ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Cunha GH da, Galvão MTG. Sociodemographic context of patients with HIV/... ORIGINAL ARTICLE SOCIODEMOGRAPHIC CONTEXT OF PATIENTS WITH HIV/AIDS ATTENDED IN NURSING CONSULTATION CONTEXTO SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM HIV/AIDS ATENDIDOS EM CONSULTA DE ENFERMAGEM CONTEXTO SOCIO-DEMOGRÁFICO DE PACIENTES CON VIH/SIDA ATENDIDOS EN CONSULTA DE ENFERMERÍA Gilmara Holanda da Cunha1, Marli Teresinha Gimeniz Galvão2 ABSTRACT Objective: to describe the sociodemographic context of patients with HIV/aids attended in nursing consultation in ambulatory of infectious diseases. Method: this is about a cross-sectional, descriptive and quantitative study with a sample of 51 patients with HIV/aids. After signature of the informed consent form, the collection of data was performed through of a questionnaire, using the technique of interview and written record of information, from January to July 2007 in a university hospital in Fortaleza-CE, Brazil, after approbation by the Research Ethics Committee, protocol number 17/06. Results: among the patients, 72.6% were from the Fortaleza city, 62.8% were male, mainly of the heterosexual exposure category and of the age group between 31 to 40 years. Most patients were married (56.8%) and had between five and eight years of study (47.0%). Family income between one and two minimum wages and the catholic religion were the most prevalent. Conclusion: the most patients had poor living conditions, which contributes negatively in maintaining health. This information can guide nursing interventions appropriate to the sociodemographic context of each patient. Descriptors: acquired immunodeficiency syndrome; ambulatory care; nursing care. RESUMO Objetivo: caracterizar o contexto sociodemográfico de pacientes com HIV/aids atendidos em consulta de enfermagem em um ambulatório de infectologia. Método: estudo transversal, descritivo e quantitativo com amostra de 51 portadores de HIV/aids. Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, a coleta de dados era realizada através de um questionário, utilizando-se técnica de entrevista e registro escrito das informações, no período entre janeiro e julho de 2007, em um Hospital Universitário de Fortaleza-CE, Brasil, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, com protocolo n 17/06. Resultados: entre os pacientes, 72,6% procediam da cidade de Fortaleza, 62,8% eram do sexo masculino, destacando-se a categoria de exposição heterossexual e faixa etária de 31 a 40 anos. A maioria dos pacientes era casada (56,8%) e tinha entre cinco e oito anos de estudo (47,0%). A renda familiar entre um e dois salários mínimos e a religião católica foram os mais prevalentes. Conclusão: a maioria dos pacientes tinha condições de vida precárias, o que contribui negativamente na manutenção da saúde. Essas informações podem orientar intervenções de enfermagem adequadas ao contexto sociodemográfico de cada paciente. Descritores: síndrome de imunodeficiência adquirida; assistência ambulatorial; cuidados de enfermagem. RESUMEN Objetivo: describir el contexto socio-demográfico de pacientes con VIH/sida atendidos en consulta de enfermería en un ambulatorio de enfermedades infecciosas. Método: estudio transversal, descriptivo y cuantitativo con una muestra de 51 pacientes con VIH/sida. Después de la firma del termo de consentimiento libre y aclarado, la recopilación de datos se llevó a cabo a través de un cuestionario, utilizando la técnica de entrevista y registro escrito de las informaciones, en el período entre enero y julio de 2007, en un hospital universitario de Fortaleza-CE, Brasil, después de la aprobación por el Comité de Ética de la Investigación, con el Protocolo n 17/06. Resultados: entre los pacientes, 72,6% procedía de la ciudad de Fortaleza, 62,8% eran varones, con énfasis en la categoría de exposición heterosexual y grupo de edad de 31 a 40 años. La mayoría de los pacientes estaban casados (56,8%) y tenían entre cinco y ocho años de estudio (47,0%). Los ingresos familiares entre uno y dos salarios mínimos y la religión católica fueron los más frecuentes. Conclusión: la mayoría de los pacientes tenían malas condiciones de vida, lo que contribuye negativamente en el mantenimiento de la salud. Esta información puede orientar las intervenciones de enfermería adecuados al contexto socio-demográfico de cada paciente. Descriptores: síndrome de inmunodeficiencia adquirida; atención ambulatoria; atención de enfermería. 