alterações de fala de origem musculoesquelética

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Capítulo de nº 25 publicado no Livro:
TRATADO EM FONOAUDIOLOGIA DA SBFa em 2004
Editora: ROCA LTDA
ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MUSCULOESQUELÉTICA
Dra. Irene Queiroz Marchesan
Diretora do CEFAC – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica
Titulação: Doutor em Educação pela UNICAMP Universidade de Campinas
Endereço: Rua Cayowaá, 664 CEP 05018-000 São Paulo – SP Brasil.
Telefone: 55- 11 – 36751677
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1
INTRODUÇÃO
Podemos estudar aspectos da fala separadamente da linguagem? Tenho escutado esta
pergunta todas as vezes que inicio um curso sobre fala. Para mim, que sempre trabalhei
com diferentes alterações de fala, sendo todas decorrentes de alterações anatômicas e
ou funcionais da face ou da boca e de suas estruturas, a resposta sempre foi sim. No
entanto, intrigada com esta pergunta procurei saber como outros profissionais,
principalmente de outros países, trabalhavam com a fala e suas alterações, e se os
mesmos avaliavam e tratavam a fala independente da linguagem. Para a surpresa de
todos nós, soubemos que todas as alterações de fala de origem neurológica, que não
tenham afetado a linguagem do indivíduo, assim como todas as alterações de fala de
origem muscular e também as decorrentes das alterações do sistema esquelético, sempre
são tratadas como problemas da fala, independentes da linguagem, uma vez que, este
tipo de alteração, de forma geral, não afeta a linguagem do indivíduo. Outro aspecto
interessante foi observar que muitas faculdades americanas de Fonoaudiologia têm parte
do seu currículo voltado para o estudo das alterações da fala decorrentes das alterações
neurogênicas ou músculo-esqueletais, além é claro, do estudo das alterações da fala
decorrentes dos problemas fonológicos. Observamos ainda, pela literatura levantada para
este capítulo, cerca de quase noventa autores nacionais e estrangeiros, que este aspecto,
alterações de fala de origem musculoesquelético já é bastante discutido e comentado.
O que é fala? Fala é o ato motor que expressa a linguagem. É um processo complexo que
envolve o sistema neuromuscular. O sistema nervoso central comanda os músculos que
produzem sons isolados ou em seqüência. A fala depende da integridade da área de
Broca, do córtex motor suplementar e primário, dos tratos piramidal e extra piramidal, dos
núcleos subcorticais, do tronco cerebral, do cerebelo assim como dos nervos cranianos. O
volume do fluxo e pressão do ar, além da ressonância, também são fundamentais para a
correta produção da fala. Também estão envolvidos na produção da fala: lábios, língua,
bochechas, palato mole, dentes, mandíbula, faringe, laringe e os músculos da respiração1.
Como podemos verificar, para a produção da fala além do desenvolvimento cognitivo e
fonológico adequados, temos que ter o sistema neurológico, assim como todas as
estruturas envolvidas na produção deste ato motor comandadas pelo sistema nervoso
central e periférico, totalmente íntegras para que a fala possa ser produzida de maneira
correta.
2
Poderíamos ampliar ainda mais nosso repertório a respeito da produção da fala, dizendo
que além dos aspectos cognitivo e fonológico para uma correta produção dos sons da
fala, necessitamos que os sistemas - respiratório, fonador, articulatório, ressonância, e
prosódia devam estar íntegros para que a produção da fala ocorra de forma precisa.
Tendo conhecimento de que todas estas estruturas, e todos estes sistemas estão
envolvidos na produção da fala, já podemos antecipar que avaliar as inadequações da
mesma não será fácil. A avaliação deverá ser complexa para que se possa realizar um
diagnóstico diferencial entre os diferentes problemas de fala de origem fonética e destes
com os decorrentes de alterações da linguagem. Saber que o indivíduo fala errado e
saber identificar o que ele faz, de maneira geral, é bastante simples. Afinal este momento,
da identificação dos “sintomas” que o indivíduo apresenta, quase sempre já foi realizado
pelos seus familiares, professores e amigos. Todos sabem reconhecer um problema de
fala e até dizer quais são os sons que estão prejudicados. A função do fonoaudiólogo,
portanto, não é a de apenas listar as características inadequadas encontradas, mas sim a
de tentar compreender, de que natureza elas são, quais seriam as possíveis causas das
mesmas e ainda procurar identificar as conseqüências que falar errado trazem para o
indivíduo em questão.
