BCAA (Aminoácidos de Cadeia Ramificada)

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Nutrição
Nutrition/Supplement
BCAA (Aminoácidos de Cadeia Ramificada)
Isabel de Souza Carvalho (CRN/RJ 20021003470)
[email protected]
No século XIX, dizia-se que a contração muscular destruía uma parte do conteúdo protéico dos músculos para
proporcionar energia. Recomendava-se uma dieta rica em
proteínas para preservar a estrutura muscular e suprir os
gastos energéticos. Hodiernamente, a cultura atlética ainda
reproduz as antigas práticas dietéticas concernentes ao mito.
Para os atletas, a massa muscular não aumenta simplesmente
graças ao consumo de alimentos ricos em proteínas. Na
verdade, a proteína extra ingerida pode ser convertida em
componentes de outras moléculas (sim, proteína em excesso
pode aumentar o porcentual de gordura), bem como induzir
efeitos colaterais, particularmente uma sobrecarga para as
funções hepática e renal, em virtude da eliminação da uréia
e de outros compostos (McARDLE et al., 2003).
A principal contribuição das proteínas dietéticas consiste em
fornecer aminoácidos para os vários processos anabólicos. O
corpo necessita de 20 aminoácidos diferentes, sendo alguns
“não-essenciais” (produzidos pelo próprio organismo) e
os restantes “essenciais” (como não são sintetizados pelo
organismo, têm de advir da alimentação); são aminoácidos
essenciais: valina, leucina, isoleucina, fenilalanina, metionina, treonina, lisina, triptofano e histidina (McARDLE et
al., 2003).
Os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA, do inglês:
Branched Chain Amino Acids) são liberados pelo fígado
durante a atividade motora; são eles os seguintes aminoácidos essenciais: valina, leucina e isoleucina (LANCHA
JUNIOR, 2004).
Com o esforço intenso, os aminoácidos de cadeia ramificada atingem, sobretudo, a musculatura exercitada, onde
são consumidos e participam da conversão do piruvato em
alanina, a qual é encaminhada ao fígado para nova formação
de piruvato. Com o esforço moderado, os aminoácidos de
cadeia ramificada atingem a mitocôndria da musculatura
exercitada, participando da síntese de glutamina, a qual
segue para os tecidos para a formação de glutamato. Enfim,
observa-se que o consumo muscular de aminoácidos de
cadeia ramificada visa à manutenção da funcionalidade do
Ciclo de Krebs, e tanto a síntese de alanina quanto a de glutamina são a forma encontrada para remover da musculatura
os grupos amínicos (LANCHA JUNIOR, 2004).
ramificada; dentre elas, é possível destacar aumento da síntese de proteínas musculares e redução da sua degradação,
encurtamento do tempo de recuperação após o exercício,
aumento da resistência muscular, diminuição da fadiga
muscular, fonte de energia durante dieta e preservação
do glicogênio muscular. Todavia, muitas vezes os apelos
comerciais são falácias. Embora a maioria das alegações
veiculadas não encontre ainda respaldo científico, estudos
sugerem que a queda do desempenho possa estar vinculada
à fadiga, a qual pode ocorrer por hipoglicemia e pelo aumento da serotonina, um neurotransmissor responsável pelas
sensações de sonolência, devido ao aumento de captação do
triptofano, um aminoácido precursor da serotonina. Nesse
caso, a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada
é válida, pois eles competem com o triptofano pelo mesmo
sistema transportador.
São encontrados aminoácidos de cadeia ramificada em todas as fontes de proteína animal. Os produtos derivados do
leite contêm grandes quantidades deles, mas, atualmente, a
proteína isolada do soro do leite (WHEY PROTEIN) é uma
das fontes mais ricas. As proteínas animais e o WHEY PROTEIN contêm, respectivamente, 15 e 30% de aminoácidos
de cadeia ramificada.
Não obstante, a suplementação deve ser feita sob a orientação de um Nutricionista Esportivo; somente este profissional
é sabedor de certas peculiaridades de cada produto, como a
seguinte curiosidade: pelo fato dos aminoácidos de cadeia
ramificada estimularem a produção de insulina e poder
ocorrer remoção rápida da glicose circulante (causando
queda da performance), é aconselhável evitar o consumo
imediatamente antes do treino (o recomendável é até 1 hora
antes e também até 2 horas depois; porém, a dose varia de
acordo com a individualidade biológica).
Na verdade, a suplementação costuma ser dispensada, pois
a ingestão entre 1,2 e 1,8 grama de proteína por quilo de
peso corporal diariamente na forma de alimentos protéicos
elimina a necessidade de consumir proteína suplementar,
fornecendo todos os aminoácidos essenciais, inclusive os
aminoácidos de cadeia ramificada, cujos benefícios ainda
necessitam de maiores confirmações científicas.
Na verdade, dessa forma, os aminoácidos de cadeia ramificada podem substituir a glicose nas vias de energia
(SIZER e WHITNEY, 2003). Nos fins dos anos 70, os
aminoácidos de cadeia ramificada foram sugeridos como o
terceiro combustível para a musculatura esquelética, após
os carboidratos e as gorduras (GLEESON, 2005). Contudo,
efeitos ergogênicos da sua suplementação não costumam
ser verificados, particularmente quando comparados com
os que ocorrem com a suplementação de carboidratos, uma
escolha mais natural, quando a intenção é fornecer energia
e poupar glicogênio (WILLIAMS, 1999).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Muitas funções são atribuídas aos aminoácidos de cadeia
Saiba mais: [email protected]
Gleeson M. Interrelationship between physical activity and branched-chain amino
acids. J Nutr, 135: 1591-1595, 2005.
Lancha Jr, AH. Nutrição e metabolismo aplicados à atividade motora. São Paulo:
Atheneu; 2004
McArdle, WD; Katch, FI; Katch, VL. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e
desempenho humano. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003.
Sizer, FS; Whitney, EN. Nutrição: conceitos e controvérsias. São Paulo: Manole;
2.003.
Williams, MH. Facts and fallacies of purported ergogenic amino acid supplements.
Clin Sports Med, 18(3):633-49, 1999.
Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 5, p. 253, Setembro/Outubro 2005
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