1 Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, da Universidade Federal do Ceará/UFC. Fortaleza-CE, Brasil. E-mail: [email protected]; 2Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal do Ceará/UFC, Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Doenças Tropicais da Universidade Estadual Paulista/UNESP. Fortaleza-CE, Brasil. E-mail: [email protected] Artigo elaborado a partir da Monografia intitulada << Consulta de Enfermagem Baseada na Teoria do Autocuidado de Orem para Portadores de HIV/AIDS >> apresentada ao Curso de Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Ceará/UFC. Fortaleza-CE, Brasil. 2007. Rev enferm UFPE on line. 2011 maio.;5(3):713-21 713 ISSN: 1981-8963 Cunha GH da, Galvão MTG. INTRODUÇÃO Vivencia-se a terceira década da epidemia de aids. No Brasil, estima-se que existem 630 mil pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A dinâmica da epidemia ocorre de forma distinta entre as regiões do país. Na região Sudeste há os maiores percentuais de notificação, 60,4% dos casos, ou seja, 305.725 portadores de HIV/aids. Verificou-se discreto aumento da taxa de incidência no Nordeste e mais acentuado no Norte, pois no ano 2000 os índices que eram de 6,8 e 6,9, respectivamente, aumentaram para 15,2 e 10,8 em 2009.1 Há de se destacar que a região Nordeste é uma região onde a desigualdade socioeconômica ocasiona um perfil diferenciado de adoecer e morrer de sua população, contribuindo de forma importante nas estatísticas nacionais. Especificamente no estado do Ceará, o qual tem adversidades climáticas, problemas socioeconômicos e políticos, elevado fluxo migratório, onde grandes contingentes populacionais se alojam nas periferias, constituindo bolsões de miséria. As pessoas que habitam nessas áreas apresentam elevada vulnerabilidade ao HIV e a outras doenças sexualmente transmissíveis (DST), em decorrência das condições desfavoráveis as quais estão expostas.2 Diante disso, no sistema público de saúde brasileiro, os portadores do HIV são atendidos por equipes multiprofissionais em serviços especializados. Independente da faixa etária e status social, todos os clientes têm disponível nas unidades de tratamento clínico o acesso gratuito às consultas, exames laboratoriais e medicamentos antirretrovirais. De modo que o Brasil se destaca internacionalmente na prevenção e controle da infecção pelo HIV/aids.3 Como profissionais, os enfermeiros realizam assistência aos portadores de HIV/aids nos diferentes cenários de saúde, dentre os quais encontra-se o Serviço de Assistência Especializada (SAE), também denominado ambulatório. Este representa um serviço de acompanhamento aos pacientes estáveis quanto à progressão da doença e sem necessidade de internamento. O serviço ambulatorial tem grande importância para a assistência desses indivíduos, uma vez que a introdução dos fármacos antirretrovirais proporcionou a diminuição da incidência das infecções oportunistas, levando a uma redução das taxas de morbidade e mortalidade associadas ao HIV, o que consequentemente, tornou a aids uma doença Rev enferm UFPE on line. 2011 maio.;5(3):713-21 DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Sociodemographic context of patients with HIV/... crônica, desde adequada.4 que abordada de forma Visto que a infecção pelo HIV/aids vem destacando-se como um dos mais sérios problemas de saúde pública mundial e a cada dia mais enfrentado pelos profissionais de saúde, pelos governos e comunidade científica,5 faz-se necessário que para o desenvolvimento de uma assistência de qualidade aos portadores do HIV/aids, o enfermeiro além de compreender a doença e o tratamento clínico, também conheça o contexto no qual cada paciente está inserido, pois estas