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ÍNDICE
EDITORIAL
Francisco Piccolo
Diretor Geral BIOGEN IDEC
ÍNDICE
Incorporação de novas
tecnologias: uma difícil decisão
Entrevista...................................................05
Matéria de Capa...................................................09
Com o alto investimento em P&D, produtos cada vez mais inovadores chegam ao mercado e, com eles,
vem a difícil missão dos gestores: decidir o que oferecer ao paciente
Gestão em Saúde..................................................14
A Revista Bionews traz, nesta
edição, uma entrevista com a Dra.
Clarice Petramale, da Comissão
Nacional de Incorporação de
Tecnologias (Conitec). Completando
dois anos, a Conitec tem um grande
desafio pela frente: como avaliar e
decidir qual tecnologia incorporar no
sistema público de saúde diante de
tantas inovações? O tema é sempre
pauta de discussão entre gestores
de saúde de todo o mundo, pois os
recursos são finitos, e as perguntas
feitas são as mesmas: é possível
oferecer tudo a todos? Até quando?
Ao garantir a inclusão periódica
de medicamentos modernos nos
tratamentos oferecidos pelo SUS,
o Governo alavanca o mercado
de produtos de última geração,
incentivando o investimento em
inovação. Isso se reflete em ganhos
para a qualidade de vida da população,
tema esse debatido amplamente pela
sociedade e que levou a uma decisão
Economia e ATS....................................................18
Acontece.......................................................22
Opinião.....................................................23
18
EXPEDIENTE
14
09
04 | bionews
importante da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) ao decidir
incluir medicamentos antineoplásicos
(medicamentos utilizado para destruir
neoplasmas ou células malignas) para
uso domiciliar no Rol de Procedimentos
que passa a valer em janeiro. A notícia
trouxe alívio para pacientes, mas
preocupação para médicos e gestores
de saúde. Duas questões foram
levantadas pelos entrevistados ouvidos
na matéria de capa da Bionews: como
garantir o uso efetivo do medicamento
pelo paciente e o impacto que a medida
causará às operadoras de saúde.
Diante de um novo cenário que
vem se desenhando na saúde, como
os gestores veem a inclusão dessas
novas tecnologias, cada vez mais
potentes e eficientes? É inegável que
o perfil demográfico tem mudado,
e as doenças crônicas são as que
mais acometem a população, o que
exige alto investimento em pesquisa
e desenvolvimento. Mas a questão
Jornalista responsável:
Cristina Balerini (MTB 24621)
Projeto gráfico e diagramação:
Henrique Marin e Daniela Pelosi
Produção:
Central de Atendimento:
www.ihbusinesscom.br
Tiragem desta edição:
2 mil exemplares
0800 721 3681
Entre em contato e mande sua
solicitação, dúvidas ou sugestões,
através dos contatos:
[email protected]
www.revistabionews.com.br
discutida aqui é como escolher o que
oferecer ao paciente. Nesse contexto,
abrimos uma discussão em relação à
classe de medicamentos biológicos.
Apesar de resultados positivos
apresentados no tratamento do câncer e
de doenças autoimunes, seu alto custo
ainda é impeditivo. Porém, a aposta
nesse tratamento é grande, exatamente
pelos resultados que apresenta. Para os
gestores, um medicamento biológico,
para ser incorporado na saúde
pública ou privada, precisa apresentar
evidências científicas baseadas em
pesquisas muito aprofundadas.
A discussão está lançada. O futuro
da saúde, pública ou privada, precisa
ser repensado e a participação de vários
setores da sociedade é fundamental
nesse processo. No próximo ano
continuaremos acompanhando de
perto esse debate. Aproveitamos para
desejar a todos os nossos leitores e seus
familiares Boas Festas e um feliz 2014!
Abraços e Boa leitura!
Nossa publicação
contém este selo:
A Revista Bionews é uma publicação
quadrimestral direcionada a
gestores e profissionais de saúde,
distribuída para divulgação exclusiva
em território brasileiro e conta com o
apoio da farmacêutica BIOGEN IDEC.
bionews | 05
ENTREVISTA
ENTREVISTA
Desafios e avanços
na incorporação
de novas tecnologias
Com dois anos de atuação, novos processos devem ser implementados
pela Conitec para tornar mais eficiente o processo de incorporação
de medicamentos e procedimentos
Revista Bionews: Quais resultados a senhora destaca
em cidades, conseguiu suplantar o desafio das doenças
como mais importantes nesses dois anos de existência da
infectocontagiosas e ganhou a possibilidade de envelhecer.
Conitec?
Ambas as condições se encontram no Brasil. As tecnologias
Dra. Clarice Petramale: A Comissão foi instalada em
de saúde, medicamentos, produtos para a saúde desenvolvidos
fevereiro de 2012, temos, portanto, um pouco mais de um ano
para as doenças crônicas e degenerativas que acompanham
e meio de atividades ininterruptas em que já realizamos 18
o envelhecimento, na maioria das vezes não curam, apenas
reuniões plenárias e avaliamos 214 tecnologias, 82 do próprio
auxiliam, em parte, na redução do problema que tem que
Ministério da Saúde e 132 demandas externas, a maioria delas
ser combatido em múltiplas frentes, a começar pela boa
- 70% - vindas das indústrias farmacêuticas (medicamentos).
alimentação, redução da obesidade e do sedentarismo,
desenvolvimento de práticas integrativas para a melhoria da
Bionews: A Comissão está cumprindo o objetivo para o
autoestima, a redução do isolamento, do stress, da frustração
qual foi criada?
e abandono de hábitos nocivos como tabagismo e alcoolismo,
Dra. Clarice: A Comissão foi criada para assessorar o
entre outros.