A proposta deste capítulo não é, evidentemente, esmiuçar como a fala é produzida ou
quais são os componentes de produção da mesma já que a literatura existente é bastante
completa para quem se interessar em obter este tipo de informação. Nosso objetivo neste
momento será o de relatar quais são as modificações da fala decorrentes das alterações
músculo esqueletais, como avaliá-las e os princípios de tratamento das mesmas.
3
PARA ESTUDAR A FALA
Talvez possamos iniciar esta parte do capítulo dizendo que para estudar e trabalhar com
a fala, além de saber como ela é produzida seria de extrema importância saber diferenciar
fonética de fonologia, o que é, e para que serve o quadro fonético. Seria necessário ainda
saber o que querem dizer as palavras fonema, alofone, traço distintivo e tantos outros
nomes e conceitos importantes para a melhor compreensão da fala e de suas alterações.
Como nosso objetivo, neste momento, é discutir as alterações músculo-esqueletais da
fala, não iremos definir aqui, estes conceitos. No entanto, sugerimos aos nossos leitores,
que observem a bibliografia do final deste capítulo para que possam aprofundar seu
conhecimento nesta área.
Diferenciando Fonética de Fonologia
A fonética estuda os sons da língua em sua realização concreta, independente de sua
função lingüística. É a ciência da face material dos sons da linguagem humana. Cabe a
ela descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades articulatórias,
acústicas e perceptivas. É na fonética que se estuda, analisa e classifica-se a produção e
percepção dos sons da fala. A fonética está dividida em fonética acústica e fonética
articulatória. A fonética acústica procura examinar as propriedades físicas das ondas
sonoras produzidas pelos órgãos fonadores. À fonética articulatória cabe estudar a forma
de articulação dos sons assim como o local físico onde os sons são realizados2-4.
À fonologia cabe estudar os sons do ponto de vista funcional, como elementos que
integram um sistema lingüístico determinado. Seria ainda a parte da gramática a qual dá
conta do conhecimento que os falantes têm dos sons e padrões de sons da língua. Ainda
em uma outra definição encontramos que fonologia é a ciência que estuda os sons da
língua do ponto de vista de sua função no sistema de comunicação lingüística. Estuda os
elementos fônicos que distinguem, numa mesma língua, duas mensagens de sentido
diferente. Ex: mala - bala ou sábia - sabia - sabiá ou mesmo uma mesma palavra
realizada com vozes ou pronúncias diferentes 2-5.
Tanto a fonética como a fonologia, tratam da linguagem humana enquanto ciência,
contudo a fonética está dirigida ao estudo dos sons lingüísticos, que são produzidos pelo
aparelho fonador e captados pelo ouvinte, e a fonologia preocupa-se com os contrastes e
oposições destas unidades distintivas. São duas disciplinas interdependentes4-6.
4
Classificação
Antigamente quando recebíamos um indivíduo portador de alterações de fala o mesmo
vinha encaminhado como sendo portador de dislalia, disartria, dispraxia ou disglossia.
As dislalias, de maneira geral, eram consideradas as mais simples de serem avaliadas e
tratadas. Muitas vezes eram classificadas como sendo de origem ambiental e ou
emocional e na maior parte das vezes eram crianças de um a seis anos que estavam
apresentando dificuldades com a aquisição da linguagem e de seus sons. Hoje eu
entendo que estas crianças eram as que hoje seriam consideradas como portadoras dos
distúrbios fonológicos.
As disartrias e dispraxias eram as mais evidentes de serem reconhecidas e sempre
tinham como causa uma alteração neurológica e ainda hoje assim são classificadas.
As disglossias eram as alterações de fala, que tinham como causa uma alteração
anatômica. O nome, bastante inadequado, pois era usado não somente para definir as
alterações da língua como para qualquer outra alteração anatômica, era empregado, por
exemplo, para classificar a fala dos indivíduos com fissuras labiopalatinas. Outras
classificações foram sendo propostas para facilitar a compreensão dos distúrbios
articulatórios.
Em 1998, Zorzi7 em seu capítulo “Diferenciando alterações da fala e da linguagem”
propõe classificar as alterações da fala em fonológicas, neurogênicas e músculoesqueletais.
As alterações músculo-esqueletais correspondem aos distúrbios causados por problemas
na musculatura, ossos ou cartilagens envolvidas na produção da fala.
As alterações de fala podem ser de origem muscular por lesões ou remoções musculares;
fibroses; atrofia muscular; perda ou diminuição da mobilidade; alteração de tamanho ou
de forma. Podem ser de origem esqueletal por alterações nos ossos; conformação da
face; ausência de dentes, dentre outros.
