Crioterapia Autoras: Joyce Vieira Estima de Oliveira Sílvia Helena Rebelato Vigatto Laura Marchiori Zaguette Marcela Tofoli Voltarelli Ana Maria Ficher Professoras Orientadoras: Ms. Giovana de Cássia Rosim* Gisela Naif Caluri Centro Universitário Anhanguera - Câmpus Leme Resumo A crioterapia é um método utilizado há mais de cem anos e consiste na aplicação do frio (gelo, água gelada ou equipamentos de resfriamento) para o tratamento de lesões agudas. É comumente utilizada por fisioterapeutas no auxílio do tratamento de diversas patologias. Basicamente, o frio limita hemorragias e a formação de edemas por meio da vasoconstrição, além de ser capaz de proporcionar analgesia e reduzir o espasmo e a espasticidade dos músculos por meios discutidos neste presente artigo. Os objetivos dos autores foram revisar a literatura concernente ao assunto e chamar a atenção para as diferentes formas de aplicação da crioterapia em reabilitação, além de discutir seus efeitos, indicações e contraindicações. Para isso, foi realizada pesquisa em bases de dados computacionais e pesquisa pessoal para selecionar a literatura relevante contendo as palavras-chave crioterapia, gelo, frio, aplicação e terapia. Com esse artigo de revisão, os autores proporcionaram um melhor entendimento dos efeitos e dos mecanismos de ação do frio perante os tecidos biológicos, além de discutirem as formas de aplicação da crioterapia. Também puderam constatar ser esta uma técnica eficiente e de fácil manuseio, podendo ser utilizada tanto no auxílio dos tratamentos fisioterapêuticos quanto nas lesões do dia-a-dia, desde que se tenha pleno conhecimento da interação do frio com os tecidos biológicos. Caso contrário, a aplicação errônea da crioterapia, principalmente quando distúrbios vasculares estão envolvidos, pode acarretar sérios prejuízos a saúde do paciente. Palavras-chave: Crioterapia; gelo; frio; fisioterapia. Introdução A crioterapia consiste na aplicação do frio (gelo, água gelada ou equipamentos de resfriamento) para o tratamento de lesões agudas. Os músculos produzem calor e quando são expostos ao frio, surge a necessidade de aumentar a produção de calor e, subseqüentemente, o tono muscular é aumentado. A crioterapia alivia o espasmo e a espasticidade muscular, combina-se eficazmente com a reeducação muscular que utiliza técnicas de facilitação neuromusculares proprioceptivas. Além disso, diminui o risco de hemorragia e a formação de edemas por meio da vasoconstrição e, proporciona uma analgesia local, reduzindo a dor do paciente.1,2,3 Embora a exposição de uma determinada área ao frio provoque a vasoconstrição esperada, esta é seguida de uma vasodilatação significativa e por ondas subseqüentes de diminuição e aumento do fluxo sanguíneo local.4 O efeito analgésico do gelo começa em torno de 15 minutos depois de iniciada a aplicação, podendo durar até 30 minutos após esta ser encerrada.5 O estímulo breve do gelo sobre o músculo provoca a contração muscular, podendo nas crianças de tenra idade, substituir o estímulo elétrico no tratamento das paresias.2,5 * Bolsista FUNADESP 31 Objetivo Este trabalho visa mostrar as diferentes formas de aplicação da crioterapia, seus efeitos, suas indicações e contra-indicações, mostrando que esta é uma técnica de fácil manuseio, podendo ser utilizada tanto como tratamento fisioterápico, quanto em lesões do dia-a-dia. Nosso maior objetivo é informar a utilização correta da crioterapia, de uma forma simplificada. Metodologia Para apresentarmos os benefícios e métodos da crioterapia neste artigo foi realizada pesquisa em bases de dados computacionais e pesquisa pessoal, destacando as palavras-chave crioterapia, gelo, frio, aplicação e terapia. Métodos de tratamento Os métodos mais utilizados na crioterapia 3,4,6 são: Bolsas Frias - a temperatura de armazenamento deve ser de aproximadamente - 5ºC por pelo menos 2 horas antes do uso. As bolsas frias se mantêm a uma temperatura baixa o suficiente por 15 a 20 min. Se um tratamento mais prolongado for necessário, devemos