UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA À ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO MUSICAL Por: Marli Torres Kovaliauskas Orientador Prof.ª Martha Relvas Rio de Janeiro 2012 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA À ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO MUSICAL Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociências Pedagógicas Por: Marli Torres Kovaliauskas 2 AGRADECIMENTOS Agradeço Josete e Jakeline, pois foi a minha mola propulsora que apresentaram e me incentivaram a fazer o curso de Neurociências na AVM, pois há tempos tinha interesse de conhecer o funcionamento do cérebro humano. Agradeço também a todos os professores do curso que contribuíram para eu ver novos horizontes e em especial a professora Marta Relvas que com sua paixão pela neurociência é responsável pelas minhas novas plasticidades cerebrais me contaminando e me abrindo novos caminhos. 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho em especial a meu marido Juracy Bezerra, pela sua dedicação e compreensão ao êxito deste ideal, me apoiando e me conduzindo todas as aulas, não deixando desistir. Aos meus filhos Henrique, Júlia e Vitor, que souberam abrir mão dos seus momentos com a mãe, para que me realizasse pessoalmente. Nos momentos mais difíceis desta caminhada me deram inspiração e apoio. 4 RESUMO O objetivo do trabalho é demonstrar os mecanismos de funcionamento do cérebro humano mediante a comunicação, visando mostrar o comportamento do cérebro mediante a leitura, escrita e a música, tal como a neurociência o entende hoje. A música deve ser considerada uma verdadeira linguagem de expressão, que contribui na formação global da criança, além de estimular o equilíbrio, a criatividade, a sensibilidade, a autoestima. Conclui-se que a música é uma das formas mais importante da expressão humana, o que por si só justifica sua presença no processo de alfabetização. Com este trabalho também é possível avaliar a contribuição da música para a compreensão do processo ensino-aprendizagem na alfabetização e no equilíbrio psicossomático a partir das contribuições das Neurociências. Os avanços científicos parecem indicar a importância da música para facilitar a alfabetização, a atenção e o ritmo. Palavras-chaves: Alfabetização, Música e Neurociências. 5 METODOLOGIA Este trabalho constitui-se num estudo de produção teórica de pesquisadores, realizado através da metodologia de revisão bibliográfica, que revela a importância do conhecimento das bases neurobiológicas da aprendizagem, por parte de profissionais ligados à educação e à aprendizagem em geral. Focando principalmente em conteúdos informativos de como é a percepção da música pelo cérebro humano age, reforça e compõem a construção da aprendizagem. A metodologia utilizada caracteriza-se como abordagem exploratória do tema baseada em pesquisa bibliográfica de autores como Roberto Lent, Elvira Lima, Oliver Sacks, , entre outros relacionados em referências bibliográficas. 6 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 3 DEDICATÓRIA .............................................................................................. 4 RESUMO ...................................................................................................... 5 METODOLOGIA ............................................................................................. 6 SUMÁRIO .................................................................................................... 7 INTRODUÇÃO: ............................................................................................. 8 CAPÍTULO I – PROCESSO DA APRENDIZAGEM .................................................. 9 1.1 As Teorias da Aprendizagem................................................................ 10 1.1.1 – Teoria Sócio Interacionista – Vygotsky ......................................... 11 1.1.2 – A Teoria Psicogenética - Henry Wallon....................................... 13 1.1.3 - A Teoria da Construção do Conhecimento – Jean Piaget ................. 15 1.2 - Processo de Aquisição da leitura e Escrita .......................................... 18 1.3 - O Papel do professor no Processo de Aprendizagem ........................... 24 CAPITULO II – EDUCAÇÃO MUSICAL NO ENSINO FUNDAMENTEAL, UMA QUESTÃO APENAS DE CUMPRIR A LEI? .................................................................................. 27 2.1 – A Linguagem Musical ....................................................................... 28 2.2 - A Musica no Contexto Escolar ............................................................ 31 2.3 – A Música e a Alfabetização ............................................................... 34 CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA ....................................... 37 3.1 – Sistema Nervoso ............................................................................. 38 3.2 – O cerébro Humano .......................................................................... 40 3.2.1 – O Cérebro - Telencéfalo e o diencéfalo ....................................... 42 3.2.1.1 – O Telencéfalo ........................................................................ 42 3.2.1.2 - O Diencéfalo ........................................................................... 45 3.2.1.3 – O Sistema Límbico .................................................................. 47 3.3 – Tronco Eencefalo – Mesencéfalo, Ponte e Bulbo .................................. 50 3.3.1 – Mesencéfalo .............................................................................. 51 3.3.2 – A Ponte .................................................................................... 51 3.3.3 – O Bulbo ou Medula Oblonga ........................................................ 51 3.4 – Cerebelo ........................................................................................ 52 CAPÍTULO IV – A NEUROCIENCIA, A ALFABETIZAÇÃO E A MÚSICA ................... 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................... 59 INDICE ...................................................................................................... 62 7 INTRODUÇÃO: O presente trabalho busca informações sobre a importância da música no processo de alfabetização, sua aplicação e seus benefícios no desenvolvimento do indivíduo. Visto que a música, com maior ou menor intensidade está na vida do ser humano, ela desperta emoções e sentimentos de acordo com a capacidade de percepção que ele possui para assimilar a mesma. A música não é somente uma associação de sons e palavras, mas sim, um rico instrumento que pode fazer a diferença nas instituições de ensino, pois ela desperta o indivíduo para um mundo prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo que facilita a aprendizagem e também a socialização do mesmo. Através de estudos, sabe-se como o cérebro humano aprende, com ele é estimulado e segundo a neurociência, o que é acompanhado de prazer parece ficar gravado mais profundamente no espírito. Com esta pesquisa foi possível também traças um paralelo entre as teorias da aprendizagem e a neurociência. Segundo Wallon a emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos. Para neurociência revelam que as emoções estão presentes nos diversos tipos de aprendizagem, pois só se aprende com a formação de novas memórias modulados pela emoção. O sistema límbico, de onde se originam as nossas emoções, participa, dos processos de aprendizagem. Vygotsky afirma a aprendizagem se consolida fundamentalmente com a influencia do meio social e cultural. Destaca que o individuo progride pela apropriação da cultura através das interações sociais cuja vivência favorece a sua interiorização. Na vertente da neurociência as práticas culturais da infância tem a função de formar estruturas na memória da criança, bem como, através do exercício da função simbólica, acumular acervos de memória necessários para a formação da pessoa, sua identidade e sua inserção no meio social. No estudo de Piaget, constata que o desenvolvimento humano é uma adaptação ao meio e possui dois mecanismos opostos, mas complementares, que garantem o processo de desenvolvimento: a assimilação e a acomodação. Já no estudo da neurociência só há aprendizagem quando envolve a criação de novas memórias ou a ampliação de memórias já existente. 8 CAPÍTULO I – PROCESSO DA APRENDIZAGEM O ser humano realiza aprendizagem de naturezas diversas durante sua vida. Seu desenvolvimento é resultante de uma contínua transformação de sua interação com o meio. Vygotsky, ao longo dos seus estudos, preocupou-se fundamentalmente com a aprendizagem e a influência do ambiente social e cultural nos processos de aprendizagem. Para ele, a direção essencial do desenvolvimento não vai do individual para o social, mas do social para o individual. Sem deixar de reconhecer a importância fundamental da atividade individual, destaca que o indivíduo progride pela apropriação da cultura através das interações sociais, cuja vivência favorece a sua interiorização. Tal interiorização corresponde à reconstrução interna de uma operação externa e, nesse sentido, o desenvolvimento é uma sócio-construção. Para desenvolver-se saudavelmente o ser humano necessita de certos estímulos, no momento adequado e na medida certa. No caso da criança, isto é especialmente verdadeiro, tendo em vista que a criança que recebe uma estimulação inadequada pode sofrer alterações no desenvolvimento integrativo de seu organismo como ser humano. Vygotsky defende que, A atividade do sujeito é fundamental, enquanto processo de transformar o meio mediante o uso de instrumentos, destacando dois tipos de mediadores: as ferramentas que atuariam diretamente sobre os estímulos e os signos ou símbolos que modificam o próprio sujeito e, através deste, os estímulos. É a cultura que proporciona ao indivíduo as ferramentas de que necessita para modificar o seu meio, adaptando-se ativamente a ele. A cultura é constituída por sistemas de símbolos que medeiam as nossas ações, sendo a linguagem o sistema de signos mais utilizado. (2003, p. 43). Portanto, a linguagem tem um papel essencial, pois, além de ser um instrumento do pensamento, é um fator de desenvolvimento do próprio pensamento ao funcionar como instrumento de mediação entre os indivíduos e a realidade onde se inserem. O ser humano tem potencialmente um vasto caminho de desenvolvimento. A direção a ser tomada do seu desenvolvimento será fruto 9 do meio em que ele nasce, de suas práticas culturais, das possibilidades de acesso de informações existente no seu contexto e estímulos recebidos. 1.1 AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação através da interação entre as pessoas. O desenvolvimento da criança, desde que nasce, é a função da cultura e da herança biológica da espécie. Ao ter uma aprendizagem nova, a criança se vale de disposições internas do desenvolvimento e do meio lhe oferece como possibilidades para a consolidação da aprendizagem. O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. O objetivo da aprendizagem é a mudança de comportamento e este se dá no domínio cognitivo (ligados a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais); domínio afetivo, (relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos). No domínio cognitivo temos as habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e a avaliação. No domínio afetivo temos habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização e caracterização. No domínio psicomotor apresentamos habilidades relacionadas a movimentos básicos fundamentais, movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas e a comunicação não discursiva. É importante compreender o modo como às pessoas aprendem e as condições necessárias para a aprendizagem, bem como identificar o papel de um professor, por exemplo, nesse processo. Estas teorias são importantes porque 10 possibilita ao professor adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar melhor os objetivos do ensino. 1.1.1 – Teoria Sócio Interacionista – Vygotsky VYGOTSKY (2007) enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação. O princípio de mediação faz com que o indivíduo ao estabelecer relações, necessariamente precisa contar com um elemento intermediário, e essa mediação entre o sujeito e o objeto, pode sofrer a intervenção, logo, o que antes era apenas estímuloresposta, agora se tornar mais complexo com a presença do elemento mediador. Segundo VYGOTSKY (2007), o desenvolvimento principalmente o psicológico/mental (que é promovido pela convivência social, pelo processo de socialização, além das maturações orgânicas) – depende da aprendizagem na medida em que se dá por processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar. Para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem esta aprendizagem. A criança não se desenvolverá com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinho o caminho do desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi exposta. Ela é reconhecida como ser pensante capaz de vincular sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura, sendo a escola um espaço e um tempo onde este processo é vivenciado, onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos. Para VYGOTSKY (2007), há a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com que a criança se desenvolva ainda mais. 11 Quando se pretende definir a relação entre o processo de desenvolvimento e a capacidade potencial de aprendizagem, não podemos limitar-nos a um único nível de desenvolvimento. Tem de se determinar pelo menos dois níveis de desenvolvimento de uma criança, já que, se não, não se conseguirá encontrar a relação entre desenvolvimento e capacidade potencial de aprendizagem em cada caso específico. Ao primeiro destes níveis chamamos nível de desenvolvimento efetivo da criança. Entendemos por isso o nível de desenvolvimento das funções psicointelectuais da criança que se conseguiu como resultado de um específico processo de desenvolvimento já realizado (VYGOTSKY, 2001, p. 111). É justamente nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai ocorrer. A função de um educador escolar, por exemplo, seria, então, a de favorecer esta aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e o mundo. Como foi destacado anteriormente, é no âmago das interações no interior do coletivo, das relações com o outro, que a criança terá condições