Literatura
Consultando inicialmente, apenas a literatura de revistas indexadas no MedLine de 1990
a 2003, pudemos encontrar 42 artigos que mostram que a fala pode estar alterada por
diferentes causas que não de origem fonológica ou mesmo neurológica. As estruturas
musculares ou ósseas, e as próprias funções orofaciais são apontadas como possíveis
causas de interferência na produção da fala. Mais especificamente, as tonsilas
aumentadas8, a respiração oral9-10, as oclusões e mordidas alteradas11-21, os diferentes
5
movimentos mandibulares22-23, a quantidade de saliva maior ou menor do que o
esperado24, o frênulo lingual alterado25-34, as modificações estruturais da cavidade oral8, 35, a macroglossia40-41, os dentes em posição diferente da habitual42-45, a hiperplasia da
39
gengiva46, as disfunções da articulação temporomandibular47-48, e até os piercing
colocados na língua49, são citados como fatores que podem interferir diretamente na
produção da fala. Desta forma, estes fatores considerados interferentes, sempre devem
ser observados quando se avalia qualquer alteração de fala.
ALTERAÇÕES MÚSCULO-ESQUELETAIS E POSSÍVEIS INTERFERÊNCIAS NA FALA
Para compreendermos melhor porque os autores consultados dizem que, os fatores
acima citados, são interferentes na produção da fala, vamos comentar cada um destes
fatores e as possíveis interferências na fala, assim como comentaremos outros fatores
não citados na literatura, porém bastante observados em nossa clínica. O objetivo é
facilitar a avaliação e o diagnóstico fonoaudiológico. A partir do correto diagnóstico
poderemos traçar caminhos mais precisos para a terapia. Estudar a fala do ponto de vista
de sua produção é algo importante e que já tem sido realizado por fonoaudiólogos
brasileiros como é visto em nossa literatura50-55. No entanto, pontuar as alterações de fala
decorrentes das alterações músculo-esqueletais têm sido menos comentado e descrito.
Tonsilas hipertróficas
Quando há aumento das tonsilas, faríngea e ou palatinas, observamos que a passagem
para o ar fica diminuída ou mesmo totalmente obstruída. Quando isto ocorre a boca se
entreabre e a língua toma uma posição mais baixa. Como conseqüência deste
posicionamento inadequado de lábios e língua podemos ter: flacidez da língua e dos
lábios, principalmente do inferior; retração do lábio superior; possível atresia do arco
maxilar; possíveis alterações oclusais, sendo as mais comuns neste caso as mordidas
abertas ou cruzadas unilaterais. As funções de mastigar e deglutir, também podem, como
conseqüência deste quadro, estarem alteradas. É ainda previsto acúmulo de saliva na
cavidade oral uma vez que o número de vezes que o paciente passa a deglutir se torna
menor. Com este quadro de alterações ósseas, dentárias, musculares e funcionais,
poderemos ter alterações nos fonemas sibilantes que podem estar sendo produzidos de
forma distorcida, principalmente por causa do posicionamento da língua. Além da
distorção, pode ocorrer imprecisão, já que a flacidez da língua dificulta que os pontos de
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contato sejam corretos. Em alguns casos, a parte média da língua fica elevada facilitando
o aparecimento do ceceio lateral. Se ocorrer mordida aberta anterior também poderemos
ter o ceceio anterior. Os indivíduos que respiram pela boca, não importando a causa,
sempre terão a língua posicionada no assoalho da boca com possíveis alterações
musculares, ósseas e até oclusais conforme vimos acima. A respiração oral favorece o
aparecimento do ceceio anterior ou lateral e a imprecisão articulatória da fala. Isto pode
ocorrer pela flacidez dos órgãos fono-articulatórios e também pelo acúmulo da saliva na
boca. Considerações sobre a influência da respiração oral e as alterações de fala também
são discutidas na literatura nacional 56-59.
Dentes
A ausência de elementos dentários, o apinhamento dos mesmos, a inclinação lingualizada
ou vestibularizada dos incisivos superiores, podem levar a uma alteração do espaço intraoral dificultando o posicionamento da língua para articular com precisão os fonemas. No
caso, por exemplo, da inclinação vestibularizada dos incisivos superiores, os fonemas
línguo-dentais podem estar sendo produzidos com a língua posicionada mais
anteriormente.