Ministério da Saúde na incorporação e gestão de tecnologias
A
no Sistema Único de Saúde. Com a participação da Conitec,
Bionews: Como o sistema de saúde se reorganiza para
novos programas do Ministério poderão ser incorporados ao
receber as novas tecnologias?
sistema com garantia de eficácia, segurança, efetividade e
Dra. Clarice: A lei prevê tempo para a avaliação e tempo
custo sustentável.
para a efetiva incorporação das tecnologias aprovadas.
As providências para a efetiva oferta de uma tecnologia
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), sob o
Bionews: Qual o grande desafio da Conitec para os
dependem muito do tipo e complexidade da base tecnológica
anos com muitos desafios pela frente. Criada em abril de 2011 com o objetivo de
próximos anos?
que cada uma delas exige.
assessorar o Ministério da Saúde na incorporação, alteração ou exclusão de novas
Dra. Clarice: Desenvolver ferramentas de avaliação que
tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS), a Conitec auxilia na constituição ou
permitam comparação entre programas de saúde, entre linhas
Bionews: Qual a atuação da Conitec em relação às
na alteração de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, avaliando as evidências
de cuidado, indo além da avaliação de medicamentos ou
discussões sobre o novo Rol de Procedimentos da ANS?
científicas da eficácia da tecnologia, a relação custo versus efetividade, o impacto
produtos.
Dra. Clarice: Estamos sempre preocupados em garantir que
comando da Dra. Clarice Alegre Petramale (CRMSP 25144), completa dois
as incorporações aprovadas para o SUS também se reflitam
econômico e a pertinência da incorporação.
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Atualmente, é grande a oferta de produtos e a pressão pela incorporação de novas
Bionews: Como as mudanças ocorridas na saúde (aumento
na saúde suplementar. Assim, o Departamento de Gestão e
tecnologias no SUS se manifesta por meios diretos e indiretos (produtores, pacientes,
da expectativa de vida, introdução de medicamentos
Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS) participa da
sociedades médicas, associações de portadores de patologias, o sistema judiciário e o
biológicos) e a própria importância do negócio da saúde
reunião do Rol e a ANS participa das deliberações da Conitec.
próprio Ministério da Saúde). Ao garantir a inclusão de medicamentos e procedimentos
no mundo influenciam e devem influenciar a ação
de alta tecnologia nos tratamentos oferecidos pelo SUS, o Governo brasileiro alavanca
da Conitec?
Bionews: A tecnologia tende a produzir iniquidade, pois
o mercado de produtos de última geração, incentivando os laboratórios farmacêuticos a
Dra. Clarice: Uma instância reguladora de tecnologias
ela acaba se acumulando em regiões onde já há muita
investir em pesquisa e desenvolvimento de novos princípios ativos.
como a Conitec tem papel fundamental na incorporação
inovação. Como a Conitec atua nesse sentido?
Em entrevista à Revista Bionews, a Dra. Clarice fala sobre avanços e prioridades da
de tecnologias em países que tenham sistemas públicos de
Dra. Clarice: A Conitec procura amenizar este efeito
Conitec.
saúde e nos quais a sociedade, industrializada, morando
garantindo que os sistemas de referência e contra-referência
bionews | 07
ENTREVISTA
MATÉRIA DE CAPA
já previstos no SUS sejam bem utilizados. (Esse sistema foi
criado com base no conceito de integralidade, que consiste
no direito que as pessoas têm de serem atendidas no conjunto
de suas necessidades nos diversos níveis de complexidade
e no dever que o Estado tem de oferecer serviços de saúde
organizados para atender estas necessidades de maneira
integral, segundo os princípios do SUS).
Bionews: Em alguns casos, uma nova tecnologia não
chega a ser inovadora, pois para uma mesma doença
existem tantos outros medicamentos semelhantes. Como
a Conitec atua em relação a um medicamento que age
de forma parecida aos demais focados no atendimento
Nesses 18 meses
de atividades
comprovamos que
é possível realizar
um trabalho de
qualidade e cumprir
rigorosamente a lei.
da mesma patologia?
Dra. Clarice: Para a Conitec, a avaliação de medicamentos
que competem em um mesmo nicho com resultados
semelhantes para o tratamento dos pacientes pode ser muito
interessante como forma de reduzir o custo do tratamento,
que dá segurança jurídica ao processo de trabalho implantado.
gerando, muitas vezes, um aumento do acesso.
Nesses 18 meses de atividades comprovamos que é possível
Acesso
a tratamentos
de alta
complexidade
realizar um trabalho de qualidade e cumprir rigorosamente a
Bionews: Qual o limite de custo-efetividade que o Brasil
lei. Entre nossas atividades diárias, desenvolvemos também
aceita para um tratamento? Temos fixado esse limite a ser
outras, de monitoramento de tecnologias emergentes, o que
pago para que o paciente ganhe um ano de vida ou o país
nos ajuda a antecipar a inovação.
ainda não fez essa conta?
Dra. Clarice: Não há ainda limite de custo-efetividade fixado
Bionews: Conitec X Poder Judiciário – como os dois
para o Brasil. Países grandes, heterogêneos como o nosso, que
órgãos podem atuar em conjunto buscando como benefício
convivem com diferentes demandas, terão muita dificuldade em
maior o acesso da população aos medicamentos mais
estabelecer um limite de custo-efetividade único. Se ele for muito
inovadores?
baixo não atenderá às doenças crônicas, se ele for muito alto
Dra. Clarice: Estamos investindo cada vez mais em
tenderá a “puxar” o preço das tecnologias convencionais para cima.
transparência e comunicação para que o Judiciário possa
Impactos e desafios
ao gestor da saúde
acompanhar e compreender as razões elencadas pelo plenário
Bionews: Como a Conitec está se preparando para o
da Conitec em suas deliberações, sejam elas favoráveis ou
futuro, para novas tecnologias que devem chegar ao
desfavoráveis à incorporação de uma nova tecnologia. Nosso
Brasil em breve?
objetivo é reduzir ações judiciais e contribuir para o uso
Dra. Clarice: O marco legal da Conitec já está completo, o
racional de tecnologias no SUS.
