contribuições das brincadeiras à formação intelectual, moral e ética

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CONTRIBUIÇÕES DAS BRINCADEIRAS À FORMAÇÃO INTELECTUAL,
MORAL E ÉTICA DE ALUNOS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
Agatha Ludmila Santana Barros (FURB)
[email protected]
Thayse Stoll (FURB)
[email protected]
Rita Buzzi Rausch (FURB)
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste artigo é socializar um dos projetos didáticos desenvolvidos no Subprojeto da
Pedagogia estabelecido entre a Universidade Regional de Blumenau e a Escola de Educação
Básica Comendador Arno Zadrozny, a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência (PIBID). O PIBID é fomentado pela CAPES e visa incentivar o exercício da
docência na Educação Básica, oportunizando acadêmicos dos Cursos de Licenciatura de
instituições universitárias um contato direto com a profissão docente. O PIBID da Pedagogia
da FURB tem como foco principal a alfabetização e o letramento de crianças. O aporte
teórico da proposta respalda-se principalmente em Vygotsky (1991) quanto à prática
pedagógica, Smolka (2003) no que tange aos processos e métodos de alfabetização e Magda
Soares (2003) e Ângela Kleiman (2007) para os processos de letramento. Integradas na Escola
de Educação Básica Comendador Arno Zadrozny, como bolsistas do Programa, no ano de
2011, observamos as dificuldades no processo de alfabetização de alunos do primeiro ano e
notamos que estes não conseguiam se concentrar por muito tempo nas atividades propostas. A
partir disso decidimos organizar nossa intervenção docente por meio de um projeto que
envolvesse as brincadeiras e tivemos como foco descobrir como as brincadeiras que as
crianças já conhecem podem auxiliar no seu desenvolvimento intelectual, moral e ético.
Magda Soares (2003) nos auxiliou a ampliar nosso conhecimento sobre alfabetização e
letramento. Também procuramos instigar a consciência fonológica dos alunos. A cada semana
trabalhamos com as crianças uma das brincadeiras escolhidas por elas mesmas, sempre
enfatizando suas regras e a sua importância para uma boa vivência na sociedade. Em síntese,
as experiências teóricas e práticas vivenciadas no PIBID colaboraram significativamente com
nossa formação inicial docente e com a formação integral das crianças envolvidas. Os
resultados apontaram um avanço expressivo nas turmas de alunos trabalhadas. Percebemos
além dos avanços em seus processos de alfabetização e letramento, um amadurecimento no
que diz respeito à disciplina, cooperação, integração, compartilhamento de material, respeito a
regras e solidariedade, contribuindo, em suma, com sua formação intelectual, moral e ética.
Palavras-Chave: Alfabetização e Letramento. Iniciação à Docência. Brincadeiras. PIBID.
1 INTRODUÇÃO
Visando melhorar a média nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica e aproximar os licenciandos à sala de aula o Governo Federal criou o Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). “O programa oferece bolsas de
iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas
públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede
publica.” (BRASIL, 2011). Até o ano de 2010 o PIBID atendia apenas às Universidades
Federais. A partir de 2010, puderam participar do edital também universidades comunitárias.
Já no primeiro edital possível, a FURB encaminhou e aprovou um projeto contemplando,
inicialmente, cinco licenciaturas, incluindo a subárea de Pedagogia.
A Escola de Educação Básica Comendador Arno Zadrozny teve me 2010 um dos
menores Índices de Desenvolvimento de Educação Básica do município de Blumenau. Este
foi um dos motivos de escolhermos este local para desenvolvermos observações e
intervenções conjuntamente aos professores da referida escola. Em sala de aula foi observado
a necessidade de limites de comportamento dos alunos e a dificuldade nos processos de leitura
e escrita. Em reunião com a equipe pedagógica da escola decidimos trabalhar com o tema
brincadeiras, enfatizando as dimensões da moral e da ética no processo de alfabetização e
letramento. Com este tema buscamos auxiliar no desenvolvimento dos valores morais e éticos
dos alunos, além de intervir no seu desenvolvimento espacial, emociona e cognitivo.
2
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A sociedade em que vivemos tem exigido cada vez mais o entendimento do processo
de desenvolvimento social. Saber ler e escrever deixou de ser o suficiente para ser um
indivíduo intelectualmente desenvolvido e a preocupação com a qualificação da educação
começou a crescer consideravelmente.
