24 Sábado AÇORIANO ORIENTAL SÁBADO, 15 DE NOVEMBRO DE 2014 COORDENAÇÃO HUGO GONÇALVES, JOÃO CORDEIRO E LÁZARO RAPOSO | www.meiaderock.com DIREITOS RESERVADOS O Meia de Rock é um espaço de divulgação da música que se faz nos Açores, em Portugal e no mundo. Estamos na internet desde Fevereiro de 2013 e no Açoriano Oriental há um ano MEIA DE ROCK [email protected] Um ano a partilhar a música de que gostamos Um ano não é propriamente uma data redonda, mas apetece comemorar, nem que seja pelo facto de se ultrapassar uma barreira psicológica. Foi há um ano que o Meia de Rock passou a imprimir a sua tinta no papel do jornal de referência dos Açores. Cinquenta e duas edições a partilhar a música que gostamos de ouvir: tão simples quanto isso. Sem barreiras de estilos musicais apesar do nome do projeto - e sem barreiras temporais. A música de hoje e a música de outros tempos, a música dos Açores, de Por- tugal e do mundo, rock, jazz, pop, folk ou eletrónica, há espaço nestas páginas - e em www.meiaderock.com - para tudo isto e muito mais. E que melhor forma de o celebrar do que convidar os colaboradores do Meia de Rock a preencherem um álbum de memórias, com a apresentação de um disco que tenha deixado uma marca especial na sua vida. Pedimos também ao diretor do jornal que nos acolhe, Paulo Simões, ele próprio amante e conhecedor de música, a partilhar a sua visão sobre o panorama musical dos Açores. Damos ainda destaque à Agenda Cultural Yuzin, um projeto que tem feito muito pela dinamização cultural de São Miguel. Não podíamos deixar de assinalar também a “prenda” dos Pink Floyd, que, vinte anos depois, editam novo álbum na mesma semana em que estamos a celebrar um ano de edições em papel. Resta-me dizer que o Meia de Rock está sempre de portas abertas. Se gostas de partilhar o que ouves, contacta-nos. // Álbum de Memórias Metallica Black Album 1991 The Beatles Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band - 1967 Foi este disco que transformou os Metallica numa banda de Heavy metal que também sabia escrever canções orelhudas para passar nas rádios comerciais. Até então, nenhuma outra banda de Heavy metal o havia conseguido. O single de avanço, “Enter Sandman” causou estrondo no mercado. Embora com uma cadência pesada, o tema atingiu o primeiro lugar das ‘charts’ europeias e americanas. Mas a banda não se ficou por aqui, e provou que também sabia escrever canções ao estilo de quase balada: “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters” colocam os Metallica num patamar mais abrangente. Se para alguns, a banda havia vendido a alma ao imperialismo das grandes canções, para outros foi a prova de que o coletivo liderado por James Heatfield, havia chegado ao topo, abrindo as portas para que outros lá pudessem chegar. O Heavy metal nunca mais foi o mesmo. JOSÉ F. ANDRADE Adoro o cheiro do livrinho, adoro folheá-lo e ler o que já li mil vezes. Adoro tirar o CD da caixa e pô-lo no deck. Sim, sou um aficionado por álbuns em formato CD. E este disco em tons de vermelho e amarelo, com uns senhores munidos de fatiotas no mínimo interessantes é o primeiro da minha pequena coleção. Editado em 1, este álbum é mais vanguardista que a música de vanguarda dos anos 1 – do século XXI, evidentemente. Mais ainda: cada vez que o ouço parece que soa melhor. É caso para dizer “Its getting better all the time”. Efetivamente, este é aquele álbum em que se nota um novo pormenor em todas as audições, com músicas extremamente completas, com arranjos fantásticos, e com uma capacidade de ficar no ouvido fora do normal. Mais do que tudo, este álbum tem a capacidade de me soltar um grande sorriso sempre que o ouço. MANUEL SILVA 26 Sábado AÇORIANO ORIENTAL SÁBADO, 15 DE NOVEMBRO DE 2014 DIREITOS RESERVADOS