pronto socorro do Hospital Universitário São Francisco. 3.2 Objetivos Específicos Analisar a evolução clínica desses pacientes com IRpA que deram entrada no PS do HUSF. Analisar atuação da fisioterapia nesses pacientes tanto os que receberam atendimento no PS quanto na enfermaria. 21 4 HIPÓTESE Espera-se que os pacientes que tenham recebido atuação da fisioterapia no Pronto Socorro alcancem menor índice de complicações e tempo de internação, quando comparado com os pacientes que não receberam atendimento da fisioterapia. 22 5 METODOLOGIA O estudo é caracterizado pela análise de prontuários de pacientes com insuficiência respiratória que entraram no pronto socorro. A metodologia compreendeu as seguintes etapas: 5.1 Desenho Análise retrospectiva e qualitativa dos pacientes, entre o período de julho à outubro de 2011. 5.2 Local Pronto Socorro do Hospital Universitário São Francisco. 5.3 Voluntários Pacientes que deram entrada no pronto socorro do Hospital Universitário São Francisco com diagnóstico clínico de IRpA. 5.4 Critérios de inclusão Foram incluídos pacientes que deram entrada ao pronto socorro do Hospital Universitário São Francisco com IRpA, com idade entre 18 e 70 anos, do sexo masculino e feminino. 23 5.5 Materiais Como materiais foram utilizados ficha para coleta de dados (apêndice I). 5.6 Procedimento O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para aprovação. Após a aprovação do CEP 0083.0.142.000 - 11, foi iniciada a coleta de dados nos prontuários dos pacientes com IRpA, e as informações foram colhidas no prontuário de acordo com a ficha de coleta de dados (apêndice I) criado pelas próprias pesquisadoras. 5.7Análise de dados Para que a análise dos dados fossem realizadas foi necessário que os dados armazenados no excel e suas variáveis contínuas utilizassem o Teste t Student ou análise de Variância (ANOVA). As variáveis com outro tipo de distribuição foram analisadas através do teste de comparação não-paramétrica, utilizando-se os de Mann- Whitney U e KruskalWallis O nível de significância adotado foi de 5%. E que avaliaram a diferença entre o apêndice que consta em idade, sexo, antecedentes pessoais, antecedentes familiares, diagnóstico clínico, tratamento medicamentoso, tratamento fisioterapêutico, tempo de internação, período de internação na enfermaria e período de internação na UTI, recursos de IOT, VM, VMNI, suporte de O², TQT, obteve tratamento fisioterapêutico e onde, quais as condutas utilizadas e se após alta houve encaminhamento ambulatorial. 24 6 RESULTADOS O presente estudo foi composto por 31 prontuários de pacientes, que deram entrada ao PS do HUSF com diagnóstico clínico de IRpA. Deste total, somente 15 foram incluídos para análise de dados e 16 foram excluídos por critério de faixa etária, para que a coleta de dados fosse realizada estipulamos um período de julho a outubro de 2011. O presente estudo teve pacientes com idade média de 52 anos e pode ser observada maior incidência no sexo masculino. O atual estudo mostrou que a principal causa da IRpA, foi a pneumonia com 20% de pacientes acometidos seguido do derrame pleural (13,33%). No quadro pode-se observar as causas de exacerbação da IRpA. Quadro 1 - Percentual das causas encontradas nos estudo de IRpA Causas da IRpA Nº (%) Pneumonia 3 (20) Derrame Pleural 2 (13,33) IRA + ICC 1 (6,66) Tuberculose + BCP + Síndrome convulsiva 1 (6,66) Câncer Gástrico 1 (6,66) Síndrome Consuptiva + Pneumonia Comunitária 1 (6,66) Pneumonia Nosocomial 1 (6,66) IRpA 1 (6,66) Politrauma 1 (6,66) Trauma de Tórax 1 (6,66) Fonte: Elaborado pelas autoras Com relação às doenças associadas à IRpA, neste estudo não foi possível observar diferenças estatisticamente significativas entre as causas intrapulmonares e a HAS bem como da DM. Como mostra quadro (2) a seguir. 