Em meados da década de 90, o termo letramento passou a ser mais pesquisado e
utilizado, e desde então as pesquisas começaram a enfatizar o domínio das competências de
leitura e escrita das pessoas (SOARES, 2003). Soares ressalta que a Folha de S. Paulo
publicou uma pesquisa em 1991 relatando que apenas 18% dos brasileiros são analfabetos,
porém, o número de pessoas desqualificadas é muito maior. O jornal faz alusão ao processo
de letramento, ou seja, quando o jornal declara “desqualificados” ele quer exprimir que as
pessoas até podem estar alfabetizadas, mas possuem dificuldade em interpretar alguns meios
de comunicação. Alguns autores nomeiam essas pessoas como analfabetos funcionais.
Soares (2003) ressalta que letramento remete às práticas sociais de leitura e de escrita.
Podemos evidenciar esse conceito através das pesquisas de Kleiman que destaca que
“letramento também significa compreender o sentido, numa determinada situação, de um
texto ou qualquer outro produto cultural escrito.” (2007, p. 10).
Os estudos revelam que desde os anos iniciais da escola, a alfabetização e o letramento
precisam estar integrados. Ou seja, é necessário letrar e alfabetizar paralelamente. Kleiman
afirma que uma pessoa pode ser letrada mesmo não estando alfabetizada e remete a ideia de
que a alfabetização é um meio de comunicação que auxilia e facilita na compreensão e
envolvimento do usuário nas demais esferas comunicacionais. Para ela, alfabetização é “um
conjunto de saberes sobre o código escrito da sua língua, que é mobilizado pelo indivíduo
para participar das práticas letradas em outras esferas de atividade, não necessariamente
escolares.” (KLEIMAN, 2007, p.13).
Compreendemos que o professor, em seu papel de mediador do conhecimento, deve
preocupar-se com o interesse de seus alunos e inseri-los em práticas que desenvolvam o
conhecimento de vários elementos comunicacionais, aprimorando as práticas de letramento.
Conforme argumenta Freire (1983), alguns professores “depositam” conhecimento em seus
alunos utilizando, ou não, apenas retalhos das vivências sociais. Passa a ser, neste sentido, um
sujeito transmissor de conhecimentos e transforma o aluno em um sujeito oprimido. Estudos
comprovam que alguns alunos envolvidos em uma educação bancária não conseguem
perceber a importância de determinado conhecimento e desinteressam-se pelos estudos,
desistindo da escola. O professor desenvolvendo práticas autoritárias não contribui com a
escola que tem como objetivo formar cidadões críticos e autônomos. Esta é a intenção de uma
prática com letramento, mostrar e motivar os alunos a perceber que na escola desenvolvemos
parte do conhecimento que iremos utilizar na comunidade.
De acordo com Schroeder (2008), em uma pedagogia construtivista, o professor, como
agente mediador do conhecimento, precisa repensar suas práticas a partir das seguintes
dimensões:
• A dimensão conceitual - é entrelaçada pelo conhecimento e professor, busca-se a
programação do ensino, considerando o conteúdo a ser ensinado e justificando a
importância de ensinar esse conteúdo.
• A dimensão didática - estuda a relação professor e aluno, analisa-se os recursos
metodológicos através das relações afetivas, motivações e interações discursivas.
Nesse procedimento é necessário que o professor ajuíze como ensinar.
• A dimensão psicológica – reserva-se entre o aluno e o conhecimento, partindo da
subjetividade de cada aluno, pois causa influências emocionais, além de controlar a
capacidade de compreensão. O professor deve estar preparado para diagnosticar as
formas viáveis de auxiliar os seus alunos a obter um melhor resultado. Portanto, nessa
dimensão é importante ter sensibilidade à forma como o aluno aprende.
Pode-se esquematizar esse processo da seguinte forma:
Fonte: Schroeder (2008)
De acordo com as dimensões mencionadas, podemos perceber a importância do professor
estar ciente de sua prática de ensino e considerar as relações entre o professor, o aluno, a
comunidade e o conhecimento. Ou seja, para um trabalho de qualidade precisamos adequar
nosso planejamento de acordo com as motivações e necessidades do aluno participante
daquela sociedade, para promover um bom desempenho no seu processo de ensino e formar
um cidadão letrado.
