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A importância do recurso pedagógico para o ensino e aprendizagem de uma aluna com paralisia cerebral
Acredita-se que o uso do recurso pedagógico adaptado favorece a aprendizagem e desenvolve
diferentes habilidades, mas para que isso ocorra é necessário que os profissionais sejam capacitados, que
eles tenham equipamentos e recursos pedagógicos adequados e apoio de profissionais especializados em
educação especial.
O recurso pedagógico adaptado permite que o aluno encontre meios para interagir socialmente,
primeiramente dentro da escola na qual ele está inserido, e depois na sociedade da qual ele faz parte.
A pesquisa tem por objetivo favorecer o processo de aprendizagem do aluno com paralisia
cerebral por meio de recursos pedagógicos adaptados e verificar a importância de mobiliários e recursos
adequados para o aluno com paralisia cerebral.
O recurso pedagógico adaptado é importante para o aluno com deficiência física, pois ele pode
auxiliar a prática em sala de aula, favorecendo a aprendizagem e estimulando as potencialidades do
aluno com necessidades educacionais especiais e contribuindo para a transformação dos seus conceitos.
O deficiente possui características próprias de sua deficiência, porem estas não o impedem
de frequentar o ensino regular desde que a prática educativa seja adequada ao modo
como o aluno aprende (REGANHAN, 2006, p.21).
Segundo Manzini e Deliberato (apud MANZINI, 2008), o recurso pedagógico é construído com o
objetivo de ser algo concreto para o aluno, que ele possa manipular, e que tenha alguma finalidade
pedagógica.
Nesse sentido, Araújo e Manzini (apud MANZINI, 2008) discutem sobre a finalidade de se adaptar
um recurso:
[...] ao adaptar um recurso para o ensino de alunos com paralisia cerebral, deve-se levar
em conta, por um lado, as características motoras, cognitivas, emocionais e sociais da
criança. Por outro lado, é necessário verificar as exigências sociais, pedagógicas e físicas
impostas pelo meio.
Manzini e Deliberato (apud MANZINI, 2008) se assentam em três pontos que são necessários a
serem identificados na construção de recursos pedagógicos:
1)
As características do aluno com deficiência física, ou seja, seus aspectos físicos,
sociais, afetivos e motores;
2)
O objetivo pretendido para o ensino, ou o que se deseja ensinar;
3)
As relações entre objeto concreto e a influência de suas características no
organismo biológico, ou seja, ao construirmos um recurso pesado, estar-se-á agindo sobre
a força muscular de quem o manuseia, ou um objeto pequeno trará como consequência a
preensão em pinça.
Portanto, o material pedagógico adaptado deverá atender as características física, motora,
cognitiva e os objetivos de ensino, ou seja, o recurso foi elaborado e construído com o objetivo de se
ensinar determinado conteúdo ao aluno, buscando sempre respeitar as suas limitações, como as
extensões de braço e força muscular.
O recurso pedagógico tem por objetivo favorecer a aprendizagem, ele iria atender determinada
faixa etária, seus interesses, dificuldades e também as necessidades exigidas pelo aluno com
necessidades educacionais especiais. Favorece o aluno a pensar, estimulando sua imaginação,
aproximando-o de sua realidade e, assim, fazendo com que esse aluno contribua para sua aprendizagem
ao apresentar os estímulos recebidos através do recurso aplicado.
Segundo o Portal de Ajudas Técnicas para a Educação (BRASIL, 2002), criou-se um processo de
desenvolvimento das ajudas técnicas como orientação para os profissionais da educação, no sentido de
encontrarem soluções de objetos que auxiliem o aprendizado de pessoas com necessidades especiais.
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Cada necessidade é única e, portanto, cada caso deve ser estudado com muita atenção. A
experimentação deve ser muito utilizada, pois permite observar como a ajuda técnica desenvolvida está
contemplando as necessidades percebidas.
Segundo Reganhan (2006), o professor deveria estimular o aluno a desenvolver ao máximo suas
potencialidades; para tanto, precisaria selecionar recursos que teriam como meta o aprendizado e que
determinariam o desempenho e eficiência do aluno.