substituir por uma outra bolsa. Panqueca Fria - para se preparar uma panqueca fria devemos molhar uma toalha em água fria e adicionar, dentro dela, gelo moído e dobramos em forma de uma panqueca. Massagem com Gelo - é feita geralmente sobre uma área pequena, sobre um músculo ou um tendão. A água é congelada em copo de papel para facilitar o manuseio do gelo pelo terapeuta. Outra alternativa seria colocar um palito no copo com água e teria assim o formato de um “pirulito”. O gelo é aplicado sobre a pele em movimentos circulatórios ou no sentido de “vai-e-vem”. Durante a massagem com gelo o paciente experimentará provavelmente quatro sensações distintas incluindo frio intenso, queimadura, dor e então analgesia. Spray de Vapor Frio - este spray é usado nas lesões de atletismo, para o tratamento de 32 dor miofascial, movimento restrito e espasmo muscular. Pacote de Gelo - devemos moer o gelo e, após colocarmos dentro de sacos plásticos, retiramos o ar e fechamos em seguida. O pacote poderá ser fixado ao local da aplicação por faixas ou ataduras de crepe. Banho de Imersão - utiliza-se um balde com água e cubos de gelo. Imerge-se a região a ser tratada durante 5 a 10 minutos, alternandose as imersões até 30 minutos. Banho de Contraste - consiste numa alternância entre o calor e o frio, onde os objetivos são vasomotores, isso é, alterações circulatórias que o frio e o calor promovem nos tecidos. É realizado em dois recipientes, um deles contendo uma mistura de gelo e água, e o outro com água quente numa temperatura que varia de 40ºC a 45ºC. A água quente deve ser iniciada com duração de 5 min. para promover uma vasodilatação. Em seguida deve ser usado o frio que provocará uma queda imediata da temperatura subcutânea e profunda. Devemos terminar a técnica utilizando o frio com duração de 3 min. com o objetivo de resfriar os tecidos e reduzir as necessidades metabólicas dos mesmos (FIGURAS 1 E 2). Gelo, Compressão e Elevação - essa técnica é usada universalmente nos cuidados imediatos das lesões agudas no esporte. Além dos efeitos da crioterapia temos os efeitos da elevação e compressão. A compressão é feita por faixa elástica ou por aparelhos como o Polar Care®. A compressão atua aumentando a pressão externa dos vasos, ajudando no controle da formação do edema. A elevação atua diminuindo a pressão hidrostática capilar, baixa a pressão de filtração capilar, diminuindo o edema (FIGURA 3). Conclusão A crioterapia é indicada no tratamento de entorses da região lombar (precoces); doenças cervicais dolorosas; ombro doloroso (bursite); músculo pré-distendido; relaxamento do espasmo muscular e hemorragias. Suas contraindicações são quando há distúrbios da sensibilidade; insuficiência circulatória; hipersensibilidade ao gelo; doença vascular periférica e vaso espasmos. Devemos tomar cuidado com doenças cardíacas; hipertensão; áreas sob gordura subcutânea espessa; perto de nervos superficiais e com doenças respiratórias. Este é um método eficiente em casos de lesões e dores agudas, sendo uma técnica de fácil manuseio, podendo ser utilizada tanto no auxílio dos tratamentos fisioterapêuticos quanto nas lesões do dia-a-dia. Porém se não houver o entendimento necessário, pode-se agravar o quadro clínico do paciente, principalmente quando distúrbios vasculares estão envolvidos. Referências Bibliográficas 1 ® Polar Care - aparelho usado na crioterapia, que além do resfriamento proporciona uma compressão local (FIGURA 4). SHESTACK, R. (1987) Fisioterapia Prática. São Paulo-SP: Editora Manole, p.50 - 2. 2 UMPHRED, D. A. (1994) Fisioterapia Neurológica. São Paulo: Editora Manole, p.758 - 9. 3 LOW, J.; REED, A. (2001) Eletroterapia Explicada. São Paulo: Editora Manole, p.277 - 98. 4 KITCHEN, S.; BAZIN, S. (1998) Eletroterapia de Clayton. São Paulo: Editora Manole, p.130 - 5. 5 LUCENA, C. (1991) Hiper e Hipo Termoterapia. Curitiba-PR: Editora Lovise, p.108 - 12. 6 PINHEIRO, F. B. (2002) Crioterapia. Disponível em: <http://www. fbpfisioterapia.hpg.ig.com.br>. Acesso em: 16 de agosto de 2002. 33