de construir suas próprias estruturas psicológicas. VYGOTSKY (2007) faz uma relação com o aprendizado escolar e enfatiza a importância de se conhecer o nível de desenvolvimento da criança a fim de que se possa definir o ensino para o avanço de determinada etapa intelectual, estimulando novas conquistas psicológicas, com isso, Vygotsky deixa claro o papel fundamental da escola no desenvolvimento do indivíduo, destacando o professor como sendo a personagem que interfere diretamente na zona de desenvolvimento proximal dos alunos. A convivência com grupos de pessoas possibilita a criança a observar, comparar, imitar, a fim de que ela mesma, a partir do outro, crie possibilidades de ampliar sua capacidade e consequentemente expandir o seu desenvolvimento. Partindo do princípio de que as crianças, principalmente as mais novas, possuem um comportamento determinado pelas ações concretas, Vygotsky toma o brinquedo como um elemento indispensável no desenvolvimento e aprendizagem infantil, isto porque, é nas brincadeiras, mais precisamente aquelas de “faz de conta” que se possibilita elaborar uma Zona de Desenvolvimento Proximal. VYGOTSKY (2007) afirma que o desenvolvimento da linguagem é importante para a formação do sujeito. A linguagem, para este autor é a principal mediadora dos sujeitos com o mundo, sendo, assim, essencial na constituição do sujeito enquanto humano. A linguagem apresenta a função de generalizar o 12 pensamento, assim o homem durante sua ação coletiva está sujeito à socialização, tornando-se indispensável à presença da linguagem, visando oferecer oportunidades de comunicação entre os seres humanos. De acordo com a perspectiva vygotskyiana o processo de transformação dos significados não para durante o desenvolvimento do indivíduo, pois existe a continuidade que tende a diminuir a partir das experiências vivenciadas e estas são enriquecidas e influenciadas pelos conceitos adquiridos na cultura e no conhecimento escolar. Segundo Vygotsky, a transformação dos significados das palavras está relacionada ao significado propriamente dito e ao sentido, ou seja, o significado é a compreensão das palavras de forma objetiva, enquanto que o sentido varia de acordo com as experiências vivenciadas por cada indivíduo. Para VYGOTSKY ( 2007), a elaboração de métodos eficazes de ensino para crianças só é possível quando se entende o desenvolvimento da formação de conceitos científicos. Para isso, inicialmente é necessário saber que: um conceito é mais do que a soma de certas conexões associativas formadas pela memória, é mais do que um simples hábito mental; é um ato real e complexo de pensamento que não pode ser ensinado por meio de treinamento, só podendo ser realizado quando o próprio desenvolvimento mental da criança já tiver atingido o nível necessário (VYGOTSKY, 1998, p. 104). Assim, percebe-se que o mero treino de habilidades não traz para a criança grandes avanços em seu processo de aprendizagem. É necessário um trabalho que se preocupe com as condições reais de desenvolvimento da criança, focando naquilo que ainda não foi internalizado pelo sujeito. Percebe-se, assim, que os estudos desenvolvidos por Vygotsky reconhecem a importância do desenvolvimento para a aprendizagem e que a sua relação com este é de interdependência, isto é, a aprendizagem necessita de certo grau de maturação do desenvolvimento. 1.1.2 – A Teoria Psicogenética - Henry Wallon Henry Wallon compartilha com Vygotsky a mesma matriz epistemológica, o materialismo histórico e dialético, sendo que, para Wallon, a emoção é o principal mediador, enquanto que, em Vygotsky, o sistema de signos e símbolos ocupa tal papel. 13 Segundo Wallon, a emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos. É fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois são constitutivos da atividade emocional. Wallon dedicou grande parte de seu trabalho ao estudo da afetividade, adotando, além disso, uma abordagem fundamentalmente social do desenvolvimento humano. As relações da criança com o mundo exterior são, desde o início, relações de sociabilidade, visto que, ao nascer, não tem "meios de ação sobre as coisas circundantes, razão porque a satisfação das suas necessidades e desejos tem de ser realizada por intermédio das pessoas adultas que a rodeiam. Por isso, os primeiros sistemas de reação que se organizam sob a influência do ambiente, as emoções, tendem a realizar, por meio de manifestações consoantes e contagiosas, uma fusão de sensibilidade entre o indivíduo e o seu entourage" (WALLON, 1971, p. 262) Através desta interação com o meio humano, a criança passa de um estado de total sincretismo para um progressivo processo de diferenciação, onde a afetividade está presente, permeando a relação entre a criança e o outro, constituindo elemento essencial na construção da identidade. Da mesma forma, é ainda através da afetividade que o indivíduo acessa o mundo simbólico, originando a atividade cognitiva e possibilitando o seu avanço. São os desejos, as intenções e os motivos que vão mobilizar a criança na seleção de atividades e objetos. Para Wallon (1978), o conhecimento do mundo objetivo é feito de modo sensível e reflexivo, envolvendo o sentir, o pensar, o sonhar e o imaginar. WALLON (1968) defende que, no decorrer de todo o desenvolvimento do indivíduo, a afetividade tem um papel fundamental. Tem a função de comunicação nos primeiros meses de vida, manifestando-se, basicamente, através de impulsos emocionais, estabelecendo os primeiros contatos da criança com o mundo. WALLON (1978), afirma que a criança acessa o mundo simbólico por meio das manifestações afetivas que permeiam a mediação que se estabelece entre ela e os adultos que a rodeiam. Defende que a afetividade é a fonte do conhecimento. Nesse sentido, também entende as emoções numa perspectiva genética e de desenvolvimento. Para ele, à medida que o indivíduo se desenvolve, as 14 emoções vão encontrando forma de expressão mais complexa. O que, no início, era comunicado através do corpo, com conquistas como aquisição da marcha, da linguagem oral, da intencionalidade, da capacidade de representação, etc. ganhando maior enriquecimento e complexidade nas maneiras de expressão. Surgem novas formas (palavras e ideias) além do contato corporal. As conquistas intelectuais são incorporadas à afetividade, dando-lhe um caráter cognitivo. A presença contínua da afetividade as interações sociais, além da sua influência nos processos de desenvolvimento cognitivo, influenciam também nas interações que ocorrem no contexto escolar. A afetividade se constitui como um fator de grande importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre os sujeitos (aluno) e os diversos objetos de conhecimento (áreas e conteúdos escolares), bem como na disposição dos alunos diante das atividades propostas e desenvolvidas. O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar credibilidade assuas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas. As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente. (Almeida, 1999) 1.1.3 - A Teoria da Construção do Conhecimento – Jean Piaget O objetivo de Piaget era entender como se dá o processo da construção do conhecimento, e seus processos de produção. Não apenas para uma discussão filosófica, mas sim pelo lado da ciência, apesar de não ser considerado um cientista experimental, o que lhe acarretou muitas críticas por parte da classe científica, mas utilizou uma abordagem clinica não experimental, e através de observações sistemáticas a respeito de como se construía o conhecimento, desde o nascimento de uma criança, especialmente observando seu próprio filho, produziu relevantes conhecimentos científicos no campo da psicologia do desenvolvimento. PIAGET afirma que não se pode comparar a maneira que uma criança raciocina com a de um adulto, pois a criança ainda está aprendendo 15 gradativamente o ser e estar no mundo, aprendendo com a experiência, e assim ela vai gradativamente construindo seu conhecimento, indo do menos complexo ao mais complexo, edificando neste caso a inteligência. De acordo com as considerações apresentadas por SEBER (apud RIBEIRO,1997) “o organismo interage continuamente com os objetos do meio” (p.52), e neste caso as relações desenvolvidas pela criança no ambiente em que se insere, são significativas no processo de desenvolvimento cognitivo. Segundo PIAGET a criança não é um pequeno adulto, neste caso sua inteligência é construída gradativamente, estruturando e equilibrando a sua atividade mental, que compreende aspectos motores, intelectuais, uma parte do afetivo e também as dimensões individual e social, sendo estas estruturas variáveis. O primeiro passo existente no processo do desenvolvimento humano, em que pode ser observado o processo mental, está nos movimentos / exercício, reflexo que as crianças possuem, denominado por Piaget de sensório-motores. No período sensório-motor (0 a 2 anos) a criança não elabora pensamentos, não estabelece afetividade ligada a representações de pessoas e objetos na ausência deles, ou seja, ela só manifesta suas emoções se estiver na presença da pessoa ou do objeto, constituindo-se uma inteligência prática. Neste período o desenvolvimento mental é determinante para a elaboração das subestruturas cognitivas que servirão de base para a construção de sua percepção e intelecto, também a criança reunirá um conjunto de reações afetivas elementares que irão determinar parcialmente a sua afetividade posterior. Parra PIAGET, o que marca a passagem do período sensório-motor para o pré-operatório (2 a 7 anos) é o aparecimento da função simbólica ou semiótica, ou seja, é a emergência da linguagem. Nessa concepção, a inteligência é anterior à emergência da linguagem e por isso mesmo "não se pode atribuir à linguagem a origem da lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional" (TERRA.2000). Na linha piagetiana, desse modo, a linguagem é considerada como uma condição necessária, mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é dado pela linguagem. No período das operações concretas, ente 7 e 12 anos, o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista de outros) que 16 caracteriza a fase anterior dá lugar à emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem ) e de integrá-los de modo lógico e coerente. Outro aspecto importante neste estágio refere-se ao aparecimento da capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física). Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. Para PIAGET, no período das operações formais (12 em diante) a criança, amplia as capacidades conquistadas na fase anterior, consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. A criança adquire capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia). De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta fase, o indivíduo adquire a sua forma final de equilíbrio, isto é, ele consegue alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta. Isso não quer dizer que ocorra uma estagnação das funções cognitivas, a partir do ápice adquirido na adolescência, esta será a forma predominante de raciocínio utilizada pelo adulto. Seu desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos tanto em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos de funcionamento mental. Na perspectiva construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, isto quer dizer que o conhecimento humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste em operar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento. As formas de conhecer são construídas nas trocas com os objetos, tendo uma melhor organização em 17 momentos sucessivos de adaptação ao objeto. A adaptação ocorre através da organização, sendo que o organismo discrimina entre estímulos e sensações, selecionando aqueles que irá organizar em alguma forma de estrutura. A adaptação possui dois mecanismos opostos, mas complementares, que garantem o processo de desenvolvimento: a assimilação e a acomodação. Segundo Piaget, o conhecimento é a equilibração/reequilibração entre assimilação e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo. A assimilação é a incorporação dos dados da realidade nos esquemas disponíveis no sujeito, é o processo pelo qual as ideias, pessoas, costumes são incorporadas à atividade do sujeito. É o processo cognitivo de colocar (classificar) novos eventos em esquemas existentes. É a incorporação de elementos do meio externo (objeto, acontecimento,...) a um esquema ou estrutura do sujeito. Em outras palavras, é o processo pelo qual o indivíduo cognitivamente capta o ambiente e o organiza possibilitando, assim, a ampliação de seus esquemas. Na assimilação o indivíduo usa as estruturas que já possui. A acomodação é a modificação dos esquemas para assimilar os elementos novos. É a modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das particularidades do objeto a ser assimilado. A acomodação pode ser de duas formas, visto que se pode ter duas alternativas: criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo, ou modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído nele. Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o estímulo no esquema e aí ocorre a assimilação. Por isso, a acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito sobre este, para tentar assimilá-lo. O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação. 1.2 - PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e quanto mais ciente estiver o professor de como se dá o processo de aquisição de conhecimento, de como a criança se situa em termo de desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo o seu processo de interação social, da natureza e da realidade linguística no momento em que está acontecendo á alfabetização, mais condições terá esse professor de encaminhar de forma agradável e produtiva o processo de aprendizagem da criança. 