Schmitz (apud REGANHAN, 2006) cita que os recursos contribuem para o desenvolvimento da
capacidade criativa do aluno, pois
Motivam e despertam o interesse; vitalizam a atividade do aluno; favorecendo o
desenvolvimento da capacidade de observação; dão consistência ao essencial de cada
tema; reforçam a aprendizagem, possibilitando uma integração das diversas atividades;
aproximam o aluno da realidade; visualizam ou concretizam os conteúdos da
aprendizagem; fornecem material da experiência; ilustram as noções mais abstratas;
permitem a fixação das aprendizagens; oferecem informações e dados; servem para
desenvolver o domínio psicomotor; valem para experimentação concreta.
Se o recurso trabalhado e sua função forem de conhecimento do professor, poderão colaborar na
prática pedagógica a fim de promover o pleno desenvolvimento do aluno com necessidades educacionais
especiais, desenvolvendo sua potencialidade e habilidades.
Se a escola trabalhar junto com o professor, oferecendo-lhe meios para o desenvolvimento de
seu trabalho, isso se tornará um meio essencial para desenvolver a linguagem desse aluno e a
sociabilidade dele dentro do espaço no qual ele e sua aprendizagem estão inseridos.
Ao utilizar qualquer recurso material, é necessário um planejamento que tenha como objetivo a
adequada preparação do ambiente. Ele, quando bem selecionado, poderá trazer melhor aproveitamento
para os alunos nas mais diversas atividades, e desenvolver a reflexão e a compreensão (SCHMITZ apud
REGANHAN, 2006).
O professor deve conhecer como ocorre o desenvolvimento de seu aluno, quais são suas
capacidades físicas, motora, cognitivas, suas limitações, e, principalmente, conhecer e saber quais são os
objetivos que ele gostaria de atingir com esses alunos.
O planejamento e o estabelecimento dos objetivos no ensino podem ou não ser alcançados
dependendo do recurso utilizado. No entanto, existem critérios para a escolha dos
recursos, tais como, importância de respeitar as características do próprio aluno e a
necessidade de relacionar o recurso aos objetivos e conteúdos que foram préestabelecidos (MANZINI, 1999).
Em termos de progresso individual e de aprendizagem, a escola deve oferecer possibilidades
educacionais frente à diversidade de alunos que possuem peculiaridades e dificuldades (REGANHAN,
2006).
Os recursos pedagógicos devem ser adaptados sempre que necessário para atender as
necessidades do aluno com necessidades educacionais especiais, possibilitando a absorção do conteúdo
pedagógico no mesmo nível de conhecimento que os demais alunos da sala de aula.
Gonçalves (2006) aponta que, no enfoque educacional, não se deve perder de vista que:
[...] o objetivo ultimo é garantir que a criança com paralisia cerebral, da mesma forma
que as demais, consiga desenvolver ao máximo suas capacidades para alcançar uma vida
de relações [...] torna-se muito importante que, no caso, o professor estimule a criança
com comprometimento motor, procurando suprir as sua carências no seu desenvolvimento
global, criando para tanto oportunidades de experimentações, vivências e exploração com
o meio.
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Um recurso bem elaborado atinge as expectativas do professor com relação ao desenvolvimento
do aluno com necessidades educacionais especiais, principalmente quando esse aluno é bem estimulado
pelo professor, e as possibilidades educacionais oferecidas pela escola são usadas para adquirir maior
independência do aluno.
As barreiras das crianças com necessidades educacionais também se encaixam com relação ao
espaço físico; a escola também precisa adaptar o ambiente para que esse aluno possa se locomover
dentro dele com maior facilidade.
Segundo Gonçalves (2006), no que se refere ao espaço físico, é importante e necessário que a
escola busque adaptar-se para garantir o acesso e permanência das crianças com paralisia cerebral. Ela
precisa eliminar algumas barreiras arquitetônicas; as adaptações do edifício devem ser efetivadas com a
criação de rampas de acesso, instalação de barras de apoio e alargamento das portas, adaptação de piso
com antiderrapante, bem como banheiros.
Na sala de aula, além das adequações acimas citadas, são importantes as que dizem respeito ao
melhor posicionamento para as diversas atividades e às adaptações ou confecções de mobiliários
específicos; é necessário verificar o modelo da mobília, como a mesa e a cadeira na qual a criança se
senta, de maneira que o corpo fique reto; os braços devem estar apoiados, alinhados e afastados dos
lados do corpo; as mãos devem estar na frente dos olhos para melhor função durante a atividade escolar
e alinhamento do corpo; a distribuição do peso deve ser igual para os dois lados do corpo – braços,
quadris, joelhos e pés –; são necessários, ainda, cadeira de posicionamento (com encosto reto, com
encosto sextavado), cadeira de chão, cavalo de abdução, mesa com recorte, conforme sugere o
documento Saberes e práticas da inclusão: dificuldade de comunicação e sinalização, deficiência física
(BRASIL apud GONÇALVES, 2006, p. 45).
