BIOLOGIA_de_OSTRAS

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BIOLOGIA
1.TAXONOMIA:
Resumo sistematizado das ostras:
FILO: MOLLUSCA
CLASSE: BIVALVIA
FAMÍLIA: OSTREIIDAE
GÊNEROS: Crassostrea
Ostrea
ESPÉCIES: Crassostrea gigas (ostra do pacífico ou japonesa)
Crassostrea rizophorae (ostra do mangue)
Crassostrea virginica (ostra norte-americana)
Ostrea edulis (ostra plana européia)
Ostrea chilensis (ostra plana chilena)
Chave de identificação dos dois gêneros cultivados:
Gênero Ostrea:
Concha subcircular, valva inferior rasa, não encaixada sob a articulação; valva superior
plana,
opercular,
às
vezes
abaulada;
cicatriz
muscular
subcentral.
Conchas
comparativamente delgadas e duras. Habitat demaior salinidade.
Gênero Crassostrea:
Concha muito variável, usualmente alongada; valva inferior em forma de colher, funda e
encaixada sob a articulação; valva superior plana, opercular; cicatriz muscular deslocada
enm direção dorso-lateral. Comparativamente as conchas são espessas, calcárias e frágeis.
Habitat de baixa salinidade.
2. ANATOMIA E FISIOLOGIA:
Tomaremos como modelo, a ostra do pacífico Crassostrea gigas.
As ostras do Pacífico, como os demais bivalves, caracterizam-se por possuir o corpo
envolvido por duas conchas ou valvas, articuladas em sua porção dorsal por um ligamento
córneo.
O corpo pode ser dividido nas seguintes estruturas e sistemas (Figura 1):
 Concha: Composta por 3 camadas: o perióstraco, camada externa de composição
proteica e 2 internas compostas de carbonato de cálcio (CaCO 3). A mais interna que, se
encontra em contato com o corpo, é brilhante e dura e é chamada de camada nacarada ou
nácar.
O formato da concha é variável e depende do ambiente onde as ostras crescem.
Geralmente, a valva inferior ou esquerda é maior e mais côncava, enquanto a valva
superior ou direita é mais plana.
Em uma das extremidades da ostra existe uma protuberância denominada umbo, local
onde as valvas se encontram unidas pelo ligamento.
 Músculo adutor: Encontra-se unido a ambas as conchas, sendo o responsável pelo
fechamento das mesmas. Este músculo atua contra a pressão exercida pelo ligamento e
quando está relaxado, as valvas encontram-se abertas.
 Brânquias: Compostas por filamentos, são responsáveis pela respiração e filtração do
alimento. As partículas de alimento retidas nos filamentos branquiais são conduzidas
através de batimentos ciliares até os palpos labiais e posteriormente à boca.
 Manto: Camada de tecido que recobre o corpo, exceto na região do músculo adutor.
Possui a margem composta por 3 dobras: interna, média e externa. A dobra interna
contém músculos radiais e circulares; a dobra média contém células sensoriais e a externa
contém células responsáveis pela deposição de carbonato de cálcio e formação da
concha.
A borda do manto é responsável pelo controle do fluxo de água que passa pelo interior do
organismo.
 Sistema Digestivo: O alimento é levado pelos palpos labiais até a boca, que se encontra
ligada ao estômago por um curto esôfago. A partir do estômago, o alimento segue para os
divertículos digestivos e intestino. No início deste encontra-se uma pequena estrutura de
consistência gelatinosa e coloração amarelada denominada estilete cristalino, cuja função
é auxiliar a digestão. O intestino termina no ânus, que se localiza na câmara cloacal,
próximo ao músculo adutor.
 Sistema Circulatório: É do tipo aberto, composto por veias, artérias, coração, pericárdio
e seios tissulares, por onde circula a hemolinfa.
 Sistema Nervoso: Bastante simples, composto por 2 pares de gânglios de onde partem
cordões nervosos, que se distribuem pelo corpo.
2.1.ALIMENTAÇÃO E DIGESTÃO:
A ostra é um animal filtrador, capaz de ingerir partículas em suspensão na coluna d’água,
como materiais orgânicos, inorg^nicos e principalmente fitoplâncton.