informações direcionam as ações de enfermagem e podem proporcionar qualidade de vida a esses indivíduos de acordo com os recursos disponíveis. O interesse em estudar o contexto sociodemográfico de pacientes com HIV/aids advém da convivência profissional e observação das rápidas e significativas mudanças que essa epidemia vem sofrendo com o passar dos anos. O acompanhamento da doença representa um desafio em diversos aspectos, principalmente, pela ausência de um tratamento efetivo que conduza à cura, além das barreiras sociais e econômicas que interferem na adesão ao regime terapêutico. OBJETIVO Caracterizar o contexto sociodemográfico de pacientes com HIV/aids atendidos em consultas de enfermagem no ambulatório de infectologia de um hospital universitário na cidade de Fortaleza-CE, Brasil. MÉTODO Trata-se de um estudo transversal e descritivo com abordagem quantitativa desenvolvido no ambulatório de infectologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da Universidade Federal do Ceará (UFC). O referido hospital atende a pacientes adultos portadores de HIV/aids oriundos de diversas regiões do estado, dispondo de consultas, exames laboratoriais e radiológicos, fornecimento de fármacos antirretrovirais e preservativos. O serviço ambulatorial para HIV/aids do HUWC ocorre apenas uma vez por semana e o retorno dos pacientes acontece em média de dois a três meses. Neste ambulatório realizam atendimento alunos da graduação e pós-graduação em enfermagem, vinculados a um grupo de pesquisa da UFC, do qual as autoras desse estudo fazem parte, desenvolvendo atividades de educação em saúde, grupo de autoajuda e consultas de enfermagem. Esta pesquisa é parte de um amplo trabalho denominado 714 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Cunha GH da, Galvão MTG. Sociodemographic context of patients with HIV/... “Consulta de Enfermagem baseada na Teoria do Autocuidado de Orem para portadores de HIV/aids”.6 A população do estudo foi constituída de pacientes adultos portadores de HIV/aids, sendo que a amostra foi formada pelos 51 pacientes atendidos entre os meses de janeiro e julho de 2007. Esta amostra representou 40% dos clientes que são acompanhados no ambulatório de infectologia. Foram critérios de inclusão, pacientes de ambos os sexos com idade igual ou superior a 18 anos, diagnóstico confirmado de infecção pelo HIV, ser acompanhado no ambulatório de infectologia do HUWC e assinatura prévia do termo de consentimento livre e esclarecido. Como critérios de exclusão constaram a presença de doença mental ou qualquer condição que interferisse nas respostas aos quesitos elaborados pelo pesquisador. Para coleta de dados foi utilizada a técnica de entrevista e registro escrito das informações. O levantamento de dados ocorreu por meio de um questionário com perguntas abertas, o qual requeria informações acerca da identificação do paciente, dados sociodemográficos, os quais incluíam sexo, idade, categoria de exposição, procedência, estado civil, escolaridade, religião, ocupação, renda familiar, condições de moradia e saneamento básico, acesso a serviços de saúde e transporte. O questionário foi criado e validado pelos pesquisadores especialmente para este fim. Os dados foram tabulados pelo programa Microsoft Excel e os resultados expressos na forma de frequência absoluta e relativa. De acordo com o preconizado nas pesquisas que envolvem seres humanos,7 o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFC e aprovado em 23/02/2006 sob protocolo n 17/06. As informações obtidas no estudo foram utilizadas apenas com fins científicos, mantendo-se o anonimato dos pacientes. RESULTADOS Participou do estudo um total de 51 portadores de HIV/aids. Destes, 32 (62,8%) eram do sexo masculino e 19 (37,2%) do sexo feminino. A idade de cada paciente foi alocada em faixas etárias, onde a mais prevalente entre homens e mulheres foi de 31 a 40 anos, representada por 43,1% da amostra. A segunda faixa etária mais observada foi de 21 a 30 anos, na qual estavam inseridos 27,5% dos pacientes. Esses dados estão expressos na Tabela 1. A categoria de exposição referida com maior