18 Alfabetização é o processo pelo qual as pessoas aprendem a ler e a escrever. Entretanto, esse aprendizado vai muito além de transcrever a linguagem oral para a linguagem escrita. Alfabetizarse é muito mais do que reconhecer as letras e saber decifrar palavras. Aprender a ler e a escrever é apropriar-se do código linguístico-gráfico e tornar-se, de fato, um usuário da leitura e da escrita. (CAGLIARI, 1989). Ler é um processo cultural. A alfabetização relaciona-se ao contexto histórico-social. É um processo dividido em várias etapas, em que se desenvolve não apenas o conhecimento da língua falada e escrita, como também a compreensão, a conscientização, o uso dos mais diversos símbolos e linguagens. A criança quando vai para a escola, já possui alguns conhecimentos sobre a leitura, pois, observa no seu cotidiano a leitura de jornais, embalagens..., ela já trabalha cognitivamente (isto é, procura compreender) desde muito cedo informações das mais variadas procedências. Quando alguém ler uma história para ela, diz-lhe que esta ou aquela forma é uma letra ou um número, escreve seu nome para ela..., essas informações são obtidas através de sua participação de atos sociais dos quais fazem parte o ler e escrever. Dessa forma, podemos verificar que essa criança quando chega à escola para aprender a ler, já viu muitas coisas escritas e provavelmente sabe que a escrita quer dizer alguma coisa, embora não perceba exatamente de que maneira os sinais escritos no papel funcionam para transmitir uma mensagem. A escola não alfabetiza, ela dá continuidade a um processo de alfabetização já em pleno desenvolvimento. (FREIRE. 1994) Segundo SOARES (2001), a criança aprende a escrever agindo e interagindo com a língua escrita, experimentando escrever, fazendo o uso de seus conhecimentos prévio sobre a escrita, levantando e testando hipóteses sobre a correspondência entre o oral e a escrita. Observa-se que, antes da aquisição da linguagem, as crianças interpretam o comportamento dos outros e respondem a eles, fazendo parte de interações que implicam reciprocidade. As crianças compreendem que as palavras não são simplesmente utilizadas em determinadas situações, mas sim que elas referem. Para que isto aconteça, elas devem dispor de representações mentais ou de conceitos que representem aquilo que a palavra denota. Todo interlocutor realiza sua própria interpretação dos enunciados dos demais a partir das representações de seu sistema cognitivo. 19 Isto é, estabelece um significado subjetivo, baseado em seu sistema de interpretação de significados. Cabe lembrar conhecimentos que prévios de as escolas cada devem criança, pois levar em assim a consideração escrita os torna-se significativa. A aquisição da escrita e o desenvolvimento das habilidades de utilização do sistema só serão adquiridos quando a criança compreender a utilidade da leitura e escrita para sua interação pessoal. No processo de alfabetização a criança irá construir o seu conhecimento sobre leitura e escrita, como sujeito ativo e pensante. Esta construção não é simples, trata-se de uma aprendizagem complexa e subjetiva, mas não solitária, pois exige uma troca de informações, estímulos e motivação. Essa apropriação do conceito da leitura e da escrita obriga o aluno a formular hipóteses e a enfrentar contradições e diferenças entre sua construção pessoal e a escrita alfabética que encontra em seu ambiente escolar e social. Segundo SOARES (2010) para que a experimentação e exploração aconteçam de forma positiva, torna-se necessário passar pelos ”erros” próprios do processo de construção de conhecimento, erros estes que são as hipóteses formuladas pela própria criança e que ajudam a avançar no processo de aquisição da escrita. Estes erros construtivos quando confrontados com as experiências convencionais, darão conflitos cognitivos que funcionam como motor da aprendizagem, isto se a criança for tratada pelo professor como capaz de pensar e fazer as atividades de leitura e escrita. (SOARES. p. 40) Na aprendizagem da leitura e da escrita as crianças têm como ponto de partida o sentido do mundo e dos objetos que a cercam, por que aprendem pensando e estabelecendo as relações sobre as características da linguagem presente a seu redor. O aspecto fundamental é a compreensão da vinculação fala / escrita, isto é, a fala é representada por sinais gráficos – as letras. Para os adultos parecem óbvio que uma palavra (agrupamento de sinais gráficos) corresponda aos sons da fala. Mas a criança precisa “reinventar” esse processo para caminhar na construção do código linguístico. Segundo FERREIRO (1995) a necessidade de representação mediante símbolos e expressa pela escrita em que o código auxilia os seres humanos no 20 processo de comunicação, instalado na sociedade letrada. Através da escrita, é possível o individuo expressar o pensamento e historicamente esta invenção assume relevante papel no processo de escolarização do ser humano. FERREIRO (apud COSTA. 1991), em sua pesquisa constatou que as crianças utilizam dois critérios essenciais para que se possa ler. O primeiro é o critério de ”quantidade suficiente de caracteres”, onde para as crianças a presença de letras por si só não é condição suficiente para que algo possa ser lido, em sua concepção só podemos ler algo que possua pelo menos três letras identificáveis, caso o contrário, ela não admite que se possa ler. Na concepção de um adulto é óbvio que uma letra é sempre uma letra em qualquer contexto que se apresente. Já a criança vê isso de outra maneira, para ela uma forma gráfica pode ser uma coisa ou outra em função do texto. Para que algo seja uma letra é preciso que esteja com outras letras. E o outro critério de leitura é “variedade de caracteres” onde a criança utiliza para que um escrito sirva para ser lido, não basta apenas que existam caracteres identificáveis como as letras. É preciso que exista certa quantidade de caracteres, variáveis entre dois e quatro, e que na maioria dos casos situa-se em três. Além desse critério, existe outro que tem grande importância: se todos os caracteres são iguais, ainda que haja um número suficiente, não significa que pode oportunizar um ato de leitura. As estruturas da inteligência se constroem progressivamente, através da contínua interação entre o sujeito e o mundo externo. Tais estruturas se organizam sucessivamente durante o desenvolvimento intelectual, são formas de equilíbrio, apresentando cada uma dessas formas um progresso com relação as que a precederam. O desenvolvimento intelectual é subdividido conceitualmente em estágios que obedecem a uma ordem sequencial necessária, verificando-se em cada um deles, o aparecimento de estruturas de conjunto que caracterizam as novas formas de comportamento que surgem. Queremos dizer que, a estrutura mental é caracterizada pela determinação precisa de algumas propriedades. FERREIRO (1986), define 4 níveis na psicogênese da alfabetização, a saber; Pré-silábico, Silábico, Silábico-Alfabético e Alfabético. No nível pré-silábico a criança não registra traços no papel com a intenção de realizar o registro sonoro do que foi proposto para a escrita. A criança ainda não consegue compreender a relação existente entre registro gráfico e aspecto 21 sonoro da fala. Neste início, as crianças produzem riscos típicos do ambiente alfabetizador. Este nível é caracterizado como pré-silábico para marcar a existência de estágios prévios onde a criança não demonstra a intenção deliberada de registrar a pauta sonora da linguagem. Possui como característica a estratégia utilizada pela criança ao reproduzir o tamanho do objeto referido, fazendo corresponder a ele um traço maior ou menor, na dependência do referente a palavra a ser escrita. Algumas crianças possui a necessidade de encontrar apoio que garanta o significado no momento da leitura e que, as fazem parecer desenho a escrita. O desenho é clara estratégia de remissão ao conteúdo registrado. Neste nível as letras, palavras, frases e textos não são claramente definidos. A criança percebe que as letras servem para escrever. Mas não sabe como isso ocorre. Na fase pré-silábica a criança acredita que as letras ou sílabas não se repetem na mesma palavra. No nível silábico a criança trabalha com a hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala, e constata que uma palavra é escrita sempre da mesma maneira, com as mesmas letras e uma mesma ordem. A definição do nível silábico é a segmentação quantitativa das palavras em tantos sinais gráficos quantas são as vezes que se abre a boca para pronunciálas. A criança neste nível escreve para cada sílaba oral uma letra e nas frases cada palavra é representada por uma letra, resolvendo temporariamente o problema da escrita. A partir daí surge o que FERREIRO e TEBEROSKY afirmam (1986) de hipótese silábica. “Este nível é caracterizado pela tentativa de dar valor sonoro a cada uma das letras que compõem uma escrita. Nesta tentativa a criança passa por um período da maior importância evolutiva: cada letra vale por uma sílaba (...) a criança dá um salto qualitativo com respeito aos níveis precedentes”. (p.193) O nível silábico alfabético ocorre o momento de transição em que a criança, sem abandonar as características anteriores, ensaia alguns segmentos da análise da escrita em termos dos fonemas (escrita alfabética). Se comparação a escrita feita pela criança neste nível com os antecedentes da concepção silábica, pode-se 22 observar a existência de acréscimo de letras, ao invés de omissão. A criança já consegue agregar mais letras à escrita, tentando aproximar-se do princípio alfabético, onde os sons da fala não registrados pelo uso de mais de uma letra. Ferreiro e Teberosky (1986, p. 196) diz que (...) “a hipótese silábica é uma construção original da criança, que não pode ser atribuída, a uma transmissão por parte do adulto”. A criança no estágio alfabético realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever. Há o alcance da legibilidade da escrita produzida, já que esta poderá ser mais facilmente compreendida pelos adultos. Este nível é o momento em que deve haver uma estruturação de vários elementos que compõe o sistema de escrita. Neste instante, há necessidade de distinguir, basicamente algumas unidades linguísticas, tais como: letras, sílabas e frases. O que a criança consegue alcançar neste nível, não significa a superação de todos os problemas, pois, ainda há um amplo conteúdo a ser dominado: as regras normativas da ortografia. Na descoberta da escrita alfabética, FERREIRO E TEBEROSKY (apud COSTA, 1996) identificam o final desta evolução, afirmando que: “Ao chegar a este nível, a criança já frequentou, a barreira do código; compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba, e realiza sistematicamente uma análise dos fonemas das palavras que vai escrever. Isto não quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas: a partir desse momento a criança se defrontará com as dificuldades própria da ortografia, mas não terá problemas de escrita, no sentido escrito”(p. 213). CHOMSKY (apud GÓES, 2009) demonstra que a criança de seis a sete anos, quando vai alfabetizar-se, já possui um notável conhecimento da língua através da qual se expressa, já demonstra total domínio sobre seus aspectos básicos. No caso da discriminação dos fonemas, por exemplo, não se trata de algo que deva ser ensinado às crianças, trata-se, sim, de fazer com que as crianças tomem consciência de uma distinção que elas já realizam ao produzir ou compreender enunciados num determinado idioma. O alfabetizando passa a ser considerado como possuidor de instrumentos que lhe permitem buscar ativamente compreender a natureza dos fatos linguísticos e não apenas responder passivamente a estímulos externos. Nessa perspectiva, também os 23 atos de leitura e escrita deixam de ser considerados como mero exercício de decodificação de letras e sons. É necessário entender a alfabetização como um processo de apropriação do conhecimento da língua escrita, em que a criança, gradativamente, irá ampliar e rever suas formas de ler o mundo e representá-lo. Com o domínio de um sistema de código, a criança ampliará indefinidamente sua possibilidade de cognição. A alfabetização, anteriormente tomada como mera atividade mecânica, individualista e desvinculada de outros conhecimentos, prioriza apenas o aspecto gráfico da língua escrita. Hoje, assumindo um sentido mais amplo, alfabetizar é interagir com o mundo por intermédio da língua escrita. Esse processo não se limita ao reconhecimento e à utilização de símbolos como simples tarefa de codificação e decodificação. Sendo a linguagem um instrumento de representação, é por ela que se expressa a visão do mundo daquele que fala. 1.3 - O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM No processo de alfabetização o papal do professor é ser mediador entre a criança e o texto (objeto de conhecimento). Nessa mediação o professor deixa de ser o único detentor e transmissor de conhecimento. Sua intervenção é planejada de forma que favoreça a ação do aluno sobre o texto. Esta mediação exige um conhecimento do processo de construção do conhecimento, para identificar o que criança já sabe, como pensa, como lê e escreve o que significa os desempenhos e como agir para que continue evoluindo para os níveis seguintes. [...] o ato de educar não é uma doação de conhecimento do professor aos educandos, nem transmissão de ideias, mesmo que estas sejam consideradas muito boas. Ao contrário, é uma contribuição "no processo de humanização". Processo este de fundamental papel no exercício de educador que acredita na construção de saberes e de conhecimentos para o desenvolvimento humano, e que para isso se torna um instrumento de cooperação para o crescimento dos seus educandos, levando-os a criar seus próprios conceitos e conhecimento. (FREIRE, 1990 apud ROCHA, 2004) Para PEIXOTO (apud ROCHA, 2005) o professor no processo de aquisição da leitura e escrita deve investigar as práticas sociais que fazem parte do cotidiano do aluno, adequando-as à sala de aula e aos conteúdos a serem 24 trabalhados; planejar suas ações visando ensinar para que serve a linguagem escrita e como o aluno poderá utilizá-la; desenvolver no aluno, através da leitura, interpretação e produção de diferentes gêneros de textos, habilidades de leitura e escrita que funcionem dentro da sociedade; incentivar o aluno a praticar socialmente a leitura e a escrita, de forma criativa, descobridora, crítica, autônoma e ativa, já que a linguagem é interação e, como tal, requer a participação transformadora dos sujeitos sociais que a utilizam; recognição, por parte do professor, implicando assim o reconhecimento daquilo que o educando já possui de conhecimento empírico, e respeitar, acima de tudo, esse conhecimento; não ser julgativo, mas desenvolver uma metodologia avaliativa com certa sensibilidade, atentando-se para a pluralidade de vozes, a variedade de discursos e linguagens diferentes; avaliar de