Os cílios branquiais produzem uma corrente de água até o interior do animal, enviando as
partículas em suspensão até os filamentos branquiais, onde são retidas e levadas por
batimentos ciliares até os palpos labiais.
Nos palpos labiais ocorre a primeira seleção alimentar. É aí que patículas de tamanho
inadequado ou materiais inertes e excesso de alimento são agregados com um muco,
sendo eliminados na forma de pseudofezes.
Dos palpos labiais, as partículas selecionadas são encaminhadas até a boca. A boca é
ligada ao estômago por um curto esôfago
O estômago encontra-se conectado a uma série de túbulos denominados divertículos
digestivos. Essa área é visível em ambos os lados do corpo da ostra e toma uma coloração
verde-escura ou quase preta quando o alimento é abundante e uma coloração marrom-clara,
quando o alimento é escasso.
Após o estômago vem o intestino. Em seu início encontra-se uma pequena estrutura em
forma de túbulo de consistência gelatinosa e coloração amarelada denominada estilete
cristalino. Em uma ostra de tamanho médio o estilete pode ter de 2 a 3cm e alguns acreditam
erroneamente que se trata de um verme infectndo a ostra. Esta estrutura tem a função de
auxiliar na digestão e pode se dissolver após a ostra ser retirada da água. O intestino termina
no ânus, o qual localiza-se na câmara cloacal, próximo ao músculo adutor.
Ao final desse processo, o material não absorvido é eliminado na forma de fezes através do
ânus.
2.2. REPRODUÇÃO:
As ostras da espécie Crassostrea gigas, apresentam sexos separados, as fêmeas
produzem ovócitos e os machos espermatozóides. Porém, em cada estação de desova, os
organismos podem mudar de sexo, sendo então denominados hermafroditas seqüenciais.
Portanto, um mesmo indivíduo pode desovar como macho em uma estação e como fêmea
na seguinte desova, e assim sucessivamente.
O processo de formação de gametas envolve uma série de etapas e é denominado
gametogênese (oogênese para os ovócitos e espermatogênese para os espermatozóides).
Nas espécies do gênero Crassostrea, os gametas são liberados diretamente para o meio
externo, onde ocorre a fecundação. Já no gênero Ostrea, a fecundação ocorre no interior da
cavidade palial das fêmeas.
2.3. CICLO DE VIDA
Depois que se dá a fecundação, ocorre o desenvolvimento embrionário. As células vão se
dividindo e depois de 12 a 18 hs, há a formação de uma larva livre-natante, denominada
trocófora. Passadas 24hs da fecundação a larva assume o formato de “D”, chamando-se
larva D ou véliger. Essa larva já possui a capacidade de se alimentar, com o auxílio do
vélum, que também serve para natação. Quando completam 14 a 18 dias, as larvas
começam a deixar de ser planctônicas e sofrem modificações morfológicas, como o
aparecimento de uma mancha ocular e do pé. Agora denominam-se pedivéliger e começam
a procurar um substrato ideal para se fixarem. Assim que se fixam, sofrem uma
metamorfose, assumindo a forma definitiva de uma ostra, tendo porém, um pequeno
tamanho. Neste substrato elas crescem até atingirem o tamanho comercial.
OBTENÇÃO DE SEMENTES
Geralmente, sementes podem ser obtidas de duas maneiras: através de captação em
ambiente natural ou de produção em laboratórios, denominados “hatcheries”.
A produção de sementes em “hatcheries” é considerada um processo caro, exigindo altos
investimentos em equipamentos, instalações e mão de obra especializada e qualificada,
além dos gastos de operação e manutenção. Essa produção em laboratório é justificada
quando a captação em ambiente natural é insuficiente, quando se trata de uma espécie
exótica, como é o caso da Crassostrea gigas, ou quando a espécie a ser cultivada possui
alto valor comercial.
Quando se trabalha com uma espécie exótica, que não se reproduz naturalmente na
região em questão, há a necessidade de realizar a desova induzida artificialmente, para a
obtenção de sementes.