frequência foi a heterossexual, representada por 62,8% da amostra. Vale ressaltar que 18 mulheres (94,8%) contraíram o HIV de seus parceiros (maridos ou namorados). Entre os homens, a segunda categoria de exposição sexual mais relevante foi a homossexual, a qual foi relatada por 13 pacientes (40,7%). Tabela 1. Caracterização dos portadores de HIV/aids, quanto ao sexo, faixa etária e categoria de exposição. Fortaleza-CE, 2007. Características Sexo Faixa etária* < 20 21 – 30 31 – 40 41 – 50 > 51 Categoria de exposição Heterossexual Homossexual Bissexual Transfusão de sangue UDI** Sexo masculino N % 32 62,8 Sexo feminino N % 19 37,2 N 51 Total 01 08 13 06 04 3,1 25,0 40,7 18,7 12,5 01 06 09 03 - 5,2 31,5 47,5 15,8 - 02 14 22 09 04 4,0 27,5 43,1 17,6 7,8 14 13 03 01 01 43,8 40,7 9,3 3,1 3,1 18 01 - 94,8 5,2 - 32 13 03 02 01 62,8 25,4 5,8 4,0 2,0 % 100,0 * Média de idade: sexo masculino: 36,0 anos e sexo feminino: 32,2 anos. **Usuário de Drogas Intravenosas. Entre os participantes do estudo, 37 (72,6%) residiam na cidade de Fortaleza, capital do Ceará. Dez pacientes (19,6%) eram provenientes da região metropolitana da capital, que é composta por 15 municípios, sendo representada no estudo por indivíduos provenientes de Caucaia, Eusébio e Maracanaú. Apenas quatro pacientes (7,8%) eram referenciados do interior do estado do Rev enferm UFPE on line. 2011 maio.;5(3):713-21 Ceará. Esses dados estão demonstrados na Tabela 2. Quanto ao estado civil, 29 pacientes (56,8%) eram casados e quatro (7,8%) eram divorciados ou separados. Entre os solteiros, observou-se maior percentual de homens (46,8%) que de mulheres (15,7%). A escolaridade foi descrita através do número de anos de estudo. Constatou-se que 24 pacientes (47,0%) tinham entre cinco e oito 715 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Cunha GH da, Galvão MTG. Sociodemographic context of patients with HIV/... anos de estudo. Apenas cinco pessoas do sexo masculino (9,8%) possuíam 13 ou mais anos de estudo. A média de anos de estudo para os clientes do sexo masculino foi de 8,3 anos e de 6,4 anos para o sexo feminino. A religião católica foi referida por 41 pacientes (80,5%), enquanto que seis (11,7%) eram evangélicos e quatro (7,8%) afirmaram não ter religião. Tabela 2. Caracterização dos portadores de HIV/aids, quanto à procedência, estado civil, anos de estudo e religião. Fortaleza-CE, 2007. Características Procedência Fortaleza Região Metropolitana* Interior do Estado Estado civil Casado Solteiro Divorciado/Separado Anos de estudo** 1–4 5–8 9 – 12 ≥ 13 Religião Católica Evangélicos Sem religião Sexo masculino N % Sexo feminino N % N Total % 22 06 04 68,8 18,7 12,5 15 04 - 79,0 21,0 - 37 10 04 72,6 19,6 7,8 16 15 01 50,0 46,8 3,2 13 03 03 68,6 15,7 15,7 29 18 04 56,8 35,4 7,8 08 11 08 05 25,0 34,4 25,0 15,6 04 13 02 - 21,0 68,5 10,5 - 12 24 10 05 23,5 47,0 19,7 9,8 24 05 03 75,0 15,6 9,4 17 01 01 89,6 5,2 5,2 41 06 04 80,5 11,7 7,8 * Região Metropolitana de Fortaleza: composta por 15 municípios, dentre os quais estão Caucaia, Eusébio e Maracanaú, onde residiam os pacientes desse estudo.**Média de anos de estudo: sexo masculino: 8,3 anos e sexo feminino: 6,4 anos. A ocupação foi estratificada em categorias denominadas: aposentado, empregado, desempregado, estudante e “do lar”. Constatou-se que 21 pacientes (41,1%) encontravam-se empregados na época do estudo. Maior parte das mulheres (63,2%) eram donas de casa ou “do lar”. Também foi observada a ocorrência de pacientes aposentados e desempregados devido à infecção pelo HIV/aids, como exposto na Tabela 3. Em relação à renda familiar, 16 portadores de HIV/aids (31,3%) afirmaram que esta era menor que um salário mínimo. A renda familiar entre um e dois salários mínimos foi a mais frequente, sendo referida por 49,0% da amostra. Apenas três pacientes do sexo masculino (9,3%) tinham renda superior a seis salários mínimos. Quanto às condições de moradia, observaram-se os aspectos das casas dos pacientes, considerando o tipo de parede (alvenaria/tijolo, outros), o piso (cerâmica, cimento, outros) e o tipo de teto (laje, telha, outros). Ao que se refere