Por outro lado quando há a lingualização dos dentes superiores e o
espaço interno fica diminuído a língua tende a baixar a sua ponta e elevar seu dorso para
se acomodar melhor dentro da cavidade oral fazendo com que os fonemas sibilantes
percam seus pontos de contato ficando distorcidos. Quando ocorrem doenças
periodontais, já numa fase mais adiantada onde as peças dentárias podem ter se
movimentado com o conseqüente aparecimento de diastemas, temos a fala com assobio
e maior escape de saliva, além da anteriorização dos fonemas línguo-dentais.
Oclusão e Mordida
As mordidas abertas, cruzadas e sobremordidas podem favorecer o aparecimento de
pontos de contato inadequados na produção dos fonemas. Nas sobremordidas é comum
o aparecimento do assobio nos sibilantes. Isto ocorre pela diminuição do espaço vertical
interno. Nas mordidas cruzadas podemos ter o deslizamento da mandíbula para lateral o
que também favorece a má produção dos sibilantes. As mordidas abertas podem
favorecer o aparecimento do ceceio anterior assim como favorecer a anteriorização do
ponto de articulação dos fonemas línguo-dentais.
Na má oclusão de Classe II de Angle pelo fato de haver discrepância postero-anterior da
maxila com a mandíbula, observamos que os fonemas bilabiais são produzidos com o
7
lábio inferior em contato com os dentes incisivos superiores, ao invés do contato com o
lábio superior. O ceceio lateral também pode ocorrer pelo fato da parte média da língua se
manter próxima do palato duro diminuindo desta forma, o espaço de saída do ar. O
deslize mandibular anterior também é freqüente para ampliar o espaço interno facilitando
o correto posicionamento da língua na produção dos fonemas. Bastante comum ainda é o
acúmulo de saliva na cavidade oral, favorecendo uma articulação mais fechada evitando
que a saliva seja expelida da boca durante a fala.
Na Classe III de Angle podemos observar a mudança do ponto articulatório das fricativas
/f/ e /v/, onde a produção das mesmas fica invertida, ou seja, o lábio superior se articula
com os dentes inferiores para produzir estes sons. Observamos ainda maior uso do lábio
superior nos plosivos e maior participação da parte média da língua durante a fala. Talvez
seja nos problemas oclusais e nas alterações de mordidas onde mais se observa o
interesse pelos estudos das alterações de fala, conforme mostra a literatura nacional
60-67
,
e internacional evidenciado anteriormente.
Disfunção temporomandibular
Segundo Bianchini68 pacientes com disfunção da articulação temporomandibular tenderão
a apresentar: redução da amplitude do movimento mandibular; aumento da atividade da
musculatura perioral; lateralização da mandíbula no /s/ e /z/; diminuição da velocidade da
fala e ainda alterações de voz. Estudos sobre a fala e a dor por alterações musculares ou
ósseas também estão presentes na literatura69-70.
Movimentos mandibulares
Os movimentos mandibulares inadequados durante a fala como deslizes mandibulares
frontais ou laterais assim como menor abertura de boca ou os movimentos exagerados da
mandíbula, são encontrados em sujeitos com: respiração oral; Classe II de Angle divisão
1ª; excessiva sobressaliência; mordida cruzada lateral ou aberta anterior assim como nas
disfunções
da
articulação
temporomandibular.
Provavelmente
estes
movimentos
inadequados de mandíbula ocorram como forma de compensação para encontrar melhor
possibilidade de correta articulação dos fonemas a serem produzidos.
Saliva
8
A quantidade e a qualidade da saliva interferem na produção da fala71. Quando há
excesso na produção esta tenderá a se acumular nas comissuras e será expelida durante
a fala. Para que isto não aconteça há instintivamente a diminuição do espaço entre os
maxilares durante a fala evitando este escape. No entanto esta manobra de compensação
para conter a saliva, leva a uma imprecisão da fala. Quando existe pouca saliva, a língua
aumenta seus movimentos na tentativa de buscar mais saliva. Este movimento causa um
ruído característico, produzido também pelos idosos que tem menos saliva, e que
acompanha a fala o tempo todo.
Alterações estruturais da face
O crescimento craniofacial se dá durante a infância e a adolescência. Quando ele não
ocorre de maneira adequada e o crescimento termina com grandes desproporções
maxilo-mandibulares, sejam elas no sentido horizontal, vertical ou transversal,
provavelmente haverá maior possibilidade de ocorrerem alterações da articulação dos
fonemas72. As modificações da fala serão totalmente dependentes do tipo de alteração
estrutural encontrada. Faces mais longas, em oposição às faces curtas, apresentam
comportamento da musculatura antagônico, assim como os espaços internos são
distintos. Nas faces longas observamos maior flacidez da musculatura, propiciando
abertura da boca mais freqüentemente com conseqüente posicionamento baixo de língua.