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bionews | 09
MATÉRIA DE CAPA
MATÉRIA DE CAPA
Atualmente, modelos de gestão
mais sofisticados têm sido estudados
para que o benefício da inclusão
de quimioterapia de uso domiciliar
seja oferecido ao cliente com a
maior qualidade e o menor custo
possível dentro da realidade e
complexidade oncológica
partir de janeiro de 2014, quando passa a vigorar o novo Rol de
de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras de saúde que atuam
no país deverão ofertar medicamentos orais indicados em terapias
contra o câncer para uso domiciliar. Os medicamentos servem de alternativa
Dr. Stephen Stefani
Foto: Acervo Pessoal
Procedimentos e Eventos em Saúde publicado pela Agência Nacional
ou de complemento a outros tratamentos, como a quimioterapia tradicional e a
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radioterapia. Cada operadora terá a responsabilidade de estabelecer sua logística
Durante o anúncio de publicação do novo Rol, o Ministro
negociação porque acabam funcionando de forma reativa, e não
para entrega do produto: distribuição direta, convênio com farmácias privadas ou
da Saúde Alexandre Padilha disse que “os planos de saúde
pró-ativa”, comenta o Dr. Stephen Stefani (CRMRS 20675),
reembolso aos pacientes.
serão obrigados a oferecer a seus beneficiários o que há de
oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus e presidente
Com a ampliação do Rol, os beneficiários de planos de saúde terão direito a mais
mais moderno no tratamento médico, como o caso desses 37
da ISPOR (International Society for Pharmacoeconomics and
87 procedimentos, incluindo 37 medicamentos orais para o tratamento domiciliar de
novos medicamentos que serão incorporados ao tratamento
Outcomes Research) Brasil.
diferentes tipos de câncer e 50 novos exames, consultas e cirurgias. Esses números
do câncer. É uma mudança de paradigma e um avanço
Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários
refletem uma mudança no mercado de saúde. Há alguns anos, quando a lei que
importante para complementar o cuidado do paciente da saúde
de Saúde (Conass), 51,7% das pessoas que necessitam de
regulamenta os planos e seguros privados de assistência à saúde (Lei nº 9.656/1998)
suplementar”.
tratamento têm dificuldades para obter os medicamentos.
foi aprovada, praticamente todas as quimioterapias eram administradas em clínicas
Apesar de ser uma boa notícia, a incorporação de
E aproximadamente 55% das pessoas não podem pagar os
e hospitais, e desde que a lei foi promulgada os planos de saúde passaram a ter
medicamentos de alta complexidade precisa ser pensada
medicamentos que precisam, segundo dados do Instituto
a obrigatoriedade de cobrir a quimioterapia nesses locais. O fato de a ANS abrir
com cautela. “Muitas das fontes pagadoras não têm rotina
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
uma discussão com a sociedade e incluir medicamentos que tratam doenças de alta
e logística sequer para avaliar o impacto orçamentário ou
A Assistência Farmacêutica foi, inclusive, um dos eixos
complexidade no Rol pode ser visto como um avanço. Assim como os antineoplásicos,
definir a regulação racional destes recursos. A tensão judicial
temáticos da Agenda Regulatória 2011/2012 da ANS, onde
outras patologias consideradas de alta complexidade, como a artrite reumatoide, já
é frequente neste cenário. Muitas das operadoras já têm esta
foi discutida a oferta de medicamentos para pacientes em
têm alguns medicamentos cobertos pelos planos de saúde.
despesa, mas por demanda judicial e sem possibilidade de
tratamento ambulatorial (fora do hospital), principalmente para
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MATÉRIA DE CAPA
MATÉRIA DE CAPA
os portadores de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão,
Medicamentos de
alta complexidade
que fazem uso contínuo de medicação.
A realidade de um Brasil que teve seu perfil epidemiológico
mudado nos últimos anos, com o aumento no número de doenças
são a aposta
do mercado
complexas, exige uma adaptação em relação à demanda por
medicações e tratamentos dessas doenças. E a incorporação
de novas tecnologias depende de recursos, geralmente finitos.
Segundo fontes do mercado, o orçamento para medicações
de alta complexidade cresce muitíssimo mais lentamente do
que cresce a demanda por medicação e por tratamento. “Há
Foto: Shutterstock
consenso, principalmente em países desenvolvidos, que temas
de economia da saúde, com cálculos de custo-efetividade
para os novos tratamentos, devem fazer parte da análise de
nova
Dentro deste cenário, especialistas
geração de medicamentos, é o grande passo
avaliam que torna-se necessário buscar um
contribua
que as indústrias estão dando. Com isso, o
patrocinador dos medicamentos à população
alta complexidade, em sua
com a melhor adesão ao
benefício ao paciente tem que ser muito
para ampliar seu acesso aos medicamentos
abre-se uma discussão sobre procedimentos de alta complexidade
grande maioria produtos biológicos,
tratamento, o que é garantia
maior, o que faz com as pesquisas fiquem
de alta complexidade. O governo brasileiro
e quem deverá pagar por eles. Segundo Stefani, “com base em
têm estimulado a indústria a apostar suas
de sucesso no controle da doença. E não é
cada vez mais caras e os pagadores terão que
investe em torno de 8% dos seus gastos em
avaliações descritas por fontes pagadoras privadas, a estimativa
fichas no segmento. Estudos preveem
só. Fazendo o uso correto da medicação,
arcar com custos maiores. Tanto o governo
saúde na compra de medicamentos, o que
de impacto orçamentário é evidente. Em outras palavras, a
que, a partir de 2014, esses produtos
diminuem-se os gastos com internação em
como as operadoras de saúde têm seu limite.
representa para 2013 um montante superior
inclusão de medicamentos inovadores na saúde suplementar vai
passem a representar quase a metade
clínicas ou hospitais.
