25.08 Sociedade Salarial

Propaganda
25/08/2011
Sociologia II
A Sociedade Salarial
Robert Castel



É importante entender como os trabalhadores saem da situação de completa miséria para a
situação do consumo de massa.
A relação salarial é próprio do capitalismo e se desenvolve em três condições.
Três condições que os trabalhadores passam desde a industrialização ao fordismo:
1. Condição proletária: precariedade completa do operário.
a. Renda mínima para que o trabalhador possa sobreviver e reproduzir a sua
existência, mas que não dá condições para o consumo.
b. Ausência completa de seguridade, de garantias.
c. A disciplina de trabalho é completamente “lábil”, o trabalhador trabalha por
tarefas.
2. Condição operária: o operário está mais integrado na vida social, tendo acesso ao
consumo, a alguns direitos concedidos pelo Estado, possui algumas garantias e tem
permissão de organização social, e greve. Representa uma condição um pouco mais
estabilizada. Passam a ter férias remuneradas, permitindo que os operários vivam,
por alguns dias, que um burguês. Começa a surgir o acesso dos trabalhadores a uma
série de modos de vida que eram exclusivos da classe burguesa. No entanto, as
condições dos modos de vida são diferentes, uma vez que os trabalhadores estão
constantemente em condição de subordinados. O consumo é de massa; a educação é
primária; a moradia não é burguesa, e sim popular. Os operários possuem o acesso
ao consumo, mas não é o mesmo acesso que a burguesia, podem consumir somente
aquilo que está dentro de suas limitações econômicas. Fica claro para a classe
operária que eles conquistaram uma integração à sociedade, mais acesso, através de
lutas políticas, porém integrado em uma posição subordinada. Os trabalhadores
passam a questionar e a perceber nesse período (anos 1930) que eles tem poder
político, que eles podem conquistar mais direitos, que possuem força política.
Percebem que se organizando politicamente eles podem transformar a sociedade,
mas percebem também, que sua participação é subordinada na vida social como um
todo. Começam a perceber que são os geradores da riqueza, mas que o produto do
seu trabalho não lhe pertence. Surge consciência de classe, nesse momento a luta de
classes se intensifica. Porém, diferentemente dos proletários, os operários tem o que
perder (direitos, etc.), diante disso, a questão da luta de classe se dá de duas opções
possíveis: a revolução ou a reforma.
3. Condição assalariada: essa condição foi atingida através da reforma. A condição não
necessariamente muda, os operários continuam sendo operários. Os salários vão
aumentar, assim como a condição de vida. O que muda, essencialmente, é que a
condição dual entre burguesia e proletariado se transforma, passando a existir
diversas camadas intermediárias entre essas duas classes extremas. A quantidade de
assalariados aumenta, o número de trabalhadores do setor terciário aumenta. Se
antes assalariado era sinônimo de operariado, agora, assalariado é algo amplo que
abrange mais de uma classe da sociedade. Não é mais uma sociedade dual, devido à
25/08/2011

Sociologia II
existência dessas camadas intermediárias. Surge um continuum, e com ele a
esperança de ascensão social. Essa condição mostra que a revolução está cada vez
mais distante e que é uma opção cada vez mais remota, a ideia de reforma se
expande cada vez mais. A luta de classes passa a ser uma luta por distinção social,
baseada no consumo.
A transição da condição proletária, passando pela transição de condição operária, a condição
assalariada se dá devido a cinco condições:
1. 1930: clara divisão da população economicamente ativa da população inativa. Ou
seja, definição das pessoas que exercem o trabalho contínuo versus o trabalho
intermitente. As políticas públicas tentaram fortalecer a exercício do trabalho
contínuo, fazendo com que os trabalhadores que exercem tarefas pontuais sejam
gradualmente excluídos socialmente. As cidades operárias acabaram sendo formadas
e passaram a ser uma forma de controle e vigilância social permanente, tendo uma
rotina coletiva.
2. Disciplina do trabalho como organização científica (Foucault): métodos utilizados
para “produzir” o trabalhador. É um tipo de trabalho que elimina qualquer tipo de
autonomia do trabalhador, e o condiciona totalmente. Esse modelo de organização
cientifica tem um duplo efeito. Por um lado, ele vai homogeneizar a classe
trabalhadora, diminuindo a necessidade por trabalhadores especializados,
transformando todos os trabalhadores em trabalhadores manuais, desvalorizando,
assim, as artes de ofício. Por outro lado, ocorre uma subordinação, o fim da
autonomia do trabalhador, ele está completamente subordinado ao planejamento
externo. Essa organização científica vai promover uma conscientização do
trabalhador, que vai perceber que o produto do seu trabalho não fica em sua posse,
promovendo a ideia de alienação do trabalhador.
3. Renda: Até então, enquanto proletariado o operário era considerado “produtor
máximo e consumidor mínimo”. Essa ideia começa a mudar com as ideias de Ford e o
surgimento do consumo em massa.
4. Acesso à seguridade social
5. Contrato coletivo: o coletivo passa a ter um direito de greve de reivindicações
políticas e sociais. É o reconhecimento e legalização dos sindicatos. É uma
representatividade da homogeneização dos trabalhadores, que são iguais e lutam
por causas iguais.
Download