Nas faces curtas, o espaço intra-oral é menor, propiciando maiores deslizamentos da
mandíbula, para anterior ou lateral, com a finalidade de possibilitar a correta articulação
dos sons sibilantes, por exemplo.
Vamos encontrar ainda alterações estruturais na face decorrentes de traumas ou de
cirurgias, como por exemplo, nos casos de câncer73-74. Estas alterações estruturais são
acompanhadas por modificações musculares adaptadas à estrutura transformada.
Observamos o mesmo fenômeno, em má formação da face, em síndromes que afetam a
face e em fissuras labiopalatinas75-78 além de outros. Em cada uma destas alterações
poderá haver a compensação da fala. As estruturas que produzem a fala passam a utilizar
os pontos mais favoráveis para a produção do fonema. A compensação sempre é
realizada para que a fala permaneça com as características, o mais próximo possível do
que se espera como normal. Portanto, as modificações da fala serão dependentes das
cirurgias realizadas ou da grandeza da má formação encontrada na face73.
Próteses
9
As próteses dentárias causam problemas para que se possa articular com perfeição os
sons da fala quando não são bem construídas e/ou adaptadas79-80. As próteses também
podem ser confeccionadas para a melhora da fala como se usa com freqüência nos
indivíduos com fissuras labiopalatinas81-82 ou nos indivíduos com doenças neurológicas
evolutivas as quais causam perda da mobilidade do palato mole. Em geral a prótese
dentária, quando não está bem adaptada, traz problemas do tipo falar com a boca mais
cerrada para não perder a estabilidade da mesma e isto acaba por causar imprecisão
articulatória. A diminuição dos movimentos mandibulares também fica evidente, assim
como aparecem movimentos alterados da mandíbula e de lábios numa tentativa de
compensar e melhorar a precisão da fala.
Frênulo lingual
O frênulo lingual, quando alterado, traz várias modificações para os movimentos da língua
e dos lábios assim como para a correta e precisa articulação de alguns fonemas. Os
movimentos da língua ficam reduzidos, a abertura da boca tenderá a ser menor durante a
fala, o /r/ brando poderá estar distorcido, os grupos consonantais com /l/ e com /r/ podem
não ser produzidos de forma clara e consistente. O que se observa mais comumente é a
dificuldade de aquisição de alguns sons principalmente do /r/, e mesmo quando adquirido,
a fala fica imprecisa como um todo, pelo fato de haver diminuição da abertura da boca83.
Isto ocorre para que a língua possa alcançar o palato para produzir todos os sons que
necessitam deste ponto de apoio.
Considerações gerais
Nas alterações de fala de origem musculoesquelética, o que mais freqüentemente se
altera é o ponto articulatório e não o modo de articulação. A fala, quando alterada, pode
se apresentar com palavras que tenham fonemas omitidos, substituídos, distorcidos ou
articulados de forma imprecisa. De maneira geral, as omissões e substituições são mais
freqüentes nos distúrbios fonológicos assim como as distorções são mais encontradas
nas alterações músculo-esqueletais. A imprecisão articulatória pode ocorrer por alteração
musculoesquelética ou neurológica. Claro que isto não é uma regra sendo apenas um
indicador auxiliar no diagnóstico.
As possíveis causas de uma distorção, são as alterações anatômicas da face, da boca e
de suas estruturas e o posicionamento inadequado dos órgãos fono-articulatórios
principalmente de língua, lábios e dentes. Os indivíduos que distorcem, estão buscando
10
ajustes ou compensações para uma fala mais inteligível. As distorções ocorrem mais
freqüentemente nos sibilantes e no /r/ brando. Os sibilantes são os sons que mais são
afetados pelas modificações oclusais. As alterações dos sibilantes podem variar sendo às
vezes um ruído nasal, um som com assobio, além dos conhecidos ceceios anterior e
lateral. O ceceio lateral mais freqüente ocorre porque a parte média da língua fica mais
alta do que o normal estando muito próxima do palato duro dificultando a saída do ar
fazendo com que a impressão acústica seja de um som com chiado. Menos freqüente é o
ceceio lateral, onde a língua fica muito baixa, em geral por excessiva flacidez, e o escape
de ar ocorre pela lateral ou laterais da boca chegando até a movimentar o músculo da
bochecha. Na distorção temos um fonema ou um grupo de fonemas, como por exemplo,
os sibilantes ou os líquidos com alteração. Isto ocorre porque a causa da distorção é
bastante pontual e em geral mecânica e não funcional.