3
A
IMPORTÂNCIA
DAS
BRINCADEIRAS
APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
AO
PROCESSO
DE
A brincadeira é uma das atividades mais importantes da infância, não só pela sua
importância sociocultural já confirmada por vários autores, mas por sua frequência. Qualquer
pessoa que tenha contato com as crianças, pode perceber que ela está o tempo todo
exercitando sua ludicidade.
Em 2004 a Escola de Educação Básica Comendador Arno Zadrozny aderiu ao projeto
Estadual EPI – Escola Pública Integrada, que visa ampliar a matriz curricular dos alunos,
permanecendo na escola oito horas por dia e cinco dias por semana. Porém, em 2007 esta
carga horária foi diminuída, pois notou-se que o atendimento integral cinco vezes por semana
era cansativo para os alunos e eles passaram a ser atendidos integralmente apenas três dias por
semana.
Por serem tão frequentes as prática lúdicas das crianças nas escolas, nem sempre
orientadas por profesores e muitas vezes em momentos inadequados, detectou-se a magnitude
de aliar as brincadeiras ao processo de aprendizagem dos alunos. No livro Jogo, brincadeira e
brinquedo, Volpato (2002) relata que nas suas observações nas escolas, os professores apenas
usavam os jogos quando era importante para aderir determinado conhecimento relacionado
com o assunto estudado e, diante disso, muitas vezes, as crianças não sentiam prazer em
brincar ou jogar. Portanto, percebemos que deveríamos utilizar em nosso projeto jogos que
eram considerados prazerosos pelas crianças e se utilizados adequadamente, poderiam auxiliar
nas práticas de alfabetização e letramento, bem como orientar na formação moral e ética dos
alunos.
A comunicação é uma importante forma de envolvimento entre as pessoas de diversas
sociedades. Para a interação é necessário que as pessoas consigam conviver respeitando as
necessidades entre si. Para isso, criou-se regras e formas de mostrar a todos os seres humanos
até que ponto podemos intervir na privacidade dos outros.
Nas escolas, são criadas regras que auxiliam em uma melhor interação entre alunos,
professores e comunidade. Porém, esquecemos de mostrar aos alunos a importância de seguir
estas regras, além disto, segundo Vygotsky (1991), até os 12 anos o desenvolvimento das
crianças relaciona-se mais com o concreto, e situações superficiais são de difícil compreensão
para eles. Felizmente, o homem possui o hábito de questionar algo que ainda não está
internalizado. Então, nós, seres humanos,
sem as respostas que precisamos, buscamos
descobrir essa importância explorando as consequências. Por exemplo, um aluno que nunca
teve a orientação para não sentar em cima da mesa, provalvemente irá fazer e ficará
angustiado em saber que é “proibido” sentar em cima daquela mesa sem motivos.
Provavelemente, irá questionar a pessoa que lhe chamou a atenção e não obterá respostas
toleráveis.
Nas brincadeiras, sem estar consciente de sua importância, as crianças criam suas
regras e buscam cumprí-las. Segundo Vygotsky (1991), as crianças conseguem fazer no faz de
conta algo que não conseguem fazer na realidade, adiantando-se ao seu prórpio processo de
desenvolvimento. Em nossa atuação docente, tentamos promover essa interação da criança
com a brincadeira. A criança apresentava autonomia em suas ações e ao mesmo tempo criava
regras próprias para limitá-las. E quando as regras não eram cumpridas pelos colegas, elas
sentiam-se invadidas em sua privacidade. Nosso objetivo com esta interação foi fazer com
que a criança gostasse dos momentos em que estava na escola, tivesse autonomia em suas
ações e descubrisse e tornasse possível a utilização das regras propostas pela sociedade para
uma boa convivência.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E RELATO DAS ATIVIDADES
Nas atividades desenvolvidas pelo PIBID junto aos professores da Educação Básica,
buscamos desenvolver uma pesquisa ação. Na concepção de Alarcão (2005, p. 32):
A pesquisa-ação é uma metodologia de intervenção social cientificamente apoiada e
desenrola-se segundo ciclos de planificação, ação, observação, reflexão. Como parte
de um problema que se pretende solucionar e como se sabe que para bem resolver o
problema é preciso caracterizá-lo primeiro [...].
Seguindo os princípios da autora iniciamos o programa observando e descrevendo os
problemas apresentados na turma de primeiro ano da Escola Básica Estadual Comendador
Arno Zadrozny. Propomos uma sondagem para diagnosticar as dificuldades de cada aluno.