No Laboratório de Cultivos de Moluscos Marinhos (LCMM), da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), realiza-se entre outras atividades, a produção de sementes destas
ostras.
O processo produtivo envolve uma série de aspectos específicos, que aqui não serão
abordados com detalhes. Os interessados em aprofundar os conhecimentos poderão entrar
em contato com os técnicos ou professores do LCMM.
De maneira geral, podemos dividir o processo de produção de sementes de ostras em 8
etapas:
1. Produção de fitoplâncton marinho em escala massiva:
O fitoplâncton produzido será utilizado como alimento tanto para reprodutores, como para
larvas e pré-sementes. As espécies produzidas geralmente são : Chaetoceros gracilis, C.
milleri, C. Calcitrans, Isochrysis galbana, Tetraselmis tetrateli.
2. Manejo e acondicionamento de reprodutores:
Manutenção de um estoque de ostras adultas, que permanecem em estruturas de cultivo
no mar, ou em alguns períodos, sob condições controladas em laboratório. Esses
reprodutores, quando sexualmente maduros, são utilizados para desova.
3. Indução à desova:
É o processo pelo qual os reprodutores são induzidos a liberar gametas. Existem variados
métodos de indução, mas os mais freqüentemente usados são o choque térmico, exposição
ao ar, adição de peróxido de hidrogênio (H202), ou combinações destes.
Quando os indivíduos começam a desovar, verifica-se o sexo de cada um, para separar
machos de fêmeas em recipientes distintos. Ao final da desova, realiza-se a união dos
gametas masculinos e femininos em proporções adequadas, para que ocorra a fecundação.
4. Cultivo larval ou Larvicultura:
Essa etapa tem a duração de 20 a 21 dias, podendo variar um pouco. Nessa fase ocorre o
desenvolvimento larval. Os organismos permanecem em tanques com água marinha e são
alimentados com fitoplâncton diariamente.
5. Assentamento larval:
As larvas estão prontas para fixação alguns dias após entrarem na fase de pedivéliger.
São retiradas dos tanques de cultivo larval e colocadas nos tanques de fixação, permitindo
que as larvas sofram o processo de assentamento e metamorfose. Há diferentes técnicas
empregadas, mas geralmente utiliza-se o pó de concha ou conchas de ostras inteiras como
substrato para assentamento.
6. Cultivo de pré-sementes em laboratório:
As pequenas ostras recém fixadas são denominadas pré-sementes ou “spats”, e
continuam sendo cultivadas em laboratório por mais ou menos 2 a 4 semanas, sendo
selecionadas através de peneiramento.
7. Cultivo de pré-sementes no mar:
As pré-sementes permanecem em estruturas no mar, sendo manejadas para limpeza,
retirada de predadores e separação das maiores. São levadas para caixas maiores até
atingirem 5 cm, quando são consideradas sementes ou ‘seeds”.
8. Manejo de sementes:
De acordo com a necessidade dos produtores, as sementes são retiradas do mar,
peneiradas e selecionadas por tamanho. Passam por uma contagem através de sub
amostras e são embaladas para serem entregues aos cultivadores.
LIMITES DE TOLERÂNCIA
A ostra do Pacífico Crassostrea gigas desenvolve-se bem nos mais variados
ambientes costeiros. Porém , para um investimento seguro neste setor, fatores ambientais
limitantes ao seu crescimento devem ser considerados na escolha do local para cultivo. Entre
outros, além da poluição, clima e geografia do local, fatores como salinidade e temperatura
da água são de extrema importância e merecem atenção especial.
 Salinidade
Os melhores desempenhos em termos de crescimento de C. gigas foram registrados
em salinidade de 18 a 32 ‰. O cultivo desta espécie também pode ser realizado em
salinidade inferior ou superior, porém, seu crescimento é prejudicado.
Em ambientes costeiros, regimes de chuvas e marés podem provocar variações
diárias na salinidade. Contudo, maiores cuidados devem ser tomados nas proximidades de
rios e em manguezais, onde a salinidade pode ser mantida a valores próximos de zero por
longos períodos.