Endless River Na semana em que o Meia de Rock celebra um ano de edição impressa no AO os Pink Floyd lançam novo álbum de inéditos Vinte anos depois Pink Floyd lançam novo álbum LÁZARO RAPOSO [email protected] É o terceiro álbum após a saída de Roger Waters, e o primeiro após o falecimento do teclista Richard Wrigth, que tem, no entanto, uma colaboração póstuma em “The Endless River”, que foi editado a partir de horas e horas de ‘takes’ resultantes das sessões de gravação do disco anterior: “The Division Bell”, de 1994. Se ainda não ouviu “The Endless River” - e antes que fique excitado - aviso que não pode estar à espera de um álbum dos “Pink”, como eles nos habituaram. O melhor mesmo, é pensar em “The Endless River” como um disco de música ambiente. Um excelente álbum de música ambiente, é certo, mas um medíocre álbum de rock psicadélico. Há laivos (não sei se intencionais ou não) de vários álbuns da carreira da banda, desde os anos 70 aos anos 90. Por exemplo, o tema “It’s What We Do” tem uma sonoridade muito colada ao álbum “Wish You Were Here” (1975), com momentos a fazer lembrar “Welcome to the Machine”, mas sem a loucura de Roger Waters, que, no fundo, era a alma do tema. Apesar da promessa, o tema nunca levanta voo verdadeiramente. E quando pensamos que a genialidade dos músicos vai aparecer, o tema acaba, e se- gue-se mais uma faixa de música puramente ambiente. Não desgostei da tentativa de contribuição de Nick Mason com os seus solos de bateria espalhados pelos temas “Sum” e “Skins”, a fazer lembrar um pouco “Ummagumma” (1969). “Allons Y (1)” e “Allons Y (2)” faz-nos recuar ao mítico “The Wall” (1979). Quase consigo imaginar a banda a tocar este tema ao vivo, e o muro a ser construído em frente ao palco. É a guitarra que o denuncia. Se era para homenagear Wright, porque não enterrar o machado de guerra e trazer Roger Waters para a equação? Curiosamente, “Surfacing” é o único tema com uma sonoridade mais enquadrada com “The Division Bell”, cujas sessões, relembro, deram origem a este novo disco. Um misto de “Poles Apart” com “Marooned”. Creio que o momento mais forte do disco, aquele pelo qual milhões de fãs suspiravam, acaba por ser “Louder than Words”, o único tema cantado. ‘Guilmour “The Endless River”: Um excelente álbum de música ambiente, mas um medíocre álbum de rock still has it!’ Caramba, porque não um esforçozinho extra para ter mais alguns temas deste calibre? “Louder than Words” podia bem ter figurado em álbuns anteriores de Pink Floyd. Hoje em dia, seria já um verdadeiro hino. Ah, Polly Samson, grande letrista! Respeito o objetivo de Nick Mason e David Guilmour de, acima de tudo, deixarem o ambiente dos teclados de Wrigth serem a peça nuclear do disco. É uma bonita homenagem, mas acaba por prejudicar, não o álbum, mas as expectativas das pessoas. Já agora, se era para homenagear, porque não colocar as diferenças de parte, enterrar o ma- chado de guerra e juntar Waters à equação? Acredito até que o resultado seria bem mais interessante, até porque - sejamos francos - se estes foram os temas, ou melhor, as ideias preteridas em “The Division Bell”, alguma coisa devia querer dizer. Os Pink Floyd são, incontestavelmente, um dos nomes com mais legado e peso na história do Rock, com lugar cativo no Panteão e com uma legião de fãs de que poucas bandas se podem orgulhar. Por este legado, esperava um pouco mais de “The Endless River”. Vistas bem as coisas, estamos a falar de um dos, senão o mais aguardado álbum da história. // Álbum de Memórias Katatonia Last Fair Deal Gone Down 2001 The Legendary Tigerman Femina 2009 Os suecos Katatonia são dos poucos exemplos de sucesso de bandas que, ao longo da sua carreira, sofreram profundas alterações, quer a nível estilístico quer