Nesta atividade as crianças deveriam escrever quatro brinquedos (caminhão, boneca, lego e
gaita) que escolhemos na sala de aula (quadro 1). Depois apresentamos as seguintes
indicações para que formassem o desenho de um palhaço (quadro 2): deixe a folha na vertical;
dobre a folha no meio; desenhe um círculo um pouco acima do meio; desenhe uma nuvem no
lado esquerdo do círculo; outra nuvem no lado direito; desenhe uma forma oval embaixo do
círculo; faça um par de braços; faça um par de pernas; com quem seu desenho se parece?
Quadro 1
Pré silábica sem
controle de quantidade
Silábica iniciando uma
correspondência sonora
Fonte: Produções escritas das crianças
Silábica com
valor sonoro
Escrita Alfabética
Quadro 2
Fonte: Desenhos das crianças
Esta sondagem foi parte de nossa observação e de extrema importância para
diagnóstico do nível de aprendizagem da turma. Constatamos que cinco alunos já possuiam
escrita alfabética e os outros variavam entre silábico-alfabético, silábico iniciando o valor
sonoro, pré-silábico com quantidade de repertório variado e escrita pré-silábica sem o controle
de quantidade. Utilizamos como apoio teórico para verificar os níveis de desenvolvimento da
escrita o estudo de Emília Ferreiro, Psicogênese da Alfabetização, que caracteriza as várias
fases que uma criança poderá passar no desenvolvimento da escrita.
Depois de analisar as condutas das crianças e as sondagens, refletimos sobre a melhor
forma de ajudá-las a aprimorar seu desenvolvimento intelectual, moral e ético. Na perspectiva
de Vygotsky (1991), a criança precisa desenvolver afeto pelo conteúdo, ou seja, para uma
melhor internalização é importante que o professor motive-a a gostar e querer conhecer mais
os conceitos abordados. Para isso, em nossa primeira intervenção utilizamos a música para
cativar os alunos e mostrar-lhes a importância do respeito pelos colegas. Discutímos a
relevância de respeitar os colegas em outros momentos do nosso cotidiano, como nos
momentos que os colegas estão compartilhando experiências, na organização das rotinas
escolares e principalmente nos momentos lúdicos.
Evidenciamos nosso projeto perguntando aos alunos quais eram suas brincadeiras
favoritas. Fizemos uma votação das 10 mais apreciadas - e pedimos que relatassem alguns
momentos marcantes que vivenciaram com elas. O grupo relatou casos de acidentes durante
as brincadeiras e começou a relacionar com a falta de respeito entre os grupos. Vinculamos
com a ideia de que toda brincadeira precisa de regras. Na sequência, pedimos que, em duplas,
ilustrassem uma das brincadeiras mais votadas e que escrevessem qual a causa do nome dela
para apresentar à turma. Nas apresentações, alguns grupos ficaram envergonhados e tiveram
dificuldade em relembrar o que haviam escrito, pedimos que apenas explicassem. Algumas
falas foram: “Porque todo mundo fica dando a mão e forma uma corrente”(Pega Corrente);
“Porque quando a gente encosta no colega ele é o ovo choco” (Ovo Choco); “Tem que se
esconder em algum lugar” (Esconde-Esconde).
Nos próximos encontros, visamos a necessidade de combinar as rotinas de cada dia,
pois muitos tinham dificuldade de medir o tempo e várias vezes mencionaram: “Já tá na hora
de ir para casa?”, “Não posso fazer essa atividade, porque minha mãe disse que vinha me
buscar!” ou “Quando é o recreio?”. Para tentar sensibilizá-los a organizar seu cotidiano
fizemos um mural e no início das aulas conversávamos sobre o que iria acontecer naquele dia.
As placas que utilizamos forma as seguintes: “Bem Vindos”, “Roda de Conversa”, “Contação
de História”, “Atividades”, “Recreio”, “Brincadeira”, “Musicalização”, “Educação Física”,
“Jogos Matemáticos”, “Artes”, “Informática”, “Inglês”, “Cultura e Movimento”, “Filosofia”,
“Hora ir para casa” e “Desenho”.
No final de cada encontro, pesquisávamos a forma de interagir na próxima
brincadeira e sanávamos as dificuldades encontradas no grupo. Por exemplo, os meninos e as
meninas não tinham o hábito de brincar juntos e sempre justificavam que havia brincadeiras
específicas para os meninos e outras para as meninas. No dia da brincadeira “Boneca”,
escolhida por quase todas as meninas e “vaiada” pelos meninos, tentamos mostrar que o
fantoche é um boneco e os dois gêneros são conhecidos como brinquedos. Embora alguns
ainda ficaram receosos, outros conseguiram interagir entre si e tornaram o momento muito
especial.