ao saneamento básico foi questionado a existência de abastecimento e tratamento da água (rede geral, outros), esgotamento sanitário (rede pública, fossa, outros) e fornecimento de energia elétrica. A partir da análise desses itens chegava-se à conclusão de que as condições de moradia e saneamento básico eram adequadas ou não. As condições de moradia foram consideradas adequadas. Todas as casas eram Rev enferm UFPE on line. 2011 maio.;5(3):713-21 de alvenaria, tinham telhado e o piso era de cerâmica ou cimento. No entanto, em relação ao saneamento básico, 16 clientes (31,3%) afirmaram alguns problemas, destacando-se a ausência de rede pública para escoamento de esgoto sanitário, com predominância de fossa negra no domicílio (11 pacientes). Três indivíduos utilizavam água não tratada proveniente de poço profundo, até mesmo para ingestão, pois não havia abastecimento e tratamento de água por rede pública. Dois portadores de HIV/aids tinham condições de vida muito precárias, com ausência de rede pública de esgoto, abastecimento e tratamento de água por rede geral e falta de acesso à rede de energia elétrica. Ao se investigar a utilização de outros serviços de saúde concomitantes ao acompanhamento ambulatorial, observou-se que 22 pacientes (43,1%) utilizavam outros serviços. Destacou-se entre os homens a procura por serviços de odontologia públicos ou privados e entre as mulheres, a busca por unidades básicas de saúde ou outros serviços de atenção à mulher para realização de exame ginecológico. Um total de 21 portadores do HIV (41,1%) não tinha acesso a transportes para comparecerem ao ambulatório de infectologia. Este fato era decorrente dos escassos recursos financeiros desses indivíduos. A falta ao atendimento ambulatorial interferia na adesão ao tratamento, pois o paciente não era avaliado clinicamente, havia atraso na obtenção dos 716 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Cunha GH da, Galvão MTG. Sociodemographic context of patients with HIV/... antirretrovirais, assim como não era realizada a coleta de espécimes para exames laboratoriais, especialmente, para a análise da carga viral plasmática e da contagem das células linfocitárias TCD4+. Essas informações são apresentadas na Tabela 3. Tabela 3. Caracterização dos portadores de HIV/aids, quanto à ocupação, renda familiar, condições de moradia e saneamento básico, acesso aos serviços de saúde e transporte. Fortaleza-CE, 2007. Características Ocupação Aposentado Empregado Desempregado Do lar Estudante Renda familiar* <1 1–2 3–4 5–6 >6 Moradia e saneamento** Adequado Inadequado Acesso aos serviços de saúde Sim Não Acesso ao transporte Sim Não Sexo masculino N % Sexo feminino N % N Total % 06 16 08 02 - 18,7 50,0 25,0 6,3 05 01 12 01 26,4 5,2 63,2 5,2 06 21 09 12 03 11,8 41,1 17,6 23,5 6,0 11 14 02 02 03 34,5 43,8 6,2 6,2 9,3 05 11 03 - 26,3 57,9 15,8 - 16 25 05 02 03 31,3 49,0 9,8 4,0 5,9 21 11 65,7 34,3 14 05 73,7 26,3 35 16 68,7 31,3 11 21 34,3 65,7 11 08 57,9 42,1 22 29 43,1 56,9 18 14 56,2 43,8 12 07 63,1 36,9 30 21 58,9 41,1 *Expressa pelo número de salários mínimos, o qual na época do estudo era de R$ 380,00 (Trezentos e oitenta reais).**Considerou-se moradia e saneamento adequados, morar em qualquer tipo de habitação com acesso a rede de esgoto, água tratada e energia elétrica. DISCUSSÃO No ambulatório de infectologia a demanda de pacientes do sexo masculino (62,8%) superou a de pacientes do sexo feminino (37,2%). Fato semelhante foi observado na análise da amostra de outros estudos com portadores de HIV/aids.8-10 De forma geral, esses dados retratam uma dinâmica nacional, na qual a incidência de infecção pelo HIV é maior em homens que em mulheres.1 A faixa etária de maior prevalência para ambos os sexos foi de 31 a 40 anos, representando um total de 43,1% da amostra, seguida da faixa etária de 21 a 30 anos (27,5%). Diante disso, pesquisas demonstram que a maioria dos casos de infecção pelo HIV ocorre em adultos jovens, nas faixas etárias mais produtivas da vida, tanto em termos de reprodução, como de aquisição de independência financeira e desenvolvimento no trabalho.1,11 Em relação