Essas adequações são importantes para todo o desenvolvimento do aluno; elas contribuirão para
as realizações das diversas atividades; outros meios alternativos também podem contribuir para esse
desenvolvimento, como é o caso da tecnologia assistiva, que seria um recurso que proporciona a
independência e autonomia da criança, e auxilia no desempenho das atividades propostas.
Denomina-se tecnologia assistiva qualquer item, peça de equipamento ou sistema de
produtos, adquirido comercialmente ou desenvolvido artesanalmente, produzido em série,
modificado ou feito sob medida, que é usado para aumentar, manter ou melhorar
habilidades de pessoas com limitações funcionais, sejam físicas, sejam sensórias
(DAMASCENO; GALVÃO FILHO, s/d apud GONÇALVES, 2006, p.46).
Sobre o nível de complexidade e custo, os recursos podem ser divididos em baixa e alta
tecnologia (COOK; HUSSEY, 2002 apud LOURENÇO, 2008). Recursos de baixa tecnologia são os mais
simples, que não fazem uso de energia e, portanto, apresentam uma função limitada, tendo como
vantagem uma maior disponibilidade, baixo custo e menos treinamento para o seu uso. Recursos de alta
tecnologia
assistiva
são
mais
complexos,
multifuncionais,
geralmente
envolvendo
sistemas
computadorizados, operados por meio de programas especiais de softwares, podendo ser usados por
alunos com deficiências de fala, alunos com dificuldade de aprendizagem, que requerem instrução
individualizada, ou alunos com deficiências motoras, que, de outro modo, não teriam acesso ao currículo,
pela falta de movimentação para manipular os materiais básicos de escrita (lápis, caderno, borracha
etc.).
Esse recurso de tecnologia assistiva tem sido de grande eficiência para alunos com necessidades
educacionais especiais, visto que eles ajudam no desenvolvimento físico, motor e cognitivo e no processo
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de ensino e aprendizagem, pois possibilitam o acesso aos diversos níveis pedagógicos, proporcionando
um aumento no rendimento do aluno e sua maior participação na escola.
No estudo, utilizou-se a baixa tecnologia assistiva, exatamente por ser um recurso de baixo
custo, com o uso de materiais disponíveis e fáceis de manusear, não exigindo nenhum treinamento por
parte da aluna para que ela pudesse usar o recurso pedagógico.
1.1 Objetivo
O objetivo do trabalho é elaborar um recurso pedagógico adequado para o ensino e
aprendizagem de aluno com paralisia cerebral e favorecer o processo de aprendizagem desses alunos por
meio de recursos pedagógicos adaptados.
1.2 Participantes
Participaram do estudo a pesquisadora e uma criança com paralisia cerebral com 4 anos, e uma
professora da sala de recurso multifuncional.
1.3 Local
A aluna com paralisia cerebral está inserida em uma escola de ensino regular na educação
infantil.
O recurso foi aplicado em uma sala de recursos, com a professora especialista acompanhando e
orientando; não há barulho das salas de aula, o que favoreceu a filmagem na aplicação do recurso.
Na aplicação do recurso, a pesquisadora foi sempre acompanhada pela professora especialista da
sala de recurso, recebendo as devidas orientações sobre como proceder com a aluna com paralisia
cerebral, por causa de sua patologia; ela explicou sobre as suas dificuldades em manusear os objetos, a
necessidade de se usar o peso de mão, para que ela diminua os movimentos involuntários do braço.
O cinto pélvico auxilia o controle do tronco da aluna na cadeira e oferece maior segurança para
sua movimentação.
2 Adequação do recurso – tamanho, forma e peso do recurso estavam adequados
para a realização da atividade
A adaptação precisa ser realizada de maneira adequada; não se deve retirar os próprios objetivos
do recurso e sim adaptar as necessidades que surgirem a fim de favorecer o ensino e contribuir para o
aprendizado (MANZINI apud REGANHAN, 2006, p. 27).