Confecção de um fantoche
Apresentação de um teatro
criado pelos alunos.
Interação entre grupos
Uma das dificuldades percebidas no projeto foi a evidência de esteriótipos. Tentamos
superá-los desenvolvendo a imaginação e exploração das crianças em suas próprias
produções. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,
1998), as crianças precisam perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos.
Na brincadeira “Pega-pega”, o grupo se surprendeu com uma boneca que estava
dentro de uma caixa no qual os alunos deveriam tocar e imaginar o que havia dentro da caixa.
Quase todos os alunos disseram ser um urso de pelúcia, depois desenharam seu palpite e
justificaram.
Sentindo a boneca
Registro do palpite boneca
Registro e representação da almofada
No nosso último encontro a brincadeira escolhida foi futebol. Fizemos uma
dramatização da música “ Uma Partida de Futebol”, e logo depois discutimos acerca das
regras do futebol que são utilizadas quando brincam entre si e com as famílias. Novamente
percebemos como as regras são importantes para nosso desenvolvimento moral,
harmonizando as diferentes cosmovisões. Dividimos a turma em grupos e pedimos que se
organizassem para preencher com barbante as linhas da quadra de futebol feita em uma
cartolina, enquanto alguns estavam escrevendo as regras em uma folha de papel.
Nas imagens a seguir podemos perceber a interação do grupo com a atividade:
Após fazer uso das habilidades motoras e escritas, entregamos um canudinho para
cada aluno e um pedaço de algodão para cada grupo, pedindo que fizessem uma bola com o
algodão e utilizassem as regras registradas para jogar futebol na catolina.
Durante todos os encontros sentimos que os alunos gostaram da nossa presença e que a
cada encontro estavam desenvolvendo-se e contribuindo para nossa formação docente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do PIBID conseguimos ter uma visão mais ampla sobre a educação e
participar do programa nos proporcionou experiências impares, como futuras profissionais da
educação. Durante este período aprendemos muito com os alunos e com as experiências
desenvolvidas em sala de aula. Não só ensinamos as crianças, mas também aprendemos
muito durante o processo. Conseguimos atingir muitos objetivos ao qual tínhamos como
finalidade.
Observamos que os jogos e as brincadeiras provocam um nível de integridade nas
crianças e o lúdico pode contribuir para que se tornem adultos dignos. Constatamos, também
que o lúdico empregado de forma apropriada serve como ferramenta de grande importância ao
processo de Alfabetização e Letramento.
Percebemos, também, que na alfabetização é
fundamental desenvolver atividades que envolvam prazer, sendo necessário, desta forma, um
fundamento teórico que propicie ao professor entender as brincadeiras como processos
fundamentais ao desenvolvimento intelectual, moral e ético das crianças. Não podemos, como
professores nos limitar apenas ao ato de educar repassando informações. Cabe ao professor
buscar caminhos alternativos no processo de ensino e aprendizagem.
Concluímos nossa produção destacando que as experiências teóricas e práticas
vivenciadas por nós, no PIBID, repercutiram positivamente em nossa formação inicial
docente e na formação integral das crianças envolvidas. Os resultados apontaram um avanço
expressivo nas turmas de alunos trabalhadas. Percebemos além dos avanços das crianças em
seus processos de alfabetização e letramento, um amadurecimento no que diz respeito à
disciplina, cooperação, integração, compartilhamento de material, respeito a regras e
solidariedade, contribuindo, em suma, com sua formação intelectual, moral e ética.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da
Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1983.
KLEIMAN, A. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna. Santa
Cruz do Sul: Signo, 2007.
SCHROEDER, E. A teoria histórico-cultural do desenvolvimento como referencial para
análise de um processo de ensino: a construção dos conceitos científicos em aulas de ciências
no estudo de sexualidade humana. Florianópolis: UFSC, Tese de doutorado, 2008.
SOARES, M. Letramento: Um Tema em Três Gêneros. Belo horizonte: Autêntica,1999.
VOLPATO, Gildo. Jogo, Brincadeira e Brinquedo: Usos e Significados no Contexto
Escolar e Familiar. – Flórianopolis: Cidade Futura, 2002.
VYGOTSKY, L. S. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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