forma individual, levando em consideração as peculiaridades de cada indivíduo; trabalhar a percepção de seu próprio valor e promover a autoestima e a alegria de conviver e cooperar; ativar mais do que o intelecto em um ambiente de aprendizagem, ser professor aprendiz tanto quanto os seus educandos; e reconhecer a importância do letramento, e abandonar os métodos de aprendizado repetitivo, baseados na descontextualização. Segundo VYGOSTSKY (apud GÓES, 2005), “a escrita deve ter significado para as crianças, uma necessidade intrínseca deve ser despertada nelas e a escrita deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida. Só então se pode estar certo de que ela se desenvolverá não como habito de mãos e dedos, mas como forma nova e complexa da linguagem”. Portanto, ao trabalhar com a música, o professor estará permitindo que a criança interaja com diversos tipos de textos de forma lúdica e prazerosa, tornando-os então mais significativos. Trabalhar com homônimos através de brincadeiras e adivinhações enriquece o vocabulário. O uso de rimas nas poesias diverte as crianças, chamando a atenção para o seu som e facilitando a relação oralidade versus escrita. A música exerce grande influência sobre a criança, por isso os jogos ritmados devem ser aproveitados e incentivados na escola. Música é linguagem. As experiências musicais favorecem a organização do pensamento da criança. Quando mais ela tem oportunidade de comparar as ações executadas e as 25 sensações obtidas através da música, mais sua inteligência e seu conhecimento vão se desenvolvendo. O trabalho com o texto é realizado visando à compreensão da função da escrita enquanto representação de palavras, para a sistematização necessária ao domínio do código escrito. A produção de textos pode ser individual ou coletiva. Uma das formas de escrita de texto individual é o próprio desenho do aluno, que permite a expressão de ideias, sentimentos e emoções. Toda representação que a criança faz, carregada de significação, é um texto. Na fase de alfabetização, a criança é capaz de produzir textos espontâneos. Nesse momento é importante deixá-la criar, não se preocupando excessivamente com a ortografia, para não destruir o estímulo à produção. A produção do texto coletivo é o momento em que cada criança tem oportunidade de expressar ao grande grupo suas ideias e vivenciar a escrita convencional feita pelo professor. O texto coletivo permite que a criança reflita sobre as linguagens oral e escrita, observando que tudo o que se diz pode ser escrito. Assim, considera-se que a produção da linguagem escrita não poderá ser um processo natural, pois sua apropriação só se efetivará por meio das relações sociais e pela interferência do professor, o qual já possui um conhecimento cientifico socialmente produzido. A leitura é uma atividade muito importante, pois é com seu auxilio que se adquirem conhecimentos para melhor compreender a realidade. É, assim, imprescindível na vida diária das pessoas, que direcionem essa leitura conforme suas necessidades e interesses. Deve-se trabalhar na escola diferentes tipos de texto, pois cada um tem uma função especifica e é escrito de forma diferenciada. A produção de um texto escrito envolve problemas específicos de estruturação do discurso, de coesão, de argumentação, de organização, de ideias e escolha de palavras, dos objetivos e do destinatário do texto etc. (CAGLIARI, 1990). 26 CAPITULO II – EDUCAÇÃO MUSICAL NO ENSINO FUNDAMENTEAL, UMA QUESTÃO APENAS DE CUMPRIR A LEI? Em agosto de 2008, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.769, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica, significa uma formação mais humanística dos estudantes, na qual serão desenvolvidas habilidades motoras, de concentração e a capacidade de trabalhar em grupo, de ouvir e de respeitar o outro. Os sistemas de ensino brasileiro têm até 2012 para se adaptarem às exigências estabelecidas. A nova legislação altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), fazendo da música o único conteúdo obrigatório, porém não exclusivo. As demais áreas artísticas deverão ser contempladas dentro do planejamento pedagógico das escolas. A educação Musical atualmente cumpre apenas um papel funcional em grande parte das escolas, onde a Educação Musical está ausente. A Arte, considerada atividade educativa com o nome de Educação Artística, na Lei 5692/71, hoje é concebida como componente curricular obrigatório em toda a Educação Básica, conforme os Artigos 26 e 32 da LDBEN 9394/96. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (vol. 6), referencial nacional para a formação escolar, apresentam a arte e suas modalidades - Artes Visuais, Teatro, Música e Dança todas com objetivos e conteúdos próprios. Entretanto, o que vemos na realidade é uma situação muito distinta. Como demonstram as pesquisas a Educação Musical não está presente nas escolas. Os professores especialistas não são suficientes para atender às necessidades, e a formação pedagógico-musical está ausente da formação de professores para os anos iniciais do Ensino Fundamental. 27 2.1 – A LINGUAGEM MUSICAL A linguagem musical está sempre presente na vida do ser humano desde muito tempo faz parte da educação de crianças e adultos. Está presente em todas as regiões do globo, em todas as culturas, em todas as épocas, ou seja, a música é uma linguagem universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço. A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela tem acompanhado a história da humanidade, ao longo dos tempos, exercendo as mais diferentes funções. Nas sociedades primitivas a música e dança expressam alegrias, tristezas, inquietações de uma comunidade. As pessoas cantavam e dançavam para expressar suas emoções; a música era indispensável à vida grupal. A música além de poderoso instrumento no auxilio ao desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócio afetivo, ajuda no raciocínio lógicomatemático, contribui para a compreensão da linguagem e desenvolvimento da comunicação, percepção de sons sutis e para o aprimoramento de outras habilidades. Além do que a música é um dos estímulos mais potentes para os circuitos do cérebro e como atividade desenvolvida essencialmente em grupo nas escolas, possui um apelo irresistível à socialização. Ela atinge a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade. Aristóteles foi um dos primeiros a propor a educação musical acreditando que “Graças a ela nós desenvolvemos uma importante qualidade em nossas personalidades” e que "pelo ritmo e pela melodia nasce uma grande variedade de sentimentos" também que "a música pode ajudar na formação do caráter" e que "se pode distinguir os gêneros musicais por sua repercussão sobre o caráter”. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente” (SNYDERS, 1992, p. 14). A música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural. A escola deve ampliar o conhecimento musical do aluno, oportunizando a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do 28 que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico. Conforme MÁRSICO (1982, p.148) “[...] uma das tarefas primordiais da escola é assegurar a igualdade de chances, para que toda criança possa ter acesso à música e possa educar-se musicalmente, qualquer que seja o ambiente sócio-cultural de que provenha”. O homem está numa atividade permanente de transformação do mundo e de si mesmo; portanto, a prática fundamental do homem tem um caráter criador. O homem cria novas necessidades e a própria vida invalida as soluções existentes. No entanto, as soluções alcançadas têm um tempo de validade. Neste tempo é que temos a repetição como atividade relativa, transitória, sempre aberta à possibilidade e necessidade de ser substituída (VÁSQUEZ, 1977). A Educação musical é um processo dinâmico que deve considerar o discurso musical dos alunos. Neste sentido, há espaço para a escolha, para a tomada de decisões, para a exploração pessoal. Segundo SWANWICK (Apud 2003): “[...] a música nasce em um contexto social; entretanto, por sua natureza metafórica, não é apenas um reflexo da cultura, mas pode ser criativamente interpretada e produzida” (p. 113). Ela existe em contextos funcionais, contribuindo para a reprodução cultural e para a integração do grupo social. Contudo, a música também tem caráter de mudança e inovação: “[...] a música não somente possui um papel na reprodução cultural e afirmação social, mas também potencial para promover o desenvolvimento individual, a renovação cultural, a evolução social, a mudança” (ibid, p. 40). A música possibilita diversidade de estímulos. Ela, por seu caráter relaxante, pode estimular a absorção de informações, isto é, a aprendizagem. As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro. WEIGEL (1988) afirma que certas atividades podem contribuir como reforço no desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança. De acordo com WEIGEL (1998) a educação musical ajuda no desenvolvimento cognitivo/ linguístico na medida em que a criança aproveita as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa 29 forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmicas musicais que permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive. As atividades musicais oferecem também inúmeras oportunidades para que o desenvolvimento psicomotor da criança, fazendo com que ela aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita. A música ajuda o desenvolvimento sócio afetiva da criança de forma que forma-se sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a autoestima e a auto realização desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da autoestima ela aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações. As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe deem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto realização. 30 2.2 - A MUSICA NO CONTEXTO ESCOLAR Na sala de aula trabalhar com a música é uma proposta que vai além do aspecto motivador, visto que abre espaço para uma diversidade de oportunidades, contribuindo para o desenvolvimento pleno da criança. Ao inserir a música na prática diária do ambiente educativo, a mesma pode tornar-se um importante elemento auxiliador no processo de aprendizagem da escrita e da leitura criando o gosto pelos diversos assuntos estudados, desenvolvendo a coordenação motor – o ritmo, auxiliando na formação de conceitos, no desenvolvimento da autoestima e na interação com o outro. A linguagem musical, assim como outras formas de linguagens, contribui para desenvolvimento integral da criança, desenvolvimento esse que ocorre simultaneamente ao processo de apreensão de conhecimentos, em qualquer atividade didática pedagógica. Quando a aprendizagem tem o envolvimento da música ela se torna significativa para a criança. Ao pensar em música como um recurso para auxiliar o processo de aquisição da linguagem oral e escrita, bem como estimulador nas expressões orais, pictóricas, corporais dentre outras, temse a clareza de que essa proposta não poderá caminhar solitária e nem considerar que a música tem um fim em si mesma, mas que está aberta a novas modificações. De acordo com os documentos do Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI): A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. (BRASIL, 1998, p. 45). Independentemente do seu papel dentro da sociedade, a música exerce forte atração sobre os seres humanos, fazendo mesmo que de forma inconsciente que nos relacionemos com ela, muitas vezes quando a ouvimos começamos a nos familiarizar, movimentando o corpo ou cantarolando pequenas partes da melodia. As crianças quando brincam ou interagem com o universo sonoro, acabam descobrindo mesmo que de maneira simples, formas diferentes de se fazer música. De acordo com Joly (2003): 31 A criança, por meio da brincadeira, relaciona-se com o mundo que descobre a cada dia e é dessa forma que faz música: brincando. Sempre receptiva e curiosa, ela pesquisa materiais sonoros, inventa melodias e ouve com prazer a música de diferentes povos e lugares. (p. 116). Em todas as culturas as crianças brincam com músicas, jogos e brinquedos musicais que são transmitidos por tradição oral, persistindo nas sociedades urbanas nas quais a formação da cultura de massa é muito intensa, pois são fontes das vivências e desenvolvimento expressivo musical (BRASIL, 1998, p.17). A música, entendida como uma linguagem artística, organizada e fundamentada, é uma prática social, pois nela estão inseridos valores e significados atribuídos aos indivíduos e a sociedade que a constrói e dela se ocupam. A linguagem musical vem sendo cada vez mais estudada e analisada, pois representa uma excelente motivação inserida na prática pedagógica das escolas. Para DELALANDE (apud PIRES, 2005), desde os primeiros dias da vida, elas são atraídas pelos sons musicais e manifestam-se de diversas maneiras, como sorrisos, interagindo com os sons através dos movimentos corporais, como palmas e toques nos brinquedos sonoros. São movimentos que se repetem e se transformam, manifestando sensações de prazer ou não conforme os sons presentes no ambiente. A música é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons, e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Amadurecem algumas capacidades de socialização, por meio da interação e utilização e experimentação de regras e papéis sociais (BRASIL, 1998). Para Brito (2003), o processo de musicalização dos bebês e crianças começa de forma espontânea, intuitivamente, através do contato com variedades de sons do nosso cotidiano. Sendo a música uma linguagem, devemos adotar o mesmo procedimento utilizado no desenvolvimento da linguagem falada, ou seja, expor a criança à linguagem musical, dialogando e encorajando atividades relacionadas com a descoberta e a criação de novas formas de expressão musical. 