a nível da sua formação, e que conseguiram manter ou até mesmo aumentar o número de fãs. Numa altura em que o metal escandinavo era marcado, essencialmente, pela sua variante de death metal melódico, os Katatonia demarcaram-se de todas as convenções e criaram um estilo muito próprio que foram aprimorando ao longo dos anos. “Last Fair Deal Gone Down”, o quinto longa-duração da banda, lançado em 1, é visto por muitos como uma espécie de ponto rebuçado da segunda fase da carreira da banda e um dos ex-líbris do rock moderno melancólico que alguns tentaram reproduzir mas nunca com a mestria destes suecos de Estocolmo. HUGO GONÇALVES Paulo Furtado, mais conhecido por “The Legendary Tigerman”, tem o verdadeiro “toque de midas”: tudo em que toca transforma-se em ouro. Quer em nome individual, quer com os Wraygunn, Paulo Furtado é o verdadeiro artista. Em Setembro de edita “Femina”, o disco que o catapultou para as luzes da ribalta. São 1 faixas, num total de quase uma hora de emoções fortes, um disco recheado de participações especiais, entre as quais se destacam Asia Argento, Maria de Medeiros, Peaches, Becky Lee, Rita Redshoes. O disco baila entre o melancólico e um blues rock tão característico de Paulo Furtado, com algumas covers à mistura: “These Boots are Made for Walking” de Lee Hazlewood é a que salta mais à vista. Podemos dizer que “Femina” veio alterar a forma como encaramos a música. Além de a ouvir, é necessário vê-la e senti-la, e nisto, este disco é implacável. PEDRO PACHECO Sábado 27 AÇORIANO ORIENTAL SÁBADO, 15 DE NOVEMBRO DE 2014 Yuzin: a agenda de bolso que o leva a todos os eventos culturais JOÃO CORDEIRO Promoção de artistas dos Açores Cabe no bolso e leva-o a qualquer lugar. É a agenda cultural Yuzin e apresenta todos os eventos culturais das ilhas do Grupo Oriental A par da agenda, a Yuzin promove os artistas regionais e dá destaque aos principais eventos em conteúdos exclusivos produzidos mensalmente. O intuito é o de oferecer ao leitor informação complementar sobre os acontecimentos que animam as ilhas, por um lado, e por outro, dar a conhecer artistas, em ascensão ou com carreiras consolidadas, em áreas tão diversas como o artesanato, a fotografia, a música, a dança, o design, entre outras, promovendo-se assim, junto dos locais e turistas, o que de melhor a Região tem para oferecer. ISABEL ALVES COELHO [email protected] Os Açores são muito mais do que paisagem e nos últimos anos conheceram um ‘boom’ cultural com a multiplicação de eventos e espaços vocacionados para as artes e o lazer. A melhor forma de não perder nada do que faz nas ilhas de S. Miguel e Santa Maria é agarrar numa Yuzin – a agenda cultural menos incompleta dos Açores. Gratuita e com uma tiragem de A Yuzin é dirigida a todas as idades e, para muitos, por ter capas de autor, é um objeto colecionável Luís Banrezes entende que seria viável estender a Yuzin a todo o arquipélago cerca de 5 mil exemplares, a Yuzin é distribuída em mais de 150 locais, entre Postos de Turismo, lojas e bares, e contém informação em Português e Inglês sobre todos os concelhos das ilhas do Grupo Oriental. Com formato booklet e um grafismo criativo e apelativo, dá conta, numa base diária, de eventos de natureza diversa, desde a cul- tura erudita à cultura popular, passando pelas exposições, o cinema, teatro, a dança, o entretenimento, o lazer associado à ciência e à gastronomia e os desportos radicais. É assumidamente uma marca e um guia de conteúdos de cultura e lazer de referência. Um projeto da Associação Cultural Silêncio Sonoro, nasceu pelas mãos de Luís Banrezes, jovem portuense que esco- lheu S. Miguel para sua casa. Tudo começou em 2011 e surgiu da necessidade sentida pelo próprio em encontrar, num único formato, informação