A imprecisão articulatória, ao contrário da distorção, costuma afetar a fala como um todo e
pode ter muitos fatores como causa: a velocidade da fala, as próteses mal adaptadas, a
respiração oral, as otites de repetição levando a alterações de audição, quantidade de
saliva inadequada, má oclusão, cansaço, medicamentos, ingestão de bebidas alcoólicas,
modificação do tônus, ansiedade, depressão, falta de exigência do meio, pouca
importância com o interlocutor, articulação mais fechada dificultando a emissão correta
dos sons, além das causas de origem neurológica. As alterações anatômicas, como, por
exemplo, frênulo lingual, oclusão ou mordida alterada, geram mais distorções. Já as
alterações funcionais como, por exemplo, disfunções temporomandibulares, respiração
oral geram mais imprecisões articulatórias.
O indivíduo que tem a fala com problemas, independente da causa que leva a esta
alteração, experimenta muitas vezes sensações desagradáveis nas suas tentativas de se
comunicar. O ouvinte pode ser impaciente, rejeitar o falante, ter pena, satirizar ou o imitar
de forma jocosa, além de outros comportamentos que levam o falante a se sentir ansioso,
embaraçado, desconfortável, excluído, inseguro, frustrado fazendo com que a sua autoestima e autoconfiança diminuam. É real que erros na produção articulatória podem levar
a confusões na comunicação pela dificuldade de inteligibilidade daquilo que se diz.
Encontrar, portanto a causa do problema, procurando diminuir ao máximo qualquer
modificação, é fundamental para quem fala cometendo erros, mesmo que estes sejam
mínimos. As possibilidades de não ser escolhido para uma determinada vaga de emprego
por apresentar problemas articulatórios, infelizmente são enormes. Não galgar postos
mais elevados pela mesma razão, também ocorre com muita freqüência. Na infância ficar
11
calado, falando o mínimo possível, é uma atitude comum entre aqueles que falam errado
e tem consciência deste fato.
Não poderíamos deixar de citar, por último os sotaques, os dialetos e as variações
regionais que sempre estão em pauta nas clínicas dos fonoaudiólogos que se perguntam
se devem ou não tratar destas diferenças encontradas na fala. Primeiramente devemos
definir cada uma delas, pois isto é essencial para podermos pensar sobre este assunto.
Utilizaremos o dicionário Houaiss84 para definição destes termos.
Sotaque é a pronúncia característica de um país, de uma região, de um indivíduo. É o
acento utilizado por cada indivíduo, como por exemplo, o sotaque do nordestino, do
gaúcho ou do carioca. Também se considera como sotaque a pronúncia imperfeita de um
indivíduo ao falar uma língua estrangeira, devido à transferência que ele faz de hábitos
fonéticos da língua materna para a outra língua, seja na articulação e/ou na entonação, e
que freqüentemente nos permite identificar a sua origem. Em uma conversa, mesmo
quando o uso da gramática é correto e as palavras são bem empregadas, sempre
sabemos, por exemplo, que aquele determinado sujeito é francês, pois tem um forte
sotaque que o identifica como pertencente a este país.
O dialeto é o conjunto de marcas lingüísticas de natureza semântico-lexical,
morfossintática e fonético-morfológica, restrito a dada comunidade de fala inserida numa
comunidade maior de usuários da mesma língua, que não chegam a impedir a
intercomunicação da comunidade maior com a menor. O dialeto pode ser geográfico ou
social. O dialeto também pode ser definido como qualquer variedade lingüística
coexistente com outra e que não pode ser considerada uma língua (p.ex.: no português
do Brasil, o dialeto caipira, o nordestino, o gaúcho etc.). O dialeto é uma modalidade de
uma língua que não tem literatura escrita sendo predominantemente oral.
Evidentemente, não há como procurar no dicionário, variações regionais, então
procuramos regionalismo que é definido como palavra ou locução (dialetismo vocabular)
ou acepção (dialetismo semântico) privativa de determinada região dentro do território
onde se fala a língua.
Após nos inteirarmos do que são estas definições podemos considerar que, sotaques,
dialetos e regionalismos não são, desta forma, distúrbios de fala e nem podem ser
tratados como problemas. No entanto, sabemos muito bem, que existe a discriminação
para determinadas formas de pronunciar as palavras. Acentos nordestinos, por exemplo,
são muitas vezes, e em muitos lugares, considerados como marcas de menor cultura.