32 Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCN, 1998), o contado com a expressão musical desde os primeiros anos de vida é o ponto de partida para o processo de musicalização. Proporcionar vivências com as quais a criança possa ouvir, cantar, brincar de roda, brinquedos rítmicos, são atividades que estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, que é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima, autoconhecimento e integração social. A prática musical nos primeiros anos de vida poderá ser trabalhada de forma lúdica, ou seja, por meio da imitação de vozes de animais, ruídos, sons corporais, palmas, batidas dos pés, por brinquedos cantados rítmicos, cantigas de ninar, rodas e cirandas, jogos, etc. A socialização infantil precisa ser compreendida como social e coletiva, pois o desenvolvimento de apropriação de sua cultura se dá na interação com os outros. Ela entra no sistema social, ao interagir e negociar com os outros, estabelecer compreensões que ser torna conhecimento social que constrói continuamente e em conjunto. A Educação Musical, na concepção de Swanwick, é uma prática contextualizada, baseada numa relação entre professor, a criança e música, considerando a realidade, a cultura musical do aluno e o meio cultural mais amplo “A música que as crianças tocam, cantam e escutam será música real – não ‘música de escola’, especialmente manufaturada” (1993, p.29). O autor propõe a ‘conversação’ do pensamento musical de outras épocas e lugares, que pode levar à aproximação com a diversidade musical do mundo atual e ao respeito às diferenças individuais e aos grupos sociais (idem, 2003). O educador musical, nesse caso, promove trocas musicais, encontrando pontos comuns entre os diversos tipos de música para ampliar o repertório e aprofundar a relação do aluno com a música. A música na escola não se justifica apenas em função da reprodução cultural; ela precisa contribuir para a transformação e a emancipação dos alunos. Isto significa, em termos musicais, tratar a música como discurso, o que pode ser avaliado na prática musical pelo alcance das camadas material, expressão, forma e valor, pela capacidade de fazer escolhas musicais e pela fluência para uma experiência musical com sentido. Significa também um encontro com um repertório diversificado, outros estilos e culturas. 33 Para que a Educação Musical seja uma prática criadora, deve gerar um produto novo e único. Tal produto é a transformação do aluno por meio de sua relação com a música, que leva à compreensão de si mesmo, da diversidade de sua própria cultura e de culturas mais distantes e ao respeito ao outro e a sua cultura. O professor pode contribuir, trazendo a música para o primeiro plano e mediando trocas significativas, por meio da audição focada, da discussão sobre o que ouviram e sentiram, estabelecendo comparações entre a música ue eles já conhecem e outros tipos de música, para que os alunos vivam e compreendam a diversidade de sua própria cultura, bem como a das culturas mais distantes. Os conhecimentos de e sobre música, literatura podem contribuir neste sentido e são possíveis de ser desenvolvidos. 2.3 – A MÚSICA E A ALFABETIZAÇÃO Para GÓES (2009), a música atrai e envolve as crianças, pois eleva a autoestima, estimula diferentes áreas do cérebro, aumenta a sensibilidade, a criatividade, à capacidade desconcentração e ajuda na fixação de dados. Por isso está sendo cada vez mais usada pelas escolas como eixo norteador do processo de alfabetização. A criança no período de alfabetização se beneficia do ensino da linguagem musical quanto as atividades propostas que contribuem para a coordenação motora, imitação de sons e gestos, atenção e percepção, memorização, raciocínio, da linguagem e expressão corporal, enfim atividades que contribuam de diversas maneiras de adquirir conhecimentos. As músicas são fortes aliadas também na hora de ensinar as crianças a ler e a escrever. A medida que a criança tenha familiaridade com textos conhecidos e apreciados por elas facilita a alfabetização. Percebe que a combinação de determinadas letras resulta em cada uma das palavras do refrão de uma música conhecida e que é muito mais gostoso e interessante do que aprender a ler e escrever palavras isoladas. Isso aumenta a capacidade de compreensão da criança que, assim, tem mais possibilidades de interpretar e conhecer o mundo em que vive. É importante que a criança seja incentivada constantemente a se expressar na língua escrita, ainda que não domine totalmente o código 34 convencional, pois ao escrever irá adquirindo maiores conhecimentos sobre a língua, com o auxilio do professor. O uso de rimas nas poesias diverte as crianças, chamando a atenção para o seu som e facilitando a relação oralidade versus escrita. A música exerce grande influência sobre a criança, por isso os jogos ritmados devem ser aproveitados e incentivados na escola. Música é linguagem. As experiências musicais favorecem a organização do pensamento da criança. Quando mais ela tem oportunidade de comparar as ações executadas e as sensações obtidas através da música, mais sua inteligência e seu conhecimento vão se desenvolvendo. As músicas também são fortes aliadas para ensinar a ler e a escrever. A familiaridade com textos conhecidos e apreciados pelas crianças faz com que ela se expresse na língua escrita, mesmo que não domine totalmente o código convencional, pois ao escrever irá adquirindo maiores conhecimentos sobre a língua. A música sempre foi uma maneira para as crianças a lembrar de histórias e aprender sobre o mundo em torno deles. Usando a música como um estímulo pode afetar as emoções e tornar as informações mais fáceis de lembrar. A música também cria um ambiente que seja propício à aprendizagem. Pode reduzir o estresse, aumentar o interesse, e preparou o palco para ouvir e aprender. As semelhanças entre a alfabetização e o desenvolvimento musical são muitos. Portanto, o ensino que combina música com a instrução artes da linguagem pode ser o mais eficaz. Além disso, é importante experimentar muitas conexões entre a alfabetização na língua e a música. Faz-se necessário assim ampliar o conceito de alfabetização da criança, desenvolvendo uma política estética, alegre e afetiva, e que as linguagens expressivas do desenho, da música, da dança e da brincadeira sejam instrumentos simbólicos de leitura e escrita do mundo afetivo, cultural e social da criança. Reencantar a educação e a vida. Não se trata apenas de fazer dança, música ou brincadeira na escola. Tratase de uma metodologia que integre a identidade afetiva da criança como ser vivo alegre e cheio de vontade de descobrir muito mais do mundo que a cerca. A música tem como objetivo primordial criar condições e dar oportunidades de experiência e de expressão rítmica. A ênfase não recai sobre a perfeição nas 35 realizações musicais da criança, mas na alegria que ela traz e nas possibilidades de comunicação que proporciona. A música é essencialmente uma arte auditiva, que existe somente no tempo: portanto a arte de escutar exige uma atenção, sustentada e concentrada, porém muito pouco se tem feito no sentido de desenvolver nas crianças hábitos de ouvir, e se tem descuidado da compreensão auditiva. (...) “é preciso que a criança aprenda a ouvir, para poder sentir que cabe a ela recriar novamente ao repetir [...] é preciso que os que a ouvem saibam que assistem a um ato de criação”. Queluz, apud Rosa (1984: 64-65) A criança aprende brincando, experimentando, fazendo, cantando e por isso a necessidade de atividades que façam com que o movimento e o recriar sejam imprescindível para o seu desenvolvimento: afetivo, físico e psicomotor. A música desenvolve o pensamento e a linguagem, oferecendo à criança, condições de descobrir os sons que a rodeia e os sons que ela pode criar, podendo se comunicar e se expressa através deles. 36 CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA Nas últimas décadas o cérebro vem se tornando, mais que um órgão, um ator social. O espetacular progresso das neurociências, a popularização pela mídia de imagens e informações que associam a atividade cerebral a praticamente todos os aspectos da vida, e certas características estruturais da sociedade atual têm produzido no imaginário social uma crescente percepção do cérebro como detentor das propriedades e autor das ações que definem o que é ser alguém. O cérebro responde cada vez mais por tudo aquilo que outrora nos acostumamos a atribuir à pessoa, ao indivíduo, ao sujeito. Inteiro ou em partes, surgiu como o único órgão verdadeiramente indispensável para a existência do self e para definir a individualidade. Com isso, o ser humano tornou-se o que alguns definem como "sujeito cerebral". A importância das neurociências nas mais diversas áreas é objeto de pesquisas diversas que mostram como sua influência não só introduz um tema a relevância do cérebro para cada disciplina específica - como reorganiza o próprio debate interno. Ecce córtex (apud ORTEGA,2006) mostra como o cérebro adquiriu significados diferentes em áreas diversas (anatomia, psiquiatria, antropologia, psicologia, psicologia e arte), nas quais vem sendo incorporado como forma de exprimir ou encarnar princípios e programas próprios a cada uma delas. O cérebro é obviamente crucial para as propriedades que definem a personalidade humana e as trocas sociais, tais como linguagem e consciência. E o avanço das pesquisas demonstra com informações cada vez mais precisas as bases biológicas e neurais das diversas modalidades da experiência subjetiva. O cérebro humano pode fazer uma série de juízos inconscientes sobre outras pessoas, reconhecendo seus rostos, avaliando suas emoções e analisando seus movimentos numa fração de segundo. Nos últimos anos, os neurocientistas vêm mapeando as redes que possibilitam essa inteligência social e uma das mais extraordinárias descobertas que fizeram foi a de que a imagem do cérebro quando pensa sobre os outros não é nada diversa da imagem do cérebro quando pensa em si mesmo. 37 3.1 – SISTEMA NERVOSO No tecido nervoso, os neurônios são as unidades funcionais, são eles as células excitáveis cuja atividade elétrica é comunicada a outras células. Essa comunicação é direcional - ou seja, tem sentido de entrada e saída em cada neurônio - devido à estrutura dos neurônios e à distribuição de receptores e canais iônicos em sua superfície. Os neurônios tem a forma e tamanho variáveis e são constituídos por um corpo celular, ou pericário, onde se encontra o núcleo e por prolongamentos celulares, que podem ser os dendritos e axônio. Assim, neurônios recebem sinais pelos dendritos; integram esses sinais nos dendritos e no corpo celular; e, dependendo do resultado dessa integração, disparam potenciais de ação em seu axônio, que transmite a atividade aos neurônios seguintes. Como resultado da excitabilidade dos neurônios e da conectividade entre eles (axônio de um sobre os dendritos atividade dos de outros), um a neurônio influencia a dos outros - e, por sua vez, é influenciada pela atividade de dezenas, centenas ou mesmo milhares deles. Como são raríssimos os neurônios que ficam silenciosos por mais do que uns Figura 1: Neurônio (Fonte: http://aendorfina.blogspot.com;2012) poucos segundos, é possível pensar no sistema nervoso como um conjunto de neurônios permanentemente ativos, trocando sinais o tempo todo. Estes sinais são chamados de sinapse. As sinapses são as regiões de comunicação entre os neurônios, ou mesmo entre neurônios e células musculares e epiteliais glandulares. A atividade elétrica de um neurônio, distribuída por seu axônio, pode se espalhar diretamente a neurônios vizinhos que tenham contato físico (e, portanto elétrico) com aquele neurônio. Isso acontece com bastante frequência no sistema nervoso durante a gestação. No entanto, a maioria dos neurônios no sistema nervoso da criança ou adulto não tem continuidade elétrica 38 entre si: ao contrário, eles são separados por fendas, o que impede a passagem de eletricidade diretamente de um para o outro. O que permite que a atividade elétrica de um neurônio influencie a atividade elétrica do neurônio seguinte é a transmissão sináptica, o processo de transformação de um sinal elétrico em um sinal químico, e deste sinal químico de volta em um sinal elétrico, em outro neurônio. A sinapse, portanto, é esse local onde a atividade de um neurônio é capaz de influenciar a atividade do outro neurônio. Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram Figura 2: Sinapse (http://www.portalsaofrancisco.com.br,2012) em contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos são denominados sinapses. Ou seja, os neurônios comunicam-se uns aos outros nas sinapses – pontos de contato entre neurônios, no qual encontramos as vesículas sinápticas, onde estão armazenados os neurotransmissores. A comunicação ocorre por meio de neurotransmissores – agentes químicos liberados ou secretados por um neurônio. Os neurotransmissores mais comuns são a acetilcolina e a norepinefrina. Outros neurotransmissores do SNC incluem a epinefrina, a serotonina, o GABA e as endorfinas. Os neurônios não se distribuem igualmente por todo o tecido nervoso. Seus corpos celulares (que contêm o núcleo da célula) e os dendritos (que são arborizações locais) se agrupam em algumas regiões do encéfalo e da medula espinhal, que por isso adquirem uma coloração mais intensa. Na substância cinzenta, os corpos celulares dos neurônios podem ficar agrupados em camadas (e então ela se chama córtex), em aglomerados globosos (e então ela se chama núcleo), ou podem ficar dispersos, sem nenhuma organização particular (e nesse caso se diz que a estrutura é uma rede, ou retículo, ou formação reticular). Outras regiões do tecido nervoso podem conter quase exclusivamente axônios de neurônios. Quando esses axônios são revestidos de mielina, o tecido ganha uma coloração esbranquiçada, daí o nome de substância branca que essas 39 estruturas recebem. A substância branca, portanto, é uma região de conectividade entre partes do sistema nervoso. 3.2 – O CERÉBRO HUMANO Durante a evolução do ser vivo os primeiros neurônios surgiram na superfície externa do organismo, tendo em vista que a função primordial do sistema nervoso é de relacionar o animal com o ambiente. O sistema nervoso dos vertebrados tem origem no folheto embrionário mais externo do embrião, o ectoderma. Na espécie humana isto acontece na terceira semana de vida, quando parte do ectoderma se transforma no neuroectoderma, formando a chamada placa neural. Sabe-se que a formação da desta placa e a subsequente formação do tubo neural, tem importante papel à ação indutora da notocorda e do mesoderma. A placa neural cresce progressivamente, torna-se mais espessa a adquire um sulco longitudinal denominado sulco neural que se aprofunda para formar a goteira neural. Os lábios da goteira neural se fundem para formar o tubo neural. O ectoderma não diferenciado, então, se fecha sobre o tubo neural, isolando-o assim do meio externo. No ponto em que este ectoderma encontra os lábios da goteira neural, desenvolvem-se células que formam de cada lado uma lamina longitudinal denominada crista neural. O tubo neural dá origem a elementos do Figura 3: Desenvolvimento do Tubo Neural sistema nervoso central, enquanto a crista (Fonte:http://www.auladeanatomia.com,2012. dá origem a elementos do sistema nervoso periférico, além de elementos não pertencentes ao sistema nervoso. Em sua região anterior, o tubo neural sofre dilatação, dando origem ao encéfalo primitivo. Em sua região posterior, o tubo neural dá origem à medula espinhal. O canal neural persiste nos adultos, correspondendo aos ventrículos cerebrais, no interior do encéfalo, e ao canal do epêndimo, no interior da medula. 