E essa é uma equação ainda sem solução”.
a R$ 10 bilhões. O SUS mantém em sua
custar mais caro ao plano de saúde e, evidentemente, esse custo
dos fármacos mais vendidos em todo o
Para o presidente do Sindicato da
Na opinião da Dra. Mirhelen Mendes
política a cobertura de fármacos voltados
será distribuído entre a coletividade de usuários”.
mundo. Atualmente, o mercado global de
Indústria de Produtos Farmacêuticos no
de Abreu (CRMSP 113183), professora
a doenças raras e de alta complexidade,
O acesso a medicamentos inovadores é um grande desafio
biológicos movimenta cerca de US$ 160
Estado de São Paulo (Sindusfarma) Nelson
adjunta do Departamento de Medicina
como
aos gestores de saúde. Segundo Paulo Jorge Rascão Cardoso
bilhões anuais e cresce em média 12%
Mussolini, “a indústria farmacêutica mais
da Universidade Federal de São Carlos
patologias
(CRMRJ 512968), diretor técnico da Amil, a operadora
ao ano. Esse crescimento está diretamente
uma vez está passando por uma fase de
(UFSCar) e coordenadora da Comissão
doenças de deficiências enzimáticas e o
“procura acompanhar, através de sua área de avaliação de novas
relacionado ao desejo da população de
transição, o que ocorre de tempos em tempos.
de Avaliação de Tecnologias em Saúde da
próprio programa de medicamentos usados
tecnologias em saúde, na Diretoria Técnica, todos os grandes
ter acesso a novas possibilidades de
Hoje, eu diria, o setor está focando nos
Sociedade Brasileira de Reumatologia,
no tratamento da AIDS. A obrigatoriedade
avanços da Medicina e participa de uma ampla rede mundial que
tratamento, que tragam mais eficácia,
medicamentos biológicos, principalmente
“os gestores têm demandado informações
da oferta de alguns medicamentos para
discute os impactos dessas tecnologias nos diversos sistemas de
segurança e qualidade de vida. Daí a aposta
para o tratamento do câncer e de doenças
consistentes sobre os benefícios das
doenças crônicas pelos planos de saúde
saúde. A responsabilidade dos gestores dos sistemas públicos ou
das indústrias também nos medicamentos
autoimunes ainda sem cura. A indústria
tecnologias e a repercussão financeira
poderá representar uma redução de gastos
privados é viabilizar o acesso a esses novos desenvolvimentos,
orais de alta complexidade, que prometem
está migrando para o desenvolvimento de
sobre a esfera pública, visando subsidiar a
públicos com medicamentos, mas qual
desde que tragam real benefício para a sociedade, baseado nas
substituir os de uso injetável, trazendo
produtos que tragam mais eficiência com
formulação de políticas e a efetiva tomada
será o impacto disso na saúde pública
melhores evidências médicas existentes”.
mais conforto aos pacientes que fazem uso
menos efeito colateral. Oferecer tratamentos
de decisão”.
ainda não foi possível mensurar.
incorporação de novos fármacos. No Brasil, este tema ainda
As infinitas
contínuo da medicação. Acredita-
está sendo desenvolvido e o debate precisa ser aprofundado”,
possibilidades associadas
se, também, que esse tipo de
diz Stefani.
aos
Com a liberação dos medicamentos para pacientes com câncer,
12 | bionews
medicamentos
de
medicamento
inovadores,
desenvolvendo
uma
programas
como
de
cobertura
esclerose
para
múltipla,
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Gestão em saúde
O profissional precisa
encontrar um nicho
onde possa ser visto
como referência
Foto: Shutterstock
Como construir
uma carreira
de sucesso
Gestão em saúde
A
área da saúde tem apresentado
uma
crescente
Libânia Paes
demanda
por profissionais das mais diferentes
especialidades. Além da possibilidade
de atuação em setores já conhecidos,
como hospitais, farmácias, laboratórios
e clínicas, os profissionais têm visto se
Mercado em expansão oferece oportunidades
para quem atua no setor de saúde
Foto: Acervo Pessoal
multiplicar novas oportunidades. Para
Libânia Paes, coordenadora do curso
de Administração Hospitalar e Sistemas
de Saúde da Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação
especialidades, como administradores,
sua consequente melhoria na qualidade
Getúlio Vargas (FGV/EAESP), a área é
economistas,
é
de vida. As pessoas estão vivendo mais
promissora, mas para garantir um futuro
possível encontrar no mercado diversos
- e querendo viver melhor -, o que abre
de sucesso, o profissional precisa se
cursos
quem
espaço para profissionais de diversas
especializar, encontrar um nicho onde
pretende ingressar na área. E o caminho
áreas. “Uma especialidade que vem
ele possa ser visto como uma referência.
oposto também se revela promissor. Não
ganhando destaque, por exemplo, é
“Já vemos no mercado profissionais que
é pequeno o número de profissionais que
a gerontologia. Outra mudança que
estão saindo das faculdades com um
estão deixando de atuar apenas na área
temos observado também é a atuação
foco muito definido, buscando áreas
clínica para se dedicar a outras posições.
de profissionais de saúde em academias,
de atuação específicas, como Medicina
“Na saúde, a capacidade de reconhecer
clubes e até mesmo nas áreas de qualidade
Esportiva ou Fisioterapia Esportiva, por
o domínio do saber individual e a
de vida das corporações”, diz Libânia.
exemplo, onde terão melhores chances
competência de trabalhar em times
de se diferenciar”.