Falar “probrema” no lugar de “problema”, “criente” no lugar de “cliente” também pode ser
12
considerado como marca de menor cultura, assim como falar utilizando o /r/ retroflexo,
como no interior de São Paulo, também leva o ouvinte a ter o mesmo julgamento, “falta de
cultura”. Todos os fonoaudiólogos sabem que isto não é verdade, mas se o falante está
sendo discriminado de alguma forma e quiser mudar sua maneira de falar, o trabalho
fonoaudiológico pode, e deve, ser considerado como pertinente.
AVALIAÇÃO
Após saber diferenciar o que é uma alteração de fala de origem musculoesquelética a
avaliação se torna fácil. Primeiramente é fundamental caracterizar se o problema de fala é
de origem fonológica, neurológica ou musculoesquelética.
A história do desenvolvimento de fala daquele indivíduo que está sendo avaliado por nós,
é sempre muito importante, pois é a partir deste ponto que teremos indícios do que pode
estar ocorrendo. Além das perguntas normais que toda anamnese contém, fazer
perguntas específicas pode nos ajudar a determinar o quadro do paciente85-86.
A sua fala é:
correta: sim não às vezes não sabe é bem entendido: sim não às vezes não sabe com salivação excessiva: sim não às vezes não sabe articulação muito trancada: sim não às vezes não sabe ceceio anterior: sim não às vezes não sabe ceceio lateral: sim não às vezes não sabe descreva o problema de fala:______________________________________________
este problema interfere nas suas atividades de trabalho ou sociais: sim não às
vezes não sabe se interfere relate como: __________________________________________________
Perguntas sobre como ocorrem outras funções, como a mastigação, a deglutição e a
respiração também trarão dados significativos para o correto diagnóstico já que todas
estas funções são exercidas praticamente pelas mesmas estruturas.
Além da anamnese, o exame das estruturas anatômicas da cabeça e face, vai nos ajudar
a saber se pode estar havendo interferência destas estruturas na produção articulatória.
No exame será importante observar: a morfologia, o tônus e a mobilidade das estruturas
moles da boca e da face, além da morfologia das estruturas duras da face e da boca.
Conformação e saúde dos dentes, qual tipo de oclusão existe, assim como qual é a
tipologia facial predominante, podem nos fornecer dados sobre o tipo de alteração
encontrada. É importante observar quais tipos de compensações são utilizadas, e qual é
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o comprometimento que a alteração encontrada causa na inteligibilidade geral. Conhecer
o que o paciente e a sua família acham do problema também nos ajuda, a saber, se
haverá ou não adesão ao trabalho fonoaudiológico.
Examinar as outras funções realizadas pela boca, como mastigar e deglutir, assim como
obter dados sobre a respiração do paciente pode dar indicativos de que o problema de
fala pode estar associado a estas funções ou mesmo ser conseqüência de uma delas.
Segue abaixo um pequeno roteiro que poderá ser somado às outras informações
coletadas na anamnese e no restante do exame.
Exame da Fala
Normal Alterada Observar a fala espontânea e classificar as alterações em:
omissões: _____________________________________________________________
substituições: __________________________________________________________
distorções: ____________________________________________________________
imprecisões: ___________________________________________________________
Usando figuras temáticas, figuras simples, listas de palavras, repetição e/ou leitura
observar:
omissões: _____________________________________________________________
substituições: __________________________________________________________
distorções: ____________________________________________________________
imprecisões: __________________________________________________________
Pedir para repetir todos os fonemas, dando o modelo, e anotar os que não consegue ou
distorce:_________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Durante a fala observar:
presença de baba: sim não excesso de salivação: sim não acúmulo nas comissuras: sim não se a articulação é muito trancada: sim não se existem movimentos exagerados de mandíbula: sim não desvio de mandíbula: D E para frente se existem movimentos exagerados de lábios: sim não se a língua fica posicionada em baixo a maior parte do tempo: sim não se fala muito baixo: sim não alto: sim não se fala muito rápido: sim não devagar: sim não se existem problemas de voz: sim não se existem problemas de linguagem: sim não se há distorção nos sibilantes: descrever_____________________________________
________________________________________________________________________
Outras observações:_______________________________________________________
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________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Após colher todos os dados, será necessário relacioná-los entre si para que se possa
levantar uma hipótese diagnóstica acerca do que seria mais provável estar alterando a
fala. Desta forma será possível saber se existe a possibilidade de tratamento, qual o
tempo provável de terapia e se a mesma deverá ser realizada antes ou depois de uma
possível correção ortodôntica, por exemplo.