3 Tamanho do recurso utilizado para a atividade realizada pelos alunos
O recurso construído a partir do livro O SUSTO foi feito de isopor, medindo aproximadamente 4
cm de tamanho, e 11 cm de largura. O tamanho e a largura não dificultaram a atividade, pois a aluna
conseguia pegá-lo corretamente, favorecendo a aplicação, pois reduzia a dificuldade motora da aluna,
permitindo atingir o objetivo da atividade.
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Figura 1 - Fotos do Recurso Adaptado
Verificou-se que é de fundamental importância o recurso adequado às necessidades da aluna,
neste caso, o recurso deveria conter o ímã para fixar-se sobre a mesa e facilitar movimentação das
imagens sem frustrar a criança.
4 Forma do recurso utilizada para a atividade realizada pelos alunos
Na primeira aplicação, o recurso não estava adequado, pois o isopor usado era leve e liso na
parte de baixo e a mesa, por ser de metal, também era lisa; portanto, ele não se fixava na mesa; isso
fez com que ele fosse adaptado novamente, colocando-se um pedaço de placa imantada na sua parte de
baixo; como a mesa era de metal, o recurso fixava na mesa e não escorregava mais.
A própria aluna, foi capaz de perceber que o recurso não ficava fixo na mesa; ela demonstra para
a professora que ele estava escorregando, tirando, assim, a atenção da aluna com relação à história.
5 O peso do recurso estava adequado
O recurso era leve, pois seu material é o isopor; o imã foi colocado para fixar o isopor na mesa,
diminuindo o movimento involuntário dos braços da aluna. Outras dificuldades estavam relacionadas aos
movimentos involuntários da aluna; por isso foram utilizados pesos no braço para que ela não tivesse
tanta movimentação; isso a ajudaria a pegar o recurso e colocá-lo no local correto.
Figura 2 - Aluna com os pesos no braço
Na aplicação do recurso, a orientadora pergunta para a aluna participante qual é a capa do livro,
porém a aluna não se interessa, pois ela esta mostrando que o recurso não para em cima da mesa, ela
empurra o recurso adaptado para cima e deixa-o escorregar, e mostra para a orientadora, apontando
com o dedo, que o recurso não para sobre a mesa. Percebe-se no vídeo que a aluna pega o recurso e
olha na sua parte de baixo para tentar entender por que ele não se fixa na mesa.
Professora S. R: Qual que é esse aqui (capa do livro), ALUNA, qual que é? Qual que é a
capa do livro?
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Participante: mostra para a professora que o recurso não para em cima da mesa, ela
empurra o recurso na parte de cima da mesa e deixa-o escorregar.
Professora S. R: qual que é a capa do livro? Não para né?
Participante: a ALUNA balbucia tentando dizer que o recurso não para.
Professora S. R: Você viu que já nem ela quer, vamos colocar o imã.
6 Objetivo atingido e aprendizado
O objetivo foi atingido, pois a ideia era entender se a aluna conseguiria recontar a história, mas
para isso as figuras foram usadas com o objetivo de estimular a oralidade e estimular suas capacidades
motoras.
Pesquisadora: Agora ALUNA cadê todos os animais? Todos os animais? Onde está?
Participante: A ALUNA pega a figura com a imagem dos animais e mostra para a
pesquisadora.
Pesquisadora: Isso, então coloca a figura do lado do cachorro.
Professora S.R: ajuda ela.
A professora da sala de recurso pede para que a pesquisadora arrume o recurso que saiu
da ordem, pois a aluna tenta colocar a figura do lugar coreto e esbarra nas demais figuras,
mas o objetivo foi alcançado.
Professora S.R: Arruma, Haila.
Pesquisadora: Agora, ALUNA, você vai procurar para mim a bandinha de animais. Cadê a
bandinha?
Participante: mais uma vez aponta para a figura correta.
Pesquisadora: isso, então coloca a bandinha aqui do lado do cachorro, Oh... Do lado dos
animais.
Participante: a ALUNA pega o recurso mas tem dificuldade em colocá-lo no lugar correto; a
pesquisadora pega o recurso da mão da ALUNA, o coloca em cima da mesa, e pede para
ela colocá-lo no lugar.
Pesquisadora: coloca a bandinha aqui, isso.
Participante: empurra o recurso no lugar correto.
Professora S.R: Isso, pode ajudar ela, já deu a extensão de braço.
Pesquisadora: E agora todos os animais vendo a bandinha cantando a musica.