trará melhoria de resultados e maior
Hays,
Os avanços tecnológicos, por sua vez,
segurança na prestação do cuidado. O
recrutamento, “o mercado tem visto
têm feito com que os hospitais funcionem
mundo exigirá mais especialização dos
nos últimos anos uma migração dos
quase como empresas, necessitando,
profissionais”, comenta Mara Machado,
profissionais de saúde para o mundo
além
diretora técnica do Instituto Qualisa de
corporativo. As indústrias farmacêuticas,
Gestão (IQG).
em particular, têm buscado profissionais
do
bom
atendimento
dos
profissionais de saúde, de planejamento
14 | bionews
engenheiros.
complementares
Hoje,
para
Para Adriana Vianna, gerente da
consultoria
especializada
em
e gestão eficientes. Isso tem atraído
Outro fator que merece destaque é
com formação e experiência na área
para o setor profissionais de outras
o crescimento de renda da população e
clínica para atuarem em posições mais
bionews | 15
Gestão em saúde
Gestão em saúde
complexas,
onde
é
requerido
um
Oportunidades diferenciadas
conhecimento técnico-científico sobre
reativo à doença para um protagonista
diversas posições, dependendo do seu
na prevenção e promoção de saúde da
conhecimento e experiência. Eu destacaria
o produto que está sendo oferecido
O Dr. Claudio Tafla (CRMSP 70056),
população”. Hoje, ele optou por não mais
duas em especial: analista de negócios e
ao mercado. Porém, muitas vezes
consultor na área de saúde suplementar,
clinicar. Raramente realiza atendimentos,
gestor. Como analista de negócios, ele
esse
alguma
decidiu fazer uma mudança profissional
mas só quando os pacientes o procuram.
pode auxiliar no desenho de soluções e
dificuldade para ingressar em uma
há 15 anos. “Eu estava em uma curva
Manter uma rotina de atividade em
sistemas, fazendo o intercâmbio entre as
empresa, onde o perfil desejado não
crescente de horas dedicadas à profissão,
clínicas ou hospitais não faz mais parte
áreas de ‘negócio’ (áreas assistenciais,
se assemelha ao exigido para quem
como médico, atendendo em pronto
da sua vida.
por exemplo) e a área de TI, traduzindo
clinica”. Como ocorre em toda mudança
socorro, consultório e outros trabalhos,
A atuação na área de consultoria
o conhecimento de saúde para os ‘bits e
profissional, nesse caso investir em
mas não conseguia vislumbrar um
é outra das opções que se mostram
bites’. Como gestor, ele pode atuar na
capacitação também é essencial. “O
resultado mais amplo em termos do que
promissoras. Entre elas, a consultoria
liderança de projetos relacionados à TI
mercado corporativo, principalmente a
gostaria de praticar, que era a prevenção
na área de tecnologia da informação
em saúde ou ainda como diretor de TI de
indústria farmacêutica, oferece salários
e promoção de saúde”.
(TI)
O
um hospital”, diz Dr. Claudio Giulliano
novas
Alves da Costa (CRMRN 4003), ex-
profissional
encontra
e benefícios muito competitivos, o que
Com
especialização
em
Clínica
vem
conhecimento
ganhando
técnico,
destaque.
as
sem dúvida atrai o profissional, mas é
Médica e Cardiologia, Dr. Tafla diz
tecnologias e avanços trazem consigo a
presidente da Sociedade Brasileira de
imprescindível que o foco dessa pessoa
que o maior desafio que enfrentou
necessidade de um profissional altamente
Informática em Saúde (SBIS), diretor
esteja muito voltado à gestão”.
foi o de “mudar a cabeça de médico
capacitado e especializado. “Na área
de TI da Bionexo e diretor-presidente da
Para Dr. Cláudio Tafla o grande desafio foi:
Foto: Acervo Pessoal
“Mudar a cabeça de
médico reativo à doença
para um protagonista na
prevenção e promoção de
saúde da população”.
16 | bionews
Foto: Shutterstock
de TI, este profissional pode atuar em
Folks e-Saúde Consultoria e Treinamento
como um técnico com conhecimentos
médico e cientifico, habilidade de lidar
em Informática em Saúde.
profundos nos padrões do manual, hoje o
e gerenciar pessoas, além, é claro, de
Outra área de atuação que tem
avaliador precisa ter características como
habilidades de comunicação”.
atraído os profissionais de saúde é a de
liderança, flexibilidade e dinamismo. A
Como se vê, o mercado de saúde
acreditação. O trabalho consiste em fazer
demanda por este profissional leva em
brasileiro está cheio de oportunidades
uma avaliação normativa dos serviços
conta as novas exigências das práticas da
em todos os campos, dos assistenciais
de saúde realizados nas instituições e
avaliação”, avalia.
aos tecnológicos. “Para pegar carona
encontrar maneiras de implantar práticas
Na opinião do Dr. Tafla, “não são
no futuro, porém, é preciso dedicação e
de qualidade dentro desse contexto.
muitos os que conseguem se adaptar a
estudo para formar profissionais prontos
A acreditação
mudanças
esta dinâmica corporativa. Profissionais
para encarar o desafio do amanhã.
positivas para o setor, como maior
de saúde são treinados e habituados
Esse é um contexto muito favorável à
qualidade na assistência, diminuição nos
a vivenciarem situações limites que
produção de mudanças no trabalho dos
índices de infecção hospitalar e erros de
precisam de decisões solitárias, muitas
profissionais da saúde. É um momento
procedimento. Segundo Mara Machado,
vezes. Nas corporações, as decisões
de questionamento de modelos, o que
do IQG, o perfil do profissional valorizado
são coletivas e sempre ligadas a uma
deve contribuir para a produção de novos
pelas instituições acreditadoras mudou
estratégia superior. Esse profissional
formatos de governança e de gestão do
nos últimos cinco anos. “Antes visto
precisa
trabalho”, finaliza Mara.
possibilita
ter
profundo
conhecimento
bionews | 17
ECONOMIA E ATS
ECONOMIA E ATS
Tratamentos de
alta complexidade
modelos de custeio, atuam no combate ao
desperdício e buscam estabelecer parcerias
Foto: Shutterstock
com a rede de prestadores de serviços”,
conta Denise Elói, presidente da Unidas
A melhoria no acesso aos diagnósticos e a chegada ao mercado de medicamentos cada
vez mais eficazes trazem aos gestores de saúde o desafio de oferecer a qualidade desejada pelo
paciente e manter as contas saudáveis
Autogestão em Saúde.