sobre os eventos que aconteciam diariamente na ilha. Colmatar essa falha foi e continua a ser o objetivo primordial da Yuzin. Nesses quatro anos, a agenda cultural do Grupo Oriental conheceu vários formatos e, em 2013, foi tomada a decisão estratégica de estendê-la a Santa Maria. Para além da proximidade geográfica, as ilhas ficaram mais unidas em torno de um projeto de difusão e promoção cultural. Com uma equipa jovem, a Yuzin é independente, irreverente, crítica e próxima das pessoas e agentes culturais, fundamentais na recolha da informação a pu- blicar, sublinha o seu promotor. É um espaço para dar voz às gentes das ilhas sem nunca, no entanto, perder de vista e partilhar as tendências culturais do mundo. “Conhecer-me, conhecendo o meu espaço e compreende-lo no mundo é uma intenção ambígua que queremos traduzir, sempre mais, em cada edição que sai para a rua, para todos”, afirma Luís Banrezes. Desenvolvendo um verdadeiro serviço público, é intenção da Associação Cultural Silêncio Sonoro levar a agenda a todas as ilhas tornando-se, assim, um produto “Açores”. “O facto da procura mensal ser superior à nossa capacidade de tiragem faz-nos crer que seria viável estender a Yuzin a todo o arquipélago”, sublinha Luís Banrezes. Lúcia Moniz Magnólia 1999 Pearl Jam Yield 1998 Era o Verão de 1, ainda me lembro, era um Verão conturbado. Sofria de amor pela primeira vez, e Magnólia de Lúcia Moniz foi a banda sonora. De tanto, hoje em dia só resta um CD riscado de memórias do fim da minha infância e início de adolescência. Este trabalho editado em 1 marcou uma grande viragem na minha vida, se calhar a maior, e acredito que também para Lúcia Moniz este tenha sido “o seu bebé”. Produzido por outra superestrela açoriana, Nuno Bettencourt (Extreme), Magnólia é um disco jovem, fresco, ingénuo, repleto de emoções, “doce e amargo, cheio de cor”. O meu tema de eleição é “Perdida por ti”, um tema “roqueiro” com uma letra excelente que conta a história de amor entre um anjo e uma humana. Assinalo assim um ano de Meia de Rock com este retrato para o “Álbum de Memorias”. VANESSA AMARAL Ao longo da evolução dos Pearl Jam, os fãs habituaram-se a mudanças circunstanciais de estilo que, como em todas as grandes bandas, se foi alterando com os anos: os talentos inquietam-se, regeneram-se e evoluem. Como falar de “Yield” como uma evolução quando o primeiro álbum da banda tem o nome de “Ten” e a meio surge outro chamado “Vitalogy”? Talvez explicando que foi o º álbum da banda, a tempo da maturidade ganhar espaço. Recebi-o como o álbum da afirmação absoluta da banda. Descobri “Yield” mal o álbum foi lançado, mas numa fase em que ainda estava a começar a apreciar os Pearl Jam, e portanto, sinto o álbum como uma definição muito próxima da banda, e com um sentido muito especial para o baterista Jack Irons, cujo trabalho com a banda foi o último. Foi também onde se começou a notar mais diretamente o fim do fim do grunge. Foi a evolução. LUÍS GONÇALVES Sábado 29 AÇORIANO ORIENTAL SÁBADO, 15 DE NOVEMBRO DE 2014 DIREITOS RESERVADOS DIREITOS RESERVADOS Há espaço para a nova “música moderna” nos Açores Copy & Paste Indo direto ao assunto: já não há paciência para ouvir a maior parte das bandas de covers que atuam em São Miguel PAULO SIMÕES [email protected] Fazer um cover não deveria ser um mero exercício de “copy & paste” musical, como acontece com a quase totalidade dos projetos musicais que se dedicam a imitar os outros. Dos inúmeros casos de gente que soube pegar numa música de outro e dar-lhe a volta por completo, ao ponto de a cover ser considerada melhor do que o original, destaco a magistral versão de “With a Little Help from My friends (dos Beatles), assinada por Joe Cocker. Se não sabem do que estou a falar