40 Durante o desenvolvimento embrionário, verifica-se que a partir da vesícula única que constitui o encéfalo primitivo, são formadas três outras vesículas: a primeira, denominada prosencéfalo segunda, mesencéfalo (encéfalo médio) e a (encéfalo anterior); a terceira, rombencéfalo (encéfalo posterior). O prosencéfalo e o rombencéfalo sofrem estrangulamento, dando origem, cada um deles, a duas outras vesículas. O mesencéfalo não se divide. Desse modo, o encéfalo do embrião é constituído por cinco vesículas em linha reta. O prosencéfalo divide-se em telencéfalo (hemisférios cerebrais) e diencéfalo (tálamo e hipotálamo); o mesencéfalo não sofre divisão e o romboencéfalo divide-se em metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo). As divisões do Sistema Nervoso Central (S.N.C) se definem já na sexta semana de vida fetal. Esquema 1 : Desenvolvimento do SNC Fonte:http://www.auladeanatomia.com,2012. O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo diencéfalo (hemisférios (tálamo e cerebrais), hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico, que se divide em: bulbo, situado caudalmente; mesencéfalo, situado cranialmente; e ponte, situada entre ambos. O sistema nervoso central é a parte do organismo de maior importância devido às Figura 4: Sistema Nervoso Central (Fonte:http://www.auladeanatomia.com,2012. 41 complexas funções desempenhadas por este sistema. Além da dificuldade de compreensão das funções desempenhadas pelo cérebro, há uma grande dificuldade de identificação estrutural dentro deste órgão: é um órgão compacto com enormes variações e classificações anatômicas. 3.2.1 – O Cérebro - Telencéfalo e o diencéfalo O telencéfalo e o diencéfalo formam o cérebro, que corresponde ao prosencéfalo. O cérebro é a parte mais desenvolvida do encéfalo e ocupa cerca de 80% da cavidade craniana. A camada cinzenta mais externa do cérebro é formada pelo corpo celular dos neurônios, ou seja, a parte dos neurônios que fazem sinapses com Figura 5: Cérebro Humano (Fonte:http://www.auladeanatomia.com,2012. vários outros neurônios. Essa camada é chamada de córtex cerebral. Devido às inúmeras sinapses (ligações entre neurônios) que ocorrem no córtex, é possível realizar as muitas funções do cérebro. 3.2.1.1 – O Telencéfalo O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, e uma pequena linha mediana situada na porção anterior do III ventrículo. Os dois hemisférios incompletamente longitudinal formado do por cerebrais separados cérebro, uma larga cujo são pela fissura assoalho faixa de é fibras comissurais, denominada corpo caloso, principal meio de união entre os dois hemisférios. Os hemisférios possuem cavidades, os ventrículos laterais direito e esquerdo, que se comunica Figura 6: Hemisférios Cerebrais (Fonte:http://www.auladeanatomia.com,2012). com o III ventrículo pelos forames interventriculares. 42 O cérebro é dividido em hemisférios esquerdo e direito, sendo o primeiro dominante em 98% dos humanos, é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. Isso porque nele estão duas áreas especializadas, a Área de Broca, córtex responsável pela motricidade da fala; e a Área de Wernick, córtex responsável pela compreensão verbal. Já o hemisfério direito é quem cuida do pensamento simbólico e da criatividade. Nos canhotos estas funções destinadas aos hemisférios estão trocadas. A conexão entre os dois hemisférios é feita pela fissura sagital ou interhemisférica, onde está localizado o corpo caloso. Essa estrutura, composta por fibras nervosas brancas (axônios envolvidos em mielina) faz uma ponte para a troca de informações entre as muitas áreas do córtex cerebral. Ambos os hemisférios possuem um córtex motor, que controla e coordena a motricidade voluntária. O córtex motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo do indivíduo, enquanto que o do hemisfério Figura 7: Corpo Caloso (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br,2012. esquerdo controla o lado direito. Um trauma nesta área pode causar fraqueza muscular ou paralisia no indivíduo. Em cada hemisfério é possível observar uma camada externa de substância cinzenta, o córtex cerebral, formado por neurônios e por células glia, e uma branca, que centro, ocupa o constituída principalmente por axônios e também diferentes cerebral quatro por células partes estão lobos glia. As do córtex divididas em cerebrais distintos: O lobo frontal que fica localizado na região da testa; o Figura 8: Lobos Cerebrais (Fonte:http://www.auladeanatomia.com,2012. lobo occipital, na região da nuca; o lobo parietal, na parte superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas regiões laterais da cabeça. 43 No lobo frontal, localizado na parte da frente do cérebro (testa), acontece o planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento abstrato. Nele estão incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal. O lobo frontal do cérebro é a parte da frente dos hemisférios cerebrais (direito e esquerdo). O córtex pré-frontal é responsável pelo raciocínio, pensamento, razão, consciência, vontade, capacidade de decisão, etc. Para realizar essas funções ele recebe impulsos nervosos de outras partes do sistema nervoso central. O córtex motor controla e coordena a motricidade voluntária, sendo que o córtex motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo do indivíduo, enquanto que o do hemisfério esquerdo controla o lado direito. Um trauma nesta área pode causar fraqueza muscular ou paralisia. A aprendizagem motora e os movimentos de precisão são executados pelo córtex pré-motor, que fica mais ativa do que o restante do cérebro quando se imagina um movimento sem executá-lo. A atividade no lobo frontal de um indivíduo aumenta somente quando este se depara com uma tarefa difícil em que ele terá que descobrir uma sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias para resolvê-la. A decisão de quais sequências de movimento ativar e em que ordem, além de avaliar o resultado, é feito pelo córtex-frontal, localizado na parte da frente do lobo frontal. Suas funções incluem o pensamento abstrato e criativo, a fluência do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e atenção seletiva. Os lobos occipitais são localizados na parte inferior do cérebro e cobertos pelo córtex cerebral, os lobos occipitais processam os estímulos visuais, daí também serem conhecidos por córtex visual. Possuem várias subáreas que processam os dados visuais recebidos do exterior depois destes terem passado pelo tálamo, uma vez que há zonas especializadas a visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância e assim por diante. Depois de passarem por esta área, chamada área visual primária, estas informações são direcionadas para a área de visão secundária, onde são comparadas com dados anteriores, permitindo assim o indivíduo identificar, por exemplo, um gato, uma moto ou uma maçã. O significado do que se vê, porém, é dado por outras áreas do 44 cérebro, que se comunicam com a área visual, considerando as experiências passadas e nossas expectativas. Isso faz com que o mesmo objeto não seja percepcionado da mesma forma por diferentes indivíduos. Os lobos temporais se localiza na zona acima das orelhas e com a função principal de processar os estímulos auditivos encontram-se os lobos temporais. Como acontece nos lobos occipitais, as informações são processadas por associação. Quando a área auditiva primária é estimulada, os sons são produzidos e enviados à área auditiva secundária, que interage com outras zonas do cérebro, atribuindo um significado e assim permitindo ao indivíduo reconhecer ao que está ouvindo. Os lobos parietais estão localizados na região superior do cérebro, constituídos por duas subdivisões, a anterior e a posterior. A primeira, também chamada de córtex somatossensorial, tem a função de possibilitar a percepção de sensações como o tato, a dor e o calor. Por ser a área responsável em receber os estímulos obtidos com o ambiente exterior, representa todas as áreas do corpo humano. É a zona mais sensível, logo ocupa mais espaço do que a zona posterior, uma vez que tem mais dados a serem interpretados, captados pelos lábios, língua e garganta. A zona posterior é uma área secundária e analisa, interpreta e integra as informações recebidas pela anterior, que é a zona primária, permitindo ao indivíduo se localizar no espaço, reconhecer objetos através do tato etc. 3.2.1.2 - O Diencéfalo O diencéfalo é uma estrutura ímpar que só é vista na porção mais inferior de cérebro. Ao diencéfalo compreendem as seguintes partes: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo, todas relacionadas com o III ventrículo. O diencéfalo, formado por vários núcleos. conjunto, Os maiores formam são os o tálamo, que, em passagem Figura 9: Diencéfalo (Fonte: http://www.cerebronosso.bio.br,2012. obrigatória para quase toda a informação que é encaminhada ao córtex cerebral. Abaixo dele fica o hipotálamo, estrutura vital que recebe o tempo todo 45 informações sobre o estado funcional do corpo e regula todos os sistemas que são capazes de modificar o funcionamento do corpo, inclusive através do comportamento. Acima do tálamo fica a glândula pineal, ou epitálamo, que também ajuda a integrar o funcionamento de corpo e cérebro. O diencéfalo é uma estrutura que fica situada no “centro” do encéfalo, isto é, entre o tronco cerebral e o telencéfalo e abaixo do corpo caloso. É formado pelo o hipotálamo. Sua importância se deve sobre tudo, a sua relação com a hipófise, a qual regula o funcionamento hormonal do corpo. Segundo GAZZANIGA (2005), o hipotálamo é uma das regiões mais vitais do cérebro. Ele recebe input e projeta sua influencia para quase todas as partes do corpo. Está ligado a motivação e comportamentos que foram gerados por esta. O hipotálamo se relaciona com a medula espinhal por onde governa muitos órgãos e funções internas e também controla a hipófise ou a glândula pituitária, a qual comanda outras glândulas do organismo produzindo um efeito cascata. O hipotálamo é imprescindível para a regulação hormonal. Outra característica do hipotálamo é comandar o desenvolvimento sexual e reprodutivo. O hipotálamo também responsável pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balanço de água no corpo, o sono e está envolvido na emoção. Tem amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Aceita-se que o hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. O tálamo, com comprimento de cerca de 3 cm, compondo 80% do diencéfalo, consiste em duas massas ovuladas pareadas de substância cinzenta, organizada em núcleos, com tratos de substância branca em seu interior. Em geral, uma conexão de substância cinzenta, une as partes direita e esquerda do tálamo. Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para 46 o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexões com outras estruturas do sistema límbico (que regula as emoções). O Epitálamo ajuda a integrar o funcionamento de cérebro. Seu evidente é glândula endócrina corpo elemento a glândula de e mais pineal, forma piriforme, ímpar e mediana, que Figura 10: Estrutura do Diencéfalo (Fonte: http://www.salonhogar.net,2012. repousa sobre o tecto mesencefálico. No epitálamo localiza-se a glândula pineal (órgão endócrino) que secreta a melatonina desempenhando importante papel no ritmo diário e no sono. 3.2.1.3 – O Sistema Límbico O sistema límbico é um grupo de estruturas que inclui hipotálamo, tálamo, amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas estas áreas são muito importantes para a emoção e reações emocionais. O hipocampo também é importante para a memória e o aprendizado. Sua função está ligada ao comportamento emocional, memória, aprendizado, emoções e vida vegetativa. Em 1937, o neuroanatomista James Papez publicou seu trabalho que propunha uma nova teoria para explicar o mecanismo Figura 11: Circuito de Papez da emoção. Este mecanismo envolveria as (Fonte: http://www.alfinal.com 2012.) estruturas do lobo límbico, hipotálamo, tálamo, amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo, hoje conhecido como circuito de Papez. Estas estruturas compreenderiam um mecanismo harmonioso, que não só elaboraria o processo subjetivo central da emoção, mas também participaria de sua 47 expressão. Estruturas do lobo límbico, do hipotálamo e do tálamo, todas unidas por um circuito. Estas estruturas compreenderiam um mecanismo harmonioso, que não só elaboraria o processo subjetivo central da emoção, mas também participaria de sua expressão. As estruturas envolvidas com a emoção se interligam intensamente e que nenhuma delas é exclusivamente responsável por este ou aquele tipo de estado emocional. As amigdalas cerebrais são pequenas estruturas em forma de amêndoa, situada inferior dentro do da lobo região antero- temporal, se interconecta com o hipocampo, os núcleos septais, a área pré-frontal e o núcleo dorso-medial do tálamo. Essas conexões garantem seu importante desempenho na mediação e controle das atividades emocionais de ordem Figura 12: Localização da amigdala cerebral (Fonte:http://www. http://cienciahoje.uol.com.br ,2012. maior, como amizade, amor e afeição, nas exteriorizações do humor e, principalmente, nos estados de medo e ira e na agressividade. A amigdala é fundamental para a autopreservação, por ser o centro identificador do perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situação de alerta, aprontando-se para se evadir ou lutar. A destruição experimental das amigdalas (são duas, uma para cada um dos hemisférios cerebrais) faz com que o animal se torne dócil, sexualmente discriminativo, afetivamente descaracterizado e indiferente às situações de risco. O estímulo elétrico dessas estruturas provoca crises de violenta agressividade. Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. Ele sabe quem está vendo mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão. Localizada na profundidade de cada lobo temporal anterior, funciona de modo íntimo com o hipotálamo. É o centro identificador de perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situação de alerta, aprontando-se para fugir ou lutar. 48 Hipocampo é uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro humano, considerada a principal sede da memória e importante componente do sistema límbico. Além disso, é relacionado com a navegação espacial. Esta estrutura parece ser muito importante para converter a memória em curto prazo em memória em longo prazo. O hipocampo atua em interação com amígdala e está mais envolvida no registro e decifração dos padrões perceptuais do que nas reações emocionais. A memória e os mecanismos pelos quais esta se forma e se mantém sempre despertaram a curiosidade humana, porque são as nossas lembranças que nos fazem indivíduos únicos. Estudos feitos têm demonstrado que certos compostos orgânicos nitrogenados, as poliaminas (particularmente a espermidina, encontrada em todas as células eucarióticas, incluindo células do sistema nervoso de vertebrados), têm ação relevante na modulação do aprendizado e da memória. Há evidências de que, dependendo do tipo de memória, sua formação envolve mais de um mecanismo bioquímico. Também se Figura 13: Localização do hipocampo constatou que os mecanismos pelos quais (Fonte: http://pt.wikipedia.org, 2012.) formamos a memória de um fato (aprendizado) são diferentes dos que usamos para evocá-la (lembrança). Experiências mostram que a formação da memória de longa duração depende de eventos relacionados à síntese protéica. O aumento na síntese protéica é apenas uma das modificações cerebrais observadas durante o processo de formação de memória. Antes desse aumento ocorrem alterações na liberação de neurotransmissores, moléculas responsáveis pela comunicação entre os neurônios, e na eficiência dessa comunicação em certas estruturas cerebrais (como o hipocampo, o córtex cerebral e outras). Estes parecem ser eventos neuroquímicos primários para a formação da memória. Um dos principais neurotransmissores liberados pelos neurônios localizados nas áreas cerebrais envolvidas na formação da memória é o glutamato. Ao ser liberado, ele se liga a receptores específicos nos neurônios-alvos, provocando 49 alterações que ativam mecanismos relacionados à síntese protéica e levam tais neurônios a formar novas conexões com outros. Essa alteração nas conexões neuronais tem sido chamada de ‘plasticidade sináptica’. Tais processos podem ser modulados não só pelo glutamato, mas também por outros neurotransmissores, entre eles dopamina, noradrenalina, serotonina, acetilcolina, ácido gamaaminobutírico e poliaminas. Estes são liberados por neurônios presentes no hipocampo ou em estruturas cerebral adjacentes, como a amígdala, envolvida na percepção e modulação do medo e de outras emoções. Lesões no hipocampo impedem a pessoa de construir novas memórias e a pessoa tem a sensação de viver num lugar estranho onde tudo o que experimenta simplesmente se desvanece, mesmo que as memórias mais antigas anteriores à lesão permaneçam intactas. A importância dos núcleos na regulação do comportamento emocional possivelmente decorre não de uma atividade própria, mas das conexões com outras estruturas do sistema límbico. O núcleo dorso-medial conecta com as estruturas corticais da área pré-frontal e com o hipotálamo. Os núcleos anteriores ligam-se aos corpos mamilares no hipotálamo (e através destes, via fornix, com o hipocampo) e ao giro cingulado. O hipotálamo é parte mais importante do sistema límbico. Além de seus papéis no controlo do comportamento, essas áreas também controlam várias condições internas do corpo, como a temperatura, o impulso para comer e beber, etc. Essas funções internas são em conjunto denominadas funções vegetativas do encéfalo, e seu controlo está relacionado com o comportamento. Ele mantém vias de comunicação com todos os níveis do sistema límbico. O hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e a tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. 3.3 – TRONCO EENCEFALO – MESENCÉFALO, PONTE E BULBO Tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo, ou seja, conecta a medula espinal com as estruturas encefálicas localizadas superiormente. A substância branca do tronco encefálico inclui tratos que recebem e enviam informações motoras e sensitivas para o 50 cérebro e também as provenientes dele. O tronco encefálico é responsável pelas funções de postura e equilíbrio, controle da respiração, frequência cardíaca, pressão arterial, reflexos alimentares e por conter núcleos motores e sensoriais executam funções motoras e sensoriais para regiões da face e cabeça. O tronco encefálico se divide em: bulbo, situado caudalmente, mesencéfalo, e a ponte situada entre ambos. 3.3.1 – Mesencéfalo O mesencéfalo está localizado ao lado do tálamo e hipotálamo, e é responsável pelos reflexos visuais e auditivos. O mesencéfalo se estende da porção inferior do diencéfalo até a ponte. Como o resto das estruturas do tronco encefálico, o mesencéfalo recebe e envia informações motoras e sensitivas. O mesencéfalo também contém núcleos que funcionam como centros reflexos para a visão e para a audição. 3.3.2 – A Ponte A ponte se estende do mesencéfalo até o bulbo, sendo composta principalmente por tratos que atuam como Figura 14: Tronco encefálico (Fonte: http://www.afh.bio.br 2012. uma ponte para informações que chega e sai das diversas formações importantes do encéfalo. A ponte também tem papel importante na regulação do padrão e ritmo respiratórios. Lesões nessa estrutura podem causar graves distúrbios no ritmo respiratório. 3.3.3 – O Bulbo ou Medula Oblonga O bulbo conecta a medula espinhal com a ponte. Contém vários tratos que atuam recebendo e enviando as informações motoras e sensitivas. Muitos núcleos importantes estão situados no interior do bulbo, controlando o ritmo cardíaco, a 51 pressão sanguínea e a respiração. Em razão se sua importância com relação às funções vitais, o bulbo é muitas vezes chamado de centro vital. O bulbo é também extremamente sensível a certas drogas, especialmente os narcóticos. Uma dose excessiva de um narcótico causa depressão do bulbo e morte porque a pessoa para de respirar. 3.4 – CEREBELO Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em dois hemisférios. Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado com movimentos do os lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, movimentos do com lado os direito Figura 15: Localização do Cerebelo do (Fonte:http://www.auladeanatomia.com,2012. corpo. O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos enviados aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que pretende executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relacionase com os ajustes dos movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular. 52 CAPÍTULO IV – A NEUROCIENCIA, A ALFABETIZAÇÃO E A MÚSICA Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada ao processo de aprendizagem é sem duvida, uma revolução para o meio educacional. A neurociência da aprendizagem, em termos gerais, é o estudo de como o cérebro aprende. É o entendimento de como as redes neurais são estabelecidas no momento da aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegam ao cérebro, da forma como as memórias se consolidam, e de como temos acesso a essas informações armazenadas. Para a criança aprender a ler várias partes do cérebro precisam ser mobilizadas. Segundo ROCHA (1999), o hemisfério esquerdo especializa-se no processamento das informações verbais, seriais e temporais, na maioria das pessoas. O hemisfério direito torna-se dominante nas análises visuais, espaciais e holísticas. Esta especialização hemisférica determina as características do sistema neural envolvido na leitura. Conforme o autor, as palavras encontradas no campo visual esquerdo seriam identificadas pelo hemisfério direito, sendo processadas no hemisfério esquerdo. No entanto, a análise das relações espaciais partilhadas pelas diferentes palavras é mais bem analisada pelo hemisfério direito. O resultado das análises deste processamento vai de um hemisfério a outro através das porções posteriores do corpo caloso. Para ROCHA (1999), a principal área cortical responsável pelo controle da fonação é chamada de Área de Broca. Conforme o autor, a motricidade dos músculos da face, língua, faringe e laringe, são controlados pelos nervos cranianos. Portanto, o papel da área de Broca é organizar os atos motores para produzir distintos fonemas que constituem palavras de uma frase. O autor afirma que parte desta informação é enviada, ao mesmo tempo em que é transmitida para os núcleos dos nervos cranianos. O cerebelo é responsável pela sequencia dos movimentos na fala e pela monitoração da fonação, ou seja, se o ato motor foi executado da forma anteriormente planejada. O aprendizado da leitura depende do envolvimento de várias áreas. Uma área visual mais específica, denominada occipital, se encarrega em reconhecer as formas visuais das letras. Essa área deve se relacionar com a área temporal verbal que produz os sons para que possamos fonar as letras, sílabas e palavras escritas. 53 Paralelamente, porém, o cérebro cria conexões diretas entre a área visual de reconhecimento de conjuntos de letras e as áreas de memória semântica. Dessa forma, a leitura se torna mais rápida e menos trabalhosa, pois ela não precisa decifrar todas as letras da palavra, descobrir sua pronúncia completa e só então saber do que se trata aquilo que está escrito. Ela conecta alguns neurônios envolvidos no reconhecimento de apenas algumas letras da palavra com os neurônios responsáveis pela sua semântica, e a partir da semântica se torna capaz de fonar a palavra. LENT (2002) analisa as imagens cerebrais durante a leitura e detectou a participação das regiões do córtex visual na face do hemisfério esquerdo e de regiões parietal e temporal, inclusive a área de Wernick. Houve também a participação do córtex pré-frontal inferior esquerdo na área de Broca. Toda informação sensoriais do ser humano, seja visual, tátil, auditivo, gustativo e olfativo passa pelo tálamo, que é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados. Este que irá encaminhar o estímulo para o lobo correspondente. Sendo assim ao iniciar o processo de leitura a criança percebe o estimulo pelo sentido da visão, este estímulo passa pelo nervo óptico e se encaminha para o tálamo e este manda a informação para o lobo occipital. Do lobo occipital a mensagem é enviada para área de Wernick que é a área da compreensão, responsável pelo conhecimento, interpretação e associação das informações. Ao interpretar fazer associações esta mensagem é encaminhada para a área de Broca que é responsável pelo processamento da linguagem, produção da fala e compreensão e a criança consegue ler a palavra. LIMA (2007) ressalta que para a criança ao conseguir se expressar, esta fala está carregada de emoção. Estas emoções estão presentes em diversos tipos de aprendizagem, pois só se aprende com formação e novas memórias e os processos de memória, por sua vez está modulado pela emoção. Isto quer dizer o processo de aprendizagem está diretamente ligado ao sistema límbico, parte do cérebro onde se se originam as emoções, participando de todo o processo de aprendizagem. Além desta mobilização é necessário que se formem redes neurais estáveis para que se criem memórias. Toda aprendizagem envolve novas memórias ou a ampliação da que se tem. A formação de novas memórias pode 54 estar ligada a processos da percepção ou ligada a processos do pensamento. O desenvolvimento da memória depende do apoio externo, fornecidos pelos sentidos. Ler é compreender, se não há compreensão do significado do que estiver escrito e não houver a possibilidade de aprimorar do significado a partir de um trabalho com um texto, não há leitura. Decodificar não é leitura, mas faz parte do ato de ler, assim como transformar em sons , os símbolos percebidos pela visão. As redes neurais são formadas a partir da interação da criança com os produtos culturais de escrita e do ensino dos comportamentos de leitura, além das atividades que desenvolvam no cérebro os processos necessários para a compreensão do significado. VYGOSTSKY e PIAGET acreditam que a linguagem ocorre por uma predisposição genética, mas a atividade cerebral por si só não basta para justificar um comportamento linguístico, este resulta de um desenvolvimento cognitivo e de um conteúdo cultural e social que é decisivo em seu desenvolvimento. É a utilização da música e/ou de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) no processo de alfabetização vem facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos, a fim de atender às necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. A música busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele alcance uma melhor integração intrapessoal e consequentemente, uma melhor qualidade de vida. A música favorece a cognição, a afetividade, a psicomotricidade, a comunicação e a cooperação, fatores essenciais na alfabetização. Ela facilita a integração intra/interpessoal e ao mobilizar aspectos biopsicossociais, desbloqueia emoções, facilitando a emergência de situações conflituosas que podem ser então, reelaboradas. A música pode beneficiar a alfabetização em virtude de ela melhorar a atenção, o ritmo, a organização espaço-temporal, a discriminação auditiva, reduzir a ansiedade, etc. Kodaly (apud BARRETO, 2005) utilizou o folclore como base do processo de alfabetização, melhorando o canto, a audição, a leitura e a escrita. Cabe ao educador, levar o aluno a expressar-se criativamente através dos elementos sonoros, pois o domínio dos esquemas de expressão, é 55 fundamental para se tornar um ser ativo, critico e criativo, recriando a própria música PENNA (apud NEGRÃO, 1990). Portanto, a Educação Musical não se restringe apenas ao estudo ou ensino de um instrumento musical. Ao contrário, ela visa o desenvolvimento integral do educando. Há música que possui ritmos característicos os quais são transformados em estímulos nervosos numa frequência determinada, chegando ao tálamo este também envia estímulos numa frequência tal para o hipotálamo, córtex préfrontal ou outro centro nervoso no cérebro. O hipotálamo entende essa frequência como uma ordem para influenciar as glândulas periféricas, através dos hormônios da hipófise, a fim de liberar seus hormônios, os quais irão aumentar ou diminuir as funções dos órgãos específicos. De acordo com o ritmo da música, serão enviados estímulos elétricos em frequências diferentes. Cada frequência alcança locais diferentes no cérebro e pode influenciar funções diferentes ou diferentes comportamentos. Portanto, estímulos nervosos enviados pelo ouvido, provocados pelo som, chegam até o tálamo e ele envia, também, estímulos nervosos para o centro das emoções, para o córtex pré-frontal e para o hipotálamo. A música na escola tem por finalidade ajudar o desenvolvimento infantil e tudo isto se torna subsídio interessante e imprescindível para nossa compreensão e ação pedagógica. Os neurônios espelho, que possibilitam a espécie humana progressos na comunicação, compreensão e no aprendizado. A plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de que o cérebro continua a desenvolver-se, a aprender e a mudar, até à senilidade ou à morte também altera nossa visão de aprendizagem e educação. Ela nos faz rever o fracasso e as reduzir o índice de estresse dos educandos, facilitando o processo que conduz ao autoconhecimento e melhor utilização do potencial individual para ser e estar melhor em domínios tais como: a independência, a liberdade de mudança, a adaptabilidade, o equilíbrio, a integração e melhor rendimento em sala de aula. Ela contém um elemento de prazer; e segundo as neurociências, o que é acompanhado de prazer parece ficar gravado mais profundamente no espírito. Assim, considerando que a musicalização parece reduzir o nível estresse da vida diária, favorecendo o equilíbrio psicossomático, a atenção e o ajuste do tônus. 