25 Quadro 2 – Antecedentes Pessoais mais incidentes Antecedentes Pessoais Numero (%) Hipertensão Arterial Sistêmica 4 (26,66) Diabetes Mellitus 3 (20) Tabagismo 3 (20) Pneumonia 2 (13,33) Etilismo 2 (13,33) Hipotiroidismo 2 (13,33) Bronquite 1 (6,66) DPOC 1 (6,66) Alzheimer 1 (6,66) Hepatite C 1 (6,66) Artrite Reumatóide 1 (6,66) Usuário de droga 1 (6,66) Fratura de Fêmur 1 (6,66) Fonte: Elaborado pelas autoras A análise de dados apresentados pelo gráfico (gráfico 2) comparativo entre a relação do tratamento fisioterapêutico e o tratamento medicamentoso resultou em um índice significativamente maior em tratamentos medicamentosos comparado com o fisioterapêutico. Estes dados sugerem que a fisioterapia ainda não está totalmente inserida no âmbito hospitalar e ainda necessita de maior apoio e incentivo. Fonte: Elaborado pelas autoras Gráfico 1 – Tipos de tratamento utilizados 26 O estudo mostrou que em relação ao tratamento fisioterapêutico as condutas mais realizadas com os pacientes de IRpA foram: manobras de higiene brônquica, manobra de reexpansão pulmonar associada ao padrão ventilatório diafragmático, exercício ativo livre global, ortostatismo, mobilidade passiva global, aspiração, padrão ventilatório diafragmático com freno labial, padrão ventilatório diafragmático, respiron, estímulo costal e bloqueio torácico. manobras de higiêne bronquica Nº Pacientes manobra de reexpansão pulmonar + padrão ventilatório diafragmático exercício ativo globalmente 4,5 4 ortostatismo 3,5 mobiliddae passiva globalmente 3 2,5 aspiração 2 1,5 padrão ventilatório diafragmático com freno labial 1 0,5 0 Condutas realizadas padrão ventilatório diafragmático respiron estimulo costal bloqueio toracico Fonte: Elaborado pelas autoras Gráfico 2 – Condutas fisioterapêuticas mais prevalentes E sobre o tratamento medicamentoso associado a outras patologias foi possível notar o maior uso de antibiótico, analgésico, diurético, anti-convulsivante, anti-hipertensivo e protetor gástrico. Como medicamentos mais utilizados registraram-se: pirazinamida, clavulin, rifampicina, etambutol, captopril, ranitidina, omeprazol, dipirona, furosemida, diazepan. Pode se observar com o gráfico 3 a seguir o percentual de medicamentos utilizados. 27 Fonte: Elaborado pelas autoras Gráfico 3 – Percentual de medicamentos utilizados Quando analisado os pacientes com IRpA que precisaram ser internados em enfermarias, observou-se que o número de pacientes que fizeram fisioterapia foi inferior a quantidade de pacientes que tinham (gráfico 4). Fonte: Elaborado pelas autoras Gráfico 4 – Relação entre o tempo de internação, número de pacientes e a adesão ou não do tratamento fisioterapêutico Neste estudo, conforme apêndice I, os pacientes internados, tendo como principal causa a IRpA, precisaram de outros recursos tal como suporte de O2, VM, IOT, VMNI, TQT, notou-se que 40% utilizaram apenas suporte de O2, VM, IOT e 0,15% utilizaram TQT e 28 VMNI. Observou-se, portanto que houve porcentagem insignificante de pacientes que necessitaram de TQT e VMNI. Fonte: Elaborado pelas autoras Gráfico 5 – Percentual de recursos mais incidentes No presente estudo após serem analisados 31 prontuários não foi possível encontrar comorbidades. E constatou-se após análise que nenhum paciente obteve encaminhamento médico para que pudesse realizar acompanhamento ou até mesmo tratamento fisioterapêutico a nível ambulatorial. 29 7 DISCUSSÃO A amostra do presente estudo foi composta por 31 pacientes que deram entrada ao pronto socorro do HUSF com diagnóstico de insuficiência respiratória aguda, porém somente 15 foram incluídos para análise de dados e 16 foram excluídos do estudo por critério de faixa etária. O atual estudo os pacientes tiveram média de idade de 52 anos. Segundo Michele (2007), a média de idade de pacientes diagnosticados com IRpA é de 61 anos, com prevalência em adultos de 12.81% e em idoso de 10.38%. Neste estudo, observou-se um maior acometimento para o sexo masculino 60%. Ainda de acordo com a autora, a prevalência do sexo foi masculino com 68,96% e o feminino com 31,03%. Felgueiras (2005), em seu estudo com uma amostra de 315 pacientes confirmou a prevalência do sexo masculino com 53% bem como idade média de 68 anos, confirmando assim os achados no presente estudo. No presente estudo a principal causa da IRpA foi a pneumonia com 20% de paciente. Estudo realizado por Scarpinella-Bueno,(1997), encontrou em 63,63% dos pacientes a pneumonia como principal causadora de IRpA. Já Holanda (2004), em seu estudo, encontrou em 27% dos pacientes a exacerbação de DPOC como causa principal e em 11% dos pacientes a pneumonia como causa da IRpA. O estudo atual pode