socorram-se do youtube. Por cá a receita é simples: junta-se um grupo de amigos, escolhem-se umas malhas “orelhudas”, fazem-se uns ensaios e toca a rodar pelos bares da ilha. Sem qualquer preocupação de inovar, de incutir um cunho pessoal nas músicas, de tentar acrescentar algo à Música. Quase todas as bandas desta terra têm um ponto em comum: querem todas tocar o mais igual possível ao original. E como se isso Bandas de covers pecam por falta de criatividade. Não basta saber tocar, é preciso possuir alma de músico não bastasse para atestar o marasmo musical em que vivemos, há músicos que chegam ao cúmulo do ridículo de tocarem covers de covers! Santa paciência! Onde está a criatividade dos nossos músicos? Onde anda a alma musical destes tocadores de instrumentos? É muito pobre o cenário da música moderna que se faz (?) em São Miguel. E já que estamos com a mão na palheta, alguém consegue explicar o mistério da falta de imaginação? Por que motivo os nossos artistas de covers acabam por se copiar uns aos os outros, tocando temas repetidos e caindo no ridículo extremo de se acusarem mutuamente de “plágio”! Não basta tocar e cantar bem, saber música, é necessária uma certa rebeldia e irreverência intelectual, aquilo a que muitos poderão chamar de “espírito de artista”, para se conseguir criar s.l. Infelizmente o panorama da música moderna em São Miguel é tudo menos criativo e moderno. Ouvimos as mesmas tretas de sempre, os hits do passado e/ou as melodias xaroposas que enchem os tops de hoje. Já nem peço músicas originais de raiz mas que, pelo menos, peguem num tema de outro e o desconstruam, dilacerem, virem ao contrário e assumam como seu. Com garra, com energia. Seja rock o que lhes corre nas veias, ou música eletrónica, criem. Não tenham medo da crítica. Existem exceções, e ainda bem, mas contam-se pelos dedos de uma mão os projetos musicais que conseguem resistir ao copy & paste” das canções dos outros. E volto ao início: há espaço para música nova nos Açores, não há paciência para ouvir mais do mesmo. // Álbum de Memórias Rui Veloso Mingos e Os Samurais 1990 Queen Greatest Hits I & II 1991 Algures nos anos , quando o ouvi pela primeira vez numa cassete pirata - não sabia que era um álbum duplo, não sabia que era um álbum conceptual, nem sabia que “Não há estrelas no céu” não ia ser sempre a minha música preferida (hoje é a que menos ouço...). Passei horas a fio a ouvir as aventuras e desventuras, as paixões e os desgostos de Mingos, e a história da ascensão e queda da sua banda, Os Samurais. Lembro-me que acompanhava as letras das canções com umas fotocópias do ‘booklet’ que ficaram guardadas numa gaveta da cozinha até o agrafo ganhar ferrugem. Hoje, tenho o CD - que comprei em segunda mão - e as letras continuam gravadas na minha memória quase sem falhas. Não terá sido o fator determinante, mas foi também por este disco que a música passou a fazer parte da minha vida. JOÃO CORDEIRO Lembram-se? Chegou a Portugal numa caixinha dourada. Parecia uma caixa de charutos. Ainda me lembro de o pedir: “Emprestas-me aquele CD dos ‘QUEENS’?”. Eu, que hoje em dia corrijo ferozmente as pessoas de que é QUEEN, no singular. Pedi o disco apenas para ouvir o tema “We are the Champions”. Numa altura em que a internet ainda vinha em saquetas, o acesso à informação não era o que é hoje. Metódico e organizado como gosto de ser nestas coisas, coloquei o primeiro disco e… Bem, o primeiro tema era “Bohemian Rhapsody”. Curioso e satisfeito, fui ouvindo, de faixa em faixa: “Somebody to Love”, “Killer Queen”, “Radio GaGa” , “Innuendo”, “Bicycle Race”, etc... Quando dei por mim já estava a repetir o álbum. Olhei para a capa: eram os QUEEN! Não sabia, mas tinha acaba de ter o meu “Bar Mitzvah musical”. LÁZARO RAPOSO