Laboratório de estudos de complexidade e riscos Estudos

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Complexidade do Conhecimento, territórios
e risco sanitário: conceitos de base para a
prática da vigilância sanitária.
Cristina Marques
Centro de Gestão do Conhecimento-ANVISA
Porto Alegre, 2008
I Encontro Nacional RCVISA
• FAO - EM relatório de 1974 terminava
com esta promessa: "Em seis anos não
haverá homem, mulher ou criança na terra
que tenha que ir para a cama com a
barriga vazia." E o Forum Mundial sobre
Alimentos de 1996, em Roma, concluía
assim: "No ano 2015 conseguiremos que
o número de pessoas que sofrem fome no
mundo diminua pela metade".
Questões da Complexidade
• Parte da insuficiência do conhecimento
tradicional - fragmentado, autista e incongruente
- para a descrição de realidades complexas.
• Desafio no campo da saúde pública que, apesar
de constituído por diversos saberes e ações de
ordem política, econômica, jurídica, científica
etc, caracterizou-se, nas últimas décadas, pela
segmentação do conhecimento e de suas
práticas.
• O pressuposto da complexidade aponta para o
reconhecimento de que a simplificação
obscurece as inter-relações de fato existentes
entre todos os fenômenos do universo e que é
imprescindível ver e lidar com a complexidade
do mundo em todos os seus níveis.
• Entender
os
fenômenos
relativos
à
saúde/doença
na
perspectiva
da
contextualização social, cultural, política e
econômica.
• Indeterminação
e
imprevisibilidade
(novas
determinações sociais, culturais e políticas que superam
modelos explicativos de risco. Ex: situações de conflito,
fenômenos climáticos, novas tecnologias, entre outras)
• O entendimento da “boa e antiga indicação” - O todo
não mais se constitui como soma das partes, mas pela
interação que se dá entre elas; - Religação dos Saberes
(Morin)
• A complexidade de um fenômeno de saúde será melhor
compreendida quanto maior a interação das partes
envolvidas.
Complexidade de Saberes
Pesquisa Científica
Política Econômica
Risco em
Alimentos
Direito Social
Aspectos culturais
Território na Complexidade
• O espaço é percebido pela ação do sujeito no
meio, através de sua experiência de vida,
individual e em grupo, e das opções de
interação, intervenção e exploração, segundo os
modelos políticos, culturais e econômicos
hegemônicos.
• Os eventos relacionados à saúde e à doença
estão vinculados ás conseqüências positivas e
negativas
da
interdependência
dessas
dimensões.(Quem sou eu neste espaço?)
Território e Saúde
• A construção social e histórica do “espaço
território”, os determinantes presentes nas
relações entre sujeitos, meio, cultura,
política, que formataram na história as
características “próprias” daquele lugar, e
que se expressam na rede cotidiana
daquela comunidade.
• Os fenômenos de saúde com a “cara”
daquele lugar
Território, saúde e modernidade
• O território, antes singular, complexiza-se.
Velocidade compatível com a modernidade, as
“coisas dos lugares” se modificam e se
transformam em partes de um todo global. As
“pessoas dos lugares” não são mais apenas
identidade de um só território e de sua herança
cultural: intercalam valores, idéias, trabalho e
informação _ ir e vir, simbólico e real.
• Dois cenários que se inter-relacionam e criam
um movimento dinâmico. A identidade singular
do território, a cultura alimentar, por exemplo,
pode resistir em sua singularidade, adquirindo
novas expressões e relações com sua
produção, cultivo e consumo.
• A categoria
território
está
ligada
ao
reconhecimento dos atores que dele se utilizam.
• Quais são os atores que a VISA reconhece para
a sua ação de proteção? Como é reconhecido o
território de nossa ação?
Chi non risica non guadagna (Giovanni
Botero, 1589)
• A noção de risco é variável, como também
o é a noção de saúde, ciência e
sociedade. As formas de modelo ou
métodos construídos para a sua análise e
gerenciamento, em todos os campos, são
iniciativas objetivas na tentativa de gestão
destes riscos para o seu controle e
prevenção. Então.....
• O risco é também uma construção
política, social, econômica e cultural.