Para o Dr. Stefani, há uma lição de casa
a ser feita para preparar o país, as empresas
e profissionais que prestam serviços na área
P
Cuidando do futuro da saúde
da saúde para o futuro, onde a perspectiva
Para muitos, o uso da alta tecnologia é o que de melhor se pode oferecer a
acientes considerados de alta complexidade demandam
Além dos recursos tecnológicos avançados e medicamentos de
é cada vez maior por medicamentos e
um paciente. Mas até que ponto a tecnologia contribui para uma real melhoria
atenção maior à sua saúde não só em termos de oferta
última geração, um paciente de alta complexidade demanda também
procedimentos de alta complexidade
da qualidade de vida dessa pessoa? “Esse deve ser nosso maior questionamento
de medicamentos de última geração, mas também na oferta de
competência médica multiprofissional para oferecer o tratamento
que podem vir a ser incorporados no
quando pensamos na incorporação de uma nova tecnologia. Muitos pacientes
uma assistência promovida por uma equipe multidisciplinar que
mais adequado. E isso torna a estrutura mais dispendiosa. “Por isso”,
Rol de Procedimentos e Eventos em
de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por exemplo, não precisariam estar
objetiva uma melhoria da qualidade de vida. Não foi só a qualidade
alerta o Dr. Stefani, “o termo ‘Medicina Baseada em Evidências’
Saúde da Agência Nacional de Saúde
internados. Os cuidados oferecidos nesse ambiente aumentarão o tempo de vida
e a expectativa de vida da população que melhorou. Infelizmente,
deve ser usado com foco correto, para evitarmos a perda de recursos
Suplementar (ANS). “A desincorporação
do paciente, porém não necessariamente reflitirão em qualidade de vida. Isso se
o número de doentes crônicos tem acompanhado essa evolução,
com ações que não se comprovam eficazes e, assim, investir no que
de procedimentos e o estabelecimento de
aplica a um novo medicamento ou procedimento; precisamos avaliar o quanto
trazendo com isso um grande desafio para os gestores de saúde.
é relevante. Pode haver, por exemplo, evidência inequívoca de que
critérios de prioridade são fundamentais
essa tecnologia realmente vai agregar em qualidade de vida, não em tempo de
Geralmente, essas patologias demandam procedimentos custosos e
determinada estratégia médica modifique a vida de um paciente em
para o equilíbrio do sistema de saúde”.
vida”, comenta a Dra. Dalva Yukie Matsumoto (CRMSP 33227), diretora da
uma infraestrutura de ponta para atender com qualidade os portadores
120 horas, o que não quer dizer que isso seja clinicamente relevante.
Muitas vezes, as novas tecnologias
Associação Nacional de Cuidados Paliativos. Ela diz, ainda, “que podemos
de doenças crônicas/degenerativas.
Da mesma forma, algumas incorporações são sustentadas em
acabam sendo incorporadas de maneira
perceber que os gestores estão mais atentos em relação ao uso racional dos
A pesquisa e desenvolvimento de novos produtos têm
evidências consistentes e de mudança importante em desfechos
cumulativa, quando deveriam ser vistas
recursos disponíveis na área da saúde, pois são recursos caros e que, em alguns
trazido medicamentos muito eficazes ao mercado, porém, são
definitivos (ou desfechos ‘duros’). A MBE (Medicina Baseada em
como uma substituição às tecnologias mais
casos, não levam à real melhoria da qualidade do tratamento”.
medicamentos de alto custo. Como o Governo e as operadoras
Evidências) é o fundamento básico para qualquer incorporação e
antigas. “A responsabilidade dos gestores
Opinião semelhante tem o Dr. Denizar Vianna (CRMRJ 522866), coordenador
devem se preparar para oferecer essa nova tecnologia aos usuários?
não pode ser vista pelo gestor como um ‘diferencial’ na hora de
do sistema público ou privado é viabilizar
do Centro de Excelência em Avaliação Econômica e Análise de Decisão da ProVac
Na opinião do Dr. Stephen Stefani (CRMRS 20675), oncologista
escolher a melhor maneira de tratar o paciente”.
o acesso a esses novos desenvolvimentos,
Network - Pan American Health Organization (PAHO), ao dizer que “é preciso
desde que tragam real benefício para a
educar o paciente, familiares e os próprios médicos em relação às expectativas de
do Instituto do Câncer Mãe de Deus e presidente da ISPOR
Para os gestores, os avanços em procedimentos de alta
(International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes
complexidade
maior
sociedade, baseando-se nas melhores
tratamento e quais são os limites possíveis de serem oferecidos. Temos que ter em
Research) Brasil, “o primeiro passo é avaliar a real efetividade
responsabilidade para oferecer um serviço que garanta a assistência
evidências médicas existentes. Todos
mente que precisamos investir em ações que evitem que um paciente se torne um
desses procedimentos. Drogas que trazem grande impacto
ao paciente em sua integralidade. “A sustentabilidade do setor é um
temos que combater o desperdício, que
paciente de alta complexidade. Algumas pessoas, dependendo da patologia da qual
prognóstico, ajustado por qualidade de vida, ainda são a minoria.
grande desafio. A sinistralidade tem aumentado e a curva ascendente
consome preciosos recursos da saúde sem
sofrem, caminham naturalmente para isso, mas é possível evitar o agravamento
Considerando, então, somente os reais avanços técnicos, cabe às
dos custos é uma realidade para praticamente todas as operadoras de
oferecer benefício para os consumidores”,
de muitas doenças. Nosso papel é identificar quem são as pessoas que irão se
fontes pagadoras, públicas e privadas, buscar uma gestão mais
saúde. As autogestões têm investido em programas de promoção da
avalia Paulo Jorge Rascão Cardoso, diretor
beneficiar de uma tecnologia e qual o ganho que teremos com ela. Precisamos
eficiente. É possível oferecer qualidade com menor custo possível”.
saúde e prevenção de riscos. Elas também estudam e aplicam novos
técnico da Amil.
oferecer o tratamento certo, para o paciente certo e na hora certa”.