ao estado civil dos pacientes, constatou-se que 56,8% dos indivíduos eram casados e a categoria de exposição heterossexual foi a mais prevalente entre homens e mulheres. Acerca destes achados, estudos mostram que a relação heterossexual tem sido a forma de transmissão do HIV mais frequente, o que tem contribuído para a feminização da epidemia em nosso país e o consequente aumento da transmissão vertical do vírus.1,10,12 Vale ressaltar que a segunda categoria de exposição entre os homens foi a Rev enferm UFPE on line. 2011 maio.;5(3):713-21 homossexual, o que remonta aos primórdios da epidemia. Como se pode observar a infecção pelo HIV passou a não se limitar à identidade sexual, mas a comportamentos adotados, ou seja, a epidemia que teve início entre os indivíduos homossexuais masculinos, passou pelos hemotransfundidos, usuários de drogas injetáveis e nos últimos anos, observou-se aumento do número de casos na categoria de exposição heterossexual.13 Assim, as mudanças na abordagem epidemiológica de “grupos de risco” para “comportamentos de risco” e posteriormente para “vulnerabilidade”, permitiram ampliar o foco de atenção para a sociedade como um todo e não apenas para grupos isolados, fazendo com que as instituições de saúde atendessem a um maior número de pessoas com HIV/aids.14 Entre as pacientes deste estudo, apenas uma contraiu o HIV por meio de transfusão de sangue, as demais contraíram de seus parceiros, mostrando que o fato de ter um parceiro fixo não é garantia para não se adquirir a doença. Além disso, do ponto de vista biológico e anatômico, a vulnerabilidade feminina é superior à masculina, sendo as mulheres mais suscetíveis à transmissão do HIV.5 Para a ascensão dos casos, destaca-se entre as mulheres a contribuição da dependência econômica, social, emocional e a questão do uso preservativo, o qual as pessoas referem que diminui a sensibilidade, interfere negativamente na relação e que, geralmente, 717 ISSN: 1981-8963 Cunha GH da, Galvão MTG. não é utilizado quando há relacionamento estável.11,15 Nesse contexto, o mito da relação estável e da segurança conjugal ainda são questões que merecem discussão. Muitas vezes, as mulheres preferem ocultar seus temores e desejos de autoproteção do que enfrentar o que pode parecer uma disputa pelo poder de decisão dentro da relação. Assim, mulheres com acesso aos meios de informação e de prevenção acabam optando por assumir uma relação desprotegida, não avaliando adequadamente os riscos que assumem. Dentre os pacientes, 72,6% procediam da cidade de Fortaleza. Apenas 19,6% e 7,8%, respectivamente, eram provenientes da região metropolitana de Fortaleza e do interior do estado do Ceará. Isso significa que esses indivíduos foram encaminhados de seus municípios para a cidade de Fortaleza, onde há serviços de referência especializados em HIV/aids. Em relação a esse fato, contribui a existência de uma rede básica de serviços e instituições estruturadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que objetiva e prioriza para a população, ações de forma gratuita, universal, descentralizada e integral, através do sistema de referência e contra-referência. Quanto à escolaridade 47,0% dos portadores de HIV/aids tinham entre cinco e oito anos de estudo, enquanto que somente cinco pacientes da amostra possuíam 13 ou mais anos de estudo, sendo todos do sexo masculino. Outros estudos demonstram dados semelhantes,9,10,16 indicando a progressiva disseminação da epidemia em estratos sociais com baixo grau escolar. De forma geral, a escolaridade tem sido utilizada como marcador da situação socioeconômica, assim, o aumento na proporção de casos de aids em indivíduos com menor escolaridade é descrito como uma pauperização da epidemia.1,17 A religião católica foi a mais prevalente entre homens e mulheres. Um fato interessante é que todos os indivíduos evangélicos aderiram a essa religião após o diagnóstico de infecção pelo HIV. Percebeu-se que a religião representava um amparo nas horas de dificuldade, amenizando o sofrimento decorrente da doença. A maioria dos pacientes tinha emprego na época do estudo. Esses