(Complexidade de entendimento)
• O risco sanitário é dinâmico considerando:
• A) O território utilizado e reutilizado
(moluscos bivalves)
• B) O momento histórico e político
• C) As incertezas o mundo moderno
(transgênicos)
• “ os territórios dos riscos contemporâneos,
tanto naturais, como tecnológicos e
sociais, são em sua grande parte
consequência de escolhas políticas ou
econômicas cuja pertinência não pode ser
compreendida senão em um contexto de
uma dada época” Veyret (2007)
• “Não é possível “regular” as decisões de
consumo na vida das pessoas se não se
considerar a dependência que há entre
elas e o meio ao qual estão inseridas.”
• O modelo/método/metodologia necessário à
gestão dos riscos é objetivo que viabilizem a
operacionalização.
• Entretanto a compreensão do risco a ser
trabalhado é complexa e deve ser informada
pela realidade (social, política, cultural)• Quem opera o método é o profissional de saúde
apoiado na complexidade do risco, que por sua
vez pressupõe a interação de vários códigos
disciplinares e institucionais.
Vendedor Ambulante década de 20 no centro de São Paulo.
A necessidade de controle sobre os alimentos manifesta-se
mais fortemente quando as cidades crescem e o risco sanitário
é sempre uma ameaça para a manutenção da ordem cotidiana.
Esquema ilustrativo de aplicação dos conceitos de COMPLEXIDADE,
TERRITÓRIO e RISCO nos processos de vigilância de alimentos
Intervenções sobre os
riscos sanit ários no
alimento
Palmito
*
*
Cultivo
Processamento
*
Comercialização
*
*
Território
*
Botulismo
*
Complexidade
Território
* Risco presente em todas as fases do processo.
Quadro representativo da idéia central de COMPLEXIDADE,
TERRITÓRIO e RISCO
PALAVRAS-CHAVE
TERRITÓRIO
COMPLEXIDADE
RISCO
Espaço
Globalização
Incerteza
Cultura local
Mundialização
Instabilidade
Globalização
Fragmentação
Modernidade
Complexidade
Dependência
Controle
Risco
Interação
Não intencional
Interação
Incerteza
Insegurança
Território utilizado
Ordem e desordem
Globalização
Horizontalidades e
verticalidades
Risco
Desigualdade
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09/04/2008 - 11h18
Maré vermelha causa proibição de venda de ostras em SC
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da Folha Online
A venda de ostras e mexilhões da baía sul de Florianópolis, a principal área de Santa
Catarina no cultivo destes moluscos, está proibida desde a última quinta-feira (3).
A decisão foi tomada pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, em Brasília,
após análise da Univale (Universidade do Vale do Itajaí - SC) que constatou a
ocorrência da maré vermelha. O fenômeno consiste na proliferação de algas que
emitem toxinas, e recebe este nome porque a água adquire uma coloração
avermelhada.
Entre os dias 2 e 3 deste mês, 12 casos de infecção alimentar pelos moluscos foram
registrados em Florianópolis.
As ostras e os mexilhões retêm as toxinas produzidas pelas algas. "Eles filtram a
água do mar", explica Antônio Anselmo Granzotto de Campos, da Secretaria
Municipal de Saúde. "Os moluscos não são infectados, porque são hospedeiros."
Quando consumida pelo homem, a carne infectada das ostras e dos mexilhões pode
provocar infecção alimentar.
Prejuízo
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Cerca de 400 produtores foram afetados pela proibição da comercialização, segundo
a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).
A área contaminada é responsável por mais de 70% da produção do Estado de
ostras e mexilhões.
Santa Catarina responde por cerca de 90% da produção brasileira de ostras e
mexilhões cultivados.
Não foram registrados novos casos de infecção alimentar após a proibição da venda.
"Mancha"
A "mancha" das algas está estacionada na baía sul, segundo Granzotto. O fenômeno
não é cíclico. Em 2007, foi detectado no litoral de Santa Catarina em janeiro e em
setembro.
A suspensão é por tempo indeterminado. "O que nós podemos fazer é evitar que as
pessoas sejam contaminadas." Ele explica que o fim do fenômeno não depende da
ação do homem.
Fatores como a elevação de temperatura no mar, acúmulo de matéria orgânica (lixo
e detritos) ou mesmo circulação das correntes marítimas podem provocar a maré
vermelha. De acordo com Granzotto, a hipótese do acúmulo de lixo está descartada.
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