Dieta do frango, batata-doce e clara de ovo é arriscada para a saúde

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Dieta do frango, batata-doce e clara
de ovo é arriscada para a saúde
O método feito por quem malha pode sobrecarregar os rins e é deficiente em vitaminas e minerais
Patricia Bertolucci
NUTRIÇÃO - CRN 5984/SP
Fonte: minhavida.com.br
Uma alimentação balanceada consiste em diversidade alimentar. Um dos
princípios básicos da nutrição humana é proporcionar ao indivíduo uma
alimentação variada em cores, texturas e com todos os nutrientes disponíveis em
quantidades balanceadas.
Atualmente temos um bombardeio de dietas da moda, estas estão cada vez
mais restritivas, e o pior, sendo realizadas por praticantes de atividade física que
buscam incessantemente uma melhora estética. Porém, vários estudos já
comprovam que a realização destes tipos de dietas com privação de nutrientes
pode levar a prejuízos na saúde e no rendimento do desportista, uma vez que
podem induzir a desidratação por perda de líquidos e perda de eletrólitos,
degradação de massa muscular, além de constipação intestinal, dores de cabeça e
mau hálito.
Nas academias o objetivo em comum é a hipertrofia muscular, assim,
buscando este tipo de resultado uma das dietas que os indivíduos estão adeptos é
composta por clara de ovo, batata-doce e frango em todas as refeições. Indivíduos
fisicamente ativos necessitam de uma dieta balanceada em todos os nutrientes
(carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais) levando em consideração
o tipo de atividade, duração, período e o objetivo a ser alcançado, o que não ocorre
neste tipo de dieta.
Abaixo citamos possíveis elucidações para a escolha destes alimentos na dieta
com o objetivo de ganho de massa muscular:

Clara de ovo: é um alimento rico em proteínas, principalmente a albumina,
relacionada com a recuperação muscular pós-treino. Em duas claras de ovos
temos aproximadamente 6 gramas de proteínas, recomendamos no máximo
a ingestão de 2 unidades ao dia.

Batata-doce: é considerada um alimento fonte de carboidrato complexo com
baixo índice glicêmico, ou seja, quando consumida demora um tempo maior
para ser digerida e lançada como glicose na corrente sanguínea, não levando
a picos de insulina. Desse modo pode ser benéfica no pré-treino fornecendo
energia durante a prática da atividade física, prolongando o treino do
indivíduo e prevenindo a fadiga. Muitos bodybuilders também optam pela
batata-doce como fonte de carboidrato da dieta por ela conter fibras, vitamina
C e potássio. Porém é importante lembrar que parte desses nutrientes
(vitamina C e potássio) é perdida na água do cozimento e as fibras estão mais
presentes na casca.