 Temperatura da água
A ostra do Pacífico Crassostrea gigas é uma espécie de clima temperado,
desenvolvendo-se melhor em temperaturas semelhantes às do ambiente de origem. Em
nossas águas, esta temperatura é encontrada durante o inverno, quando pode alcançar
valores de até 14,5°C. Durante o verão, quando a temperatura está em torno de 28°C, as
ostras parecem interromper o crescimento.
A temperatura elevada em ambientes que apresentam alta produtividade primária e
fundo lodoso, poderá ocasionar mortalidade em massa, fenômeno também conhecido como
mortalidade de verão. Nestes locais, recomenda-se que a colheita seja feita anteriormente a
este período.
Inimigos das Ostras
Estes são considerados um dos aspectos mais importantes relacionados ao cultivo de
bivalves, uma vez que, sem um conhecimento da atividade desses organismos assim como
das medidas preventivas e tratamento, não é possível alcançar êxito na atividade. Os
inimigos das ostras podem são aqui divididos em 3 grupos( predadores, competidores e
enfermidades), destacando-se os principais inimigos da ostreicultura para o Estado de Santa
Catarina.
Predadores:
São organismos que matam as ostras utilizando-se de sua massa visceral para
obtenção de energia para manutenção de suas atividades, os mais freqüentes são:
a. Planaria Marinha:
São vermes achatados bentônicos que quando formam-se em indivíduos jovens,
passam a praticar o hábito bentônico e caçar suas presas.
A partir do verão até o outono é comum constatar a presença desses organismos no
interior de ostras jovens ou mortas. A espécie mais incidente no estado é a
Stilochoplana divae.
O controle das planarias pode se dar através da imersão em água doce, onde estes
organismos não resistem mais do que 30 minutos aproximadamente.
b. Caramujo-Peludo:
Moluscos da classe gastrópodes, que ao penetrarem no interior da presa, com
aproximadamente 2 a 3 mm, iniciam a predação das ostras.
Depois de predada a 1ª ostra, este caramujo insere a sua probóscide entre as valvas
de outra presa iniciando uma nova predação. As espécie mais incidente no Estado é o
Cymatium partenopeum.
Atualmente o controle destes gastrópodes se dá através de remoção manual e
observação do aparecimento do caramujo na lanterna de cultivo quando é realizado o
manejo, tentando não permitir que este prede muitas ostras.
c. Caramujo-Liso:
Pertencente também à classe gastrópodes, apesar da literatura citar que esta espécie
pode causar grande prejuízo a ostreicultura, não ocasiona perdas consideráveis no
Estado, onde a espécie mais incidente é a Thais haemastoma.
Os métodos de controle mais indicados são os mesmos para o caramujo-peludo.
d. Crustáceos decápodes:
Bentônicos, omnívoros e vorazes, estes organismos possuem duas quelas(garras)
onde ma é adaptada para esmagar e a outra para cortar. Depois de esmagada, a
massa visceral é recolhida pelos acessórios bucais e consumida. As espécies mais
incidentes no Estado são os siris do gênero Callinectes sp e o caranguejo-goiá.
O controle deve ser realizado através de captura sistemática usando armadilhas com
iscas. Por outro lado o tamanho da abertura da malha das lanternas já promove uma
barreira física dependendo do tamanho destes animais.
e. Caramujinho:
Moluscos gastrópodes da família Piramidellidae, causam principalmente danos na fase de
sementes.
Através da penetração da probóscide no manto e na massa visceral, estes organismos se
alimentam do fluído do corpo dos seus hospedeiros produzindo mudanças morfológicas,
fisiológicas e podendo levar as ostras à morte. A sua presença é muito comum no verão.
O método de controle mais indicado é a imersão em água doce e o peneiramento semanal
das sementes durante os períodos de maior incidência desses parasitas.
Predadores que atacam as conchas:
Alguns organismos marinhos fazem da concha da ostra o seu habitat, podendo
conferir aspecto negativo à concha depreciando o produto e enfraquecendo a concha ou,
segundo alguns autores, promovendo desvio de energia reduzindo o seu crescimento e
engorda, os mais freqüentes são:
a. Polidora:
Este poliqueta(polidora sp) reveste-se de um potencial problema à ostreicultura em
Santa Catarina.