TRATAMENTO
Tratar a fala que está alterada por problemas músculo-esqueletais pode ser uma tarefa
bastante simples ou muito complicada, já que isto vai depender do que está causando
esta alteração. O erro que ouvimos enquanto o indivíduo fala, é apenas um sintoma
indicativo de que “algo” está fora dos eixos e não permite a correta produção daquele
som. Este “algo” precisa ser “consertado” ou “melhorado” para que o sintoma que se ouve
possa desaparecer ou melhorar. Nem sempre a causa deste sintoma irá desaparecer,
portanto nem sempre iremos resolver o problema, mas com certeza poderemos melhorar
aquela fala errada que tanto transtorno traz para quem nos procura, sempre com tantas
esperanças de, um dia, poder falar bem. Nosso alvo inicial de terapia é encontrar a
verdadeira e correta causa do que está levando àquela modificação na fala. Quando as
causas são estruturais, ou mesmo funcionais, muitas vezes temos que trabalhar em
conjunto com outros profissionais para que estes removam ou melhorem o que estaria
impedindo ou dificultando a correta articulação do fonema. Às vezes a causa da alteração
pode ser apenas uma flacidez excessiva, ou mesmo a postura inadequada das estruturas
que participam da execução do fonema em questão. Quando isto ocorre, o fonoaudiólogo
irá trabalhar com a possível causa antes de iniciar o trabalho propriamente dito com a
fala. O objetivo da terapia será, muitas vezes, o de compensar as alterações e otimizar a
produção da fala, além de ajudar o paciente a compreender o que ele tem, auxiliando-o a
encontrar as soluções mais pertinentes para seu caso. Devemos lembrar que alguns
fatores podem interferir no tratamento como, por exemplo: a idade do paciente, pois
quanto mais velho mais difícil de ocorrerem mudanças ou das mesmas se estabilizarem;
uma hipótese diagnóstica errada; os conhecimentos do terapeuta que pode não
compreender aquele problema específico fazendo hipóteses errôneas a respeito do
problema em questão; a metodologia empregada; e ainda o pouco envolvimento dos
familiares na compreensão do problema assim como a falta de respaldo para a terapia.
15
Mudar a fala de uma pessoa mais velha, e eu diria que a partir dos 10 anos já começa a
ficar mais difícil, uma vez que os engramas motores já estão bastante sedimentados, é
bastante difícil e exige que o terapeuta tenha bastante experiência e paciência, além de
uma família que se importe e participe. Mais do que tudo isto, é procurar saber “quanto” a
alteração interfere na vida do indivíduo e qual o grau de percepção que o paciente tem de
seu problema. Levar o paciente a descobrir por si só o processo da fala, as suas
dificuldades e os seus limites, pode ser um bom começo para que ele se envolva com
possíveis mudanças. Ajudar o sujeito a descobrir os processos de modificações
utilizando-se de recursos visuais, auditivos, proprioceptivos e táteis pode ajudar muito.
Saber que o indivíduo pode até aprender a produzir o novo fonema, mas também que
este novo fonema pode ser difícil de ser automatizado, é fundamental para que se
diminua a frustração da demora para a fixação do novo som. Às vezes ter consciência, e
deixar bastante claro para todos, de que não será possível a total resolução deste
problema, mas sim que usaremos melhores compensações e novas adaptações para
melhorar a fala, pode ser muito importante para que o andamento da terapia não se
interrompa bruscamente e com a sensação de incompetência por parte do paciente ou
mesmo do terapeuta87.
O terapeuta tem que ter princípios para orientar-se na seleção das metas do tratamento, e
saber que cada indivíduo no seu ambiente é quem determina os objetivos específicos da
terapia. Eu diria sempre que a terapia está assentada em um tripé – conscientização,
propriocepção e adesão ao processo terapêutico.
Para que tenhamos a noção de quão crítico é “falar errado”, dificultando a comunicação
entre falante e ouvinte, eu gostaria de terminar este capítulo contando um fato real
ocorrido em meu consultório no mês de junho de 2002. Eu estava fazendo uma
reavaliação de um garoto de 12 anos que tinha um problema de fala de origem
musculoesquelético grave. A mãe, no momento da reavaliação, o estava pressionando
para ele falasse mais, pois segundo ela, ele estava bastante quieto nos últimos tempos se
recusando até a ir para festas e reuniões de colegas. Após um certo tempo de indecisão
dele, e de maior pressão de sua mãe, ele disse o seguinte:
“Eu estou falando, mas meus amigos não me entendem, então eu chamo a professora,
mas às vezes, ela também não me entende, então, se eu estiver no meio da turma eu não
consigo colocar a minha opinião, e é por isso que eu me fecho no meu mundo”.
16
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