E a ALUNA pega a figura e empurra para posicioná-la na ordem correta.
As estratégias de ensino devem ser elaboradas em diferentes situações de ensino e
aprendizagem, levando-se em consideração as condições individuais do aluno (REGANHAN, 2006, p.30).
É por meio das estratégias que o professor busca meios para facilitar a aprendizagem. Para a
aplicação de um recurso, o professor pode usar diferentes técnicas, como aplicá-lo ao aluno com a ajuda
dos demais alunos da sala; elas devem ser desenvolvidas com o objetivo de favorecer ao aluno
experiências diferenciadas.
7 Estratégias de aplicação – as estratégias planejadas estavam adequadas; elas
precisaram ser redefinidas durante a aplicação do recurso
Uma estratégia de ensino planejada garante a qualidade do ensino no ambiente pedagógico; o
professor deve sempre buscar meios para a melhoria do ensino; isso ajuda a alcançar melhores
resultados.
A escolha das estratégias mais adequadas para um determinado objetivo é um dos segredos do
sucesso da aprendizagem. A escolha da estratégia adequada permite manter a participação, a motivação
e o interesse do aluno; permite integração, atende as diferenças individuais; amplia as experiências de
aprendizagem, criatividade e flexibilidade (MASSETO apud REGANHAN, 2006, p.31).
A estratégia para a aplicação do recurso busca uma melhor formação para o aluno, pois faz com
que ele se entregue à aula, favorecendo, assim, o seu processo de ensino e aprendizagem. Na aplicação
do recurso, a pesquisadora utilizou uma estratégia inicial, que foi modificada sob orientação da
professora especialista a fim de favorecer a aplicação e a avaliação adequada do recurso pedagógico
adaptado.
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8 Estratégias planejadas para aplicação do recurso pedagógico
A estratégia do recurso seria fazer com que a aluna conseguisse recontar a história observando
apenas as figuras. A aluna conseguiu recontar a história, algumas vezes precisando de um apoio da
pesquisadora, pois, por causa dos movimentos involuntários de seus braços, às vezes ela não conseguia
levar o recurso na ordem correta, muitas vezes acabava esbarrando nas partes já montadas, porém estas
permaneciam fixadas na mesa, o que motivava a aluna a continuar, não causando frustação à mesma.
A ideia era deixar na mesa três opções de imagens para que ela pudesse olhar e captar qual seria
a imagem correta para a sequência da história; em alguns casos, a pesquisadora esquecia-se de colocar
mais imagens cada vez que ela encontrava a resposta correta, fazendo com que ela conseguisse achar
facilmente a resposta.
Em alguns casos a pesquisadora acabava mostrando a resposta para a aluna sem que
percebesse. Quando a pesquisadora, contando a história, pediu para que a aluna
procurasse o cachorro, que saiu correndo ao ver o saco, a pesquisadora pega a imagem do
cachorro colada no isopor e coloca na frente da aluna, ou seja, a resposta foi dada à
aluna, mas sem que a pesquisadora percebesse.
Pesquisadora: O porco viu o saco, né, ALUNA? O porco viu o saco, ele saiu correndo, e o
cachorro? Cadê o cachorro? Ele também viu o saco.
Professora S. R: intervém na aplicação e diz: acha o cachorro, ALUNA.
Pesquisadora: acha o cachorro, ALUNA. E nesse momento a pesquisadora pega a figura do
cachorro e coloca na frente da participante.
Professora S. R: Você deu a resposta para ela.
Pesquisadora: responde que percebeu, balançando a cabeça.
Em todo momento da aplicação, a professora da sala de recurso vai orientando a
pesquisadora a colocar mais imagens para a aluna, para que ela não fique sem resposta.
9 As estratégias redefinidas durante a aplicação
Durante a aplicação do recurso, a professora especialista foi orientando a pesquisadora no modo
de falar, pois, em alguns momentos, a pesquisadora repetia insistentemente as falas, e a aluna não
conseguiu encontrar a resposta correta.
Pesquisadora: Cadê o pato que saiu correndo? O pato... O pato saiu correndo quando ele
viu o saco, ele escutou o barulho e ficou com medo, onde que está o pato? Qual que é o
pato, só o pato.
Professora S.R: Olha bem para a imagem, ALUNA, qual que é o pato?
Pesquisadora: Qual que é o pato? O pato?
Participante: Ela encontra a imagem correta.
Pesquisadora: Isso, então vamos pôr aqui em cima.