se observar apenas que 1 paciente (6,66%), apresentou diagnóstico clínico de ICC, não podendo constatar prevalência como nos estudos realizados por Knobel; Neto (2004). A prevalência de ICC encontrada foi comprovada em estudos realizados por Knobel (2004), através de sua explicação fisiológica, e Neto (2004), em relato de dois casos nos quais os pacientes apresentavam como diagnóstico a Insuficiência Cardíaca Congestiva e ambos evoluíram com Insuficiência Respiratória Aguda comprovada através do exame de gasometria arterial. Com relação às doenças associadas, neste estudo não se pode observar diferenças estatisticamente significativas entre as causas intrapulmonares, tabagismo com 20%, pneumonia com 13,33% e bronquite e DPOC com 6,66% e a HAS (26,66%), bem como da DM(20%). Godoy (2011) concluiu que em relação às doenças associadas, temos a HAS como segunda doença subjacente mais freqüente com 66,66%. O presente estudo pode-se observar que os pacientes com diagnóstico clínico de IRpA que deram entrada no PS, utilizando condutas fisioterapêuticas, tiveram como enfoque 30 minimizar o tempo de internação. As condutas mais realizadas foram: manobras de higiene brônquica, manobra de reexpansão pulmonar associada ao padrão ventilatório diafragmático, exercício ativo livre global, ortostatismo, mobilidade passiva global, aspiração, padrão ventilatório diafragmático com freno labial, padrão ventilatório diafragmático, respiron, estimulo costal e bloqueio torácico. Para Guimarães (2000), como tratamento fisioterapêutico o estudo tem como enfoque reduzir o desconforto respiratório, reverter à fadiga respiratória, melhorar a oxigenação e a oferta de oxigênio aos tecidos, suporte ventilatório (invasivo ou não-invasivo), permitir sedação e /ou analgesia. E um dos principais recursos de suporte à vida utilizados na UTI, é a ventilação mecânica podendo ser por modo invasivo ou não-invasivo, de uma máquina que substitui total ou parcialmente, a atividade ventilatória do paciente, demonstrando assim a eficácia do recurso. O estudo não apresentou dados que pudessem ser comparados com estudo realizado pelo Hospital Universitário de Juiz de Fora. Pinheiro et al. (1998), realizaram um estudo objetivando avaliar a eficácia e segurança da utilização da ventilação não invasiva por pressão positiva (VNIPP) em pacientes com insuficiência respiratória aguda. Vinte e cinco pacientes com diagnóstico clínico ou gasométrico de IRpA foram tratados com VNIPP e quinze pacientes obtiveram sucesso no tratamento, sem necessidade de intubação traqueal. No atual estudo, 40% dos pacientes com IRpA sendo principal causa, necessitaram utilizar a ventilação mecânica (VM) e não foi possível avaliar a evolução dos pacientes que realizaram a VM. Segundo Fernanda (2007), a causa de ventilação mecânica foi predominantemente de doenças pulmonares ocorrendo em cinco pacientes (41,7%), seguida de doenças neurológicas em quatro pacientes (33,3%) e cardíacas em três pacientes (25%). Neste estudo a causa de ventilação mecânica ocorreram 10 pacientes com doenças pulmonares (66,66%) e 5 pacientes por outras causa diversas (33,34%) como demonstra quadro 1 em resultados. Neste estudo foi constatado que 40% dos pacientes necessitaram de suporte de O2. Segundo Consenso Brasileiro de VM em 2007, manutenção dos níveis de oxigênio e a profilaxia de complicações, em especial o suporte de 02, são de fundamental importância em pacientes com IRpA, particularmente naqueles com distúrbios da consciência. A administração de oxigênio estará indicada nos casos de IRpA, quando a PaO 2 for inferior a 60 mmHg ou a SaO2 inferior a 90%. Nos casos de IRpC, onde a nessas condições, a oxigenioterapia sempre deverá ser introduzida, particularmente, nos casos de IR tipo I. Os objetivos clínicos, específicos da oxigenioterapia são: corrigir a hipoxemia aguda, suspeita 31 ou comprovada; reduzir os sintomas associados à hipoxemia crônica; reduzir a carga de trabalho que a hipoxemia impõe ao sistema cardiopulmonar. Concordando com o autor Azeredo (2002), os principais objetivos da atuação do fisioterapeuta em um hospital são os de minimizar os efeitos da imobilidade no leito, prevenir e/ou tratar as complicações respiratórias e motoras, bem