Durante o período de infestação, desde o fim da primavera até o outono, as ostras
apresentam-se fracas, magras, de aspecto desagradável e de grande quantidade de
bolhas de lodo, o que, mesmo não impossibilitando-as para o consumo, reduz a
possibilidade de comercialização.
Os métodos de controle mais empregados são exposição ao ar e ao sol, transporte
para locais com menor incidência e imersão em água doce.
b. Broca-de- Ostra:
Moluscos bivalves da família Mitilidae, estes organismos pertencentes ao gênero
Littophaga sp, a medida que crescem, tendem a levar a ostra a morte, através de
perfurações que atingem a parte interna da mesma.
Devido à escassez de referências bibliográficas, maiores estudos precisam ser
realizados para determinação de um método de controle.
c. Cliona:
Os poríferos do gênero Cliona sp penetram nas conchas de ostras deixando-as bastante
perfuradas com inúmeros orifícios. A infestação é mais intensa em áreas com maiores
salinidades.
Em Santa Catarina, apenas ostras velhas foram observadas com a infestação e geralmente
provenientes de região de mar aberto.
O manejo do cultivo é o método de controle mais eficiente, já que funciona como medida
preventiva.
Competidores:
São organismos que possuem os mesmos hábitos alimentares que as ostras, competindo
por espaço, alimento, oxigênio, etc.
Em Santa Catarina, em pesquisa realizada pelo LCMM, 37 espécies de organismos foram
encontradas sendo consideradas as mais importantes do ponto de vista de intensidade e
freqüência de incrustação as seguintes: OSTRAS NATIVAS( Crassostrea rhizophorae e
Ostrea equestris); CRACAS(Balanus improvisus); BRIOZOÁRIOS( Bugula sp e Schizoporela
sp) e ASCÍDEAS( Styella plicata e Symplegma viride).
Os métodos de controle são exposição ao ar livre e sol, imersão em água doce, remoção
mecânica ou limpeza através de forte jato de água fornecido por motobombas ou
hidrocompressores.
Enfermidades:
Entre as doenças que ocorrem nas ostras cultivadas em Santa Catarina, somente uma foi
possível ser diagnosticada. Trata-se da mortalidade em massa de verão(MMV).
Existem 2 hipóteses para justificar este fenômeno, a 1ª é o estresse relacionado com o
excessivo desenvolvimento gonádico e a 2ª podendo ser provocada por organismo
patogênico.
A sintomatologia descreve animais moribundos ou exibindo fraco fechamento das valvas.
O controle deve ser feito em áreas sujeitas à esta doença, a limitar o cultivo até o início do
verão.
Enfermidades por Parasitas:
Parasitas são organismos que se utilizam das ostras para a sua manutenção, podendo levar
a sua morte devido à alta taxa de infestação.
Dentre estes podemos encontrar o caranguejinho das ostras(Pinotheres ostreum). Neste
caso, as ostras infestadas mostram lesões nas brânquias que dificultam a alimentação
determinando redução na taxa de crescimento.
Bucephalus sp é um trematoda microscópico que pode ser observado nas gônadas de ostras
e mexilhões e suas cercarias interferem principalmente com a reprodução das ostras.
De uma forma geral o controle consiste em evitar as zonas infestadas ou remover as ostras
para locais não infestados.
Técnicas de Manejo em Cultivo de Ostras
O manejo é uma importante etapa do cultivo de ostras uma vez que ele vai evitar a
colmatação das malhas utilizadas nos berçários e lanternas, bem como ajudar a diminuir a
ocorrência do "fouling" e seus malefícios.
É muito importante que o material utilizado no manejo tenha uma boa durabilidade e
que tenha um fácil acesso aos animais cultivados.
