projeto carnívoros de tucuruí

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Comunicação sobre projeto em andamento
PROJETO CARNÍVOROS DE TUCURUÍ
Christina Wippich Whiteman
O projeto Carnívoros de Tucuruí teve início em Maio de 2005, com expectativa de
conclusão para final de 2006. Tornou-se elemento integrante do Programa de Fauna de
Tucuruí, iniciativa multidisciplinar e multi-institucional gerada através do convênio entre a
empresa Eletronorte e o Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA. É financiado pelo convênio
Eletronorte-MPEG, Frankfurt Zoological Society (FZS - Alemanha), Wildlife Conservation
Society (WCS - EUA) e Calgary Zoological Society (Canadá).
O alvo de estudo é a Área de Proteção Ambiental do Lago de Tucuruí (APA do Lago de
Tucuruí – SECTAM – Secretaria de Estado da Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Pará),
tendo como foco de suas atividades as Bases 3 e 4. A APA foi criada após o enchimento do
reservatório de Tucuruí, ocorrido há 17 anos, caracterizando-se então por um cenário
composto por ilhas, sendo as Bases 3 e 4 dois conjuntos de ilhas onde foram liberados os
indivíduos da fauna local resgatados durante o enchimento do reservatório. Atualmente, as
Bases 3 e 4 são áreas de preservação integral e permanente dentro da APA, fiscalizadas pela
Eletronorte, alvo do estudo do Programa de Fauna de Tucuruí, assim como do Projeto
Carnívoros. Apesar de tratada como área de preservação integral, as BASES 3 e 4 ainda
possuem comunidades ribeirinhas residentes.
Os objetivos do projeto estão na investigação da ocorrência de patógenos causadores
de doenças infecciosas, zoonóticas e não zoonóticas, tanto nos carnívoros domésticos das
Bases 3 e 4, quanto nos carnívoros silvestres. Para isto, já se iniciou a coleta de sangue para
sorologia nos cães domésticos das comunidades ribeirinhas que ainda residem nas Bases 3 e 4
e seu entorno (101 animais coletados), e a captura de carnívoros silvestres presentes na área
(de pequeno a grande porte, tanto felinos quanto canídeos e procionídeos). Neste contexto,
espera-se avaliar o impacto da presença de cães domésticos (Canis familiaris) dentro de uma
área de preservação permanente, explorando neste cenário a questão da saúde da fauna
dentro de unidades de conservação, atrelada à interface animal doméstico-homem-animal
silvestre promovida por ações antrópicas. A extensiva perda de habitat e a invasão à floresta
têm contribuído para a emergência e re-emergência de doenças através da translocação de
hospedeiros ou patógenos, agravando, assim, o prejuízo à saúde de populações selvagens e à
estrutura de suas comunidades.
Vale ressaltar a importância de tal abordagem num ecossistema já significativamente
afetado pelo homem, envolvendo perda e fragmentação de habitat em decorrência do projeto
da hidrelétrica de Tucuruí. Esta investigação faz parte, portanto, de um conjunto de elementos
de pesquisa voltados à avaliação dos impactos ambientais sobre os componentes dos
ecossistemas naturais da APA do Lago de Tucuruí, hoje agravados pela implementação de
estradas principais e vicinais, fazendas, assentamentos rurais e exploração madeireira no
entorno do lago. Estes fatores contribuem para a degradação dos habitats, traduzindo a
ocupação do homem na área e seu entorno, onde se encaixam, portanto, os potenciais
impactos da fauna doméstica trazida pelo homem sobre as espécies da fauna local e sua
conservação.
No momento, exames laboratoriais estão sendo realizados para investigação do vírus
da Cinomose nas amostras biológicas dos cães domésticos. Exames sorológicos para a
ocorrência de leptospirose nos cães já foi realizada e 10% das amostras apresentaram
soropositividade. Outros patógenos serão investigados no decorrer do projeto, mas a
Cinomose e a Leptospirose já representam, respectivamente, doenças que podem causar sério
prejuízo à conservação da fauna silvestre, ou que servem como indicador da interface homemanimal silvestre-animal doméstico e suas implicações. O vírus da Cinomose, por exemplo, é
considerado patógeno causador de doença infecciosa emergente, e que possui significativo
potencial de transmissão de espécies domésticas para silvestres, assim como de mortalidade
relacionada à doença.
* MV, pesquisadora Associada Projeto Bio-Fauna/Universidade Federal Rural da Amazônia e
pós-graduanda do programa de Ecologia de Agroecossistemas da Escola Superior de
Agricultura Luís de Queiroz - ESALQ/Universidade de São Paulo-USP.
Contato:Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)/Projeto Bio-Fauna Av. Presidente
Tancredo Neves, 2501. 66077-530 Montese. Belém-PA. Tel: (91) 3226 0312 (res.); (91) 3210
5230 ou 3210 5221 (UFRA). e-mail: [email protected];
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