Nesse momento, a professora pediu para que a pesquisadora coloque a imagem no lugar
correto, pois a aluna não consegue devido à extensão de braço própria de sua patologia.
Estratégia de ensino é um complexo de inúmeras variáveis possíveis, é uma tomada de decisões
sobre a organização da aula, a execução, avaliação e as especificações relacionadas ao ambiente
(FRASSON apud REGANHAN, 2006, p. 30).
As estratégias de ensino, quando elaboradas, devem levar em consideração as condições e
limites do aluno, elas são os caminhos que o professor utiliza para facilitar a aprendizagem.
10 Adequação do recurso às características dos alunos – as características puderam
estimular o que se deseja em relação ao aspecto motor
Segundo Manzini (2008), ao adaptar um recurso para o ensino de alunos com paralisia cerebral,
deve-se, levar em conta, por um lado, as características motoras, cognitivas, emocionais e sociais, e, por
outro lado, as exigências sociais, pedagógicas, psicológicas e físicas impostas pelo meio.
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Para a realização desse recurso, pensou-se muito no aspecto motor da aluna com paralisia
cerebral; por isso, a história foi ampliada para que a aluna pudesse manuseá-la sem dificuldade de
preensão. O ímã permitiu a fixação do objeto na parte superior da mesa, e contribuiu ajudando a aluna
com a dificuldade de extensão de braços.
11 As características do recurso estimularam o que se desejava em relação ao
aspecto motor
Em algumas vezes, a aluna tinha dificuldade com relação à sua extensão de braços, não
conseguia alcançar a sequência que a história estava sendo colocada, exigindo, assim, um auxílio da
pesquisadora. Quando a pesquisadora coloca as três opções de imagens para ela procurar a imagem
correta em relação à história, ela consegue pegar o recurso, devido à inclinação da mesa, mas, em
algumas vezes, seu braço se limita e ela não consegue posicionar a figura na sequência desejada,
esbarrando nas outras imagens que já estavam posicionadas, porém o objetivo é atingido, pois ela
aponta a figura corretamente.
12 As características do recurso estimularam o que se desejava em relação ao
aspecto acadêmico (por exemplo, separar cores, mas o aluno não conhecia todas;
montar um quebra-cabeça, mas o aluno não conseguiu etc.)
Observou-se que o recurso pedagógico adaptado atendia ao objetivo da proposta da pesquisadora
para a criança, que era de recontar a história por meio de imagens.
Presume-se que um trabalho pedagógico requer o uso de recursos, sendo estes adaptados
quando necessário, a fim de possibilitar ao aluno deficiente a abstração dos conteúdos no mesmo grau de
conhecimento e realizar as atividades propostas com a mesma intensidade que os demais alunos da sala
(REGANHAN, 2006, p. 25).
Para um bom trabalho pedagógico, existe a necessidade de o recurso atingir o objetivo proposto
pelo professor; isso ajuda para que o aluno compreenda o conteúdo apresentado, facilitando a aplicação
da atividade e, principalmente, fazendo com que ele tenha o mesmo nível de ensino que os demais
alunos da sala.
13 Considerações finais
Por meio deste estudo, foi possível constatar a importância do recurso pedagógico adaptado para
alunos com paralisia cerebral: ele auxilia o professor e torna a sua práxis mais flexível e favorece um
atendimento mais centrado nas necessidades dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Um recurso bem elaborado irá desenvolver no aluno diferentes habilidades que contribuirão para
o seu desenvolvimento; o recurso pedagógico contribui também para a formação social desse aluno, pois
ele interage, primeiramente, dentro da escola na qual ele está inserido e, depois, na sociedade da qual
ele faz parte. E, acima de tudo, o professor deve conhecer como ocorre o desenvolvimento de seu aluno,
quais são suas capacidades e limitações, e quais são os objetivos que ele gostaria de atingir com seus
alunos com necessidades educacionais especiais.
Acredita-se que as pesquisas sobre a importância do recurso pedagógico para aluno com paralisia
cerebral, devem continuar a serem realizadas, pois há diversos problemas que devem ser investigados,
como: a falta de profissionais capacitados e recursos para manter esses alunos no ambiente escolar, de
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apoio de diferentes profissionais, de suportes à sala de recurso, e muitas outras dificuldades que são
encontradas para o atendimento adequado a esses alunos.
14 Referências bibliográficas
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