Frango: ele foi escolhido como uma fonte de proteína de alto valor biológico,
ou seja, possui todos os aminoácidos essenciais (que o organismo não
produz), estes aminoácidos são responsáveis pelo anabolismo muscular,
principalmente pós-treino. Estudos mostram que os aminoácidos são
responsáveis por atuar nas vias de sinalização muscular controlando a síntese
de novas proteínas auxiliando assim na recuperação das fibras que sofreram
lesão.
Desse modo, vemos que estes alimentos escolhidos possuem suas propriedades
e são importantes para indivíduos que buscam um ganho de massa muscular. Porém,
uma dieta equilibrada nutricionalmente deve conter um consumo proteico de 15 a
20% do valor energético total, sendo que esta dieta pode chegar até 75% do valor
total de proteínas. Apesar das proteínas serem apontadas como um dos principais
nutrientes envolvidos na recuperação muscular e ganho de massa magra seu uso
para o ganho de massa é limitado pelo organismo. Alguns estudos mostram que a
ingestão máxima que irá ser utilizada pelo músculo é de 20 a 25g de proteína por
refeição. Se em cada refeição a pessoa consumir 2 filés de frango (100 gramas cada)
já vai estar ingerindo aproximadamente de 40 g de proteínas.
Uma dieta hiperproteica pode levar a sobrecarga renal uma vez que os produtos
finais do metabolismo proteico (ureia e amônia) são filtrados nos rins. Além disso,
os alimentos proteicos geram resíduos que acidificam o sangue, podendo levar ao
aumento do ácido úrico e perda de cálcio dos ossos.
O consumo inadequado de carboidratos pode levar a sintomas indesejados como
mau humor, cansaço e dores de cabeça através da produção de corpos cetônicos,
um composto tóxico produzido pelo organismo para obtenção de energia.
Além disso, esta dieta quando realizada pode trazer deficiência de nutrientes ao
indivíduo, como o consumo de gorduras inadequado. Já que a única gordura
presente é a gordura saturada vinda do frango. O consumo de gorduras na
alimentação deve ocorrer para que aconteça a otimização na absorção de vitaminas
lipossolúveis importantes para o metabolismo dos desportistas. Porém, a ingestão
de gordura não deve ultrapassar 30% do valor energético total do dia, devendo dar
preferência ao consumo de gorduras insaturadas, presente em peixes, oleaginosas
e azeite de oliva.
Esta dieta possui baixo conteúdo de fibras, em média 6 gramas ao dia, sendo
que o recomendado seria de 25 a 30 gramas ao dia. A ingestão de fibras provenientes
de frutas, vegetais, hortaliças e cereais integrais agem na melhora do funcionamento
intestinal, diminuição da absorção de colesterol e até auxiliando na perda de peso,
uma vez que o seu consumo está associado a um maior tempo de saciedade.
Verificamos que neste plano alimentar há deficiência de vitaminas e minerais
antioxidantes como vitaminas C e E, selênio, zinco e cálcio. As vitaminas C (acerola,
laranja, morango, couve) e vitamina E (azeite de oliva, nozes, soja) auxiliam no
combate aos radicais livres, moléculas que podem agredir o DNA celular e levar o
indivíduo a desenvolver câncer, doenças cardiovasculares e até mesmo
envelhecimento precoce. Já o selênio (castanhas, nozes, amêndoas) e o zinco
(peixes, cereais integrais), além de também atuarem no sistema antioxidante,
possuem papel central na imunidade do indivíduo, que muitas vezes fica prejudicada
quando a alimentação é muito restritiva. O cálcio (leite e derivados, vegetais verde
escuros e sardinhas), mineral estritamente relacionado ao metabolismo ósseo e de
contração muscular, essencial para praticantes de atividade física.
Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte recomenda a ingestão de 1,2 a
1,4 g de proteína (por dia) por quilo de peso do indivíduo que malha diariamente e
tem por objetivo o ganho de massa muscular. Para adequar esta ingestão de
proteínas é importante fazer um rodízio entre os tipos de carnes (frango, peixe, carne
vermelha sem gordura), leite e iogurtes naturais, queijos brancos, leguminosas
(feijão, grão de bico, lentilha) e oleaginosas (castanhas), a fim de manter a ingestão
adequada de todos os nutrientes e controlar a quantidade de gordura saturada e
colesterol.
Com relação ao consumo de carboidratos deve-se priorizar o consumo dos
integrais como pão e torradas integrais, arroz integral, quinoa, cevadinha, amaranto
e tubérculos (batata, mandioca, mandioquinha, além da batata-doce).
Também se deve consumir 5 porções de vegetais por dia entre frutas,
legumes e hortaliças, para garantir o aporte de vitaminas, minerais e fibras.
Por fim, temos que priorizar a hidratação e consumo de eletrólitos por
indivíduos que buscam a hipertrofia muscular. O músculo é composto 70% de água,
ou seja, a hidratação é fator limitante para o desenvolvimento saudável de uma
massa muscular. Durante os treinos há uma perda hídrica significativa, assim como
uma perda de sais minerais como sódio e potássio, que devem ser repostos pela
alimentação pós treino (frutas, água de coco, vegetais) ou através dos isotônicos.
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