indivíduos referiram serviços autônomos como vendedores ou prestadores de serviço, todos sem vínculo empregatício. Havia seis indivíduos aposentados devido à infecção pelo HIV/aids (11,8%) e nove desempregados (17,6%), os quais afirmaram que era devido ao preconceito advindo da doença. Grande parte das mulheres participantes era “do lar”, o que Rev enferm UFPE on line. 2011 maio.;5(3):713-21 DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Sociodemographic context of patients with HIV/... também foi observado em outra pesquisa, na qual havia grande contingente de mulheres que eram donas de casa.10 Diante disso, observa-se a existência de uma desigualdade sexual entre homens e mulheres no que se refere ao trabalho. Nos países em desenvolvimento existe desigualdade de gênero em instâncias diversas da sociedade, o que submete as mulheres à dependência econômica ou a não possuírem empregos fora do lar. Isso faz com que elas tenham menos acesso à informação, gerando fatores desfavoráveis, como o diagnóstico e a assistência tardia. De forma geral, isso tem promovido diminuição da qualidade de vida e redução na sobrevida, mesmo diante dos avanços na terapia antirretroviral.5 A ocupação do indivíduo, muitas vezes, tem relação com a renda familiar. Nesse estudo, a maioria dos pacientes possuía baixos níveis de renda. Dezesseis pacientes (31,3%) referiram renda familiar menor que um salário mínimo e apenas três pacientes do sexo masculino (9,3%) tinham renda familiar superior a seis salários mínimos. A partir dos dados relacionados à ocupação e renda familiar, se percebe que a aids pode afetar a sociedade como um todo. O aumento do número de portadores de HIV/aids gera algumas preocupações, visto que pode pressionar a estrutura dos serviços de saúde. Empresas podem perder trabalhadores e aumenta-se também o número de aposentadorias precoce. Mulheres ficam sem seus companheiros e com total responsabilidade para com o bem-estar da família, assim como crianças órfãs tornam-se uma preocupação para seus familiares. Diante dessa problemática que pode vir a acontecer, qualquer política que beneficie portadores de HIV/aids deve privilegiar ações que tenham impacto na redução da exclusão e das desigualdades, visando a promoção da inclusão social. Dezesseis pacientes referiram não ter condições de saneamento básico adequado, com ausência de rede pública de esgoto, abastecimento e tratamento de água por rede geral e falta de energia elétrica. A ausência de saneamento básico influencia negativamente na qualidade de vida dos infectados pelo HIV, facilitando o contato com microorganismos patogênicos, os quais representam fontes de doenças. Estes aspectos também demonstram que a infecção pelo HIV atinge camadas sociais cada vez mais pobres, verificando-se a existência de precárias condições de moradia, de escolaridade e atividade profissional restrita entre esses pacientes.2,18 718 ISSN: 1981-8963 Cunha GH da, Galvão MTG. Constatou-se que os serviços de saúde mais procurados pelos pacientes, além do ambulatório de infectologia, foram o serviço odontológico e de atenção à mulher para a realização de exame ginecológico. Enquanto isso, os demais portadores de HIV/aids não tinham acesso a outros serviços necessários para a manutenção da saúde. Nesse contexto, promover saúde com equidade é um desafio para os gestores públicos e executores dessas ações. A magnitude das desigualdades sociais em saúde e os escassos recursos impõem que as prioridades para a gestão pública se fundamentem no conhecimento da situação de saúde e no impacto de políticas, programas, projetos e ações sobre a saúde e seus determinantes. Dessa forma, são necessários métodos de planejamento para promover a saúde de toda a população, especialmente, dos portadores do HIV, os quais representam uma parcela da população ainda tão estigmatizada.2 Foi observado nesse estudo que parcela significativa dos clientes não tinha acesso a transportes para comparecerem ao hospital, o que dificultava às consultas de retorno, bem como o recebimento dos fármacos antirretrovirais, essenciais para a manutenção da saúde desses