 Manejo das Sementes
As sementes de ostras, com tamanho variando entre 7 e 10 mm, são acondicionadas em
estruturas com malha não superior a 1mm (berçários, fig.1). Os berçários são então
amarrados aos espinheis com mais ou menos um metro de distância entre eles, e a partir daí
sofrerão manejos semanais que consistirão de limpeza dos berçários e peneiramento das
sementes.
Limpeza e secagem dos berçários
Semanalmente os berçários são retirados dos espinheis e pendurados em ganchos ao
ar livre para que seja efetuada a limpeza dos mesmos (fig. 1). A limpeza dos berçários é feita
utilizando-se um hidrocompressor ou uma moto-bomba (fig. Wap), de forma a se conseguir
uma boa pressão de água para que a limpeza ocorra de forma rápida e eficiente. Após serem
limpos, os berçários são colocados sobre o chão para secagem ao Sol. A limpeza e secagem
dos berçários é realizada não só para evitar a colmatação da malha do berçário, como
também para retirada do "fouling". Após a secagem os berçários são transportados para o
interior do laboratório onde é realizado o peneiramento das sementes.
Peneiramento das sementes
O peneiramento é feito com intuito de separar as sementes por classes de tamanho,
uma vez que o preço do milheiro vendido aos produtores varia de acordo com o tamanho das
sementes nele contidas.
Para o peneiramento utiliza-se um conjunto de peneiras em sequência (fig. 2)
dispostas em ordem decrescente de abertura de malha, onde pequenas porções de
sementes são colocadas. O peneiramento é realizado com o conjunto de peneiras inserido
em uma caixa d’água comum.
Após o peneiramento as sementes ou retornam aos berçários (separadas por classe
de tamanho) para crescerem mais, ou são vendidas aos produtores da região.
Manejo dos juvenis e adultos
Nesta etapa os juvenis e adultos são separados através de peneiramento, e colocados
em lanternas com 5 mm e 8 mm entrenós para os juvenis e adultos respectivamente, para
que se realize a engorda nos espinheis. Durante o período de engorda, que varia de acordo
com as condições ambientais locais (temperatura, salinidade e produtividade), o manejo é
feito de maneira parecida com o manejo das sementes. Entretanto, por se tratar de
indivíduos mais resistentes (quando comparados com as sementes), a retirada do "fouling"
pode ser realizada através de raspagem manual e cultivo na variação de maré. Essas
técnicas são realizadas em conjunto com o "castigo", que é uma técnica de manejo na qual
as lanternas ficam expostas ao ar e ao sol, eliminando os organismos incrustantes menos
resistente.
Raspagem manual
Consiste em retirar os organismos incrustantes através da raspagem manual e
individual dos animais cultivados, utilizando para tal objetos de metal como facas ou
espátulas.
Cultivo na variação de maré
É realizado com a intenção de deixar as lanternas contendo os organismos cultivados
expostas ao ar durante a maré baixa. Além disso, esta técnica aproveita a energia das ondas
para provocar o choque entre as ostras dentro das lanternas, quebrando consequentemente
as conchas ou carapaças dos organismos incrustantes.
ÉPOCAS DE CULTIVO E COLHEITA
O cultivo de C. gigas usualmente tem início entre Março e Maio. É a época do ano em
que a espécie apresenta seu melhor desenvolvimento, devido ao fato da água apresentar
temperaturas adequadas. Em contrapartida, no verão a temperatura da água alcança
temperaturas elevadas e C. gigas parece interromper seu crescimento nesta estação do ano.
A época de colheita de C. gigas de cultivos iniciados durante o inverno, pode começar
em torno do quarto mês de cultivo, quando uma pequena porcentagem atinge o tamanho
comercial (8 cm) e pode ser vendida. No sexto mês, cerca de 50% do lote já atingiu o
tamanho comercial, enquanto que a outra metade estará com tamanho para venda ao final
de no máximo doze meses.
Cultivos iniciados após o inverno poderão ter seu tempo aumentado, com as colheitas
sendo iniciadas após seis meses de cultivo. Além disso, durante o verão a espécie apresenta
uma maior mortalidade, podendo causar perdas ao cultivo uma vez que os organismos só
atingirão o tamanho comercial durante esta estação do ano.
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