A aerodinâmica é fundamental numa categoria onde cada milésimo de segundo faz a diferença. Mas o que é aerodinâmica? A aerodinâmica é o estudo da dinâmica dos corpos que se movem dentro dos fluidos, como o próprio ar por exemplo, além de outros gases. O objetivo dela é ajudar a produzir a maior velocidade possível no carro e, para isso, é importante deixá-lo quase colado ao solo, para aumentar a aderência. Além disso, quanto menos resistência ao ar, melhor será o desempenho e menor será o consumo de combustível. O coração de um carro de Fórmula 1 é o chassi, a estrutura na qual todo o restante está parafusado e unido. Esta estrutura é conhecida como Monocoque, termo francês utilizado para designar estrutura inteiriça de um só material, e tratase de um resistente composto de fibras de carbono repuxadas, inseridas em resina ou de uma camada de fibra de carbono sobre uma malha de alumínio. O resultado disso é um carro leve, capaz de suportar a enorme força vertical descendente produzida pelo seu movimento em alta velocidade. Os carros de Fórmula 1 são baixos e largos para reduzir a resistência do ar, mas além disso há várias peças que são utilizadas nesse processo aerodinâmico: Os aerofólios, por exemplo, estão localizadas na parte dianteira e traseira do carro e ajudam a fazer o trabalho oposto às asas do avião, empurrando o carro para baixo. O ângulo destes aerofólios pode ser ajustado para que se obtenha o equilíbrio ideal entre resistência do ar e esta força descendente; Os defletores, ao lado, servem para direcionar o fluxo de ar vindo dos aerofólios sobre o carro e criar mais força descendente, que é a força que empurra o carro contra o solo. Os flaps, que funcionam como pequenas asas na frente, ao lado e atrás dos carros servem também para canalizar o fluxo de ar. A parte inferior dos carros de Fórmula 1, por norma, deve ser plana desde o bico até a linha do eixo traseiro. Além dessa linha, os engenheiros podem fazer o que quiserem. A maioria deles inclui um difusor, que é um dispositivo localizado logo abaixo do motor e do câmbio que acelera o ar e o joga para a parte traseira do carro, diminuindo, desta forma, a pressão. A função dele é permitir que o ar flua de maneira mais fácil, diminuindo, assim, sua resistência e aumentando a sua aderência ao solo. O ganho proporcionado por estes dispositivos é 0.3 a 0.5 segundos, o que, em um carro de F1, é uma diferença absurda de desempenho. Nesta peça, porém, existe uma polêmica entre as escuderias Brown e Willians, pois estas equipes utilizam uma pequena “janela”, ou orifício, que alimenta o difusor. As outras equipes, que seguiram a regra ao pé da letra e usam o modelo que não possui esta tal janela, consideram o artifício ilegal. Atualmente foi vetado o uso do difusor com a tal janela. Além destes itens, existem atualmente algumas inovações propostas pelas escuderias para melhorar a aerodinâmica de seus carros. Um exemplo destas inovações é a calota aerodinâmica proposta pela equipe Sauber: Apresentada em janeiro pela escuderia alemã, a nova cobertura das rodas dianteiras com um painel praticamente liso e sem elementos que saíssem da roda ajudam diminuindo o arrasto aerodinâmico (força de resistência), deixando o ar mais “limpo” para chegar à traseira. Outro exemplo destas novidades trazidas pelos engenheiros é o F Duct, ou duto aerodinâmico, criado pela McLaren Mercedes, que serve para anular o efeito do aerofólio traseiro nas retas. Canalizando o ar para a asa, é criada uma turbulência que gera o que se chama de “stoll”. A palavra vem da aviação e significa que pela velocidade gerada e pela corrente de ar, a asa para de exercer sua função. Quando um avião “stola”, ele perde sustentação. No caso da asa, ela perde pressão, e portanto a resistência do ar diminui. O que antes estava “segurando” o carro na reta agora deixa de existir e a velocidade final aumenta. Quando o piloto fecha o duto que se encontra no cockpit (na reta), a asa para de funcionar, pois agora o ar está canalizado para o F Duct. Quando o duto dentro do cockpit é aberto novamente (nas curvas), a asa volta a exercer sua função normalmente. Este também é um assunto polêmico entre as escuderias, pois a Ferrari utilizou-se de um sistema de F-Duct onde o piloto deveria fechar a entrada de ar do cockpit com a mão e, dessa forma, seguraria o volante com a ponta dos dedos de uma das mãos, tornando-se uma manobra perigosa. Após discussões na Federação Internacional de Automobilismo este duto também foi vetado nesta temporada da Fórmula 1. O resultado de toda essa engenharia aerodinâmica é uma força vertical sob o carro de cerca de 2.500 kg. É mais do que quatro vezes o peso do próprio carro. Para percebermos o quanto é impressionante a aerodinâmica nos carros de F1, o efeito Downforce (que mantém o carro colado a superfície) é tão grande que o carro é capaz de andar de ponta cabeça em um túnel sem cair. Podemos não perceber, mas a aerodinâmica atua todo o tempo sobre os automóveis, afetando seu desempenho, consumo e estabilidade. Os fabricantes investem milhões para torná-la mais eficiente e constantemente são descobertas novas formas de aprimorá-la. Apesar de irônico, o objeto de mais perfeita aerodinâmica é a gota d’água.