indivíduos. Os aspectos econômicos e políticos têm um significado fundamental para cada população na qual a aids vem se disseminando. O comportamento de risco é vivenciado por pessoas de países desenvolvidos e subdesenvolvidos. No entanto, a maioria dos casos de aids no mundo se encontra em países pobres, sugerindo forte relação com o baixo nível econômico e desinformação.19-20 Apesar de o Brasil possuir um programa nacional de doenças sexualmente transmissíveis e aids muito organizado nos três níveis do SUS – federal, estadual e municipal, sendo reconhecido internacionalmente e ser exemplo no mundo por dispor de um programa que oferece boas respostas contra a epidemia de HIV/aids,3 vale questionar sobre a sustentabilidade futura e até que ponto o Brasil tem controle sobre uma epidemia que cresce invisivelmente em seu interior pobre. Um indicador importante é o acesso aos fármacos antirretrovirais, pois mesmo que o tratamento seja ofertado gratuitamente, em muitas regiões, o fato de as pessoas não terem o que comer deixa-as impossibilitadas de apresentarem uma boa resposta à terapêutica. Assim, o acesso aos medicamentos antirretrovirais não é universal. Embora, distribuídos de forma gratuita, a desigualdade Rev enferm UFPE on line. 2011 maio.;5(3):713-21 DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Sociodemographic context of patients with HIV/... social e econômica determina problemas em relação à adesão. Em geral, os pacientes com baixa renda necessitam de auxílio como o vale-transporte, o qual é fornecido por alguns serviços de saúde. O objetivo dessa iniciativa é manter os portadores de HIV/aids em acompanhamento, uma questão que enfatiza a necessidade de atenção por parte das políticas públicas. CONCLUSÃO Os avanços conseguidos em termos de tratamento para a aids, considerando o advento dos fármacos antirretrovirais, proporcionou uma inquestionável melhora da qualidade de vida dos portadores do HIV. No entanto, o fato da aids ainda não ter cura predispõe uma problemática social e econômica que requer constante atenção por parte das políticas públicas, principalmente, nas regiões mais empobrecidas do país. O baixo nível de escolaridade, a instabilidade financeira e a falta de vínculo empregatício dos portadores do HIV/aids revelam a necessidade da utilização de diferentes formas de educação em saúde, o que é fundamental para prevenção e controle da doença. Além disso, os baixos níveis de renda também influenciam de forma direta nas condições de vida, acesso à alimentação e aquisição de bens e serviços, contribuindo negativamente na manutenção da saúde. Diante desses resultados, surge o questionamento de como garantir os direitos de saúde à clientela que, muitas vezes, é desprovida do mínimo necessário à sobrevivência. Uma limitação encontrada neste estudo foi o fato da amostra ser de apenas 51 pacientes, o que ocorreu devido ao Ambulatório de Infectologia do referido hospital funcionar apenas uma vez por semana, porém, outras pesquisas com a mesma temática utilizaram número amostral semelhante, o que torna os achados deste estudo representativos. Ressalta-se a importância dos estudos acerca das condições sociodemográficas e de conhecimento do perfil dos pacientes nos diferentes cenários das práticas em saúde, pois estes são essenciais para uma assistência de enfermagem de qualidade. A posse dessas informações determina a formulação de orientações reais, voltadas às características dos pacientes, conjunturas familiares e ambientais. Assim, este estudo proporciona subsídios para a identificação de problemas comuns aos portadores de HIV/aids, para posterior realização de intervenções de enfermagem adequadas ao contexto de cada paciente. 719 ISSN: 1981-8963 Cunha GH da, Galvão MTG. REFERÊNCIAS DOI: 10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201120 Sociodemographic context of patients with HIV/... grande porte – município de São Paulo. Rev Latino-am Enfermagem. 2005;13(4):509-13. 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria executiva. Programa Nacional de DST e aids. 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