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS A contribuição da neurociência para a sala de aula é o conhecimento sobre a memória, o esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a afetividade, o movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações das imagens que fazemos mentalmente, o "como" o conhecimento é incorporado em representações dispositivas, às imagens que formam o pensamento, o próprio desenvolvimento infantil e diferenças básicas nos processos cerebrais da infância, dificuldades de aprendizagem, pois existem inúmeras possibilidades de aprendizagem para o ser humano, do nascimento até a morte. Ao brincar, a criança mobiliza áreas do cérebro que fazem parte da aquisição da leitura. Brincadeiras de cantiga levam ao desenvolvimento da rima, da melodia e do ritmo, que são áreas igualmente mobilizadas pelo ato de ler. Redes neurais são formadas no córtex motor quando a criança realiza brincadeiras com movimentos repetitivos, desenvolvendo a coordenação motora de certos movimentos que serão utilizados para escrever. Ao utilizar as parlendas, advinhas e cantigas infantis o professor desenvolve o léxico e estrutura da fala. Com o suporte cultural a criança terá mais elementos para apropriar-se da escrita. O foco da educação tem sido o conhecimento a ser ensinado de maneira mecânica e igual a todos os alunos, sem a devida atenção à individualidade. Por sua vez os alunos, acostumados a perceber. O mundo a partir da visão do docente aceita passivamente essa proposta pedagógica, desempenhando um papel de receptor de informações, as quais nem sempre são compreendidas e geram conhecimento. Muitas pesquisas no campo educativo apontam o professor como um dos principais protagonistas da educação (DEMO, 2001). Para a escola, levar em consideração o desenvolvimento do cérebro não é uma opção teórica, mas uma necessidade, pois a aprendizagem ocorre em função do desenvolvimento e funcionamento do cérebro. Quando o educador tem acesso ao conhecimento do desenvolvimento humano, ele tem a possibilidade de ajustar, adaptar ou criar suas formas de ensinar. É fundamental que professores estimulem individualmente a inteligência das crianças, empregando técnicas que permitam a cada aluno aprender da 57 maneira que é melhor para ele, aumentando sua motivação para o aprendizado. Educar é promover a aquisição de novos comportamentos. As estratégias pedagógicas utilizadas pelo educador no processo ensino-aprendizagem são estímulos que levam à reorganização do sistema nervoso em desenvolvimento, o que produz as mudanças comportamentais. O educador está cotidianamente atuando nas transformações neurobiológicas que levam à aprendizagem. Partindo desse pressuposto, ao professor cabe oferecer, através de sua prática, um ambiente que respeite as diferenças individuais permitindo que os educandos se sintam estimulados do ponto de vista intelectual e emocional. Por isso a necessidade do educador, consciente de seu papel de interventor responsável pela mediação da informação. Estruturar o ensino de modo que os alunos possam construir adequadamente os conhecimentos a partir de suas habilidades mentais. E para isso, é imprescindível que conheçam os significativos estudos da neurociência, uma vez que esses, sem dúvida, influenciam na compreensão dos processos de ensino e de aprendizagem. Os estudos mostram que o diálogo entre a neurociência e a educação é mais do que nunca preciso, pois a ciência traz o conhecimento sobre o cérebro auxiliando o professor na elaboração de uma didática pautada nos processos mentais em cada período de desenvolvimento do educando. A neurociência é e será um poderoso auxiliar na compreensão do que é comum a todos os cérebros e poderá dar respostas a importantes questões sobre a aprendizagem humana, podendo utilizar as novas descobertas na prática educativa. A imaginação, os sentidos, o humor, a emoção, o medo, o sono, a memória são alguns dos temas abordados e relacionados com o aprendizado e a motivação. A aproximação entre a neurociência e a pedagogia é uma contribuição valiosa para o professor. O cérebro se desenvolve através dos fatores de ordem sociocultural, sendo assim ele assume um caráter pessoal, único, pois suas redes cerebrais são próprias e específicas da historia de vida de cada um. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_gt4%20pdf /a%20influ%cancia%20da%20linguagem%20musical%20na%20educa%c7%c3o %20infanti1.pdf , acessado em 25 de janeiro de 2012. ABREU. Alberto FILOSOFIA, EDUCAÇÃO, SOCIOLOGIA & PSICOLOGIA. In http://albertoabreu.wordpress.com/2006/07/18/psicologia-da-infancia-de-wallon/ Acessado em 02 de fevereiro de 2012. ALMEIDA, A. R. S. (1999) A emoção na sala de aula. Campinas: Papirus BERLESE. Daiane Bolzan, Nossas lembranças para sempre? Estudo revela papel importante da espermidina na memória in http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/memoria/memoria146.htm acessado em 02 de fevereiro de 2012. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental, (1998). Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, v. 3. CAVALCANTE, R. Música na cabeça. In: www.habro.com.br, acessado em 10 de fevereiro de 2004. COSTA. Mercês do Socorro Rodrigues, Alfabetização: uma análise das dificuldades encontradas pelos alunos em fase inicial de leitura e escrita in http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/monografias/alfabetizacao_uma_analis e.pdf acessado em 31 de janeiro de 2012. FREIRE, P. Pedagogia da esperança. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. GÓES Raquel Santos; A música e suas possibilidades no desenvolvimento da criança e do aprimoramento do código linguístico. http://bib.pucminas.br/teses/Educacao_LoureiroAM_1.pdf Acessado em 31de janeiro de 2012. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.html?idConteudo=326 Acessado em 31de janeiro de 2012. http://pt.scribd.com/doc/58331770/MONOGRAFIA-Ana-Rita-10#outer_page_14 Acessado em 03 de janeiro de 2012. http://revistas.udesc.br/index.php/udescvirtual/article/viewFile/1932/1504 Acessado em 31de janeiro de 2012. 59 http://revistas.udesc.br/index.php/udescvirtual/article/viewFile/1932/1504 Acessado em 21de janeiro de 2012. http://www.cerebronosso.bio.br/branca-cinzenta/ Acessado em 03 de fevereiro de 2012 http://www.musicaeadoracao.com.br/efeitos/corpo_mente/musica_desenvolvime nto.htm Acessado em 31de janeiro de 2012. http://www.webartigos.com/artigos/contribuicoes-da-neurociencia-para-aformacao-de-professores/4590/ Acessado em 21de janeiro de 2012. JOLY, Ilza, Zenker, Leme, (2003). Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a criança e suas relações com a música. In:____. HENTSCHKE, L; DEL BEN, L. (Orgs.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Ed. Moderna. Cap. 7. LEITE. Sérgio Antônio da Silva. Afetividade em sala de aula – As condições do ensino e a mediação do professor in http://www.fe.unicamp.br/alle/textos/SASLAAfetividadeemSaladeAula.pdf. Acessado em 02 de fevereiro de 2012. LIMA. Maria da Glória Sá, A Afetividade E Suas Relações No processo De Ensino E Aprendizagem in http://pt.scribd.com/doc/9291600/Afetividade-No-ProcessoEnsino-Aprendizagem. Acessado em 02 de fevereiro de 2012. MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a música: um estudo de como se processa o desenvolvimento musical da criança. Rio de Janeiro: Globo, 1982. NEGRÃO. Alexandra Maria Góes, Neurofisiologia da Linguagem: Como O Cérebro Funciona na Comunicação in http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/103.pdf. Acessado em 02 de fevereiro de 2012 O PROFESSOR ALFABETIZADOR NO CONTEXTO DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL. http://www.webartigos.com/artigos/o-professor-alfabetizador-no-contexto-daalfabetizacao-no-brasil/19354/ . Acessado em 31 de janeiro de 2012. OSTRANDER, L. e SCHOEDER, L. Super-aprendizagem pela sugestologia. Rio de Janeiro: Record, 1978. 60 RIBEIRO. Cristiane. As contribuições de Piaget e Vygotsky para a formação do professor (a) da educação infantil de 0 a 6 anos. In http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/monografias/as_contribuicoes_de_piag et_e_vygotsky.pdf acessado em 02 de fevereiro de 2012. ROCHA, A. F. O Cérebro – Um Breve Relato de sua Função. São Paulo: Fapesp, 1999. ROCHA. Halline Fialho da; Alfabetizar letrando: Um repensar da aquisição da língua escrita in http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/let02.pdf acessado em 31 de janeiro de 2012. SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. SOARES. Magda, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CAMINHOS E DESCAMINHOS. http://pt.scribd.com/doc/18892732/Artigo-Alfabetizacao-e-Letramento-MagdaSoares1. Acessado em 31de janeiro de 2012. VIGOTSKY. L.S; A formação social da mente – 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes,2007 WALLON, H. (1989) As origens do pensamento na criança. São Paulo:Manole WALLON, H. (1998) A evolução psicológica da criança. Lisboa, Edições 70 WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons, Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988. WOODAL & ZIEMBROSKI. Laura e Brenda. Promover a alfabetização através da Música. In http://translate.google.com.br/translate?hl=ptBR&langpair=en%7Cpt&u=http://www.songsforteaching.com/lb/literacymusic.ht, acessado em 25 de janeiro de 2012. 61 INDICE AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 3 DEDICATÓRIA .............................................................................................. 4 RESUMO ...................................................................................................... 5 METODOLOGIA ............................................................................................. 6 SUMÁRIO .................................................................................................... 7 INTRODUÇÃO: ............................................................................................. 8 CAPÍTULO I – PROCESSO DA APRENDIZAGEM .................................................. 9 1.1 As Teorias da Aprendizagem................................................................ 10 1.1.1 – Teoria Sócio Interacionista – Vygotsky ......................................... 11 1.1.2 – A Teoria Psicogenética - Henry Wallon....................................... 13 1.1.3 - A Teoria da Construção do Conhecimento – Jean Piaget ................. 15 1.2 - Processo de Aquisição da leitura e Escrita .......................................... 18 1.3 - O Papel do professor no Processo de Aprendizagem ........................... 24 CAPITULO II – EDUCAÇÃO MUSICAL NO ENSINO FUNDAMENTEAL, UMA QUESTÃO APENAS DE CUMPRIR A LEI? .................................................................................. 27 2.1 – A Linguagem Musical ....................................................................... 28 2.2 - A Musica no Contexto Escolar ............................................................ 31 2.3 – A Música e a Alfabetização ............................................................... 34 CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA ....................................... 37 3.1 – Sistema Nervoso ............................................................................. 38 3.2 – O cerébro Humano .......................................................................... 40 3.2.1 – O Cérebro - Telencéfalo e o diencéfalo ....................................... 42 3.2.1.1 – O Telencéfalo ........................................................................ 42 3.2.1.2 - O Diencéfalo ........................................................................... 45 3.2.1.3 – O Sistema Límbico .................................................................. 47 3.3 – Tronco Eencefalo – Mesencéfalo, Ponte e Bulbo .................................. 50 3.3.1 – Mesencéfalo .............................................................................. 51 3.3.2 – A Ponte .................................................................................... 51 3.3.3 – O Bulbo ou Medula Oblonga ........................................................ 51 3.4 – Cerebelo ........................................................................................ 52 CAPÍTULO IV – A NEUROCIENCIA, A ALFABETIZAÇÃO E A MÚSICA ................... 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................... 59 INDICE ...................................................................................................... 62 62