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ambulatorial
e
hospitalar
constituem
bionews | 19
ECONOMIA E ATS
ECONOMIA E ATS
Avaliação de Tecnologia em Saúde
Medicamentos
Biológicos
de qualidade equilibrada. “Nós, como
para manter a saúde financeira do setor”,
saúde’ é uma realidade para os gestores, que
gestores que decidem pela incorporação ou
comenta o Dr. Celso Gondo (CRMSP 79659)
ainda não encontraram uma solução para
não de uma nova tecnologia, temos que nos
coordenador de operadora em seguro saúde
manter a equação custo versus atendimento
preparar para esse futuro e criar estratégias
da Unimed.
A universalidade da saúde em cheque
Foto: Shutterstock
Como os gestores de saúde decidem pela incorporação
dessa classe de medicamentos
P
A preocupação com o chamado ‘custo
As variáveis que atuam na avaliação para incorporação de um
O bom uso de medicamentos de alta complexidade, como os
medicamento são muitas. Por um lado há grupos de pacientes se
biológicos, traz benefícios inquestionáveis para os pacientes, mas
organizando em associações e buscando a liberação de medicamentos
o mau uso pode acarretar desperdícios para os financiadores da
de alta complexidade; na outra ponta está o médico, que deseja oferecer
saúde. “É preciso avaliar com muito critério a relação custo versus
ara você, o que é resultado em saúde?
patologias, os cuidados na avaliação são
independentemente de serem obrigatórios
o que há de mais inovador para o tratamento de seu cliente. “ Os
benefício desse produto. Existem casos, por exemplo, em que é
É apenas oferecer qualidade? Ou
redobrados. “O item custo é secundário
por lei.
prescritores precisam atuar como parceiros das operadoras e dos gestores
requerido do profissional de saúde um profundo conhecimento
o importante é apenas aplicar os recursos de
em uma avaliação, mas é importante. É
Via de regra, os critérios para avaliação
de saúde. Muitas vezes, a operadora não libera um medicamento que
para indicar esse medicamento ao paciente. Mas se nós não temos
maneira eficiente? É atingir um maior número
essencial que um novo medicamento apresente
não diferem para medicamentos biológicos
está sendo indicado pelo médico não por questões de custo, mas porque
profissionais tão especializados em todas as regiões do país, a
de pessoas sem abrir mão da qualidade, mas
protocolos de indicação e evidências científicas
ou convencionais. “Mas é necessário que
aquela indicação não consta em protocolo. O medicamento biológico
incorporação pode não fazer sentido”, avalia o Dr. Marcos Bosi
mantendo os custos sob controle? Pois para
que comprovem sua eficácia”, diz a auditora e
a análise farmacoeconômica seja muito
traz vários benefícios, os pacientes respondem melhor ao tratamento,
Ferraz (CRMSP 43229), professor adjunto do Departamento de
quem tem como responsabilidade avaliar
consultora na área médica, Dra. Maria Tereza
criteriosa. É inegável que os biológicos
mas não é para todos os casos que ele deve ser indicado como terapêutica
Medicina e diretor do Centro Paulista de Economia da Saúde da
uma nova tecnologia em saúde, esses itens
Diniz Veloso Lodi (CRMSP 42211).
são os medicamentos do futuro, o que
e nem ser a primeira opção de tratamento”, avalia a Dra. Maria Teresa.
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
precisam estar equilibrados. E a cada dia essa
A decisão de incorporação é baseada na
exige que os profissionais envolvidos nos
A liberação e incorporação de um medicamento é uma decisão
O Governo Federal tem realizado aportes na compra
necessidade se torna maior, com as indústrias
avaliação de alguns critérios: o medicamento
processos decisórios de incorporação estejam
complexa. No caso dos biológicos, Dr. Azevedo comenta sobre a
de medicamentos biológicos voltados principalmente para
farmacêuticas investindo em pesquisa e
precisa estar registrado pela Agência
preparados e atualizados em relação a esse
“importância de avaliar com muito rigor questões relativas à segurança,
o tratamento do câncer, das doenças autoimunes e para
desenvolvimento e oferecendo ao mercado,
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
tipo de medicamento para que possam fazer
pois são medicamentos que exigem uma análise mais criteriosa devido
produção de vacinas. O mercado brasileiro pode chegar a R$
todos os anos, produtos cada vez mais
deve ter sido incorporado pela Comissão
a escolha correta. A medicina está cada vez
ao seu princípio ativo. E, claro, toda avaliação deve ser realizada
35 bilhões de gastos com biofarmácos em 2016, portanto,
inovadores. Se para o paciente isso é excelente,
Nacional de Incorporação de Tecnologias
mais complexa e esse conhecimento ajudará
por uma comissão mista, com profissionais que detenham expertise
está em franca expansão. “A grande questão que está no ar”,
para o gestor de saúde é um grande desafio.
(Conitec) e constar no Rol de Procedimentos
o gestor a distinguir quando o medicamento
técnica e farmacoeconômica”.
analisa Dr. Bosi, “é a restrição de recursos frente à demanda
Não só pelo alto custo desses medicamentos,
e Eventos em Saúde publicado pela
biológico realmente comprovou ser mais
Na opinião do Dr. Gondo, “falta ainda, a todos nós, gestores de
que cresce em relação ao uso de tecnologias. Daremos tudo
mas também pelo conhecimento cada vez mais
Agência Nacional de Saúde Suplementar
eficaz. Esse não é um produto de primeira
saúde, entender melhor essa medicação (biológica), critérios e protocolos
a todos? Em um país que desperdiça recursos, com uma
aprofundado que se exige sobre essas novas
(ANS). Além dos medicamentos que
escolha, e muitas patologias respondem muito
de utilização e, principalmente, o que essa tecnologia agrega aos
carga de doenças ainda por resolver, com uma infraestrutura
tecnologias e dos estudos que foram realizados
constam no Rol, algumas empresas gestoras
bem aos medicamentos convencionais.”,
pacientes. Qual a relação custo versus benefício dessa incorporação? Ela
deficiente e grande expectativa da população em relação às
para comprovar sua eficácia e seu benefício.
de saúde têm por prática a liberação de
analisa o Dr. Valderílio Feijó de Azevedo
vem substituir uma tecnologia antiga? Ou só vem agregar? Governo e
inovações, essa pergunta precisa ser respondida. É com base
medicamentos ou procedimentos que estão
(CRMPR 12199), professor de Reumatologia
indústrias precisam repensar a questão das incorporações porque pagar
nessa resposta, estando ela certa, que poderemos escolher o
cobertos em seus contratos com os clientes,
da Universidade Federal do Paraná.
essa conta está ficando cada vez mais difícil”.
que entregar à população”.
Com a introdução dos medicamentos
biológicos
no
20 | bionews
tratamento
de
algumas
bionews | 21
OPINIÃO
ACONTECE
Por uma vida mais
produtiva e feliz
Foto: Acervo Pessoal
Agenda
Para desfrutar do que a vida tem de melhor é preciso
ter acesso à saúde, ao trabalho e ao lazer
Melhores práticas de negociação em OPMEs para
redução dos custos da cadeia de saúde
*Por Mara Gabrilli
19 de fevereiro de 2014
São Paulo (SP)
N
www.informagroup.com.br
2o Congresso anual de acesso ao mercado - Brasil 2014
18 e 19 de março de 2014
São Paulo (SP)
www.eyeforpharma.com/market-access-brazil
11º Congresso Internacional da Rede Unida
“Girar Vida, Políticas e Existências: a delicadeza da Educação
e do Trabalho no cotidiano do SUS”
10 a 13 de abril de 2014
Fortaleza (CE)
www.redeunida.org.br
Toda e qualquer pessoa pode ser
convivem com uma inimiga
produtiva e contribuir com seu potencial,
silenciosa: a Esclerose Múltipla. A doença
mas as empresas têm de se adequar à
Disseminar informações sobre a doença
autoimune, cujos sintomas ocorrem em
diversidade que reside em cada ser humano.
é fundamental para que o diagnóstico seja
surtos, deixa sequelas graves, que muitas
E a legislação brasileira tem de atuar de
realizado de maneira precoce e para que os
vezes podem comprometer os movimentos e
maneira a reforçar o direito dessas pessoas.
direitos dessas pessoas sejam fortalecidos.
funções importantes como a visão. Embora
A Lei de Cotas não inclui o paciente
o Ministério da Saúde tenha previsto uma
de Esclerose Múltipla. Hoje, a análise dos
política pública, pacientes com Esclerose
beneficiados é realizada pela Classificação
Múltipla reclamam que muitas vezes ela
Internacional de Doença (CID), que se
não funciona. Medicamentos para Esclerose
baseia em um diagnóstico médico ou
Múltipla são obrigatoriamente distribuídos
estado de saúde pré-determinado. Com
pelo SUS. Por isso, quando faltam, temos
a aprovação do Estatuto da Pessoa com
que ter a ciência de acionar o Ministério e
Deficiência, projeto do qual sou relatora,
reivindicar. Este também pode ser o papel
essa realidade mudará, pois a avaliação
do legislador.
será feita por meio da Classificação
Tomada por um cansaço abrupto e
Legenda
22 | bionews
Data
Local
Informações
essenciais para quem convive com sintomas
o Brasil, 30 mil pessoas
Internacional
de
invisíveis, mas que podem ser cáusticos.
Felizmente, os avanços
da medicina e reabilitação
trouxeram novas perspectivas
sobre a vida, inclusive, àqueles
que, como eu, perderam
movimentos, mas continuam
com a alma inquieta.
Funcionalidade
mordaz, a pessoa com EM, muitas vezes,
(CIF) e levará em consideração a
Contudo, para desfrutar do que a vida
não encontra em seu entorno apoio para
funcionalidade da pessoa e o contexto
tem de melhor é preciso ter acesso à saúde,
lidar com os sintomas velados da doença e
ao qual ela está inserida.
ao trabalho, ao lazer, a bons ares... Afinal,
as reações de medicamentos que a debilitam.
Conviver com um paciente de EM
Por isso, é tão importante que no trabalho
exige tolerância para lidar com o intangível.
ela encontre compreensão por parte dos
O preconceito ainda é uma barreira a ser
empregadores para adequar a carga horária
derrubada para que essas pessoas tenham
ao seu tratamento.
mais atenção, respeito e qualidade de vida,
o estresse também ajuda a desencadear
surtos da doença.
*Mara Gabrilli é Deputada Federal e foi a
primeira titular da Secretaria Municipal da
Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida
(SMPED), criada em abril de 2005
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Material destinado á gestores e profissionais de saúde | Impresso am dezembro 2013 | MAX SPT 02/1113