como promover integração sensória motora e cognitiva. O paciente seja ele clínico ou cirúrgico pode apresentar-se em diversas condições de saúde, com isso, conforme as necessidades apresentadas podem priorizar determinadas técnicas, visando maior efetividade nas condutas e na utilização dos recursos disponíveis. Dessa maneira participa-se ativamente na recuperação do paciente, e conseqüente redução no seu período de permanência de internação hospitalar. No presente estudo o principal objetivo foi justamente analisar a eficiência do tratamento fisioterapêutico, incluindo todas as condutas cabíveis para tal tratamento concordando com os autores citados, nestes pacientes que deram entrada no prontosocorro. Segundo Teixeira (2006), o fisioterapeuta, no pronto socorro, é responsável por desenvolver um tratamento eficiente que possibilite a menor dependência do paciente com ventilador mecânico, bem como melhorar a qualidade de vida durante a sua hospitalização. Além disso, a terapia eficiente aprimora a capacidade funcional do paciente e restaura a sua independência física e respiratória, diminuindo o risco de complicações ligadas à imobilidade no leito. O atual estudo mostra que após analisarmos trinta e um prontuários, foram constatados que nenhum paciente obteve encaminhamento para que pudessem realizar tratamento fisioterapêutico na clínica-escola de fisioterapia da USF, com isso observamos a dificuldade para o seguimento de tratamento. Em relação à atuação fisioterapêutica imediata (gráfico 6) no PS, e a atuação mais tardia, nas enfermarias, concluiu-se que o índice de atendimento fisioterapêutico no PS foi inferior, percentualmente, ao atendimento nas enfermarias o que pode nos alertar sobre a falta de profissionais neste setor. 32 Fonte: Elaborado pelas autoras Gráfico 6 – Porcentagem da atuação da fisioterapia imediata (pronto-socorro) ou tardia (enfermaria) 33 CONCLUSÃO O presente estudo mostra a relação e evolução entre a atuação fisioterapêutica imediata, no PS, e a atuação mais tardia, nas enfermarias, houve maior número de atendimento nas enfermarias e não no PS. O que nos mostra que a atuação fisioterapêutica no PS ainda é precária e insuficiente para melhor qualidade de vida e menor tempo de internação destes pacientes com IRpA e podendo observar a relação de superioridade do tratamento medicamentoso quando comparado ao tratamento fisioterapêutico. Ainda podese constatar que nenhum paciente obteve encaminhamento médico para que pudessem realizar acompanhamento ou até mesmo tratamento fisioterapêutico a nível ambulatorial. Com isso observamos dificuldade para o seguimento do tratamento. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEREDO, C. A. C. Fisioterapia respiratória moderna. São Paulo: Manole, 2002. CARVALHO, C.R.R.; FRANÇA, S.A.; OKAMOTO, V.N. III Congresso Brasileiro de ventilação Mecânica. 10 cap. 2007, Vol. 33 – Supl. 2s. DAMASCENO M. P.; DAVID, C.M.; SOUZA, P.C.; CHIAVONE, P.A.; CARDOSO, L.T.; AMARAL, J.L. et al.Ventilação Mecânica no Brasil. Aspectos Epidemiológicos. RBTI 2006; 18: 219-28. 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(E QUAL) SE APÓS A ALTA HOSPITALAR HOUVE ENCAMINHAMENTO PARA FISIOTERAPIA? 41 ANEXOS ANEXO I: TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA Eu, Drº Pedro Izzo, diretor clínico do Hospital Universitário São Francisco autorizo a realização de pesquisa no Hospital Universitário São Francisco para a realização do trabalho intitulado Análise do Perfil Epidemiológico dos Pacientes com Insuficiência Respiratória do Pronto Socorro do Hospital Universitário São Francisco, realizado pelas acadêmicas do curso de Fisioterapia Bruna Peres Candido da Cruz e Mariana Avino Barboza Leite, sob orientação da professora Aline Maria Heidemann para fins de trabalho acadêmico. Informo que esta autorização está condicionada à realização da pesquisa conforme princípios de ética e responsabilidade e após aprovação pelo Comitê Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco. Bragança Paulista, _____ de _____________ de 2011 ________________________________ Drº Pedro Izo Diretor Clínico do Hospital Universitário São Francisco 42 ANEXO II: AUTORIZAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUIZA